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COOPERATIVAS DE CRÉDITO

NO CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO

Diego Alberto Goetze

Lajeado, agosto de 2005


CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ESPECIALIZAÇÃO EM COOPERATIVISMO

COOPERATIVAS DE CRÉDITO

NO CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO

Diego Alberto Goetze

Artigo Científico apresentado ao Curso de


Pós-Graduação em Cooperativismo, do
Centro Universitário UNIVATES, para a
obtenção do título de Especialista em
Cooperativismo.
Orientador: Ms. Prof. Derli Schmidt

Lajeado, agosto de 2005


Se uma grande pedra se atravessar no caminho e vinte
pessoas querem passar, não conseguirão se um por um
procurar removê-la individualmente. Mas, se vinte
pessoas se unem e fazem força ao mesmo tempo, sob a
orientação de um deles, conseguirão, solidariamente, tirar
a pedra e abrir caminho para todos . (Pe. Theodor
Amstad 1851-1938).
RESUMO

Compreender o papel das cooperativas de crédito e a sua importância social e econômica


foi o principal objetivo deste trabalho. Para tanto, buscou-se na abordagem histórica do
cooperativismo, sua evolução, características, virtudes, direitos e deveres a compreensão dos
caminhos trilhados até a organização das cooperativas de crédito no Brasil. Os desafios foram muitos
até o seu ingresso definitivo no Sistema Financeiro Nacional, com objetivos e condições de
financiamento ajustados e definidos para se tornar um verdadeiro ícone de reorganização econômica
da sociedade brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Cooperativismo. Crédito. Serviços. Sistema Financeiro Nacional.

ABSTRACT

To understand the paper of the credit unions and the social and economical importance was
the main objective of this work. For so much, it was looked for in the historical approach of the
cooperativism, evolution, characteristics, virtues, rights and duties the understanding of the roads
trodden to the organization of the credit unions in Brazil. The challenges were many until the definitive
entrance in the National financial system, with objectives and financing conditions adjusted and
defined to turn a true icon of economical reorganization of the Brazilian society.

KEY-WORDS: Cooperativism. Credit. Services. National Financial System.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 06

1 COOPERATIVISMO .................................................................................. 07
1.1 História e origem ..................................................................................... 07
1.2 História do cooperativismo no Brasil ....................................................... 11
1.3 Princípios das cooperativas .................................................................... 11
1.4 Segmentos e ramos de atividades .......................................................... 13
1.4.1 Cooperativas urbanas e rurais ............................................................. 14
1.4.2 Caracterização das cooperativas ......................................................... 15
1.4.3 Sociedades cooperativas e mercantis ................................................. 17
1.5 Direitos e deveres dos cooperados ........................................................ 18
1.5.1 O ato cooperativo ................................................................................. 18
1.5.2 Virtudes ................................................................................................ 19
1.6 Símbolos, bandeira e organograma do cooperativismo ......................... 20
1.6.1 Símbolos .............................................................................................. 20
1.6.2 Bandeira ............................................................................................... 21
1.6.3 Organograma atual de uma cooperativa ............................................. 22

2 COOPERATIVAS DE CRÉDITO ............................................................... 23


2.1 Histórico .................................................................................................. 23
2.2 Cooperativas de crédito no Brasil ........................................................... 24
2.3 Principais desafios das cooperativas de crédito ..................................... 25
2.4 Condições de ingresso na cooperativa de crédito .................................. 26
5

2.4.1 Pessoa física ........................................................................................ 26


2.4.2 Pessoa jurídica .................................................................................... 26
2.4.3 Condições para obtenção de empréstimo ........................................... 26
2.5 Outros serviços prestados aos cooperados ............................................ 27
2.5.1 Captação de recursos das cooperativas de crédito ............................. 28

3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ........................................................ 30


3.1 Órgãos que regulam e fiscalizam a intermediação financeira ................ 31
3.2 Instituições financeiras ............................................................................ 33
3.2.1 Instituições financeiras monetárias ...................................................... 33
3.3 Dinâmica do mercado financeiro ............................................................ 35
3.4 Garantias de empréstimos ...................................................................... 37

4 COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E SEUS OBJETIVOS ....................... 39


4.1 Marcos jurídicos do cooperativismo de crédito ....................................... 42

CONCLUSÃO ............................................................................................... 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 45

ANEXOS
Anexo A Parte da Resolução RBC-002.771/2000, de 30.08.2000 ............ 48
Anexo B Resolução nº 3.106/2003 ............................................................ 52
Anexo C Estrutura do Sistema Financeiro Nacional .................................. 68
Anexo D Proposta de admissão SICREDI .............................................. 69
Anexo E Ficha-proposta para abertura de conta SICREDI .................... 70
Anexo F Ficha de matrícula SICREDI .................................................... 72
INTRODUÇÃO

O cooperativismo tem como embrião a troca de idéias entre as pessoas para


solucionarem problemas comuns, modificar a realidade e conquistar, de forma
democrática, um mundo melhor e mais digno. O seu objetivo sempre foi o de
desenvolver o ser humano, suas famílias e a comunidade.

A cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem,


voluntariamente, para satisfazer aspirações sociais, econômicas e culturais comuns.
Os seus valores básicos são de ajuda mútua, solidariedade, democracia e
participação. Os seus integrantes acreditam nos valores éticos de honestidade,
responsabilidade social e preocupação pelo seu semelhante.

O desafio das organizações cooperativas, em meio à luta desenfreada pela


sobrevivência, torna-se motivo de profundas reflexões, onde a construção de uma
cultura solidária é condição sine qua non para esta modalidade de empreendimento.

Conhecer a sua história, os princípios, os segmentos, a caracterização,


englobando as cooperativas de crédito é o principal propósito deste trabalho, como
amostra desta força inovadora no campo social e no panorama globalizado do
liberalismo comercial. É o que se justifica como alternativa de inclusão de muitos
indivíduos através do trabalho associado nas relações comerciais.
1 COOPERATIVISMO

1.1 História e origem

O espírito da cooperação e solidariedade é profundamente humano e tão


antigo quanto a luta pela vida, encontrado nas sociedades mais primitivas. A origem
da cooperação está na própria origem da humanidade, no seu modo de ser, de viver
e de agir diante das necessidades vitais.

A cooperação, segundo Guimarães e Araújo (1999), é encontrada nas


formas de organização do trabalho coletivo e no domínio da vida econômica. Em
todas as épocas encontram-se exemplos de trabalho e economia coletiva que se
aproximam às atuais cooperativas. Os romanos já exerciam as formas de economia
coletiva, principalmente quanto à utilização para todos os habitantes, da pastagem
comunal, da floresta comunal e da criação de gado em comum. Os babilônios, por
sua vez, formaram organizações semelhantes às nossas associações de
arrendamento de terras. Nos povos germânicos, a vida agrária se desenvolveu
desde os primórdios sobre bases cooperativas, mantidas até os tempos modernos
sob a forma de associações, cujo fim era a realização de certos objetivos comuns,
como por exemplo: associações de drenagem, de irrigação, de diques, de serrarias,
etc.

Os homens, que são seres eminentemente gregários, sentiram a


necessidade da cooperação para melhor poderem assegurar a sua sobrevivência,
prover a sua prosperidade e conquistar os seus objetivos.

As origens históricas do cooperativismo moderno são encontradas na


sociedade inglesa do século XIX, que vivia o impacto das transformações no mundo
do trabalho, em decorrência da Revolução Industrial. O advento da era das
8

máquinas modificou profundamente as relações de produção e a conseqüente


necessidade de divisão do trabalho. A economia, que desde a Idade Média era
exercida por corporações profissionais, nas quais o artesão exercia sua atividade em
casa, passou por uma mudança radical, foi substituída pelo sistema capitalista de
produção.

Guimarães e Araújo (1999), afirmam que no século XIX a mecanização no


setor têxtil sofreu impulso extraordinário na Inglaterra, com o aparecimento da
máquina a vapor, aumentando a produção de tecidos em grande escala. Estradas
são construídas, surgem as ferrovias e se desenvolvem outros setores, como o
metalúrgico. Novas fontes de energia como o petróleo e a eletricidade substituem o
carvão. Nesse período, o liberalismo, que defendia a livre-concorrência e a não
intervenção do Estado em assuntos econômicos, dominava a Europa Ocidental,
abrindo caminho para abusos do poder e conflitos. Com o avanço da industrialização
e urbanização, só restava ao proletariado o emprego nas indústrias, no comércio e
na agricultura, sob condições subumanas de trabalho, com jornadas de até 17 horas
diárias e remuneração não condizente. Muitas famílias que desenvolviam o trabalho
de forma artesanal nas antigas corporações e manufaturas viam-se obrigadas a
vender a força de trabalho, em troca de salário para sobreviver.

O resplendor do progresso instaurado não ocultou os graves problemas


sociais, enfrentados pela classe trabalhadora, com a exploração do trabalho e das
condições subumanas de vida:

extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas;

condições insalubres de trabalho;

arregimentação de crianças e mulheres como mão-de-obra mais barata;

trabalho mal remunerado.

A mecanização da indústria, ao mesmo tempo em que fazia surgir a classe


assalariada, promovia o desemprego em massa e, por conseqüência, a miséria
coletiva e os desajustes sociais. A intranqüilidade social tornou-se campo fértil para
a formação das mais variadas oposições ao liberalismo econômico. Surgiram as
primeiras organizações dos trabalhadores (sindicatos, associações de operários,
cooperativas de ajuda mútua, comitês de fábrica) desencadeando movimentos de
9

reivindicação e reclamando por mudanças sociais, econômicas e políticas


(Guimarães; Araújo, 1999).

Estas iniciativas configuravam-se como uma possibilidade de transformação


do contexto de deterioração generalizada da classe trabalhadora. Foram as
primeiras expressões de denúncia, de autodefesa e de sobrevivência diante da
condição social em que viviam. É neste contexto que nasceu o embrião do
cooperativismo moderno. Representou, sobretudo, a organização dos trabalhadores
para fazer frente às conseqüências sociais e econômicas do capitalismo do século
XIX. A Inglaterra, a França e a Alemanha serviram de palco para esses movimentos
de defesa e de libertação, por terem sido o berço de doutrinas como o liberalismo
econômico e a própria Revolução Industrial.

As primeiras idéias cooperativistas surgiram, sobretudo, na corrente liberal


dos socialistas utópicos do século XIX e nas experiências que marcaram a primeira
metade do século XX. Generalizava-se, nessa época, grande entusiasmo pela
tradição de liberdade e, ao mesmo tempo, o ambiente intelectual dos socialistas
estava impregnado de ideal de justiça e fraternidade.

Foi nesse quadro intelectual, somado à realidade constituída pelo sofrimento


da classe trabalhadora, que se criou o contexto propício ao aparecimento das
cooperativas: nasceram da necessidade e do desejo da classe trabalhadora em
superar a miséria pelos seus próprios meios (ajuda mútua).

A história dos operários tecelões da cidade de Rochdale - "Pioneiros de


Rochdale" - situada no condado de Lancashire na Inglaterra - tem sido a grande
referência para o cooperativismo moderno (Benato, 1998). A Inglaterra do início do
século XIX passava por uma série crise, reflexo da luta entre os tecelões, os antigos
condados herdados dos senhores feudais e a era industrial. Prejudicados pelo novo
modelo econômico que substituiu o trabalho artesanal pela produção industrial, os
trabalhadores tiveram que enfrentar os problemas básicos da sobrevivência
humana: falta de moradia, acesso à educação, saúde e alimentação e o alto índice
de desemprego, em virtude da mão-de-obra excedente. Essa situação difícil levou
os trabalhadores a buscar alternativas que pudessem garantir a sobrevivência e o
sustento de suas famílias.
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Diante dos problemas que já se tornavam angustiantes em toda a Europa,


um grupo de operários tecelões ingleses - 27 homens e uma mulher - sob influência
de intelectuais socialistas, decidem fundar a cooperativa de consumo, denominada
"Rochdale Society Of Equitable Pioneers", registrada em 24 de outubro de 1844, na
cidade de Rochdale - Inglaterra.

Tradicionalmente reconhecidos como pioneiros, os tecelões cooperadores


começaram a juntar os primeiros fundos necessários para realizar seu projeto de
vida (Benato, 1998):

abrir um armazém comunitário para a venda de provisões, roupas, etc.;

comprar e construir casas destinadas aos membros que desejam


amparar-se mutuamente para melhorar sua condição doméstica e social;

iniciar a manufatura dos produtos que a cooperativa julgar conveniente,


para o emprego dos que se encontram sem trabalho ou daqueles que sofrerem
reduções salariais;

para garantir mais segurança e bem-estar, a cooperativa comprará ou


alugará terra que será cultivada pelos membros desempregados;

organizar as forças de produção, de distribuição, de educação e


desenvolver a administração democrática e autogestionária do empreendimento.

Os objetivos e a forma de organização social de trabalho e de economia da


Cooperativa de Rochdale passaram a constituir não somente o modelo
cooperativista adotado em todo o mundo, como também a própria base de filosofia
do cooperativismo.

1.2 História do cooperativismo no Brasil

O movimento cooperativista teve seu início no Brasil em 1847, quando o


médico francês Jean Maurice Faivre fundou, com um grupo de europeus, nos
sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas.
Nas primeiras três décadas do século XX, quando imigrantes tiveram que
desenvolver suas próprias soluções, as cooperativas fizeram a diferença, ainda que
11

em períodos de guerra, quando os governos temiam ser as cooperativas


organizações a serviço de espionagens indesejáveis (Kretski, 2004).

Vencido o período, floresceram cooperativas vitivinícolas, dividindo espaço


com as cooperativas madeireiras já consolidadas em quase todo o Estado
colonizado. No país, o cooperativismo passou por ciclos distintos, ora apoiado pelo
setor público, ora combatido, ora controlado. Mas mesmo assim, foi o mais
importante instrumento para o desenvolvimento rural que os governos puderam
contar para organizar o produtor rural e sua produção, o crédito e a renda, transferir
tecnologia, processar industrialmente o produto e colocá-lo no mercado.

