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Aula 00

Direito Internacional Público e Dir Comunitário p/ Ministério Público do Trabalho


(Procurador)

Professor: Ricardo Vale

00000000000 - DEMO
DIREITO INTERNACIONAL P/  MPT (PROCURADOR) 
   
Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 

!ULA !! 

INTRODUÇÃO!AO!DIREITO!
INTERNACIONAL!!!!TRATADOS!
INTERNACIONAIS!(PARTE!1) 

Introdu•‹o ao Direito Internacional .............................................................. 4


1 Ð Conceito de Direito Internacional.......................................................... 4
2 Ð Caracter’sticas da Sociedade Internacional ........................................... 6
3Ð Por que o Direito Internacional Ž dotado de juridicidade e, portanto, Ž
obrigat—rio? .............................................................................................. 10
4Ð Fundamento do Direito Internacional .................................................. 14
Tratados Internacionais .............................................................................. 20
1 Ð Fontes do DIP: o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justi•a:
................................................................................................................. 20
2 - Tratados internacionais: ...................................................................... 23
2.1 Ð Conceito: ......................................................................................... 23
2.2- A Conven•‹o de Viena de 1969 e os tratados internacionais: .................... 27
2.3- Terminologia da Conven•‹o de Viena de 1969: ....................................... 29
2.4 - Classifica•‹o dos Tratados: ................................................................. 33
2.5 - Estrutura dos Tratados: ...................................................................... 36
2.6 Ð Requisitos de Validade dos Tratados: ................................................... 46
Lista de Quest›es ........................................................................................ 55
Gabarito ...................................................................................................... 62
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Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 

Ol‡, amigos do EstratŽgia, tudo bem?

ƒ sempre muito bom estar aqui com voc•s. Meu nome Ž Ricardo Vale e,
desde 2009, sou professor de Direito Internacional.

Saiu o edital do MinistŽrio Pœblico do Trabalho!!

ƒ esse o momento de intensificar os estudos e se preparar da maneira mais


objetiva poss’vel para garantir a sua aprova•‹o.

O edital do MPT exige conhecimentos em Direito Internacional e Direito


Comunit‡rio. ƒ um conteœdo extenso, mas que n‹o Ž t‹o dif’cil assim de ser
aprendido.

Para abordar todos os t—picos do edital, de maneira bem objetiva, seguiremos


o seguinte cronograma:

Assunto Data
Aula 00 Introdu•‹o ao DIP. Tratados internacionais (Parte 1) 12/05

Aula 01 Tratados Internacionais (Parte 2) Hierarquia e Controle 19/05


de Convencionalidade.

Aula 02 1. Sujeitos do Direito Internacional Pœblico. Estados, 26/05


organiza•›es internacionais e pessoas naturais. 2.
îrg‹os das rela•›es entre os Estados: agentes
diplom‡ticos e representantes consulares. Conven•›es
de Viena de 1961 e 1963. As Miss›es Especiais. 3.
Imunidade de jurisdi•‹o dos Estados e das
organiza•›es internacionais: origem, fundamentos,
limites e evolu•‹o. Imunidade de execu•‹o. (Parte 1)

Aula 03 1. Sujeitos do Direito Internacional Pœblico. Estados, 30/05


organiza•›es internacionais e pessoas naturais. 2.
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îrg‹os das rela•›es entre os Estados: agentes


diplom‡ticos e representantes consulares. Conven•›es
de Viena de 1961 e 1963. As Miss›es Especiais. 3.
Imunidade de jurisdi•‹o dos Estados e das
organiza•›es internacionais: origem, fundamentos,
limites e evolu•‹o. Imunidade de execu•‹o. (Parte 2)

Aula 04 Organiza•‹o mundial do comŽrcio e concorr•ncia 06/06


internacional, "Dumping social" "cl‡usula social" e "selo
social".

Aula 05 10. Conceito, princ’pios e orienta•›es sociais do Direito 12/06

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Comunit‡rio. Fontes. Uni‹o Europeia e Unasul. Mercado


Comum do Sul (MERCOSUL): constitui•‹o, natureza
jur’dica, estrutura. Sistema de solu•‹o de
controvŽrsias.

Aula 06 Tratados sobre Direitos humanos. Conven•‹o 18/06


Americana de Direitos Humanos (Pacto de S‹o JosŽ da
Costa Rica). Conven•‹o das Na•›es Unidas contra a
corrup•‹o (Tratado de MŽrida).

Aula 07 Organiza•‹o Internacional do Trabalho: natureza 25/06


jur’dica. îrg‹os da OIT: Conselho de Administra•‹o,
Reparti•‹o Internacional do Trabalho e Confer•ncia ou
Assembleia Geral. Estrutura e composi•‹o dos —rg‹os.
Finalidade e objetivos. Conven•›es e Recomenda•›es
Internacionais do Trabalho. Declara•‹o sobre os
Princ’pios e Direitos Fundamentais do Trabalho. Os
Protocolos. Normas internacionais de prote•‹o da
crian•a e do adolescente: Conven•‹o sobre os Direitos
da Crian•a e Pacto dos Direitos Econ™micos, Sociais e
Culturais (ONU). Conven•‹o 138 e Recomenda•‹o 146
sobre a idade m’nima para admiss‹o no emprego,
Conven•‹o 182 e Recomenda•‹o 190 sobre as piores
formas de trabalho infantil (OIT). Decreto 6.481/08.

Aula 08 Atividades do estrangeiro no Brasil: limita•›es 01/07


constitucionais. Aplica•‹o da lei trabalhista estrangeira:
os princ’pios da lex loci executiones e do locus regit
actum.

Nosso curso ter‡ centenas de quest›es, todas elas comentadas. ƒ


praticando que voc• conseguir‡ levar todo o conhecimento para sua mem—ria
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de longo prazo e, assim, ter um excelente resultado no dia da prova.

Abra•os,

Ricardo e N‡dia

ÒO segredo do sucesso Ž a const‰ncia no objetivoÓ.

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Introdu•‹o ao Direito Internacional

ÒN‹o podemos tomar uma posi•‹o perante o Direito


sem antes termos tomado uma posi•‹o perante
Deus, o Homem e o Universo.Ó (Fran•ois Geny)

1 Ð Conceito de Direito Internacional

Para Celso D. de Albuquerque Mello, a cada sociedade corresponde um


determinado sistema jur’dico.1 Ë sociedade internacional corresponde,
portanto, o Direito Internacional.

Por maiores que sejam as diferen•as entre a ordem jur’dica interna e a ordem
internacional, n‹o se pode negar a presen•a de um arcabou•o jur’dico que
rege a vida e as rela•›es internacionais. ƒ a esse conjunto de normas
jur’dicas (princ’pios e regras) que denominamos Direito Internacional.

O conceito de Direito Internacional n‹o Ž est‡tico; ao contr‡rio, ele evolui


com o passar dos tempos, na medida em que tambŽm evolui a sociedade
internacional. O Direito e a sociedade est‹o, afinal, em permanente intera•‹o,
condicionando-se reciprocamente.

Durante muito tempo, considerou-se que a sociedade internacional era


composta apenas por Estados. Nesse contexto, o Direito Internacional era
visto como o Òconjunto de regras que determina os respectivos direitos e
deveres dos Estados em suas rela•›es mœtuasÓ.2

A sociedade internacional, todavia, evoluiu consideravelmente, em especial ao


longo do sŽculo XX, tornando-se, inegavelmente, mais complexa. AlŽm dos
Estados, passaram a influenciar a din‰mica das rela•›es internacionais
v‡rios outros atores internacionais, como as organiza•›es internacionais,
as ONGs, as empresas transnacionais e atŽ mesmo os indiv’duos.3

O comŽrcio internacional, os investimentos internacionais, o desenvolvimento


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dos transportes e das telecomunica•›es foram fen™menos que intensificaram


ainda mais as rela•›es internacionais e aprofundaram a globaliza•‹o
econ™mica, cultural, social e pol’tica.

Os Estados e os povos est‹o, em virtude da globaliza•‹o, muito mais


pr—ximos uns dos outros. Alguns temas tornaram-se, justamente em virtude
                                                        
1
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 41.
2
MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 63. Cita•‹o do autor franc•s Paul Fauchille.
3
Mais ˆ frente em nosso curso, estudaremos sobre a respeito da diferen•a entre atores
internacionais e sujeitos de direito internacional.
 

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dessa proximidade, o centro das preocupa•›es da humanidade, tais como meio


ambiente, prote•‹o aos direitos fundamentais e terrorismo.

Nesse novo contexto, o conceito de Direito Internacional se amplia. N‹o


mais abrange apenas regras, mas tambŽm princ’pios. N‹o mais se limita a
regular as rela•›es internacionais, mas passa a reger as rela•›es entre todos
os atores internacionais. Seu leque de preocupa•›es se torna abrangente:
longe de versar apenas sobre a guerra e paz (como em suas origens), passa a
tratar dos mais diversos temas do interesse comum da humanidade.

ƒ bastante atual a defini•‹o de Celso Mello, para quem o Direito Internacional


ÒŽ o conjunto de normas que regula as rela•›es externas dos atores
que comp›em a sociedade internacionalÓ.4

Mais completa, todavia, Ž a defini•‹o trazida pelo Prof. ValŽrio Mazzuoli5:

ÒO Direito Internacional pode ser conceituado como o conjunto de


princ’pios e regras jur’dicas (costumeiras e convencionais) que
disciplinam e regem a atua•‹o e a conduta da sociedade internacional
(formada pelos Estados, pelas organiza•›es internacionais e tambŽm
pelos indiv’duos), visando alcan•ar as metas comuns da humanidade e,
em œltima an‡lise, a paz, a seguran•a e a estabilidade das rela•›es
internacionaisÓ.

Em nossa opini‹o, o conceito apresentado por Mazzuoli Ž o melhor de todos,


pois busca abarcar as fontes normativas (princ’pios e regras jur’dicas), os
sujeitos de Direito Internacional (Estados, organiza•›es internacionais e
indiv’duos) e as matŽrias reguladas pela ordem jur’dica internacional
(Òmetas comuns da humanidadeÓ). Trata-se de vis‹o moderna, que ilustra
perfeitamente o atual papel do Direito Internacional na din‰mica das rela•›es
internacionais.

S‹o v‡rias as perspectivas sob as quais se pode analisar a sociedade


internacional: perspectivas pol’tica, cultural, militar, econ™mica e social. A
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perspectiva jur’dica Ž uma delas, n‹o menos importante que as outras.

Conforme ensina Malcolm Shaw, o Direito Ž o elemento que une os membros


de uma sociedade em torno de um conjunto de valores em comum. Ele (o
Direito) ir‡ refletir, em certa medida, as ideias e as preocupa•›es da sociedade
dentro da qual opera.6

                                                        
4
  MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 63. 
5
 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 55.
6
 SHAW, Malcolm N. Direito Internacional. S‹o Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010. pp.1-2.
 

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Com o Direito Internacional n‹o ser‡ diferente. Ao regular a sociedade


internacional, ele reflete as grandes preocupa•›es da humanidade:
prote•‹o ao meio ambiente, seguran•a clim‡tica, manuten•‹o da paz e
seguran•a internacionais, crimes transnacionais, rela•›es econ™micas
internacionais (comŽrcio internacional, coopera•‹o monet‡ria), dentre outras.

O Direito Internacional se ocupar‡ de todas essas quest›es, as quais,


em virtude de sua complexidade, n‹o podem ser enfrentadas por nenhum
Estado, isoladamente considerado. Desse modo, alŽm de buscar a conviv•ncia
harmoniosa entre os membros da sociedade internacional, o Direito
Internacional regular‡ os temas de interesse comum da humanidade.

ƒ f‡cil perceber como surge o direito internacional! Imaginemos um pequeno


agrupamento humano vivendo isoladamente do mundo em situa•‹o primitiva.
Seguindo a m‡xima Òubis societas, ibi jusÓ 7, surgem normas que regulam
as rela•›es sociais, econ™micas e pol’ticas entre esses indiv’duos. Entretanto,
nesse mesmo mundo imagin‡rio, h‡ outros agrupamentos humanos que vivem
isoladamente, os quais tambŽm s‹o regulados por ordenamentos jur’dicos
pr—prios.

A’ Ž que n—s nos perguntamos: o que ocorrer‡ quando for rompida a situa•‹o
de isolamento em que vive cada um desses agrupamentos humanos? O que
ocorrer‡ quando um tiver contato com o outro?

Quando for rompida a situa•‹o de isolamento, esses grupos precisar‹o


conviver em harmonia. Assim, haver‡ a necessidade de que seja criada uma
ordem jur’dica destinada a regular a rela•‹o entre eles, sem a qual estar’amos
diante de uma situa•‹o em que imperaria o desequil’brio e o caos.

Transpondo esse exemplo para a sociedade internacional, percebe-se que


cada Estado possui seu ordenamento jur’dico pr—prio, sem preju’zo de
um ordenamento jur’dico internacional, competente para regular a sociedade
internacional. 00000000000

2 Ð Caracter’sticas da Sociedade Internacional

2.1 Ð Comunidade Internacional X Sociedade Internacional

Conforme j‡ comentamos, o direito internacional Ž respons‡vel pela


regula•‹o da sociedade internacional. Ao ler o texto de alguns tratados,

                                                        
7
ÒUbis societas ibi jusÓ Ž express‹o latina que significa que onde houver uma sociedade
(agrupamento humano) haver‡ uma ordem jur’dica, isto Ž, haver‡ o direito.
 

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todavia, percebe-se que Ž bastante comum a utiliza•‹o do termo comunidade


internacional.

Ser‡ que existe alguma diferen•a entre sociedade internacional e comunidade


internacional?

Sim. A doutrina aponta que h‡ diferen•as relevantes entre sociedade


internacional e comunidade internacional. Quando se diz Òcomunidade
internacionalÓ, a refer•ncia que se faz Ž ˆ exist•ncia de la•os espont‰neos
que ligam os Estados em torno de objetivos em comum. Em uma comunidade
internacional, o comprometimento entre os seus membros Ž profundo e sua
origem Ž natural. Eles permanecem unidos apesar de tudo aquilo que os
separa.

J‡ a express‹o Òsociedade internacionalÓ se refere a uma liga•‹o entre os


Estados que encontra fundamento na vontade de cada um deles. N‹o h‡ um
v’nculo espont‰neo que os liga; Ž a necessidade de coopera•‹o que os une em
torno de objetivos comuns.

Na sociedade internacional, o comprometimento entre os seus membros Ž


superficial (existe uma Òrela•‹o de suportabilidadeÓ entre eles). Sua forma•‹o
Ž volunt‡ria e refletida, ou seja, Ž produ•‹o da vontade dos seus membros,
que se unem com uma finalidade espec’fica. Os membros de uma sociedade
internacional permanecem separados apesar de tudo o que os une.

Em raz‹o de tudo isso, a doutrina majorit‡ria afirma que ainda n‹o Ž


poss’vel falar-se na exist•ncia de uma comunidade internacional, em
que pese esta express‹o estar consagrada no texto de alguns tratados.
Segundo esse pensamento, o mais apropriado Ž dizer que existe, na
atualidade, uma sociedade internacional na qual convivem diversos atores
internacionais.

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2.2 Ð Caracter’sticas da Sociedade Internacional

A sociedade internacional Ž o meio onde se desenvolve o Direito Internacional.


Por isso, Ž fundamental estud‡-la, entendendo quais s‹o as suas
caracter’sticas.

Premissa essencial nesse estudo Ž saber que a sociedade internacional, assim


como o Direito, n‹o Ž est‡tica. Seu surgimento remonta ˆ Antiguidade, Žpoca
em que nem mesmo existia um Òsistema de EstadosÓ. Desde ent‹o, a
sociedade internacional se modificou bastante, e junto com ela o Direito
Internacional.

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A atual sociedade internacional tem como uma de suas principais


caracter’sticas a complexidade. A globaliza•‹o levou a um aprofundamento
das rela•›es internacionais e, com isso, aumentou a din‰mica da sociedade
internacional, tendo surgido diversos novos atores no plano global.

AtŽ o in’cio do sŽculo XX, a sociedade internacional era meramente


interestatal; hoje, h‡ ampla atua•‹o, no cen‡rio internacional, de Organiza•›es
Internacionais, Organiza•›es N‹o-Governamentais, empresas transnacionais e
atŽ mesmo indiv’duos.

Nesse cen‡rio, percebe-se que n‹o h‡ existe um poder centralizado e


universal ao qual se subordinem os Estados. Ao contr‡rio, os Estados s‹o
dotados de soberania, isto Ž, n‹o encontram nenhum poder acima de si
mesmos. A soberania est‡ intimamente relacionada ao princ’pio da igualdade
formal entre os Estados. Por estarem todos os Estados em pŽ de igualdade
(ainda que apenas formal) no plano internacional, diz-se que a sociedade
internacional Ž descentralizada e horizontal, marcada pela coordena•‹o de
interesses.

Percebe-se nitidamente que essa realidade Ž diametralmente oposta ˆquela do


direito interno, em que predomina uma rela•‹o de verticalidade do Estado para
com seus ÒsœditosÓ, marcada pela subordina•‹o de interesses.

A sociedade internacional Ž tambŽm universal e heterog•nea. Ela abrange o


mundo todo, sendo composta por atores com caracter’sticas bem diversas uns
dos outros (aspectos econ™micos, pol’ticos, sociais). H‡ Estados com grande
poder econ™mico; outros, com graves problemas de pobreza. Assim, em que
pese a exist•ncia de uma igualdade formal entre os Estados soberanos,
percebe-se que impera uma desigualdade de fato entre eles.

