Você está na página 1de 10

ACADÊMICO BOLSISTA - PM

Prova - Pm - EMERGÊNCIA - 2011

1) Mulher de 57 anos, hipertensa em tratamento irregular a) Comunicação interatrial


procura atendimento na emergência por conta de quadro b) Insuficiência tricúspide
de cefaléia, náuseas, vômitos e confusão mental.
c) Estenose aórtica
Ao exame observou-se PA=240 x 140mmHg, sem demais
d) Insuficiência mitral
alterações dignas de nota ao exame físico. O exame de
fundo de olho revelava papiledema, exsudatos algodono-
sos e hemorragias em chama de vela. Pergunta-se: qual a 6) Que válvula cardíaca mais freqüente é acometida na
principal hipótese diagnóstica? cardiopatia reumática?
a) Hemorragia subaracnóide a) Tricúspide
b) Acidente vascular cerebral hemorrágico b) Pulmonar
c) Acidente vascular cerebral isquêmico c) Mitral
d) Encefalopatia hipertensiva d) Aórtica

2) Qual das opções abaixo é contra-indicação absoluta a 7) Que patologia das abaixo relacionadas está associada
terapia trombolítica no infarto agudo do miocárdio? ao pulso em martelo d’água?
a) Acidente vascular cerebral hemorrágico há 10 anos a) Insuficiência aórtica
b) Passado de úlcera gástrica b) Miocardiopatia hipertrófica
c) Cirrose hepática c) Estenose aórtica
d) Cirurgia abdominal extensa há 1 ano d) Insuficiência mitral

3) Homem de 72 anos, hipertenso e diabético de longa 8) Mulher de 55 anos, hipertensa em tratamento regular,
data. Há um ano apresentando vários episódios autoli- após estresse emocional evoluiu com cefaléia occipital
mitados de palpitação. Procura a emergência com novo leve, sem demais queixas. Ao exame, PA 180 x 100 mmHg,
episódio de palpitação associado a desconforto torácico restante do exame físico normal. Qual a conduta inicial
discreto que não melhorou espontaneamente. Ao exame: mais acertada?
REI, FC 140bpm, PA 140 x 80 mmHg, extremidade bem a) Nitroglicerina venosa e internação hospitalar em enfer-
perfundidas, mumúrio vesicular universalmente audível sem maria
ruídos adventícios. O ECG revelou ritmo de fibrilação atrial. b) Nitroprussiato venoso e internação em unidade de
Pergunta-se : qual a melhor conduta inicial a ser instituída? terapia intensiva
a) Anticoagulação e beta bloqueador para controle da FC c) Anti-hipertensivo via oral e observação na emergência
b) Sedação e cardioversão elétrica por 12-24 horas
c) Amiodarona via intravenosa (dose de ataque e manutenção) d) Encaminhamento ao ambulatório
d) Propafenona via oral
9) Qual das drogas abaixo tem maior impacto na redução
4) Marque a alternativa na qual o anti-hipertensivo está da mortalidade na insuficiência cardíaca?
respectivamente associado a um efeito colateral freqüente: a) Digoxina
a) Beta-bloqueador – hiperpotassemia b) Furosemida
b) I-ECA – broncoespasmo c) Carvedilol
c) Diurético tiazídico – hiperuricemia d) Amiodarona
d) Bloqueador de canal de cálcio – tosse
10) Dentre as opções abaixo qual constitui causa de insu-
5) Que condição está associada a sopro holossistólico ficiência cardíaca de alto débito.
que é melhor audível em epigástrio e que aumenta com a a) Apnéia do sono
inspiração profunda (manobra de Rivero-Carvalho)?

1
TESTE SEUS CONHECIMENTOS!

b) Policitemia vera b) Coleta de hemocultura é mandatória antes do início da


c) Cirrose hepática terapia

d) Tireotoxicose c) A hidratação precoce não é necessária


d) Está contra-indicado o uso de bicarbonato

11) Sinusite é uma patologia que leva o paciente frequente-


mente as emergências, devido a intensidade dos sintomas. 17) Mordedura de cão é uma queixa freqüente nas emer-
Qual o seio mais acometido? gências. Qual o patógeno isolado comumente:
a) Etmoidal a) Clostridium spp
b) Frontal b) Haemophylus
c) Maxilar c) Staphylococcus aureus
d) Esfenoidal d) Streptobacillus moniliforms

12) Na síndrome de angustia respiratória aguda, qual das 18) Com relação à questão anterior, qual o antibiótico de
opções abaixo causa alteração na permeabilidade da escolha?
membrana alveolocapilar? a) Penicilina
a) Pneumonia infecciosa b) Clindamicina
b) Estenose mitral c) Eritromicina
c) Hipoalbuminemia d) Amoxicilina / Ácido Clavulânico
d) “a”, “b” e “c” estão corretas

19) Nas diarréias agudas secundárias a penetração do


13) Paciente internado por AVE hemorrágico devido à he- patógeno, como exemplo as diarréias causadas pela Sal-
morragia intraparenquimatosa espontânea, evolui 1 hora monella typhy, encontramos como achado fecal:
depois com anisocoria e posição e descerebração. Sua a) Cilindros
suspeita diagnostica é:
b) Ausência de leucócitos fecais
a) Aumento do hematoma por ressangramento
c) Leucócitos polimorfonucleares
b) Vasoespasmo
d) Leucócitos mononucleares
c) Hidrocefalia
d) Irritação meníngea pelo sangramento
20) Na meningite causada por Streptococcus pneumoniae,
encontramos no líquor:
14) Qual das opções abaixo é causa de hipopotassemia? a) Aumento de glicose
a) Acidose metabólica b) Pleocitose
b) Insulina c) Diminuição do nível de proteína
c) Hiper-hidratação d) Predomínio de leucócitos polimorfonucleares
d) Jejum prolongado

21) Síndrome de Choque tóxico se caracteriza por:


15) Com relação à sepse, temos com alteração precoce:
a) Febre, hipotensão e exantema
a) Leucocitose com desvio para esquerda
b) Febre, hipertensão e descamação
b) Trombocitose
c) Descamação , exantema e hipertensão
c) Hipobilirrubinemia
d) Febre, hipotensão e desorientação
d) Alteração do tempo de coagulação