Hoje, observa-se uma extraordinária diversidade de cooperativas que


desenharam um cenário comunitário, como resposta aos desafios das pessoas
frente às incertezas da constante evolução tecnológica, mercadológica, ambiental e
comercial. O ramo agropecuário é a parte do cooperativismo que mais tem aberto
vagas de emprego. A Região Sudeste conta com o maior número de cooperativas
do país e a Região Sul tem o maior índice de empregados trabalhando em
cooperativas.

1.3 Princípios das cooperativas

Os pilares do Cooperativismo, segundo Guimarães e Araújo (1999), são


sete. Revistos ao longo dos anos, eles ainda mantêm a mesma base filosófica
instituída pelos pioneiros de Rochdale, em 1844, versando sobre igualdade,
educação e liberdade. São estes os princípios:

a) Adesão livre e voluntária As cooperativas são organizações voluntárias,


abertas a todas as pessoas aptas a utilizar seus serviços e assumir
responsabilidades como associados, sem discriminações sociais, raciais, políticas,
religiosas e de sexo.

b) Gestão democrática pelos cooperados As cooperativas são


organizações democráticas, controladas pelos seus associados, que participam
ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e
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as mulheres, eleitos como representantes de outros membros, são responsáveis


perante estes.

c) Participação econômica dos cooperados os cooperados contribuem


eqüitativamente para o capital de suas cooperativas e o controlam
democraticamente. Parte desse capital deve ser propriedade comum da
Cooperativa. Os associados recebem, habitualmente, uma remuneração pequena
sobre seu capital subscrito, como condição de sua adesão.

As sobras (saldo positivo) do exercício anual das cooperativas são


destinadas a um ou mais desses objetivos:

- desenvolver a cooperativa, através da criação de reservas, sendo parte delas


indivisível;

- beneficiar os associados, na proporção de suas transações com a cooperativa;

- apoiar outras atividades aprovadas pelos associados.

d) Autonomia e independência As cooperativas são organizações


autônomas, de ajuda mútua, geridas pelos seus membros. Se firmarem acordos com
outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo,
devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus
associados e nas quais se mantenha a autonomia das cooperativas.

e) Educação, formação e informação As cooperativas promovem a


educação e a formação dos seus associados, dos representantes eleitos e dos
trabalhadores de forma que possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento
das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os
líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.

f) Intercooperação As cooperativas servem de forma mais eficaz a seus


membros e dão mais força ao movimento cooperativo trabalhando em conjunto,
através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

g) Interesse pela comunidade As cooperativas trabalham para o


desenvolvimento sustentado de suas comunidades, através de políticas aprovadas
pelos seus associados.
13

1.4 Segmentos e ramos de atividades

Guimarães e Araújo (1999) afirmam que o cooperativismo classifica as


sociedades cooperativas por grau e por ramo de atividade.

a) As cooperativas de primeiro grau são conhecidas como singulares, sendo


seu quadro social formado por pessoas físicas.

b) As cooperativas de segundo grau são as centrais de cooperativas e as


federações de cooperativas. Seu quadro social é formado por cooperativas
singulares.

c) As cooperativas de terceiro grau são as cooperativas cujo quadro social é


formado por centrais de cooperativas e federações.

A classificação das cooperativas brasileiras por ramo de atividade está


dividida em onze segmentos. São eles:

cooperativas agropecuárias, para produzir, comercializar e beneficiar


produtos agropecuários;

cooperativas educacionais, para fornecer ensino com qualidade ou


ensinar o cooperativismo;

cooperativas de trabalho, para promover a força de trabalho de seus


associados;

cooperativas de produção, para produzir, em ação cooperativa, bens e


produtos para comercialização;

cooperativas de saúde, para prestar serviços na área de saúde;

cooperativas de consumo, para adquirir e distribuir bens de consumo;

cooperativas habitacionais, para comprar ou construir a casa própria a


preço justo;

cooperativas de serviço, para prestação de serviços específicos;

cooperativas de mineração, para exploração de minério e pedras


preciosas;
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cooperativas especiais, formadas por menores de idade e grupos que


necessitem de tutela, entre eles portadores de deficiência;

cooperativas de crédito, para conceder crédito e prestar serviços de


cunho bancário.

1.4.1 Cooperativas urbanas e rurais

Em que pese o fato de as primeiras cooperativas terem sido urbanas e sem


negar a importância que elas ainda conservam, Haddad (2003) conclui que:

a) As cooperativas agrícolas têm muito maior expressão, quer como amparo


indispensável ao desenvolvimento cultural, econômico e social de uma camada mais
carente, quer pelo correlato interesse da sociedade geral - na medida em que se
anseia pela abastança dos produtos de primeira necessidade, com melhoria de sua
qualidade e pelo menor preço;

b) Entrementes, as cooperativas urbanas, notadamente as de consumo, são


as que realmente concorrem com o comércio, embora em faixa limitada, sendo de se
observar que essas cooperativas (urbanas simplesmente de consumo) tendem a
desaparecer, na medida em que os supermercados, pelo vulto de seus negócios e
racionalização do trabalho, operam com pequena margem de lucro, - donde a
vantagem oferecida por tais cooperativas, na maior parte das vezes, dilui-se com as
despesas de transporte pessoal dos associados e de suas compras;

c) Assim, mais pelo espírito criado e difundido, por pressão do comércio, as


operações cooperativistas vêm recebendo os mesmos encargos tributários sofridos
pelas demais empresas, e, por efeito da generalização da figura, as cooperativas
agrícolas recebem, das congêneres urbanas, essa inglória herança, para dono de
sua proliferação e desenvolvimento, infortúnio dos produtores rurais e maior
agravamento do custo de vida de todos, especialmente dos habitantes das cidades;

d) Por conclusão, o tratamento diferenciado e a proteção desejada para as


cooperativas agrícolas deveriam condicionar as funções que elas precisam
desempenhar, vale dizer, que sejam, de fato, cooperativas mistas de produção,
consumo, créditos e serviços, sob pena de serem cooperativas mutiladas e não
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terem condições de atender plenamente às necessidades e ao desenvolvimento da


economia rural.

1.4.2 Caracterização das cooperativas

Cooperativas locais ou comunitárias sua área limita-se ao município em


que se localizam, podendo estender-se, no máximo, a municípios vizinhos que não
tenham condições para uma similar.

Cooperativas Regionais sua área de ação é mais extensa, dependendo de


sua fixação de prévia autorização do respectivo órgão normativo.

Cooperativas Centrais são as que se propõem a organizar em comum e


em maior escala, serviços relativos às atividades dos associados, podendo
promover o associado, industrialização, armazenamento, transporte e venda dos
produtos, bem como efetivar as demais operações de interesses dos mesmos, bem
assim facilitando a utilização de seus serviços por outras cooperativas.

Federação de Cooperativas embasada no mesmo espírito cooperativista,


sob princípios preservativos de interesses comuns, contribuindo cada um para a
formação do capital social. As cooperativas podem reunir-se em federação, para
atuarem em dois ou mais estados de União.

Confederações de Cooperativas é o entrelaçamento de Federação, já de


âmbito nacional.

Quanto às suas modalidades:

a) Cooperativa de produção agrícola;

b) Cooperativa de produção industrial;

c) Cooperativa de trabalho (profissional ou de classe);

d) Cooperativa de beneficiamento de produtos;

e) Cooperativa de compras em comum;

f) Cooperativa de vendas em comum;

g) Cooperativa de consumo;
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h) Cooperativa de abastecimento;

i) Cooperativa de crédito;

j) Cooperativa de seguros;

k) Cooperativa de habitação;

l) Cooperativa de editores e de cultura intelectual;

m) Cooperativa escolar;

n) Cooperativas mistas;

o) Cooperativas centrais;

p) Cooperativas de cooperativas (Federações);

q) Cooperativa de Federação (Confederação).

Entretanto, essas várias modalidades poderão resumir-se a quatro tipos


fundamentais:

1º) Cooperativas de produção (agrícola ou industrial);

2º) Cooperativas de consumo;

3º) Cooperativas de crédito;

4º) Cooperativas de serviços.

1.4.3 Sociedades cooperativas e mercantis

TABELA 01 Diferenças básicas entre uma sociedade cooperativa e uma sociedade


mercantil.

SOCIEDADE COOPERATIVA SOCIEDADE MERCANTIL

O principal é o homem O principal é o capital

O cooperado é sempre dono e usuário Os sócios vendem seus produtos e


da sociedade serviços a uma massa de consumidores

Cada pessoa conta como um voto na Cada ação ou quota conta um voto na
assembléia assembléia
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O controle é democrático O controle é financeiro

É uma sociedade de pessoas que É uma sociedade de capital que funciona


funciona democraticamente hierarquicamente

As quotas não podem ser transferidas As quotas podem ser transferidas a


a 3ºs terceiros

Afasta o intermediário São, muitas vezes, os próprios


intermediários

Os resultados retornam aos sócios de Dividendos retornam aos sócios


forma proporcional às operações proporcionalmente ao número de ações

Aberta à participação de novos Limita, por vezes, a quantidade de


cooperantes acionistas

Valoriza o trabalhador e suas Contrata o trabalhador como força de


condições de trabalho e vida trabalho

Defende preços justos Defende o maior preço possível

Promove a integração entre as Promove a concorrência entre as


cooperativas sociedades

O compromisso é educativo, social e O compromisso é econômico


econômico

Fonte: Benato, 1998.

1.5 Direitos e deveres dos cooperados

A participação é o objetivo e o meio para se criar e manter uma cooperativa.


Objetivo, porque é justamente com a finalidade de participar da riqueza e benefícios
gerados pelo seu trabalho que as pessoas se unem nessa forma de sociedade. E
meio, porque somente através da efetiva participação de todos os sócios se obterá o
sucesso das metas sócio-econômicas do empreendimento.

Para se avaliar o funcionamento de uma cooperativa, um aspecto importante


a ser observado é o de como e em que nível ocorre a participação de seus
associados. O envolvimento do associado deve ir além da utilização dos serviços
oferecidos e de sua freqüência em reuniões e assembléias. Ele deve participar de
18

encontros, seminários e outros eventos que permitam o melhor conhecimento de


sua cooperativa. Deve buscar a contínua capacitação para o trabalho, como também
para assumir, em determinados períodos, a posição de dirigente ou membro das
comissões.

Através do contato pessoal e direto com outros associados, deve discutir


sobre as atuais informações do movimento cooperativista e acompanhar a situação
do mercado, da economia de sua região e do seu país. É importante ter
esclarecimentos para votar com conhecimento de causa, bem como saber escolher
os melhores caminhos e enxergar as melhores oportunidades.

1.5.1 O ato cooperativo

O que é o ato cooperativo?

É a fusão do trabalho conjunto sócio e empresa na busca da satisfação das


necessidades mútuas. O ato cooperativo é a ação partícipe onde, tanto o sócio
como a cooperativa, operam em reciprocidade.

O ato cooperativo, por ser executado por pessoas - o sócio comprador ou


vendedor e a própria cooperativa , é caracterizado como sendo um ato sem fins
lucrativos. Em assim sendo, onde não há lucro, não há especulação, não há
discriminação e não há tributação.

A cooperativa é uma sociedade de pessoas que decidem o negócio, a


atividade, o produto, a estrutura, os direitos e as responsabilidades. É uma
sociedade de pessoas livres que decidem e escolhem seus dirigentes e suas
normas. Cada sócio, então, tem a cooperativa que merece. Sócio omisso,
individualista, oportunista e descomprometido, terá, como efeito, uma cooperativa
pobre, morosa, ineficiente e problemática. Sócio autêntico, participativo,
comprometido e convicto, terá, como efeito, uma cooperativa ágil, dinâmica,
prestativa, eficaz e eficiente.
19

1.5.2 Virtudes

Outras idéias progressistas e humanistas somaram-se à ética e à


organização de trabalho proposta pelos tecelões ingleses, possibilitando que em
1886, durante o II Congresso das Cooperativas de Consumo realizado em Lyon, na
França, fossem aprovadas, junto aos participantes - associados, trabalhadores,
professores e estudantes - as "doze virtudes" da doutrina cooperativista, que por sua
atualidade merecem ser conhecidos:

Viver melhor através da solução coletiva dos problemas;

Pagar a dinheiro este sadio hábito evita o endividamento que gera a


dependência.

Poupar sem sofrimento a satisfação das necessidades dos cooperados


deve ser prioritária, importante para a definição do que pode ser feito com as sobras.

Suprimir os parasitas afastar os atravessadores na compra e na venda


de produtos e serviços.

Combater o alcoolismo viver de maneira sadia, evitando os vícios e


enfrentando a realidade, com coragem.

Integrar as mulheres nas questões sociais ressalta a importância da


participação feminina.

Educar economicamente o povo a educação é uma ferramenta para o


desenvolvimento do homem.

Facilitar a todos o acesso à propriedade é essencial unir esforços para


conquistar os meios de produção.

Reconstituir uma propriedade coletiva para ter acesso à propriedade, o


passo inicial é investir em um patrimônio coletivo.

Estabelecer o justo preço o trabalho tem de ser remunerado e os


preços definidos sem intenção especuladora.

Eliminar o lucro capitalista o objetivo da produção é a satisfação das


necessidades humanas.

Abolir os conflitos as disputas diminuem pelo fato de que o associado é


dono e usuário da cooperativa.
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1.6 Símbolos, bandeira e organograma do cooperativismo

1.6.1 Símbolos

Pinheiro - Antigamente era tido como símbolo da imortalidade


e da fecundidade pela sua sobrevivência em terras menos
férteis e pela facilidade na sua multiplicação.
Círculo - Representa a vida eterna, pois não tem horizonte
final, nem começo, nem fim.
Verde - O verde escuro das árvores lembra o princípio vital na
natureza.
Amarelo - O amarelo ouro simboliza o sol, fonte de energia e
calor.
Um círculo abraçando dois pinheiros, para indicar a união do
movimento, a imortalidade de seus princípios, a fecundidade
de seus ideais, a vitalidade de seus adeptos.Tudo isso
marcado na trajetória ascendente dos pinheiros que se
projetam para o alto, procurando subir cada vez mais.

Fonte: Sicredi, 2005.

