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Lição n° 03

Ficha de Leitura
Ficha Bibliográfica

INTRODUÇÃO

A ficha de leitura é um resumo das ideias de um autor contidas


num livro ou num artigo, tendo como objectivo preparar um
trabalho de maior fôlego onde pretendemos conciliar a
informação proveniente de várias fichas de leitura com as
nossas conclusões em ordem a produzir um trabalho sistemático
e original.
Esta definição obriga a que se tenha em consideração os
seguintes aspectos: a ficha de leitura é um momento de um
movimento mais alargado, constituído pela leitura sucessiva de
conjuntos de textos, em que cada conjunto ajuda a aperfeiçoar
os nossos objectivos e estes determinam o novo conjunto a ler
(Quivy e Campenhoudt, 1992: 51).
A ficha de leitura não é o fim em si mesmo, mas um meio para
se conseguir voltar às principais conclusões de um texto sem ter
que tornar a lê-lo; a ficha de leitura é um instrumento de
trabalho do seu autor e dirige-se exclusivamente a um único
público, ele próprio.

O que é uma ficha de leitura?

- Registo de informação mais relevante sobre o conteúdo


do texto;
- Aquelas em que se anotam com precisão todas as
referências bibliográficas relativas a um livro ou a um artigo, se
escreve o seu resumo, se transcrevem algumas citações-chave,
se elabora uma apreciação e se acrescenta uma série de
observações.

3.2. Distinção entre ficha de leitura, resumo e recensão crítica

O tipo de ficha de leitura a que nos referimos não é um resumo


de obra ou uma recensão crítica, embora partilhe com estas
formas de trabalhar os textos o propósito de condensar as ideias
contidas no documento em causa. A grande diferença é que a
ficha de leitura procura fazer essa condensação a partir de uma
orientação exterior ao texto: os nossos objectivos. Com efeito,
num dado texto não interessa ler tudo, mas apenas ler e
condensar o que é pertinente para os nossos objectivos. Fica
claro, pois, que as fichas de leitura, nesta acepção, não são
resumos das obras, mas resumos das ideias nelas contidas que
nos interessam para os nossos propósitos.

Etapas da elaboração da ficha de leitura

A elaboração de ficha de leitura deve ocorrer em etapas que se


relacionam às técnicas de leitura e técnicas de redacção:
1. Ler ininterruptamente o texto (leitura corrida – primeiro
contacto) e sem anotações, permitindo-se, assim, o primeiro
contacto com alguns aspectos da obra como: tema tratado,
seus aspectos estruturais e estilo do autor e ao mesmo
tempo resolver dúvidas ou incertezas relativas ao
vocabulário empregue e aos conceitos introduzidos no texto;
2. Em seguida, fazer uma leitura mais cuidadosa, selecionando
as ideias a serem destacas, isto é, sublinhando ou anotando
os elementos linguísticos essenciais, procurando
compreender o que o autor pretende dizer em cada
parágrafo;
3. Elaborar uma ficha de leitura.
3.4. Elementos Constitutivos da Ficha de Leitura

1. Dados Bibliográficos;
Uma ficha de leitura deve começar sempre pela referência
completa que permite ao autor voltar a localizar o texto em
causa a partir desses elementos e colocar a referência
correctamente na bibliografia final do seu trabalho.
Uma estratégia é a de separar a referência bibliográfica do
corpo da ficha de leitura com uma barra e algumas linhas em
branco.
Eis os dados:
- Autor ou escritor;
- Título;
- Edição, ano de edição;
- Editora;
- Cidade.
Se acedeu a web: URL: data de acesso.

2. Dados sobre a Obra;


O que se segue é a sinopse, isto é, um resumo, em não mais do
que dois ou três parágrafos, das ideias principais da ficha. Note-
se que, se este ponto é o segundo a aparecer, deve ser o último
a ser realizado, dado tratar-se de uma espécie de resumo do
resumo que a ficha constitui. A realização da sinopse não deve
ser desprezada porque, muitas vezes, é, em particular para os
indivíduos com menos prática, o elemento chave para a
compreensão da principal ideia de um dado livro ou artigo. Na
sinopse deve aparecer, de forma bem explícita e hierarquizada,
em primeiro lugar, a principal ideia do autor e, em segundo
lugar, as ideias (ou ideia) importantes para os nossos objectivos.
Eis os dados:
- Género;
- Tema Principal;
- Estrutura da obra ou do texto;
- Citação-chave;
- Resumo da Obra.
Note-se que o texto que constitui o corpo da ficha deve ter uma
estrutura clara. Em alguns casos, pode ser seguida a estrutura
de capítulos do autor do texto original (o que é o mais fácil),
mas noutros é necessário realizar uma estrutura própria para a
ficha. A estrutura de uma ficha pode ser implícita ou explícita,
no entanto, a explicitação tem a vantagem de tornar mais fáceis
futuras consultas sobre o tema. Uma estrutura explícita é
quando o texto da ficha se encontra subdividido em partes
logicamente articuladas e hierarquizadas, encimadas por títulos
a negrito (secções e/ou capítulos), como num qualquer texto.