22) Cólica renal é uma queixa freqüente em nossas emer-


16) No tratamento da sepse na emergência podemos gências. Podemos afirmar que:
afirmar que:
a) A maioria dos cálculos é formada por ácido úrico
a) Devemos aguardar a identificação do agente causador
b) Hipocalciúria
da infecção para iniciar antibioticoterapia

2
ACADÊMICO BOLSISTA - PM

c) Hipercalciúria 27) No acompanhamento do tratamento de Cetoacidose


d) Hipercalcemia Diabética, a medida de corpos cetônicos parece aumentar
devido a:
a) Conversão periférica de acetoacetato em betahidroxi-
23) Com relação ao coma mixedematoso, podemos afirmar
butirato
que:
b) Conversão periférica de betahidroxibutirato em aceto-
a) Deve-se administrar corticóides juntamente com hormô-
acetato
nio tireoidiano, devido à reserva da supra-renal
c) Diminuição de glicemia
b) Deve-se administrar corticóides juntamente cm hormônio
tireoidiano, devido à reserva tireoidiana d) Diminuição de glicosúria piora

c) Frio não é um fator desencadeador


d) Hidratação volumosa é preconizada 28) Com relação às insulinas podemos afirmar que:
a) Insulina Lispro não apresenta pico de ação

24) São causas de tireotoxicose: b) Insulina Glargina não deve ser usada na cetoacidose
diabética
a) Doença de Graves e bócio multinodular atóxico
c) Insulina Glargina apresenta pico de ação de 12 horas
b) Doença de Graves e bócio multinodular tóxico
d) Insulina NPH apresenta meia vida de 24 horas
c) Hipertireoidismo e adenoma não funcionante
d) Tireiodite de Riedel e Hashimoto
29) Qual o agente etiológico mais freqüente na meningite
asséptica?
25) Com relação à Cetoacidose Diabética, encontramos
a) Enterovírus
com frequência:
b) Adenovírus
a) Respiração regular
c) Influenza A
b) Diarréia
d) Influenza B
c) Dor abdominal
d) Sudorese
30) São agentes causadores de artrite monoarticular aguda:
a) Staphylococcus aureus e Streptococcus pnemoniae
26) No estado hiperosmolar não cetótico, poderemos en-
contrar alteração em qual das opções abaixo? b) Micobactérias não tuberculosas e Streptococcus pne-
moniae
a) Cloro
c) Treponema pallidum e Cândida
b) Fosfato
d) Neisseria meningitidis e Neisseria gonorrhoeae
c) Magnésio
d) Hiato iônico

3
TESTE SEUS CONHECIMENTOS!

gabarito - Pm - EMERGÊNCIA - 2011

1 – (D) O enunciado desta questão nos apresenta o caso do uso de estreptoquinase ou anistreplase, a exposição
de uma paciente hipertensa que dá entrada na emergên- prévia (especialmente se há mais de 5 dias) ou reação
cia com quadro confusional agudo, associado a cefaleia, alérgica induzida pelo fármaco utilizado. Lembre-se que a
náuseas e vômitos, e que apresenta níveis tensionais muito ocorrência prévia de um sangramento intracraniano – em
elevados e um fundo de olho compatível com retinopatia qualquer época da vida do paciente! – torna a aplicação
hipertensiva grau IV (Keith-Wagmer). A coexistência de de terapia trombolítica contra-indicação absoluta.
papiledema e dos níveis tensionais relatados nos conduz
ao diagnóstico de hipertensão maligna, e a presença dos
3 – (A) Trata-se de um paciente idoso, portador de hiper-
demais sintomas relatados, não estando presentes déficits
tensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, que apresenta
neurológicos focais, nos faz pensar no diagnóstico de en-
episódios autolimitados de palpitações, tendo o ECG atual
cefalopatia hipertensiva. Para confirmar o diagnóstico desta
revelado a presença de fibrilação atrial. O paciente se
condição, a ausência de lesões estruturais (isquêmicas e/
encontra hemodinamicamente estável, sem baixo débito
ou hemorrágicas) num exame de imagem do encéfalo, seja
cardíaco, congestão pulmonar e/ou isquemia coronariana.
uma tomografia computadorizada de crânio ou uma resso-
Em razão do exposto, o quadro é compatível com o diag-
nância magnética de encéfalo, é dado indicativo. Quanto à
nóstico de fibrilação atrial crônica, não havendo indicação
hemorragia relatada à fundoscopia, é importante destacar
de reversão aguda da arritmia cardíaca vigente, mas ape-
que, originadas de uma permeabilidade vascular anormal
nas de controle da frequência cardíaca, o que deverá levar
ou em decorrência de complicações mais sérias (como
à melhora da queixa principal do paciente (palpitações).
oclusões venosas), as hemorragias no fundo de olho do
Outro ponto que deve ser considerado no tratamento dos
paciente portador de hipertensão arterial sistêmica podem
pacientes com fibrilação atrial crônica é a indicação ou não
localizar-se em diversas regiões, mas frequentemente são
de anticoagulação crônica, posto que a pior complicação a
superficiais e lineares (em “chama de vela”), junto à cama-
longo prazo da fibrilação atrial é ocorrência de fenômenos
da de fibras nervosas da retina, embora possam também
tromboembólicos (cardioembólicos). Para prever o risco da
aparecer arredondadas, puntiformes e até irregulares.
ocorrência de tais eventos e orientar a conduta preventiva,
foram desenvolvidos escores de avaliação, como o CHA-
2 – (A) Pergunta clássica em concursos, esta questão DS2, que atribui 1 ponto para a presença dos fatores de
versa essencialmente sobre as contraindicações absolu- risco insuficiência Cardíaca, Hipertensão arterial, idade (do
tas à realização de trombólise, que são as seguintes: AVE inglês Age) e Diabetes mellitus, e 2 pontos para a ocor-
hemorrágico em qualquer momento prévio; AVE isquê- rência prévia de acidente vascular encefálico (do inglês
mico nos últimos 3 meses (exceto AVE agudo em até 4,5 Stroke) – seja AVE isquêmico instalado ou ataque isquêmico
horas); presença de neoplasia (primária ou metastática) transitório prévio; se o paciente alcançar 2 ou mais pontos,
ou malformação arteriovenosa no SNC (intracraniana ou deverá receber anticoagulação plena de forma crônica;
na medula espinhal); trauma craniano ou facial (fechado caso tenha 1 ponto, pode ser anticoagulado ou tratado
ou cirúrgico) nos últimos 3 meses; discrasia sanguínea apenas com antiagregante plaquetário (AAS, principalmen-
ou sangramento ativo (exceto menstruação); suspeita de te); caso não pontue em nenhuma das variáveis, o último
dissecção aórtica aguda; e presença de doença terminal. tratamento é suficiente. Mais recentemente, uma derivação
A existência de contraindicações relativas não inviabili- desse escore levou ao desenvolvimento do CHA2DS2-
za a realização do procedimento, mas determina que o -Vasc, escore que traz alguns ajustes que aumentam a
processo de julgamento entre risco e benefício seja mais sensibilidade da estratificação de risco. Além dos fatores
meticulosamente avaliado. São contraindicações relativas tradicionais, esse escore acrescenta pontos (1 ponto) para
à terapia trombolítica: hipertensão arterial severa, descon- o gênero feminino e para uma história patológica pregressa
trolada (PA > 180 x 110 mmHg); anticoagulação com INR de eventos cardiovasculares prévios (IAM, doença arterial
na faixa terapêutica ou elevada (≥ 2-3); AVE isquêmico periférica e intervenção cirúrgica para aneurisma aórtico),
antigo (> 3 meses) ou outra doença intracerebral além e também subdivide a pontuação segundo a idade do
daquelas listadas entre as contraindicações absolutas; paciente (65 a 74 anos = 1 ponto; ≥ 75 anos = pontos).
relato nas últimas 3 semanas de trauma ou grande cirurgia, Apesar do aumento da sensibilidade representado pelo
ressuscitação cardiopulmonar prolongada (> 10 minutos) CHA2DS2-Vasc, a recomendação de conduta conforme
ou sangramento interno; úlcera péptica ativa; punções os pontos continua a mesma (0; 1; ≥ 2 pontos).
vasculares incompressíveis recentes; gravidez; no caso

