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Língua Portuguesa para o INSS (Teoria e Exercícios)

Aula 8 – Texto (Parte II)


Prof. Albert Iglésia

Olá!
Nesta última parte da aula, vamos conversar sobre métodos
indutivo e dedutivo de compreensão e interpretação textual,
reescritura de frases e parágrafos e noções de semântica, assuntos que
o Cespe adora.

Sumário

Métodos de Interpretação ........................................................................ 2


Dedução.............................................................................................. 3
Indução .............................................................................................. 3
Reescritura de Texto .............................................................................. 13
Paráfrase ...........................................................................................13
Paródia ..............................................................................................14
Significação Contextual de Palavras .......................................................... 25
Semântica ..........................................................................................25
Antônimos .......................................................................................25
Sinônimos .......................................................................................26
Polissemia .......................................................................................32
Campo Semântico, Hiponímia e Hiperonímia ........................................33
Homônimos .....................................................................................34
Parônimos .......................................................................................34
Denotação .......................................................................................35
Conotação .......................................................................................36
Lista das Questões Comentadas ............................................................... 39
Gabarito das Questões Comentadas ......................................................... 58

Métodos de Interpretação

Observe que nas provas do Cespe/UnB é comum aparecerem


questões sobre interpretação de texto que exigem uma resposta do candidato
com base em argumentos dedutivos ou indutivos (“Infere-se...”). Às vezes, o
enunciado pode ser um pouco diferente, ou não tão claro como tentei

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Em todo argumento dedutivo, a O grande problema do processo


conclusão deve estar presente indutivo é seu caráter
nas premissas. probabilístico.
Os argumentos dedutivos são A indução pode ir além das
estéreis, não apresentam nenhum premissas — por oferecer novas
conhecimento novo. Assim como já informações que as premissas não
está contida nas premissas, a possuíam.
conclusão nunca vai além delas.

Agora você aplicará o que aprendeu.

[...]

1. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) Infere-se da leitura do


texto, especialmente do trecho “O fim da Idade Média [...] aumentar os
impostos” (L.15-25), que a Inglaterra conseguiu limitar o poder dos reis
absolutistas bem antes dos demais países europeus.

Comentário – Sim, isso ocorreu na Inglaterra no século XIII (“já em 1215”).


Portanto esse país constituiu uma exceção à maior concentração do poder nas
mãos dos reis absolutistas que ocorreu no fim da Idade Média, no século XV.
Resposta – Item certo.

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1 Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado


declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá
a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou
4 assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral
do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais,
em que a punição é decidida por uma autoridade superior a
7 todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja
o soberano que se encarregou da justiça — que alívio!
[...]
22 Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos
parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos
pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.
25 Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de
que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar,
com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do
28 condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça
sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis
de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a
31 morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores
fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório.
Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não
34 reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.
Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São
Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).

2. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) De acordo com o texto, nas sociedades


tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano
decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das
ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como
evidencia o emprego da interjeição “que alívio!” (l.8).

Comentário – O trecho “Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou assistir à


execução seria simples, pois a responsabilidade moral do veredicto não estaria

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conosco” (segundo período) é fundamental aqui. Ele expõe o real motivo do


alívio dos cidadãos: a ausência de responsabilidade moral do veredito.
Resposta – Item errado.

3. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Na condição de psicanalista, o autor do


texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os
indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no
entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.

Comentário – Agora a nossa resposta deve levar em consideração a última


frase do texto: “Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não
reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos”. Note que o autor admite a
possibilidade de nossas piores fantasias ocorrerem em alguns casos de crimes
hediondos. Porém o examinador generalizou a sua assertiva (“quando se trata
de crime hediondo, tal não se aplica”).
Resposta – Item errado.

[...]
4 estrutura discursos de dominação. Assim, não basta proteger
o cidadão do poder com o simples contraditório processual e
a ampla defesa, abstratamente assegurados na Constituição.
7 Deve haver um tratamento crítico e uma posição política sobre
o discurso jurídico, com a possibilidade de revelar possíveis
contradições e complexidades das tábuas de valor que orientam
10 o direito.
[...]
Newton de Oliveira Lima. Um valor discursivo e político. In: Revista
Jus Vigilantibus. Internet: <http://jusvi.com> (com adaptações).

4. (Cespe/CNJ/Analista Judiciário/2013) Infere-se da leitura do texto que o


contraditório e a ampla defesa protegem o cidadão de forma simples e
prática.

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Comentário – Não podemos inferir isso, pois há elementos no texto que


apontam para a complexidade do direito e para a necessidade de
procedimentos que se contrapõem à segurança abstrata contida na
Constituição. Vejamos estes trechos: “não basta proteger o cidadão do poder
com o simples contraditório processual e a ampla defesa, abstratamente
assegurados na Constituição”; Deve haver um tratamento crítico e uma
posição política sobre o discurso jurídico, com a possibilidade de revelar
possíveis contradições e complexidades das tábuas de valor que orientam o
direito.
Resposta – Item errado.

Há 20 anos uma revolução sem armas e sem passeatas começou a


mudar a vida dos brasileiros, quando o presidente Itamar Franco assinou
a Medida Provisória 434 e criou a unidade real de valor, embrião de uma
nova moeda, o real. Naquele mês de fevereiro, os preços ao consumidor
subiram 40,27% e a alta acumulada em 12 meses chegou a 757,29%.
Em 2013, a inflação anual ficou em 5,91%. Há 20 anos, os preços de
bens e serviços aumentavam muito mais que isso em apenas uma
semana. Recebido o pagamento, os trabalhadores corriam ao
supermercado para abastecer a casa. A corrosão do salário em poucos
dias era muito maior do que foi em todo o ano passado.
O Estado de S.Paulo, 27/2/2014 (com adaptações).

5. (Cespe/2014/TJ-CE/Nível Médio) No texto acima, os argumentos contidos


no trecho “Em 2013 (...) ano passado” reforçam a ideia de que,

a) atualmente, a inflação corrói mais os salários que há vinte anos.


b) nos dias atuais, é necessário abastecer a casa rapidamente ao receber o
salário.
c) hoje, a população não enfrenta nível algum de inflação.
d) atualmente, a inflação não é um grande problema para a população.
e) há vinte anos, a população sofria menos com a inflação.

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Comentário – Você deve ter cuidado, principalmente, com última opção. Não
é possível sustentar que, há vinte anos, a população sofria menos com a
inflação. Naquela época, a inflação chegou a “40,27%” em fevereiro e a
“757,29%” ao ano, índices bem menores do que o atual: “5,91%” ao ano.
Portanto, ainda que haja inflação atualmente, ela está submetida a um
controle, está dentro de um limite que não gera grandes prejuízos à
população.
Resposta – D

6. (Cespe/2014/Antaq/Nível Médio) Infere-se das informações do texto que o


transporte por hidrovia ajuda a preservar o meio ambiente, dado o baixo
consumo de combustível, e reduz a dependência do transporte rodoviário.

Comentário – Nas linhas 5 e 6, lê-se que esse tipo de transporte é realizado


“com baixo consumo de combustível”. Nas linhas 7 e 8, o autor apresenta a
questão ambiental como uma fator positivo para a “ampliação do uso da
hidrovia” como “uma tendência mundial”. A partir da linha 14, é possível
entender que o transporte por hidrovia favorece a eliminação da dependência
do transporte “rodoviário”, representa uma alternativa de “integração nacional”
e reduz o trânsito “pesado” em importantes rodovias do país.
Resposta – Item certo.
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7. (Cespe/2014/Anatel/Nível Médio) Infere-se da leitura do texto que os


brasileiros, na maioria das vezes, usam a palavra “amanhã” em sentido
metafórico, e os alemães, em sentido literal.

Comentário – Segundo o autor, um alemão associa o significado da palavra


“amanhã” ao da palavra morgen (linhas 7-9) e um brasileiro usa o primeiro
vocábulo com sentidos diversos (linhas15-19). Ou seja, o alemão emprega a
palavra em sentido literal, enquanto o brasileiro a utiliza em sentido figurado.
Resposta – Item certo.

1 “O preconceito linguístico é um equívoco, e tão


nocivo quanto os outros. Segundo Marcos Bagno, especialista
no assunto, dizer que o brasileiro não sabe português é um dos
4 mitos que compõem o preconceito mais presente na cultura
brasileira: o linguístico”.

