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Revista Gestão em Engenharia, São José dos Campos, v.2, n.2, p.43-66, jul./dez. 2015
Campos/SP, Brasil
3 Federação das Indústrias do Estado do Pará, Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias
*Autor correspondente:
leo-daiki.isi@senaipa.org.br
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1 INTRODUÇÃO
Há uma tendência das indústrias de se ajustarem ao futuro pela
necessidade de estarem inseridas em um mercado globalizado e dinâmico,
pois quanto mais conhecimento sobre o futuro a ser desenvolvido, mais
ações estratégicas poderão ser tomadas e mais competitivas as empresas
poderão se tornar.
Como resultado desta dinâmica, as indústrias são as principais
afetadas pelo seu ritmo de produção, precisando sempre desenvolver novas
estratégias de produção buscando a máxima eficiência em seus processos.
No entanto, por mais eficiente que seja o processo industrial, sempre terá
como parte de sua produção a geração de resíduos, representando um
grande problema para o meio ambiente, para a sociedade e para a própria
empresa.
Os resíduos gerados pelas atividades industriais de alguns setores
primários (Metalurgia, Siderurgia e na produção do Alumínio Primário) são
depositados em áreas próximas às fábricas, devido ao elevado custo de
transporte, manutenção e armazenamento. Estas áreas de deposição para os
resíduos devem ser geridas de maneira adequada, pois possuem grande
potencial de agredir o meio ambiente, poluindo o solo, o ecossistema,
causando danos à população e podendo comprometer a economia local.
Dependendo da periculosidade do resíduo deverá ser criado um plano
de gerenciamento de risco. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio
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(ABAL) a cada tonelada de alumina produzida gera entre 0,7 a 0,9 toneladas
de resíduos de lama vermelha. Isto significa que para ser produzido 1
tonelada de alumínio gera-se, aproximadamente, 1 a 4 toneladas de lama
vermelha. Estima-se que 962 mil toneladas de lama vermelha foram
produzidas no Brasil em 2014.
O grande desafio é que a lama vermelha é gerada em grande
quantidade no Brasil e no mundo. Diversos estudos foram realizados para a
destinação da Lama Vermelha (ALLAIRE, 1992; SILVA FILHO, 2005, 2006,
2007; CABLIK, 2007; ANTUNES, 2011).
Depositar a lama vermelha de maneira apropriada apresenta um custo
de 5% do valor da produção do alumínio. Além disso, no processo de refino
da bauxita, é adicionado hidróxido de sódio em soluções para ocorrer a
separação do óxido de alumínio do mineral. Parte do hidróxido de sódio é
recuperada antes da lama vermelha ser descartada em barragens, no
entanto, não se consegue recuperar por completo este composto, o que torna
a lama altamente alcalina. Entretanto, este rejeito possui, em sua
composição, vários outros elementos químicos que, se tratados de maneira
adequada, podem ser transformados em matéria-prima para outros setores
industriais. Tal perspectiva é uma alternativa de reduzir a quantidade de
material depositado nas barragens de rejeitos, o que atualmente é um
grande desafio da indústria do alumínio.
O planejamento de cenários é um estudo que pode mostrar possíveis
caminhos para uma visão em longo prazo, dependendo de ações com
entidades públicas ou privadas.
Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi propor um método
de planejamento de cenários para aplicações da lama vermelha como
produtos comerciais que demandam grande quantidade de matéria-prima
para amenizar a quantidade deste rejeito estocado e gerado em larga escala,
anualmente.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Cenários e projeções se misturam sendo que podem ser diferenciados
pelo enfoque que cada um detém. Os cenários possuem um foco para
desenvolver um futuro baseado em incertezas resultantes de fatores pré-
determinados, já as previsões são baseadas em certa relação de causalidade
com o que ocorre atualmente e no passado através de ferramentas
estatísticas. A Tabela 1 compara cenários e projeção.
Os cenários devem pertencer a certo campo de relevância com relação
a um certo período de tempo e estão conectados por vários tipos de relações
como: sucessão temporal, causalidade, efeito, intencionalidade,
instrumentalidade e a probabilidade condicional. As previsões em sua
maioria conseguem prever resultados razoáveis e, com isso, podem torná-las
perigosas.
Börjeson et al. (2006) afirmam que não há um consenso na literatura
quanto aos tipos dos cenários. Mostram que o fato é devido a diversidade de
aplicação dos cenários, e que isto pode ser útil, dependendo do objetivo a ser
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3 MATERIAL E MÉTODOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este trabalho se baseia na construção de cenários seguindo parte das
etapas descritas principalmente pela escola Norte americano, de uma lógica
intuitiva, que pode ser representado por Schwartz (2000) e Ringland (1998).
Além destes autores, as etapas para este método se iniciaram com a
adaptação do método descrito no trabalho de Goodwin e Wright (2004) que
se desenvolve através de 8 passos, sendo o último passo a geração dos
primeiros indicadores, não citado por Schwartz (2000). Essas etapas são
mostradas na Figura 2.
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cimento do tipo Portland. Também poderá ser aplicado como matéria prima
de materiais cerâmicos na construção de tijolos estruturais e telhas.
comum praticado no início deste ano no estado foi de R$ 27,90, geraria uma
venda bruta equivalente a R$ 167.400,00.
O custo de produção para cada tonelada de cimento e a porcentagem
distribuída do custo são mostrados na Tabela 7. Considerando o valor
tributado de 38% e um lucro de 12% do valor de venda, é possível estimar o
custo de cada elemento participante para o processamento do clinker.
5 CONCLUSÕES
O método de construção de cenários empregado mostrou que é
possível desenvolver cenários prospectivos intuitivos como uma possibilidade
de verificar a implantação da lama vermelha como matéria prima na
indústria através da análise de dados coletados na literatura científica,
relatórios técnicos, revistas, etc., até ao passo que se foi desenvolvido (etapa
7). Com os cenários intuitivos criados, foi possível elaborar estudos do
resíduo em sua propriedade e possíveis aplicações, ranquear e selecionar a
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLAIRE, C. Use of red mud for the production of aluminium reduction cell
potlining refractories. Light Metals: TMS Proceeding, p. 401-406, 1992.
ANTUNES, M. L. P.; CONCEIÇÃO, F. T. da e NAVARRO, G. R. B.
Caracterização da Lama Vermelha Brasileira (Resíduo do Refino da
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