3. Apreciação Crítica do Leitor.


Numa ficha de leitura, enquanto momento de um trabalho mais
vasto, podemos colocar os nossos próprios comentários. Por
exemplo, para chamar a atenção para uma contradição com o
que diz outro autor, ou para procurar mais informação sobre
uma ideia, etc… A principal preocupação a ter é a da distinção
entre o que é originalmente nosso e as ideias do autor que
condensamos. É necessário encontrar um sistema uniforme de
separação entre estes dois tipos de texto presentes na ficha.
Existem várias possibilidades referenciadas na literatura. Neste
documento só se referenciam duas: escrever os nossos
comentários numa cor diferente (e sempre a mesma), a
vermelho, por exemplo, ou colocar os nossos comentários entre
parêntesis rectos. Recomenda-se vivamente que o sistema
adoptado seja uniforme dentro de uma mesma ficha de leitura e
no conjunto das fichas realizadas, no sentido de se minimizar os
plágios involuntários.
3.5. Ficha de leitura e Plágio

Utilizar as ideias dos outros para realizar o nosso próprio


trabalho não é um plágio. Pelo contrário é desejável e não há
outra forma de fazermos o nosso trabalho avançar. Como diria
Bernardo de Chartres (séc. XII), somos como anões que vemos
longe porque estamos sobre os ombros dos gigantes que nos
antecederam, os autores dos livros e artigos que usamos.
Habitualmente, as novas ideias surgem sempre com base em
ideias anteriores, através da sua modificação, da sua recusa, da
sua antítese, ou de um qualquer outro processo. Os trabalhos
com ideias verdadeiramente originais são muito raros e não
estão ao alcance de menos que génios. Plágio é não dar crédito
à pessoa ou pessoas de onde retirámos uma dada ideia. Para
que a situação de plágio se verifique, é apenas necessário que
uma ideia, retirada de um autor, não apareça referenciada como
sendo desse autor, mesmo que seja apresentada pelas nossas
próprias palavras! O plágio é uma forma de roubo e uma fraude,
mesmo quando é involuntário.

Importância da Ficha de Leitura


- permitir o registo da referência bibliográfica completa,
para uso posterior na redacção do relatório final ou de uma
monografia;
- referenciar informações ou elementos do texto, de modo
a que, posteriormente, e sempre que necessário, seja possível e
facilmente localizável no texto;
- sintetizar o trabalho de modo a podermos utilizar essa
informação na redacção do estado das artes.

3.7. FICHA BIBLIOGRÁFICA


Durante o percurso académico, o estudante é inúmeras vezes
confrontado com a ideia de visitar a biblioteca – livros – para
pesquisar sobre temas variados.

Baseando-se numa pesquisa bibliográfica (essencialmente ligada


à leitura), por forma a legitimar esta actividade, é necessário
que o estudante confronte várias ideias, pensamentos, teses de
autores diversificados.

No final do trabalho ou leitura, como não podemos levar os


livros consultados, fazemos a identificação clara e inequívoca de
cada uma das obras lidas, através de uma Ficha Bibliográfica.

Deste modo, a ficha bibliográfica funciona como uma espécie de


“bilhete de identidade” da obra lida, tal qual considera
(Mutondo, 2010), pelo qual deve apresentar todos os elementos
descritivos que permitam a sua identificação individual, ou seja,
apresenta as referências de uma determinada obra.

A seguir, descreve-se os dados que não podem faltar numa ficha


bibliográfica, mesmo sabendo que existem várias perspectivas
em relação a isto:
- Autor;
- Título da Obra;
- Número da Edição;
- Local de Edição;
- Editora;
- Data de edição;

Além dos mencionados acima, ainda podemos destacar:


- Título do artigo ou capítulo do livro;
- Coleção;
- Indicação sobre a edição original (título na língua original, local
de edição, editora e data de edição);
- Indicação sobre a tradução usada (título da tradução,
tradução, local de edição, editora, data de edição); -
Número(s) da(s) página(s) citada(s); - Número total de páginas
e volumes; - Número (cota) ISBN.
3.7.1. Ordem dos Elementos da Ficha Bibliográfica

Sabendo que existam várias regras sobre esta matéria, nesta


disciplina, por forma a estarmos alinhados com a proposta da
unidade curricular MIC e Regulamento de PFC’s, vamos adoptar
a ordem de elementos sugerida no Template para Projectos
Finais de Curso do ISUTC (2021):

1. Livros
Note a seguinte informação normalmente usada nas referências
a livros:
• Apelido do autor, iniciais de outros nomes, ano em
parêntesis, vírgula, título em itálico do livro, lugar de
publicação, empresa editora.
Exemplo:
CHUTUMIÁ, D. (2015). As interrogativas-Q do Português de
Moçambique: Contribuição para uma análise comparativa com o
Português Europeu e o Português Brasileiro, Maxixe, UniSaF
Editora.

No caso de serem até três autores, o formato é:

• Lista dos autores seguidos das respectivas abreviaturas


do nome. O resto é semelhante ao formato de um só
autor.
Exemplo:
FERNANDES, C. & CAMPOS, A. (2005). Resumir é fácil. Lisboa,
Plátano editora.

