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Introdução
Ações cíveis de indenização, fundadas em acidente de trânsito, são das mais freqüentes no foro.
Não são ações “simples”, mas de alta complexidade. Exigem investigação a respeito de fatos
transeuntes, de difícil determinação. Nelas se discutem questões jurídicas de alta indagação, de
direito material e de direito processual. Várias delas são aqui apresentadas, de forma estritamente
objetiva. Não obstante, transparece aqui e ali a experiência do autor, decorrente das centenas (talvez
milhares) de ações submetidas à sua apreciação, como Juiz de Alçada do Estado do Rio Grande do
Sul.
1. A culpa
artigo 951 do Código Civil expressamente refere essas modalidades de culpa, ao mencionar aqueles
Há culpa por ato próprio e por ato de outrem. A culpa “in eligendo” e a culpa “in vigilando”
são modalidades de culpa, por se haver mal escolhido ou mal vigiado quem causou o dano.
Teoricamente, há culpa quando o dano poderia ter sido evitado. Insere-se, às vezes, a idéia
para evitá- lo. Na prática, são freqüentes os casos de condenação, não obstante a imprevisibilidade e
a inevitabilidade do evento, num conjunto de circunstâncias que não foram criadas pelo condenado.
2
Freqüentemente afirma-se culpa por desobediência a alguma regra de trânsito. Mas não se
trata de uma atividade docente dos tribunais, exercida com a finalidade de evitar acidentes. Um
guarda ou máquina flagrando desobediências a regras de trânsito e impondo multas são mais
eficientes, para evitar acidentes, do que todos os julgamentos dos tribunais. Para estes, as regras de
trânsito servem para indicar em que casos o motorista responde pelos danos causados.
acidentes são fatos transeuntes. Tenta-se determinar o modo como ocorreram, sobretudo através de
testemunhas, que mal observaram, que tendem a favorecer uma das partes, que não raro mentem
conscientemente. Tenho observado que, entre nós, acima do valor verdade está o valor amizade.
Mente-se para agradar um amigo, que às vezes não passa de um conhecido ou de um companheiro
de trabalho.
Quanto às partes, ensina-se que elas não têm a obrigação de dizer a verdade. “Muitas vezes”,
disse um colega meu, em acórdão, “a parte é condenada não pelo que fez, mas pelo que disse”. Por
isso mesmo, a lei exige que a parte vá a juízo acompanhada de advogado. Ele imediatamente
constrói uma versão que, ajustada aos fatos que não possam ser negados, favoreça o seu cliente. Na
imprensa falada, não é rara a presença de advogado dizendo como os fatos ocorreram. Imagina-se
um processo dialético, pelo qual, da mentira de um contrapondo-se à mentira do outro, resulta como
síntese a verdade e a justiça. Essa é uma falsidade tão evidente, que mal ousaria mencioná- la, não
Em alguns casos, por um fenômeno que a psicologia explica, a parte acaba sinceramente
convencida de que os fatos ocorreram de conformidade com a versão inventada por seu advogado!
Falso também é que o juiz, atento, em contato direto com as partes e testemunhas (princípio
da imediatidade!) descobre quem está falando a verdade e quem está mentido. Isso até pode
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acontecer, em raros casos. Via de regra, a chamada “verdade material” é inacessível. Às vezes, o
juiz confunde testemunha nervosa com testemunha mentirosa, parte tímida com parte sem razão.
Muitas sentenças poderiam ser antecedidas da epígrafe: “Qualquer semelhança com os fatos
2. A obrigação de indenizar
Tendo o acidente sido causado por filho menor, por tutelado ou curatelado, vivendo sob a
autoridade e em companhia do proprietário pai, tutor ou curador; ou se foi causado por empregado,
serviçal ou preposto, são invocáveis os artigos 932 e 933 do Código Civil, a determinar a
veículo causador do dano, de nada lhe valendo provar que o locatário ou o comodatário tinha
habilitação de fato e de direito. Quanto à locação, há mesmo súmula do Supremo Tribunal Federal 1 ,
1
Súmula 492: A empresa locadora de veiculos responde, civil e solidariamente com o locatario, pelos danos por este
causados a terceiro, no uso do carro locado.
2
A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este causados a
terceiro, no uso do carro locado - Súmula n° 492, do Colendo Supremo Tribunal Federal – (STJ, 3ª Turma, Resp.
302462, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, relator, j. 15.10.2001).
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quem alienou o veículo, enquanto não efetuado o registro no Cartório de Títulos e documentos 3 ,
tese afastada pela Súmula 132 do STJ: “A ausência de registro da transferência não implica a
responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo
alienado”.
empresa que envia produtos de sua fabricação ou comércio, pelos danos causados por motorista
com reserva de domínio, alienação fiduciária em garantia 5 , leasing 6 . Não obstante a identidade de
3
Acidente de trânsito. Legitimidade passiva. É de quem figura como proprietário do veiculo no Registro de Títulos e
Documentos, ainda que o acidente tenha sido causado pelo comprador. A venda de automóvel somente tem eficácia
contra terceiros depois do registro no Cartório Especial. (Apelação cível nº 185036225, Terceira Câmara Cível,
Tribunal de Alçada do RS, relator: Sílvio Manoel de Castro Gamborgi, julgado em 21/08/1985).
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Acidente de trânsito. Legitimidade passiva. Caso em que a Autonomia do Brasil S.A., para levar caminhões seus para
a Argentina e Chile, contrata empresa transportadora, que, por sua vez, comete a tarefa a condutor autônomo. A
empresa comitente tem legitimidade passiva para responder pelos danos causados pelo motorista, por culpa "in
eligendo", independente de não ser proprietária do veiculo. (Agravo de instrumento nº 197204241, Quinta Câmara
Cível, Tribunal de Alçada do RS, relator: Carlos Alberto Alves Marques, julgado em 27/11/1997).
