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2019­1­28 Simulacro | O uso de simulacro de arma de fogo no crime de roubo

Artigos Direito Penal

O uso de simulacro de arma de fogo no crime de


roubo
Pedro Magalhães Ganem  • 28 de janeiro de 2019  3 minutos de leitura

O uso de simulacro
Mais vistos
de arma de fogo no
crime de roubo

É comum ver nos


noticiários a prática de
roubos com o uso de
um simulacros de
arma de fogo sendo
classificados como
Compre Agora na Saraiva sendo roubo
majorado ﴾artigo 157,
§ 2º‐A, inciso I, do Código Penal﴿.

Primeiro, simulacro de arma de fogo é um objeto que parece uma arma,


mas não é. Pode ser um brinquedo, uma arma de “chumbinho”, uma arma
de airsoft, ou qualquer outra coisa que aparente ser uma arma de verdade.

Inclusive, algumas são realmente parecidas com armas verdadeiras,


enganando facilmente muita gente, inclusive profissionais de segurança.

Entendido o que é um simulacro, preciso definir o que uma arma de fogo.


Arma de fogo, em um resumo muito resumido, é um artefato dotado de
um mecanismo que, quando acionado, tem a capacidade de disparar uma
munição.

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Portanto, o simulacro é tudo aquilo que tem a forma de uma arma, mas
não tem a capacidade de “atirar”, até mesmo, segundo parte da doutrina,
uma arma de fogo com defeito, que não dispara.

21%

Compreendidas essas questões, vamos ao que significa “roubo majorado


pelo emprego de arma de fogo”: a subtração de bem móvel de terceiro,
mediante grave ameaça exercida por uma arma de fogo.

Ou seja, quando uma pessoa, usando uma arma, rouba o celular, o veículo,
dentre outras coisas móveis.

Diante do que já foi dito, somente poderá caracterizar a majorante se o


agente utilizar uma arma de fogo para amedrontar a vítima.

21%

E se o agente usa um simulacro de arma de fogo, isto é, um objeto que


parece ser uma arma, mas não é, estará caracterizada a majorante relativa
ao emprego de arma de fogo? Afinal a vítima não sabe se se trata de uma
arma de verdade ou não.

Por mais que a primeira análise aponte para a caracterização da majorante,


pois o medo da vítima independe da veracidade da arma, o objetivo de
aumentar a pena de quem usa arma de fogo no crime de roubo não é o
grau de medo da vítima,mas o nível de perigo a que ela é exposta quando
se trata de uma arma verdadeira.

Nesse sentido,

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não se pode permitir o aumento da pena
quando a arma utilizada pelo agente não tinha,
no momento da sua ação, qualquer
potencialidade ofensiva por estar sem munição
ou mesmo com um defeito mecânico que
impossibilitava o disparo. Embora tivesse a
possibilidade de amedrontar a vítima,
facilitando a subtração, não poderá ser
considerada para efeitos de aumento de pena,
tendo em vista a completa impossibilidade de
potencialidade lesiva, ou seja, a de produzir
dano superior ao que normalmente praticaria
sem o seu uso. (GRECO, 679)

Merce destaque, ainda, que


O fundamento da agravante reside no maior
perigo que o emprego de arma envolve, motivo
pelo qual é indispensável que o instrumento
usado pelo agente (arma própria ou imprópria)
tenha idoneidade para ofender a incolumidade
física. Arma fictícia (revólver de brinquedo), se é
meio idôneo para a prática de ameaça, não é
bastante para qualificar o roubo. (FRAGOSO, p.
303‐304)

Portanto, por mais que a vítima não consiga definir se o objeto utilizado é
uma arma de fogo, tendo acreditado que estava sendo assaltada com uma
arma de verdade, essa majorante somente poderá ser considerada se o
laudo pericial constatar que ela realmente tinha eficiência positiva para
disparar uma munição, pois o que se pune com mais severidade é a maior
exposição da vítima a risco.

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Contudo, apesar desse entendimento quanto a necessidade da arma de


fogo ter capacidade de disparar uma munição para caracterizar o aumento
d epena, é comum ver sentenças penais condenatórias julgando
desnecessária a realização de perícia na arma para comprovar a sua
potencialidade, sendo desnecessária, inclusive, a sua apreensão, desde que
outras provas comprovem a utilização de uma arma para a prática do
roubo.

De modo a sanar essa controvérsia, o STJ determinou a suspensão das


ações que discutem a necessidade de perícia em arma para aumento da
pena em crime de roubo e, assim, proferir uma decisão a nível nacional
quando a possibilidade de aumentar a pena do roubo mesmo que não
tenha sido realizada a perícia.

Assim, o que é preciso ter em mente é que, tecnicamente, a imprescindível


a comprovação de que a arma de fogo tinha capacidade de disparar uma
munição para aumentar a pena no crime de roubo, mas que, na prática, é
possível encontrar julgamentos contrários a esse entendimento e que o
STJ determinou a suspensão de todas as ações que versam sobre o tema,
de modo a unificar o entendimento.

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