Uma interessante reflex‹o feita pelo Prof. ValŽrio Mazzuoli ao estudar as


caracter’sticas da ordem jur’dica internacional foi se perguntar como Ž poss’vel
falar em ordem jur’dica em um sistema de normas incapaz de centralizar o
poder.8 Ser‡ que, mesmo a sociedade internacional sendo
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descentralizada, existe um ordenamento jur’dico internacional?

A resposta Ž positiva. Uma sociedade internacional descentralizada e


horizontal, na qual predominam as rela•›es de coordena•‹o, n‹o impede a
exist•ncia de princ’pios e normas de conduta no relacionamento entre
os atores internacionais. Portanto, Ž poss’vel afirmar que existe sim uma

                                                        

8
MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 43- 45.

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ordem jur’dica internacional, embora dotada de certas peculiaridades que a


diferenciam da ordem jur’dica interna dos Estados.

Mas quais seriam essas caracter’sticas peculiares da ordem jur’dica


internacional?

A primeira delas Ž que n‹o existe um Poder Legislativo universal. Ao


contr‡rio, s‹o os pr—prios Estados e Organiza•›es Internacionais que, por meio
do consentimento, elaboram as normas internacionais (tratados). Veja s—: no
ordenamento jur’dico internacional, os mesmos sujeitos que criam as normas
s‹o os destinat‡rios destas.

No atual contexto internacional, percebe-se, ainda, que h‡ uma multiplica•‹o


de fontes normativas, com diversas inst‰ncias internacionais com
capacidade para a elabora•‹o de normas jur’dicas. Tal fen™meno Ž decorr•ncia
da institucionaliza•‹o do direito internacional, que encontra nas
organiza•›es internacionais o ambiente ideal para o relacionamento
interestatal.

O resultado Ž o surgimento de diversos subsistemas jur’dicos (econ™mico,


ambiental, humanista, financeiro, militar), cada um destes como uma l—gica de
funcionamento distinta e muitas vezes antag™nica.9 Pode-se dizer que trata-se
de um processo de fragmenta•‹o do direito internacional.

A segunda caracter’stica Ž a inexist•ncia de um Poder Judici‡rio


universal, com jurisdi•‹o autom‡tica sobre os Estados. Nesse sentido, Ž
correto afirmar que um Estado somente ir‡ se submeter ˆ jurisdi•‹o de uma
Corte Internacional ou mesmo de um tribunal arbitral caso manifeste
favoravelmente seu consentimento.10 Nas palavras de Rezek, Òo Estado
soberano, no plano internacional, n‹o Ž originalmente jurisdicion‡vel
perante corte alguma.Ó 11

Em que pese a impossibilidade de um Estado se submeter compulsoriamente a


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um tribunal internacional sem ter manifestado seu prŽvio consentimento,


verifica-se, na atualidade, que uma das tend•ncias do direito internacional
contempor‰neo Ž a multiplica•‹o das inst‰ncias de solu•‹o de conflitos.

Com efeito, existem hoje diversas cortes internacionais, seja em ‰mbito


global ou regional, dentre as quais citamos a Corte Internacional de Justi•a,
o Tribunal sobre o Direito do Mar, o îrg‹o de Apela•‹o da OMC, a Corte
Interamericana de Direitos Humanos. A multiplica•‹o de inst‰ncias de solu•‹o
                                                        
9
VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Pœblico. S‹o Paulo: Saraiva, 2009, pp. 7-12.
10
Ao estudarmos em aula posterior sobre a compet•ncia contenciosa da CIJ, veremos em
detalhes como funciona a submiss‹o de um Estado ˆ jurisdi•‹o da CIJ.
11
REZEK, Francisco. Direito Internacional Pœblico: curso elementar, 11» Ed, rev. e atual.
S‹o Paulo: Saraiva, 2008, pp. 1 Ð 6.
 

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de conflitos revela um grau crescente de jurisdicionaliza•‹o do direito


internacional.

Ainda quanto a tribunais internacionais, Ž importante assinalar que,


modernamente, existe a possibilidade de que indiv’duos possam peticionar
perante algumas cortes internacionais, assim como serem julgados. ƒ
poss’vel, por exemplo, que um indiv’duo possa apresentar uma peti•‹o
diretamente ˆ Corte Europeia de Direitos Humanos. Ou, ent‹o, o indiv’duo
pode ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional (corte com car‡ter
permanente) em virtude de haver praticado crimes de guerra, crimes contra a
humanidade, crime de genoc’dio ou crime de agress‹o. Trata-se da
possibilidade de criminaliza•‹o supranacional de condutas que violam
gravemente valores essenciais ˆ sociedade internacional.

A terceira caracter’stica da ordem jur’dica internacional Ž que esta se reveste


de car‡ter obrigat—rio. Como veremos mais ˆ frente, h‡ quem argumente
que o direito internacional n‹o se reveste de car‡ter obrigat—rio, n‹o
possuindo meios efetivos de san•‹o.

Trata-se de um argumento usado por aqueles que negam o car‡ter


jur’dico do direito internacional, os quais tambŽm advogam que a
inexist•ncia de um Poder Legislativo universal e de um Poder Judici‡rio com
jurisdi•‹o compuls—ria impedem a exist•ncia de uma ordem jur’dica
internacional. De forma alguma podemos concordar com os que pensam dessa
maneira. O direito internacional possui, sim, meios de san•‹o.

3Ð Por que o Direito Internacional Ž dotado de juridicidade e, portanto,


Ž obrigat—rio?

ƒ verdade que o Direito Interno tem not—rias diferen•as em rela•‹o ao Direito


Internacional. Vejamos quais s‹o elas:
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a) No Direito Interno, h‡ um —rg‹o espec’fico para a elabora•‹o das


normas jur’dicas (Poder Legislativo). No ‰mbito internacional, isso n‹o
existe. Conforme j‡ comentamos, n‹o existe um Poder Legislativo
universal.

b) No Direito Interno, h‡ uma estrutura de tribunais,


hierarquicamente organizados, com jurisdi•‹o compuls—ria. N‹o
existe, porŽm, um Poder Judici‡rio universal. Existem, de fato, v‡rios
Tribunais internacionais, mas eles n‹o det•m jurisdi•‹o compuls—ria. Em
outras palavras, os Estados somente ir‹o se submeter ˆ jurisdi•‹o de
tribunais internacionais se manifestarem sua vontade nesse sentido.

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c) No Direito Interno, h‡ um Poder Executivo (governo) com o


monop—lio do uso leg’timo da for•a. ƒ o que Austin chamava de Òsuperior
pol’ticoÓ. No Direito Internacional, por outro lado, n‹o h‡ uma entidade
dotada de poder de governo ou um sistema unificado de san•›es
semelhante ao do direito interno.12

Essas distin•›es, todavia, n‹o s‹o suficientes para que se sustente a ideia de
que o Direito Internacional n‹o existe ou que n‹o tem natureza jur’dica. Foi-se
o tempo em que se pensava na exist•ncia de uma sociedade internacional
an‡rquica.

A exist•ncia do Direito n‹o demanda, necessariamente, a exist•ncia de um


Òsuperior pol’ticoÓ. Para que o Direito exista, Ž necess‡rio apenas uma
sociedade politicamente organizada na qual os membros reconhe•am a
obrigatoriedade das normas.

Embora n‹o haja um Poder Legislativo universal, as normas internacionais


existem, s‹o v‡lidas e produzem efeitos jur’dicos, uma vez que s‹o
efetivamente respeitadas pelos sujeitos de direito internacional. Nesse
sentido, afirma Malcolm Shaw que, ao contr‡rio da cren•a popular, Òos Estados
efetivamente observam o direito internacional, e as viola•›es s‹o
relativamente rarasÓ.13

Cabe destacar que os Estados respeitam o direito internacional porque assim o


querem; Ž ineg‡vel, nesse sentido, que as normas internacionais conferem
estabilidade e previsibilidade ao sistema. Para Celso Mello, citando Louis
Henken14:

a) Os Estados somente violam o DIP quando a vantagem disto Ž maior


do que o custo dentro da Òcontexto de sua pol’tica exteriorÓ.

b) Os Estados precisam ter confian•a dos demais Estados para


realizarem a sua pr—pria pol’tica externa, da’ ser necess‡rio que
respeitem o DIP.
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c) H‡ interesse dos Estados em manterem as rela•›es internacionais


dentro de certa ordem.

d) Os Estados t•m medo de repres‡lias e, por isso, respeitam o DIP.

e) Os Estados obedecem ao DIP por Òh‡bito e imita•‹oÓ.

                                                        
12
 SHAW, Malcolm N. Direito Internacional. S‹o Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010. pp.3-5.
13
 SHAW, Malcolm N. Direito Internacional. S‹o Paulo: Ed. Martins Fontes, 2010. pp.6-10. 
14
  MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 71. 
 

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Por —bvio, h‡ viola•›es ao direito internacional, mas estas n‹o retiram o seu
car‡ter jur’dico. Trazendo a quest‹o para o ‰mbito do direito interno,
podemos refletir. Quantas vezes por dia s‹o descumpridas leis e atŽ mesmo a
Constitui•‹o no interior de um Estado? Quantas vezes alguŽm que comete um
crime fica impune? Tenho certeza de que voc• respondeu que s‹o inœmeras as
vezes. E nem por isso alguŽm se atreve a dizer que n‹o h‡ ordem jur’dica no
direito interno.

A maior cr’tica ao Direito Internacional Ž, sem dœvida, a de que suas viola•›es


n‹o s‹o pass’veis de san•‹o ou que suas san•›es n‹o s‹o efetivas. Esses
argumentos s‹o totalmente improcedentes.

O Direito Internacional possui, sim, san•›es, das mais variadas espŽcies. O


direito internacional tem vivido modifica•›es importantes e, nos œltimos
tempos, seu poder de san•‹o tem cada vez mais aumentado. As san•›es
existem, embora descentralizadas e implementadas pelos pr—prios Estados.
Reflex‹o interessante sobre o tema nos traz o Prof. Marcelo Dias Varella:

ÒO direito internacional humanit‡rio j‡ justificou a inger•ncia


militar em diversos Estados, acusados de viol‡-lo, com a pris‹o dos
governantes, a exemplo do Iraque, de Ruanda, do Congo, entre
muitos outros. No conflito da Ex-Iugusl‡via, por exemplo, houve a
dissolu•‹o do Estado, com a separa•‹o das regi›es em conflito,
criando-se Estados novos. AtŽ mesmo a Constitui•‹o da B—snia-
Herzegovina foi proposta pela sociedade internacional. No direito
internacional econ™mico, a Organiza•‹o Mundial do ComŽrcio tem
for•a pol’tica suficiente para ordenar a mudan•a das normas
internas de um Estado ou mesmo da pr—pria Constitui•‹o, sob pena
de autorizar retalia•›es econ™micas importantes. Que ramo do
direito interno tem como san•‹o a deposi•‹o de um Governo, a
dissolu•‹o de um Estado ou a mudan•a da Constitui•‹o? A cr’tica
da falta de efetividade do direito Ž, portanto, infundada.Ó [grifo
nosso]
00000000000

Para aqueles que dizem que as san•›es n‹o s‹o efetivas, poder’amos ainda
dizer, conforme explica muito bem Celso Mello que Òo Direito Penal n‹o deixa
de existir porque as suas san•›es deixam de ser aplicadasÓ. 15 Conforme j‡
comentamos, a exist•ncia do Direito independe das san•›es. A san•‹o Ž
um elemento externo ao Direito; o que caracteriza o Direito, nesse sentido, Ž a
possibilidade de san•‹o pelo descumprimento de suas normas.

                                                        
15
  MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 97-101 
 

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1. (PGFN - 2003) No momento atual, o Direito Internacional Pœblico


ainda n‹o disp›e de meios efetivos de san•‹o.

Coment‡rios:

O direito internacional pœblico, no momento atual, j‡ disp›e sim de meios


efetivos de san•‹o. Exemplo disso s‹o as interven•›es armadas autorizadas
pelo Conselho da Seguran•a da ONU e as retalia•›es comerciais autorizadas
pela OMC. Quest‹o errada.

2. (PGFN - 2003) A aus•ncia de um Poder Legislativo universal, bem


assim de um Judici‡rio internacional com jurisdi•‹o compuls—ria, s‹o
alguns dos argumentos utilizados pelos negadores do direito
internacional para falar da aus•ncia de car‡ter jur’dico do direito das
gentes.

Coment‡rios:

Dizer que n‹o existe um Poder Legislativo e um Poder Judici‡rio com jurisdi•‹o
compuls—ria sobre os Estados Ž um argumento daqueles que dizem que o
direito internacional Ž desprovido de car‡ter jur’dico. Quest‹o correta.

3. (Consultor Legislativo Senado Federal / 2002) As rela•›es


jur’dicas entre os Estados, no contexto de uma sociedade jur’dica
internacional descentralizada desenvolvem-se de forma horizontal e
coordenada.

Coment‡rios: 00000000000

A sociedade internacional Ž descentralizada, predominando a coordena•‹o e a


horizontalidade das rela•›es internacionais. Quest‹o correta.

4. (AGU - 2009) No Direito Internacional, h‡ muito tempo, existem


as cortes que atuam para a solu•‹o de conflitos entre os Estados,
como Ž o caso da Corte Internacional de Justi•a. Entretanto, h‡ fato
inŽdito, no Direito Internacional, quanto ˆ criminaliza•‹o
supranacional de determinadas condutas, com a cria•‹o do TPI,
tribunal ad hoc destinado ˆ puni•‹o de pessoas que pratiquem, em
per’odo de paz ou de guerra, qualquer crime contra indiv’duos.

Coment‡rios:
 

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A quest‹o traz v‡rias afirma•›es corretas. No entanto, seu erro est‡ em dizer
que o Tribunal Penal Internacional (TPI) Ž um tribunal Òad hocÓ. Na verdade,
trata-se de corte internacional de car‡ter permanente. Quest‹o errada.

5. (OAB Ð 2009.2) Em Direito Internacional Pœblico, h‡ um governo


central, que possui soberania sobre todas as na•›es.

Coment‡rios:

A sociedade internacional Ž descentralizada, n‹o existindo um poder superior


que se imponha sobre todos os Estados. Quest‹o errada.

4Ð Fundamento do Direito Internacional

Quando se fala em fundamento do direito internacional pœblico, o que se busca


saber Ž por qual raz‹o a ordem jur’dica internacional Ž obrigat—ria. Ou, dito de
outra forma, em que se apoia a validade do ordenamento jur’dico
internacional.

A preocupa•‹o, aqui, n‹o est‡ em avaliar como as normas internacionais s‹o


criadas, mas sim em explicar o porqu• de sua obrigatoriedade. Busca-se
avaliar, desse modo, o valor intr’nseco das normas, isto Ž, aquilo que faz com
que elas sejam vinculantes para a sociedade internacional.

O fundamento do direito internacional pœblico Ž explicado por duas correntes


doutrin‡rias divergentes: a doutrina voluntarista (subjetivista) e a doutrina
objetivista.

4.1 Ð Doutrina voluntarista:


00000000000

A doutrina voluntarista (de ’ndole subjetivista) defende que o fundamento


do direito internacional Ž a vontade dos Estados. Assim, a ordem jur’dica
internacional Ž obrigat—ria porque os Estados manifestaram livremente sua
vontade em a ela se submeter.

Modernamente, considerando-se que a sociedade internacional n‹o Ž apenas


uma Òsociedade de EstadosÓ, pode-se afirmar que o voluntarismo repousa na
vontade de Estados e organiza•›es internacionais, ambos considerados
sujeitos de direito internacional e dotados de capacidade para celebrar
tratados.

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A perspectiva voluntarista n‹o abrange apenas os tratados internacionais,


mas tambŽm os costumes. Os costumes, embora n‹o sejam expressamente
aceitos pelos Estados, recebem uma aceita•‹o t‡cita. Nesse sentido, tambŽm
representam os costumes uma manifesta•‹o de vontade dos Estados.

A doutrina voluntarista identifica-se com o positivismo jur’dico. Todo


voluntarista ser‡, necessariamente, um positivista. Os positivistas acreditam,
afinal, que n‹o h‡ normas alheias ˆ vontade do Estado. Ressalte-se, todavia,
que nem todo positivista ser‡ voluntarista.

Dentro da corrente voluntarista, foram desenvolvidas diferentes teorias:

a) Teoria da autolimita•‹o do Estado: Foi desenvolvida por Georg


Jellinek. Para ele, a vontade de cada Estado individualmente considerada
Ž que determina a obrigatoriedade das normas internacionais. O Estado
n‹o pode, assim, estar submetido a nenhuma outra vontade que n‹o
seja a dele pr—pria. Sua vontade Ž absoluta.

H‡ alguns problemas nessa vis‹o, que geram verdadeiras contradi•›es.


Ora, se Ž a vontade estatal que cria a obriga•‹o, essa obriga•‹o poderia
ser unilateralmente desfeita pela mesma vontade. Em termos pr‡ticos, o
Estado poderia, com base na sua vontade, desrespeitar as obriga•›es
que ele havia previamente assumido.

Existe ainda outro problema. Com base nessa teoria, o Estado poderia
n‹o aceitar os valores b‡sicos que regulam a sociedade internacional.
Nesse sentido, destacamos cr’tica feita por Aguilar Navarro: Òum Direito
que s— obriga a vontade do interessado n‹o pode pretender ser
considerado como talÓ. 16

b) Teoria da vontade comum ou coletiva: Foi desenvolvida por


Heinrich Triepel. Para ele, n‹o Ž a vontade individual de cada Estado que
confere obrigatoriedade ˆs normas internacionais. ƒ a vontade comum
ou coletiva dos Estados em seu conjunto que ir‡ tornar o direito
00000000000

internacional obrigat—rio.