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No caso de acidente causado por veículo alienado em garantia, o credor
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A vítima de acidente de trânsito causado por veículo objeto de arrendamento mercantil,
não tem ação contra o arrendante, mas apenas contra o arrendatário (TJRGS, 12ª Câmara Cível,
Da análise do contrato de Leasing, denota-se que a responsabilidade civil por ato ilícito
decorrente da utilização de veiculo objeto de arrendamento mercantil, cabe à arrendatária e
não à arrendadora, posto que é transferida a posse e a guarda do veículo à arrendatária ,
cabendo a esta o zelo e responsabilidade pelo seu uso, conservação, etc. Inexistindo assim
vínculo de atributividade em relação à arrendadora de maneira a justificar a sua posição no
polo passivo da demanda, pois essa não interfere nas condições de uso, conservação, da
coisa.
Assim é entendimento do colendo Superior Tribunal de Justiça:
"Arrendamento Mercantil ('leasing'). Arrendadora. responsabilidade. teoria do
risco. inaplicabilidade. A Arrendadora não é responsável pelos danos provocados pelo
arrendatário. O 'leasing' e operação financeira, na qual, o bem em regra objeto de promessa
unilateral de venda futura, tem sua posse transferida antecipadamente. a atividade, alias,
própria do mercado financeiro, não oferece potencial de risco capaz de por si acarretar a
responsabilidade objetiva, ainda que a coisa arrendada seja automotor. Recurso desprovido".
( REsp 5508/SP. Rel. Min Cláudio Santos).
Ademais, não se pode aplicar a súmula 492 do STF no presente caso, em razão da diferença
existente entre o contrato de locação e o contrato de Leasing. Posto que ela se refere à
locação de veículos propriamente dita e não ao leasing, desconhecido na legislação
brasileira à época da sua edição (1969), já que o contrato de Leasing foi previsto pela lei
6.099 em 1974, tendo como referência os arts. 159 e 1.521, relativos à responsabilidade
civil por ato ilícito.
A respeito da inaplicabilidade da súmula 492 do STF, esse é o entendimento da
jurisprudência pátria:
Arrendamento mercantil (leasing). Responsabilidade da arrendadora. A
arrendadora não é responsável pelos danos causados pelo arrendatário. Não se confundem o
contrato de arrendamento mercantil (lei 6.099/74) e a locação, não se aplicando aquele a
súmula 492 do STF. Recurso extraordinário conhecido e provido.
RESPONSABILIDADE CIVIL -Ato ilícito - Danos Causados por veículo objeto
de "leasing" - Responsabilidade do arrendatário - Hipótese em que o arrendante não pode
interferir nas condições de uso da coisa. - Inexistência, portanto, de vinculo de
atributividade em relação ao "lessor", de maneira a justificar sua posição no polo passivo da
demanda - Contrato híbrido com características que o distinguem da locação -
Inaplicabilidade da súmula 492 de STF. (Tribunal de Alçada Cível de São Paulo. Embargos
Infringentes nº 395.265-4/01. Rel. Juiz Amauri Ielo).
(TJSC, Apelação cível n. 99.003381-3, de Ibirama , Relator: Des. José Volpato de Souza, j.
11.06.2002).
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do promitente comprador 7 .
Civil. Mas pode ocorrer que o motorista responda mesmo sem culpa, como nos casos em que os
regresso contra o culpado. Exemplo: vai o motorista conduzindo tranqüilamente seu veículo,
obedecendo a todas as regras do trânsito. É atingido por outro veículo e arremessado contra um
pedestre, matando-o. Ainda que sem apoio em lei, tal motorista pode ser condenado como causador
direto do dano. O direito de regresso é assegurado pelo artigo 934 do Código Civil.
A responsabilidade civil é independente da criminal (Cód. Civil, art. 935). Não há, pois,
razão para se aguardar o desfecho de eventual processo criminal, mas a condenação criminal torna
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O promitente vendedor de veiculo automotor, por recibo arras onde conste, expressamente que a propriedade será
transferida em momento posterior, continua dono e na posse indireta do mesmo. conseqüentemente, é parte legitima
passiva ad causam, em ação indenizatória, ainda mais quando o contrato não foi registrado, nem no Oficio de Registro
de Títulos e Documentos, nem no Detran. (Apelação cível nº 184012060, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Alçada
do RS, relator: Lio Cezar Schmitt, julgado em 24/04/1984).
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indiscutível a existência do fato e sua autoria (Cód. Civil, art. 935). O Código de Processo Penal
solidariedade (Cód. Civil, art. 942, parágrafo único) 8 . O proprietário responde com todos os seus
bens, não apenas com o veículo causador do acidente (Cód. Civil, art. 942).
Se o acidente decorreu de defeito de fabricação, incide o artigo 931 do Código Civil, bem
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Respondem solidariamente as proprietarias do veiculo rebocador e do semi-reboque pelos danos causados
em virtude de colisão. Cavalo mecanico e reboque, enquanto circulam no transito, constituem um só todo.
Impossibilidade de atribuir a uma só das partes a responsabilidade. (Apelação cível nº 195117684, Sexta
Câmara Cível, Tribunal de Alçada do RS, relator: Henrique Osvaldo Poeta Roenick, julgado em 25/04/1996)
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3. Contrato de transporte
um atropelamento, ou colisão a causar danos em outro veículo, com danos a pessoas ou coisas pelo
contrato de transporte terrestre, marítimo ou aéreo, ou seja, para os danos sofridos pela carga ou
pessoas onerosamente transportadas, tenha ou não havido culpa de outrem. Consideramos, pois,
situações como os danos sofridos por passageiros de um ônibus ou táxi e perda total ou parcial de
O contrato de transporte é oneroso (Cód. Civil, art. 730). Por isso, não tem natureza
contratual o chamado transporte de cortesia. Mas “não se considera gratuito o transporte quando,
embora feito sem remuneração, o transportador auferir vantagens indiretas” (Cód. Civil, art. 736,
concessionário que gratuitamente transporta idosos, cujo custo se integra na tarifa cobrada dos
demais.
