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TRIBUNAL MARÍTIMO

PROCESSO Nº 32.241/18

VOTO VENCIDO

Discordei, em parte, da maioria, que acompanhou o voto do Exmo. Sr. Juiz


Relator, após a leitura de seu breve relatório e conclusões, que não recebia a Representação de
Parte de autoria de Lívio Garcia Galvão Junior e Henrique Varibé Ribeiro, em face de Capitania
dos Portos da Bahia – CPBA, entidade estivadora, Sabrina Fonseca, Vistoriadora Naval da CPBA
e Carlos Augusto de Souza Junior, Chefe do Departamento de Segurança do Tráfego Aquaviário
da CPBA, por intempestividade, por entender que o fundamento do não recebimento seria por
manifesta ilegitimidade de parte dos Representados de Parte.

A Capitania dos Portos da Bahia – CPBA não é “entidade certificadora” e sim


agente da autoridade marítima, a quem cabe, inclusive, inscrever as embarcações sob sua
jurisdição assim como as suas alterações, emitindo as Licenças necessárias, desde que
preenchidos determinados requisitos e apresentem os documentos pertinentes, inclusive com a
declaração do engenheiro naval responsável com a respectiva Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) e a licença requerida será emitida pelas CP, DL ou AG baseada na declaração do
engenheiro naval anexada ao requerimento.

Da mesma forma, a aposição de carimbos, como previsto nas normas citadas,


atestam que foram apresentados os documentos previstos para a concessão da licença requerida e
não que os cálculos foram refeitos, o que seria um absurdo. A escolha do Engenheiro Naval é do
proprietário/Armador, sendo exigido deste a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica,
não havendo a transferência de responsabilidade, nem mesmo solidariedade.

Qualquer órgão que tem competência para a emissão de uma licença se baseia
em critérios pré-estabelecidos em norma, que deverão ser exigidos dos Administrados, “nem mais
nem menos”, mas a emissão da licença não transfere para o órgão emissor a responsabilidade
própria de quem tem a obrigação de fazer ou de apresentar os documentos ou cálculos
competentes.

As Normas da Autoridade Marítima que tratam da matéria estão previstas na


NORMAM 01/DPC, NORMAM 02/DPC e NORMAM 06/DPC e, em nenhuma delas,

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(Continuação do Voto Vencido referente ao Processo nº 32.241/2018.....................)
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naturalmente, transfere responsabilidades para o órgão emissor da licença, nem para seus
executores.

Por todo o exposto, além de acolher em parte a manifestação da D. Procuradoria


Especial da Marinha, apresentada no breve relatório do Exmo. Sr. Juiz Relator, entendo que, neste
caso, não se trata de matéria de mérito, mas de descumprimento do previsto no art. 63, c/c parte
do art. 67, ambos do RIPTM, por manifesta ilegitimidade de parte, não permitindo o recebimento
da presente Representação de Parte.

Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2018.

FERNANDO ALVES LADEIRAS


Juiz Revisor

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
Dados: 2018.12.19 15:32:00 -02'00'

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