TambŽm foram formuladas cr’ticas a essa vis‹o. Primeiro, n‹o Ž poss’vel


demonstrar o que seria exatamente a Òvontade coletivaÓ dos Estados,
pois trata-se de um conceito indeterminado e que envolve alta carga de
subjetividade. Segundo, essa teoria n‹o consegue explicar o porqu• um
novo Estado estaria obrigado a respeitar um costume internacional de
cuja formula•‹o n‹o participou.

                                                        
16
 MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 129. 
 

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c) Teoria do consentimento das na•›es: Foi formulada por Hall e


Oppenheim, representantes da escola inglesa. Por essa teoria, Ž a
vontade majorit‡ria dos Estados que determina a obrigatoriedade das
normas internacionais. Assim, uma norma internacional Ž considerada
vinculante por ser aceita pela maioria dos Estados.

Observe que a teoria do consentimento das na•›es consegue explicar a


obrigatoriedade dos costumes internacionais, inclusive para aqueles
Estados que n‹o participaram do seu processo de forma•‹o.

d) Teoria da Òdelega•‹o do direito internoÓ: Essa teoria, de pouca


aceita•‹o, foi formulada por Max Wenzel. Para ele, o fundamento de
validade do Direito Internacional seria a vontade do Estado tal como
expressa em seu direito interno. Em outras palavras, a obrigatoriedade
do Direito Internacional estaria apoiada no pr—prio ordenamento jur’dico
interno de cada Estado.

Tal teoria n‹o encontra compatibilidade na pr‡tica internacional. Se ela


fosse aplicada, a mudan•a da Constitui•‹o de um Estado poderia resultar
em que este se desvinculasse dos diversos tratados de que Ž parte.
Sabe-se, porŽm, que n‹o podem os Estados invocar normas de direito
interno para justificar o inadimplemento de um tratado (art. 27, da
Conven•‹o de Viena sobre o Direito dos Tratados).

ƒ importante que se diga que nenhuma dessas teorias voluntaristas Ž


suficiente para explicar o atual momento do Direito Internacional. Nenhuma
delas consegue, por exemplo, explicar a exist•ncia das normas Òjus cogensÓ,
assim denominadas as normas imperativas de direito internacional geral da
qual nenhuma derroga•‹o Ž poss’vel. As normas Òjus cogensÓ s‹o t‹o
importantes que vinculam todos os Estados, independentemente da sua
vontade.

00000000000

4.2 Ð Doutrina Objetivista:

A doutrina objetivista defende que h‡ princ’pios e normas superiores ˆ


vontade dos Estados, de import‰ncia t‹o elevada que de seu cumprimento
depende o regular funcionamento da sociedade internacional. Assim, h‡
valores e normas que s‹o superiores ao ordenamento jur’dico estatal e que
se imp›em aos Estados independentemente da sua vontade.

Dentro da corrente objetivista, v‡rias teorias foram desenvolvidas:

a) Teoria do direito natural: Os jusnaturalistas afirmam que existe um


direito superior ao direito positivo: o direito natural. Ao longo dos
 

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sŽculos, foram v‡rias as explica•›es dadas pelos jusnaturalistas. Santo


Agostinho, por exemplo, afirma que Ž a Òlei divinaÓ que confere
obrigatoriedade ao direito internacional. Por sua vez, Samuel Puffendorf
atribui ˆ raz‹o humana esse papel. H‡, ainda, aqueles que consideram
que o fundamento de validade do direito internacional est‡ em princ’pios
de justi•a.

b) Teoria da norma-base de Kelsen: Kelsen estruturou o


ordenamento jur’dico no formato de uma pir‰mide, afirmando que as
normas inferiores retirariam o seu fundamento de validade nas normas
superiores. As portarias encontrariam seu fundamento de validade nos
decretos; os decretos, nas leis; as leis, na Constitui•‹o. Por sua vez, a
Constitui•‹o teria como fundamento de validade uma Ònorma-baseÓ.

Em um primeiro momento, Kelsen identificou a Ònorma-baseÓ como


sendo uma norma hipotŽtica fundamental, pressuposta, transcendental.
Posteriormente, Kelsen afirmou que a Ònorma-baseÓ seria a norma
Òpacta sunt servandaÓ (Òacordos existem para serem cumpridosÓ).

O Òpacta sunt servandaÓ Ž um costume internacional obrigat—rio para


todos os Estados, independentemente da vontade destes. ƒ obrigat—rio
n‹o porque os Estados decidiram a ele se vincular, mas porque os
Estados sempre agiram em respeito a esse princ’pio. O desrespeito
generalizado ao Òpacta sunt servandaÓ, afinal, faria ruir as rela•›es
internacionais.

c) Teorias sociol—gicas do Direito: T•m como representantes Leon


Duguit e Georges Scelle.

Para Duguit, o fundamento de validade do direito internacional estaria na


Òsolidariedade internacionalÓ, que pro’be ao homem tudo aquilo que pode
causar uma desordem social e, ao mesmo tempo, lhe ordena a fazer
tudo o que pode manter ou desenvolver o fato social.17
00000000000

Na vis‹o de Georges Scelle, o Direito Internacional seria resultado de


uma Ònecessidade biol—gicaÓ do homem em se relacionar.

d) Teoria dos direitos fundamentais dos Estados: Para essa teoria,


o fundamento de validade do Direito Internacional reside em Òdireitos
fundamentais dos EstadosÓ. Os Estados teriam direitos naturais pelo
simples fato de existirem. Nesse sentido, a igualdade soberana seria
um direito natural dos Estados, que lhes permitiria relacionar-se em pŽ
de igualdade uns com os outros, formando a sociedade internacional.

                                                        
17
 MELLO, Celso de Albuquerque. Curso de Direito Internacional Pœblico, 1¼ volume, 11a
edi•‹o. Ed. Renovar, 1997, pp. 132. 
 

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e) Teoria do Òpacta sunt servandaÓ: O fundamento de validade do


Direito Internacional estaria na conhecida Òregra pacta sunt servandaÓ.
Essa teoria, formulada por Dion’sio Anzilotti, se baseia na ideia de que
n‹o Ž a vontade dos Estados que faz nascer o direito internacional; o
direito internacional decorre de uma regra que existe independentemente
do consentimento dos Estados: a regra Òpacta sunt servandaÓ. 18

O princ’pio Òpacta sunt servandaÓ Ž uma regra resultante do


consentimento perceptivo. Com efeito, a no•‹o de que aquilo que foi
livremente acordado deve ser cumprido constitui-se em norma
reconhecida atŽ mesmo nas sociedades de organiza•‹o mais rudimentar.
Regras fundadas no consentimento perceptivo s‹o aquelas que decorrem
inevitavelmente da raz‹o humana. Regras fundadas no consentimento
criativo, por sua vez, s‹o aquelas das quais a sociedade internacional
poderia prescindir. S‹o regras que evolu’ram em uma determinada
dire•‹o, mas poderiam ter evolu’do perfeitamente em outra. 19 20

4.3 Ð Vis‹o Moderna: concilia•‹o das doutrinas voluntarista e


objetivista.

A Conven•‹o de Viena de 1969, sobre o Direito dos Tratados, consagrou a


regra Òpacta sunt servandaÓ, mas, ao mesmo tempo, reconheceu a exist•ncia
de normas imperativas de direito internacional geral da qual nenhuma
derroga•‹o Ž poss’vel, a n‹o ser por normas de igual natureza.

Essas normas imperativas s‹o as chamadas normas jus cogens, que n‹o
podem ser violadas por nenhum tratado internacional, sob pena de nulidade.
Trata-se de normas que, pela sua import‰ncia para o funcionamento da
sociedade internacional, t•m o cond‹o de limitar a vontade dos Estados.

Em virtude disso, h‡ que se concordar que o fundamento do direito


internacional possui elementos objetivistas e voluntaristas. O direito
00000000000

internacional Ž obrigat—rio porque Ž baseado em normas em rela•‹o ˆs quais


os Estados manifestaram livremente o seu consentimento em obrigar-se. No

                                                        
18
 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 92-95. 
19
 REZEK, Francisco. Direito Internacional Pœblico: curso elementar, 11» Ed, rev. e atual.
S‹o Paulo: Saraiva, 2008, pp. 3-4.
20
  Interessante exemplo de norma fundada no consentimento criativo Ž dado por Rezek.
Segundo o autor, a extradi•‹o, quando surgiu, tinha como objetivo recuperar o dissidente
pol’tico exilado. Com o passar do tempo, ela passou a ser usada para recuperar os dissidentes
pol’ticos e os criminosos comuns. Hoje, a extradi•‹o n‹o alcan•a os criminosos pol’ticos. Como
se v•, trata-se de norma que evoluiu em uma dire•‹o, mas poderia ter evolu’do em outra
diametralmente oposta.
 

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entanto, a vontade estatal n‹o poder‡ violar as normas jus cogens, que se
imp›em a toda a sociedade internacional. 21

6. (Juiz Federal TRF 5a Regi‹o Ð 2015) A corrente voluntarista


considera que a obrigatoriedade do direito internacional deve basear-
se no consentimento dos cidad‹os.

Coment‡rios:

A corrente voluntarista considera que a obrigatoriedade do direito internacional


baseia-se na vontade dos Estados (e n‹o dos cidad‹os!). Quest‹o errada.

7. (Juiz Federal TRF 5a Regi‹o Ð 2015) O consentimento perceptivo


da corrente objetivista significa que a normatividade jur’dica do direito
internacional nasce da pura vontade dos Estados.

Coment‡rios:

As regras fundadas no consentimento perceptivo s‹o aquelas que decorrem


da raz‹o humana. S‹o regras t‹o importantes que delas a sociedade n‹o
poderia prescindir. Quest‹o errada.

8. (AGU - 2006) O princ’pio pacta sunt servanda, segundo o qual o


que foi pactuado deve ser cumprido, externaliza um modelo de norma
fundada no consentimento criativo, ou seja, um conjunto de regras das
quais a comunidade internacional n‹o pode prescindir.

Coment‡rios: 00000000000

O princ’pio Òpacta sunt servandaÓ Ž, ao contr‡rio do que afirma a quest‹o, uma


norma fundada no consentimento perceptivo. Quest‹o errada.

9. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- Duas doutrinas principais


fundamentam o direito internacional pœblico: a voluntarista e a
objetivista. A primeira sustenta que Ž na vontade dos Estados que est‡
o fundamento do direito das gentes; nela se inseriria a teoria dos
direitos fundamentais. A segunda, por sua vez, sustenta o fundamento
do direito internacional na pressuposta exist•ncia de uma norma ou
                                                        
21
 PORTELA, Paulo Henrique Gon•alves. Direito Internacional Pœblico e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009, pp. 42-43. 
 

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princ’pio acima dos Estados, como, por exemplo, a teoria do


consentimento.

Coment‡rios:

A quest‹o trouxe uma sŽrie de informa•›es corretas, pecando somente no


final. Vamos ao exame de cada uma:

1) Existem duas doutrinas principais que fundamentam o direito


internacional: a voluntarista e a objetivista. Correto.

2) O voluntarismo sustenta que o fundamento do direito das gentes Ž a


vontade dos Estados. Correto.

3) A doutrina objetivista sustenta o fundamento do direito internacional


na pressuposta exist•ncia de uma norma ou princ’pio acima dos Estado.
Correto.

4) Um exemplo da doutrina objetivista Ž a teoria do consentimento.


Errado. A teoria do consentimento Ž exemplo da doutrina voluntarista,
determinando que o fundamento de validade do direito internacional
pœblico Ž o consentimento mœtuo dos Estados.

Por tudo isso, a quest‹o est‡ errada.

Tratados Internacionais

1 Ð Fontes do DIP: o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de


Justi•a:

A Corte Internacional de Justi•a (CIJ) Ž o principal —rg‹o judici‡rio das


00000000000

Na•›es Unidas, a ela competindo decidir segundo o direito internacional as


controvŽrsias que lhe forem submetidas. Trata-se de Tribunal Internacional
criado em 1945, sobre o qual estudaremos detalhadamente em momento
oportuno.

Por hora, precisamos saber que, quando da cria•‹o da CIJ, existia a dœvida
sobre com base em quais normas esse tribunal deveria decidir um lit’gio. Para
dirimir essa dœvida, foi redigido o art. 38 do Estatuto da CIJ, que assim disp›e:

Artigo 38
A Corte, cuja fun•‹o Ž decidir de acordo com o direito
internacional as controvŽrsias que lhe forem submetidas,
 

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aplicar‡:
a) as conven•›es internacionais, quer gerais, quer especiais,
que estabele•am regras expressamente reconhecidas pelos
Estados litigantes;
b) o costume internacional, como prova de uma pr‡tica geral
aceita como sendo o direito;
c) os princ’pios gerais de direito, reconhecidos pelas na•›es
civilizadas;
d) sob ressalva da disposi•‹o do Artigo 59, as decis›es
judici‡rias e a doutrina dos juristas mais qualificados das
diferentes na•›es, como meio auxiliar para a determina•‹o das
regras de direito.
A presente disposi•‹o n‹o prejudicar‡ a faculdade da Corte de
decidir uma quest‹o ex aequo et bono, se as partes com isto
concordarem.

Leia atentamente esse dispositivo! Voc• precisa memoriz‡-lo! Ele Ž


fundamental para sua prova!

O art. 38 do Estatuto da CIJ Ž considerado pela doutrina como sendo o rol de


fontes do direito internacional pœblico. Dessa forma, temos o seguinte:

1) S‹o fontes de DIP os tratados ou conven•›es internacionais, os


costumes e os princ’pios gerais de direito.

2) S‹o meios auxiliares para a determina•‹o das regras de direito a


doutrina e a jurisprud•ncia.

Em que pese n‹o haver consenso, Ž interessante levar para


a sua prova que a doutrina e a jurisprud•ncia s‹o fontes de
DIP. Portanto, fique atento! A posi•‹o mais segura para a
prova Ž marcar como corretas assertivas que digam:
00000000000

a) A doutrina e a jurisprud•ncia s‹o meios auxiliares na


determina•‹o das regras de direito

b) A doutrina e a jurisprud•ncia s‹o fontes de DIP sobre as


quais expressamente disp›e o art. 38 do Estatuto da CIJ.

Ao examinar o art. 38 do Estatuto da CIJ, Ž natural que surjam alguns


questionamentos. Existe hierarquia entre as fontes do direito internacional
pœblico? O art. 38 do Estatuto da CIJ Ž um rol de fontes taxativo (exaustivo)?
O que significa Òex aequo et bonoÓ?

Vamos por partes... Todas essas quest›es s‹o importantes!


 

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a) As fontes do direito internacional pœblico enumeradas pelo art. 38 do


Estatuto da CIJ n‹o possuem hierarquia entre si. Em outras palavras,
os tratados est‹o no mesmo n’vel hier‡rquico dos costumes e dos
princ’pios gerais de direito. Assim, Ž poss’vel que um tratado revogue
um costume ou mesmo que um costume revogue um tratado.

Cabe destacar que Ž diferente falar-se em hierarquia de fontes e


hierarquia de normas. Com efeito, na sociedade internacional, existem
normas com grau superior de validade: s‹o as chamadas normas jus
cogens. Trata-se de normas imperativas de direito internacional geral,
das quais nenhuma derroga•‹o Ž poss’vel, salvo por norma de igual
natureza. As normas jus cogens s‹o, portanto, hierarquicamente
superiores a qualquer outra norma.

b) O rol de fontes do art. 38 do Estatuto da CIJ Ž n‹o-taxativo, ou seja,


a doutrina reconhece outras fontes do direito internacional pœblico n‹o
mencionadas expressamente no referido dispositivo. ƒ o caso, por
exemplo, dos atos unilaterais dos Estados e das decis›es das
organiza•›es internacionais. ƒ correto afirmar, portanto, que o rol de
fontes do art. 38 do Estatuto da CIJ Ž meramente exemplificativo
ou, ainda, em outras palavras, trata-se de um rol Ònumerus apertusÓ.

c) Dizer que a CIJ poder‡ decidir uma quest‹o Òex aequo et bonoÓ
significa que essa corte internacional poder‡ solucionar uma
controvŽrsia com base na equidade. Considera-se equidade a
aplica•‹o de considera•›es de justi•a a um caso concreto. Cabe ressaltar
que a CIJ somente poder‡ decidir com base na equidade caso ambas as
partes litigantes com isso concordarem.

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2 - Tratados internacionais:

2.1 Ð Conceito:

Tratado internacional Ž um acordo celebrado por escrito entre Estados,


entre Estados ou organiza•›es internacionais ou entre organiza•›es
internacionais, regido pelo direito internacional, quer conste de um
instrumento œnico, quer de dois ou mais instrumentos espec’ficos, qualquer
que seja sua denomina•‹o particular.

Para a parcela da doutrina que considera que s‹o sujeitos de


direito internacional pœblico22 apenas os Estados e as
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organiza•›es internacionais, tratado internacional pode ser


definido como o acordo celebrado por escrito entre
sujeitos de direito internacional pœblico, quer conste de
um instrumento œnico, quer de dois ou mais instrumentos
espec’ficos, qualquer que seja sua denomina•‹o.

Defini•‹o bem grande, n‹o Ž mesmo?

                                                        
22
Segundo a doutrina mais moderna, s‹o sujeitos de DIP os Estados, as organiza•›es
internacionais e os indiv’duos. Para a doutrina cl‡ssica, os sujeitos de DIP s‹o apenas
os Estados e as organiza•›es internacionais.
 