4
ACADÊMICO BOLSISTA - PM

4 – (C) Essa questão explora os efeitos adversos de fár- febre reumática é a seguinte: em 1º lugar = acometimento
macos anti-hipertensivos comumente utilizados na prática exclusivo da mitral; em 2º lugar = acometimento da mitral
clínica. Os efeitos adversos mais comuns dos beta-bloque- e da aórtica; em 3º lugar = acometimento isolado da valva
adores são a indução de broncospasmo, bradicardia, so- aórtica; em 4º lugar = acometimento das valvas mitral,
nolência, letargia, bradipsiquismo, desânimo e impotência aórtica e tricúspide.
sexual, entre outros efeitos adversos; complicações graves
de seu uso são a precipitação de insuficiência ventricular
7 – (A) O pulso em “martelo d’água” ou pulso de Corrigan
esquerda aguda – em pacientes com disfunções sistólicas
é um dos clássicos sinais semiológicos da insuficiência
graves ou moderadas –, broncospasmo e bradiarritmias
aórtica, a doença orovalvar que apresenta a semiologia
severas (bloqueios atrioventriculares de alto grau são
cardíaca mais rica. Esse sinal decorre de um alto volume
contraindicação formal ao seu uso). Os inibidores da ECA
de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo (VE) normo-
apresentam como efeito adverso mais comum a tosse, efei-
contrátil, seguido pela regurgitação do sangue presente
to decorrente do acúmulo de bradicinina nas vias aéreas
na raiz da aorta na direção do VE, o que causa a curta
– uma vez que os cininogênios também são metabolizados
duração do pulso arterial e a queda da pressão diastólica.
pela ECA – e que está presente em 10% dos usuários des-
Outros sinais clássicos dessa doença orovalvar incluem o
sa classe farmacológica. Esses agentes também podem
duplo sopro femoral de Durosiez, pistol shot, pulso digital de
causar piora da função renal, hipercalemia, rash cutâneo,
Quincke, sinal de Traube, sinal de Hill, sinal de Misset, sinal
neutropenia, angioedema, etc. A presença de angioedema
de Frederick-Muller, sinal de Lincoln, sinal de Minervine, etc.
e estenose de artéria renal bilateral representam contrain-
dicações absolutas ao uso de IECA – o uso desta classe
de medicamentos em pacientes com estenose da artéria 8 – (C) O enunciado nos apresenta uma paciente em
renal bilateral leva a graves injúrias renais agudas, em ra- simples crise hipertensiva, não numa emergência ou
zão da crítica redução da pressão hidrostática glomerular, urgência hipertensiva. Sob o rótulo de crise hipertensiva
levando à diminuição da taxa de filtração glomerular. – O são classificados os pacientes com elevações severas da
efeito adverso mais comum do uso dos bloqueadores de pressão arterial (PA), podendo esses quadros representar
canal de cálcio (BCC) é o aumento da retenção de água um evento de novo ou a complicação de uma hiperten-
corporal, ocasionando edemas. Podem ocorrer constipação são arterial previamente existente. De qualquer forma, a
intestinal, hipotensão arterial e alterações da frequência elevação da PA pode acarretar a lesão aguda de órgãos-
cardíaca, este último efeito adverso sendo dependente -alvo, como coração, rins e pulmões. Apesar de alguns
da classe específica de BCC em uso – benzotiazepinas e autores considerarem o nível de PA diastólica entre 109 e
fenilalquilaminas causam bradicardia, enquanto que os di- 119 mmHg como parte da definição de crise hipertensiva,
-hidropiridínicos causam taquicardia reflexa. Os diuréticos deve-se ter em mente que esses valores não são indis-
tiazídicos podem levar ao agravamento de uma hiperuri- pensáveis para o estabelecimento desse diagnóstico, já
cemia pré-existente, e até precipitar uma crise aguda de que é possível haver lesões de órgãos-alvo com cifras
gota, em razão da interferência com a secreção tubular menores de PA do que as descritas, particularmente em
de ácido úrico. Dessa forma, é de bom tom evitar o uso indivíduos que não eram previamente hipertensos (como
de tiazídicos em pacientes portadores de hiperuricemia. na eclampsia e nas glomerulonefrites agudas). Da mesma
Outros efeitos adversos dos tiazídicos incluem a indução forma, pacientes previamente hipertensos não tratados
de hipocalemia, hipercalcemia e hiponatremia. podem apresentar pressões diastólicas maiores que 120
mmHg sem ter nenhum sinal/sintoma ou evidência de lesão
5 – (B) A manobra de Rivero-Carvalho produz aumento da aguda. Já as emergências hipertensivas são situações
intensidade de todos os sopros provocados por doenças nas quais há lesão aguda de órgãos-alvo e risco iminente
valvares das cavidades direitas, o que deriva do fato de a de morte, necessitando, portanto, de redução imediata
inspiração profunda aumentar o retorno venoso. No caso da PA (não necessariamente para níveis normais). Tais
da insuficiência tricúspide, o aumento do retorno venoso emergências devem ser tratadas preferencialmente com
provocado pela inspiração profunda leva a um aumento agentes anti-hipertensivos parenterais. Por sua vez, as
do volume diastólico final do ventrículo direito, ocorrendo urgências hipertensivas são situações em que existe
maior distensão do anel tricúspide e consequente aumento risco potencial de lesão aguda de órgãos-alvo, como em
da regurgitação transvalvar local. pacientes que já apresentaram alguma lesão prévia de
órgão-alvo (infarto agudo do miocárdio [IAM], acidente
vascular encefálico [AVE] ou insuficiência cardíaca [IC]) e
6 – (C) Pergunta clássica, fácil. Estatisticamente, a distri-
que, portanto, apresentam maiores riscos de novas compli-
buição decrescente de casos de acometimento valvar na

