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INICIAÇÃO À PESQUISA
CIENTÍFICA
UNIDADE 5
PESQUISANDO OS DIFERENTES
DESTINOS
Júlia desde pequena tinha o apelido de Dora Aventureira1. Sempre disposta a viver algo
novo e diferente, gostava de explorar, conhecer a natureza e de preferência gastando
pouco; dinheiro na sua família era um item que nunca sobrava. Por isso, ela insistia na
história do mochilão, palavra aproveitada do termo “backpacking” (backpack é mochila
em inglês) e que significa uma forma barata de viajar, sem roteiro rígido, levando ape-
nas o essencial, mas conhecendo diferentes lugares, culturas, paisagens e pessoas.
Pedro era o tranquilo da equipe, acostumado a apaziguar os ânimos dos amigos nas
diferenças de opinião. Mas, dessa vez, tinha resolvido não abrir mão de sua oportunida-
de de finalmente fazer um retiro espiritual e experimentar dias de muita calmaria e paz
interior! Ficava sonhando com cachoeiras, ou talvez florestas, quem sabe, montanhas.
Com certeza, indiferente da opção, um lugar com muito silêncio, muita calma e dias
tranquilos que colaborassem com um tempo de meditação, relaxamento, reconheci-
mento interior e sobretudo, para recarregar as energias!
Apesar das diferenças de opinião, os três estavam ficando preocupados: o tempo para
as férias se abreviava cada vez mais! Precisavam decidir, mas, começar por onde?
Júlia finalmente deu uma sugestão que foi aceita por todos: que tal cada um fazer o fi-
chamento das pesquisas sobre o roteiro desejado, acrescentando talvez um resumo ou
uma resenha conforme as aulas de Iniciação à Pesquisa Científica? Com certeza isso
ajudaria muito nas decisões!
Para facilitar a organização dos amigos, vamos entender um pouco mais sobre essa
proposta da Júlia.
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Desenho educativo (ensina palavras em inglês / espanhol) da Nickelodeon sobre uma menina alegre e
simpática que vive muitas aventuras.
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U5 Pesquisando os diferentes destinos
A estrutura do fichamento pode ter várias abordagens, mas costuma ser bem simples:
Título (em geral do que foi estudado), a referência bibliográfica (para que se saiba de
onde veio a informação, para futuras referências ou caso seja preciso voltar nela para
mais detalhes), e algum detalhe do conteúdo que você considere importante.
Apesar do título e as referências terem sempre a mesma estrutura, o mesmo não ocorre
com o conteúdo, já que esse é o que define o tipo de fichamento que será realizado. Os
tipos de fichamento que existem e que estudaremos a seguir são: de resumo, bibliográ-
ficas, de esboço, e críticas ou analíticas.
Figura 01. Resumos
Fonte: 123RF.
Fonte: 123RF.
` Fichamento de crítica: esse sai um pou-
co do padrão dos anteriores, por ir além de
apenas anotar o que foi lido, ou partes do
texto, ou referências bibliográficas, trazendo
também pontos de observação do próprio
leitor. Importante ressaltar que é uma crítica,
ou seja, é algo que avalia minuciosamente
o texto, seja uma crítica da ideia, do tema,
do autor ou da maneira que esse escreveu
(MEDEIROS, 2019).
crítico, por conter uma análise do texto que foi lido, tra-
zendo as críticas e pontos positivos, junto a uma aná-
lise desse texto. Também pode ter referências biblio-
gráficas de outros autores e outros textos também que
estão ligados ao tema em questão (ARCANJO; MA-
RIANO, 2013). Apesar de todos os tipos de fichamento
serem importantes e muito utilizados nas pesquisas
acadêmicas, é um dos mais usados, por ser uma gran-
de ajuda e apoio aos pesquisadores ao se organizar
e para escrever seu texto/tese, o ajudando também a
realizar todas as conexões das suas bibliografias com
suas pesquisas.
A ABNT (2021, pg.6) define resumo como “apresentação concisa dos pontos relevan-
tes de um documento”, e menciona ainda a divisão entre resumo indicativo e resumo
informativo, apesar de outras literaturas apresentarem outros tipos de resumo, incluindo
a resenha crítica nisso.
Resumo indicativo: são aqueles que indicam os pontos principais do texto lido, sem deta-
lhes, apenas menções, dados e informações que que sejam consideradas relevantes para
posteriormente serem mais exploradas (ABNT, 2021).