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A redação acima poderia ter sido extraída do editorial


7 de uma revista, mas é parte do texto O oxente e o ok, primeiro
lugar na categoria opinião da 4.ª Olimpíada de Língua
Portuguesa Escrevendo o Futuro, realizada pelo Ministério da
10 Educação em parceria com a Fundação Itaú Social e o Centro
de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária (CENPEC).
13 A autora do artigo é estudante do 2.º ano do ensino
médio em uma escola estadual do Ceará, e foi premiada ao lado
de outros dezenove alunos de escolas públicas brasileiras,
16 durante um evento em Brasília, no último mês de dezembro.
Como nos três anos anteriores, vinte alunos foram vencedores
― cinco em cada gênero trabalhado pelo projeto. Além de
19 opinião (2.º e 3.º anos do ensino médio), a olimpíada destacou
produções em crônica (9.º ano do ensino fundamental), poema
(5.º e 6.º anos) e memória (7.º e 8.º anos). Tudo regido por um
22 só tema: “O lugar em que vivo”.

Língua Portuguesa, 1/2015. Internet: <www.revistalingua.uol.com.br> (com adaptações).

8. (Cespe/2015/FUB/Nível Médio) De acordo com as informações constantes


do texto acima, a 4.ª Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o
Futuro contou com a participação de alunos da rede pública que
trabalharam com cinco gêneros textuais, tendo ficado em primeiro lugar
na categoria opinião o texto O oxente e o ok.

Comentário – Não, não foram cinco gêneros textuais. Foram quatro:


“opinião”, “crônica”, “poema” e “memória” (l. 19-21). Em cada um desses
gêneros, houve cinco alunos vencedores (l. 18).
Resposta – Item errado.

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9. (Cespe/2015/FUB/Nível Médio) De acordo com o primeiro parágrafo do


texto, para o especialista Marcos Bagno, o preconceito linguístico nasce da
ideia de que existe uma única língua portuguesa correta.

Comentário – Cuidado para não “embarcar numa canoa furada”! Ainda que o
linguista Marcos Bagno defenda a ideia de haver um preconceito linguístico,
não há elementos no primeiro parágrafo que sustentem o que o examinador
disse sobre o especialista. Bagno não diz nada sobre a existência de “uma
única língua portuguesa correta”. De acordo com o texto, o especialista apenas
diz que o preconceito é constituído pelo mito de que “o brasileiro não sabe
português”, independentemente de haver ou não mais de uma língua
portuguesa correta.
Resposta – Item errado.

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10. (Cespe/2015/TCE-RN/Assessor de Informática) Os registros contábeis


precedem historicamente o surgimento da escrita e também são
essenciais para o entendimento e a evolução dos sistemas de escrita.

Comentário – Parte da declaração é verdadeira, pois os registros contábeis


“antecederam o aparecimento da escrita” (l. 5-6). Mas não é verdade que eles
“para o entendimento e a evolução dos sistemas de escrita”, como disse o
examinador. Em primeiro lugar, as palavras “surgimento” (l. 7) e
“entendimento” (usada pela banca) não são sinônimas. Em segundo, subsidiar
não significa, necessariamente, ser essencial. O examinador extrapolou o
conteúdo da declaração original.
Resposta – Item errado.

11. (Cespe/2015/TCE-RN/Assessor de Informática) O texto descreve a


evolução da atividade contábil, ressaltando o papel que cada civilização do
mundo antigo desempenhou nessa história de evolução.

Comentário – Sim, é verdade. Observe que o enunciador traça a evolução da


atividade contábil desde a “Mesopotâmia” até as “civilizações modernas”,
passando por “escribas egípcios”, pela “Grécia”, por “Roma” e “todo o
Ocidente”.
Resposta – Item certo.

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12. (Cespe/2015/TCE-RN/Administrador) O montante das despesas totais da


cidade de Mossoró no período de 2009 a 2011 suplantou o montante das
suas receitas totais nesse período.

Comentário – Sim, basta somar os valores e compará-los para confirmar o


que o examinador disse. As receitas desse período somam 1.161. As despesas
somam 1.197. Considere, obviamente, a unidade de medida indicada no
próprio texto.
Resposta – Item certo.

Reescritura de Texto

Esclareço que toda vez que uma obra faz alusão à outra, ocorre a
intertextualidade. Isso se concretiza de várias formas. Aqui, abordarei
aquela que costuma aparecer em provas e que pode ser cobrada no concurso
que você fará, só que com uma outra “roupagem”: a paráfrase. Também farei
distinção entre ela e a paródia (outra forma de intertextualidade).
Inicialmente, exemplificarei cada uma dessas manifestações. Depois,
comentarei as características que as distinguem.

Texto Original
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos


Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!

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(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

Paródia

Minha terra tem palmares


onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

Na paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do


texto original é confirmada pelo novo texto; a alusão ocorre para
atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
com outras palavras o que já foi dito. E não apenas com outras palavras,
mas também com outra estruturação sintática.
Normalmente, as bancas indagam se, nesse processo, a coesão
(correção gramatical) e a coerência (significado original do texto) foram
mantidas. É muito importante que esses dois aspectos sejam respeitados
na hora de parafrasear o texto original.
Na primeira reescritura (paráfrase) acima, note que não há
mudança do sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal. Mas,
em relação à paródia, há uma mudança no significado da informação. O
nome “palmares”, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras.
Há um contexto histórico, social e racial neste texto. Palmares é o quilombo
liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695. Há uma inversão do sentido do
texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
Observe outros exemplos:

“A mente de Deus é como a Internet: ela pode ser acessada por


qualquer um, no mundo todo.” (Américo Barbosa, na Folha de São Paulo)

a) No mundo todo, qualquer um pode acessar a mente de Deus e a


internet. (PARÁFRASE)

b) Tanto a internet quanto a mente de Deus podem ser acessadas,


no mundo todo, por qualquer um. (PARÁFRASE)

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c) A mente de Deus pode acessar, como qualquer um, no mundo


todo, a internet. (NÃO É PARÁFRASE)

Outro exemplo de paródia é a propaganda que faz referência à


obra prima de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa:

Passemos agora à análise de questões do Cespe/UnB que


envolvem esse assunto, o último desta aula.

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com


um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é
um documento histórico, uma carta de intenções e também uma
4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer. [...]
10 A declaração não previu que o desenvolvimento
capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de
capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e
13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente
nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,
agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos
16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,
que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é
admissível que grupos privados transnacionais — não mais do
19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo
industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do

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22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando


restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.
[...]

Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).
Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).

13. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração


não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma:
Na declaração, não se previu.

Comentário – A banca resolveu explorar a mudança de voz verbal, que veio


acompanhada por outras modificações. Em vez de transformar o sujeito (“A
declaração”) em agente da passiva, a banca tornou-o adjunto adverbial
(antecipado, o que justifica o uso da vírgula): Na declaração. Até aqui, tudo
bem. Não podemos dizer que a nova redação está errada só por causa disso.
Também não há incorreção na formação da voz passiva sintética (formada pela
combinação de verbo transitivo direto com pronome apassivador): se previu,
nem na posição proclítica do tal pronome, atraído pelo advérbio não. Com a
nova redação, a forma verbal previu passou a concordar com o sujeito
oracional que o desenvolvimento capitalista chegasse...
Resposta – Item certo.

14. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção


gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l.
12) por aleatoriamente.

Comentário – Não, pois aleatoriamente tem a ver com o acaso, com fatores
incertos ou acidentais; que ocorrem fortuita ou casualmente. Essa ideia
afasta-se do sentido original, que transmite a noção de uma situação
repetitiva, sistemática, mas sem sofrer qualquer tipo de controle ou gerência.
Resposta – Item errado.

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15. (Cespe/PC-CE/Inspetor de Polícia/2012) Em cada um dos itens a seguir,


são apresentadas propostas de reescrita do trecho “No entanto, o estudo
dos impérios, antigos ou recentes, permite acessar as raízes do mundo
contemporâneo e aprofundar nossa compreensão das modalidades de
organização do poder político” (L.10-13). Julgue-os com relação à
correção gramatical

O estudo dos impérios, porém, sejam eles antigos, sejam recentes,


permite chegarmos às raízes do mundo atual e tornarmos mais profunda
nossa compreensão das formas de organização do poder político.

Comentário – Neste item, a conjunção adversativa “No entanto” foi


substituída pela sua correspondente: porém. A intercalação dela fez surgirem
as vírgulas que a isolam. A conjunção “ou” foi trocada pelo par correlato
sejam... sejam..., que imprimiu ao trecho igual valor semântico. Merecem
nossa atenção também os sinônimos textuais “mundo contemporâneo” e
mundo atual, “modalidades de organização” e formas de organização.
Resposta – Item certo.