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Mas Ž bem simples... Vamos desmembrar o conceito de tratado!

a) Acordo celebrado por escrito: os tratados s‹o acordos formais, isto Ž,


s‹o celebrados por escrito. Alguns juristas atŽ reconhecem a validade jur’dica
dos acordos orais, mas a doutrina dominante considera que o tratado
internacional necessita da forma escrita. Com efeito, a oralidade conflita
com a no•‹o hist—rica de tratado.23

b) Capacidade contratante dos Estados e organiza•›es internacionais:


podem celebrar tratados apenas os Estados e organiza•›es internacionais.
Relevante destacar que a possibilidade de as organiza•›es internacionais
celebrarem tratados Ž algo mais recente e deriva da evolu•‹o da sociedade
internacional, que deixou de ser meramente interestatal e passou a ser dotada
de elevado grau de institucionaliza•‹o.

c) Acordo regido pelo direito internacional: os tratados diferenciam-se


dos contratos internacionais em virtude justamente da reg•ncia. Enquanto os
contratos s‹o regidos pelo direito interno de algum Estado, os tratados s‹o
regidos pelo direito internacional.

ƒ importante termos em mente, tambŽm, que, ao celebrar um tratado, os


Estados e, eventualmente, as organiza•›es internacionais, agem com o ‰nimo
de criar um v’nculo jur’dico-obrigacional entre si. ƒ o que se conhece por
Òanimus contrahendiÓ, que qualifica os acordos destinados a produzir
efeitos jur’dicos.

H‡ v‡rios tipos de documentos usualmente confundidos com tratados, mas que


n‹o podem ser como tal considerados por n‹o serem dotados de Òanimus
contrahendiÓ. ƒ o caso, por exemplo, dos ÒgentlemenÕs agreementÓ, assim
considerados os acordos em que n‹o h‡ um compromisso entre Estados,
mas um pacto pessoal entre estadistas, fundado sobre a honra e
condicionado, no tempo, ˆ perman•ncia de seus atores no poder. 24

O grande problema em diferenciar um tratado de um ÒgentlemenÕs agreementÓ


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Ž que, quando se assina um pacto dessa natureza, os estadistas n‹o declaram


estar agindo a t’tulo pessoal. Dessa forma, somente ser‡ poss’vel fazer essa
determina•‹o ap—s verificar-se o conteœdo de seu texto. Assim, podemos
afirmar que estamos diante de um ÒgentlemenÕs agreementÓ quando n‹o
h‡ inten•‹o de se produzir efeitos jur’dicos entre as partes, mas t‹o
somente estabelecer um compromisso moral entre governantes.

                                                        
23
 REZEK, Francisco. Direito Internacional Pœblico: curso elementar, 11» Ed, rev. e atual.
S‹o Paulo: Saraiva, 2008, pp. 16-17.
24
 REZEK, Francisco. Direito Internacional Pœblico: curso elementar, 11» Ed, rev. e atual.
S‹o Paulo: Saraiva, 2008, pp. 18-21.  
 

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d) Conclu’do em instrumento œnico ou dois ou mais instrumentos


espec’ficos: essa parte do conceito pode ser entendida de duas formas. A
primeira se refere ˆ situa•‹o em que um tratado Ž acompanhado de diversos
anexos. Tem-se a’ diversos documentos produzidos ao mesmo tempo. A
segunda se refere ˆ possibilidade de que um tratado seja celebrado por meio
de troca de notas.

A troca de notas Ž um processo de produ•‹o de um texto convencional


(mŽtodo de negocia•‹o) por meio do qual uma parte envia a outra uma
proposta de texto de um tratado, recebendo, em seguida, uma contra-
proposta. Haver‡, nesse caso, uma pluralidade de instrumentos.

e) Inexist•ncia de denomina•‹o espec’fica: n‹o interessa a denomina•‹o


dada ao acordo para que ele seja considerado um tratado. Basta que ele
cumpra os requisitos essenciais (os quais estudamos anteriormente) para que
ele seja considerado um tratado. Em outras palavras, os acordos formais
celebrados por escrito entre Estados, entre Estados e O.I ou entre O.I e
regidos pelo direito internacional, ser‹o tratados. A denomina•‹o que
receberem Ž irrelevante para qualificar esses acordos como tratados.

Devemos destacar que a nomenclatura dada aos tratados Ž bastante ampla.


Com efeito, v‡rios s‹o os termos usualmente empregados (acordo, conven•‹o,
estatuto, pacto, carta, declara•‹o, protocolo, etc). Cada um desses termos Ž
usado para designar certo tipo de tratado, embora n‹o haja imposi•‹o quanto
ao uso de uma ou outra nomenclatura. Assim, temos:

- Conven•‹o: utilizada para designar acordos multilaterais que


estabelecem normas gerais para regular determinados temas de
interesse da sociedade internacional como um todo. Ex: Conven•‹o
sobre Diversidade Biol—gica, Conven•‹o de Viena sobre o Direito dos
Tratados, Conven•‹o de Viena sobre Rela•›es Diplom‡ticas.

- Acordo: utilizado para nomear tratados de natureza econ™mico-


comercial. ƒ o caso, por exemplo, do Acordo Geral sobre Tarifas e
00000000000

ComŽrcio (GATT) e do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade


Intelectual relacionados ao comŽrcio (TRIPS).

- Carta: termo utilizado para designar tratados constitutivos de certas


organiza•›es internacionais. Ex: Carta da ONU, Carta da OEA.

- Estatuto: utilizado para designar tratados constitutivos de tribunais


interno. Ex: Estatuto da Corte Internacional de Justi•a (CIJ), Estatuto de
Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI)

- Pacto: tratados de grande import‰ncia pol’tica, mas que


regulamentam uma matŽria espec’fica. Ex: Pacto Internacional dos
 

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Direitos Civis e Pol’ticos e Pacto Internacional dos Direitos Econ™micos,


Sociais e Culturais.

- Declara•‹o: utilizada para tratados que estabelecem princ’pios ou


regras que traduzem uma posi•‹o pol’tica comum dos Estados sobre
determinadas quest›es. Apesar de Òdeclara•‹oÓ ser um nome aplic‡vel a
tratados, a Declara•‹o Universal dos Direitos do Homem de 1948 n‹o Ž
um tratado internacional, mas sim uma decis‹o de uma organiza•‹o
internacional. Destaque-se que isso n‹o retira a for•a cogente da
Declara•‹o Universal dos Direitos do Homem de 1948.

- Protocolo: utilizado para designar tratados que mant•m uma rela•‹o


com um tratado anterior. Ex: Protocolo de Kyoto, que est‡ ligado ˆ
Conven•‹o-Quadro das Na•›es Unidas sobre Mudan•a Clim‡tica.

H‡ dois tipos de tratados que recebem uma nomenclatura espec’fica e


invari‡vel: os acordos de sede e as concordatas. Os acordos de sede s‹o
acordos bilaterais celebrados entre um Estado e uma organiza•‹o
internacional, por meio do qual esta fica autorizada a estabelecer sua sede no
territ—rio daquele. As concordatas, por sua vez, s‹o os tratados celebrados
pela Santa SŽ.

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2.2- A Conven•‹o de Viena de 1969 e os tratados internacionais:

Os tratados internacionais s‹o considerados pela doutrina como a mais


importante fonte do direito internacional nos dias de hoje. Isso porque, ao
contr‡rio dos costumes, eles conferem maior seguran•a jur’dica e
estabilidade ˆs rela•›es internacionais. Quando dois ou mais Estados se
comprometem definitivamente a cumprir um tratado, fica bem f‡cil concluir
que a ele estar‹o juridicamente vinculados.

Tendo em vista o desenvolvimento da sociedade internacional e o


aprofundamento das rela•›es internacionais, h‡ uma forte tend•ncia de
codifica•‹o do direito consuetudin‡rio (costumeiro). Em outras palavras,
diversos assuntos, antes regulados quase que exclusivamente por costumes,
passaram a ser regulados por tratados internacionais. Regras costumeiras s‹o,
ent‹o, codificadas, isto Ž, transformadas em tratados. Um exemplo muito
bem-sucedido de codifica•‹o do direito consuetudin‡rio, apontado pela
doutrina com grande frequ•ncia, Ž a Conven•‹o de Viena sobre Rela•›es
Diplom‡ticas de 1961.

Com a prolifera•‹o dos tratados no plano internacional, surgiu a necessidade


de regulamentar diversas quest›es a eles relacionadas. V‡rias quest›es
precisavam ser respondidas. Quando um tratado entra em vigor? ƒ poss’vel
que um Estado-parte se desobrigue em rela•‹o a um tratado? Como devem
ser interpretados os tratados? Ou, ainda, quando um tratado pode ser
anulado?

Para responder a todas essas quest›es, a Comiss‹o de Direito Internacional da


ONU se prop™s a estudar o direito dos tratados, tendo iniciado os trabalhos em
1949. Ap—s 20 anos de muito estudo, foi celebrada a Conven•‹o de Viena
sobre o Direito dos Tratados de 1969 (CV/69). AtŽ a assinatura da CV/69,
o direito dos tratados era regido predominantemente por normas costumeiras.
Assim, podemos dizer que a referida conven•‹o codificou normas de direito
consuetudin‡rio relativas aos tratados internacionais.
00000000000

Em seu Pre‰mbulo, a Conven•‹o de Viena de 1969 reconhece a import‰ncia


crescente dos tratados como fonte do direito internacional pœblico e
meio h‡bil para promover a coopera•‹o pac’fica entre as na•›es, quaisquer
sejam seus sistemas constitucionais e sociais. AlŽm disso, deixa expl’cito que
os tratados s‹o fundamentais para as rela•›es internacionais enquanto
promotores de maior seguran•a jur’dica e estabilidade. Em que pese o fato
de os tratados serem a fonte de direito internacional mais importante na
atualidade, a Conven•‹o de Viena reconhece o papel dos costumes na
regula•‹o da sociedade internacional, ao estabelecer, em seu Pre‰mbulo,
que Ò... as regras do Direito Internacional consuetudin‡rio continuar‹o a reger
as quest›es n‹o reguladas pelas disposi•›es da presente Conven•‹oÓ.

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A Conven•‹o de Viena de 1969 tambŽm reconhece, em seu Pre‰mbulo, a


aceita•‹o universal dos princ’pios do livre consentimento e da boa fŽ, assim
como da regra Òpacta sunt servandaÓ 25. Acerca da œltima, vale destacar
que Ž sobre ela que repousa o fundamento de validade dos tratados. Com
efeito, Ž do livre consentimento estatal que surgem os tratados, os quais
devem ser cumpridos de boa fŽ pelas partes contratantes.

A Conven•‹o de Viena de 1969 foi originalmente assinada por apenas 32


Estados, tendo entrado em vigor internacional apenas em 1980, quando
foi atingido o nœmero m’nimo de ratifica•›es (35 Estados). O Brasil apenas
ratificou a referida conven•‹o no ano de 2009.

Em que pese o fato de diversos Estados n‹o terem se comprometido


definitivamente ˆ Conven•‹o de Viena de 1969, o entendimento doutrin‡rio
dominante Ž o de que esta se aplica na condi•‹o de costume internacional
plenamente aceito. A t’tulo de exemplo, os relat—rios dos painŽis e do îrg‹o
de Apela•‹o, emanados no ‰mbito do sistema de solu•‹o de controvŽrsias da
OMC, fazem men•‹o, por diversas vezes, aos art.31 e art.32 da CV/6926,
pouco se importando se os Estados envolvidos no lit’gio est‹o vinculados ˆ
CV/69. Da mesma forma, apesar de a CV/69 ter entrado em vigor para o Brasil
apenas em 2009, o MinistŽrio das Rela•›es Exteriores sempre agiu levando em
considera•‹o as regras desse tratado internacional.27

O objetivo da Conven•‹o de Viena de 1969 Ž regular os tratados


internacionais celebrados entre Estados. Atualmente, entretanto,
considera-se plenamente poss’vel que tambŽm existam tratados celebrados
entre Estados e organiza•›es internacionais ou entre organiza•›es
internacionais. A estes, n‹o se aplica a Conven•‹o de Viena de 1969, mas
sim a Conven•‹o de Viena de 1986, conhecida como ÒConven•‹o de Viena
sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organiza•›es Internacionais ou
entre Organiza•›es Internacionais de 1986Ó.

A Conven•‹o de Viena de 1969 aplica-se aos tratados


celebrados entre Estados.
00000000000

A Conven•‹o de Viena de 1986 aplica-se aos tratados


celebrados entre Estados e organiza•›es internacionais
ou entre organiza•›es internacionais.

                                                        
25
A regra Òpacta sunt servandaÓ significa que os compromissos assumidos devem ser
cumpridos.
26
Os art. 31 e art. 32 da CV/69 se referem ˆs regras de interpreta•‹o dos tratados
internacionais.
27
 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 151. 
 

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2.3- Terminologia da Conven•‹o de Viena de 1969:

Logo em seu art. 2¼, a Conven•‹o de Viena de 1969 traz uma espŽcie de
gloss‡rio, no qual s‹o apresentadas as defini•›es dos termos mais importantes
do direito dos tratados. Vamos dar uma lida com calma no art. 2¼?

Artigo 2- Express›es Empregadas:


1. Para os fins da presente Conven•‹o:
a) "tratado" significa um acordo internacional conclu’do por escrito entre
Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento
œnico, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua
denomina•‹o espec’fica;
b) "ratifica•‹o", "aceita•‹o", "aprova•‹o" e "ades‹o" significam,
conforme o caso, o ato internacional assim denominado pelo qual um Estado
estabelece no plano internacional o seu consentimento em obrigar-se por um
tratado;
c) "plenos poderes" significa um documento expedido pela autoridade
competente de um Estado e pelo qual s‹o designadas uma ou v‡rias pessoas
para representar o Estado na negocia•‹o, ado•‹o ou autentica•‹o do texto de
um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por um
tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um tratado;
d) "reserva" significa uma declara•‹o unilateral, qualquer que seja a sua
reda•‹o ou denomina•‹o, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou
aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o
efeito jur’dico de certas disposi•›es do tratado em sua aplica•‹o a esse Estado;
e) "Estado negociador" significa um Estado que participou na elabora•‹o e na
ado•‹o do texto do tratado;
f) "Estado contratante" significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo
tratado, tenha ou n‹o o tratado entrado em vigor;
g) "parte" significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo tratado e em
rela•‹o ao qual este esteja em vigor;
h) "terceiro Estado" significa um Estado que n‹o Ž parte no tratado;
i)"organiza•‹o internacional" significa uma organiza•‹o intergovernamental.
00000000000

ƒ fundamental que voc• entenda bem cada um desses termos! Vamos, ent‹o,
por partes:

a) Tratado: A defini•‹o trazida pela CV/69 Ž bem parecida com a que n—s j‡
apresentamos previamente. Tratado internacional Ž um Òacordo
internacional conclu’do por escrito entre Estados e regido pelo Direito
Internacional, quer conste de um instrumento œnico, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denomina•‹o espec’fica.Ó

A œnica diferen•a entre esse conceito e o que apresentamos anteriormente Ž a


de que o art. 2¼ da CV/69 n‹o inclui as organiza•›es internacionais como entes
dotados de capacidade contratual. Isso decorre do fato de que a CV/69

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somente se aplica aos tratados celebrados entre Estados. A celebra•‹o


de tratados pelas organiza•›es internacionais, seja com Estados ou com outras
organiza•›es internacionais, encontra previs‹o apenas na CV/86, diploma
internacional que, apesar de n‹o estar em vigor, j‡ Ž plenamente aceito e
aplicado na condi•‹o de costume internacional.

ƒ relevante mencionar que a Conven•‹o de Viena de 1969 j‡ reconhece,


desde a sua celebra•‹o, a exist•ncia de acordos firmados entre Estados e
outros sujeitos de direito internacional ou entre estes sujeitos de
direito internacional. A estes acordos n‹o se aplica a CV/69, o que,
entretanto, n‹o lhes retira a efic‡cia jur’dica.

b) Estado negociador x Estado contratante x Estado-parte: Para ficar


bem clara a defini•‹o de cada um deles, vamos a um exemplo hipotŽtico. Em
1980, os Estados A, B, C, D e E sentaram ˆ mesa de negocia•›es para celebrar
um tratado. Ao final do ano de 1985, os Estados A, B e C se vinculam
definitivamente ao tratado. Em 1987, o tratado entrou em vigor internacional.

Ora, nessa situa•‹o, fica f‡cil percebermos que os Estados A, B, C, D e E s‹o


Estados negociadores, uma vez que todos eles participaram da elabora•‹o e
ado•‹o do texto do tratado, isto Ž, todos eles participaram da negocia•‹o do
tratado. Por sua vez, apenas os Estados A, B e C se vincularam definitivamente
ao texto do tratado. Esses tr•s Estados ser‹o chamados, portanto, Estados
contratantes. Como o tratado entrou em vigor apenas em 1987, a partir
dessa data, os Estados A, B e C tornar-se-‹o tambŽm Estados-parte, n‹o
deixando de ser Estados contratantes.

Recorde-se que os Estados-contratantes s‹o aqueles que se vincularam


definitivamente ao texto de um tratado, esteja ou n‹o este em vigor. J‡ os
Estados-parte s‹o aqueles que consentiram em obrigar-se a um tratado e em
rela•‹o aos quais este j‡ esteja em vigor.

c) Organiza•‹o internacional: nas palavras da CV/69, organiza•›es


internacionais s‹o organiza•›es intergovernamentais. Destaque-se que os
00000000000

tratados constitutivos das organiza•›es internacionais, por serem


celebrados entre Estados, s‹o regulados pela CV/69. Isso Ž o que se
depreende a partir da leitura do art. 5¼ do referido diploma internacional: ÒA
presente Conven•‹o aplica-se a todo tratado que seja o instrumento
constitutivo de uma organiza•‹o internacional e a todo tratado adotado no
‰mbito de uma organiza•‹o internacional, sem preju’zo de quaisquer normas
relevantes da organiza•‹o.Ó

d) Ratifica•‹o x Aceita•‹o x Ades‹o x Aprova•‹o: Todos esses atos s‹o


manifesta•›es definitivas do consentimento de um Estado em obrigar-se ao
texto de um tratado. Vamos entender cada um deles!