Além disso, o resumo deve conter exclusivamente parte do que foi lido, de forma sucinta,
sendo composto de frases que formam um parágrafo, sem necessidade de tópicos, sen-
do opcional a referência, mas indicativa as palavras-chaves, ajudando o leitor a saber do
que se trata (DINIZ; SILVA, 2008). Nesse resumo deve aparecer informações sobre os
objetivos, a metodologia e a conclusão do trabalho. Dependendo do tamanho permitido,
pode ser expandido com detalhes da contextualização e referência bibliográfica.
Para documentos técnicos e científicos, a norma recomenda que se use o resumo infor-
mativo. Apesar disso, podemos encontrar os diversos tipos de resumos em diferentes
formatos e tipos: resumos de textos, de livros, de artigos, ou até mesmo aquele que vem
em artigos, antes da introdução.
A norma NBR 6028 também deixa de forma bem clara o que seria uma resenha e qual
seu objetivo dentro de uma pesquisa científica: “análise de conteúdo de um documento,
objeto, fato ou evento” (ABNT, 2021, p. 5).
Algumas outras instruções são trazidas na ABNT (2021), que auxiliam o pesquisador a for-
mar uma resenha que o ajude mais tarde na elaboração de seu texto. As resenhas devem
sempre trazer ideia do assunto do texto, junto a uma análise feita pelo próprio leitor desse.
Além disso, ela deve ser formada de frases não longas, sem enumeração de tópicos, for-
mando parágrafos e um texto concreto. A resenha é mais minuciosa e detalhista em relação
aos outros tipos de pesquisas que foram vistas anteriormente, podendo trazer crítica ao
conteúdo ou estrutura do texto (como coesão e coerência) (ARCANJO; MARIANO, 2013).
É importante pontuar que nesse gênero, é como se houvesse uma relação e conversa
crítica entre o autor do texto e o leitor, algo que deve ser pensado quando se escreve
um texto, onde de um lado existe o apontamento a crítica e o outro lado tenta respon-
dê-la (antes mesmo da crítica surgir).
A resenha possui um papel muito importante na pesquisa acadêmica, visto que essa
tem o objetivo de criar um senso crítico no aluno, desenvolvendo nesse uma maior com-
preensão sobre o assunto e cada vez mais um olhar crítico para o que está a sua volta.
Resumos e resenhas são dois gêneros muito usados em pesquisas, ainda que muitas
vezes o usemos de forma intuitiva, sem saber muito bem sua estrutura formal ou qual
seus nomes.
Apesar de serem gêneros semelhantes por falarem de um texto, são gêneros diferentes
entre si. Veja a Tabela 1 para entender melhor (DINIZ; SILVA, 2008):
1.3 CONSIDERAÇÕES
João foi o primeiro a terminar seu fichamento, sobre roteiros gastronômicos pelo mun-
do. Criou fichamentos de resumo para os que eram sobre cozinha mediterrânea e cozi-
nha italiana, pensando em ganhar seus amigos pelo estômago: Júlia nunca negaria um
roteiro com muitas massas envolvidas, nem Pedro dispensaria uma viagem com pratos
mediterrâneos leves e naturais.
Fichamento resumo foi a opção da Júlia: ela já conhecia a biografia de vários mochilei-
ros e queria algo resumido para não deixar os amigos entediados. Focou nas possibi-
lidades de diversidade gastronômica para ganhar o amigo João e em cidades menos
urbanas para não desanimar o Pedro.
Pedro com toda sua tranquilidade, resolveu apenas esperar para ver o que os amigos
escreveriam. Depois de ler ambos os fichamentos, fez uma resenha sobre as informa-
ções obtidas de cada texto e percebeu que a empatia com os colegas permeava todo
trabalho, ou seja, apesar das diferenças iniciais havia o desejo por algo comum.
Mapa Conceitual
Tipos de Fichamento
Link
Filme:
O óleo de Lorenzo (1993)
https://www.youtube.com/watch?v=SDBz-5Z8s28
Casos de Aplicação:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DINIZ, C. R.; SILVA, I. B. Como organizar e documentar a leitura: esquemas, fichamentos, resumos
e resenhas. Natal: UEPB/UFRN, 2008. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/263688296/Como-
Organizar-e-Documentar-a-Leitura Acesso em: 15 fev. 2022
MEDEIROS, J. B. Redação científica: prática de fichamentos, resumos, resenhas. 13. ed. São Paulo: Atlas,
2019.