1 A beleza, ao longo de sua história, esteve atrelada ao


logos filosófico, à racionalidade como medida e regra. O feio,
seu oposto e seu negativo, é aquilo que escapa a essa medida
4 racionalmente forjada. Quando elevado ao nível de questão
teórica, o feio sempre disse respeito ao que deveria ser
devolvido às forças luminosas da beleza, à sua promessa de
7 reconciliação com a vida, a sociedade, a verdade ou o divino.
[...]
Marcia Tiburi. Toda beleza é difícil. Esboço de críticas sobre as relações entre
metafísica, estética e mulheres na filosofia. In: Marcia Tiburi et al. As mulheres
e a filosofia. São Leopoldo: Unisinos, 2002, p. 44-5 (com adaptações).

16. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/Técnica


Legislativa/2012) A oração iniciada por “Quando” (l.4) tem valor

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condicional e poderia ser reescrita como Caso discutido no nível


teórico, sem que se alterassem a correção e o sentido original do texto.

Comentário – A oração “Quando elevado ao nível de questão teórica” tem


valor temporal, exprime o(s) momento(s) de ocorrência do fato declarado na
oração principal (“o feio sempre disse respeito ao”). Observe que o sentido
original é de certeza quanto ao que se declara.
A oração Caso [fosse] discutido no nível teórico afetaria a
correção e o sentido original. A conjunção inicial expressa um fato hipotético,
possível; mas não garantido Ela exige uma conjugação verbal que corresponda
a esse sentido. Veja esta proposta: Caso [fosse] discutido no nível teórico,
o feio sempre diria respeito ao... O futuro do pretérito do indicativo é
empregado para exprimir um fato condicionado a outro e corroborar a noção
de probabilidade, ideia aproximada.
Resposta – Item errado.

1 Desde a instituição do casamento civil no Brasil, com


a promulgação da primeira constituição republicana, em 1891,
começou-se a discutir a constituição da família, os direitos das
4 mulheres casadas e dos filhos legítimos e ilegítimos e as
possibilidades de divórcio.
[...]
Keila Grinberg. Decisões atuais, origens históricas. Internet:
<http://cienciahoje.uol.com.br> (com adaptações).

17. (Cespe/TJ-PB/Juiz Leigo/2013) A correção gramatical e o sentido original


do texto seriam mantidos caso a expressão “começou-se a discutir” (l.3)
fosse substituída por começaram a ser discutidos.

Comentário – Esta é mais uma típica questão do Cespe sobre reescritura de


texto. Lembre-se de que é necessário que preservar a correção gramatical e o
sentido original.

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Inicialmente, você deve notar que a locução verbal começou-se


a discutir está flexionada na voz passiva sintética (ou pronominal). Começou é
verbo auxiliar; se é pronome apassivador; a é preposição que articula a
locução; discutir é verbo principal (quanto à regência, é transitivo direto). O
sujeito composto é constituído pela expressão a constituição da família, os
direitos das mulheres casadas e dos filhos legítimos e ilegítimos e as
possibilidades de divórcio (os termos sublinhados são os núcleos). O verbo
auxiliar começou foi mantido no singular porque concorda atrativamente com o
núcleo mais próximo: constituição.
A substituição proposta pelo examinador (começaram a ser
discutidos) muda a voz passiva sintética para analítica (ou verbal). O verbo
auxiliar (começaram) agora está flexionado no plural porque concorda
gramaticalmente com todos os núcleos do sujeito composto. O verbo principal
no particípio (discutidos) está no masculino plural porque, ao concordar em
gênero e número com todos os núcleos, o masculino tem proeminência sobre o
gênero feminino.
Resposta – Item certo.

A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações


Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus
territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações
4 Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher
caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por
meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso de
7 punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua
mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia
ser condenado a três anos de desterro na África.
[...]
Ricardo Westin e Cintia Sasse. Dormindo com o inimigo. In: Jornal do Senado.
Brasília, 4/jul./2013, p. 4-5. Internet: <www.senado.gov.br> (com adaptações).

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18. (Cespe/2014/TJ-SE/Nível Superior) Sem prejuízo da correção gramatical e


do sentido original do texto, o terceiro período do primeiro parágrafo
poderia ser reescrito da seguinte forma: Também era possível que o
marido matasse a esposa pela mera suspeita de traição da parte
dela.

Comentário – O trecho original é muito claro com relação a quem suspeita de


traição: o marido (ele suspeita que a mulher o traiu e por isso mata a esposa).
Na reescritura, a informação é ambígua, pois a construção deixa margem para
o entendimento de que a mulher suspeita do marido. Por prejudicar o sentido
original do texto, a sentença não deve ser redigida como o examinador propôs.
Resposta – Item errado.

[...]
Na semana que antecede o dia da votação,
representantes de partidos políticos são convocados pelos
13 TREs para preencherem certa quantidade de cédulas de
votação. Esses votos em cédulas são depositados em urnas de
lona lacradas.

Por dentro da urna. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2010, 2.a ed.,
rev. e atual., p. 15-16. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

19. (Cespe/2015/TRE-GO/Técnico Judiciário) “Na semana (...) cédulas de


votação” (l. de 11 a 14): Na semana precedente ao dia do sufrágio,
os TREs convocam representantes de partidos políticos para
preencher determinada quantidade de cédulas de votação.

Comentário – Paráfrase perfeita. Anteceder é o mesmo que preceder,


acontecer ou existir antes. Portanto o adjetivo precedente foi bem
empregado, inclusive com a preposição a para reger seu complemento
nominal. A palavra sufrágio foi usada adequadamente como sinônimo de
“votação”. O que era voz passiva verbal (“são convocados”) transformou-se
em voz ativa, e o que era agente da passiva (“pelos TREs”) tornou-se sujeito

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do verbo (os TREs convocam). A flexão do infinitivo (“preencherem” ou


preencher), nesse caso, é facultativa.
Resposta – Item certo.

Vamos analisar outras questões que tratam do que estudamos até


aqui.

1 Refletir sobre as conexões entre local e universal é


comum na historiografia das ciências. Desde o século XIX, os
autores que analisaram as ciências no Brasil avaliaram o país
4 como “atrasado” em relação aos grandes centros. Os próprios
conceitos e palavras utilizados pelos historiadores expressavam
a opção interpretativa de tratar a ciência brasileira como
7 dependente daquela praticada nos centros de poder. Mencionar,
por exemplo, a “chegada” ou “difusão” da ciência moderna no
Brasil indicava, muitas vezes, a adoção de um conceito de
10 ciência como um conjunto de conteúdos estanque, criado sob
o ponto de vista europeu. Assim, a produção científica seria
considerada de boa qualidade se conseguisse reproduzir esses
13 conteúdos. Como as realidades são diferentes, por nem sempre
se adequarem aos padrões internacionais, as interpretações
falavam em cópias malfeitas, em empreendimentos mal
16 realizados, em promessas a se cumprir.
Para os historiadores contemporâneos, a questão se
coloca por outro ângulo. Em primeiro lugar, a própria
19 reavaliação do estatuto das ciências entende que o caminho
traçado não foi o mesmo para todos. O que se conhece por
ciência foi e é fruto de escolhas políticas, sociais e econômicas,
22 que se refazem a cada dia, formando possíveis horizontes
futuros. Em segundo lugar, os historiadores têm mostrado que
não se pode falar em uma periferia colonial passiva, modelada

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25 por um centro de atividade científica dinâmica. As ciências se


criam e se praticam com base em lógicas de exclusão, inclusão,
monopólio, grupos, escolhas. Cabe aos historiadores enfatizar
28 os aspectos negociados dessa relação, mostrando que os
centros e as periferias são heterogêneos e que as posições de
força não dependem tanto da nacionalidade, mas dos grupos e
31 do tipo de integração e movimentação das práticas científicas
locais.
Lorelai Kury. Nem centro nem periferia. In: Revista de História da
Biblioteca Nacional. Especial n.º 2, nov./2010, p. 106 (com adaptações).

20. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) De acordo com


a argumentação desenvolvida pela autora, seria mais exato considerar o
universo científico como policêntrico do que como um sistema assentado
na dicotomia que enfatiza as diferenças entre nações centrais e nações
periféricas.

Comentário – Essa ideia já é anunciada no início do segundo parágrafo, pois a


autora já nos apresenta uma análise que se contrapõe à análise tradicional:
“Para os historiadores contemporâneos, a questão se coloca por outro ângulo”.
Em seguida, ela nos apresenta dois argumentos (a partir das linhas 20 e 23)
que consolidam o que está sendo defendido.
Resposta – Item certo.

21. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) Depreende-se


do conteúdo do primeiro parágrafo do texto que há uma ligação estreita
entre as escolhas lexicais feitas por um historiador, ao fazer suas análises,
e sua opção acadêmica e intelectual.

Comentário – Devemos extrair do próprio texto passagens que sustentam o


que foi dito pelo examinador: “Os próprios conceitos e palavras utilizados pelos
historiadores expressavam a opção interpretativa [...]. Mencionar, por

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exemplo, a “chegada” ou “difusão” da ciência moderna no Brasil indicava,


muitas vezes, a adoção de um conceito de ciência [...]” (l. 4-11)
Resposta – Item certo.

22. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) O período “Em


segundo (...) científica dinâmica” (l. 23-25) poderia ser reescrito,
mantendo-se o seu sentido original e a sua correção gramatical, da
seguinte forma: Em segundo lugar, os historiadores mostraram que não
podem falar sobre uma periferia nas colônias passivas e modeladas por
um centro científico com atividades dinâmicas.

Comentário – No texto original, o substantivo “periferia” é caracterizado por


três expressões com valor de adjetivo: “colonial”, “passiva” e “modelada”. Na
reescritura, o adjetivo “colonial” tornou-se substantivo (“colônias”) e passou a
ser caracterizado pelas expressões “passivas” e “modeladas”. Além disso, no
trecho “não se pode falar”, está indeterminado o agente que fala sobre “uma
periferia colonial passiva, modelada por um centro de atividade científica
dinâmica”. Na reescritura, são os próprios historiadores que falam sobre o
assunto. Repare: “os historiadores mostraram que [eles] não podem falar
sobre uma periferia...”.
Resposta – Item errado.

1 O problema da linguagem preocupou, desde o início,


os membros da Comissão Revisora e Elaboradora do Novo
Código Civil, lembrados de que, quando da elaboração do
4 Código de 1916, tais questões se traduziram em uma
preferência pela forma em detrimento da matéria jurídica.
Embora seja belo ideal a ser atingido — o da
7 composição dos valores formais com os da técnica jurídica —,
nem sempre será possível atendê-lo, não se podendo deixar de

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dar preferência, vez por outra, à linguagem do jurista, sempre


10 vinculada a exigências inamovíveis de certeza e segurança.
[...]
Com essa compreensão da linguagem jurídica,
ver-se-á que, apesar de nosso propósito de elaborar uma
22 legislação dotada de efetivo valor operacional, não
descuidamos da forma. Procuramos, em última análise,
preservar a beleza formal do Código de 1916, modelo
25 insuperável da vernaculidade, reconhecendo que uma lei bela
já é meio caminho andado para a comunicação da justiça.

Miguel Reale. O problema da linguagem. Exposição de Motivos do Supervisor da Comissão


Revisora e Elaboradora do Código Civil (1975). In: Novo Código Civil: Exposição de motivos
e texto sancionado. Brasília: Senado Federal, 2003, p. 35-3 (com adaptações).

23. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/Técnica


Legislativa/2012) Ao empregar pronome e formas verbais na terceira
pessoa do plural — em “nosso propósito” (l.21), “não descuidamos da
forma” (l.22-23) e “Procuramos (...) preservar” (l.24) —, o autor adota o
chamado plural de modéstia, com o que deseja fugir à responsabilidade
de ter elaborado o novo Código Civil.

Comentário – Antes de tudo, é bom perceber o equívoco que o examinador


cometeu. Ele disse “pronome e formas verbais na terceira pessoa do plural” e
fez alusão à primeira pessoa do plural. Isso já nos dá argumento para dizer
que o item está errado. Mas vamos continuar nossa análise. Plural de
modéstia, geralmente utilizado por escritores e oradores, evita o tom
personalista no discurso, enfraquece o modo individualista da argumentação e
transmite uma impressão de fala coletiva. Na verdade, o autor do texto sob
análise não utiliza esse recurso e não pretende fugir à responsabilidade. Ao
utilizar a forma correspondente à primeira pessoa do plural, ele se inclui entre
“os membros da Comissão Revisora e Elaboradora do Novo Código Civil” e
assume sua parcela de responsabilidade pela elaboração do Código.
Resposta – Item errado.

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Significação Contextual de Palavras

Para você compreender melhor a mensagem transmitida por meio


de um texto, às vezes não é suficiente conhecer o significado isolado das
palavras nele utilizadas. Há momentos em que a interpretação só é possível se
você considerar o contexto em que as palavras estão inseridas. Tenho
percebido que as bancas examinadoras também exploram esse fato em provas
de concursos públicos. Por isso é importante que você estude um pouco de
semântica na sua preparação.

Semântica

é a parte da linguística que estuda a significação das palavras, que


pode variar de acordo com o contexto. A palavra GATO, por exemplo,
apresenta diversos significados em um dicionário (considerada isoladamente):
animal mamífero da família dos felídeos; indivíduo esperto; erro, engano; etc.

Ex.: O cão correu atrás do gato.


O ladrão foi muito ligeiro, e a polícia não conseguiu pegar o gatuno.
A fiscalização flagrou um gato na instalação telefônica do prédio.

Trarei à sua memória alguns conceitos sobre semântica que,


acredite, serão muito úteis na hora de resolvermos questões de prova,
principalmente quando elas tratarem de interpretação de texto.

Antônimos

São palavras de sentido contrário. Assim como é difícil encontrar


um par perfeito de sinônimos, o mesmo ocorre com os antônimos. Em alguns
casos, é mais adequado falar em graus de antonímia.

Ex.: velho – novo / bom – mau

Um objeto velho, em princípio pode ser o oposto de um objeto


novo. Porém, dizer que um objeto é menos velho, em certos casos, pode ser
equivalente a dizer que ele é mais novo. O que torna relativa a antonímia entre
novo e velho. O mesmo ocorre com o par bom/mau.

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O par emigrante – imigrante, aparentemente são antônimos


perfeitos, já que a primeira palavra se refere àqueles que saem de
determinado lugar (cidade, estado, país); e a segunda, àqueles que entram.
Contudo, o emigrante, no momento em que chega a outro lugar, não passa a
ser também, obrigatoriamente, um imigrante?

Sinônimos

São palavras de sentidos idênticos ou aproximados, que podem ser


substituídas uma pela outra em diferentes contextos. Embora se fale em
palavras sinônimas, também existem frases e expressões sinônimas.

Ex.: Você já vacinou seu cão? / Você já vacinou seu cachorro.


Joana é a mulher de Marcelo. / Marcelo é o marido de Joana.

“O uso de palavras sinonímias pode ser de grande utilidade nos


processos de retomada de elementos que inter-relacionam as partes dos
textos.” (Cipro & Neto, 1999:565)

Ex.: Alguns segundos depois, apareceu um menino. Era um garoto magro, de


pernas compridas e finas. Um típico moleque.

[...]

24. (Cespe/TJ-AL/Cargos de Nível Superior/2012) A forma verbal


“contrastam” (L.3) está sendo empregada no texto como sinônimo de
assemelham.

Comentário – O verbo contrastar significa comparar, pôr (elementos


distintos) em contraste, verificando ou salientando as diferenças; confrontar;
contrapor; cotejar. Assemelhar é o mesmo que tornar parecido; ser

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semelhante. Portanto os significados desses dois vocábulos são antônimos


entre si.
Resposta – Item errado.

[...]
4 sociais. Em épocas de transformações tão radicais e
abrangentes como essa, caracterizada pela transição de uma era
industrial para uma baseada no conhecimento, aumenta-se o
7 grau de indefinições e incertezas. Há, portanto, que se fazer
esforço redobrado para identificar e compreender esses novos
processos — o que exige o desenvolvimento de um novo
[...]
Helena Maria Martins Lastres et al. Desafios e oportunidades da era do conhecimento.
In: São Paulo em Perspectiva, 16(3), 2002, p. 60-1 (com adaptações)

25. (Cespe/Serpro/Analista/213) O vocábulo “redobrado” (L.8) tem, no


contexto, sentido diferente do de reduplicado.

Comentário – Diante do aumento de indefinições e incertezas, surge a


necessidade de aumentar (ou redobrar) o esforço para identificar e
compreender os novos processos indicados no texto. Em diversos dicionários
conhecidos pelos estudantes, podemos conferir alguns significados para os
adjetivos redobrado e reduplicado. Leia, por exemplo, o que encontramos
no dicionário eletrônico Aulete (http://aulete.uol.com.br):

(re.do.bra.do)
a.
1. Que se redobrou, se manifestou em dobro; REDUPLICADO
2. Que se intensificou bastante (esforço redobrado, atenção
redobrada).
[F.: Part. de redobrar.]