5
TESTE SEUS CONHECIMENTOS!

cações em curso prazo na vigência de PA acentuadamente (classes funcionais III e IV da New York Heart Association)
elevada. Apresentada tal classificação, é importante ter- apresentavam taxas de mortalidade bem menores que os
-se consciência de que, nas emergências hipertensivas, pacientes-controle, de forma que seria antiético permitir
os níveis tensionais têm que ser reduzidos rapidamente, que o estudo original prosseguisse. Os bloqueadores de
devendo ser obtida uma redução de cerca de 25% na receptor de angiotensina II também aumentam a sobre-
pressão arterial média em até uma hora. Nesses casos, vida dos pacientes com insuficiência cardíaca, sendo
o paciente tem que ser admitido no ambiente hospitalar, particularmente indicados nos pacientes que apresentam
devendo ser administrado tratamento por via intravenosa. contraindicação ao uso de IECA. Um estudo chamado DIG
Nas urgências hipertensivas, os níveis tensionais também mostrou que os pacientes em uso de digital (digoxina) evo-
têm que ser corrigidos rapidamente, mas não de forma tão luíam com melhor tolerância aos esforços físicos e menor
rápida como nas emergências hipertensivas; tipicamente, número de descompensações e de internações hospitala-
nas urgências hipertensivas, os níveis tensionais têm que res, mas não reduzia a taxa de mortalidade dos pacientes.
ser controlados entre 1 e 7 dias após o início do quadro, Apesar de altamente benéfica para o controle do equilíbrio
não sendo indispensável o uso de fármacos intravenosos. hidrossalino dos pacientes com IC, nunca se demonstrou
Assim, em razão do exposto, não havendo lesão aguda de que a furosemida aumente a sobrevida de seus usuários.
órgãos-alvo, nem evidências prévias de IAM, IC ou AVE, e
estando a paciente oligossintomática (apenas cefaleia), o
10 – (D) Esta é outra das perguntas clássicas em concur-
diagnóstico que se impõe é crise hipertensiva, devendo a
sos...causas de insuficiência cardíaca de alto débito: ane-
paciente ser medicada com fármaco por via oral e ficar em
mia, beribéri úmido (deficiência de tiamina com disfunção
observação por algumas horas na unidade de emergência.
cardiovascular), presença de fístulas arteriovenosas (FAV),
doença de Paget poliostótica (pela presença de múltiplas
9 – (C) Esta é uma pergunta clássica em concursos...fárma- FAV intraósseas) e tireotoxicose. Embora não seja consen-
cos que aumentam a sobrevida dos pacientes acometidos so, alguns autores também consideram a cirrose hepática
por insuficiência cardíaca (IC). Em verdade, o tratamento como causa de insuficiência cardíaca de alto débito, o
de pacientes com IC tem como objetivos: 1. Melhora os que estaria relacionado á presença de múltiplas fístulas
sintomas do paciente, interferindo positivamente na sua portossistêmicas intra e extra-hepáticas. Em função dessa
qualidade de vida; 2. Diminuir o número de internações variação na literatura pertinente, alguma argumentação
hospitalares por descompensação (a insuficiência cardíaca do gabarito oficial pode ter ocorrido, apesar de as causas
descompensada é uma das principais causas de interna- mais clássicas serem aquelas anteriormente mencionadas.
ção hospitalar, sendo a principal em pacientes com mais de
60 anos de idade); e 3. Aumentar a sobrevida dos pacientes
11 – (C) Epidemiologicamente, o seio maxilar é o seio para-
acometidos. Desde a década de 70, têm sido descritas
nasal mais comumente acometido pelas sinusites agudas
intervenções capazes de aumentar a sobrevida dos pa-
ou crônicas. A clínica das sinusites agudas é composta por
cientes com insuficiência cardíaca. O primeiro estudo que
cefaleia, febre, tosse e congestão nasal, podendo haver
mostrou benefício (VHeFT-2) revelou que a associação de
rinorreia. É importante destacar que a maior parte dos pa-
hidralazina e nitrato em altas doses aumentava a sobrevida
cientes acometidos por esse conjunto de sinais e sintomas
dos pacientes assim tratados quando comparada àquela
em verdade não apresenta sinusite aguda, mas um quadro
de pacientes submetidos ao tratamento convencional de
de infecção viral das vias aéreas superiores. Em termos es-
então. Posteriormente, na década de 80, vários trabalhos
tatísticos, uma probabilidade significativa de haver sinusite
(como o CONSENSUS e o AIRE) revelaram que diversos
aguda correlaciona-se com uma duração superior a uma
inibidores da ECA (IECA) eram capazes de aumentar a
semana dos sinais e sintomas anteriormente descritos.
sobrevida dos pacientes – na verdade, o aumento da so-
brevida dos pacientes portadores de IC promovido pelos
IECA parece ser um efeito de classe, sendo independente 12 – (A) Dentre as opções listadas, apenas as pneumonias
de qual agente especificamente é administrado (todos os infecciosas são causa de edema pulmonar por aumento
IECA produzem tal benefício). – Subsequentemente, três da permeabilidade da barreira alveolocapilar pulmonar.
beta-bloqueadores foram comprovadamente associados Na estenose mitral, existe edema pulmonar cardiogêni-
ao aumento da sobrevida de tais pacientes: metoprolol, co, congestivo, por disfunção diastólica das cavidades
carvedilol e bisoprolol. Em 1999, um estudo chamado RA- cardíacas esquerdas. Na hipoalbuminemia, pode haver
LES foi interrompido precocemente porque o seu comitê edema pulmonar, que é devido, no caso, à transudação de
de controle teve acesso a informações de seguimento que líquido decorrente da redução da pressão coloidosmótica
revelavam que os pacientes em uso de espironolactona intravascular.