1.6.2 Bandeira

O cooperativismo possui uma bandeira formada pelas sete cores do arco-


íris, aprovada pela ACI em 1932, como símbolo de paz e esperança. Cada uma das
cores tem um significado próprio.

Vermelho - coragem (significado próprio).


Alaranjado - visão de possibilidade do futuro.
Amarelo - desafio em casa, família e
comunidade.
Verde - crescimento de ambos, individual
(como pessoa) e dos cooperados.
Azul - horizonte distante, a necessidade de
ajudar os menos afortunados, unindo-os uns
aos outros.
Anil - pessimismo, lembrando a necessidade
de ajudar a si próprio e aos outros através da
cooperação.
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Violeta - beleza, calor humano e coleguismo.

1.6.3 Organograma atual de uma cooperativa

ASSEMBLÉIA GERAL

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO CONSELHO FISCAL

PRESIDENTE

VICE-PRESIDENTE

GERENTE GERAL

COMPRAS CONTABILIDADE

ASSISTÊNCIA AGRONÔMICA FINANCEIRO CAIXA, BANCOS,


VETERINÁRIA COBRANÇA

VENDAS CONTROLE ESTOQUES

ATENDIMENTO ESCRITA FISCAL

DEPÓSITO - SEDE CADASTRO ASSOCIADOS

DEPÓSITO - FILIAL

TRANSPORTE EXTERNO

Fonte: Schneider, 2003.


2 COOPERATIVAS DE CRÉDITO

Uma organização é um instrumento de satisfação das


necessidades de uma clientela que está no ambiente. Sua
própria existência só pode ser justificada e seu grau de sucesso
medido em função da sua capacidade de bem atender às
exigências que lhe são feitas por sua clientela. Em não
cumprindo tal papel, deverá necessariamente ceder espaço para
que outra mais capaz o faça . (Geraldo R. Caravantes)

2.1 Histórico

Foi em 1848 que surgiu, na Alemanha, a primeira cooperativa de crédito,


apenas quatro anos depois das primeiras cooperativas de consumo inglesas. As
primeiras cooperativas de crédito eram rurais. Agricultores do município de
Flammersfeld elegeram a via cooperativada para pôr fim à agiotagem que imperava
na região, razão da hipoteca de suas propriedades e benfeitorias e da penhora de
seus animais. A solução, na prática, consistia em reunir as economias de produtores
mais abastados e com elas atender às necessidades individuais dos rurícolas menos
favorecidos, sem a perspectiva do ganho abusivo (Meinen, apud Schardong, 2002).
Logo depois, surgiram entidades, conhecidas como bancos populares .

Na Itália, as cooperativas de crédito apareceram na década de 1860. No


Canadá, surgiram as chamadas cooperativas de crédito mútuo , formadas por
categorias profissionais, e até hoje as mais comuns no Brasil. A primeira sociedade
brasileira a ter em sua denominação a expressão cooperativa foi, provavelmente, a
Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto,
fundada em 27 de outubro de 1889 (Pinheiro, 2005).
23

2.2 Cooperativas de crédito no Brasil

Para possibilitar o acesso das camadas de mais baixa renda da população


brasileira - um grande contingente - ao crédito e demais serviços financeiros, o
governo brasileiro está incentivando a expansão de um sistema com mais de um
século de existência: o cooperativismo de crédito. As cooperativas de crédito têm
como finalidade proporcionar, aos seus associados, crédito e moeda por meio da
mutualidade e da poupança, ou seja, preocupam-se em eliminar o intermediário na
captação de recursos, nos investimentos e na concessão de empréstimos, fazendo
do tomador e do investidor uma só pessoa.

No Brasil, as primeiras cooperativas surgiram no início do século XX, em


São Paulo e no Rio Grande do Sul. Elas são regidas pela lei 5.764, de 16 de
dezembro de 1971, que define a política de cooperativismo, institui o regime jurídico
das sociedades cooperativas e dá outras providências (Unicred, 2005).

Segundo a Unicred (2005), o atual Governo vem tomando medidas no


sentido de fazer do cooperativismo de crédito um dos mecanismos capazes de
possibilitar à parcela menos privilegiada da sociedade o acesso a tais serviços. Ao
incentivar a consolidação e a expansão do cooperativismo de crédito, o Governo
espera uma sensível redução nas taxas de juros e tarifas cobradas pelas
cooperativas, em função das suas próprias características, que são:

instituições que operam sem objetivo de lucro;

seus depósitos à vista, ao contrário dos bancos comerciais, não estão


sujeitos ao depósito compulsório no Banco Central, o que significa que elas dispõem
da totalidade desses depósitos para empréstimos podendo, portanto, cobrar
menores taxas de juros e tarifas;

por serem muito menores que as instituições tradicionais, seus custos


operacionais também são menores, o que possibilita a cobrança de valores
menores.
24

2.3 Principais desafios das cooperativas de crédito

O Governo identificou os principais desafios para o crescimento da "oferta


de serviços financeiros para o público que se busca atingir de baixa renda ,
mantidos os princípios de solidez institucional observados para o sistema financeiro
em geral". São estes os principais desafios aventados pelo Governo, anunciados em
2003, pelo Banco Central do Brasil (Unicred, 2005):

a) fortalecimento do sistema - pelo aumento do profissionalismo, induzido


por instrumentos como o "ranqueamento" de centrais, a certificação para gerentes, o
aumento de exigências para a homologação de nomes de administradores de alguns
tipos de cooperativa e a capacitação do cooperado visando ao seu maior
envolvimento nos negócios da sociedade;

b) aperfeiçoamento estrutural - por intermédio da reformulação do papel das


confederações e da estratificação em níveis de maturidade que permitam a adoção
de tratamento diferenciado para aquelas que realmente mereçam esse tratamento;

Parece óbvio que as cooperativas que trabalham apenas efetuando pequenos


empréstimos com recursos exclusivos de capital, não devem ser tratadas da mesma
forma que aquelas com estrutura operacional mais complexa. Tanto do ponto de vista
normativo quanto do apoio institucional, sem um tratamento diferenciado dificilmente elas
terão chances de sucesso (Unicred, 2005).

c) viabilização das cooperativas que nascem pequenas - mediante a criação


de mecanismos que possam, uma vez determinado o potencial de crescimento de
um determinado grupo, permitir que esse grupo sobreviva ao período inicial de
maturação. Sem esse estímulo, torna-se difícil a ocupação de regiões com baixo
IDH.

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano é um indicador elaborado pela


ONU (Organização das Nações Unidas) que mede a qualidade de vida das pessoas em
vários países. É medido a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de
matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB - Produto Interno
Bruto - per capta). O índice varia de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1
(desenvolvimento humano total) (Fonte: http://www.ipea.gov.br).
25

2.4 Condições de ingresso na cooperativa de crédito

Todas as cooperativas de crédito possuem o seu estatuto que regulamenta


toda a atividade. Conforme o Estatuto Social da Cooperativa de Crédito de Lajeado
(SICREDI LAJEADO), Capítulo III:

2.4.1 Pessoa Física

Integralização de no mínimo 20 (vinte) quotas-parte de capital no valor de


R$-20,00 (vinte reais), seu nome aprovado pelo Conselho de Administração e que
se localizem na área de atuação da Cooperativa.

A documentação pertinente, no caso do Sicredi, consta nos ANEXOS D, E e


F).

2.4.2 Pessoa Jurídica

Sem fins lucrativos e, excepcionalmente, que tenham por objeto as mesmas


atividades econômicas das pessoas físicas associadas.

Integralização de no mínimo 20 (vinte) quotas-parte de capital no valor de


R$-20,00 (vinte reais) e seu nome aprovado pelo Conselho de Administração.

2.4.3 Condições para obtenção de empréstimo

Apresentar garantias (avalista, bens duráveis);

Comprovação de renda mínima (a prestação não poderá ser superior a


30% da renda comprovada);

O cooperado e o avalista não podem ter restrições cadastrais;

Ter seus salários / prestação de serviços depositados na Cooperativa por


parte do empregador / contratante dos seus serviços.
26

2.5 Outros serviços prestados aos cooperados

Cartão de crédito emitido por banco cooperativo que mantém convênio


com as principais operadoras de cartões de crédito; são aceitos pelos
estabelecimentos credenciados em todo mundo.

Cartão de saque (cartão de débito) possibilita a realização de saques em


terminais eletrônicos e pagamentos de compras em estabelecimentos credenciados;
as despesas efetuadas são debitadas diretamente na conta corrente do titular.

Conta corrente a cooperativa possui um banco comercial, visando a sua


integração ao serviço de compensação de cheques e outros papéis. As tarifas
cobradas são menores que as dos bancos comerciais. Através do Bansicredi as
cooperativas podem oferecer aos seus associados serviços costumeiros de toda a
rede bancária, tais como: transações por meio eletrônico, caixa de auto-
atendimento, débitos programados em conta corrente, etc.

Aplicações financeiras são captações de recursos dos cooperados com a


finalidade de repasse às pessoas físicas e jurídicas por meio de empréstimo e
financiamentos. Podem ser aplicações com prazo determinado e taxas pré-fixadas
que podem render o dobro das aplicações tradicionais como os CDI, por exemplo.
Podem ser depósitos sob aviso com taxa pré e pós-fixadas, carência de 30 a 120
dias e possibilidade de resgate antecipado. Após a carência, o rendimento passa a
ser diário e costuma ser maior que o das cadernetas de poupança.

Uma ação concreta do Governo, voltada ao fortalecimento das cooperativas


de crédito, é a Resolução 3.106, de 25 de junho de 2003, do Banco Central do Brasil
(ANEXO B), que libera a constituição de cooperativas abertas de crédito nos
municípios, sem a exigência de que seus integrantes sejam de uma mesma
categoria profissional. Elas também podem obter empréstimos ou repasses de
instituições financeiras nacionais ou estrangeiras; receber recursos oriundos de
fundos oficiais e recursos, em caráter eventual, isentos de remuneração ou a taxas
favorecidas, de qualquer entidade na forma de doações, empréstimos ou repasses.

Por outro lado, ao analisar a Resolução, verifica -se a existência de um


elevado grau de exigências. Isto é um sinal positivo, pois se tratam de instituições
financeiras que vão gerir recursos de terceiros e que, portanto, precisam ser
27

confiáveis.

2.5.1 Captação de recursos das cooperativas de crédito

Os recursos das cooperativas de crédito podem ser conseguidos das


seguintes formas:

I - captar depósitos, somente de associados; obter empréstimos ou repasses


de instituições financeiras nacionais ou estrangeiras; receber recursos oriundos de
fundos oficiais e recursos, em caráter eventual, isentos de remuneração ou a taxas
favorecidas, de qualquer entidade na forma de doações, empréstimos ou repasses;

II - conceder créditos e prestar garantias, inclusive em operações realizadas


ao amparo da regulamentação do crédito rural em favor de produtores rurais,
somente a associados (ANEXO B, Capítulo II);

III - aplicar recursos no mercado financeiro, inclusive em depósitos à vista e


a prazo com ou sem emissão de certificado, observadas eventuais restrições legais
e regulamentares específicas de cada aplicação;

IV - prestar serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e


pagamentos por conta de terceiros sob convênio com instituições públicas e
privadas e de correspondente no País, nos termos da regulamentação em vigor;

V - no caso de cooperativas centrais de crédito, prestar serviços de


administração de recursos de terceiros em favor de singulares filiadas, bem como
serviços técnicos a outras cooperativas de crédito centrais e singulares filiadas ou
não;

VI - proceder à contratação de serviços com objetivo de viabilizar a


compensação de cheques e as transferências de recursos no sistema financeiro, de
prover necessidades de funcionamento da instituição ou de complementar os
serviços prestados pela cooperativa aos associados.

As cooperativas de crédito, por serem instituições comunitárias, têm o


objetivo de agregar renda ao associado através das suas operações financeiras e
produtos, o que, certamente, traz vantagens ao seu associado em comparação com
os clientes de outras instituições financeiras.
28

Para que se tenha uma noção mais exata das cooperativas de crédito no
contexto financeiro-econômico do país, foi elaborada uma rápida inserção em
algumas regulamentações do Sistema Financeiro Nacional, apresentada a seguir.
3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Se as notas ficassem cada vez menores à medida que o dinheiro


diminuísse de valor, teríamos uma imagem de empobrecimento
muito mais clara do que qualquer gráfico mostrando poder de
compra relativo, perda de valor real, etc. No dia em que se
precisasse levar sacos de confetes para as compras, saberia o
valor de cada cedulazinha, comparado ao que tinha antes . (Luiz
F. Veríssimo)

O Sistema Financeiro Nacional compreende, segundo Fortuna (1997), um


conjunto de instituições que tem por finalidade manter o fluxo contínuo de recursos
entre poupadores e investidores e assegurar a tranqüilidade do mercado financeiro
através de normas e procedimentos que buscam coibir o abuso e manter a liquidez
da moeda.

A existência da moeda permite que alguns indivíduos resolvam manter


(guardar) o poder de compra para que possam exercê-lo em um momento posterior.
Por outro lado, existem indivíduos que querem exercer um poder de compra maior
do que suas disponibilidades permitem no momento.

Podemos resumir da seguinte forma: há indivíduos que desejam transferir


poder de compra do presente para o futuro (poupadores) e indivíduos que querem
usar, hoje, o poder de compra a ser obtido no futuro (tomadores de recursos). Os
poupadores desejam receber uma remuneração (juros) pela renúncia ao consumo e,
portanto, os tomadores de recursos terão de pagar esta remuneração para poder
receber estes recursos.

Estes dois grupos de pessoas, com necessidades diferentes, vão se


encontrar para realizar a transferência do poder de compra de uns (os que querem
exercê-lo em momento posterior) para outros (os que querem consumir, no presente,
30

mais do que suas disponibilidades lhes permitem). Para facilitar essa transferência
de poder de compra, surgem instituições cuja especialidade é realizar a
intermediação entre esses dois lados (poupadores e tomadores de recursos), ou
seja, instituições cuja especialidade é a intermediação financeira.

Esquema básico da intermediação financeira:

INTERMEDIÁRIOS TOMADORES DE RECURSOS


POUPADORES
FINANCEIROS (EMPRÉSTIMOS)

O mais conhecido intermediário financeiro é o banco, que desenvolve


atividade de captação de recursos dos poupadores e empréstimos para os
tomadores.