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A ratifica•‹o Ž o ato unilateral de um Estado por meio do qual ele se


compromete definitivamente, no plano internacional a vincular-se ao texto de
um tratado. Para que um tratado seja ratificado, pressup›e que ele j‡ deva ter
sido objeto de consentimento provis—rio, isto Ž, tenha sido assinado
anteriormente.

A ades‹o e a aceita•‹o s‹o sin™nimos e se referem aos atos internacionais


por meio dos quais um Estado que n‹o participou das negocia•›es, tampouco
assinou o tratado, se vincula definitivamente a este. Quando um Estado adere
a um tratado, n‹o h‡ que se falar em ratifica•‹o, uma vez que a ades‹o j‡
representa o compromisso estatal definitivo.

Para que fique mais claro o que significa a ades‹o, vale a pena ilustrarmos
com um exemplo. Em 1992, foi celebrado por Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai o Tratado de Assun•‹o, que estabeleceu o MERCOSUL. A Venezuela
n‹o participou das negocia•›es do Tratado de Assun•‹o, tampouco o assinou.
Entretanto, o Tratado de Assun•‹o est‡ aberto ao ingresso dos demais
membros da ALADI28, motivo pelo qual Ž poss’vel a ades‹o da Venezuela ao
Tratado de Assun•‹o.

Por œltimo, aprova•‹o Ž um termo que, na pr‡tica jur’dica brasileira, se refere


ao ato por meio do qual o Congresso Nacional autoriza que o Presidente da
Repœblica proceda ˆ ratifica•‹o de um tratado. Quanto a esse ponto, destaque-
se que, no Brasil, os tratados somente poder‹o ser ratificados ap—s a
aprova•‹o do Congresso Nacional.

A CV/69, ao fazer men•‹o ˆ aprova•‹o, n‹o estava, por —bvio, querendo se


referir a um ato interno dos Parlamentos Nacionais. Ela queria sim referir-se a
um ato internacional de comprometimento definitivo do Estado. Na pr‡tica
jur’dica brasileira, todavia, os termos ades‹o e ratifica•‹o j‡ esgotam as
formas pelas quais um Estado se manifesta definitivamente no plano
internacional. Entretanto, devido ao grande nœmero de pa’ses envolvidos na
celebra•‹o da CV/69, cada um com um ordenamento jur’dico, pareceu
interessante aos negociadores inserirem tambŽm o termo Òaprova•‹oÓ.
00000000000

e) Reserva: Nas palavras de Rezek, as reservas s‹o um qualificativo do


consentimento.29 Consistem em declara•‹o unilateral por meio da qual um
Estado visa excluir ou modificar os efeitos jur’dicos de certas disposi•›es do
tratado em sua aplica•‹o a esse Estado.

                                                        
28
A ALADI Ž a Associa•‹o Latino-Americana de Integra•‹o, que se constitui no f—rum
de negocia•›es mais importante da AmŽrica Latina.
29
 REZEK, Francisco. Direito Internacional Pœblico: curso elementar, 11» Ed, rev. e atual.
S‹o Paulo: Saraiva, 2008, pp. 66.
 

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As reservas podem ser apresentadas em qualquer momento em que o


Estado manifestar seu consentimento com o tratado (seja esse
consentimento provis—rio ou definitivo), isto Ž, um Estado pode apresentar
reservas no momento em que assinar, ratificar, aceitar, aprovar ou aderir
a um tratado.

Para que fique mais claro o significado de reserva, vamos a um exemplo! No


ano de 2009, o Brasil ratificou a Conven•‹o de Viena de 1969, mas, ao faz•-lo,
apresentou reservas a dois de seus artigos. Ou seja, o Brasil ir‡ aplicar a
CV/69, mas n‹o em sua totalidade: esses dois artigos ser‹o desconsiderados
pelo Brasil.

f) Plenos Poderes: A carta de plenos poderes Ž o documento por meio do


qual um Estado outorga a uma pessoa a compet•ncia para represent‡-lo no
plano internacional, com o fim de praticar qualquer ato relativo ˆ celebra•‹o de
um tratado.

Cabe destacar que o art. 7¼ da CV/69 prev• que certos agentes estatais
podem celebrar tratados independentemente da apresenta•‹o da carta
de plenos poderes. S‹o eles:

- os Chefes de Estado e Chefes de Governo, para a realiza•‹o de todos


os atos relativos ˆ conclus‹o de um tratado.

- os Ministros das Rela•›es Exteriores, para a realiza•‹o de todos os atos


relativos ˆ conclus‹o de um tratado;

- os Chefes de miss‹o diplom‡tica para a ado•‹o do texto de um tratado


entre o Estado acreditante e o Estado acreditado e;

- os representantes acreditados pelos Estados perante uma confer•ncia


ou organiza•‹o internacional ou um de seus —rg‹os, para a ado•‹o do
texto de um tratado em tal confer•ncia, organiza•‹o ou —rg‹o.
00000000000

Mais ˆ frente, retomaremos nosso estudo sobre esse dispositivo. Por ora,
precisamos saber apenas que h‡ pessoas que n‹o precisam da carta de
plenos poderes para atuar em nome do Estado. Por outro lado, qualquer
pessoa que receba uma carta de plenos poderes poder‡, por delega•‹o, atuar
em nome do Estado nos atos relativos ˆ celebra•‹o de um tratado.

A compet•ncia origin‡ria para celebrar tratados Ž definida pelo


ordenamento jur’dico interno de cada Estado. No Brasil, o art. 84, VIII, da
CF/88, confere ao Presidente da Repœblica a compet•ncia privativa para
celebrar tratados, conven•›es e atos internacionais, os quais est‹o sujeitos ao
referendo do Congresso Nacional.

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2.4 - Classifica•‹o dos Tratados:

Os tratados podem ser classificados segundo v‡rios critŽrios, os quais


estudaremos a seguir.

a) Quanto ao nœmero de partes:

- Tratados bilaterais: s‹o os tratados que possuem apenas duas partes


contratantes, que podem ser Estados ou organiza•›es internacionais.

- Tratados plurilaterais ou multilaterais30: s‹o os tratados que


possuem mais de duas partes contratantes.

Para que possa classificar um tratado em bilateral ou plurilateral (multilateral),


deve-se analisar quais personalidades jur’dicas est‹o atuando na celebra•‹o do
tratado. Explico: um tratado celebrado entre Brasil, Argentina, Paraguai,
Uruguai e MŽxico deve ser considerado um tratado multilateral; j‡ um tratado
celebrado entre MERCOSUL e MŽxico ser‡ bilateral.

b) Quanto ao procedimento de conclus‹o:

- Tratados em sentido estrito (bif‡sicos) ou tratados em devida forma:


s‹o os tratados em que h‡ duas fases de manifesta•‹o do consentimento. A
primeira fase Ž o consentimento provis—rio do Estado em obrigar-se a um
tratado, o que se realiza por meio da assinatura. A segunda fase Ž a
express‹o do consentimento definitivo do Estado, manifestado por meio da
ratifica•‹o.

- Tratados em forma simplificada (unif‡sicos): s‹o os tratados em que h‡


apenas uma fase de manifesta•‹o do consentimento: a assinatura. No
momento em que os Estados assinam o tratado, considera-se j‡ expresso o
consentimento definitivo. 00000000000

N‹o se deve confundir os tratados em forma simplificada com os chamados


acordos executivos. Acordos executivos s‹o os tratados que independem de
qualquer aprova•‹o dos Parlamentos Nacionais. No Brasil, a doutrina

                                                        
30
Essa observa•‹o Ž importante para aqueles que j‡ estudaram ComŽrcio Internacional. No
‰mbito da OMC, h‡ destacada diferen•a entre os acordos multilaterais (vinculam
automaticamente todos os membros dessa organiza•‹o internacionais) e os acordos
plurilaterais (vinculam apenas os membros que com eles resolverem se comprometer).
Entretanto, na pr‡tica do direito internacional, tratados plurilaterais s‹o sin™nimos de tratados
multilaterais.
 

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dominante reconhece a possibilidade de que sejam celebrados acordos


executivos em tr•s situa•›es diferentes31:

- acordos interpretativos (s‹o acordos que interpretam um tratado


que j‡ esteja em vigor, com o objetivo de esclarecer dœvidas quanto ˆ
aplica•‹o de seus dispositivos)

- acordos complementares (s‹o acordos que decorrem de outros


tratados)

- acordos do tipo Òmodus vivendiÓ (s‹o acordos que estabelecem as


bases para negocia•›es futuras, como, por exemplo, um acordo que
determina o estabelecimento de um Grupo de Trabalho para monitorar
as rela•›es comerciais bilaterais entre Brasil e Argentina)

Os demais tratados celebrados pelo Brasil dependem da participa•‹o do


Congresso Nacional, a quem compete a aprova•‹o de seu texto, que Ž prŽvia ˆ
ratifica•‹o. A aprova•‹o congressual decorre do art. 49, inciso I, da CF/88, que
diz competir exclusivamente ao Congresso Nacional Òresolver
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrim™nio
nacional.Ó

Interessante comentar acerca do alcance da express‹o Òencargos ou


compromissos gravosos ao patrim™nio nacionalÓ. A doutrina considera que tal
express‹o est‡ no campo dos conceitos jur’dicos indeterminados, n‹o podendo
ser interpretada restritivamente. Ao contr‡rio, fazendo-se uma interpreta•‹o
teleol—gica32 da CF/88, todos os tratados e acordos internacionais est‹o
sujeitos ˆ aprova•‹o parlamentar. 33 Com efeito, n‹o faria sentido
excluir da aprecia•‹o do Congresso um tratado relativo a princ’pios de
direitos humanos que, a priori, n‹o traga ™nus financeiro ao Estado brasileiro.
A aprova•‹o congressual prŽvia ˆ ratifica•‹o representa a manifesta•‹o da
aquiesc•ncia do povo, por meio de seus representantes, a um compromisso
celebrado pelo Poder Executivo.
00000000000

c) Quanto ˆ execu•‹o no tempo:

- Tratados transit—rios, dispositivos, reais ou executados: s‹o os


tratados que criam uma situa•‹o jur’dica est‡tica, que se perdura no
tempo. No entanto, sua execu•‹o Ž exaurida imediatamente. Um
                                                        
31
Importante ressaltar que essa Ž uma possibilidade amplamente reconhecida pelos
internacionalistas p‡trios, mas que n‹o encontra previs‹o expressa no texto constitucional.

32
Interpreta•‹o teleol—gica Ž aquela que leva em considera•‹o a finalidade da norma.
33
MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed.
S‹o Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 314-320.
 

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bom exemplo s‹o os tratados de cess‹o territorial onerosa, como o de


compra do Alaska pelos EUA. Vejam s—: os efeitos do tratado se
prolongam no tempo, mas sua execu•‹o se consuma instantaneamente a
partir de sua vig•ncia. Esses tratados s‹o tambŽm conhecidos como
tratados de vig•ncia est‡tica e s‹o imunes ˆ denœncia.

- Tratados permanentes: s‹o os tratados que criam uma situa•‹o


jur’dica din‰mica. Sua execu•‹o se prolonga no tempo, enquanto o
tratado estiver em vigor. A maior parte dos tratados classifica-se como
permanente. Citamos como exemplo os acordos comerciais celebrados
no ‰mbito da OMC e os tratados de prote•‹o dos direitos humanos. Esses
tratados s‹o tambŽm conhecidos como tratados de vig•ncia din‰mica.

d) Quanto ˆ execu•‹o no espa•o:

- Tratados de aplica•‹o integral: s‹o os tratados que se aplicam


sobre a integralidade do territ—rio dos seus Estados-parte. Destaque-
se que essa Ž a regra estabelecida pela CV/69, que disp›e, em seu
art. 29, que Ò...a n‹o ser que uma inten•‹o diferente se evidencie do
tratado, ou seja estabelecida de outra forma, um tratado obriga cada
uma da partes em rela•‹o a todo o seu territ—rio.Ó

- Tratados de aplica•‹o parcial: s‹o os tratados cuja execu•‹o se


limita a parcela do territ—rio dos Estados-parte.

e) Quanto ˆ estrutura da execu•‹o:

Essa classifica•‹o aplica-se apenas aos tratados multilaterais, que poder‹o


ser34:

- Tratados mutaliz‡veis: s‹o os tratados cujo descumprimento por


uma parte n‹o compromete a execu•‹o do acordo como um todo. ƒ o
caso, por exemplo, dos acordos celebrados no ‰mbito da OMC.
00000000000

- Tratados n‹o-mutaliz‡veis: s‹o os tratados cuja execu•‹o Ž


comprometida caso sejam descumpridos por uma ou algumas partes. Se
um Estado-parte viola o tratado, todos os demais sofrem os efeitos da
viola•‹o.

f) Quanto ˆ natureza das normas:

                                                        
34
 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed.
S‹o Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p.175
 

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- Tratados-lei: s‹o produto da vontade convergente dos Estados, que


os celebram com o intuito de estabelecer normas de direito internacional
de aplica•‹o geral. Ex: tratados de direitos humanos

- Tratados-contrato: s‹o produto da vontade divergente dos Estados,


que os celebram com o ‰nimo de realizar uma opera•‹o jur’dica. Ex:
tratado de cess‹o territorial onerosa.

g) Quanto ˆ possibilidade de ades‹o:

- Tratados abertos: s‹o os tratados que permitem a ades‹o de Estados


que n‹o participaram de seu processo de conclus‹o. Um exemplo Ž o
Acordo Constitutivo da OMC, o qual est‡ aberto ˆ ades‹o de novos
Estados

- Tratados fechados: s‹o os tratados que n‹o permitem a ades‹o de


Estados que n‹o participaram de seu processo de conclus‹o.

2.5 - Estrutura dos Tratados:

O texto de um tratado possui, em regra, duas partes: o pre‰mbulo e uma


parte dispositiva. Pode ocorrer, em certos casos, de o tratado possuir
tambŽm anexos.

O pre‰mbulo enuncia as partes contratantes, os motivos e as circunst‰ncias


que resultaram na celebra•‹o do tratado. N‹o tem natureza jur’dica, mas
pol’tica, demonstrando as inten•›es das partes contratantes. Em que pese a
falta de valor jur’dico, o pre‰mbulo pode servir como importante instrumento
para a interpreta•‹o do texto de um tratado.

A parte dispositiva, por sua vez, Ž a parte compromissiva do tratado, que


possui, portanto, car‡ter vinculantes para as partes contratantes. ƒ na parte
00000000000

dispositiva que se pode encontrar a ess•ncia do tratado.

Os anexos, por œltimo, tambŽm integram a parte compromissiva do tratado,


mas, por se referirem a aspectos mais tŽcnicos, s‹o separados da parte
dispositiva. Essa separa•‹o Ž de ordem pr‡tico-metodol—gica, visando a evitar
que informa•›es de natureza tŽcnica fiquem misturadas a um texto de
linguagem jur’dica, o que dificultaria a fluidez da leitura do tratado.

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10. (Instituto Rio Branco Ð 2016) A defini•‹o de Estado contratante


abrange apenas os Estados que consentiram em se obrigar pelo
tratado quando este tenha entrado em vigor.

Coment‡rios:

Estados contratantes s‹o todos aqueles que se vincularam ao texto do tratado,


quer este tenha ou n‹o entrado em vigor. Quest‹o errada.

11. (ANAC Ð 2016) Reserva Ž a declara•‹o unilateral do Estado para


excluir ou modificar o efeito jur’dico, em rela•‹o a esse mesmo Estado,
de certas disposi•›es de um tratado internacional.

Coment‡rios:

Reserva Ž um qualificativo do consentimento. ƒ um ato unilateral por meio do


qual um Estado exclui ou modifica o efeito jur’dico, em rela•‹o a si pr—prio, de
certas disposi•›es de um tratado internacional. Quest‹o correta.

12. (Juiz Federal TRF 5a Regi‹o Ð 2015) A Conven•‹o de Viena sobre


Direito dos Tratados, de 1969, conceitua como tratado o acordo
internacional conclu’do por escrito entre Estados e regido em
conformidade com o direito internacional, desde que sua denomina•‹o
se inicie por um dos seguintes termos: tratado, acordo ou pacto.

Coment‡rios:

A CV/69 define tratado internacional como sendo o acordo conclu’do por


escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, qualquer que seja a
denomina•‹o espec’fica. N‹o importa o nome utilizado (tratado, acordo, pacto,
etc). Segundo a CV/69, fica configurada a exist•ncia de um tratado quando Ž
celebrado um acordo por escrito entre Estados. Quest‹o errada.

13. (Consultor Legislativo / C‰mara dos Deputados Ð 2014) A


00000000000

publica•‹o do acordo executivo Ž a garantia da introdu•‹o, no


ordenamento jur’dico nacional, dos acordos celebrados no molde
executivo, sem que haja a manifesta•‹o t’pica do Congresso Nacional.

Coment‡rios:

Os acordos executivos s‹o aqueles que s‹o introduzidos no ordenamento


jur’dico nacional sem qualquer manifesta•‹o do Congresso Nacional.
Quest‹o correta.

14. (Procurador do Trabalho / MPT Ð 2012) A Conven•‹o de Viena


sobre o Direito dos Tratados, vigente desde 1980 para os pa’ses que a

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ratificaram, contŽm a sistematiza•‹o dos conceitos jur’dicos


fundamentais sobre os tratados, entretanto, para o Brasil, que n‹o a
ratificou, a citada Conven•‹o tem a utilidade apenas como direito
consuetudin‡rio.