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Fica claro, portanto, que o vocábulo “redobrado” (L.8) tem,


no contexto, sentido igual do de reduplicado.
Resposta – Item errado.

26. (Cespe/EBC/Gestor de Atividade Jornalística/2011) No texto 2, o vocábulo


“joça” poderia ser substituído por coisa, sem prejuízo para o sentido
original e para a correção gramatical do texto.

Comentário – Leia como o dicionário eletrônico Aulete apresenta um dos


significados da palavra “joça”: “Aquilo que não se consegue definir com
precisão, por desconhecimento ou por esquecimento momentâneo do seu
nome: Nunca soube para que servia aquela joça!”. O mesmo dicionário
apresenta um dos significados da palavra “coisa”: “objetos indeterminados ou
que se não querem especificar: Contou-me coisas e loisas. O negócio tem suas
coisas, é intricado, difícil.”. Portanto a substituição proposta mencionada pelo
examinador é adequada.
Resposta – Item certo.

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27. (Cespe/IRBr/Diplomata/2012) Na expressão “voz espúria” (l.10), o


adjetivo empregado tem, no contexto, sentido de não castiça.

Comentário – Vejamos alguns significados pertinentes para o adjetivo


espúrio: ilegítimo (comércio espúrio) [ Antôn.: legítimo]; bastardo; fora da
lei; diz-se de hábitos e costumes maus(comportamento espúrio); falsificado,
adulterado; corrompido etc.
Vejamos agora alguns significados plausíveis para o adjetivo
castiço: boa casta ou boa raça; puro, sem mistura, sem elementos
descaracterizadores; boa qualidade; correto; genuíno etc.
Portanto, por extensão, não castiço(a) significa o mesmo
que espúrio(a).
Resposta – Item certo.

1 Realmente, entre os agentes determinantes da seca se


intercalam, de modo apreciável, a estrutura e a conformação do

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solo. Qualquer que seja a intensidade das causas complexas e


4 mais remotas que anteriormente esboçamos, a influência
daquelas é manifesta desde que se considere que a capacidade
absorvente e emissiva dos terrenos expostos, a inclinação dos
7 estratos, que os retalham, e a rudeza dos relevos topográficos
agravam, do mesmo passo, a crestadura dos estios e a
degradação intensiva das torrentes. De sorte que, saindo das
10 insolações demoradas para as inundações subitâneas, a terra,
mal protegida por uma vegetação decídua, que as primeiras
requeimam e as segundas erradicam, se deixa, a pouco e pouco,
13 invadir pelo regime francamente desértico.
[...]
Euclides da Cunha. Os Sertões (Campanha de Canudos).
São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 95-6 (com adaptações).

28. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) As palavras


“subitâneas” (l.10) e “decídua” (l.11) poderiam ser substituídas,
respectivamente, por repentinas e caduca, sem prejuízo para a
coerência e a correção gramatical do texto.

Comentário – Esta questão foi para desestabilizar os candidatos. O adjetivo


“subitâneas” tem relação com súbito, que qualifica algo que ocorre sem
previsão (morte súbita); que é inesperado, repentino. Já o adjetivo “decídua”
expressa a característica de algo que cai ou se solta (dente decíduo); que é
cadivo (é mole ou quer mais!!!), caduco. Também pode indicar, como no caso
do texto analisado, um tipo de vegetação que cai em determinada época do
ano ou fase de desenvolvimento. Portanto as substituições não causam
prejuízo ao texto.
Resposta – Item certo.

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[...]
atribuições do engenheiro. Os construtores antigos, entretanto,
mesmo tendo realizado obras difíceis e audaciosas, se
16 baseavam, principalmente, em uma série de regras práticas e
empíricas, embora tivessem, evidentemente, em muitos casos,
exata noção de estabilidade, de equilíbrio de forças, de centro
19 de gravidade, entre outras. As obras que fizeram, muitas das
quais até hoje causam admiração, são muito mais fruto do
empirismo e da intuição do que de cálculo e de uma verdadeira
22 engenharia, como entendida atualmente. Pode-se dizer que a
engenharia científica só teve início quando se chegou a um
consenso de que tudo aquilo que se fazia em bases empíricas
25 e intuitivas era, na realidade, regido por leis físicas e
matemáticas, que importava descobrir e estudar. Leonardo da
Vinci e Galileu, nos séculos XV e XVII, podem ser
28 considerados os precursores da engenharia científica.
Pedro Carlos da Silva Telles. História da engenharia no
Brasil. Internet: <www.ebah.com.br> (com adaptações).

29. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) A substituição


do trecho “como entendida atualmente” (l.22) por de acordo com o
nosso entendimento atual imprimiria um tom mais formal ao texto,
mantendo-se o sentido — codificado no valor semântico do conectivo e na
flexão do particípio — original do texto.

Comentário – A nova redação altera significativamente o sentido original do


texto. Note que o particípio “entendida” (l. 22) refere-se apenas à
“engenharia”, ajudando a caracterizá-la nos dias atuais e atribuir-lhe a
qualidade de “verdadeira”, em contraste com os métodos usados pelos
“construtores antigos”, que têm a ver com o empirismo e a intuição. Já a
expressão de acordo com o nosso entendimento atual indica um juízo de
valor do enunciador sobre os métodos de construção antigos e atuais. O uso
do pronome nosso é um recurso literário de persuasão do leitor, que é levado

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a compartilhar a mesma opinião do autor do texto. Portanto, toda a frase salta


do campo da constatação para o campo da opinião pessoal.
Resposta – Item errado.

Polissemia

É a propriedade de uma palavra apresentar vários sentidos.


Compare este par de enunciados:

a) Não consigo prender o fio de lã na agulha de tricô.


b) Enrosquei minha pipa no fio daquele poste.

Observe que, nas duas ocorrências da palavra fio, ela apresenta


sentidos diferentes: “fibra”, no primeiro enunciado, e “cabo de metal” no
segundo. Apesar disso, há um sentido comum entre elas: sequência, fiada,
eixo, alinhamento, encadeamento.

[...]
Ó soberbos titulares,
34 tão desdenhosos e altivos!
Por fictícia autoridade,
vãs razões, falsos motivos,
37 inutilmente matastes:
— vossos mortos são mais vivos;
e, sobre vós, de longe, abrem
40 grandes olhos pensativos.
Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8.

30. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Considerando-se as relações entre os


termos da oração, verifica-se ambiguidade no emprego do adjetivo
“pensativos” (v. 40), visto que ele pode referir-se tanto ao termo “vossos
mortos” (v.38) quanto ao núcleo nominal “olhos” (v.40).

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Comentário – A pluralidade de significação é uma das características de um


poema. Isso ocorre normalmente por meio de frases ou expressões ambíguas,
palavras polissêmicas, usadas com sentido conotativo, figuras de linguagem
etc.
No caso sob análise, a associação entre as palavras “mortos” e
“vivos” gera um efeito semântico que nos permite interpretar que aqueles
personagens têm também alguma capacidade contemplativa, à semelhança
dos “vivos”.
Mas também é possível relacionar o adjetivo “pensativos” ao
termo “olhos”, concedendo a estes a capacidade de representar todo o ser
pensante, como se os próprios “olhos” expressassem alguma ideia ou
pensamento.
Resposta – Item certo.

Campo semântico, hiponímia e hiperonímia

Leia o enunciado abaixo:

Comprou um computador, um monitor, um teclado e uma


impressora para o escritório, pois, sem esse equipamento, não conseguiria dar
conta do trabalho.

Palavras como “computador”, “monitor”, “impressora” e “teclado”


apresentam certa familiaridade de sentido pelo fato de pertencerem ao mesmo
campo semântico, ou seja, ao universo da informática. Já a palavra
“equipamento” possui um sentido mais amplo, que engloba todas as outras.
Nesse caso, dizemos que “computador”, “monitor”, “impressora” e “teclado”
são hipônimos de “equipamento”. Por sua vez, “equipamento” é um
hiperônimo das outras palavras.

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Homônimos

São palavras diferentes no sentido, tendo a mesma escrita ou a


mesma pronúncia.

Ex.: são (verbo ser – eles são) / são (saudável) / são (santo); como (advérbio
interrogativo) / como (verbo)  homônimos perfeitos;
caçar (apanhar) / cassar (anular); concerto (harmonia) / conserto
(remendo)  homônimos homófonos
ele (pronome pessoal) / ele (substantivo, nome da letra L); almoço
(verbo) / almoço (substantivo); sede (vontade de beber) / sede (residência) 
homônimos homógrafos

Parônimos

São palavras diferentes no sentido, na escrita e na pronúncia,


apesar de se assemelharem nos dois últimos aspectos.