Existe uma grande variedade de intermediação financeira, tais como a bolsa


de valores, a bolsa mercantil e de futuros, sociedades seguradoras e fundos mútuos.

3.1 Órgãos que regulam e fiscalizam a intermediação financeira

Os intermediadores financeiros que manipulam dinheiro dos poupadores


obrigam-se a seguir determinadas normas e são fiscalizados por órgãos
governamentais que apuram o cumprimento dessas normas (ANEXO C).

Para esse fim e melhor adaptar-se à evolução econômica deste século, o


Governo Federal promoveu ajustes ao sistema financeiro nacional, através de uma
Reforma Bancária profunda, em 1964, através da Lei 4.595, publicada em 31.12.64,
que anunciava:

Artigo 1º: O Sistema Financeiro Nacional, estruturado e regulado pela


presente Lei, será constituído:

I - do Conselho Monetário Nacional;


II - do Banco Central da República do Brasil;
III - do Banco do Brasil S.A.;
IV - do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social;
V - das demais instituições financeiras públicas e privadas.
31

Com base em Schardong (2002), o Decreto nº 1.307, de 09 de novembro de


1994, determina que o Conselho Monetário Nacional é integrado pelos ministros da
Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central do Brasil. É
presidido pelo primeiro e constitui-se na entidade superior do Sistema Financeiro
Nacional, responsável pela fixação das diretrizes da política monetária, cambial e de
crédito. Como órgão regulador, não exerce funções executivas, possui as seguintes
atribuições:

adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da


economia nacional e o seu processo de desenvolvimento;

regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos


inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa;

regular o valor externo da moeda e o equilíbrio do balanço de pagamentos do


país;

orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras públicas ou


privadas, de forma a garantir condições favoráveis ao desenvolvimento equilibrado
da economia nacional;

propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros,


de forma a tornar mais eficiente o sistema de pagamento e mobilização de recursos;

zelar pela liquidez e pela solvência das instituições financeiras;

coordenar as políticas: monetária, creditícia, orçamentária fiscal e da dívida


pública interna e externa.

A partir dessas funções básicas, o CMN fica responsável por todo um


conjunto de atribuições específicas, cabendo destacar:

autorizar as emissões de papel moeda;

aprovar os orçamentos monetários preparados pelo Banco Central;

fixar diretrizes e normas da política cambial;

disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações


creditícias;

estabelecer limites para a remuneração das operações e serviços bancários


ou financeiros;
32

determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras;

regulamentar as operações de redesconto de liquidez;

outorgar ao Banco Central o monopólio de operações de câmbio quando o


balanço de pagamento o exigir;

estabelecer normas a serem seguidas pelo Banco Central nas transações


com títulos públicos;

regular a constituição, o funcionamento e a fiscalização de todas as


instituições financeiras que operam no país.

3.2 Instituições financeiras

A Lei 4.595 definiu as instituições financeiras (visto anteriormente) e o MNI


Manual de Normas e Instruções, preparado e editado pelo Banco Central do Brasil,
estabelece, entre outras, as normas operacionais de todas as instituições financeiras
estabelecidas no país.

Assim sendo, podemos classificá-las em:

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS MONETÁRIAS (CAPTADORAS DE DEPÓSITO À VISTA): São


instituições de crédito em curto prazo que realizam todas as operações concernentes a uma
instituição financeira, tendo como característica os depósitos à vista.
DEMAIS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS (NÃO MONETÁRIAS): São as instituições de crédito
de médio e longo prazo, que também realizam as mesmas operações, sem, entretanto, efetuar
depósitos à vista.

3.2.1 Instituições financeiras monetárias

São Instituições financeiras captadoras de depósito à vista, e podem ser


classificadas em:

a) Bancos Múltiplos São instituições financeiras privadas ou públicas que


realizam as operações de diversas instituições financeiras, por intermédio das
seguintes carteiras: comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito
imobiliário, de arrendamento mercantil (leasing) e de crédito, financiamento e
investimento. Essas operações estão sujeitas às mesmas normas legais e
regulamentos aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas carteiras. A
33

carteira de desenvolvimento somente poderá ser operada por banco público. O banco
múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas,
obrigatoriamente, comercial ou investimento, e deve ser organizado sob a forma de
sociedade anônima. Na sua denominação social deve constar a expressão Banco .

b) Bancos Múltiplos com Carteira Comercial Possuem as mesmas


características dos bancos múltiplos, com a obrigatoriedade de que haja na sua
constituição a carteira comercial.

c) Bancos Comerciais São instituições financeiras privadas ou públicas.


Têm como objetivo principal: proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos
recursos necessários para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a indústria,
as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral. A
captação de depósitos à vista, livremente movimentáveis, é atividade típica de um
banco comercial. Deve ser constituído sob a forma de sociedade anônima e na sua
denominação social constar a expressão Banco .

d) Caixas Econômicas Integram o Sistema Brasileiro de Poupança e


Empréstimo e o Sistema Financeiro da Habitação e equiparam-se aos bancos
comerciais, pois podem captar depósitos à vista, realizar operações ativas e efetuar
prestação de serviços, embora basicamente dirigidas às pessoas físicas. São, portanto,
instituições de cunho social, concedendo empréstimos e financiamentos a programas e
projetos nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho, transportes
urbanos e esporte, tendo como o seu único representante a Caixa Econômica Federal,
resultado da unificação, pelo Decreto-Lei 759, de 12.08.1969, das 23 Caixas
Econômicas Federais até então existentes.

e) Cooperativas de Crédito As cooperativas de crédito devem adotar,


obrigatoriamente, em sua denominação social, a expressão Cooperativa , vedada a
utilização da palavra Banco . Atuam basicamente no setor primário da economia, com
o objetivo de permitir uma melhor comercialização de produtos rurais e criar facilidades
para o escoamento das safras agrícolas, destacando que os usuários finais do crédito
que concedem são sempre os cooperados. Outra forma de captação permitida pelo
Banco Central às cooperativas é a de operar contas com depósitos à vista e a prazo.
Uma parte desses recursos depositados é recolhida ao Banco do Brasil como reserva
técnica, mas a maior parte é repassada aos associados na forma de mais
empréstimos. A conta com depósitos à vista é uma forma de captação de recursos com
34

custo zero diante das contribuições que devem ser remuneradas, assim como os
depósitos a prazo, neste caso, chamados de Recibo de Depósito de Cooperativas
(RDC). Podem, dessa forma, oferecer produtos como conta corrente, cheque especial,
recebimento de contas de serviços públicos e o processamento da folha de pagamento
dos funcionários da empresa associada. Para efeito de constituição, a Lei
Cooperativista n° 5.764, de 16.12.1971, estabeleceu que as cooperativas de créditos
são constituídas pelo número mínimo de 20 pessoas físicas e só se tornará
economicamente viável a partir de, pelo menos, 200 cooperados. Equiparam-se a uma
instituição financeira, por isso, enquadrada na Lei 4.595, de 31.12.64 (FIGURA 1).

3.3 Dinâmica do mercado financeiro

A dinâmica do mercado financeiro caracteriza o fluxo da moeda pelos


agentes econômicos que participam do sistema financeiro. Poderíamos também
denominar essa dinâmica por fluxo circular da renda (Fortuna, 1997).

O Banco Central do Brasil é o responsável pela dinâmica do mercado


financeiro. Para entendê-la, devemos conhecer os motivos e as maneiras de ação
do Banco Central, que tem como diretriz a política monetária, direcionada ao
controle da expansão da moeda e do crédito e à taxa de juros, procurando adequá-
la às necessidades de crescimento econômico e estabilidade dos preços. Para tanto,
utilizam-se de instrumentos clássicos, tais como o mercado aberto, reservas
compulsórias e assistência financeira de liquidez.

Podemos interpretar essa dinâmica através do fluxograma abaixo,


demonstrando a política econômica global do Governo.
35

FIGURA 1 Fluxograma da dinâmica do mercado financeiro

GOVERNO

TESOURO

TÍTULOS TESOURO (T) (1) (R$) REAIS

US$
T
EXTERIOR
BANCO CENTRAL C (2)

(3) (C) TÍTULOS BACEN


T R$

(4) MERCADO INTERBANCÁRIO

BANCO 01 BANCO 02 BANCO 03 BANCO N


CDI / R$

(5) (6) (7)

CDB R$ LC R$ RDB R$ C/C R$ COTAS DE


FUNDOS R$

P Ú B L I C O (MERCADO)

(1) O governo emite títulos através do seu caixa Tesouro para cobrir o déficit público;
(2) Os dólares provenientes do saldo da balança de pagamentos são registrados no BACEN
como reservas e aplicados no exterior. Esses mesmos dólares são transformados em reais
pelo BACEN, para serem entregues no Brasil, a quem de direito e imediatamente emitidos
títulos pelo Tesouro, de forma a evitar aumento de liquidez na economia;
(3) O BACEN coloca os seus títulos e os do governo, nos Bancos (Mercado Interbancário);
(4) Os Bancos captam recursos entre si, através de CDI s e com estes recursos compram ativos;
(5) Os Bancos compram (captam) recursos junto ao público, dando em troca os títulos privados
CDB/RDB/LC, para a compra de CDI s ou títulos do governo, conforme as oportunidades
das taxas, ou devolvendo ao público na forma de empréstimos;
(6) Os Bancos trocam recursos com o público através das contas correntes, utilizando-os em
oportunidades de negócios com títulos ou devolvendo-os ao público na forma de
empréstimos;
(7) Os Bancos recebem recursos do público através da compra de quotas dos fundos,
direcionando estes recursos para aquisição de títulos públicos e privados.
Fonte: Fortuna, 1997.
36

3.4 Garantias de empréstimos

As operações de empréstimos feitas pelos bancos normalmente exigem


garantias que assegurem o reembolso das instituições financeiras em casos de
inadimplência dos tomadores de empréstimos. Agem como forma de diminuição dos
riscos das instituições financeiras, diante da instabilidade da economia brasileira.
Tais garantias podem ser agrupadas e representadas por uma ou mais das
seguintes modalidades:

FIGURA 2 Garantias de empréstimo e suas diferenças

GARANTIAS REAIS

HIPOTECA PENHOR
ALIENAÇÃO CAUÇÃO CAUÇÃO DE
FIDUCIÁRIA DE DIREITOS
TÍTULOS CREDITÓRIOS

GARANTIAS FIDEJUSSÓRIAS

A V A L FIANÇA
37

Diferenças entre

AVAL FIANÇA

a) a solidariedade é presumida; a) a solidariedade deve ser expressa;


b) não há necessidade de outorga-uxória, b) é necessária outorga-uxória
pois é instituído do direito cambiário, que (consentimento expresso da
goza de plena autonomia; esposa do fiador) ou da outorga-
c) é uma garantia pessoal do direito marital (fiança dada por mulher);
cambiário, sendo autônomo e c) é uma obrigação acessória, que
independente, como toda obrigação serve para garantir contratos;
cambiária; d) há necessidade de formação da
d) é uma obrigação autônoma que serve obrigação do fiador; por escrito.
para garantir títulos de crédito;
e) basta o simples lançamento, no título, da
assinatura.

Pode-se dizer, para concluir, que previamente à definição da garantia


vinculada a um crédito, está a análise de risco, mormente quando envolve o setor
empresarial, onde são projetados o segmento da economia a ser financiado e sua
conseqüente rentabilidade, o prazo de retorno dos valores envolvidos e o
desempenho dos últimos exercícios fiscais da empresa ou pessoa jurídica
proponente.
4 COOPERATIVISMO DE CRÉDITO E SEUS OBJETIVOS

Como sistema de crédito cooperativo, valorizar o


relacionamento, oferecer soluções financeiras para agregar
renda e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos
associados e da comunidade . (Missão - Sicredi)

Qualquer empresa que usa de forma eficiente o seu capital de giro, captação
neste caso, tem alcançado os seus propósitos econômico-financeiros, seja no curto
ou no longo prazo. O cooperativismo, e em especial o de crédito, deve evidenciar
que possui diferenciais, como juros abaixo do mercado, por exemplo, e que pode
contribuir de forma específica, proporcionando ferramentas para ajudar a enfrentar
os muitos e complexos problemas e desafios que a sociedade e a economia
apresentam na atualidade.

Em 1951, um ano antes da fundação do Banco Nacional de


Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), surge o Banco Nacional de Crédito
Cooperativo (BNCC), controlado pela União com 60% de seu capital. Enio Meinen,
apud Schardong (2002), autor de diversos livros sobre o cooperativismo de crédito,
lembra que nessa época o setor tinha forte amparo oficial. Getúlio Vargas
(presidente, na época) natural do Rio Grande do Sul, de um ambiente onde o
cooperativismo tinha expressão muito grande, existindo, claramente, um propósito
governamental de apoiar todo tipo de cooperativismo: de crédito, de trabalho, de
habitação. Infelizmente, com os anos, o banco foi desprestigiado pelo próprio
governo, com direções meramente políticas e ninguém se preocupava com a gestão.
39

O resultado é que, em 1990, no governo Collor, foi determinada a extinção do


BNCC.

Em 1992, surge o Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo), fundado a partir


de nove cooperativas remanescentes no Rio Grande do Sul e responsável pela
criação do Bansicredi. O Sicredi responde por 40% do volume de crédito
movimentado pelas cooperativas de crédito brasileiras. No Brasil, existe ainda o
Bancoob, fundado em 1997.

As Cooperativas de Crédito, conforme Schardong (2002), eram, no seu


início, normalmente formadas por funcionários de empresas, comerciantes de uma
mesma atividade e profissionais autônomos que se organizavam para desenvolver
programas de assistência financeira e de prestação de serviços, buscando obter o
adequado atendimento de suas necessidades de crédito. A história do
cooperativismo de crédito no Brasil teve início em 1902 com o surgimento da
primeira cooperativa de crédito, em Nova Petrópolis RS.