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Código Civil:
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de
fixar o limite da indenização.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não
é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
Não chega a constituir exceção a essa regra, o disposto no parágrafo único do artigo 738: no
caso de prejuízo sofrido por pessoa transportada, atribuível a transgressão, por ela cometida,
de normas e instruções regulamentarias, o juiz reduzirá eqüitativamente a indenização, na
medida em que a vítima houver concorrido para o dano.
acidente por terceiro, é preciso que o ato deste se apresente como risco natural do transporte, como
Se [...] o fato de terceiro representar ato violento e inevitável pelo transportador, deverá ser
tratado como equivalente ao motivo de força maior para o fim de isentar o transportador do
dever de indenizar o dano sofrido pelo passageiro. Nesse sentido, já se decidiu que o
transportador não responde pela morte do passageiro, no interior do veículo e durante a
viagem, quando provocada em razão de assalto; nem pelo fato de passageiro de ônibus ser
atingido por estilhaço de vidro produzido por pedra atirada por terceiro, que equivale a caso
fortuito e não se opõe ao enunciado da Súmula 187 do STF; mas prevalece a
responsabilidade da ferrovia, se o passageiro foi atingido pela pedra porque o trem viajava
irregularmente com as portas abertas. (Humberto Theodoro Júnior 9 ).
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Humberto Theodoro Júnior, Do transporte de pessoas no novo Código Civil. Revista Nacional de Direito e
constante do conhecimento, começa no momento em que ele recebe a coisa e termina quando é
entregue ao destinatário, ou depositada em juízo, não sendo este encontrado (Cód. Civil, art. 750).
O contrato de transporte gera obrigação de resultado, não apenas de meios para sua obtenção. Diz
O contrato, nesse sentido, é da categoria dos contratos que geram obrigação de resultado:
somente se cumpre quando a mercadoria ou pessoa transportada chega ao seu destino. [...] Não
no que couber, pelas disposições relativas a depósito (Cód. Civil, art. 751).
No caso de perda parcial ou de avaria não perceptível à primeira vista, a ação do destinatário
contra o transportador fica condicionada à denúncia do dano, no prazo de dez dias contados da
É de se referir, por fim, o disposto no artigo 732 do Código Civil: “Aos contratos de
transporte, em geral, são aplicáveis, quando couber, desde que não contrariem as disposições deste
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Humberto Theodoro Júnior, Do transporte de pessoas no novo Código Civil. Revista Nacional de Direito e
Mencionam-se a Lei 2.681/1912, que regula a responsabilidade das estradas de ferro; a Lei
7.565/1986 (Código Brasileiro do Ar); a Convenção de Varsóvia, promulgada pelo Decreto 20.704,
de 24 de novembro de 1931.
Código Brasileiro do Ar. Afasta-se o limite, se o dano resultou de dolo ou culpa grave do
transportador ou de seus prepostos (art. 248). Aplica-se o Direito comum, no caso de dolo eventual
(STJ, Corte Especial, ERESP 6052/SP, Min. Antônio de Pádua Ribeiro, relator para o acórdão, j.
7.2.1996).
Devemos distinguir os danos em coisas (especialmente os sofridos por veículos) dos danos
danos materiais, como a perda, por seus dependentes, dos alimentos que o morto lhes prestava, e
danos pessoais, como os morais, correspondentes ao sofrimento causado aos familiares. Por isso, a
expressão “danos materiais” tem algo de equívoco, porque tanto podem se referir aos sofridos por
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano.
Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição
fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na
forma que a lei processual determinar.
O parágrafo único do artigo 944 permite ao magistrado exercer seu prudente arbítrio para
resolver situações em que o autor do ato danoso, agindo com culpa levíssima, ou me smo sem culpa,
tenha causado danos elevados. Observe-se que não se leva em consideração eventual desproporção
entre os patrimônios envolvidos. Não há redução da indenização devida, porque rica a vítima e
Nos termos do artigo 945, culpa concorrente da vítima diminui o valor devido pelo causador
do dano.
Se a sentença não determina, desde logo, o valor devido, nem aponta elementos para sua
determinação por simples cálculo, procede-se à sua liquidação, por arbitramento ou por artigos, na
Danos em coisas
Via de regra, são veículos as coisas que sofrem danos em acidentes de trânsito. Ocorrendo
perda total, o valor da indenização é o do veículo destruído. No caso de danos parciais, surge
dúvida, no caso de o valor dos reparos necessários para a reposição do veículo no estado anterior
mais razoável se mostra a reparação por quantitativo que possibilite a compra de outro,
semelhante ao veiculo sinistrado. II - excepcionam-se da regra geral as hipóteses de veiculo
antigo, de coleção, de estima ou raridade no mercado de usados. Nesses casos, a
indenização deve ser fixada no valor do conserto, mesmo que eventualmente superior ao
preço do veiculo. (STJ, 4ª turma, resp 69435, relator: min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j.
28.04.1997).
divergência.
14
A jurisprudência há muito vem dispensando perícia para comprovação e avaliação dos danos
em veículo, contentando-se com três orçamentos, ou mesmo um, exigindo-se que o réu prove sua
o prejuízo decorrente do tempo necessário para a reparação do veículo, a título de lucros cessantes,
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“É inquestionável que o acidente envolvendo os veículos das partes causou grandes danos no caminhão da autora,
como se verifica nas fotografias de fls. 12/15. O período em que o veículo ficou parado para conserto, sem que a autora
pudesse utilizá-lo, está perfeitamente comprovado. O acidente aconteceu em 22.12.1998, e o veículo somente foi
liberado do conserto em 17.02.1999, segundo a declaração de fl. 11, emitida pela oficina que realizou o serviço. Então,
o caminhão ficou sem ser utilizado pela autora por cinqüenta e cinco dias. Outrossim, o lucro que a autora deixou de
auferir por não usar o caminhão foi demonstrado através dos depoimentos de fls. 80/81. Segundo as testemunhas, um
caminhão como o da autora realiza transportes que rendem ao seu proprietário cerca de R$ 8.000,00 mensais brutos.
