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INICIAÇÃO À PESQUISA
CIENTÍFICA
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO
Os viajantes reuniram-se para decidir… Por onde começar a busca pelo destino ines-
quecível? Qual ferramenta usar? Como descobrir o que é importante? Enquanto Pedro
e Júlia continuavam pensando, João fazia uma busca rápida na internet: “Vejam! Neste
vídeo há várias informações sobre a Índia! Vamos assistir!”. Pedro e Júlia sentaram-se
ao lado de João e todos começam a assistir o vídeo. No entanto, não conseguiram en-
tender coisa alguma: as pessoas no vídeo falavam outro idioma!
1. A LEITURA CIENTÍFICA
A leitura especializada de textos científicos exige que sigamos certas regras, distinguin-
do-se de outros tipos de leituras, como a leitura de romances, poesias, cartas, entre
outros. Embora estes tipos possam, em alguns casos, serem objetos de uma investi-
gação científica e, por isso, não é raro que venham receber o mesmo tratamento que
daríamos aos textos escritos com propósitos exclusivamente científicos ou acadêmicos,
na maioria dos casos, a leitura desses tipos de obras literárias não exigirão o mesmo
tipo de esforço ou técnicas necessárias na leitura científica.
1
U3 Preparando-se para a viagem: leitura de textos científicos
Se a leitura for difícil, não desanime, siga essas regrinhas básicas que visam facilitar
a leitura e o entendimento da obra:
SUGESTÃO DE LEITURA
- Utilize linhas verticais nas margens quando os parágrafos forem muito extensos ou
quando quiser ressaltar afirmações já sublinhadas.
- Utilize asteriscos e/ou outros sinais na margem quando desejar colocar uma infor-
mação em evidência.
O método de Descartes
1 Aceitar como 2 Dividir as
verdadeiro dificuldades
1 2
somente o que em parcelas
eu conhecer
de forma
evidente
4 3
4 Fazer 3 Ordenar os
pensamentos dos
revisões
objetos mais
completas
simples de conhecer
aos mais
complexos
É importante salientar que partir do mais simples ao mais complexo não significa partir
do que exige menos esforço. Muitas vezes, para o desenvolvimento pleno de habilida-
des básicas, precisaremos nos empenhar com afinco, constância, paciência e dedica-
ção, entendendo que adquirir esses pré-requisitos leva tempo.
Quais conteúdos básicos você precisará dominar agora? Isso dependerá muito da sua
área de pesquisa e tema específico a ser investigado. Durante a graduação, nos di-
ferentes cursos, grande parte dos componentes curriculares já estão organizados de
acordo com essa ordem na grade curricular. Além disso, durante a pesquisa e revisão
bibliográfica, o estudante fica ciente de quais são as línguas mais importantes para
acesso ao conteúdo de seu tema de pesquisa, quando necessário, ou outras habilida-
des que possam vir a serem demandadas.
EXEMPLO
Se Pedro, João e Júlia decidem ir à Grécia, não faz sentido para eles aprenderem
hindi ou mandarim, dado que o objetivo deles é entender o básico do idioma do país
de destino.
2. NÍVEIS DE LEITURA
Na obra Como ler livros: o guia clássico da leitura inteligente (1972), escrito por Morti-
mer Adler e Charles Van Doren, encontramos um ótimo guia para o direcionamento da
leitura acadêmica especializada. Ainda que limitado à ótica clássica ocidental e euro-
centrada, se tivermos em mente essas considerações e com as devidas atualizações, o
trabalho de Adler e Doren pode auxiliar sobremaneira o processo de leitura especializa-
da, principalmente através da distinção entre níveis de leitura.
São eles: o nível de leitura elementar, o nível de leitura inspecional, o nível de leitu-
ra analítica, e o nível de leitura sintópica. Eles são cumulativos, isso significa que o
último nível englobará todos os antecedentes, sem anulá-los.
Consiste em uma fase de leitura mais instrumental e menos ativa. Embora devamos
considerar os trabalhos de grandes educadores, como Paulo Freire, demonstrando que
mesmo o processo de alfabetização não precisa ser passivo e alienado da realidade.