Em 1967 foi proibida a abertura de novas cooperativas e foram extintas as


cooperativas centrais. Em 1980 foi dada a autorização para o funcionamento das
cooperativas centrais como instituições financeiras e finalmente em 1995 foi
concedida a autorização para a criação de bancos cooperativos (Schardong, 2002).

A atual conjuntura política do nosso país tem no cooperativismo de crédito


um dos mais significativos instrumentos para o desenvolvimento social e como
alternativa de acesso ao crédito e a serviços bancários a ser utilizada por segmentos
da sociedade organizada.

O cooperativismo de crédito está firmemente embasado na observância dos


princípios da boa gestão empresarial. No período 1994 a 2002, o número de
cooperativas de crédito brasileiras passou de 946 para 1428 - um crescimento de
51% - com 1,6 milhão de associados, empregando 25 mil pessoas em 2700 postos
de atendimento. As operações de crédito somaram R$ 4,1 bilhões o que, no entanto,
representavam uma participação bastante modesta no volume de crédito do país:
apenas 1,64% (em dezembro de 2003 já representavam 2,13%) (Schardong, 2002).

São regidas pela Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que define a


política de cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e
dá outras providências. As cooperativas são sociedades civis, compostas por
40

pessoas, com forma e natureza jurídica próprias e não sujeitas à falência.


Adicionalmente, as cooperativas de crédito são instituições financeiras integrantes
do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Por essa razão, seu funcionamento é
definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e suas operações fiscalizadas
pelo Banco Central do Brasil, que, para tanto, emite os atos normativos necessários
(Fortuna, 1997).

Tem por objetivo a concessão de crédito e a prestação de serviços


financeiros a seus associados de forma mais vantajosa, geralmente emprestando a
menores taxas, remunerando aplicações a maiores taxas, cobrando menores tarifas
e com menores exigências, quando comparadas aos bancos e financeiras (Unicred,
2005).

O governo brasileiro, através do cooperativismo de crédito quer incorporar


no sistema financeiro brasileiro a parcela da sociedade representada pelas pessoas
de baixa renda que necessitam de créditos e serviços financeiros de baixos valores
(o que aumenta os custos dos empréstimos e dos serviços). Esse segmento tem
dificuldade para atender às modalidades tradicionais de garantia (o que aumenta o
risco do crédito, segundo a metodologia de avaliação das instituições) e
normalmente atuam na informalidade, além de ser necessária, por parte das
instituições, uma metodologia de avaliação de risco diferenciada e que elas não
dominam. Como conseqüência, essa parcela da sociedade não tem acesso ao
crédito e a outros serviços financeiros, embora apresentem baixos índices de
inadimplência, por exemplo, nas operações de crédito que contratam junto ao
comércio. Para fazer frente a esta situação, algumas medidas estão sendo tomadas
no sentido de fazer do cooperativismo de crédito um dos mecanismos capazes de
possibilitar àquela parcela da sociedade o acesso a tais serviços.

4.1 Marcos jurídicos do cooperativismo de crédito

Cooperativa de Crédito não é instituição bancária, mas sim sociedade


constituída sob a égide da Lei nº 5.764/71. As pessoas tendem a fazer confusão
entre cooperativa e banco, porque no artigo 103 a legislação cooperativista (Lei nº
5.764) preceitua que as Cooperativas de Crédito ficam subordinadas às normas
baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e, por se revestirem da natureza de
41

instituições financeiras, são fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil na forma do


artigo 92, inciso I da mesma lei. Mas, o parágrafo único do seu artigo 5º veda o uso
da expressão banco .

Art. 5º - As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer


gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito
exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão cooperativa
em sua denominação.

Parágrafo único É vedado às cooperativas o uso da expressão Banco .


(Lei nº 5.761/71).

Assim, o objetivo das sociedades cooperativas, e especificadamente das de


crédito, é associar pessoas físicas, proporcionando-lhes, através da mutualidade
(reciprocidade dentro do próprio quadro social), assistência financeira. Eis a
atividade econômica referida no artigo 3º da Lei nº 5.764/71, que é colocada, pelas
sociedades, à disposição dos usuários (donos), donde se conclui que as
cooperativas são instrumentos de que se servem os cooperados para otimizar o
resultado de sua atividade econômica.

A seguir, estão relacionados alguns marcos jurídicos das cooperativas de


crédito:

Lei nº 4.595, de 31.12.1964 dispõe sobre a política e as instituições


monetárias, bancárias e creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras
providências.

Lei nº 5.764, de 16.12.1971 define a política de cooperativismo e institui


o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências.

Lei nº 6.981, de 30.03.1982 altera a redação do artigo 42 da Lei


5.764/71.

Resolução RBC-002.771/2000, de 30.08.2000, do Banco Central do


Brasil regulamenta e disciplina o funcionamento das cooperativas de crédito.

Resolução 2.778, de 30.11.2000, do Banco Central do Brasil dispõe


sobre a constituição e o funcionamento de bancos comerciais e bancos múltiplos
sob controle acionário de cooperativas centrais de crédito.
42

Resolução 3.041, de 28.11.2002, do Banco Central do Brasil


estabelece as condições para o exercício de cargos estatutários de instituições
financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil.

Resolução 3.106, de 25.06.2003, do Banco Central do Brasil dispõe


sobre os requisitos e procedimentos para a constituição, a autorização para
funcionamento e alterações estatutárias, bem como para o cancelamento da
autorização para funcionamento de cooperativas de crédito.

Circular 3.196, de 17.07.2003, do Banco Central do Brasil dispõe sobre


o cálculo do Patrimônio Líquido Exigido (PLE) das cooperativas de crédito e dos
bancos cooperativos.

Estas são talvez as principais normas que regem o funcionamento das


cooperativas de crédito, mas a Resolução 3106, de 2003 (ANEXO B) é considerada
o marco de uma "nova era" para as cooperativas. Dispõe sobre a constituição,
autorização para funcionamento, alterações estatutárias e o cancelamento da
autorização para funcionamento das cooperativas de crédito.
CONCLUSÃO

A cooperação que, em todos os lugares, responde à necessidade do ser


humano é, na verdade, um conceito universal. As cooperativas estão presentes em
todos os países e em todos os sistemas econômicos e culturais. Segundo o relatório
do Banco Mundial, seria difícil encontrar um sistema mais eficaz do que o
cooperativo para encorajar e estimular a participação ativa das populações, na
realização de programas de desenvolvimento.

É um instrumento pelo qual a sociedade se organiza, por meio da ajuda


mútua, para resolver diversos problemas relacionados ao seu dia-a-dia. Segundo a
Política Nacional de Cooperativismo, as pessoas de uma sociedade cooperativista
se obrigam reciprocamente a contribuir com bens ou serviços para o exercício de
uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.

O cooperativismo de crédito, por sua vez, dadas as suas características


organizacionais aqui elencadas, é um importante instrumento para o
desenvolvimento da sociedade. Eficaz para a democratização do crédito e para a
desconcentração da renda, além de viabilizar a busca de soluções para seus
problemas de acesso ao crédito e aos serviços bancários de forma autônoma e
independente.

As relações cooperativistas podem representar um ícone para uma


sociedade mais justa e igual em todos os sentidos; uma possibilidade de
reorganização econômica da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<http://www.espacoacademico.com.br> Acesso em: 04 jul. 2005.

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<http://www.azolin@mps.com.br> Acesso em: 13 jun. 2005.

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<http://www.unicred.com.br> Acesso em: 15 jun. 2005.

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no Brasil uma tentativa para estimular a discussão científica. 2. ed. São Leopoldo:
UNISINOS, 1986.

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Janeiro: Qualitymark, 1997.

GUIMARÃES, Mário Kruel; ARAÚJO, Adilson Tadeu. Ensino básico de


cooperativismo à distância. 1. ed. Brasília: CONFEBRAS, 1999.

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45

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Stefanes. O adequado tratamento tributário das sociedades cooperativas. Porto
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MONEZI, Mariângela. Legislação cooperativista. Disponível em:


<http://www.mmonezi.sites.uol.com.br> Acesso em: 03 jul. 2005.

SCHARDONG, Ademar. Cooperativa de crédito: instrumento de organização


econômica da sociedade. Porto Alegre: Rígel, 2002.

Material didático do curso de pós-graduação especialização em Cooperativismo.


Lajeado: UNIVATES, 2003/2004:

- BRASIL. Banco Central do Brasil. Resolução nº 3.106 e Projeto de Lei nº 278/2003.

- CARAVENTES, Geraldo R. Teoria geral da administração: pensando & fazendo (p.


179-205).

- DALLABRIDA, Valdir Roque. Desenvolvimento regional: uma alternativa local de


intervenção na organização espacial mundial?

- ______. Governança territorial e políticas públicas: para a institucionalização de


uma prática de consertação público-privada (p. 10-23).

- ______; BÜTTENBENDER, Pedro Luís; HÖFLER, Cláudio Edilberto. A organização


social para o desenvolvimento: análise da experiência recente da região gaúcha
Fronteira Noroeste .

- KONZEN, Otto Guilherme; SCHMIDT, Derli. A face econômica das cooperativas (p.
24-31).

- ______; et al. Reconversão produtiva rural e agroindustrial face ao novo contexto


econômico (p. 121-141).

- PÉRIUS, Vergílio. A verdadeira história do cooperativismo.

- ______. Congresso brasileiro de cooperativismo: legislação cooperativista.

- SCHMIDT, Derli. Gestão de cooperativas: avaliação da eficiência empresarial das


cooperativas (Carlos Claro de Oliveira Júnior, p. 6-19).
46

- ______. Criatividade e trabalho no Brasil.

- SCHNEIDER, José Odelso. História e doutrina do cooperativismo.


ANEXOS
ANEXO A Parte da Resolução RBC-002.771/2000, de 30.08.2000.

Capítulo IV

Das operações

Art. 9º As cooperativas de crédito podem praticar as seguintes operações:

I - captação de recursos:

a) de associados, oriundos de depósitos à vista e depósitos a prazo sem


emissão de certificado;

b) de instituições financeiras, nacionais ou estrangeiras, na forma de


empréstimos, repasses, refinanciamentos e outras modalidades de operações de
crédito;

c) de qualquer entidade, na forma de doações, de empréstimos ou repasses,


em caráter eventual, isentos de remuneração ou a taxas favorecidas.

II - concessão de créditos, exclusivamente a seus associados, incluídos os


membros de órgãos estatutários, nas modalidades de:

a) desconto de títulos;

b) operações de empréstimo e de financiamento;

c) crédito rural;

d) repasses de recursos oriundos de órgãos oficiais e instituições


financeiras.

III - aplicações de recursos no mercado financeiro, inclusive depósitos a


prazo, com ou sem emissão de certificado, observadas eventuais restrições legais e
regulamentares específicas de cada aplicação;

IV - prestação de serviços:

a) de cobrança, de custódia, de correspondente no País, de recebimentos e


pagamentos por conta de terceiros e sob convênio com instituições públicas e
privadas, nos termos da regulamentação aplicável às demais instituições financeiras;

b) a outras instituições financeiras, mediante convênio, para recebimento e


pagamento de recursos coletados com vistas à aplicação em depósitos, fundos e
outras operações disponibilizadas pela instituição convenente;
49

V - formalização de convênios com outras instituições financeiras com vistas


a:

a) obter acesso indireto à conta Reservas Bancárias, na forma da


regulamentação em vigor;

b) participar do Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis


(SCCOP);

c) realizar outros serviços complementares às atividades fins da cooperativa;

VI - outros tipos previstos na regulamentação em vigor ou autorizados pelo


Banco Central do Brasil.

§ 1º Na captação de recursos na forma do inciso I, alínea "a", a cooperativa


de crédito deve cientificar o associado, mediante documento formal, que os
depósitos não contam com garantia do Fundo Garantidor de Crédito - FGC.

§ 2º Na execução dos convênios de que trata o inciso IV, alínea "b", deste
artigo, deve ser observado que:

I - compete à cooperativa de crédito manter registros à parte, evidenciando


que recursos coletados ao amparo do mencionado convênio, bem como as
remunerações pagas pela instituição financeira, pertencem aos aplicadores,
permanecendo segregados de sua contabilidade, e realizar fechamentos diários das
posições;

II - compete à instituição financeira convenente evidenciar, relativamente aos


recursos recebidos e suas remunerações, a titularidade dos aplicadores individuais,
bem como a condição, da cooperativa conveniada, de simples prestadora de
serviços;

III - a instituição financeira convenente dispensará, aos recursos assim


captados, tratamento idêntico ao dispensado às demais captações realizadas junto
aos seus clientes diretos, para fins da observação da legislação e regulamentação
aplicáveis.

§ 3º A concessão de crédito a membros de órgãos estatutários deverá


observar critérios idênticos aos utilizados para os demais associados.

§ 4º Os recursos captados ou repassados de outras instituições financeiras:


50

I - destinados ao crédito rural, deverão ser integralmente aplicados em


operações vinculadas àquela finalidade;

II - sem destinação específica, deverão ser integralmente aplicados em


operações vinculadas à atividade principal prevista em estatuto.

Art. 10. Devem ser observados os seguintes limites operacionais:

I - de diversificação de risco por cliente

a) 25% (vinte e cinco por cento) do PLA, por parte de todas as cooperativas
de crédito, em aplicações em títulos e valores mobiliários emitidos por uma mesma
empresa, empresas coligadas e controladora e suas controladas;

b) 20% (vinte por cento) do PLA, por parte de cooperativas centrais de


crédito, em operações de crédito e de concessão de garantias com uma única
cooperativa filiada;

c) 10% (dez por cento) do PLA, por parte de cooperativas singulares filiadas
a centrais de crédito, e 5% (cinco por cento) do PLA, por parte de cooperativas de
crédito singulares não filiadas a centrais de crédito, em operações de crédito e de
concessão de garantias com um único associado.

II - de endividamento a ser utilizado na realização de quaisquer operações


passivas facultadas às cooperativas, admitidas inclusive as referidas no § 1º deste
artigo:

a) de 10 (dez) vezes o PLA, no caso de cooperativas singulares filiadas a


centrais;

b) de 5 (cinco) vezes o PLA, no caso de cooperativas singulares não filiadas


a centrais.

