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CRIMES VIRTUAIS: NOVA TIPIFICAÇÃO PENAL?

VIRTUAL CRIMES: NEW CRIMINAL CLASSIFICATION?

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ROMANO, A. C. S.; KAZMIERCZAK, L. F.
1e2
Curso de Direito - Faculdades Integradas de Ourinhos-FIO/FEMM

RESUMO
O tema tecnologia deve ser concretizado no meio jurídico, que, por sua vez, desdobra-se em suas
regras já objetivadas há tempos, em busca de um objetivo: a composição do litígio. A
internetpossibilita interatividade instantânea e, das relações entre os indivíduos é que surgem os
litígios. O direito por sua vez, não evolui de acordo com as transformações da sociedade, já a
tecnologia se modifica constantemente, tornando mais fácil sua utilização e acesso e, com isso, os
números de delitos aumentam da mesma forma. Destarte, é inegável dizer que, o direito precisa de
uma normatização específica para proceder em ações que se refere às interações internéticas a fim
de realizar a tutela jurisdicional legalmente garantida. Para a concretização do presente trabalho,
foram realizadas pesquisas em doutrinas, códigos, jurisprudência, artigos e comentários específicos
na área da tecnologia, complementados pela Carta Magna, princípios e garantias fundamentais do
direito.

Palavras-chave:Crimes; Internet; Princípio da Legalidade.

ABSTRACT
The subject of technology should be implemented in the legal environment, which, in turn, breaks
down in its rules targeted for some time in search of a goal: to solve the litigation. The internet allows
instant interactivity and, from the individual relationship occurs the disputes. The law, in turn, does not
evolve according to changes in society, but the technology is changing constantly, making it easier to
use and access and thereby increase the number of crimes in the same way.Thus, it is undeniable to
say that the right needs to makespecific norms to proceed in cases that refer to internet interactions, in
order to perform the legally guaranteed judicial protection. To the achievethis article, studies in
doctrines, code, jurisprudence, articles and specific comments on technology were carried out,
complemented by the Federal Constitution, principles and guarantees of the right.

Keywords: Crimes; internet; Principle of Legality.

INTRODUÇÃO

Com o crescimento de usuários da internet, muitos crimes se instalaram no


meio virtual. Com isso, transferiu-se uma série de responsabilidades da ciência
tecnológica para a esfera jurídica, incluindo o direito na era digital.
Os crimes virtuais não estão expressamente definidos na lei, necessitando de
novas tipificações para o tratamento dos problemas que surgem na esfera
tecnológica, para receber a prestação jurisdicional, o que leva ao tratamento
pormenorizado do assunto, visto que, a solução para tais problemas se dá por
analogia com os tipos penais já existentes.
 
 
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Outrossim, há uma polêmica em relação ao uso da internet, pois envolve


situações que, embora sejam constantes, ainda não estão especificamente
delimitadas em lei como já dito, mesmo sendo importantes e tendo reflexos sociais e
jurídicos significativos.
O presente trabalho tem por escopo, trazer à tona as dificuldades provocadas
pela ausência de legislação própria que, muitas vezes, impede a investigação e
responsabilização dos autores dos diversos crimes que são usualmente cometidos
através da internet.

MATERIAL E MÉTODOS

Para o desenvolvimento da pesquisa sobre os crimes cibernéticosforam


necessárias consultas em doutrinas específicas na área do direito e tecnologia, além
de algum conhecimento prático na área tecnológica, confrontando o resultado a que
se chegar aos princípios e garantias fundamentais da Constituição, bem como à
tipificação existente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

DESCOMPASSO ENTRE A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA E LEGISLATIVA

Para o filósofo italiano Norberto Bobbio,

“não é preciso muita imaginação para prever que o desenvolvimento


da técnica, a transformação das condições econômica e sociais, a
ampliação dos conhecimentos e a intensificação dos meios de
comunicação poderão produzir mudanças na organização da vida
humana e das relações sociais que criem ocasiões favoráveis para o
nascimento de novos carecimentos e, portanto, para novas
demandas de liberdade e de poderes.”(1992, p. 34).