Coment‡rios:

O Brasil j‡ ratificou a Conven•‹o de Viena de 1969. Quest‹o errada.

15. (Juiz TRT 20a Regi‹o Ð 2012) ÒReservaÓ significa uma declara•‹o
bilateral, qualquer que seja a sua reda•‹o ou denomina•‹o, feita pelos
Estados ao ratificarem, assinarem, aceitarem ou aprovarem um
tratado, ou a ele aderirem, com o fito de excluir o efeito jur’dico de
certas disposi•›es do acordo.

Coment‡rios:

A reserva Ž uma declara•‹o unilateral de um Estado com o objetivo de afastar


a aplica•‹o de certas disposi•›es de um tratado. Quest‹o errada.

16. (Juiz TRT 5a Regi‹o Ð 2013) De acordo com a Conven•‹o de


Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, os tratados, acordos
internacionais regidos pelo direito internacional, podem ser celebrados
por escrito ou verbalmente.

Coment‡rios:

Segundo a CV/69, os tratados internacionais s‹o acordos celebrados por


escrito. N‹o h‡ tratados verbais. Quest‹o errada.

17. (Juiz TRT 5a Regi‹o Ð 2013) Os defensores da aplicabilidade dos


denominados acordos executivos Ñ para os quais n‹o seria necess‡rio
referendo do Congresso Nacional Ñ argumentam que a exig•ncia de
referendo limita-se a acordos que acarretem encargos ou
00000000000

compromissos gravosos ao patrim™nio nacional

Coment‡rios:

ƒ isso mesmo. Os acordos executivos s‹o aqueles cuja introdu•‹o no


ordenamento jur’dico nacional independe de qualquer manifesta•‹o do
Congresso Nacional.

Segundo o art. 49, I, compete ao Congresso Nacional resolver definitivamente


sobre tratados que acarretem compromissos gravosos ao patrim™nio nacional.
Se um tratado n‹o acarretar compromissos gravosos, ele n‹o precisar‡, em
tese, ser aprovado pelo Congresso Nacional. Portanto, tratar-se-‡ de acordo

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executivo. Quest‹o correta.

18. (Juiz TRT 11a Regi‹o Ð 2012) ƒ da compet•ncia exclusiva do


Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos
ou atos internacionais que acarretem compromissos gravosos ao
patrim™nio nacional.

Coment‡rios:

Trata-se de compet•ncia exclusiva do Congresso Nacional (art. 49, I, CF/88).


Quest‹o correta.

19. (Procurador da Fazenda Nacional / 2003) Pode-se dizer que


tratado internacional Ž um acordo celebrado por escrito entre sujeitos
de direito internacional, qualquer que seja sua denomina•‹o
particular.

Coment‡rios:

Nessa quest‹o, a ESAF adotou o entendimento de que s‹o sujeitos de DIP


apenas os Estados e as organiza•›es internacionais. Nessa perspectiva, tratado
internacional Ž um acordo celebrado por escrito entre sujeitos de direito
internacional, qualquer que seja sua denomina•‹o particular. Quest‹o correta.

20. (Procurador Ð Banco Central/1997) O tratado internacional


prescinde da forma escrita, segundo a Conven•‹o de Viena sobre o
Direito dos Tratados.

Coment‡rios:

Segundo a CV/69, tratados s‹o acordos formais, isto Ž, acordos celebrados por
escrito. Logo, para a CV/69, a forma escrita Ž fundamental. Quest‹o errada.

21. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- De acordo com o art. 2.o


00000000000

da Conven•‹o de Viena acerca do direito dos tratados de 1969,


entende-se por tratado um acordo internacional conclu’do por escrito
entre Estados e outros sujeitos de direito internacional ou entre os
pr—prios sujeitos de direito internacional e regido pelo direito
internacional, quer conste de um instrumento œnico, quer de dois ou
mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua denomina•‹o
espec’fica.

Coment‡rios:

A Conven•‹o de Viena de 1969 somente se aplica aos tratados entre Estados.


Quest‹o errada.

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22. (Procurador Ð Banco Central/2002)- A Conven•‹o sobre Direito


dos Tratados (Viena, 1969) disp›e sobre tratados entre os seguintes
sujeitos de direito internacional: Estados e organiza•›es
internacionais.

Coment‡rios:

A CV/69 disp›e apenas sobre os tratados entre Estados. Os tratados


celebrados entre Estados e organiza•›es internacionais ou entre organiza•›es
internacionais s‹o regulados pela Conven•‹o de Viena de 1986. Quest‹o
errada.

23. (AGU/2003)- Tratado internacional Ž um acordo celebrado por


escrito entre sujeitos de direito internacional que produz efeito
jur’dico, qualquer que seja sua denomina•‹o particular.

Coment‡rios:

Defini•‹o de tratado internacional que considera como sujeitos de DIP apenas


os Estados e organiza•›es internacionais. Perceba, caro aluno, que essa Ž uma
defini•‹o que integra a CV/69 e a CV/86. Quest‹o correta.

24. (Juiz Federal 16» Regi‹o/ 2003) - O Tratado Internacional Ž um


acordo formal celebrado por Estados soberanos, pelas organiza•›es
internacionais, pelas empresas privadas, pelos beligerantes, pela
Santa SŽ, alŽm de outros entes internacionais.

Coment‡rios:

As empresas privadas n‹o podem celebrar tratados internacionais. Quest‹o


errada.

25. (Instituto Rio Branco- 2010)- O gentlemenÕs agreement Ž uma


forma de tratado internacional firmado entre estadistas, fundado sobre
00000000000

a honra e condicionado, no tempo, ˆ perman•ncia de seus atores no


poder.

Coment‡rios:

O gentlemenÕs agreement n‹o Ž um tratado internacional, uma vez que n‹o


possui ‰nimo de criar v’nculo jur’dico. Quest‹o errada.

26. (Instituto Rio Branco- 2010)- O tratado constitutivo de uma


organiza•‹o internacional est‡ sujeito ˆs normas da Conven•‹o de
Viena sobre o Direito dos Tratados (1969).

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Coment‡rios:

O tratado constitutivo de uma organiza•‹o internacional est‡ sujeito ˆs normas


da CV/69, uma vez que se trata de acordo celebrado entre Estados. Quest‹o
correta.

27. (ATRFB-2009)- Sobre as defini•›es constantes da Conven•‹o de


Viena de 1969 (CVDT), pode-se afirmar que:

a) a CVDT determina expressa distin•‹o entre ÒtratadoÓ e Òacordo


internacionalÓ.

b) a defini•‹o de Òorganiza•‹o internacionalÓ abrange organiza•›es n‹o-


governamentais, desde que tenham sua personalidade jur’dica criada em um
dos Estados Membros da CVDT.

c) ÒreservaÓ Ž uma declara•‹o unilateral com o objetivo de excluir ou modificar


o efeito jur’dico de certas disposi•›es do tratado.

d) Òratifica•‹oÓ significa um documento expedido pela autoridade competente


de um Estado e pelo qual s‹o designadas uma ou v‡rias pessoas para
representar o Estado na negocia•‹o.

e) Òplenos poderesÓ se refere ˆ capacidade de o Estado negociador impor uma


proposta de texto aos demais Estados participantes.

Coment‡rios:

Letra A: errada. A CV/69 n‹o faz distin•‹o entre tratado e conven•‹o. Com
efeito, a denomina•‹o espec’fica recebida pelo tratado Ž irrelevante para
caracteriz‡-lo como tal. Assim, qualquer que seja sua terminologia -
conven•‹o, acordo, pacto, estatuto, declara•‹o Ð n‹o interfere no car‡ter
jur’dico de seu texto.
00000000000

Letra B: errada. Organiza•›es internacionais, segundo a CV/69, s‹o


organiza•›es intergovernamentais.

Letra C: correta. Esse Ž exatamente o conceito de reserva!

Letra D: errada. Ratifica•‹o Ž o ato internacional pelo qual um Estado se


compromete no plano internacional a obrigar-se por um tratado.

Letra E: errada. A carta de plenos poderes Ž um documento por meio do qual


um Estado outorga a uma pessoa a capacidade para represent‡-lo no plano
internacional nos atos relativos ˆ celebra•‹o de um tratado. Ela representa,
assim, a habilita•‹o do agente signat‡rio para concluir um tratado.

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28. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004) - A denomina•‹o dos tratados


internacionais Ž irrelevante para a determina•‹o de seus efeitos ou de
sua efic‡cia, sendo indiferente sejam chamados de acordo, conven•‹o,
ajuste, pacto ou liga.

Coment‡rios:

N‹o importa qual a denomina•‹o dada a um tratado internacional, pois isso


n‹o tem influ•ncia na determina•‹o de seus efeitos ou de sua efic‡cia jur’dica.
Quest‹o correta.

29. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004) - Segundo o nœmero de Estados-


partes, os tratados ser‹o sempre multilaterais, sendo inadmiss’vel a
hip—tese de tratado unilateral.

Coment‡rios:

Quanto ao nœmero de partes, os tratados podem ser bilaterais ou multilaterais,


n‹o havendo que se falar em tratado unilateral. Os tratados bilaterais s‹o
aqueles que envolvem a participa•‹o de duas partes; os multilaterais, reœnem
tr•s ou mais partes. Quest‹o errada.

30. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004)- Segundo a possibilidade de


participa•‹o, os tratados ser‹o abertos ou fechados.

Coment‡rios:

De fato, quanto ˆ possibilidade de participa•‹o, os tratados ser‹o abertos


(admitem ades‹o) ou fechados (n‹o admitem ades‹o). Quest‹o correta.

31. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004)- Segundo o modo de entrada em


vigor, os tratados poder‹o ser Òem devida formaÓ ou Òem forma
simplificadaÓ.
00000000000

Coment‡rios:

Quanto ao modo de entrada em vigor, os tratados se classificam em tratados


em sentido estrito ou Òem devida formaÓ (possuem duas fases de manifesta•‹o
do consentimento) e tratados em forma simplificada (possuem apenas uma
fase de manifesta•‹o do consentimento). Quest‹o correta.

32. (Defensor Pœblico da Uni‹o/2007)- Existem tratados que, por sua


natureza, s‹o imunes ˆ denœncia unilateral, como Ž o caso dos
tratados de vig•ncia din‰mica.

Coment‡rios:

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Os tratados de vig•ncia est‡tica Ž que s‹o imunes ˆ denœncia. Quest‹o errada.

33. (Consultor Legislativo/Senado-2002)- Para a maioria dos


internacionalistas p‡trios, certos acordos internacionais podem ser
conclu’dos pelo Poder Executivo, sem a necessidade de aprova•‹o
congressual.

Coment‡rios:

Segundo a doutrina dominante, h‡ possibilidade de que o Brasil celebre


acordos executivos, os quais prescindem da aprova•‹o do Congresso Nacional.
Quest‹o correta.

34. (MinistŽrio da Saœde/2008)- Tratados, conven•›es, acordos e


protocolos s‹o express›es dotadas de conteœdo jur’dico n‹o-
diferenciado.

Coment‡rios:

Segundo a CV/69, qualquer que seja a denomina•‹o particular dos acordos


celebrados por escrito entre Estados, estes ser‹o igualmente identificados
como tratados. Quest‹o correta.

35. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- De acordo com a


Constitui•‹o de 1988, Ž de compet•ncia exclusiva do Congresso
Nacional resolver definitivamente a respeito de tratados, acordos ou
atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrim™nio nacional. A finalidade desse dispositivo
constitucional Ž limitar a delibera•‹o do Congresso Nacional apenas
aos tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao Estado brasileiro, como, por exemplo, os
acordos que digam respeito ao endividamento externo. Portanto,
qualquer outra obriga•‹o n‹o-onerosa assumida pelo Poder Executivo,
em tratado internacional, n‹o necessita de aprova•‹o do Congresso
00000000000

Nacional.

Coment‡rios:

O art. 49, inciso I, da CF/88 n‹o limita a delibera•‹o do Congresso Nacional


aos tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao Estado brasileiro. Segundo a doutrina
dominante, a partir de uma interpreta•‹o teleol—gica da CF/88, todos os
tratados, ˆ exce•‹o dos acordos executivos, se sujeitam ˆ aprova•‹o do
Congresso Nacional.

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ƒ o caso, por exemplo, de um tratado sobre direitos humanos que disponha


que n‹o poder‡ haver a pris‹o civil por d’vida do deposit‡rio infiel. Em que isso
acarreta obriga•›es financeiras para o patrim™nio nacional? Em nada, n‹o Ž
mesmo? Mesmo n‹o sendo um compromisso oneroso, Ž incontroverso que ele
necessita de procedimento solene para sua efetiva internaliza•‹o no
ordenamento jur’dico brasileiro. Quest‹o errada.

36. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- Considere a seguinte


situa•‹o hipotŽtica. O Estado brasileiro firmou um tratado bilateral de
coopera•‹o tŽcnica. Alguns meses ap—s a entrada em vigor desse
instrumento, surgiram dœvidas interpretativas no momento de sua
aplica•‹o. Nesse contexto, o chanceler brasileiro elaborou, em
conjunto com o Estado-parte contratante, um novo acordo em que se
esclareceu o ponto controvertido. Nessa situa•‹o, conclu’da a
elabora•‹o do acordo de ’ndole interpretativa, este n‹o precisa ser
necessariamente submetido ˆ aprova•‹o do Congresso Nacional, posto
que se trata de um acordo executivo.

Coment‡rios:

Os acordos interpretativos s‹o uma espŽcie do g•nero acordo executivo, os


quais n‹o se submetem ˆ aprova•‹o do Congresso Nacional. Quest‹o correta.

37. (OAB- 1999) Leia com aten•‹o o trecho do Tratado de Roma, que
instituiu a Comunidade Econ™mica EuropŽia, para, ap—s, marcar a
op•‹o correta:

Sua majestade o Rei dos Belgas, o Presidente da Repœblica Federal da


Alemanha, o Presidente da Repœblica Francesa, o Presidente da
Repœblica Italiana, Sua Alteza Real a Gr‹ Ð Duquesa do Luxemburgo,
Sua Majestade a Rainha dos Pa’ses Baixos.

Determinados a estabelecer os fundamentos de uma uni‹o cada vez


mais estreita entre os povos europeus;
00000000000

Decididos a assegurar, mediante uma a•‹o comum, o progresso


econ™mico e social dos seus pa’ses, eliminando as barreiras que
dividem a Europa,

Fixando como objetivo essencial dos seus esfor•os ˆ melhoria


constante das condi•›es de vida de trabalho dos povos.

a) Trata-se de um trecho da parte dispositiva de um tratado bilateral.

b) Trata-se de um trecho do pre‰mbulo de um tratado bilateral.

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c) Trata-se de um trecho do pre‰mbulo de um tratado multilateral.

d) Trata-se de um trecho da parte dispositiva de um tratado plurilateral.

Coment‡rios:

Essa quest‹o foi bem tranquila, n‹o Ž mesmo? Est‡ bem claro para todos que
se trata de um trecho do pre‰mbulo de um tratado multilateral (Letra C). O
pre‰mbulo Ž a parte inicial de um tratado, no qual as partes expressam suas
inten•›es quanto ao estabelecimento do referido compromisso internacional.
Ela Ž desprovida de conteœdo normativo, embora possa servir de valioso
instrumento interpretativo do tratado.

38. (Juiz Substituto TRT/2006) Nos termos da Conven•‹o de Viena


sobre o Direito dos Tratados, de 1969, Estado negociador, significa,
efetivamente,

a) um Estado que tenha consentido em se obrigar por um tratado, embora n‹o


tenha participado da elabora•‹o do mesmo.

b) um Estado que participou na elabora•‹o e ado•‹o do texto do tratado.

c) um Estado que admite os efeitos jur’dicos do tratado, por conta de


articula•‹o posterior, decorrente de ades‹o contratual derivada.

d) um Estado que articulou a confec•‹o de um tratado, geralmente como sede


das negocia•›es, embora, posteriormente, se recuse a assinar a tratativa.

e) um Estado que consentiu em se obrigar por um tratado, de cuja elabora•‹o


n‹o participou, mas cujos efeitos lhe s‹o convenientes, obrigando-se, ent‹o,
na qualidade de terceiro Estado.

Coment‡rios:
00000000000

Segundo a CV/69, Estado Negociador Ž um Estado que tenha participado na


elabora•‹o e na ado•‹o do texto do tratado, exatamente conforme afirma a
letra B.

39. (OAB-2009.1)-Reserva constitui uma declara•‹o bilateral feita


pelos Estados ao assinarem um tratado.

Coment‡rios:

A reserva Ž uma declara•‹o unilateral feita com o objetivo de excluir ou


modificar algumas disposi•›es de um tratado em sua aplica•‹o a um Estado.

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Nos termos da CV/69, pode ser realizada por um Estado ao assinar, ratificar,
aceitar, aprovar ou aderir a um tratado. Quest‹o errada.

40. (OAB-2009.1)- Apenas o chefe de Estado pode celebrar tratado


internacional.

Coment‡rios:

N‹o Ž apenas o Chefe de Estado que pode celebrar um tratado em nome do


Estado. Poder‹o faz•-lo aqueles que estiverem devidamente habilitados para
tal, isto Ž, possu’rem uma carta de plenos poderes ou estiverem relacionados
na CV/69 como agentes que atuam em nome do Estado independentemente de
carta de plenos poderes. Quest‹o errada.

2.6 Ð Requisitos de Validade dos Tratados:

Um tratado, para que tenha validade, deve possuir alguns requisitos, quais
sejam: i) habilita•‹o dos agentes signat‡rios; ii) objeto l’cito e poss’vel; iii)
capacidade das partes contratantes e; iv) consentimento livre.