§ 1º Fica estabelecido, para as cooperativas de crédito rural singulares,


filiadas a centrais, que apresentem valor de patrimônio líquido, ajustado de acordo
com a regulamentação em vigor, até o máximo de R$ 650.000,00 (seiscentos e
cinqüenta mil reais), limite de endividamento adicional de 10 (dez) vezes o
respectivo PLA a ser utilizado exclusivamente em operações realizadas ao amparo
do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).
51

§ 2º As cooperativas de crédito singulares podem deduzir, das obrigações


computadas para efeito da observância do limite de endividamento, os recursos
aplicados em títulos públicos federais.

§ 3º Não estão sujeitos aos limites de diversificação de risco os depósitos e


aplicações efetuados nas cooperativas centrais de crédito pelas cooperativas
filiadas, bem como os realizados no banco cooperativo pelas cooperativas
acionistas.

§ 4º As cooperativas de crédito rural singulares referidas no § 1º, na


realização de operações de crédito ao amparo do PRONAF em favor de associados
pessoas físicas, podendo adotar limite de diversificação de risco de até 20% (vinte
por cento) do PLA durante o primeiro ano de funcionamento, e de até 10% (dez por
cento) após o referido prazo.

§ 5º Para efeito de verificação dos limites estabelecidos neste artigo, será


deduzido do PLA o montante das participações no capital social de instituições
financeiras referidas nos incisos I e II do art. 11.

§ 6º O Banco Central do Brasil definirá as obrigações que devem ser


computadas para fins de verificação do atendimento dos limites de endividamento,
bem como poderá estabelecer procedimentos de cálculo com vistas à observância
dos limites referidos neste artigo.

§ 7º Fica estabelecido prazo até 30 de junho de 2001, para que as


cooperativas de crédito em funcionamento procedam à adequação de suas
posições, com vistas ao cumprimento dos limites estabelecidos neste artigo,
vedadas, durante esse prazo, a contratação ou renovação de operações que os
infrinjam diretamente ou que agravem eventuais excessos verificados com relação
aos referidos limites.
ANEXO B Resolução nº 3.106/2003.

Dispõe sobre os requisitos e procedimentos para a constituição, a


autorização para funcionamento e alterações estatutárias, bem como para o
cancelamento da autorização para funcionamento de cooperativas de
crédito.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei 4.595, de 31 de dezembro de


1964, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 24 de
junho de 2003, tendo em vista o disposto nos arts. 4º, incisos VI e VIII, e 55 da referida lei e 103 da
Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971,

R E S O L V E U:

Art. 1º Aprovar o regulamento anexo, que disciplina a constituição e o funcionamento de


cooperativas de crédito.

Art. 2º Não serão concedidas autorizações para o funcionamento de seções de crédito de


cooperativas mistas.

Art. 3º Os pedidos de autorização de que trata o regulamento anexo serão objeto de


estudos pelo Banco Central do Brasil com vistas a sua aceitação ou recusa.

Art. 4º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a baixar as normas e a adotar as medidas
julgadas necessárias à execução do disposto nesta resolução.

Art. 5º Aplicam-se aos processos protocolizados no Banco Central do Brasil anteriormente à


data de publicação desta resolução as disposições das Resoluções 2.771, de 30 de agosto de
2000, e 3.058, de 20 de dezembro de 2002.

Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7º Ficam revogadas as Resoluções 2.771, de 30 de agosto de 2000, e 3.058, de 20 de


dezembro de 2002.

Brasília, 25 de junho de 2003.

Henrique de Campos Meirelles


Presidente

Regulamento anexo à Resolução 3.106, de 25 de junho de 2003, que disciplina a


constituição, a autorização para funcionamento e alterações estatutárias, bem como o cancelamento
da autorização para funcionamento de cooperativas de crédito.
53

Capítulo I

DA CONSTITUIÇÃO E DA AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO

Art. 1º As cooperativas de crédito devem observar, para sua constituição, a legislação em


vigor, as normas deste regulamento e demais disposições regulamentares vigentes.

Art. 2º Previamente à constituição de cooperativa de crédito singular, os interessados


devem apresentar ao Banco Central do Brasil projeto abordando os seguintes pontos:

I - identificação do grupo de associados fundadores e, quando for o caso, das entidades


fornecedoras de apoio técnico ou financeiro, com abordagem das motivações e propósitos que
levaram à decisão de constituir a cooperativa;

II - condições estatutárias de associação e área de atuação pretendida;

III - cooperativa central de crédito a que será filiada, ou, na hipótese de não filiação, os
motivos que determinaram essa decisão, evidenciando, nesse caso, como a cooperativa pretende
suprir os serviços prestados pelas centrais;

IV - estrutura organizacional prevista;

V - descrição do sistema de controles internos, com vistas à adequada supervisão de


atividades por parte da administração;

VI - estimativa do número de pessoas que preenchem as condições de associação e do


crescimento do quadro nos três anos seguintes de funcionamento, indicando as formas de divulgação
visando atrair novos associados;

VII - descrição dos serviços a serem prestados, da política de crédito e das tecnologias e
sistemas empregados no atendimento aos associados;

VIII - medidas visando a efetiva participação dos associados nas assembléias;

IX - formas de divulgação aos associados das deliberações adotadas nas assembléias,


demonstrativos financeiros, pareceres de auditoria e atos da administração;

X - definição de prazo máximo para início de atividades após a eventual concessão da


autorização para funcionamento.

Art. 3º Previamente à constituição de cooperativa central de crédito, os interessados devem


apresentar ao Banco Central do Brasil projeto abordando, em função dos objetivos da cooperativa, os
seguintes pontos:

I - identificação das cooperativas singulares associadas, com indicação de nome, número


de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), município sede, tipos de serviços
prestados, municípios integrantes da área de atuação, número de associados e sua variação nos
últimos três anos;

II - identificação, quando for o caso, das entidades fornecedoras de suporte técnico ou


financeiro para constituição da central;
54

III - previsão de participação societária da central em instituições financeiras ou de outra


natureza;

IV - condições estatutárias de associação, área de atuação pretendida e eventual previsão


de ampliação, com estimativa do número de cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais
ali existentes, que preencham referidas condições;

V - política de promoção da constituição de novas cooperativas de crédito e identificação


dessas oportunidades na área de atuação pleiteada; política de promoção de novas filiações,
requisitos para filiação de cooperativas existentes e estimativas do crescimento do quadro de filiadas
nos próximos três anos;

VI - estrutura organizacional e responsabilidades atribuídas aos componentes


administrativos e delineamento do sistema de controles internos a ser implementado;

VII - requisitos a serem adotados para exercício de cargos de administração e de cargos


integrantes dos quadros técnicos encarregados das funções de supervisão e de auditoria em filiadas;

VIII - dimensionamento e evolução nos próximos três anos, das áreas responsáveis pelo
cumprimento das atribuições estabelecidas no Capítulo IV, destacando a eventual contratação de
serviços de outras centrais, de auditores independentes e de outras entidades, com vistas a suprir ou
complementar os quadros próprios e à obtenção de apoio técnico para a formação das equipes de
supervisores, auditores e instrutores;

IX - medidas a serem adotadas para tornar efetiva a implementação dos sistemas de


controles internos das singulares filiadas, desenvolvimento ou adoção de manual padronizado de
controles internos e realização das auditorias internas requeridas pela regulamentação, abordando a
possível contratação de serviços de outras entidades visando esses fins;

X - serviços financeiros a serem prestados; política de captação e de crédito; administração


centralizada de recursos, fluxos operacionais, obrigações, limites e responsabilidades a serem
observados; deveres e obrigações da central e das filiadas no tocante à solidariedade financeira,
recomposição de liquidez, operações de saneamento e constituição de fundo garantidor;

XI - serviços visando proporcionar às filiadas acesso ao sistema de compensação de


cheques e de transferência de recursos entre instituições financeiras, respectivo controle de riscos,
fluxos operacionais e relacionamento com bancos conveniados;

XII - planejamento das atividades de capacitação de administradores, gerentes e


associados de cooperativas filiadas para os próximos três anos, destacando as entidades
especializadas em treinamento a serem eventualmente contratadas;

XIII - descrição de outros serviços relevantes para o funcionamento das cooperativas


filiadas, especialmente consultoria jurídica, desenvolvimento e padronização de sistemas de
informática, sistemas administrativos e de atendimento a associados;
55

XIV - estudo econômico-financeiro referente aos três anos seguintes, demonstrando as


economias de escala a serem obtidas pelas singulares associadas, sua capacidade para arcar com
os custos operacionais, orçamento de receitas e despesas e formas de rateio às singulares.

Parágrafo único. A constituição de cooperativa central subordina-se ao cumprimento, por


parte das cooperativas singulares fundadoras, dos limites operacionais estabelecidos pela
regulamentação em vigor e de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil, bem como à
regularidade dos dados registrados em qualquer sistema público ou privado de cadastro de
informações.

Art. 4º O Banco Central do Brasil, no curso do exame dos projetos de que tratam os arts. 2º
e 3º, pode solicitar a apresentação de:

I - estudo de viabilidade abrangendo os três primeiros anos de atividade da instituição,


abordando:

a) análise econômico-financeira da área de atuação e do segmento social definido pelas


condições de associação;

b) demanda de serviços financeiros apresentada pelo referido segmento social e


atendimento por instituições concorrentes;

c) projeção da estrutura patrimonial e de resultados;

II - documentos destinados à comprovação das possibilidades de reunião, controle,


realização de operações e prestação de serviços, com vistas à aprovação da área de admissão de
associados, bem como de manifestação da respectiva cooperativa central, quando for o caso.

Art. 5º Uma vez obtida a manifestação favorável do Banco Central do Brasil em relação ao
projeto de constituição da cooperativa de crédito, os interessados devem formalizar o pedido de
autorização para funcionamento no prazo máximo de noventa dias, contado do recebimento da
respectiva comunicação, cuja inobservância ensejará o arquivamento do processo.

§ 1º O pedido de autorização deve ser instruído de acordo com as determinações


específicas do Banco Central do Brasil.

§ 2º O Banco Central do Brasil pode conceder, mediante solicitação justificada, prazo


adicional de até noventa dias, findo o qual, não adotadas as providências pertinentes, o respectivo
processo será automaticamente arquivado.

§ 3º A autorização para funcionamento de cooperativa de crédito está vinculada à


aprovação, pelo Banco Central do Brasil, dos atos formais de constituição, observada a
regulamentação vigente.

§ 4º O início das atividades da cooperativa de crédito deverá observar o prazo previsto no


respectivo projeto, podendo o Banco Central do Brasil conceder, em caráter de excepcionalidade,
prorrogação do prazo, mediante requisição fundamentada, firmada pelos administradores da
cooperativa.
56

Capítulo II

DAS CONDIÇÕES ESTATUTÁRIAS DE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS

Art. 6º As cooperativas de crédito singulares devem estabelecer no respectivo estatuto


condições de admissão de associados segundo um dos seguintes critérios:

I - empregados, servidores e pessoas físicas prestadoras de serviço em caráter não


eventual, de uma ou mais pessoas jurídicas, públicas ou privadas, definidas no estatuto, cujas
atividades sejam afins, complementares ou correlatas, ou pertencentes a um mesmo conglomerado
econômico;

II - profissionais e trabalhadores dedicados a uma ou mais profissões e atividades, definidas


no estatuto, cujos objetos sejam afins, complementares ou correlatos;

III - pessoas que desenvolvam, na área de atuação da cooperativa, de forma efetiva e


predominante, atividades agrícolas, pecuárias ou extrativas, ou se dediquem a operações de captura
e transformação do pescado;

IV - pequenos empresários, microempresários ou microempreendedores, responsáveis por


negócios de natureza industrial, comercial ou de prestação de serviços, incluídas as atividades da
área rural objeto do inciso III, cuja receita bruta anual, por ocasião da associação, seja igual ou
inferior ao limite estabelecido pelo art 2º da Lei 9.841, de 5 de outubro de 1999, para as empresas de
pequeno porte;

V - livre admissão de associados.

Art. 7º A cooperativa de crédito singular pode fazer constar de seus estatutos previsão de
associação de:

I - seus próprios empregados e pessoas físicas que a ela prestem serviços em caráter não
eventual, equiparados aos primeiros para os correspondentes efeitos legais;

II - empregados e pessoas físicas prestadoras de serviços em caráter não eventual às


entidades a ela associadas e àquelas de cujo capital participe direta ou indiretamente;

III - aposentados que, quando em atividade, atendiam aos critérios estatutários de


associação;

IV - pais, cônjuge ou companheiro, viúvo, filho e dependente legal e pensionista de


associado vivo ou falecido;

V - pensionistas de falecidos que preenchiam as condições estatutárias de associação;

VI - pessoas jurídicas, observadas as disposições da legislação em vigor.

Art. 8º O Banco Central do Brasil pode aprovar, a seu critério, pedidos de fusão, de
incorporação e de continuidade de funcionamento de cooperativas de crédito, cujas condições de
admissão de associados na nova cooperativa preservem os públicos-alvos anteriormente atendidos
pelas cooperativas envolvidas.
57

Capítulo III

DAS CONDIÇÕES ESPECIAIS RELATIVAS ÀS COOPERATIVAS DE LIVRE ADMISSÃO


DE ASSOCIADOS E ÀS DE PEQUENOS EMPRESÁRIOS, MICRO-EMPRESÁRIOS E
MICROEMPREENDEDORES.

Art. 9º O Banco Central do Brasil somente examinará pedidos de autorização para


funcionamento de novas cooperativas de crédito cujos estatutos estabeleçam a livre admissão de
associados, bem como de aprovação de alteração estatutária de cooperativas de crédito em
funcionamento com vistas à referida condição de admissão, dentro das seguintes condições:

I - caso a população da respectiva área de atuação não exceda 100 mil habitantes, é
admitida a autorização para funcionamento de novas cooperativas, bem como a alteração estatutária
de cooperativas existentes que apresentem cumprimento dos limites operacionais estabelecidos pela
regulamentação em vigor, de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil e regularidade dos
dados registrados em qualquer sistema público ou privado de cadastro e informações;

II - caso a população da respectiva área de atuação exceda 100 mil habitantes, é admitida a
alteração estatutária de cooperativas em funcionamento há mais de três anos, que apresentem
cumprimento dos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor, de suas
obrigações perante o Banco Central do Brasil e regularidade dos dados registrados em qualquer
sistema público ou privado de cadastro e informações.