6
ACADÊMICO BOLSISTA - PM

13 – (A) A associação de dados neurológicos apresenta- e sintomas de disfunção orgânica também permite reco-
dos, isto é, a presença combinada de descerebração e nhecer a existência de quadro de sepse grave (em razão
anisocoria, sugere a presença de uma hérnia transtentorial, da presença de disfunção orgânica): 1. Hiperbilirrubinemia;
gerando a compressão do III nervo craniano ipsilateral ao 2. Discrasia sanguínea (trombocitopenia e aumento do INR,
úncus herniado - e com isso, midríase ipsilateral à hernia- PTT, tempo de coagulação, etc.); 3. Redução do débito
ção - e a compressão ipsi ou contralateral à lesão do trato urinário/elevação das concentrações séricas das escórias
corticoespinhal, durante sua passagem no mesencéfalo nitrogenadas; 4. Relação PaO2/FiO2 < 250, ausência de
(gerando a descerebração). No caso em apreço, o efeito infiltrados pulmonares (ou < 200, em vigência de infiltrados
de massa que provocou a herniação de úncus deve ter pulmonares); 5 instabilidade hemodinâmica.
sido consequência de um ressangramento no território do
AVE hemorrágico.
16 – (B) A conduta terapêutica da sepse é definida pelas
diretrizes da campanha internacional Sobrevivendo à
14 – (B) Diversas intervenções terapêuticas são capazes de Sepse (Surviving Sepsis Campaign). Segundo a mesma, o
provocar hipocalemia, seja por promoverem perdas renais conjunto de intervenções indicadas na condição é dividido
ou intestinais de potássio, seja por deslocarem o potássio em pacotes, que devem ser atendidos nas primeiras 3 e
para o meio intracelular. Entre as medidas que simples- 6 horas após o reconhecimento da sepse. No pacote das
mente deslocam o potássio para o meio intracelular, não o primeiras 3 horas, devem ser colhidas culturas (ênfase
retirando do corpo, temos a glicoinsulinoterapia, a nebuli- dada à colheita de hemoculturas, o que deve ser procedi-
zação com beta2-agonista adrenérgico e a administração do em até 45 minutos após o reconhecimento da sepse),
intravenosa de bicarbonato de sódio. De outro modo, as deve ser iniciada antibioticoterapia de largo espectro (em
medidas que retiram potássio do corpo são representadas até 1 hora após o diagnóstico da sepse) – que deve ser
pelos métodos dialíticos (terapia de substituição renal – dirigida contra os agentes etiológicos mais prováveis e
hemodiálise [principalmente] ou diálise peritoneal), pelas seguindo perfis de sensibilidade antimicrobiana espera-
resinas de troca catiônica (sevelamer, kayexalate, sorcal) dos –, deve ser iniciada reposição volêmica (que deverá
e pelos diuréticos (especialmente os diuréticos de alça). seguir, ao longo das primeiras 6 horas, o protocolo da
Assim, a administração de insulina é capaz de induzir Terapia Guiada por Metas Precoces – Early Goal Directed
hipopotassemia, sendo esse efeito decorrente do desvio Therapy) e deve ser realizada a dosagem do lactato sérico.
intracelular de potássio quando a insulina se liga ao seu Todo paciente com sepse grave ou choque séptico deve
receptor (presente, principalmente, nas células musculares ter puncionado um acesso venoso profundo para medir
esqueléticas e nas células adiposas). sua PVC e para infusão de líquidos e antibióticos (além
de outros medicamentos); se possível, uma linha arterial
deve ser obtida para se aferir a PAM. Deve-se começar o
15 – (A) Sepse é a síndrome da resposta inflamatória sistê-
resgate volêmico seguindo as normas da Terapia Preco-
mica (SIRS) devida a uma infecção comprovada ou suspei-
ce Guiada por Metas, que é procedido através da oferta
ta. Para que se pense em SIRS, geralmente é necessário
intravenosa, ao longo de uma a duas horas, de cerca de
que estejam presentes 2 ou mais dos seguintes critérios:
30 mL/Kg de solução cristaloide. As metas terapêuticas a
1. Temperatura (axilar) maior que 38° C ou menor que 36°
serem alcançadas são: 1. Débito urinário > 0,5 mL/kg/H; 2.
C; 2. Frequência respiratória maior que 20 irpm (ou PaCO2
Pressão venosa central (PVC) = 8 a 12 mmHg (ou 12 a 15
menor que 32 mmHg, caso o paciente esteja sob ventilação
mmHg, caso o paciente já esteja intubado e sob ventilação
mecânica); 3. Frequência cardíaca maior que 90 bpm; 4.
mecânica); 3. Pressão arterial média (PAM) ≥ 65 mmHg; 4.
Hemograma com leucocitose maior que 12.000/mm3, leuco-
Saturação venosa central (SvcO2) >70% (ou saturação do
penia menor que 4.000/mm3 ou presença de mais de 10%
sangue venoso mixto [SvmO2] > 65%). Com a expansão
de bastões. Quando existe hipoperfusão tecidual, hipoten-
volêmica, a primeira meta que se busca é o valor ade-
são arterial ou disfunção orgânica, definimos a existência
quado da PVC, visando a alcançar (através da reposição
de sepse grave. Por exemplo, um acúmulo de ácido lático
volêmica adequada) uma PAM satisfatória. Entretanto, as
na corrente sanguínea superior a 4 mmol/L (36 mg/dL) é
duas medidas mais importantes (prioritárias) no tratamento
sinal de sepse grave – em vigência de má perfusão cere-
da sepse – exatamente aquelas que aumentam a taxa de
bral, as células são submetidos a metabolismo basicamente
sobrevida dos pacientes afetados pela condição – são a
anaeróbico, havendo produção aumentada de ácido lático
instituição precoce e adequada de antibioticoterapia de
(o piruvato produzido ao final da glicólise não é convertido
amplo espectro e o resgate volêmico adequado.
em acetilcoenzima A, não havendo o encaminhamento no
sentido do ciclo de Krebs). A presença dos seguintes sinais

