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Central do Brasil é um filme franco-brasileiro de 1998 dirigido por Walter Salles, escrito

por João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, e estrelado por Fernanda


Montenegro e Vinícius de Oliveira. Ambientado no Brasil, o enredo gira em torno de Dora,
uma professora aposentada que trabalha como escritora de cartas para pessoas
analfabetas na Estação Central do Brasil, a qual ajuda Josué, um garoto cuja mãe morreu
atropelada por um ônibus, a encontrar seu pai no Nordeste.
A concepção do filme surgiu no início de 1993, após Salles ter lido uma carta enviada a
seu amigo Frans Krajcberg por uma, até então, presidiária. O momento de crise
econômica pelo qual o Brasil estava vivenciando também foi um relevante para a
inspiração do roteiro. O diretor tinha em mente trabalhar com alguns profissionais
desconhecidos pelo público, de modo que fosse realizado um trabalho autêntico e simples,
uma vez que eles não deixariam suas experiências de carreira refletirem na produção. O
diretor de fotografia responsável foi Walter Carvalho. Para a música, Antonio Alves
Pinto e Jaques Morelenbaum assinaram o contrato. As filmagens começaram em 1996 e
tiveram locações no Rio de Janeiro e em alguns estados nordestinos.
O longa teve sua pré-estreia mundial em uma mostra regional de cinema na Suíça em 16
de janeiro de 1998, seguido de uma exibição no dia 19 do mesmo mês no Festival
Sundance de Cinema, nos Estados Unidos. Seu lançamento no Brasil ocorreu no dia 3 de
abril do mesmo ano. Central do Brasil recebeu "aclamação universal" por parte da crítica
especializada, que elogiou a direção, o roteiro, as atuações e a trilha sonora, e entrou em
diversas publicações dos Melhores do Ano. É considerado um clássico[2] e um dos filmes
brasileiros mais importantes já feitos, uma vez que representou um grande marco no
período de reflorescimento da produção cinematográfica brasileira, conhecido como
"cinema da retomada", e restituiu confiança ao cinema nacional. A interpretação de
Montenegro foi aclamada pelos críticos e imprensa nacionais e internacionais e rendeu-lhe
uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz — tornando-a a primeira latino-
americana, a única brasileira e também a única atriz já indicada ao prêmio por
uma atuação em língua portuguesa — e uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz
em Filme Dramático. O filme recebeu diversos prêmios e indicações ao redor do mundo,
dentre eles, uma outra nomeação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro,
ao Independent Spirit Award e aos Prêmios César, e venceu o BAFTA, o Globo de
Ouro, National Board of Review e o Prêmio Satellite— todos na mesma categoria. Em seu
lançamento no Festival internacional de Cinema de Berlim, a produção conquistou o
prestigiado prêmio Urso de Ouro de Melhor Filme e o Urso de Prata de Melhor Atriz. Em
novembro de 2015, a obra entrou na lista dos 100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos os
Tempos, realizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

Índice

 1Sinopse
 2Elenco
 3Produção
o 3.1Desenvolvimento
o 3.2Roteiro
o 3.3Seleção de elenco
o 3.4Filmagens
o 3.5Fotografia
o 3.6Música
o 3.7Efeitos sonoros
 4Organização da narrativa
 5Temas e análises
 6Lançamento
o 6.1Distribuição e divulgação
o 6.2Classificação indicativa
o 6.3Formato doméstico
 7Recepção
o 7.1Bilheteria
o 7.2Resposta da crítica
o 7.3Prêmios e indicações
 8Legado
 9Ver também
 10Referências
 11Bibliografia
 12Ligações externas

Sinopse
Aviso: Este artigo ou se(c)ção contém revelações sobre o enredo.