§ 1º A área de atuação das cooperativas de que trata este artigo deve ser constituída por
um ou mais municípios inteiros em região contínua, com população total não superior a 750 mil
habitantes.

§ 2º A área de atuação das cooperativas formadas de acordo com o inciso I pode ser
ampliada, mediante aprovação do correspondente pedido pelo Banco Central do Brasil, após três
anos de funcionamento no regime de livre admissão, observado o disposto no inciso II.

§ 3º A população dos municípios pertencentes à área de atuação das cooperativas de que


trata este artigo será verificada com base nos dados das estimativas populacionais municipais
divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos à data mais próxima
disponível, ou, na sua falta, dados oriundos do poder público local.

§ 4º São equiparadas a municípios, para efeitos da verificação das condições estabelecidas


neste regulamento, as regiões administrativas pertencentes ao Distrito Federal.

Art. 10. As cooperativas de crédito cujos estatutos estabeleçam a livre admissão de


associados devem observar, também, as seguintes condições:

I - filiação a cooperativa central de crédito que apresente:

a) três anos de funcionamento;

b) cumprimento das atribuições referidas no art. 13, dos limites operacionais estabelecidos
pela regulamentação em vigor e de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil;
58

c) regularidade dos dados registrados em qualquer sistema público ou privado de cadastro


de informações;

d) Patrimônio de Referência (PR) superior a R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) nas


Regiões Sudeste e Sul, superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) na Região Centro-Oeste e
superior a R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) nas Regiões Norte e Nordeste;

II - apresentação, quando do pedido de autorização para funcionamento, ou pedido de


alteração estatutária visando aprovação das condições de admissão de associados referidas no
caput, do projeto de que trata o art. 2º e de relatório de conformidade da respectiva cooperativa
central de crédito expondo os motivos que recomendam a aprovação do pedido;

III - participação em fundo garantidor, no caso de haver captação de depósitos;

IV - publicação de declaração de propósito por parte dos administradores eleitos, com vistas
à correspondente homologação pelo Banco Central do Brasil;

V - aplicação em créditos equivalente a, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) do valor


médio dos saldos diários dos depósitos do mês anterior ao mês de referência, ou dos seis meses
anteriores ao mês de referência, o que for menor, requisito cujo cumprimento deverá ser verificado
mensalmente a partir do décimo terceiro mês de funcionamento da cooperativa de livre admissão de
associados.

§ 1º O limite estabelecido no inciso V pode ser cumprido mediante transferência de recursos


à respectiva cooperativa central de crédito, com vistas ao repasse integral a outras cooperativas
singulares de livre admissão e correspondente aplicação em créditos aos respectivos associados,
devendo o montante repassado ser acrescido ao limite mínimo próprio da cooperativa singular
recebedora.

§ 2º O montante equivalente à deficiência de cumprimento do limite referido no inciso V,


bem como os recursos recebidos por repasse nos termos do §. 1º e não aplicados em créditos aos
respectivos associados, devem ser recolhidos ao Banco Central do Brasil, em moeda corrente, e
remunerados mensalmente pela remuneração básica dos depósitos de poupança, acrescida de juros
de 0,5 % a.m. (cinco décimos por cento ao mês), permanecendo indisponíveis pelo prazo de um mês,
cabendo àquela Autarquia estabelecer os procedimentos julgados necessários ao cumprimento do
disposto neste parágrafo.

Art. 11. As cooperativas de crédito de pequenos empresários, microempresários e


microempreendedores devem observar, também, as seguintes condições:

I - filiação a cooperativa central de crédito, respeitado o disposto no art. 10, inciso I, alíneas
b - e -c-;

II - publicação de declaração de propósito por parte dos administradores eleitos, com vistas
à correspondente homologação pelo Banco Central do Brasil.
59

Art. 12. Na hipótese de não cumprimento do disposto no art. 10, incisos I ou III, e no art.
11, inciso I, ficam as cooperativas de livre admissão de associados e as de pequenos empresários,
microempresários e microempreendedores obrigadas a adotar as seguintes medidas:

I - suspensão da admissão de novos associados; e

II - apresentação, ao Banco Central do Brasil, de relatório detalhando os motivos que


levaram a essa situação, bem como de plano de adequação a ser aprovado e acompanhado pela
referida Autarquia.

Capítulo IV

DAS ATRIBUIÇÕES ESPECIAIS DAS COOPERATIVAS CENTRAIS DE CRÉDITO

Art. 13. As cooperativas centrais de crédito devem prever, em seus estatutos e normas
operacionais, dispositivos que possibilitem prevenir e corrigir situações anormais que possam
configurar infrações a normas legais ou regulamentares ou acarretar risco para a solidez das
cooperativas filiadas e do sistema associado, inclusive a possibilidade de constituir fundo garantidor.

Parágrafo único. Com vistas a atingir os objetivos previstos neste artigo, as cooperativas
centrais de crédito devem desempenhar, entre outras, as seguintes funções:

I - supervisionar o funcionamento de suas filiadas, com vistas ao cumprimento da legislação


e regulamentação em vigor e das normas próprias do sistema associado;

II - assegurar o cumprimento da regulamentação referente à implementação do sistema de


controles internos de suas filiadas;

III - promover a formação e a capacitação permanente dos membros de órgãos estatutários,


gerentes e associados de cooperativas filiadas, bem como de seus próprios supervisores e auditores;

IV - realizar auditoria de demonstrações financeiras das filiadas, inclusive notas explicativas


exigidas pelas normas legais e regulamentares em vigor, podendo, para tanto, examinar livros e
registros de contabilidade e outros documentos, observando-se a seguinte freqüência:

a) demonstrações relativas às datas-base de 30 de junho e de 31 de dezembro, no caso de


cooperativas de pequenos empresários, microempresários e microempreendedores e de cooperativas
de livre admissão de associados;

b) demonstrações relativas ao encerramento do exercício social, no caso das demais


cooperativas singulares filiadas.

Art. 14. As cooperativas centrais de crédito devem observar os seguintes procedimentos no


desempenho das funções de que trata o art. 13:

I - dispor, em seus quadros próprios, com vistas à realização de auditoria de demonstrações


financeiras de cooperativas singulares, de responsáveis técnicos que atendam à regulamentação
60

específica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), ou contratar serviços de outra central ou de


auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários;

II - zelar pela não-ocorrência de impedimentos e incompatibilidades previstos nas normas e


regulamentos do CFC, em relação aos responsáveis técnicos referidos no inciso I e aos demais
membros das equipes prestadoras de serviços de auditoria independente e de auditoria interna, com
referência às cooperativas singulares auditadas;

III - elaborar relatório de auditoria de demonstrações financeiras, opinando sobre sua


adequação às práticas contábeis adotadas no Brasil e às normas editadas pelo Banco Central do
Brasil, conforme periodicidade estabelecida no art. 13, parágrafo único, inciso IV;

IV - elaborar relatório de avaliação da qualidade e adequação dos controles internos,


inclusive dos controles e sistemas de processamento eletrônico de dados e de avaliação de riscos, e
do cumprimento de normas operacionais estabelecidas na legislação e regulamentação em vigor,
devendo ser evidenciadas as irregularidades encontradas, conforme periodicidade estabelecida no
art. 13, parágrafo único, inciso IV;

V - manter a disposição do Banco Central do Brasil, pelo prazo mínimo de cinco anos, os
documentos referidos nos incisos III e IV, os papéis de trabalho, correspondências, contratos de
prestação de serviços, bem como os documentos relacionados com os trabalhos de auditoria;

VI - recomendar e adotar medidas adequadas com vistas ao restabelecimento da


normalidade do funcionamento das cooperativas filiadas ou assistidas sob contrato, em face de
situações de desconformidade com as normas aplicáveis ou que acarretem risco imediato ou futuro;

VII - comunicar ao Banco Central do Brasil as irregularidades ou situações de exposição


anormal a riscos detectadas por meio do desempenho das atribuições de que trata o art. 13, inclusive
as medidas tomadas ou recomendadas pela central e eventuais obstáculos encontrados para sua
implementação, dando ênfase, no caso de cooperativas filiadas, às ocorrências que indiquem
possibilidade de futuro desligamento;

VIII - apresentar ao Banco Central do Brasil relatório justificando ocorrências de desfiliação


e de indeferimento de pedido de filiação de cooperativa singular.

Art. 15. As cooperativas centrais devem comunicar ao Banco Central do Brasil, na forma a
ser estabelecida por aquela Autarquia, os requisitos e critérios adotados para admitir a filiação e
proceder a desfiliação de cooperativas singulares.

Parágrafo único. A comunicação referida no caput deve abordar a estratégia de viabilização


da filiação de cooperativas recém constituídas que ainda não atendam a possíveis requisitos relativos
a porte patrimonial e estrutura organizacional, com vistas ao provimento dos serviços tratados neste
capítulo.

Art. 16. O Banco Central do Brasil poderá determinar à cooperativa central, cujo
desempenho das atribuições tratadas neste capítulo seja considerado deficiente, a contratação de
61

serviços de auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários ou de outras


cooperativas centrais de crédito, enquanto não forem supridas as deficiências verificadas.

Art. 17. As cooperativas centrais devem designar, dentre seus administradores, responsável
perante o Banco Central do Brasil pelas atividades tratadas neste capítulo.

Art. 18. O Banco Central do Brasil poderá definir, com vistas ao cumprimento das
disposições deste capítulo:

I - critérios de inspeção e de avaliação e padrão de elaboração de relatórios;

II - cooperativas singulares em relação às quais deve ser automático o envio, à referida


Autarquia, dos relatórios referidos no art. 14, incisos III e IV, e prazos a serem observados;

III - condições a serem observadas com vistas à prestação de serviços, sob contrato, a
cooperativas de crédito não filiadas, bem como à contratação de serviços especializados no mercado;

IV - prazos para elaboração e envio de relatórios e de adequação aos requisitos


estabelecidos, bem como outras condições julgadas necessárias à observância das presentes
disposições.

Capítulo V

DO CAPITAL E DO PATRIMÔNIO

Art. 19. As cooperativas de crédito devem observar os seguintes limites mínimos, em


relação ao capital integralizado e ao PR:

I - cooperativas centrais:

a) capital integralizado de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), na data de autorização para


funcionamento;

b) PR de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), após três anos da referida data;

c) PR de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), após cinco anos da referida data;

II - cooperativas singulares filiadas a centrais, excetuadas as incluídas nos incisos III e IV:

a) capital integralizado de R$ 3.000,00 (três mil reais), na data de autorização para


funcionamento;

b) PR de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), após três anos da referida data;

c) PR de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), após cinco anos da referida data;

III - cooperativas singulares de livre admissão de associados cuja área de atuação


apresente população não superior a 100 mil habitantes e cooperativas singulares de pequenos
empresários, microempresários e microempreendedores:
62

a) capital integralizado de R$ 10.000,00 (dez mil reais), na data de autorização para


funcionamento;

b) PR de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), após dois anos da referida data;

c) PR de R$ 20.000,00 (cento e vinte mil reais), após quatro anos da referida data;

IV - cooperativas singulares de livre admissão de associados cuja área de atuação


apresente população superior a cem mil habitantes:

a) PR de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais), nos casos em que a área de atuação


inclua qualquer localidade dentre as referidas no § 1º;

b) PR de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), nos casos em que a área de atuação não
inclua qualquer localidade dentre as referidas no § 1º;

V - cooperativas singulares não filiadas a centrais:

a) capital integralizado de R$ 4.300,00 (quatro mil e trezentos reais), na data de autorização


para funcionamento;

b) PR de R$ 43.000,00 (quarenta e três mil reais), após dois anos da referida data;

c) PR de R$ 86.000,00 (oitenta e seis mil reais), após quatro anos da referida data.

§ 1º As localidades a serem consideradas, para efeito de definição do PR mínimo


requerido no inciso IV, são os municípios com mais de cem mil habitantes pertencentes a Regiões
Metropolitanas formadas em torno de capitais de Unidades da Federação, definidas mediante
lei complementar estadual, excluídas as áreas denominadas colar metropolitano e de expansão
metropolitana, não pertencentes ao núcleo metropolitano.

§ 2º Para as Regiões Norte e Nordeste, aplica-se redutor de 50% (cinqüenta por cento) aos
limites mínimos de PR estabelecidos no inciso IV.

Art. 20. Para efeito de verificação do atendimento dos limites mínimos de capital
integralizado e PR das cooperativas de crédito, devem ser deduzidos os valores correspondentes ao
patrimônio líquido mínimo fixado para as instituições financeiras de que participe, ajustados
proporcionalmente ao nível de cada participação.

Art. 21. As cooperativas de crédito devem manter valor de PR compatível com o grau de
risco da estrutura de seus ativos, passivos e contas de compensação (PLE), de acordo com normas
específicas a serem editadas pelo Banco Central do Brasil.

Parágrafo único. Enquanto não editadas as normas referidas no caput, permanecem


aplicáveis as disposições do art. 7º do Regulamento anexo à Resolução 2.771, de 30 de agosto de
2000, e da Circular 3.147, de 4 de setembro de 2002.

Art. 22. São vedadas às cooperativas de crédito:

I - a integralização de quotas-parte e rateio de perdas de exercícios anteriores mediante


concessão de crédito ou retenção de parte do seu valor;
63

II - a adoção de capital rotativo, assim caracterizado o registro, em contas de patrimônio


líquido, de recursos captados em condições semelhantes às de depósitos à vista e a prazo.

§ 1º A cooperativa de crédito cujo estatuto estabeleça critério de proporcionalidade entre o


capital subscrito e o movimento financeiro pode acrescer, às operações de crédito destinadas ao
financiamento das atividades produtivas do associado, recursos destinados à elevação do respectivo
capital, com vistas a atingir o mínimo exigido para a concessão do financiamento.

§ 2º Para o cálculo do PR, deve ser excluído o saldo atualizado das operações de crédito de
que trata o § 1º referentes à elevação de capital de associados.