7
TESTE SEUS CONHECIMENTOS!

17 – (C) Vide comentários anotados na próxima questão, Piperacilina-tazobactam; 3. Ticarcilina-clavulanato; e 4.


que analisam as duas questões (17 e 18) em conjunto. ceftriaxona + metronidazol. O tempo de tratamento de-
pende da ocorrência e do tipo de complicação ocorrida;
se tiver ocorrido artrite, o tratamento deve ser mantido por
18 – (D) Quanto ao risco de infecções piogênicas especi-
mais de 4 semanas; havendo osteomielite, o tratamento
ficamente vinculadas às mordeduras de animais, é impor-
deve ser instituído por pelo menos 6 semanas; se houver
tante destacar que as mordeduras por gato e as humanas
bacteremia, 10 a 14 dias; e se houver celulite e abscesso,
apresentam uma maior probabilidade de infecção que as
no mínimo 5 a 10 dias. De qualquer forma, quando ocorre
caninas, e que ao contrário das mordeduras caninas, que
melhora clínica, a via de administração da antibioticoterapia
ocorrem mais comumente em crianças, as mordeduras por
pode ser a oral.
gato ocorrem na maioria das vezes em adultos e mulheres.
Cerca de 90% das mordeduras por animais acontecem Outro tópico importante no caso diz respeito à indicação
após os mesmos serem provocados pela vítima. Os micror- de profilaxia contra o tétano. Deve-se sempre considerar
ganismos mais comumente vistos nas lesões infectadas a sua realização nas mordeduras animais, incluindo as
após mordeduras por cães e gatos são Pasteurella multoci- caninas e por felinos. Diante de um evento traumático de
da (o agente mais comumente implicado), Staphylococcus risco para aquisição de tétano, a modalidade de imuno-
aureus, estreptococos, peptostreptococos, Bacterioides sp., profilaxia antitetânica indicada, seja a vacina e/ou o soro
fusobacteria, Porphyromonas, Prevotella e propionibacteria antitetânico (seja a imunoglobulina heteróloga equina [SAT],
(em diversas associações possíveis). seja a imunoglobulina humana antitetânica [IaT]), é definida
com base na história pregressa de vacinação antitetânica
Embora esse bloco de questões explore a associação da
relatada pelo paciente ou seu responsável e pelo tipo de
mordedura de cão com a ocorrência de infecção local por
ferimento ocorrido. Nesse contexto, pode ser definida a
Staphylococcus aureus, é importante destacar o compor-
conduta com base em quadros que correlacionem duas
tamento clínico das infecções provocadas pelo patógeno
variáveis: histórico de vacinação antitetânica e natureza
mais comumente implicado, a Pasteurella multocida. Es-
do ferimento. Em termos da 1ª variável, estabelecem-se 4
sas infecções desenvolvem-se rapidamente, com sinais
padrões distintos de possível situação vacinal: 1. Incerta
inflamatórios (como dor intensa) em menos de 12 a 24
ou com histórico de menos de 3 doses; 2. Histórico de 3
horas. Uma celulite localizada pode aparecer em 24 a 72
ou mais doses, tendo sido a última aplicada há menos
horas. Sinais sistêmicos como febre e linfadenopatia são
de 5 anos; 3. Idem, exceto pelo fato de a última dose ter
infrequentes (menos de 20% dos casos), mas a infecção
sido aplicada entre 5 e 10 anos antes; e 4. Idem, variando
pode se estender e envolver osso, articulação, sangue e
apenas no aspecto de a última dose ter sido aplicada há
meninges.
mais de 10 anos. Quanto à 2ª variável, podemos encontrar
Antibioticoprofilaxia é geralmente indicada nas seguintes 2 padrões: 1. Ferimento limpo ou superficial, incluindo as
situações: 1. Mordida humana ou de gato, suturada ou não; lesões induzidas por acidentes ofídicos elapídicos, por
2. Mordida de cão sem cuidados após 8 horas do acidente; aracnídeos e por animais não peçonhentos; e 2. Outros
3. Mordida nas mãos por qualquer agressor; 4. Ferimento tipos de ferimentos (como a fratura exposta citada no
profundo, com difícil acesso para irrigação ou desbrida- enunciado da questão), incluindo os acidentes ofídicos
mento; 5. Vítima com doenças de risco preexistentes. O botrópico, crotálico e laquésico.
fármaco geralmente indicado para a profilaxia antibiótica
Em termos práticos, a imunização passiva (com soro)
é a associação de amoxicilina e clavulanato por via oral
antitetânica apenas se encontra indicada nos ferimentos
por 3 a 5 dias. Outra opção possível seria a associação de
do 2º padrão, e assim mesmo apenas quando a história
um antibiótico que assegura cobertura contra Pasteurella
de vacinação é incerta ou foram tomadas menos de 3
multocida, como doxiciclina, sulfametoxazol-trimetoprim,
doses. Já a vacina antitetânica somente NÃO precisa ser
penicilina V ou cefuroxima, e um anaerobicida, como me-
administrada quando o paciente tiver história de vacinação
tronidazol ou clindamicina. Algumas fontes consideram
completa, tendo tomado a última dose há menos de 3 anos,
que a cefalexina e a eritromicina não garantem cobertura
e nos ferimentos do 1º tipo/padrão (limpos ou superficiais,
eficaz contra a Pasteurella multocida, não devendo ser
incluindo acidentes com os animais listados), quando a
utilizadas para esse fim.
última dose tiver sido aplicada há menos de 10 anos.
Quando ocorre a evolução com lesão decorrente da mor-
dedura animal, se as lesões ocasionadas são profundas
ou extensas, o tratamento deve inicialmente ser instituído 19 – (D) As chamadas diarreias invasoras caracterizam-se
pela via intravenosa, podendo ser indicados os seguin- pela presença de exsudatos inflamatórios na mucosa intes-
tes esquemas antibióticos: 1. Ampicilina- sulbactam; 2. tinal. Assim, clinicamente, os pacientes podem apresentar