Descontando o combustível e a manutenção, a renda líquida (ou lucro) é de R$ 4.000,00 mensais. Como o caminhão da
autora ficou parado por praticamente sessenta dias, a pretensão de receber R$ 8.000,00, ou seja, a renda líquida de dois
meses, não tem nada de absurdo. Não se diga que a autora não comprovou os prejuízos. A alteração contratual de fls.
06/08 esclarece que o objetivo social da autora é o transporte de cargas por via rodoviária nacional. Então, a autora
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Permanece a memória da inflação, motivo por que se continua a dispor sobre a correção o
Danos em pessoas
Morte
O artigo 948 do Código Civil dispõe sobre a quantificação da indenização pelo fato de morte,
verbis:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.
correspondentes.
morto os devia. É preciso determinar os rendimentos da vítima, dos quais se costuma abater parcela
(geralmente de 1/3), que a vítima consumia consigo próprio 12. É preciso determinar também o
obtém o lucro utilizando seus caminhões para o transporte de cargas. Se um dos caminhões ficou parado para conserto,
sem utilização, é evidente o prejuízo da empresa pela falta daquele veículo”.
12
Responsabilidade Civil. Acidente de trânsito. Indenização. Os autores fizeram prova de que a vítima percebia R$
472,00 mensais quando do sinistro (fls. 25/26). Na época, o salário mínimo equivalia a R$ 130,00. Então, os
vencimentos da vítima importavam em 3,63 salários mínimos. Assim, descontado um terço do respectivo quantum,
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Estatística) considera-se tempo provável de vida 70 anos para os homens, 72 para as mulheres.
sobrevida da vítima, mas também o tempo provável durante o qual prestaria alimentos. Assim, “o
pensionamento devido à filha, em face do falecimento do pai, tem como termo final a idade em que
é presumida, pela legislação fiscal, a sua independência econômica, admitida pela jurisprudência
predominante da 2ª Seção, acontecer aos vinte e quatro anos”. (STJ, 4ª Turma, RESP 280341, Min.
A morte de filhe menor, sem rendimentos próprios, não determina danos materiais para os
ascendentes. Então, o dano indenizável é meramente moral, no sentido próprio, de dor intenção,
relativo aos gastos pessoais do falecido, será devida a quantia mensal equivalente a 2,4 salários mínimos, cujo
pagamento estendo até a data em que os genitores completarem 70 anos de idade, sendo esta a expectativa de vida
média dos gaúchos. (TJRGS, 11ª Câmara Cível, Apelação 70002568152, Jorge André Pereira Gailhard, j. 20.11.2002).
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No caso de filho que auferia rendimentos, fixa-se como termo final da pensão, ora a data em
que ele completaria o tempo provável de vida, ora a data em que supostamente deixaria de prestar
Assim como é dado presumir-se que a vítima do acidente de veículo cogitado teria, não
fosse o infausto evento, uma sobrevida até os sessenta e cinco anos, e até lá auxiliaria à sua
mãe, prestando alimentos, também pode-se supor, pela ordem natural dos fatos da vida, que
ele se casaria aos vinte cinco anos, momento a partir do qual já não mais teria a mesma
disponibilidade para ajudar materialmente a seus pais, pois que, a partir do casamento,
passaria a suportar novos encargos, que da constituição de uma nova família são
decorrentes. Mantida a pensão fixada em 2/3 do salário mínimo até quando viesse a
completar vinte e cinco anos, e na metade desse valor, até os sessenta e cinco, salvo se
antes os pais falecerem, quando, então, a pensão se extingue. (STJ, 4ª Turma, RESP 192395,
Min. CESAR ASFOR ROCHA, rel., j. 04/12/2001).
Lesões
950, verbis:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das
despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum
outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício
ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas
do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e
paga de uma só vez.
A vítima de lesões com seqüelas permanentes tem direito a pensão vitalícia; não até o seu
tempo provável de sobrevida. "Vítima do acidente se viva, há de ser pensionada enquanto viver, não
se lhe aplicando o limite de idade para a pensão". (STJ, 3ª Turma, RESP 174382, Min. Carlos
Alberto Menezes Direito, relator, j. 05/10/1999). O causador do dano lhe pagará indenização
enquanto viver. Essa obrigação transmite-se com a herança (Cód. Civil, art. 943), dentro de suas
forças.
Aspectos particulares envolvendo esse tema são examinados nos seguintes acórdãos:
A norma do art. 1.539 do Código Civil traz a presunção de que o ofendido não conseguirá
exercer outro trabalho. Evidenciado que a vítima continuou a trabalhar nesse período, ainda
que em atividade distinta, mas com a mesma remuneração, a pensão é descabida, por
ausência de prejuízo. (STJ, 4ª Turma, RESP 235393, Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira,
relator, j. 23.11.1999).
Danos morais
A Lei não fixa parâmetros para a determinação do valor dos danos morais. Mesmo assim, o
Superior Tribuna l de Justiça afirma o cabimento de recurso especial, para intervenção dessa Corte,
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quando fixado valor exagerado, absurdo, causador de enriquecimento ilícito .
Em caso de acidente (não de trânsito, mas de aplicação de uma injeção numa drogaria), de
desenvolvimento da função exercida pela vítima, entendeu aquele Tribunal razoável a condenação
em 700 (setecentos) salários mínimos, tendo em vista os danos estéticos e morais (STJ, 2001 14 ).
