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do? E não lhe soa se- tas do vinho, que o faz falar assim, ta, neste país que parece só estar
quer o nome? Não se com aquele arrasto ora doce, ora bom para velhos. Quanto à paisa-
penalize por isso, lei- acre. Fomos encontrá-lo por onde gem, está conforme, boa para mos-
tor. É fácil neste tem- pára, voltejando, «sem deuses do- cas... Num dos versos do seu novo
po ser-se a «pedra nos ou patrões», ali pelo centro livro também nos adianta: «Eu
com sangue no ouvido», sempre bairrista da Amadora, à porta de que sou Mosca tudo conheço
o mesmo triste veneno diário, o de um tasco, na palheta, na alegria porque a merda é um lugar sem
uns escribas que não aquecem de quem está com os seus. Mas de- fronteiras». O livro tem o título
nem arrefecem. Nunes da Rocha pois, falando com ele, atrás das As Moscas de Sileno – Zig et Zig
nem faz questão de ser notado: su- lentes, anima-se a íris, o olho vo- et Zag. São oito poemas, entre o
jeito discretíssimo, poeta lá com raz, raiado, e do desgaste, do cál- breve e o longo, num salto à vara
os seus botões... Mas, se formos cio sombrio que tritura o ar entre espantoso. Cabe tudo em trinta pá-
ver bem a coisa, os dele são os nos- as articulações, vai-se notando o ginas – uma plaquete, portanto –,
sos botões, e não é preciso muito lucro nos rabos atados das frases mas que desacato, que bulha nos
para, lendo-o, darmos por nós su- sucessivas, emendando, «com es- chama a vir em socorro de tantos
bitamente descamisados, a gabar- tilo e feérica contenção», esse dos seus lados, e que modo de sair
-lhe a competência para «cons- mesmo jeito que se lhe nota nos ao estalo, a pisar, morder, rindo de
truir uma astronomia com tor- versos, e pressente-se a safra de tudo. Foi o pretexto para esta con-
cicolo», entretecendo na cadência tanto ter a alma vomitada e reco- versa, com um poeta que há mui-
mastigada «indecências mitoló- mida às colherinhas. to despediu a pose, e sabe como a