8
ACADÊMICO BOLSISTA - PM

febre e diarreia contendo muco, pus e/ou sangue, e a inves- cia suprarrenal aguda em razão do início da reposição hor-
tigação laboratorial pode evidenciar, nas fezes, a presença monal para tratamento de um hipotireoidismo previamente
de leucócitos polimorfonucleares e hemácias, bem como diagnosticado – é que, em razão do quadro de hipofunção
isolar o patógeno infeccioso envolvido (na coprocultura). tireoidiana, a deficiente função adrenal poderia ser suficien-
te para “dar conta” do estado metabólico do organismo,
que foi regulado para baixo em razão do hipotireoidismo;
20 – (B) O líquor encontrado nas meningites bacterianas
entretanto, com o início da reposição de hormônio tireoidia-
classicamente é turvo e apresenta-se sob elevada pressão
no e o consequente aumento da taxa metabólica basal, os
raqueana (> 180 a 200 cm H2O). À análise laboratorial, a
níveis circulantes de glicocorticoides e mineralocorticoides
celularidade é aumentada, tipicamente superior a 1.000
podem revelar-se insuficientes, precipitando-se a crise
leucócitos/mm3 (mas inferior a 10.000/mm3), sendo a enorme
adddisoniana. Interessante destacar que existem as cha-
maioria dos leucócitos polimorfonucleares (neutrófilos), além
madas síndromes poliglandulares autoimunes, sendo que
de conter baixa glicorraquia (< 2/3 da glicemia – tipicamente
entre elas figura a chamada síndrome de Schimdt, condição
< 40 mg/dL) e elevada proteinorraquia (acima de 45 mg/
caracterizada pela associação de hipotireoidismo de Hashi-
dL). Cerca de 80% dos casos de meningite bacteriana em
moto, adrenalite autoimune e diabetes mellitus tipo 1 – ou
adultos são causados por Streptococcus pneumoniae e Neis-
alguma associação dessas condições –, bem como vitiligo
seria meningitidis. A seguir, temos o Hemophilus influenzae
e insuficiência gonadal autoimune. Por fim, cumpre lembrar
como o agente mais comumente envolvido (particularmente
que, nas 3 últimas décadas, em razão do uso mais amplo
em pacientes idosos). Em pacientes imunodeprimidos, há
da radioterapia (e também da cirurgia de tireoidectomia
que se incluir no diagnóstico diferencial de uma meningite
subtotal) para tratamento da doença de Graves, a causa
bacteriana a Listeria monocytogenes.
mais comum de hipotireoidismo é iatrogenia – complicação
tardia (após 10 anos) previsível da radioiodoterapia e da
21 – (A) A síndrome do choque tóxico é uma variante do tireoidectomia (cerca de 60-70% dos casos).
choque séptico que guarda íntima relação com a produção
de uma toxina estafilocócica (TSST-1, do inglês Toxic Shock
24 – (B) Qual é a diferença entre tireotoxicose e hiperti-
Syndrome type 1) ou estreptóccica específica. Descrita ori-
reoidismo? Tireotoxicose é o quadro clínico-laboratorial
ginalmente como ocasionada por infecções ginecológicas
decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circu-
veiculadas por tampões menstruais, o quadro da síndrome
lantes, seja em consequência de um excesso da função
do choque tóxico é caracterizado pela presença de febre,
tireoidiana (hipertireoidismo), seja por agressão inflamatória
hipotensão arterial, rash cutâneo (que evolui com desca-
da glândula (tireoidite), com máxima liberação de hormô-
mação) e diarreia, entre outros achados clínicos.
nios na corrente sanguínea, ou seja ainda por reposição
exógena excessiva. Assim, nem toda tireotoxicose é devida
22 – (C) As litíases urinárias podem ser formadas, mais a hipertireoidismo, sendo este quadro entendido como a
frequentemente, por cristais de oxalato de cálcio, estruvita, tireotoxicose induzida pelo aumento da função da tireoide,
ácido úrico e cistina, sendo os primeiros os mais comuns. cuja principal etiologia é a doença de Graves, mas também
Na gênese dos cristais de oxalato de cálcio, um dos fatores pode ser encontrado no fenômeno de Jod-Basedow, no
mais relevantes é a presença de hipercalciúria, condição adenoma tóxico e no bócio multinodular tóxico – lembre-
que favorece a formação do nicho inicial, sobre o qual -se que as doenças tireoidianas que cursam com aumento
se depositam mais elementos componentes da litíase. de função da glândula geram os bócios tóxicos, enquanto
Observe que há problemas no enunciado desta questão, que os aumentos glandulares relacionados com hipofunção
sendo que a primeira parte da opção “A” deveria fazer tireoidiana (bócio endêmico, da carência de iodo, p.ex.) são
parte do mesmo. denominados bócios atóxicos. – Ainda, nas tireoidites que
cursam com tireotoxicose, especialmente a tireoidite de De
23 – (A) A causa mais comum de hipotireoidismo não Quervain (também chamada tireoidite subaguda dolorosa),
iatrogênico é a tireoidite de Hashimoto, uma condição mas também a tireoidite linfocítica e alguns casos de tireoi-
autoimune. É comum, nesses casos, haver um grau de dite de Hashimoto – nesta última forma de tireoidite crônica,
adrenalite crônica autoimune, que pode vir a se manifestar pode-se detectar uma fase inicial, transitória, de tireotoxi-
clinicamente em alguns pacientes, especialmente quando cose (a chamada hashitoxicose), que desaparece após
se inicia a reposição hormonal para tratamento do hipoti- breve período evolutivo, subsequentemente instalando-se
reoidismo, instalando-se quadro de crise addisoniana. A quadro de eutireoidismo ou hipotireoidismo –, tem-se um
lógica desse fenômeno – isto é, a precipitação de insuficiên- quadro de tireotoxicose na ausência de hipertireoidismo.
A tireoidite crônica de Riedel não cursa com tireotoxicose.