Na era da comunicação, as informações são repassadas em tempo real a


uma multidão conectada aos mais diversos meios de comunicação, dentre os quais,
sem dúvida, o mais importante e revolucionário, a Internet, que se originou nos

 
 
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meados da guerra fria, como instrumento militar de informação do exército


americano, objetivando interligar todas as centrais de computadores dos postos de
comando estratégicos, precavendo-se de um eventual ataque russo, era o projeto
ARPANET (AdvancedResearchProjectsAgency) para interligar computadores
militares e industriais.
A tecnologia incorporada aos computadores da atualidade é fruto de um longo
processo evolutivo, desde a criação de simples calculadoras até aos tablets e
iphones. O objetivo principal de sua criação, era apenas a realização de cálculos de
forma rápida e eficiente e, atualmente possibilita a formação da Grande Rede,
conhecida por internet.
Primitivamente, os homens realizavam seus cálculos com os dedos e,
evoluindo, passaram a utilizar pedras, daí surgiu o termo calculus1, que significa
pequena pedra.
Com o passar do tempo, mais precisamente no século XVII, em 1617,
Nisquier inventou a primeira máquina de multiplicar e, somente em 1887, Felt criou
uma máquina de calcular, a qual chamou de computador. A palavra computador
deriva do latim computatore2, que significa “aquele que faz cômputos, que calcula”
(GOUVÊA, 1997, p. 31), com efeito, a máquina que, apesar de fazer mais do que
somente cálculos, ainda chama-se computador.
O início da era digital teve seu marco no ano de 1943, com a criação do
chamado Colossus, construído na Universidade de Harvard nos Estados Unidos,
com o objetivo de funcionar como decifrador de códigos de guerra, especificamente,
mensagens alemãs (ROVER, 2000, p. 30), ou seja, não era um computador de uso
geral e sim, especificamente, um decodificador de mensagens.
Então, no ano de 1946, em plena segunda guerra mundial, foi construído o
primeiro computador eletrônico, conhecido como ENIAC – Eletronic
IntegratorandCalculator3 (ROVER, 2000, p. 30), que, diferentemente do Colossus,
era mais rápido, considerado de uso geral.
A partir de então, os computadores abarrotam os escritórios, casas e até
bolsos de paletó, pois estão menores e práticos, podendo ser de vários formatos.

                                                                                                                         
1
Pequena pedra
2
Aquele que faz cálculos
3
Calculador eletrônico e integrador
 
 
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Mas, no ano de 1960, nos Estados Unidos, foi desenvolvida uma pequena
rede de computadores, que era de uso exclusivo de militares como uma arma na
guerra fria. Essa rede tinha o objetivo de proporcionar uma comunicação rápida,
com fornecimento de texto entre um número restrito de funcionários.
Em 1974, a Intel, mundialmente conhecida, desenvolveu um microchip, que
consistia em uma pequena placa que continha centenas de componentes
eletrônicos, originando o microprocessador. Este foi o principal avanço tecnológico.
A partir de então, surgiu a Internet,Inter Networking4(PAESANI, 2003, p. 25),
que consiste na mesma ideia de rede desenvolvida na guerra fria, só que muito mais
abrangente, envolvendo vários computadores, permitindo atualmente, que qualquer
cidadão tenha acesso a ela e transfira não só texto, mas fotos, som, vídeos em
qualquer ponto do planeta.
Ademais, há de se considerar que, o homem, tem a necessidade de se
agrupar e relacionar-se com seus semelhantes para manter a sua própria
sobrevivência. A internet é um facilitador de comunicação e relacionamento entre
indivíduos, pois está disponível desde um computador de mesa, imóvel nas casas e
escritórios, até um telefone celular que pode estar em qualquer lugar do mundo.
Nesse sentido, são as palavras de Gustavo Testa Corrêa que afirmou:

A Internet é um sistema global de rede de computadores que


possibilita a comunicação e a transferência de arquivos de uma
máquina a qualquer outra máquina conectada na rede,
possibilitando, assim, um intercâmbio de informações sem
precedentes na história, de maneira rápida, eficiente e sem a
limitação de fronteiras, culminando na criação de novos mecanismos
de relacionamento (2000, p. 8).

Assim sendo, do binômio necessidade-possibilidade de comunicação de


forma rápida e instantânea que a internet proporciona, é que surgem no meio social,
diversos litígios, sendo estes dos mais variáveis possíveis, tornando imprescindível a
formulação de normas de conduta a fim de organizar a vida dos indivíduos em
sociedade.
Não pode olvidar dizer que, a internet é muito importante, pois possibilita ao
seu usuário uma gama de comunicações, aprendizado e interatividade entre as
pessoas.
                                                                                                                         
4
Interligação de redes
 
 
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Conforme entendimento de Esther Dyson:

Ela tem importância porque as pessoas a usam como um lugar para


se comunicar, fazer negócios e compartilhar idéias, e não como uma
entidade mística em si mesma. Ela é uma poderosa ferramenta para
integrar economias locais na economia global e estabelecer sua
presença no mundo (2000, p. 9).