Ex.: flagrante (evidente) / fragrante (perfumado)


arrear (por arreios) / arriar (abaixar)
mandado (ordem judicial) / mandato (procuração)
inflação (alta dos preços) / infração (violação)
eminente (elevado) / iminente (prestes a ocorrer)
comprimento (extensão) / cumprimento (saudação)

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[...]
34 Cabe aqui acrescentar outras necessidades humanas
que têm sido sistematicamente relegadas a segundo plano. São
elas os valores culturais, que incluem os saberes, as paisagens
37 naturais, os costumes e as tradições populares. A urbanização
acelerada em todo o mundo foi a responsável pela perda da
qualidade de vida de muitos trabalhadores, apesar de
40 aparentemente ter criado melhores condições de vida para parte
da população.
Delze dos Santos Laureano. O meio ambiente e o
trabalho: a dignidade humana neste espaço. Internet:
<www.ecodebate.com.br> (com adaptações).

31. (Cespe/Ibama/Analista Administrativo/2013) O termo “relegadas” (l.35),


no texto, tem o mesmo sentido de renegadas.

Comentário – Cuidado com os parônimos! Eles não são sinônimos. No texto,


o vocábulo “relegadas” indica que “os valores culturais” tem sido desprezados
por causa da urbanização. Em outras palavras, a importância deles tem sido
diminuída. Já o vocábulo renegadas expressa a qualidade de algo que foi
banido, abandonado totalmente, rejeitado. Este sentido não é exatamente o
que consta no texto.
Resposta – Item errado.

Denotação

Em semântica, a denotação de um termo é o objeto ao qual o


mesmo se refere. A palavra tem valor referencial ou denotativo quando é
tomada no seu sentido usual ou literal, isto é, naquele que lhe atribuem os
dicionários; seu sentido é objetivo, explícito, constante. Ela designa ou denota
determinado objeto, referindo-se à realidade palpável.

Ex.: O papel foi rabiscado por todos. (papel: sentido próprio, literal)

A linguagem denotativa é basicamente informativa, ou seja, não


produz emoção ao leitor. É informação bruta com o único objetivo de informar.

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É a forma de linguagem que lemos em jornais, bulas de remédios, em um


manual de instruções etc.

Conotação

Além do sentido referencial, literal, cada palavra remete a


inúmeros outros sentidos, virtuais, conotativos, que são apenas sugeridos,
evocando outras ideias associadas, de ordem abstrata, subjetiva.
Conotação é, pois, o emprego de uma palavra tomada em um
sentido incomum, figurado, circunstancial, que depende sempre de contexto. A
linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras
de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc.

Ex.: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim
jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”. (João 6:35)

1 Robustecer os orçamentos da educação e da saúde


constitui sonho acalentado por brasileiros, independentemente
de opção partidária ou credo religioso. As duas áreas — os
4 mais dolorosos problemas que dificultam a marcha do país
rumo ao desenvolvimento sustentável — clamam por
melhorias urgentes. Não é outra a razão por que milhares de
7 pessoas ocuparam as ruas das mais importantes unidades da
Federação exigindo escolas e hospitais padrão FIFA.
Correio Braziliense, 18/8/2013 (com adaptações).

32. (Cespe/FUB/2013/Auxiliar de Administração) A expressão “padrão FIFA”


(l.8) está sendo empregada com o sentido de qualidade excelente.

Comentário – Para que a próxima Copa do Mundo ocorra em nosso país, a


FIFA tem feito exigências rigorosas e vistorias periódicas em relação aos
estádios de futebol. O padrão de qualidade requerido pela FIFA tem sido tão
alto e tem gerado tanto investimento do governo, que os brasileiros
inconformados com a situação precária da educação e da saúde estão

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reivindicando a mesma qualidade excelente dos estádios para as escolas e os


hospitais públicos.
Resposta – Item certo.

33. (Cespe/2014/TJ-CE/Nível Médio) No texto acima, está sendo empregado


em sentido denotativo o termo

a) “brotaram” (l.9).
b) “indústria” (l.10).
c) “ventos” (l.3).
d) “miraculoso” (l.6).
e) “regionais” (l.7).

Comentário – Não confunda os conceitos: sentido denotativo é sentido


literal. Isso só ocorre com o termo “regionais” (l. 7), que designa os políticos
das localidades onde eram criadas prefeituras. Os outros termos expressam
ideias evocam outras ideias de ordem abstrata, subjetiva.
Resposta – E

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Aula 8 – Texto (Parte II)
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Lista das Questões Comentadas

[...]

1. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) Infere-se da leitura do


texto, especialmente do trecho “O fim da Idade Média [...] aumentar os
impostos” (L.15-25), que a Inglaterra conseguiu limitar o poder dos reis
absolutistas bem antes dos demais países europeus.

1 Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado


declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá
a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou
4 assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral
do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais,
em que a punição é decidida por uma autoridade superior a
7 todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja
o soberano que se encarregou da justiça — que alívio!
[...]
22 Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos
parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos
pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.
25 Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de
que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar,
com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do

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Aula 8 – Texto (Parte II)
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28 condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça


sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis
de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a
31 morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores
fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório.
Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não
34 reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.

Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São


Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).

2. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) De acordo com o texto, nas sociedades


tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano
decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das
ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como
evidencia o emprego da interjeição “que alívio!” (l.8).

3. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Na condição de psicanalista, o autor do


texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os
indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no
entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.

[...]
4 estrutura discursos de dominação. Assim, não basta proteger
o cidadão do poder com o simples contraditório processual e
a ampla defesa, abstratamente assegurados na Constituição.
7 Deve haver um tratamento crítico e uma posição política sobre
o discurso jurídico, com a possibilidade de revelar possíveis
contradições e complexidades das tábuas de valor que orientam
10 o direito.
[...]
Newton de Oliveira Lima. Um valor discursivo e político. In: Revista

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Jus Vigilantibus. Internet: <http://jusvi.com> (com adaptações).

4. (Cespe/CNJ/Analista Judiciário/2013) Infere-se da leitura do texto que o


contraditório e a ampla defesa protegem o cidadão de forma simples e
prática.

Há 20 anos uma revolução sem armas e sem passeatas começou a


mudar a vida dos brasileiros, quando o presidente Itamar Franco assinou
a Medida Provisória 434 e criou a unidade real de valor, embrião de uma
nova moeda, o real. Naquele mês de fevereiro, os preços ao consumidor
subiram 40,27% e a alta acumulada em 12 meses chegou a 757,29%.
Em 2013, a inflação anual ficou em 5,91%. Há 20 anos, os preços de
bens e serviços aumentavam muito mais que isso em apenas uma
semana. Recebido o pagamento, os trabalhadores corriam ao
supermercado para abastecer a casa. A corrosão do salário em poucos
dias era muito maior do que foi em todo o ano passado.
O Estado de S.Paulo, 27/2/2014 (com adaptações).

5. (Cespe/2014/TJ-CE/Nível Médio) No texto acima, os argumentos contidos


no trecho “Em 2013 (...) ano passado” reforçam a ideia de que,

a) atualmente, a inflação corrói mais os salários que há vinte anos.


b) nos dias atuais, é necessário abastecer a casa rapidamente ao receber o
salário.
c) hoje, a população não enfrenta nível algum de inflação.
d) atualmente, a inflação não é um grande problema para a população.
e) há vinte anos, a população sofria menos com a inflação.

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6. (Cespe/2014/Antaq/Nível Médio) Infere-se das informações do texto que o


transporte por hidrovia ajuda a preservar o meio ambiente, dado o baixo
consumo de combustível, e reduz a dependência do transporte rodoviário.

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7. (Cespe/2014/Anatel/Nível Médio) Infere-se da leitura do texto que os


brasileiros, na maioria das vezes, usam a palavra “amanhã” em sentido
metafórico, e os alemães, em sentido literal.