§ 3º O estatuto social pode estabelecer regras referentes a resgates eventuais de quotas de


capital, quando de iniciativa do associado, de forma a preservar, além do número mínimo de quotas,
o cumprimento dos limites estabelecidos pela regulamentação em vigor e a integridade do capital e
patrimônio líquido, cujos recursos devem permanecer por prazo suficiente para refletir a estabilidade
inerente à sua natureza de capital fixo da instituição.

Capítulo VI

DAS OPERAÇÕES E DOS LIMITES DE EXPOSIÇÃO POR CLIENTE

Art. 23. As cooperativas de crédito podem:

I - captar depósitos, somente de associados, sem emissão de certificado; obter empréstimos


ou repasses de instituições financeiras nacionais ou estrangeiras; receber recursos oriundos de
fundos oficiais e recursos, em caráter eventual, isentos de remuneração ou a taxas favorecidas, de
qualquer entidade na forma de doações, empréstimos ou repasses;

II - conceder créditos e prestar garantias, inclusive em operações realizadas ao amparo da


regulamentação do crédito rural em favor de produtores rurais, somente a associados;

III - aplicar recursos no mercado financeiro, inclusive em depósitos à vista e a prazo com ou
sem emissão de certificado, observadas eventuais restrições legais e regulamentares específicas de
cada aplicação;

IV - prestar serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de


terceiros sob convênio com instituições públicas e privadas e de correspondente no País, nos termos
da regulamentação em vigor;

V - no caso de cooperativas centrais de crédito, prestar serviços de administração de


recursos de terceiros em favor de singulares filiadas, bem como serviços técnicos referentes às
atribuições tratadas no capítulo IV a outras cooperativas de crédito centrais e singulares filiadas ou
não;

VI - proceder à contratação de serviços com objetivo de viabilizar a compensação de


cheques e as transferências de recursos no sistema financeiro, de prover necessidades de
64

funcionamento da instituição ou de complementar os serviços prestados pela cooperativa aos


associados.

§ 1º A cooperativa de crédito singular que não participe de fundo garantidor deve obter do
associado declaração de conhecimento dessa situação:

I - por ocasião da respectiva abertura, para as novas contas de depósitos;

II - até 30 de junho de 2004, para as contas de depósitos existentes na data da entrada em


vigor desta resolução.

§ 2º A concessão de créditos e a prestação de garantias a membros de órgãos estatutários


devem observar critérios idênticos aos utilizados para os demais associados.

§ 3º O Banco Central do Brasil pode autorizar e regulamentar outras atividades a serem


desenvolvidas pelas cooperativas de crédito.

Art. 24. Devem ser observados, pelas cooperativas de crédito, os seguintes limites de
exposição por cliente:

I - 25% (vinte e cinco por cento) do PR, por parte de todas as cooperativas de crédito, em
aplicações em títulos e valores mobiliários emitidos por uma mesma empresa, empresas coligadas e
controladora e suas controladas;

II - 20% (vinte por cento) do PR, por parte de cooperativas centrais de crédito, em
operações de crédito e de concessão de garantias com uma única cooperativa filiada;

III - 10% (dez por cento) do PR, por parte de cooperativas singulares filiadas a centrais de
crédito, e 5 % (cinco por cento) do PR, por parte de cooperativas de crédito singulares não filiadas a
centrais de crédito, em operações de crédito e de concessão de garantias com um único associado.

§ 1º Não estão sujeitos aos limites de exposição por cliente os depósitos e aplicações
efetuados nas cooperativas centrais pelas cooperativas filiadas, bem como os realizados no banco
cooperativo pelas cooperativas acionistas.

§ 2º As cooperativas de crédito singulares filiadas a centrais, na realização de operações de


crédito ao amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em favor
de associados pessoas físicas, podem adotar limite de exposição por cliente de até 20% (vinte por
cento) do PR durante o primeiro ano de funcionamento e de 10% (dez por cento) após o referido
prazo.

§ 3º Para efeito de verificação dos limites estabelecidos neste artigo, deve ser deduzido do
PR o montante das participações no capital social de outras instituições financeiras.

Capítulo VII

DO CANCELAMENTO DA AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO


65

Art. 25. O Banco Central do Brasil pode cancelar a autorização para o funcionamento de
cooperativa de crédito que ingressar em regime de liquidação ordinária.

Art. 26. O Banco Central do Brasil, esgotadas as demais medidas cabíveis na esfera de sua
competência, pode cancelar a autorização para funcionamento das instituições de que trata este
regulamento, quando constatada, a qualquer tempo, uma ou mais das seguintes situações:

I - inatividade operacional, sem justa causa;

II - instituição não localizada no endereço informado ao Banco Central do Brasil;

III - interrupção, por mais de quatro meses, sem justa causa, do envio de demonstrativos
financeiros exigidos pela regulamentação em vigor, àquela Autarquia;

IV - descumprimento do prazo para início de atividades previsto no processo de autorização,


observado o disposto no art. 5º, § 4º.

§ 1º O Banco Central do Brasil pode conceder prorrogação do prazo previsto para início de
atividades referido no inciso IV, cabendo, nesse caso, a solicitação de quaisquer documentos e
declarações visando atualização do processo de autorização.

§ 2º O Banco Central do Brasil, previamente ao cancelamento pelos motivos referidos neste


artigo, divulgará, por meio que julgar mais adequado, sua intenção de cancelar a autorização de que
se trata, com vistas à eventual apresentação de objeções, por parte do público, no prazo de trinta
dias.

Capítulo VIII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 27. As cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais devem ter suas
demonstrações financeiras relativas a encerramento de exercício social, inclusive notas explicativas
exigidas pelas normas legais e regulamentares em vigor, submetidas à auditoria independente.

Parágrafo único. Para a realização dos serviços de auditoria referidos neste artigo, podem
ser contratados auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários ou
cooperativas centrais de crédito.

Art. 28. As cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais podem contratar
serviços de cooperativas centrais de crédito, com vistas à implementação de sistemas de controles
internos e à realização de auditoria interna exigidas pelas disposições regulamentares em vigor.

Art. 29. Respeitada a legislação e a regulamentação em vigor, as cooperativas de crédito


somente podem participar do capital de:

I - cooperativa central de crédito, no caso de cooperativa singular;

II - instituições financeiras controladas por cooperativas de crédito, de acordo com


regulamentação específica;
66

III - cooperativas, ou empresas controladas por cooperativas centrais de crédito, que atuem
exclusivamente na prestação de serviços e fornecimento de bens a instituições do setor cooperativo,
desde que necessários ao seu funcionamento ou complementares aos serviços e produtos oferecidos
aos associados;

IV - entidades de representação institucional, de cooperação técnica ou de fins


educacionais.

Art. 30. É vedado aos membros de órgãos estatutários e aos ocupantes de funções de
gerência de cooperativas de crédito participar da administração ou deter 5% (cinco por cento) ou mais
do capital de outras instituições financeiras, exceto de cooperativas de crédito.

Art. 31. Somente é permitida a reeleição, como efetivo ou suplente, de um dos membros
efetivos e um dos membros suplentes do conselho fiscal de cooperativas de crédito.

Art. 32. As cooperativas de crédito singulares devem manter, nas suas dependências, em
local acessível e visível, publicação impressa ou quadro informativo dos direitos e deveres dos
associados, contendo exposição sobre a forma de rateio das eventuais perdas e a existência ou não
de cobertura de fundo garantidor de depósitos e respectivos limites.

Art. 33. As cooperativas de livre admissão de associados, em funcionamento na data da


entrada em vigor desta resolução, devem observar as normas aplicáveis às cooperativas singulares
referidas no art. 6º, incisos I, II e III, não sendo exigida, para a continuidade de seu funcionamento, a
adequação aos requisitos específicos estabelecidos na presente resolução para as cooperativas de
livre admissão de associados.

Parágrafo único. Nas hipóteses de ampliação da respectiva área de atuação, bem como de
instalação de Posto de Atendimento Cooperativo (PAC) e de Posto de Atendimento Transitório (PAT),
as cooperativas de que trata o caput devem adequar-se aos requisitos relativos a esse tipo de
cooperativas estabelecidos neste regulamento.

Art. 34. As infrações aos dispositivos da legislação em vigor e deste regulamento, bem
como a prática de atos contrários aos princípios cooperativistas, sujeitam os diretores e os membros
de conselhos administrativos, consultivos, fiscais e semelhantes de cooperativas de crédito às
penalidades da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, sem prejuízo de outras estabelecidas na
legislação em vigor.

§ 1º Constatado o descumprimento de qualquer limite operacional, o Banco Central do


Brasil poderá exigir a apresentação de plano de regularização contendo medidas previstas para
enquadramento e respectivo cronograma de execução.

§ 2º Os prazos de apresentação do plano de regularização e de cumprimento das medidas


para enquadramento e outras condições pertinentes serão determinados pelo Banco Central do
Brasil.
67

§ 3º A implementação de plano de regularização deverá ser objeto de acompanhamento por


parte de cooperativa central de crédito, ou de auditor independente, que remeterá relatórios mensais
ao Banco Central do Brasil.

Art. 35. O Banco Central do Brasil, com relação aos pedidos de alteração estatutária
envolvendo ampliação da área de atuação ou das condições de admissão de associados, pode exigir
o cumprimento dos requisitos estabelecidos nos arts. 2º a 4º.

Art. 36. O Banco Central do Brasil pode:

I - interromper o exame de processos de autorização ou de alteração estatutária, caso


verificada, por parte das cooperativas interessadas, situação de irregularidade com relação ao
cumprimento da legislação e regulamentação em vigor, inclusive quanto aos limites operacionais e
obrigações perante o Banco Central do Brasil, bem como quanto a dados registrados em qualquer
sistema público ou privado de cadastro de informações, mantendo-se referida interrupção até a
solução das pendências ou a apresentação de fundamentadas justificativas;

II - solicitar documentos e informações adicionais que julgar necessários à decisão da


pretensão;

III - convocar para entrevista os associados fundadores e administradores da cooperativa de


crédito singular e administradores da cooperativa central de crédito.

Art. 37. O Banco Central do Brasil indeferirá os pedidos em relação aos quais for apurada:

I - irregularidade cadastral contra associados fundadores ou administradores;

II - falsidade nas declarações ou documentos apresentados na instrução do processo.

Parágrafo único. Nos casos de que trata o inciso I, o Banco Central do Brasil concederá
prazo aos interessados para que a irregularidade cadastral seja sanada ou, se for o caso, para
apresentação da correspondente justificativa.
ANEXO C Estrutura do Sistema Financeiro Nacional

ÓRGÃOS INSTITUIÇÕES - BANCOS COMERCIAIS SUPERVISÃO


NORMATIVOS FINANCEIRAS - BCOS. MÚLTIPLOS C/CART. COML. E
E DE CAPTADORAS DE - CAIXAS ECONÔMICAS CONTROLE
FISCALIZAÇÃO DEPÓSITO À - COOPERATIVAS DE CRÉDITO ........ BACEN
VISTA
- BCOS. MÚLTIPLOS S/ CART. COML. .. BACEN
- BANCOS DE INVESTIMENTO ............... BACEN/CVM
BACEN DEMAIS - BANCOS DE DESENVOLVIMENTO E
CMN
- SOCIEDADES DE CRÉDITO ................. BACEN
BANCO INSTITUIÇÕES - FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO .... BACEN
CENTRAL - SOC. DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO ......... BACEN
FINANCEIRAS - COMPANHIAS HIPOTECÁRIAS ............. BACEN
C - ASSOC. POUPANÇA E EMPRÉSTIMO .... BACEN
O
N - BOLSAS MERCADORIAS & FUTUROS .. BACEN/CVM
S CVM
- BOLSAS DE VALORES ........................ CVM
E -
OUTROS - SOC. CORRETORA DE TÍTULOS E
L COMISSÃO
VALORES INTERMEDIÁRIOS VALORES MOBILIÁRIOS (CCVM) ......... BACEN/CVM
H - SOC. DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS
MOBI-
O LIÁRIOS OU E VALORES MOBILIÁRIOS .................. BACEN/CVM
- SOC. ARRENDAMENTO MERCANTIL ... BACEN
M AUXILIARES - SOC. CORRETORAS DE CÂMBIO ........ BACEN
O FINANCEIROS - AGENTES AUTÔNOMOS DE
N SUSEP INVESTIMENTO .................................. BACEN/CVM
E - ENTIDADES - ENTIDADES FECHADAS DE
T SUPERIN- LIGADAS PREVIDÊNCIA PRIVADA ..................... SPC
Á TENDÊNCIA AOS - ENTIDADES ABERTAS DE
R DE
SISTEMAS PREVIDÊNCIA PRIVADA ..................... SUSEP
I SEGUROS
PRIVADOS DE - SOCIEDADES SEGURADORAS ............. SUSEP
O
PREVIDÊNCIA - SOCIEDADES DE CAPITALIZAÇÃO ...... SUSEP
E - SOCIEDADES ADMINISTRATIVAS
N
SEGUROS DE SEGUROS ...................................... SUSEP
A
C ENTIDADES - FUNDOS MÚTUOS .............................. BACEN/CVM
I SPC
- ADMINISTRA- - CLUBES DE INVESTIMENTO .............. CVM
O DORAS - CARTEIRAS DE INVESTIDORES
SECRETARI
N DE RECURSOS ESTRANGEIROS ................................ BACEN/CVM
A
A DE DE TERCEIROS - ADMINISTRADORES DE CONSÓRCIO.. BACEN
L LIQUIDAÇÃ
O - SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO
E SISTEMA E CUSTÓDIA ...................................... BACEN
CUSTÓDIA DE - CENTRAL DE CUSTÓDIA E DE
LIQUIDAÇÃO LIQUIDAÇÃO FINANCEIRA DE
E CUSTÓDIA TÍTULOS CETIP ............................... BACEN
- CAIXAS DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA. CVM

Fonte: Fortuna, 1997.


ANEXO D Proposta de admissão SICREDI
ANEXO E Modelo ficha-proposta para abertura de conta (frente)
71

ANEXO E (continuação) Modelo ficha-proposta para abertura de conta (verso)


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