2.6.1- Habilita•‹o dos agentes signat‡rios:

A pergunta que se faz aqui Ž a seguinte: quem tem compet•ncia para atuar
em nome do Estado no plano internacional com o fim de praticar atos relativos
ˆ conclus‹o de um tratado?

A resposta a essa pergunta n‹o Ž t‹o complicada assim!

A representa•‹o do Estado no plano internacional compete originariamente


00000000000

aos Chefes de Estado ou aos Chefes de Governo, dependendo do sistema


pol’tico adotado pelo pa’s. No Brasil, a CF/88 estabeleceu, em seu art. 84,
inciso VIII, que compete privativamente ao Presidente da Repœblica Òcelebrar
tratados, conven•›es e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
NacionalÓ.

A compet•ncia para representar o Estado no plano internacional pode,


todavia, ser delegada. E, normalmente, Ž exatamente isso o que Ž feito,
tendo em vista a impossibilidade de o Chefe de Estado estar presente nas
inœmeras reuni›es nas quais se celebram tratados. A pr‡tica tem revelado,
inclusive, que Ž n‹o Ž comum que um Chefe de Estado esteja pessoalmente
presente quando da assinatura de um tratado.

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Assim, h‡ outros agentes, alŽm dos Chefes de Estado e Chefes de Governo que
podem representar o Estado para os atos relativos ˆ conclus‹o de um tratado.
S‹o os chamados plenipotenci‡rios, assim chamados por serem detentores
de Òplenos poderesÓ.

Nos termos da CV/69, a carta de plenos poderes Ž um Òdocumento expedido


pela autoridade competente de um Estado e pelo qual s‹o designadas uma ou
v‡rias pessoas para representar o Estado na negocia•‹o, ado•‹o ou
autentica•‹o do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do
Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer outro ato
relativo a um tratado.Ó

A partir desse conceito apresentado pela CV/69, podemos formular algumas


quest›es. Um Governador de estado brasileiro pode assinar um tratado em
nome da Repœblica Federativa do Brasil? E o Secret‡rio da Receita Federal do
Brasil? E um Analista de ComŽrcio Exterior?

A resposta Ž positiva. Qualquer indiv’duo que detenha a carta de plenos


poderes (atŽ eu ou voc•! rs) poder‡ assinar um tratado em nome do
Estado. Entretanto, existem alguns indiv’duos cuja atua•‹o no plano
internacional independente da apresenta•‹o da carta de plenos poderes. A
CV/69 relaciona, em seu art. 7¼, os agentes que podem atuar em nome do
Estado independentemente da apresenta•‹o de cartas de plenos poderes.
Vejamos o que nos diz o referido dispositivo:

Art. 7¼- Plenos Poderes:


1. Uma pessoa Ž considerada representante de um Estado para a ado•‹o ou
autentica•‹o do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do
Estado em obrigar-se por um tratado se:
a) apresentar plenos poderes apropriados; ou
b) a pr‡tica dos Estados interessados ou outras circunst‰ncias indicarem que a
inten•‹o do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses
fins e dispensar os plenos poderes.
2. Em virtude de suas fun•›es e independentemente da apresenta•‹o de plenos
00000000000

poderes, s‹o considerados representantes do seu Estado:


a) os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das
Rela•›es Exteriores, para a realiza•‹o de todos os atos relativos ˆ
conclus‹o de um tratado;
b) os Chefes de miss‹o diplom‡tica, para a ado•‹o do texto de um
tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual est‹o
acreditados;
c) os representantes acreditados pelos Estados perante uma
confer•ncia ou organiza•‹o internacional ou um de seus —rg‹os, para a
ado•‹o do texto de um tratado em tal confer•ncia, organiza•‹o ou —rg‹o.

Interpretando o art. 7¼ da CV/69, verificamos que podem atuar em nome do


Estado independentemente da apresenta•‹o de carta de plenos
poderes: i) Chefe de Estado e Chefe de Governo; ii) Ministro das Rela•›es
 

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Exteriores; iii) chefe de miss‹o diplom‡tica para a ado•‹o do texto de um


tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual est‹o acreditados
e; iv) representantes acreditados pelo Estado perante uma confer•ncia ou
organiza•‹o internacional.

O Chefe de Estado, Chefe de Governo e Ministro das Rela•›es


Exteriores podem praticar qualquer ato relativo ˆ celebra•‹o do texto de um
tratado. J‡ os chefes de miss‹o diplom‡tica e os representantes
acreditados junto a uma confer•ncia ou organiza•‹o internacional
podem apenas adotar o texto de um tratado. A ado•‹o do texto de um
tratado, conforme iremos nos aprofundar mais ˆ frente, Ž o momento final das
negocia•›es, precedendo a assinatura. O texto adotado Ž a reda•‹o final do
tratado. Ser‡ ele o objeto das assinaturas.

ƒ importante darmos uma explica•‹o sobre a compet•ncia dos chefes de


miss‹o diplom‡tica para atuar em nome do Estado. O chefe da miss‹o
diplom‡tica Ž o embaixador, a autoridade m‡xima dentro da miss‹o
diplom‡tica. O embaixador brasileiro na Argentina (Estado acreditado) pode
adotar o texto de um tratado celebrado entre o Brasil e a Argentina,
independentemente de carta de plenos poderes. No entanto, se o tratado
celebrado for entre Brasil e Uruguai, o embaixador brasileiro na Argentina
precisar‡ de uma carta de plenos poderes para atuar em nome da Repœblica
Federativa do Brasil.

ƒ poss’vel tambŽm que alguns agentes, apesar de n‹o portarem uma carta de
plenos poderes e n‹o estarem relacionados na lista do art. 7¼, atuem em nome
do Estado com o intuito de celebrar um tratado. ƒ a isso que faz men•‹o o art.
7¼, par‡grafo 1¼, da CV/69, ao estabelecer que uma pessoa Ž considerada
representante do Estado se a Òpr‡tica dos Estados interessados ou outras
circunst‰ncias indicarem que a inten•‹o do Estado era considerar essa pessoa
seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderesÓ. Ora, se a
pr‡tica dos Estados indicar que o Estado tem a inten•‹o de indicar uma
determinada pessoa como seu representante, ser‡ dispensada a carta
de plenos poderes.
00000000000

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2.6.2- Capacidade das partes contratantes:

Os Estados e as organiza•›es internacionais s‹o os œnicos entes dotados


de compet•ncia para concluir tratados, ou seja, s‹o entes que possuem
capacidade convencional. Entretanto, o poder dos Estados para celebrar
tratados Ž mais amplo do que o das organiza•›es internacionais.
Enquanto os Estados podem celebrar tratados sobre quaisquer assuntos, a
capacidade convencional das organiza•›es internacionais est‡ materialmente
limitada ao que prev• o seu acordo constitutivo35.

A representa•‹o do Estado brasileiro no plano internacional compete ˆ Uni‹o,


conforme previsto no art. 21, inciso I da CF/88: ÒCompete ˆ Uni‹o: i) manter
00000000000

rela•›es com Estados estrangeiros e participar de organiza•›es internacionais.Ó


Assim, a Uni‹o Ž o ente federativo respons‡vel pela representa•‹o
externa da Repœblica Federativa do Brasil.

Quest‹o interessante Ž analisar a capacidade convencional dos entes


federativos. Em tese, Ž poss’vel que os entes federativos concluam tratados.
Entretanto, a pr‡tica internacional consagrada n‹o Ž essa, sendo admiss’vel
apenas em alguns poucos Estados, como Alemanha e Su’•a. 36 No Brasil, os

                                                        
35
Acordo constitutivo Ž o tratado que d‡ vida ˆ organiza•‹o internacional e estabelece
sua organiza•‹o, funcionamento e processo decis—rio.
36
 PORTELA, Paulo Henrique Gon•alves. Direito Internacional Pœblico e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009, pp. 94-96.  
 

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Estados, Distrito Federal e Munic’pios n‹o podem celebrar tratados


internacionais. Entretanto, a esses entes Ž facultada a celebra•‹o de
opera•›es externas de natureza financeira, conforme previsto no art. 52,
inciso V da CF/88.

Essas opera•›es externas de natureza financeira s‹o, por exemplo,


emprŽstimos obtidos junto ao BIRD (Banco Internacional de Reconstru•‹o e
Desenvolvimento) e ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Destaque-se que as opera•›es externas de natureza financeira de interesse da
Uni‹o, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munic’pios est‹o sujeitas ˆ
autoriza•‹o do Senado Federal. 37

2.6.3- Objeto l’cito e poss’vel:

Os tratados internacionais devem ter um objeto l’cito e poss’vel, isto Ž, seu


conteœdo n‹o pode violar normas jus cogens. Mas o que s‹o normas jus
cogens?

O art. 53 da CV/69 esclarece o que s‹o normas jus cogens, ao estabelecer que
Ò... uma norma imperativa de Direito Internacional geral Ž uma norma aceita
e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um
todo, como norma da qual nenhuma derroga•‹o Ž permitida e que s—
pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da
mesma natureza.Ó

As normas jus cogens s‹o normas que, pela sua import‰ncia, gozam de valor
superior na ordem jur’dica internacional, prevalecendo sobre as demais.
N‹o se admite, portanto, sua derroga•‹o, a n‹o ser por norma de mesma
natureza. Hoje em dia, por exemplo, n‹o se admite de forma alguma que
exista o tr‡fico de escravos ou mesmo a escravid‹o. A proibi•‹o da escravid‹o
Ž, portanto, uma norma jus cogens.
00000000000

Quando estudamos as fontes de DIP, n—s comentamos que n‹o h‡ hierarquia


entre elas. Voc•s est‹o lembrados? De fato, n‹o h‡ hierarquia entre as
fontes de DIP, mas isso n‹o quer dizer que n‹o haja hierarquia entre
normas. Com efeito, as normas jus cogens sempre ir‹o prevalecer em caso de
conflito com outra norma. Assim, um tratado que regulamente o tr‡fico de
escravos, por conflitar com a norma jus cogens que pro’be a escravid‹o, ser‡
absolutamente nulo.

Do ponto de vista meramente formal, um tratado poderia revogar o costume


internacional que pro’be a escravid‹o. Entretanto, do ponto de vista
                                                        
37
Conforme disposto no art. 52, inciso V, da CF/88.
 

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material, um tratado jamais poder‡ contrariar uma norma jus cogens.


E Ž essa an‡lise do ponto de vista material que nos interessa nesse momento.
As normas jus cogens, por serem absolutamente imperativas e inderrog‡veis,
n‹o podem ser alteradas nem mesmo pela vontade dos Estados
soberanos, uma vez que delas depende o bom funcionamento da sociedade
internacional. 38

A CV/69 reconheceu, por meio dos art. 53 e art. 64, a preval•ncia das
normas jus cogens sobre as demais normas do ordenamento jur’dico
internacional. Vamos entender o que dizem esses dispositivos:

Artigo 53 - Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito


Internacional Geral (jus cogens)
ƒ nulo um tratado que, no momento de sua conclus‹o, conflite com uma norma
imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Conven•‹o,
uma norma imperativa de Direito Internacional geral Ž uma norma aceita e
reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como
norma da qual nenhuma derroga•‹o Ž permitida e que s— pode ser modificada
por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

(...)

Artigo 64 - Superveni•ncia de uma Nova Norma Imperativa de Direito


Internacional Geral (jus cogens)
Se sobrevier uma nova norma imperativa de Direito Internacional geral,
qualquer tratado existente que estiver em conflito com essa norma torna-se
nulo e extingue-se.

O art. 53 regula o conflito entre um tratado internacional e uma norma


jus cogens que lhe seja anterior. Segundo o referido dispositivo, um
tratado que, no momento de sua conclus‹o, conflitar com uma norma jus
cogens, ser‡ nulo. Trata-se de hip—tese de nulidade absoluta, ocorrida em
virtude da ilicitude do objeto do tratado. Hoje, a proibi•‹o da escravid‹o Ž
considerada uma norma jus cogens. Se for celebrado um tratado que
regulamente o tr‡fico de escravos, este tratado ser‡ nulo de pleno direito
00000000000

desde o momento de sua conclus‹o.

A argui•‹o de nulidade de um tratado com fundamento na viola•‹o de norma


jus cogens deve obedecer ao procedimento previsto no art. 65 da CV/69.39
Uma vez submetida a quest‹o ˆ Corte Internacional de Justi•a (CIJ), esta
poder‡ declarar a nulidade do tratado. Destaque-se que a nulidade do
tratado propagar‡ efeitos retroativos (ex tunc), ou seja, o tratado ser‡
considerado nulo desde o momento de sua entrada em vigor.
                                                        
38
 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 134-138.  
39
Quando estudarmos as hip—teses de nulidade dos tratados, abordaremos o
procedimento previsto no art. 65 da CV/69.
 

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O art. 64, por sua vez, regula o conflito entre um tratado internacional e
uma norma jus cogens que lhe Ž posterior (norma jus cogens
superveniente). Nos termos desse dispositivo, caso sobrevenha uma norma jus
cogens, qualquer tratado que estiver em conflito com essa norma, torna-se
nulo e extingue-se. Entende a doutrina mais abalizada, todavia, que se trata
de hip—tese de extin•‹o de tratado internacional e n‹o de nulidade.40 Esse
entendimento Ž o que prevalece em raz‹o de serem distintos os efeitos da
nulidade e da extin•‹o, sendo incongruente, portanto, que o art. 64 se
refira, simultaneamente, ˆ extin•‹o e ˆ nulidade.41 Com efeito, a extin•‹o de
um tratado n‹o retroage, Ž dizer, opera efeitos Òex nuncÓ.

2.6.4- Consentimento Regular:

O consentimento Ž o fundamento de validade dos tratados internacionais, o


que foi expressamente reconhecido pelo art. 26 da CV/69, ao dispor que todo
tratado em vigor obriga as partes e deve ser por elas cumprido de boa
fŽ. Essa Ž a conhecida regra Òpacta sunt servandaÓ, segundo a qual os
compromissos assumidos devem ser honrados.

Ora, se o consentimento estatal Ž o fundamento de validade dos tratados, este


n‹o poder‡ ser eivado de v’cios, sob pena de o tratado ser considerado
nulo.

Mas quais seriam esses v’cios do consentimento?

Os v’cios do consentimento ocorrem nas hip—teses definidas pela CV/69, quais


sejam: erro, dolo, coa•‹o do Estado ou do representante do Estado e
corrup•‹o do representante do Estado. Perceba-se que, em todas essas
situa•›es, o consentimento do Estado n‹o Ž livre, Ž dizer, n‹o Ž um
consentimento regular.
00000000000

                                                        
40
MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed.
S‹o Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, pp. 258-259.
41
Fazendo um paralelo com o Direito Constitucional, essa Ž a mesma l—gica que leva
o STF a n‹o ser aceitar a inconstitucionalidade superveniente. Para o STF, caso a nova
Constitui•‹o seja materialmente incompat’vel com lei a ela anterior, opera-se a
revoga•‹o (extin•‹o) da referida lei.
 

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41. (Defensor Pœblico da Uni‹o Ð 2015) Normas jus cogens n‹o


podem ser revogadas por normas positivas de direito internacional.

Coment‡rios:

Pegadinha! Norma jus cogens pode, sim, ser revogada, desde que por outra
norma da mesma natureza, ou seja, outra norma jus cogens. Quest‹o
errada.

42. (Consultor Legislativo / C‰mara dos Deputados Ð 2014) A


Conven•‹o de Viena sobre Direito dos Tratados admite que normas
perempt—rias ou imperativas de direito internacional geral imponham-
se de forma cogente como fontes de direito internacional, superiores a
tratados em caso de conflito.

Coment‡rios:

A CV/69 reconhece a exist•ncia de normas jus cogens, assim consideradas as


normas imperativas de direito internacional. Os tratados internacionais n‹o
poder‹o violar normas jus cogens. Quest‹o correta.

43. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- Qualquer opera•‹o


externa de natureza financeira de interesse dos governos federal,
estadual, distrital, municipal ou de territ—rios, inclusive de entes da
administra•‹o indireta ou descentralizada, sujeitar-se-‡ ˆ autoriza•‹o
senatorial, objetivando o levantamento ou o suprimento de numer‡rio
no exterior, junto a institui•›es estrangeiras, pœblicas ou privadas, ou
internacionais.

Coment‡rios:

Segundo o art. 52, inciso V da CF /88, compete ao Senado Federal Òautorizar


opera•›es externas de natureza financeira, de interesse da Uni‹o, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Territ—rios e dos Munic’pios.Ó Dessa forma, a quest‹o
00000000000

est‡ correta.

44. (Consultor Legislativo / C‰mara-2002)- Considerando que o


consentimento mœtuo constitui condi•‹o de validade dos tratados
internacionais, ter‡ plena validade o tratado que, no momento de sua
conclus‹o, conflite com norma imperativa de direito internacional
geral, de conformidade com o que estabelece a Conven•‹o de Viena
sobre o Direito dos Tratados.

Coment‡rios:

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O tratado internacional que, no momento de sua conclus‹o, conflite com


norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens) ser‡ considerado
nulo, em conformidade com o art. 53 da CV/69. Quest‹o errada.

45. (Juiz Federal 5» Regi‹o/ 2006)- Antes do in’cio da negocia•‹o de


qualquer tratado bilateral, o ministro das Rela•›es Exteriores do Brasil
deve apresentar carta de plenos poderes, perante o governo co-
pactuante, para habilit‡-lo a participar dessa fase e, posteriormente, a
assinar o tratado em car‡ter definitivo.

Coment‡rios:

Segundo a CV/69, o Ministro das Rela•›es Exterior pode realizar,


independentemente da apresenta•‹o de carta de plenos poderes, quaisquer
atos relativos ˆ conclus‹o de um tratado. Quest‹o errada.