R$ 20.000,00 foi o valor fixado por aquele Tribunal, a título de danos morais. Após sofrer
acidente de trânsito, a vítima usou colete de gesso por quatro meses e meio, sendo submetida, em
seguida, a fisioterapia, em razão de lesão na coluna lombar, somente voltando ao trabalho depois de
15
um ano do evento danoso (STJ, 2000 ).
13
3ª Turma, Resp. 255.056, relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ
30/10/2000.
14
STJ, AgRg no Agravo de Instrumento 396.019, relator: Ministro Carlos Alberto
15
STJ, 3ª Turma, Resp. 247.296, Min. Eduardo Ribeiro, relator, j. 25.04.2000.
20
Sul fixou em 400 (quatrocentos) salários mínimos a indenização por dano moral, em favor da
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companheira e dos três filhos da vítima (TJRGS, 2002 ).
Observe-se, por fim, que “Não há qualquer impedimento legal para a cumulação da verba do
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dano material com o dano estético”. (STJ, 1999 ).
16
TJRGS, 11ª Câmara Cível, Apelação cível nº 70000072280 relator: Jorge André
17
STJ, 3ª Turma, RESP 162566, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, relator, j.
24/06/1999
21
Art. 602 - Toda vez que a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz,
quanto a esta parte, condenará o devedor a constituir um capital, cuja renda assegure o seu
cabal cumprimento.
§ 1º - Este capital, representado por imóveis ou por títulos da dívida pública, será
inalienável e impenhorável:
I - durante a vida da vítima;
II - falecendo a vítima em conseqüência de ato ilícito, enquanto durar a obrigação do
devedor.
§ 2º - O juiz poderá substituir a constituição do capital por caução fidejussória, que será
prestada na forma dos arts. 829 e segs.
§ 3º - Se, fixada a prestação de alimentos, sobrevier modificação nas condições econômicas,
poderá a parte pedir ao juiz, conforme as circunstâncias, redução ou aumento do encargo.
§ 4º - Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará, conforme o caso, cancelar
a cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade ou exonerar da caução o devedor.
Em certos casos, admitem os tribunais a substituição desse capital pela inclusão em folha do
Ainda que se trate de empresa concessionária de serviço público, é indispensável que seja
reconhecida a sua solvabilidade. Caso contrário, não se admite a substituição da
constituição de capital, prevista no art. 602, CPC, pela inclusão da vítima em folha de
pagamento. (STJ, 2001 19 ).
Direito de acrescer
13.03.2001.
19
STJ, 4ª Turma, RESP 299690, Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, relator, j.
13.03.2001.
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No caso de pensão fixada em prol de um grupo familiar (esposa e filhos do falecido, por
exemplo), afirma-se o direito de acrescer, a significar que a maioridade ou morte de qualquer dos
beneficiários não determina qualquer diminuição no valor da indenização devida pelo condenado.
Na falta de um autor, a sua cota-parte será acrescida a do outro, respeitado o termo final da
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obrigação (TJRGS, 2002 ).
Nos termos do artigo 943 do Código Civil, “o direito de exigir reparação e a obrigação de
prestá- la transmitem-se com a herança”. Essa transmissão, porém, ocorre apenas dentro das forças
da herança. Esgotado o acervo hereditário do causador do dano, nada devem seus herdeiros.
Juros
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Os juros moratórios contam-se de forma simples , de acordo com a taxa em vigor para a
mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional (art. 406), atualmente, a denominada
taxa SELIC. A sigla Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Essa taxa é uma
20
TJRGS, 11ª Câmara Cível, Apelação 70002568152, Jorge André Pereira Gailhard, j.
20.11.2002.
21
Já não são devidos juros compostos, como dispunha, para os casos de delito, o
Código anterior.
23
média dos juros que o governo paga aos bancos que lhe emprestam dinheiro. Ela serve de referência
para outras operações financeiras no País e, por isso, é chamada de Taxa Básica de Juros.
Segundo Izner Hanna Garcia, não devem os juros de mora ser calculados pela taxa Selic:
Uma questão de grande repercussão e que já suscita acalorados debates é saber qual a taxa
de juros de mora estipulados no artigo 406 do novo Código Civil, o qual estabelece
equivalência com os juros moratórios devidos à Fazenda Nacional.
A matéria, até 1995 regulada pelo artigo 161, § 1° do CTN (o qual regulamenta juros
moratórios de 12% ao ano), foi alterada pela Lei 9.250 de 26/12/95, a qual, a partir de 1996,
convencionou que os débitos tributários deverão ser corrigidos de acordo com a taxa Selic .
Desta análise, alguns concluíram sem maiores reflexões que os juros do artigo 406 do novo
Código Civil é a taxa Selic . Tal equívoco decorre da não compreensão da estrutura da taxa
Selic, a qual tem cunho de juros compensatórios, embutindo em seu bojo além dos juros a
correção monetária.
O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic ), criado em 1980, sob a
responsabilidade do Banco Central do Brasil e da Associação Nacional das Instituições dos
Mercados Aberto a (Andima), é um sistema computadorizado on line. A taxa referencial do
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), de natureza compensatória, é uma
taxa de juros para títulos públicos, fixada pelo Banco Central do Brasil, refletindo a
remuneração dos investidores nos negócios de compra e venda desses papéis.
Deste modo, criada pelo Governo Federal para atrair investidores na compra de seus títulos
públicos, a taxa Selic é formada não só de juros, mas traz embutida em seu valor nominal
um percentual representativo da correção monetária da inflação projetada.
Se, por exemplo, quando a taxa é de 25% ao ano e o Banco Central estabelece a meta
inflacionária de 8% ao ano, a verdadeira taxa de juros é de 17%.