Diferente disso, levando em consideração o lado negativo da internet, surgem


os chamados hackers, que nada mais são do que invasores de sistemas (PAESANI,
2003, p. 37). Detentores de um vasto conhecimento de sistemas, que o utiliza para
invadi-los.
Invadir não quer dizer prejudicar, pois existem os hackers que invadem
determinado sistema, com a permissão devida, para solucionar problemas e detectar
pontos vulneráveis à ação de outros profissionais da área tecnológica, os chamados
crackers. Estes sim são invasores destrutivos, que invadem os sistemas para obter
informações que lhes sejam oportunos, assim como ocorreu no início de 2011, em
uma série de ataques, inofensivos por sinal, aos sites do governo. Que gerou um
temor quanto à segurança dos próprios sistemas do governo, quanto mais os muitos
outros sites que são utilizados diariamente pela população.
Desta forma, o direito e a tecnologia assumem um papel importante, devendo
atuar na regulamentação do uso das tecnologias da informação, exigindo um
processo legislativo capaz de acompanhar a evolução e as consequências sociais,
pois ainda depende-se de um processo legislativo moroso, que não está apto a
confrontar-se com o processo evolutivo das máquinas.
Consoante tais preceitos fica claro que, mesmo assim, não se concebe um
mundo sem a informática. Assim destaca Sandra Gouvêa:

Na verdade, o Homem não vive mais sem a informática. Nos


menores aspectos do nosso cotidiano ela se faz presente, desde os
sistemas de telecomunicações, pouso de aeronaves e exames
médico-cirúrgicos, até a obtenção de prosaicos saldos bancários e
reservas de passagens ou emissão de notas de supermercado. O
próprio jurista não pode mais prescindir do auxílio da informática, que
lhe edita textos, ministra acórdãos, transmite conhecimentos e
organiza pautas (GOUVÊA, 1997, p. 11).

 
 
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Por tais motivos é que deve se dar importância ao assunto, pois existem
dados de muitas pessoas armazenados ou sendo transmitidos pela internet e,
levando-se em consideração que o Estado é o retrato da sociedade, cabe a ele
organizá-lo, a fim de prevenir a utilização ilícita ou ofensiva da rede.
No entanto, este papel do Estado em regular as atividades sociais, com a
finalidade de buscar a pacificação e o uso consciente dos métodos tecnológicos,
está em descompasso com a evolução tecnológica. As leis existentes, em grande
parte, não têm conseguido acompanhar as novas modalidades delituosas e
possibilitar meios de punição e investigação eficazes para combater os delinquentes
virtuais.

DOS CRIMES VIRTUAIS: NOVA TIPIFICAÇÃO PENAL?

Primeiramente, é de salientar que, os conceitos de crimes virtuais variam de


acordo com o ponto de vista, pois suas características são amplas e podem ser
abordadas sob dois aspectos, inserindo o computador como instrumento ou
destinatário do delito.
De forma mais abrangente, Ivette Senise Ferreira conceitua crimes virtuais
como sendo “toda ação típica, antijurídica e culpável, cometida contra ou pela
utilização de processamento automático de dados ou seu transmissão” (2000, p.
210). É de se verificar que, há outras classificações, entre elas, as que destacam os
crimes virtuais como “todos aqueles relacionados às informações arquivadas ou em
trânsito por computadores, sendo esses dados, acessados ilicitamente, usados para
ameaçar ou fraudar (...)” (CORRÊA, 2000, p. 43), enfatizando os crimes contra o
computador, de forma específica.
Contudo, embora os conceitos sejam diferenciados, o objeto será o mesmo,
envolvendo o computador e os atos criminosos praticados contra ou por meio dele,
levando-se em consideração que, a internet é um lugar propenso ao
desenvolvimento de fraudes.
O grande dilema do operador do direito é saber se os tipos penais já
existentes são suficientes ou podem ser aplicados em condutas praticadas no meio
virtual.

 
 
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De plano, merece destaque o artigo 5°, inciso XXXIX da Constituição Federal,