Dora (Fernanda Montenegro) é uma professora aposentada que trabalha como escritora
de cartas para clientes analfabetos na Estação Central do Rio de Janeiro, a fim de essa
ocupação ajudar-lhe em suas despesas pessoais. Ela frequentemente perde a paciência
com seus clientes e muitas vezes não envia as cartas que escreve, colocando-as em uma
gaveta ou até mesmo rasga-as. Josué (Vinícius de Oliveira) é um pobre garoto com nove
anos que nunca conheceu seu pai, Jesus, mas espera fazer isso. Sua mãe, Ana (Sôia
Lira), então, contrata os serviços de Dora para poder enviar uma carta para o pai do
garoto, na qual afirma que eles esperam se reunir em breve. Contudo, no momento em
que a mãe e o garoto deixam a estação, aquela é atropelada por um ônibus e morre às
vistas do filho, que fica desabrigado. Tempos depois, Dora leva-o para sua casa e vende-o
para um casal corrupto — embora não saiba, mas ela se sente culpada após sua vizinha e
amiga Irene (Marília Pêra) avisar-lhe que o casal não coloca crianças para adoção, mas
sim as matam e vende seus órgãos no mercado negro. No dia seguinte, a escritora retorna
ao local em que negociou Josué, engana os traficantes, e rouba-o de volta. Inicialmente,
Dora hesita em se responsabilizar pelo menino, mas acaba por decidir levá-lo ao nordeste
do país, a fim de encontrar a casa de seu pai e ali deixá-lo.[3]
Já naquela região, a professora tenta deixar Josué no ônibus para que ele continuasse a
viagem, mas este abandona o transporte e a segue; no entanto, o garoto esquece nele a
sua mochila que continha o dinheiro de Dora lho dera. Sem recursos financeiro, eles
pegam carona com César (Othon Bastos), um caminhoneiro evangélico, por quem a
mulher se apaixona; porém, ao Dora encorajá-lo a beber cerveja e se declarar para ele,
este os abandona em um restaurante no momento em que a mulher vai ao banheiro
arrumar a sua aparência e passar um batom que havia ganhado ali mesmo. A escritora
chora por não ter sido correspondida, e, em seguida, troca seu relógio por duas caronas
para a cidade de Bom Jesus do Norte. Ela e Josué, na cidade, encontram o endereço de
seu pai, mas os moradores atuais dizem que Jesus ganhou uma casa na loteria e que
mora em um conjunto habitacional, além de ter perdido a outra moradia e o dinheiro com
bebidas. Após a escritora ter brigado com o menino durante uma romaria e,
subsequentemente, ter desmaiado, ambos angariam dinheiro dos peregrinos que
chegaram na cidade, os quais têm intuitos de pagarem seus votos: Josué proclama os
serviços de Dora e ela escreve as cartas para os romeiros. Desta vez ela posta as
correspondências no correio.[4]
Dora e Josué, personagens em torno das quais gira a trama do enredo.

Eles pegam um ônibus para o conjunto habitacional; no entanto, ao chegarem no local,


são informados pelos novos moradores que Jesus não mora mais lá e desapareceu. Josué
diz a Dora que ele vai esperar pelo pai, mas a mulher o convida para morar consigo;
posteriormente, a escritora resolve vender a geladeira, sofá e televisão de seu
apartamento no Rio; para isso, ela liga para Irene e lhe pede que o faça. Isaías (Matheus
Nachtergaele), um dos meio-irmãos de Josué, está trabalhando em um telhado e descobre
que a senhora e o garoto estão procurando por seu pai. Depois de se apresentar, Dora diz
que é amiga de Jesus e, como estava na área, pensou em fazer-lhe uma visita. Isaías
insiste que ela e Josué, que, desconfiado do estranho, se apresenta como Geraldo, vão
jantar em sua casa, onde conhecem Moisés (Caio Junqueira), o outro meio-irmão. Mais
tarde, Isaías explica que seu pai se casou com Ana, a quem ele não conhece, mas esta
lhe deixou e mudou-se pelo Rio e nunca mais voltou. Isaías pede Dora para ler uma carta
que seu pai escreveu para Ana quando ele desapareceu, seis meses atrás, caso ela
retornasse. Na correspondência, o pai explica que foi ao Rio para encontrar esposa e o
filho que nunca conhecera. Jesus promete voltar, e pede que ela lhe espere para que
todos pudessem ficar juntos — ele, Ana, Isaías e Moisés. Nesse ponto, Dora faz uma
pausa, olha para Josué e diz: "e Josué, que eu quero tanto conhecer". Isaías e Josué
dizem que o parente retornará; apesar de Moisés não pensar assim. Na madrugada
seguinte, enquanto os garotos dormem, Dora levanta e coloca, ao lado da carta de Jesus,
a que Ana lho fizera, a qual a escritora carregou consigo desde a Estação Central do
Brasil, mas nunca a enviara. Então, ela sai da casa e pega um ônibus para o Rio. Ao
acordar, Josué se dá conta de sua partida. No ônibus, Dora escreve uma carta para ele,
na qual diz que tem medo que ele a esqueça, e afirma sentir saudades do pai e de tudo. O
filme termina com ambos olhando as fotos que eles tirar

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