9
TESTE SEUS CONHECIMENTOS!

25 – (C) Cetoacidose diabética é causa de dor abdominal glicemia sofrendo uma queda nos patamares tidos como
a esclarecer, sendo arrolada entre as causas de abdome adequados e a acidose metabólica estiver melhorando,
agudo não cirúrgico. É comum, também, a presença da uma aparente piora da cetonemia ou cetonúria dosada não
respiração de Kussmaul (taquipneia com hiperpneia), em significa insucesso do tratamento; antes, representa algo
razão da acidose metabólica vigente. esperado, sendo orientada a manutenção do tratamento
em curso, que evolui de forma exitosa.

26 – (D) Questão mal formulada, com gabarito incerto.


Pacientes portadores de graves descompensações 28 – (B) A resposta desta questão, conforme apresentado
agudas de diabetes mellitus (DM) apresentam severas no gabarito oficial, isto é, a opção “B”, não é mais tida como
espoliações de água e eletrólitos, principalmente de po- correta. Ao final de 2011, as diretrizes de consenso sobre
tássio e fosfato. Nos pacientes em cetoacidose diabética o manejo da cetoacidose diabética (CAD) das sociedades
(CAD), espera-se que exista uma acidose metabólica com britânicas de diabetes (Joint British Diabetes Societies
hiato aniônico (Na+ - [cloro + bicarbonato]) aumentado, guideline for the management of diabetic ketoacidosis. Sa-
em razão da entrada dos corpos cetônicos (e seu radical vage, Dhatariya, Kilvert et al. Diabetic Medicine, 2011. DOI:
ácido aniônico) na corrente sanguínea. De outra forma, na 10.1111/j.1464-5491.2011.03246.x) passaram a recomen-
outra descompensação hiperglicêmica da DM, o estado dar que o análogos de insulina de ação prolongada, como
hiperosmolar hiperglicêmico não cetótico (EHHNC), não a detemir e a glargina, podem ser mantidos durante o trata-
costuma ocorrer um alargamento do hiato aniônico, salvo mento da descompensação aguda. O análogo de insulina
naqueles pacientes que apresentam descompensações conhecido como insulina Lispro foi obtido por engenharia
mistas (CAD + EHHNC), uremia associada ou acidose genética, através da troca de posição dos aminoácidos
lática sobreposta. Assim, embora as descompensações prolina e lisina, que na molécula natural da insulina humana
diabéticas mais associadas à presença de hiato aniônico ocupam, respectivamente, a 28ª e 29ª posições na cadeia
alargado sejam aquelas relacionadas à presença de CAD, polipeptídica B da insulina; dessa forma, com a inversão
uma pequena parcela dos pacientes em EHHNC também da posição de tais moléculas, obteve-se uma preparação
apresenta tal anormalidade. com maior velocidade de absorção subcutânea, pico de
ação mais rápido e meia-vida sérica mais curta. De outra
forma, a glargina, também obtida por engenharia genética,
27 – (B) Uma das clássicas pegadinhas em concurso, quan-
representa uma molécula com concentrações séricas mais
do se fala da temática da cetoacidose diabética (CAD), en-
estáveis, sem pico de ação e com duração de efeito de 24
volve o aparente paradoxo representado por uma piora na
horas. A meia vida da insulina NPH pode chegar a 13 horas.
dosagem da cetonemia ou da cetonúria em pacientes sob
tratamento de CAD que parecem estar melhorando clínica
e laboratorialmente, mas que revelam aparentes aumentos 29 – (A) Pergunta clássica sobre meningite viral. Os agen-
na dosagem de corpos cetônicos. Esse achado deriva tes etiológicos mais comuns das meningites virais são os
da técnica empregada na detecção desses elementos enterovirus, sejam o vírus da pólio, coxsackie ou echo.
químicos, que se baseia (nos testes de fita) na reação do
nitroprussiato. Essa técnica é mais sensível para a detecção
30 – (A) Esta questão versa sobre as causas de artrite
de acetoacetato do que de ácido beta-hidroxibutírico (BO-
séptica, mais especificamente a causas de artrite monoar-
HBCO), dois dos principais corpos cetônicos encontrados
ticular aguda. O grande agente etiológico nesse contexto,
na CAD. Ocorre que, durante as fases iniciais da condição,
especialmente nos pacientes portadores de doença arti-
em razão do maior grau de acidose metabólica presente,
cular crônica pré-existente de qualquer etiologia (artrite
a forma de corpo cetônico que predomina é o BOHBCO,
reumatoide, gota crônica, etc.), é o Staphylococcus au-
sendo a cetonúria e cetonemia detectadas com um pouco
reus. É importante recordar que o agente infeccioso mais
mais de dificuldade pela técnica habitualmente empregada.
associado a artrite em indivíduos sexualmente ativos é a
Entretanto, com a instituição do tratamento adequado e pro-
Neisseria gonorrhoeae, mas esses casos geralmente se
gressiva melhora do paciente, ocorre um desvio no sentido
apresentam como uma poli ou oligoartrite – em verdade, a
da produção preferencial de acetoacetato, passando os
artrite gonocócica é um tipo de artrite reativa. – Mycobac-
corpos cetônicos produzidos a ser detectados com maior
terium tuberculosis é uma causa relativamente comum de
facilidade. Assim, pode haver uma falsa impressão de piora
artrite séptica monoarticular; entretanto, a evolução de tais
na produção dos corpos cetônicos, o que é tão somente
quadros de artrite é crônica, não aguda.
um artefato dependente da técnica utiliza. Dessa forma,
não se esqueça: se o paciente estiver melhorando, com a

10

Você também pode gostar