que diz: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”, texto este replicado no artigo 1° do Código Penal.Trata-se de uma
garantia fundamental, que protege o direito à liberdade, além de constituir norma
básica do Direito Penal.
Assim, um dos pilares da ciência penal é o Princípio da Legalidade ou
Princípio de Reserva Legal, que são garantidores do direito à liberdade, já que, de
acordo com seu conteúdo, alguém só poderá ser punido se, antes da ação
praticada, tiver lei que considere tal fato criminoso.
É uma forma de proteger a sociedade contra o arbítrio ou a tirania dos que
detém o poder, a fim de garantir a convivência. Estreita as possibilidades de
cerceamento da liberdade apenas às formas previstas em lei, reservando as
garantias fundamentais.
Com base nessas premissas é que se fundamenta o cerne deste ensaio. Será
possível realizar a subsunção do fato praticado no ambiente virtual com as regras
até então aplicadas apenas no mundo “real”? Há a necessidade de novos tipos
penais com a finalidade de punir condutas específicas?
É certo os tipos penais já existentes, podem ser utilizados para punir várias
condutas praticadas no âmbito virtual. Como exemplo, o crime de ameaça, previsto
no artigo 147 do Código Penal, que pode se dar por e-mail ou salas de bate papo
virtuais. Ainda, crimes contra honra podem ser cometidos em ambiente virtual ao
serem criadas páginas, blog ou comunidades nas redes sociais.
Mas não é só. O crime de dano, previsto no artigo 163 do Código Penal, pode
ser utilizado para punição da conduta dolosa de inserção de vírus em sistema de
computadores, bem como o ato de destruição de um programa ou arquivo alheio.
Ademais, existe ainda o crime de furto (artigo 155 do Código Penal) ou estelionato
(artigo 171 do Código Penal),praticados por meios eletrônicos.
Dessa forma, vários são os tipos penais já existentes que podem ser
aplicados em condutas em que o computador e a internet são apenas um meio de
execução do crime. Com isso, os crimes denominados pela doutrina de forma livre,
ou seja, aqueles em que o tipo penal não exige uma forma de execução específica,
podem ser praticados no ambiente virtual e serem devidamente punidos.
Por outro lado, existem certas condutas que demandam tipificação específica,

 
 
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pois na legislação atual não há condições de enquadramento típico. Exemplo


recente é a Lei n. 11.829, de 25 de novembro de 2008, que acrescentou vários tipos
penais no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), em especial, as
figuras penais que punem a pedofilia na internet. Assim, os artigos 240 e seguintes
do Estatuto foram modificados e/ou incluídos com a finalidade de punir condutas,
que até então, estavam desacobertadas da proteção penal.
Outro exemplo foi a inclusão do chamado “peculato eletrônico” no Código
Penal pela Lei n. 9.983, de 14 de julho de 2000, onde tipificou as condutas de
“inserção de dados falsos em sistema de informações” e “modificação ou alteração
não autorizada de sistemas de informações” nos artigos 313-A e 313-B do Código
Penal, respectivamente.
Diante dos exemplos citados, conclui-se que a necessidade de nova
tipificação dependerá da conduta que está sendo praticada. Assim, se o computador
e/ou a internet é apenas um meio de execução de um delito já previsto pela nossa
legislação, uma nova tipificação torna-se desnecessária. No entanto, se aquela
conduta não encontra correspondência na seara penal, a criação legislativa se
impõe em virtude do Princípio da Legalidade, o qual está etiquetado como Garantia
Fundamental na Constituição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A evolução da tecnologia não foi acompanhada pelo Direito, em especial, pelo


Direito Penal.Novas formas de criminalidade surgiram e colocam em risco o uso de
novos canais de comunicação e de entretenimento, sem que isso tenha uma
proteção do Estado.
É certo que um dos princípios basilares da internet é a liberdade, um universo
igual, plural e sem fronteiras, onde a difusão de idéias e conhecimento é seu marco
característico. Mas essa liberdade é utilizada por alguns para o cometimento de
delitos, os quais devem ser reprimidos pela mão forte do Estado, que é o Direito.
Diante de tudo o que foi exposto, conclui-se que certas condutas podem ser
punidas com os tipos penais já existentes, sem qualquer necessidade de nova
adequação legal, no entanto, outras prescindem de tal atitude legislativa.

 
 
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Dessa forma, caberá ao legislador verificar em quais casos o Direito Penal


deve agir sempre respaldado pelos critérios da necessidade e da proporcionalidade
na criação de novos tipos penais.

REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Trad. Carlos N. Coutinho. 10 ed. Rio de
Janeiro: Campus, 1992, p. 34.

CORRÊA, Gustavo Testa. Aspectos Jurídicos da Internet. São Paulo: Saraiva,


2000.

FERREIRA, Ivette Senise. A criminalidade informática. In: LUCCA, Newton de,


SIMÃO FILHO, Adalberto. Direito e Internet: aspectos jurídicos relevantes.
Bauru: EDIPRO, 2000.

GOUVÊA, Sandra. O Direito na Era Digital: crimes praticados por meio da


informática. Rio de Janeiro: Mauad, 1997.

KAZMIERCZAK, Luiz Fernando. Responsabilidade Civil dos Provedores de


Internet. Lex. Revista do Direito Brasileiro. , v.26, p.20 - 37, 2007.

PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de informação,


privacidade e responsabilidade civil.2 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

ROVER, Aires José. Direito, sociedade e informática: limites e perspectivas da


vida digital. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2000.

 
 

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