Compreendendo a composição da Selic fácil é concluir que tal não pode servir para
estipulação dos juros moratórios previstos no artigo 406 do novo Código Civil, vez que se
assim admitisse-se estar-se-ia acrescendo à rubrica de juros de mora, previstos pelo
legislador, também correção monetária, gerando a figura ilegal da cobrança bis in idem.
Por fim e ainda considerando, tratando-se o artigo 406 de juros moratórios, tais sejam,
daqueles que são devidos em vista da remuneração do capital em virtude da inadimplência
do devedor, não se poderia fazer incidir um percentual que representasse juros
compensatórios (ou remuneratórios), como é o caso da taxa Selic.
22
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o
motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de
quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
24
Revista Consultor Jurídico, 12 de agosto de 2003. (Izner Hanna Garcia, A taxa Selic e os
juros de mora na nova legislação. Disponível em: <http://conjur.uol.com.br/textos/20803>.
Acesso em 20.09.03.
Excluída a aplicação da Taxa Selic, os juros de mora devem ser calculados à razão de 1% ao
mês, solução que, além do mais, facilita o cálculo, por não se depender de elementos extra-autos.
Continua invocável a Súmula 54 do STJ: “Os juros moratórios fluem a partir do evento
Honorários advocatícios
sucumbente são fixados entre dez e vinte por cento sobre o valor da condenação, como dispõe o
artigo 20, º 3º, do CPC. Havendo condenação no pagamento de pensão mensal, considera-se como
valor da condenação a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda
extracontratual), aplica-se o disposto no art. 20, parágrafo 5.º do Código de Processo Cvil. (STJ,
1995 23 ).
5. Contrato de seguro
23
STJ, 3ª Turma, RESP 68526, Relator: Min. Waldemar Zveiter, j. 9.10.1995).
25
Contrato de seguro é aquele em que uma das partes, o chamado segurador, se obriga,
O Sistema Nacional de Seguros Privados foi estabelecido pelo Decreto-Lei n. 73/66, elevado
à condição de lei complementar pela Constituição de 1988 (art. 192, II). Há toda uma
Superintendência de Seguros Privados e pelo IRB Brasil Resseguros, que detém o monopólio do
resseguro no Brasil.
Coberturas
Coberturas adicionais são previstas em cada ramo de seguro. Para obtê- las, o segurado paga
determinado.
Seguro de automóvel
Pode-se contratar a cobertura dos danos que se referem diretamente ao veículo (seguro
comum); dos sofridos por seus passageiros (APP); dos que decorram da responsabilidade civil do
pessoais (RCFV-DP) causados a terceiros. Há, ainda, o seguro de responsabilidade civil obrigatório
(DPVAT).
Seguro comum
Objeto desse seguro são os veículos terrestres de propulsão a motor e seus reboques,
convulsões da natureza. A cobertura básica nº 2 é mais limitada: cobre apenas os riscos de incêndio
Nos termos do artigo 784 do Código Civil, não se inclui na garantia o sinistro provocado por
vício intrínseco da coisa segurada, não declarado pelo segurado, entendendo-se por vício intrínseco
o defeito próprio da coisa, que se não encontra normalmente em outras da mesma espécie.
24
<http://www.vivatranquilo.com.br/seguro/ramos_seguros/mat2_a.htm>.Acesso em
30.08.03
27
Segundo Voltaire Marensi, “se a montadora faz um recall por defeito nos freios ou na
uma vez que sua indenização cobre a parte que exceder os limites vigentes a época do sinistro, das
coberturas de morte e invalidez do DPVAT - Seguro Obrigatório que é pago juntamente com o
26
licenciamento anual do veículo .
pessoais provocados pelo segurado ou, reembolsar o segurado a indenização que tenha sido
25
Voltaire Marensi. O contrato de seguro à luz do novo Código Civil. Revista da
Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre (21): 305-12,
março/2002).
26
<http://www.vivatranquilo.com.br/seguro/seguro_automovel/cobertura_app/mat1.htm>.
Acesso em 30.08.03.
28
José de Aguiar Dias define o contrato de seguro de responsabilidade civil como “o contrato
pagamento da indenização que porventura lhe seja imposta com base em fato que acarrete sua
Não se confunde com o seguro de dano comum, como o que faça o proprietário de
automóvel contra os danos que este possa sofrer. O seguro de dano comum visa a indenizar o
proprietário de prejuízos sofridos com a deterioração ou perda total da coisa segurada. O seguro de
responsabilidade civil visa a indenizar o responsável do prejuízo decorrente de indenização por ele
devida a terceiro. “No seguro de responsabilidade civil”, diz o artigo 787 do Código Civil, “o
Dano moral
27
<http://www.vivatranquilo.com.br/seguro/ramos_seguros/mat2_a.htm>.Acesso em
30.08.03
28
José de Aguiar Dias, Da responsabilidade civil. 8. ed., Rio de Janeiro, Forense,
civil compreende o dano moral 29 ; outro, não conhecendo do recurso especial, por se tratar de
30
interpretação de contrato . Ao contratar o seguro, cuidado! Há apólices com cláusula expressa de
exclusão.
Correção monetária
monetária:
Dolo do segurado
“O dolo do segurado”, diz José de Aguiar Dias, “poderia ser objeto de seguro, como
acontecimento incerto, não fosse a circunstância de atentar contra a moralidade e a ordem públicas.
29
SEGURO. Responsabilidade civil. Dano moral. Dano pessoal. O contrato de seguro que dá cobertura ao dano pessoal
compreende também o dano moral. (STJ, 4ª Turma, RESP 209298, Min. Ruy Rosado de Aguiar Júnior, relator, j.
31/08/1999).
30
SEGURO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS PESSOAIS. DANO MORAL. A questão pertinente a saber se a
expressão "danos pessoais", contida em apolice de seguro, compreende os de natureza moral diz com interpretação de
contrato. inviabilidade do especial (Sum. 5/STJ). STJ, 3ª Turma, RESP 91039, Min. Eduardo
Ribeiro, relator, j. 24/03/1997.