1 “O preconceito linguístico é um equívoco, e tão


nocivo quanto os outros. Segundo Marcos Bagno, especialista
no assunto, dizer que o brasileiro não sabe português é um dos
4 mitos que compõem o preconceito mais presente na cultura
brasileira: o linguístico”.
A redação acima poderia ter sido extraída do editorial
7 de uma revista, mas é parte do texto O oxente e o ok, primeiro
lugar na categoria opinião da 4.ª Olimpíada de Língua
Portuguesa Escrevendo o Futuro, realizada pelo Ministério da
10 Educação em parceria com a Fundação Itaú Social e o Centro
de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária (CENPEC).
13 A autora do artigo é estudante do 2.º ano do ensino
médio em uma escola estadual do Ceará, e foi premiada ao lado
de outros dezenove alunos de escolas públicas brasileiras,
16 durante um evento em Brasília, no último mês de dezembro.
Como nos três anos anteriores, vinte alunos foram vencedores
― cinco em cada gênero trabalhado pelo projeto. Além de
19 opinião (2.º e 3.º anos do ensino médio), a olimpíada destacou
produções em crônica (9.º ano do ensino fundamental), poema
(5.º e 6.º anos) e memória (7.º e 8.º anos). Tudo regido por um
22 só tema: “O lugar em que vivo”.
Língua Portuguesa, 1/2015. Internet: <www.revistalingua.uol.com.br> (com adaptações).

8. (Cespe/2015/FUB/Nível Médio) De acordo com as informações constantes


do texto acima, a 4.ª Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o
Futuro contou com a participação de alunos da rede pública que

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trabalharam com cinco gêneros textuais, tendo ficado em primeiro lugar


na categoria opinião o texto O oxente e o ok.

9. (Cespe/2015/FUB/Nível Médio) De acordo com o primeiro parágrafo do


texto, para o especialista Marcos Bagno, o preconceito linguístico nasce da
ideia de que existe uma única língua portuguesa correta.

10. (Cespe/2015/TCE-RN/Assessor de Informática) Os registros contábeis


precedem historicamente o surgimento da escrita e também são
essenciais para o entendimento e a evolução dos sistemas de escrita.

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11. (Cespe/2015/TCE-RN/Assessor de Informática) O texto descreve a


evolução da atividade contábil, ressaltando o papel que cada civilização do
mundo antigo desempenhou nessa história de evolução.

12. (Cespe/2015/TCE-RN/Administrador) O montante das despesas totais da


cidade de Mossoró no período de 2009 a 2011 suplantou o montante das
suas receitas totais nesse período.

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com


um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é
um documento histórico, uma carta de intenções e também uma
4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade
deixou de fazer. [...]
10 A declaração não previu que o desenvolvimento
capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de
capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e
13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente
nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,
agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos
16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,
que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é

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admissível que grupos privados transnacionais — não mais do


19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo
industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas
comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do
22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando
restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.
[...]

Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).
Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).

13. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração


não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma:
Na declaração, não se previu.

14. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção


gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l.
12) por aleatoriamente.

15. (Cespe/PC-CE/Inspetor de Polícia/2012) Em cada um dos itens a seguir,


são apresentadas propostas de reescrita do trecho “No entanto, o estudo
dos impérios, antigos ou recentes, permite acessar as raízes do mundo
contemporâneo e aprofundar nossa compreensão das modalidades de
organização do poder político” (L.10-13). Julgue-os com relação à
correção gramatical

O estudo dos impérios, porém, sejam eles antigos, sejam recentes,


permite chegarmos às raízes do mundo atual e tornarmos mais profunda
nossa compreensão das formas de organização do poder político.

1 A beleza, ao longo de sua história, esteve atrelada ao


logos filosófico, à racionalidade como medida e regra. O feio,

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seu oposto e seu negativo, é aquilo que escapa a essa medida


4 racionalmente forjada. Quando elevado ao nível de questão
teórica, o feio sempre disse respeito ao que deveria ser
devolvido às forças luminosas da beleza, à sua promessa de
7 reconciliação com a vida, a sociedade, a verdade ou o divino.
[...]
Marcia Tiburi. Toda beleza é difícil. Esboço de críticas sobre as relações entre
metafísica, estética e mulheres na filosofia. In: Marcia Tiburi et al. As mulheres
e a filosofia. São Leopoldo: Unisinos, 2002, p. 44-5 (com adaptações).

16. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/Técnica


Legislativa/2012) A oração iniciada por “Quando” (l.4) tem valor
condicional e poderia ser reescrita como Caso discutido no nível
teórico, sem que se alterassem a correção e o sentido original do texto.

1 Desde a instituição do casamento civil no Brasil, com


a promulgação da primeira constituição republicana, em 1891,
começou-se a discutir a constituição da família, os direitos das
4 mulheres casadas e dos filhos legítimos e ilegítimos e as
possibilidades de divórcio.
[...]
Keila Grinberg. Decisões atuais, origens históricas. Internet:
<http://cienciahoje.uol.com.br> (com adaptações).

17. (Cespe/TJ-PB/Juiz Leigo/2013) A correção gramatical e o sentido original


do texto seriam mantidos caso a expressão “começou-se a discutir” (l.3)
fosse substituída por começaram a ser discutidos.

A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações


Filipinas, um código legal que se aplicava a Portugal e seus
territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações
4 Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher
caso a apanhasse em adultério. Também podia matá-la por
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meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso de


7 punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua
mulher uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia
ser condenado a três anos de desterro na África.
[...]
Ricardo Westin e Cintia Sasse. Dormindo com o inimigo. In: Jornal do Senado.
Brasília, 4/jul./2013, p. 4-5. Internet: <www.senado.gov.br> (com adaptações).

18. (Cespe/2014/TJ-SE/Nível Superior) Sem prejuízo da correção gramatical e


do sentido original do texto, o terceiro período do primeiro parágrafo
poderia ser reescrito da seguinte forma: Também era possível que o
marido matasse a esposa pela mera suspeita de traição da parte
dela.

[...]
Na semana que antecede o dia da votação,
representantes de partidos políticos são convocados pelos
13 TREs para preencherem certa quantidade de cédulas de
votação. Esses votos em cédulas são depositados em urnas de
lona lacradas.

Por dentro da urna. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2010, 2.a ed.,
rev. e atual., p. 15-16. Internet: <www.tse.jus.br> (com adaptações).

19. (Cespe/2015/TRE-GO/Técnico Judiciário) “Na semana (...) cédulas de


votação” (l. de 11 a 14): Na semana precedente ao dia do sufrágio,
os TREs convocam representantes de partidos políticos para
preencher determinada quantidade de cédulas de votação.

1 Refletir sobre as conexões entre local e universal é


comum na historiografia das ciências. Desde o século XIX, os
autores que analisaram as ciências no Brasil avaliaram o país
4 como “atrasado” em relação aos grandes centros. Os próprios

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conceitos e palavras utilizados pelos historiadores expressavam


a opção interpretativa de tratar a ciência brasileira como
7 dependente daquela praticada nos centros de poder. Mencionar,
por exemplo, a “chegada” ou “difusão” da ciência moderna no
Brasil indicava, muitas vezes, a adoção de um conceito de
10 ciência como um conjunto de conteúdos estanque, criado sob
o ponto de vista europeu. Assim, a produção científica seria
considerada de boa qualidade se conseguisse reproduzir esses
13 conteúdos. Como as realidades são diferentes, por nem sempre
se adequarem aos padrões internacionais, as interpretações
falavam em cópias malfeitas, em empreendimentos mal
16 realizados, em promessas a se cumprir.
Para os historiadores contemporâneos, a questão se
coloca por outro ângulo. Em primeiro lugar, a própria
19 reavaliação do estatuto das ciências entende que o caminho
traçado não foi o mesmo para todos. O que se conhece por
ciência foi e é fruto de escolhas políticas, sociais e econômicas,
22 que se refazem a cada dia, formando possíveis horizontes
futuros. Em segundo lugar, os historiadores têm mostrado que
não se pode falar em uma periferia colonial passiva, modelada
25 por um centro de atividade científica dinâmica. As ciências se
criam e se praticam com base em lógicas de exclusão, inclusão,
monopólio, grupos, escolhas. Cabe aos historiadores enfatizar
28 os aspectos negociados dessa relação, mostrando que os
centros e as periferias são heterogêneos e que as posições de
força não dependem tanto da nacionalidade, mas dos grupos e
31 do tipo de integração e movimentação das práticas científicas
locais.
Lorelai Kury. Nem centro nem periferia. In: Revista de História da
Biblioteca Nacional. Especial n.º 2, nov./2010, p. 106 (com adaptações).

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20. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) De acordo com


a argumentação desenvolvida pela autora, seria mais exato considerar o
universo científico como policêntrico do que como um sistema assentado
na dicotomia que enfatiza as diferenças entre nações centrais e nações
periféricas.

21. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) Depreende-se


do conteúdo do primeiro parágrafo do texto que há uma ligação estreita
entre as escolhas lexicais feitas por um historiador, ao fazer suas análises,
e sua opção acadêmica e intelectual.

22. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) O período “Em


segundo (...) científica dinâmica” (l. 23-25) poderia ser reescrito,
mantendo-se o seu sentido original e a sua correção gramatical, da
seguinte forma: Em segundo lugar, os historiadores mostraram que não
podem falar sobre uma periferia nas colônias passivas e modeladas por
um centro científico com atividades dinâmicas.

1 O problema da linguagem preocupou, desde o início,


os membros da Comissão Revisora e Elaboradora do Novo
Código Civil, lembrados de que, quando da elaboração do
4 Código de 1916, tais questões se traduziram em uma
preferência pela forma em detrimento da matéria jurídica.
Embora seja belo ideal a ser atingido — o da
7 composição dos valores formais com os da técnica jurídica —,
nem sempre será possível atendê-lo, não se podendo deixar de
dar preferência, vez por outra, à linguagem do jurista, sempre
10 vinculada a exigências inamovíveis de certeza e segurança.
[...]

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Com essa compreensão da linguagem jurídica,


ver-se-á que, apesar de nosso propósito de elaborar uma
22 legislação dotada de efetivo valor operacional, não
descuidamos da forma. Procuramos, em última análise,
preservar a beleza formal do Código de 1916, modelo
25 insuperável da vernaculidade, reconhecendo que uma lei bela
já é meio caminho andado para a comunicação da justiça.

Miguel Reale. O problema da linguagem. Exposição de Motivos do Supervisor da Comissão


Revisora e Elaboradora do Código Civil (1975). In: Novo Código Civil: Exposição de motivos
e texto sancionado. Brasília: Senado Federal, 2003, p. 35-3 (com adaptações).

23. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/Técnica


Legislativa/2012) Ao empregar pronome e formas verbais na terceira
pessoa do plural — em “nosso propósito” (l.21), “não descuidamos da
forma” (l.22-23) e “Procuramos (...) preservar” (l.24) —, o autor adota o
chamado plural de modéstia, com o que deseja fugir à responsabilidade
de ter elaborado o novo Código Civil.

[...]

24. (Cespe/TJ-AL/Cargos de Nível Superior/2012) A forma verbal


“contrastam” (L.3) está sendo empregada no texto como sinônimo de
assemelham.

[...]
4 sociais. Em épocas de transformações tão radicais e
abrangentes como essa, caracterizada pela transição de uma era
industrial para uma baseada no conhecimento, aumenta-se o

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7 grau de indefinições e incertezas. Há, portanto, que se fazer


esforço redobrado para identificar e compreender esses novos
processos — o que exige o desenvolvimento de um novo
[...]
Helena Maria Martins Lastres et al. Desafios e oportunidades da era do conhecimento.
In: São Paulo em Perspectiva, 16(3), 2002, p. 60-1 (com adaptações)

25. (Cespe/Serpro/Analista/213) O vocábulo “redobrado” (L.8) tem, no


contexto, sentido diferente do de reduplicado.

26. (Cespe/EBC/Gestor de Atividade Jornalística/2011) No texto 2, o vocábulo


“joça” poderia ser substituído por coisa, sem prejuízo para o sentido
original e para a correção gramatical do texto.

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27. (Cespe/IRBr/Diplomata/2012) Na expressão “voz espúria” (l.10), o


adjetivo empregado tem, no contexto, sentido de não castiça.

1 Realmente, entre os agentes determinantes da seca se


intercalam, de modo apreciável, a estrutura e a conformação do
solo. Qualquer que seja a intensidade das causas complexas e
4 mais remotas que anteriormente esboçamos, a influência
daquelas é manifesta desde que se considere que a capacidade
absorvente e emissiva dos terrenos expostos, a inclinação dos
7 estratos, que os retalham, e a rudeza dos relevos topográficos
agravam, do mesmo passo, a crestadura dos estios e a
degradação intensiva das torrentes. De sorte que, saindo das
10 insolações demoradas para as inundações subitâneas, a terra,
mal protegida por uma vegetação decídua, que as primeiras

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requeimam e as segundas erradicam, se deixa, a pouco e pouco,


13 invadir pelo regime francamente desértico.
[...]

Euclides da Cunha. Os Sertões (Campanha de Canudos).


São Paulo: Martin Claret, 2007, p. 95-6 (com adaptações).

28. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) As palavras


“subitâneas” (l.10) e “decídua” (l.11) poderiam ser substituídas,
respectivamente, por repentinas e caduca, sem prejuízo para a
coerência e a correção gramatical do texto.

[...]
atribuições do engenheiro. Os construtores antigos, entretanto,
mesmo tendo realizado obras difíceis e audaciosas, se
16 baseavam, principalmente, em uma série de regras práticas e
empíricas, embora tivessem, evidentemente, em muitos casos,
exata noção de estabilidade, de equilíbrio de forças, de centro
19 de gravidade, entre outras. As obras que fizeram, muitas das
quais até hoje causam admiração, são muito mais fruto do
empirismo e da intuição do que de cálculo e de uma verdadeira
22 engenharia, como entendida atualmente. Pode-se dizer que a
engenharia científica só teve início quando se chegou a um
consenso de que tudo aquilo que se fazia em bases empíricas
25 e intuitivas era, na realidade, regido por leis físicas e
matemáticas, que importava descobrir e estudar. Leonardo da
Vinci e Galileu, nos séculos XV e XVII, podem ser
28 considerados os precursores da engenharia científica.

Pedro Carlos da Silva Telles. História da engenharia no


Brasil. Internet: <www.ebah.com.br> (com adaptações).

29. (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) A substituição


do trecho “como entendida atualmente” (l.22) por de acordo com o
nosso entendimento atual imprimiria um tom mais formal ao texto,

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mantendo-se o sentido — codificado no valor semântico do conectivo e na


flexão do particípio — original do texto.

[...]
Ó soberbos titulares,
34 tão desdenhosos e altivos!
Por fictícia autoridade,
vãs razões, falsos motivos,
37 inutilmente matastes:
— vossos mortos são mais vivos;
e, sobre vós, de longe, abrem
40 grandes olhos pensativos.
Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8.

30. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Considerando-se as relações entre os


termos da oração, verifica-se ambiguidade no emprego do adjetivo
“pensativos” (v. 40), visto que ele pode referir-se tanto ao termo “vossos
mortos” (v.38) quanto ao núcleo nominal “olhos” (v.40).

[...]
34 Cabe aqui acrescentar outras necessidades humanas
que têm sido sistematicamente relegadas a segundo plano. São
elas os valores culturais, que incluem os saberes, as paisagens
37 naturais, os costumes e as tradições populares. A urbanização
acelerada em todo o mundo foi a responsável pela perda da
qualidade de vida de muitos trabalhadores, apesar de
40 aparentemente ter criado melhores condições de vida para parte
da população.
Delze dos Santos Laureano. O meio ambiente e o
trabalho: a dignidade humana neste espaço. Internet:
<www.ecodebate.com.br> (com adaptações).

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31. (Cespe/Ibama/Analista Administrativo/2013) O termo “relegadas” (l.35),


no texto, tem o mesmo sentido de renegadas.

1 Robustecer os orçamentos da educação e da saúde


constitui sonho acalentado por brasileiros, independentemente
de opção partidária ou credo religioso. As duas áreas — os
4 mais dolorosos problemas que dificultam a marcha do país
rumo ao desenvolvimento sustentável — clamam por
melhorias urgentes. Não é outra a razão por que milhares de
7 pessoas ocuparam as ruas das mais importantes unidades da
Federação exigindo escolas e hospitais padrão FIFA.
Correio Braziliense, 18/8/2013 (com adaptações).

32. (Cespe/FUB/2013/Auxiliar de Administração) A expressão “padrão FIFA”


(l.8) está sendo empregada com o sentido de qualidade excelente.

33. (Cespe/2014/TJ-CE/Nível Médio) No texto acima, está sendo empregado


em sentido denotativo o termo

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e) “regionais” (l.7).

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Língua Portuguesa para o INSS (Teoria e Exercícios)
Aula 8 – Texto (Parte II)
Prof. Albert Iglésia

Gabarito das Questões Comentadas

1. Item certo 30. Item certo


2. Item errado 31. Item errado
3. Item errado 32. Item certo
4. Item errado 33. E
5. D
6. Item certo
7. Item certo
8. Item errado
9. Item errado
10. Item errado
11. Item certo
12. Item certo
13. Item certo
14. Item errado
15. Item certo
16. Item errado
17. Item certo
18. Item errado
19. Item certo
20. Item certo
21. Item certo
22. Item errado
23. Item errado
24. Item errado
25. Item errado
26. Item certo
27. Item certo
28. Item certo
29. Item errado

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