Se forem mais de três autores, o formato é:


• Apelido do primeiro autor, seguido da respetiva
abreviatura dos nomes e acrescenta-se a sigla et al. (do
latim “et alli = e outros). O resto é semelhante às
descrições anteriores.

Exemplo:
MATEUS, M.H.M. et al (1989). Gramática da Língua Portuguesa.
3ªed., Lisboa: Caminho.

2. Artigos de Revistas Científicas

Apelido do autor, iniciais de outros nomes, ano em parêntesis,


ponto, título do artigo, ponto, nome da revista em italics,
número do volume, número da série da revista, páginas
ocupadas pelo artigo na revista.
Exemplo:
Simango, D e Marray, O. (1987). O papel das ligações
intrafamiliares na prevenção do incesto. Journal of Human
Evolution, 12, 5, 481-486.
NB: Ordem alfabética. É importante que as referências sejam
dadas em ordem rigorosamente alfabética. Em adição aos
apelidos, o investigador deverá observar também a ordem dos
primeiros nomes.
Exemplo:
Davey, A. C. …
Davey, A. M. …

3. Capítulos de Livros
No caso de o autor do capítulo ser diferente do autor
/responsável pelo livro, o formato é:
• Autor do capítulo, começando pelo apelido (em
maiúsculas) seguido do “título do capítulo (entre aspas)”.
In autor/responsável pelo livro (em maiúsculas), seguido
da abreviatura do nome. Título do livro (em itálico).
Subtítulo do livro (se for o caso). Edição. Local de Edição
(cidade), Editora, Número de Volume, Ano de Publicação,
páginas inicial e final do capítulo.

Exemplo:
Rizzi, L. (1997) “The Fine Structure of the Left Periphery”, in L.
HAEGEMAN (ed.) Elements of Grammar, Kluwer, Dordrecht,
281337.
4. Dissertações e Teses

Em trabalhos como dissertações e teses, cujo objectivo é a


qualificação do autor, adopta-se o seguinte formato:

• APELIDO do autor, seguido da abreviatura do nome;


Título do Trabalho, Grau ou Categoria do trabalho. Nome
da universidade ou escola. Local da Publicação (cidade),
Editora, Ano de publicação, número de páginas da obra.

Exemplo:
CHUTUMIÁ, D. As interrogativas-Q do Português de Moçambique:
Contribuição para uma análise comparativa com o Português
Europeu e o Português Brasileiro, Dissertação de Mestrado em
Linguística. Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
2013, 106p.

3.7.2. Forma geral para referências eletrónicas:

A. Periódicos Online:
• Autor, A. A., Autor, B. B., & Autor, C. C. (2000). Título do
artigo. Título do Peródico, xx, xxxxxx. Baixado em mês,
dia, ano, da fonte xx.

B. Documento Online:

• Autor, A. A. (2000). Title of work. Retrieved month day,


year, from source.

1. Versão electrónica (artigos da Internet) de artigos de revistas


de publicação impressa:
• VandenBos, G., Knapp, S., & Doe, J. (2001). Role of
reference elements in the selection of resources by
psychology undergraduates [versão electrónica]. Journal
of Bibliographic Research, 5, 117-123.
2. Article in an Internet-only journal:
• Fredrickson, B. L. (2000, March 7). Cultivating positive
emotions to optimize health and well-being. Prevention &
Treatment, 3, Article 0001a. Retrieved November 20,
2000, from
http://journals.apa.org/prevention/volume3/pre0030001
a. html

3. Artigo de uma revista de publicação electronic somente:


• Glueckauf, R. L., Whitton, J., Baxter, J., Kain, J.,
Vogelgesang, S., Hudson, M., et al. (1998, July).
Videocounseling for families of rural teens with epilepsy
– Project update. Telehealth News,2(2). Baixado de
http://www.telehealth.net/
subscribe/newslettr4a.html1, data.

5. Documento existente na página da Internet de uma


universidade:
• Chou, L., McClintock, R., Moretti, F., & Nix, D. H. (1993).
Technology and education: New wine in new bottles:
Choosing pasts and imagining educational futures.
Baixado em Agosto 24, 2000, da página da Columbia
University, Institute for Learning Technologies:
http://www.ilt.columbia.edu/publications/papers/newwine1
.ht ml

BIBLIOGRAFIA
MARCONI, M. A. & LAKATOS, E. M. (2007). Técnicas de pesquisa.
São Paulo, Editora Atlas, S.A.
MUTIMUCUIO, I. (2008). Módulo de Metodologia de
Investigação: Apontamentos, Maputo, Centro de
Desenvolvimento Académico.
MUTONDO, C. (2010). Ficha Bibliográfica: Apontamentos,
Maputo, Universidade Pedagógica.
QUIVY, R. & Campenhoudt, L. V. (1992). Manual de investigação
em ciências sociais; Lisboa, Gradiva.
ECO, Umberto (1984). Como se faz uma tese: em ciências
humanas, Lisboa, Presença.

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