30
Esta é a razão da proibição universal do seguro de responsabilidade que cubra o dolo do segurado”
31
.
Todavia, no caso de seguro obrigatório, que admite ação direta do prejudicado contra o
segurador, não vinga a exceção de dolo do segurado. O que se deve sustentar, então, é que, nesse
caso, o segurador tem ação regressiva contra o segurado. Essa solução guarda sintonia com o
disposto no artigo 786, § 1º, do Código Civil, admitindo ação do segurador contra o cônjuge do
O artigo 763 do Código Civil estabelece: Não terá direito a indenização o segurado que
Assim, diferentemente do que ocorre no seguro obrigatório, no seguro comum assim como
31
José de Aguiar Dias, Da responsabilidade civil. 8. ed., Rio de Janeiro, Forense,
Agravamento do risco
civil facultativo, a recusa do segurador a pagar a indenização, com a alegação de ter havido
agravamento do risco pelo segurado. Exige-se, porém, que o ato seja pessoal, do próprio segurado,
Agravamento do risco. Interpretação do art. 1.454 do Código Civil (atual art. 768: O
segurado perderá o direito à garantia se agravar intencionalmente o risco objeto do
contrato). Precedente da Corte. 1. Já decidiu a Corte que a "culpa exclusiva de preposto na
ocorrência de acidente de trânsito, por dirigir embriagado, não é causa de perda do direito
ao seguro, por não configurar agravamento do risco, previsto no art. 1.454 do Código Civil,
que deve ser imputado à conduta direta do próprio segurado". (STJ, 3ª Turma, RESP
231995, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, relator, j. 15/09/2000).
Prescrição
no prazo de um ano, contado da data em que citado para responder à ação de indenização proposta
pelo terceiro prejudicado, ou da data em que indeniza, com a anuência do segurador (Cód. Civil, art.
206, § 1º, II). Tenha-se presente que, intentada a ação contra o segurado, deve este dar ciência da
lide ao segurador (Cód. Civil, art. 787, § 3º), necessitando de expressa anuência deste para
O sistema nacional de seguros privados, regulado pelo Decreto- lei n. 73/66, com suas
responsabilidade civil do construtor de imóveis em zonas urbanas por danos às pessoas ou coisas.
(DPVAT), instituído pela Lei 6.194/74, por ela se rege, com as alterações da Lei
8.441/92.
integridade patrimonial do responsável pelo evento danoso, o obrigatório visa antes de tudo a
O seguro cobre exclusivamente danos pessoais, com valores vinculados ao do maior salário
mínimo vigente no País: morte (40 vezes o salário- mínimo); invalidez permanente (até 40 vezes o
invocando a Lei 6.205/75, segundo a qual todos os valores fixados com base no salário mínimo não
são considerados para quaisquer fins de direito. Em sentido contrário a jurisprudência do STJ:
nuclear;
32
(Lei cit., art. 3º).
34
33
No caso de morte, a indenização é paga ao cônjuge ou companheiro ; na sua falta, aos
34
herdeiros legais .
35
O pagamento independe de indagação sobre a culpa de quem quer que seja .
“Não tem pertinência deixar de efetuar o pagamento devido pela razão de ser a vítima
proprietária do veículo”. (STJ, 3ª Turma, RESP 144583, Min. Carlos Alberto Menezes
Direito, relator, j. 18/11/1999).
33
Quanto ao companheiro, a Lei exige convivência atual há mais de cinco anos ou filhos
comuns.
34
Lei cit., art. 4º e parágrafos.
35
Lei cit., art. 5º.
36
Lei cit., art. 7º.
35
qualidade, além de certidão de óbito da vítima e registro da ocorrência no órgão policial competente
37
.
37
Lei cit., art. 5º, § 1º, a.
38
Lei cit., art. 5º, § 5º.
39
Lei cit., art. 5º, º 1º.
36
relativa a valor inferior ao fixado na lei, não exclui seu direito à diferença.
“O recibo dado pelo beneficiário do seguro em relação à indenização paga a menor não o
inibe de reivindicar, em juízo, a diferença em relação ao montante que lhe cabe de
conformidade com a lei que rege a espécie”. (STJ, 4ª Turma, Resp. 296.675, Min. Aldir
Passarinho Júnior, relator, j. 20 de agosto de 2002).
40
No caso de cobrança judicial, observa-se o procedimento sumário .
pelo segurador diretamente ao beneficiário. Ação judicial, se necessária, deve ser proposta contra o
segurador. O segurado não tem legitimidade passiva, nem pode denunciar a lide ao segurador. Mas
deduz-se da importância da condenação a indenização paga ou devida pelo segurador. Essas regras
não prejudicam a vítima, pois será sempre mais fácil receber do segurador, cuja responsabilidade é
na culpa.
40
Lei cit., art. 10.
37
O prejudicado tem ação tanto contra o causador do dano, como contra o segurador. Este,
porém, não tem ação regressiva contra aquele, salvo no caso de dolo.
A personalização das sociedades distingue-as de seus sócios, dando- lhes aptidão para agir
em nome próprio. Pode servir também para limitar a responsabilidade dos sócios que,
Esse resultado, porém, nem sempre é alcançado, porque os tribunais freqüentemente aplicam
50, e divulgada, no Brasil, por Rubens Requião, em 1969. O Código Civil a acolheu em seu artigo
50, verbis:
que, por isso, não podem queixar-se, quando, insolvente a sociedade, são impedidas de penhorar
Outra, porém, é a situação, quando se trata de responsabilidade da sociedade por fato ilícito.
Um simples acidente de trânsito, que acarrete múltiplas mortes, pode determinar montantes de
desconsideração da personalidade jurídica, ainda que não prevista pelo artigo 50 do Código Civil.