46. (Procurador da Fazenda Nacional / 2003)- Qualquer tratado


existente que seja conflitante com norma imperativa de direito
internacional geral (jus cogens) posterior torna-se nulo e extingue-se.

Coment‡rios:

Pelo art. 64 da CV/69, a superveni•ncia de norma jus cogens torna nulo e faz
com que se extinga um tratado que com ela conflite. Quest‹o correta.

47. (Instituto Rio Branco-2010)- ƒ nulo todo tratado que


regulamente o tr‡fico de escravos entre dois ou mais Estados.

Coment‡rios:

Segundo o art. 53 da CV/69, ser‡ nulo todo tratado que, no momento de sua
conclus‹o, conflite com uma norma jus cogens. Dessa forma, um tratado que
regulamente o tr‡fico de escravos, por conflitar com a norma jus cogens que
pro’be a escravid‹o, ser‡ nulo. Quest‹o correta.
00000000000

48. (Instituto Rio Branco-2010)- A Conven•‹o de Viena sobre o


Direito dos Tratados (1969) enumera as normas imperativas de direito
internacional (jus cogens), entre as quais, a proibi•‹o da escravid‹o.

Coment‡rios:

A CV/69 reconhece a exist•ncia das normas jus cogens, mas n‹o as enumera.
Quest‹o errada.

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Lista de Quest›es

1. (PGFN - 2003) No momento atual, o Direito Internacional Pœblico


ainda n‹o disp›e de meios efetivos de san•‹o.

2. (PGFN - 2003) A aus•ncia de um Poder Legislativo universal, bem


assim de um Judici‡rio internacional com jurisdi•‹o compuls—ria, s‹o
alguns dos argumentos utilizados pelos negadores do direito
internacional para falar da aus•ncia de car‡ter jur’dico do direito das
gentes.

3. (Consultor Legislativo Senado Federal / 2002) As rela•›es


jur’dicas entre os Estados, no contexto de uma sociedade jur’dica
internacional descentralizada desenvolvem-se de forma horizontal e
coordenada.

4. (AGU - 2009) No Direito Internacional, h‡ muito tempo, existem


as cortes que atuam para a solu•‹o de conflitos entre os Estados,
como Ž o caso da Corte Internacional de Justi•a. Entretanto, h‡ fato
inŽdito, no Direito Internacional, quanto ˆ criminaliza•‹o
supranacional de determinadas condutas, com a cria•‹o do TPI,
tribunal ad hoc destinado ˆ puni•‹o de pessoas que pratiquem, em
per’odo de paz ou de guerra, qualquer crime contra indiv’duos.

5. (OAB Ð 2009.2) Em Direito Internacional Pœblico, h‡ um governo


central, que possui soberania sobre todas as na•›es.

6. (Juiz Federal TRF 5a Regi‹o Ð 2015) A corrente voluntarista


considera que a obrigatoriedade do direito internacional deve basear-
se no consentimento dos cidad‹os.

7. (Juiz Federal TRF 5a Regi‹o Ð 2015) O consentimento perceptivo


da corrente objetivista significa que a normatividade jur’dica do direito
internacional nasce da pura vontade dos Estados.
00000000000

8. (AGU - 2006) O princ’pio pacta sunt servanda, segundo o qual o


que foi pactuado deve ser cumprido, externaliza um modelo de norma
fundada no consentimento criativo, ou seja, um conjunto de regras das
quais a comunidade internacional n‹o pode prescindir.

9. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- Duas doutrinas principais


fundamentam o direito internacional pœblico: a voluntarista e a
objetivista. A primeira sustenta que Ž na vontade dos Estados que est‡
o fundamento do direito das gentes; nela se inseriria a teoria dos
direitos fundamentais. A segunda, por sua vez, sustenta o fundamento
do direito internacional na pressuposta exist•ncia de uma norma ou

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princ’pio acima dos Estados, como, por exemplo, a teoria do


consentimento.

10. (Instituto Rio Branco Ð 2016) A defini•‹o de Estado contratante


abrange apenas os Estados que consentiram em se obrigar pelo
tratado quando este tenha entrado em vigor.

11. (ANAC Ð 2016) Reserva Ž a declara•‹o unilateral do Estado para


excluir ou modificar o efeito jur’dico, em rela•‹o a esse mesmo Estado,
de certas disposi•›es de um tratado internacional.

12. (Juiz Federal TRF 5a Regi‹o Ð 2015) A Conven•‹o de Viena sobre


Direito dos Tratados, de 1969, conceitua como tratado o acordo
internacional conclu’do por escrito entre Estados e regido em
conformidade com o direito internacional, desde que sua denomina•‹o
se inicie por um dos seguintes termos: tratado, acordo ou pacto.

13. (Consultor Legislativo / C‰mara dos Deputados Ð 2014) A


publica•‹o do acordo executivo Ž a garantia da introdu•‹o, no
ordenamento jur’dico nacional, dos acordos celebrados no molde
executivo, sem que haja a manifesta•‹o t’pica do Congresso Nacional.

14. (Procurador do Trabalho / MPT Ð 2012) A Conven•‹o de Viena


sobre o Direito dos Tratados, vigente desde 1980 para os pa’ses que a
ratificaram, contŽm a sistematiza•‹o dos conceitos jur’dicos
fundamentais sobre os tratados, entretanto, para o Brasil, que n‹o a
ratificou, a citada Conven•‹o tem a utilidade apenas como direito
consuetudin‡rio.

15. (Juiz TRT 20a Regi‹o Ð 2012) ÒReservaÓ significa uma declara•‹o
bilateral, qualquer que seja a sua reda•‹o ou denomina•‹o, feita pelos
Estados ao ratificarem, assinarem, aceitarem ou aprovarem um
tratado, ou a ele aderirem, com o fito de excluir o efeito jur’dico de
certas disposi•›es do acordo. 00000000000

16. (Juiz TRT 5a Regi‹o Ð 2013) De acordo com a Conven•‹o de


Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, os tratados, acordos
internacionais regidos pelo direito internacional, podem ser celebrados
por escrito ou verbalmente.

17. (Juiz TRT 5a Regi‹o Ð 2013) Os defensores da aplicabilidade dos


denominados acordos executivos Ñ para os quais n‹o seria necess‡rio
referendo do Congresso Nacional Ñ argumentam que a exig•ncia de
referendo limita-se a acordos que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrim™nio nacional

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18. (Juiz TRT 11a Regi‹o Ð 2012) ƒ da compet•ncia exclusiva do


Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos
ou atos internacionais que acarretem compromissos gravosos ao
patrim™nio nacional.

19. (Procurador da Fazenda Nacional / 2003) Pode-se dizer que


tratado internacional Ž um acordo celebrado por escrito entre sujeitos
de direito internacional, qualquer que seja sua denomina•‹o
particular.

20. (Procurador Ð Banco Central/1997) O tratado internacional


prescinde da forma escrita, segundo a Conven•‹o de Viena sobre o
Direito dos Tratados.

21. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- De acordo com o art. 2.o


da Conven•‹o de Viena acerca do direito dos tratados de 1969,
entende-se por tratado um acordo internacional conclu’do por escrito
entre Estados e outros sujeitos de direito internacional ou entre os
pr—prios sujeitos de direito internacional e regido pelo direito
internacional, quer conste de um instrumento œnico, quer de dois ou
mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua denomina•‹o
espec’fica.

22. (Procurador Ð Banco Central/2002)- A Conven•‹o sobre Direito


dos Tratados (Viena, 1969) disp›e sobre tratados entre os seguintes
sujeitos de direito internacional: Estados e organiza•›es
internacionais.

23. (AGU/2003)- Tratado internacional Ž um acordo celebrado por


escrito entre sujeitos de direito internacional que produz efeito
jur’dico, qualquer que seja sua denomina•‹o particular.

24. (Juiz Federal 16» Regi‹o/ 2003) - O Tratado Internacional Ž um


acordo formal celebrado por Estados soberanos, pelas organiza•›es
internacionais, pelas empresas privadas, pelos beligerantes, pela
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Santa SŽ, alŽm de outros entes internacionais.

25. (Instituto Rio Branco- 2010)- O gentlemenÕs agreement Ž uma


forma de tratado internacional firmado entre estadistas, fundado sobre
a honra e condicionado, no tempo, ˆ perman•ncia de seus atores no
poder.

26. (Instituto Rio Branco- 2010)- O tratado constitutivo de uma


organiza•‹o internacional est‡ sujeito ˆs normas da Conven•‹o de
Viena sobre o Direito dos Tratados (1969).

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27. (ATRFB-2009)- Sobre as defini•›es constantes da Conven•‹o de


Viena de 1969 (CVDT), pode-se afirmar que:

a) a CVDT determina expressa distin•‹o entre ÒtratadoÓ e Òacordo


internacionalÓ.

b) a defini•‹o de Òorganiza•‹o internacionalÓ abrange organiza•›es n‹o-


governamentais, desde que tenham sua personalidade jur’dica criada em um
dos Estados Membros da CVDT.

c) ÒreservaÓ Ž uma declara•‹o unilateral com o objetivo de excluir ou modificar


o efeito jur’dico de certas disposi•›es do tratado.

d) Òratifica•‹oÓ significa um documento expedido pela autoridade competente


de um Estado e pelo qual s‹o designadas uma ou v‡rias pessoas para
representar o Estado na negocia•‹o.

e) Òplenos poderesÓ se refere ˆ capacidade de o Estado negociador impor uma


proposta de texto aos demais Estados participantes.

28. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004) - A denomina•‹o dos tratados


internacionais Ž irrelevante para a determina•‹o de seus efeitos ou de
sua efic‡cia, sendo indiferente sejam chamados de acordo, conven•‹o,
ajuste, pacto ou liga.

29. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004) - Segundo o nœmero de Estados-


partes, os tratados ser‹o sempre multilaterais, sendo inadmiss’vel a
hip—tese de tratado unilateral.

30. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004)- Segundo a possibilidade de


participa•‹o, os tratados ser‹o abertos ou fechados.

31. (Juiz Federal 4a Regi‹o/2004)- Segundo o modo de entrada em


vigor, os tratados poder‹o ser Òem devida formaÓ ou Òem forma
simplificadaÓ. 00000000000

32. (Defensor Pœblico da Uni‹o/2007)- Existem tratados que, por sua


natureza, s‹o imunes ˆ denœncia unilateral, como Ž o caso dos
tratados de vig•ncia din‰mica.

33. (Consultor Legislativo/Senado-2002)- Para a maioria dos


internacionalistas p‡trios, certos acordos internacionais podem ser
conclu’dos pelo Poder Executivo, sem a necessidade de aprova•‹o
congressual.

34. (MinistŽrio da Saœde/2008)- Tratados, conven•›es, acordos e


protocolos s‹o express›es dotadas de conteœdo jur’dico n‹o-
diferenciado.
 

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35. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- De acordo com a


Constitui•‹o de 1988, Ž de compet•ncia exclusiva do Congresso
Nacional resolver definitivamente a respeito de tratados, acordos ou
atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrim™nio nacional. A finalidade desse dispositivo
constitucional Ž limitar a delibera•‹o do Congresso Nacional apenas
aos tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao Estado brasileiro, como, por exemplo, os
acordos que digam respeito ao endividamento externo. Portanto,
qualquer outra obriga•‹o n‹o-onerosa assumida pelo Poder Executivo,
em tratado internacional, n‹o necessita de aprova•‹o do Congresso
Nacional.

36. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- Considere a seguinte


situa•‹o hipotŽtica. O Estado brasileiro firmou um tratado bilateral de
coopera•‹o tŽcnica. Alguns meses ap—s a entrada em vigor desse
instrumento, surgiram dœvidas interpretativas no momento de sua
aplica•‹o. Nesse contexto, o chanceler brasileiro elaborou, em
conjunto com o Estado-parte contratante, um novo acordo em que se
esclareceu o ponto controvertido. Nessa situa•‹o, conclu’da a
elabora•‹o do acordo de ’ndole interpretativa, este n‹o precisa ser
necessariamente submetido ˆ aprova•‹o do Congresso Nacional, posto
que se trata de um acordo executivo.

37. (OAB- 1999) Leia com aten•‹o o trecho do Tratado de Roma, que
instituiu a Comunidade Econ™mica Europeia, para, ap—s, marcar a
op•‹o correta:

Sua majestade o Rei dos Belgas, o Presidente da Repœblica Federal da


Alemanha, o Presidente da Repœblica Francesa, o Presidente da
Repœblica Italiana, Sua Alteza Real a Gr‹ Ð Duquesa do Luxemburgo,
Sua Majestade a Rainha dos Pa’ses Baixos.

Determinados a estabelecer os fundamentos de uma uni‹o cada vez


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mais estreita entre os povos europeus;

Decididos a assegurar, mediante uma a•‹o comum, o progresso


econ™mico e social dos seus pa’ses, eliminando as barreiras que
dividem a Europa,

Fixando como objetivo essencial dos seus esfor•os ˆ melhoria


constante das condi•›es de vida de trabalho dos povos.

a) Trata-se de um trecho da parte dispositiva de um tratado bilateral.

b) Trata-se de um trecho do pre‰mbulo de um tratado bilateral.

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c) Trata-se de um trecho do pre‰mbulo de um tratado multilateral.

d) Trata-se de um trecho da parte dispositiva de um tratado plurilateral.

38. (Juiz Substituto TRT/2006) Nos termos da Conven•‹o de Viena


sobre o Direito dos Tratados, de 1969, Estado negociador, significa,
efetivamente,

a) um Estado que tenha consentido em se obrigar por um tratado, embora n‹o


tenha participado da elabora•‹o do mesmo.

b) um Estado que participou na elabora•‹o e ado•‹o do texto do tratado.

c) um Estado que admite os efeitos jur’dicos do tratado, por conta de


articula•‹o posterior, decorrente de ades‹o contratual derivada.

d) um Estado que articulou a confec•‹o de um tratado, geralmente como sede


das negocia•›es, embora, posteriormente, se recuse a assinar a tratativa.

e) um Estado que consentiu em se obrigar por um tratado, de cuja elabora•‹o


n‹o participou, mas cujos efeitos lhe s‹o convenientes, obrigando-se, ent‹o,
na qualidade de terceiro Estado.

39. (OAB-2009.1)-Reserva constitui uma declara•‹o bilateral feita


pelos Estados ao assinarem um tratado.

40. (OAB-2009.1)- Apenas o chefe de Estado pode celebrar tratado


internacional.

41. (Defensor Pœblico da Uni‹o Ð 2015) Normas jus cogens n‹o


podem ser revogadas por normas positivas de direito internacional.

42. (Consultor Legislativo / C‰mara dos Deputados Ð 2014) A


Conven•‹o de Viena sobre Direito dos Tratados admite que normas
perempt—rias ou imperativas de direito internacional geral imponham-
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se de forma cogente como fontes de direito internacional, superiores a


tratados em caso de conflito.

43. (Consultor Legislativo / Senado-2002)- Qualquer opera•‹o


externa de natureza financeira de interesse dos governos federal,
estadual, distrital, municipal ou de territ—rios, inclusive de entes da
administra•‹o indireta ou descentralizada, sujeitar-se-‡ ˆ autoriza•‹o
senatorial, objetivando o levantamento ou o suprimento de numer‡rio
no exterior, junto a institui•›es estrangeiras, pœblicas ou privadas, ou
internacionais.

44. (Consultor Legislativo / C‰mara-2002)- Considerando que o


consentimento mœtuo constitui condi•‹o de validade dos tratados
 

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internacionais, ter‡ plena validade o tratado que, no momento de sua


conclus‹o, conflite com norma imperativa de direito internacional
geral, de conformidade com o que estabelece a Conven•‹o de Viena
sobre o Direito dos Tratados.

45. (Juiz Federal 5» Regi‹o/ 2006)- Antes do in’cio da negocia•‹o de


qualquer tratado bilateral, o ministro das Rela•›es Exteriores do Brasil
deve apresentar carta de plenos poderes, perante o governo co-
pactuante, para habilit‡-lo a participar dessa fase e, posteriormente, a
assinar o tratado em car‡ter definitivo.

46. (Procurador da Fazenda Nacional / 2003)- Qualquer tratado


existente que seja conflitante com norma imperativa de direito
internacional geral (jus cogens) posterior torna-se nulo e extingue-se.

47. (Instituto Rio Branco-2010)- ƒ nulo todo tratado que


regulamente o tr‡fico de escravos entre dois ou mais Estados.

48. (Instituto Rio Branco-2010)- A Conven•‹o de Viena sobre o


Direito dos Tratados (1969) enumera as normas imperativas de direito
internacional (jus cogens), entre as quais, a proibi•‹o da escravid‹o.

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Gabarito
 

1. ERRADA
2. CERTA
3. CERTA
4. ERRADA
5. ERRADA
6. ERRADA
7. ERRADA
8. ERRADA
9. ERRADA
10. ERRADA
11. CERTA
12. ERRADA
13. CERTA
14. ERRADA
15. ERRADA
16. ERRADA
17. CERTA
18. CERTA
19. CERTA
20. ERRADA
21. ERRADA
22. ERRADA
23. CERTA
24. ERRADA
25. ERRADA
26. CERTA
27. Letra C
28. CERTA
29. 00000000000
ERRADA
30. CERTA
31. CERTA
32. ERRADA
33. CERTA
34. CERTA
35. ERRADA
36. CERTA
37. Letra C
38. Letra B
39. ERRADA
40. ERRADA
41. ERRADA
 

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42. CERTA
43. CERTA
44. ERRADA
45. ERRADA
46. CERTA
47. CERTA
48. ERRADA

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