Mesmo assim, nesta fase, os leitores iniciantes ainda não dominam outras habilidades
que proporcionarão uma maior capacidade crítica. Todos os leitores, do iniciante ao
mais experiente, precisam dominar este nível elementar de leitura.
EXEMPLO
Este nível envolverá mais de uma pergunta-chave, entre elas: qual o tipo e gênero da obra?
Sobre qual assunto se trata? Quais são as informações básicas? Qual é a sua estrutura?
e Van Doren.
https://www.youtube.com/watch?v=Q6FihxE27Rw&list=PLeWztMx2J49HeeceD-
QLQ1oc0OUcJzHnVt&ab_channel=Tr%C3%AAsVias-EstudosCl%C3%A1ssicos
3. MÉTODO SQ3R
O método SQ3R (também chamado de técnica SQ3R), foi criado pelo psicólogo edu-
cacional Francis Pleasant Robinson em 1946. Ele consiste em um método de estudo e
leitura, que, assim como os apresentados anteriormente, é divido em fases ou etapas, au-
xiliando, desse modo, os estudantes na obtenção de um melhor aproveitamento durante
seu processo de pesquisa. A sigla SQ3R vem das seguintes palavras da língua inglesa:
S: Survey (levantamento)
Q: Question (pergunta)
` Títulos;
` Capítulos;
` Exercícios;
` Figuras;
` Legendas;
` Gráficos;
` Termos destacados;
` Primeiro e último parágrafos.
Link
No site do Instituto Pró-livro temos acesso aos dados das pesquisas Retratos da Leitura, com
indicadores dos hábitos de leitura dos brasileiros desde 2001:
https://www.prolivro.org.br/
Além deste e outros projetos, o Instituto também oferece, através da Plataforma Pró-Livro,
um mapeamento de ações de fomento à leitura realizadas em território nacional:
http://plataforma.prolivro.org.br/sobre-plataforma.php
Filme ou Documentários:
O ator que interpretou Josué no filme Central do Brasil, Vinícius de Oliveira, conheceu
CURIOSIDADE
o diretor Walter Salles enquanto trabalhava como engraxate e oferecia seus serviços
a ele, na fila de uma lanchonete. Walter Salles, então, o convidou para participar da
seleção de elenco do filme e Vinícius foi o escolhido entre 1.500 candidatos. Desde
então, ele matém uma carreira sólida como ator, participando de diversos filmes e
produções televisivas.
FREIRE, P. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam (1981). São Paulo:
Cortez Editora, 2021.
Neste livro temos acesso a uma parte do pensamento, filosofia e prática de um dos principais
educadores do mundo. Paulo Freire salienta, nesta obra, a importância da leitura nas nossas
vidas, mostrando como a leitura crítica, ativa e dinâmica concede-nos maior liberdade e ca-
pacidade de criação frente à realidade.
CASOS DE APLICAÇÃO:
Fonte: FAILLA, Z. (org.). Retratos da leitura no Brasil 5. Rio de Janeiro: Editora Sextante, p.
222, 2021.
Este gráfico evidencia como o hábito de leitura está correlacionado a um leque mais amplo
de diferentes atividades praticadas em tempo livre pelos entrevistados do projeto Retratos da
Leitura, mostrando como a leitura tem implicações diretas na qualidade de vida das pessoas
e como a falta dela limita as possibilidades de ações dos indivíduos.
CONCLUSÃO
Júlia, João e Pedro perceberam que para entender certos conteúdos são necessário
pré-requisitos. Não podemos pular etapas, mesmo que isso implique em um maior
esforço e dedicação. Além disso, concluíram que há diferentes tipos de conteúdo e que
eles deviam ser discutidos, relacionados e ponderados em conjunto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARDER, M., DOREN, C. Como ler livros: o guia clássico da leitura inteligente (1972). Tradução de
Edward Wolff e Pedro Sette-Câmara. São Paulo: Editora É Realizações, p. 39, 2010.
DESCARTES, R. Discurso sobre o método (1637). Tradução de Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 2001.