Ver-se-á, então, o juiz, ante o dilema de desconsiderar, na prática, o direito das vítimas ou fraudar a
7. Competência internacional
acidente de trânsito ocorrido no Brasil, por incidência do artigo 88, III, do CPC: “É competente a
autoridade judiciária brasileira quando: [...] III – a ação se originar de fato ocorrido ou de ato
praticado no Brasil”. Não importa, pois, que o réu seja estrangeiro ou tenha domicílio em Estado
estrangeiro.
Estrangeiro, contra réu domiciliado no Brasil, pode ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Mas “a ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a
autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas” (CPC, art. 90).
No âmbito do Mercosul, vige o Protocolo de São Luiz, promulgado pelo Decreto n. 3.856,
de 3 de julho de 2001:
Artigo 3 (Direito aplicável) - A responsabilidade civil por acidentes de trânsito será regida
pelo direito interno do Estado Parte em cujo território ocorreu o acidente. Se no acidente
participarem ou resultarem atingidas unicamente pessoas domiciliadas em outro Estado
Parte, o mesmo será regido pelo direito interno deste último.
Artigo 4 - A responsabilidade civil por danos sofridos nas coisas alheias aos veículos
acidentados como conseqüência do acidente de trânsito, será regida pelo direito interno do
Estado Parte no qual se produziu o fato.
8. Competência interna
Se o acidente foi causado por veículo da União, entidade autárquica ou empresa pública
federal, contra quem será proposta a ação, incide o artigo 109, I, da Constituição Federal,
comum.
Processo Civil estabelece: “Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente
de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato”. Essa regra foi
estabelecida especialmente em prol do autor. Por isso, há entendimento no sentido de que ele pode
optar pelo foro geral, isto é, pelo foro do domicílio do réu, nos termos do artigo 94 do CPC.
tratando de ação de reparação de dano sofrido em razão de acidente de transito, o autor pode propor
a demanda no foro do seu domicilio ou no local do fato, como também no foro do domicilio do réu ,
caso em que esta a renunciar direito que lhe assiste a prerrogativa de foro ( Inteligencia do artigo 100,
paragrafo unico, e 94, "caput", do CPC). (Agravo de Instrumento nº 598152973, décima primeira
câmara cível, Tribunal de Justiça do RS, relator: Voltaire de Lima Moraes, julgado em 16/09/1998).
41
Juizado Especial Federal, se o valor do pedido não ultrapassa 60 salários. (Lei 10.259, de 12 de
julho de 2001); ultrapassado esse valor, a competência será de Vara da Justiça federal, observado o
Os Juizados Especiais da Justiça comum são competentes para as ações de ressarcimento por
danos causados em acidente de veículo de via terrestre, independentemente do valor da causa, nos
termos do artigo 3º II, da Lei 9.099/1995. Opção do autor, entre Vara ou Juizado Especial da Justiça
comum depende do que dispõe a lei local. No Rio Grande do Sul, há projeto no sentido de tornar
Não podem ser partes nos Juizados Especiais da Justiça comum as pessoas jurídicas de
direito público, a massa falida e o insolvente civil (Lei 9.099/1995, art. 8º). Nessas condições,
havendo o acidente sido causado, v.g., por veículo do Estado, a ação deverá no foro competente,
determinado pela lei processual (federal), na vara indicada pela Lei de Organização Judiciária (lei
local). Nas capitais dos Estados, há geralmente uma ou mais varas da Fazenda Pública, competentes
para as ações propostas por ou contra pessoa jurídica de direito público, como o Estado e o
Município. Onde não haja vara da Fazenda Pública, a ação correrá em outra, nada importando que
Competente vara da Justiça comum, observa-se o rito sumário, como dispõe o artigo 275, II,
do CPC.
Nos termos do artigo 786 do Código Civil, o segurador sub-roga-se, nos limites do valor
respectivo, nos direitos e ações que competirem ao segurado contrato o autor do dano. Pode ocorrer,
pois, que ação seja proposta contra o causador do dano, não pela vítima, mas pelo segurador. De
acordo com o Superior Tribunal de Justiça, a ação, nesse caso, deve ser proposta no foro do
domicílio do réu:
A regra do artigo 100, parágrafo único, do CPC, não se aplica à ação de regresso proposta
pela seguradora contra a transportadora, considerada responsável pelo pagamento dos danos
Turma, em acórdão de lavra do eminente Min. Eduardo Ribeiro: “O foro excepcional, assegurado às
vítimas do acidente (art. 100, parágrafo único do CPC), em homenagem a sua situação pessoal,
constitui prerrogativa processual que não se transmite ao que se subroga no direito de receber
indenização”. (STJ, 4ª Turma, Resp. 48.690-4/MG, Min. Ruy Rosado do Aguiar, relator, j.
02.08.1994).
por acidente de veiculo. desaparece a competência especial prevista no parágrafo único do art-100
do CPC, cuja finalidade é a de facilitar a vitima o ressarcimento pelos danos causados. (Agravo de
instrumento nº 598121408, sexta câmara cível, Tribunal de Justiça do RS, relatora: Lúcia de Castro
7. Denunciação da lide
43
Correndo a ação em Juizado Especial, da Justiça federal ou comum, incide o artigo 10º da
Lei 9.099/1995: “Não se admitirá, no processo, qua lquer forma de intervenção de terceiro nem de
Não correndo em Juizado Especial, a observância do rito sumário (art. 275, II, d) determina
a incidência do artigo 280: “No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória
Cabe, pois, denunciação da lide (art. 70, III), desde que fundada em contrato de seguro.
Apesar do disposto no caput do artigo 70, essa denunciação não é obrigatória. Sua falta não
determina a perda do direito de regresso, mas apenas impede que o vencido obtenha sua declaração
Prazo em dobro
artigo 191. Não assim, se o denunciado nega o direito de regresso, litigando apenas com o
41
denunc iante. (Carneiro, 2000 ).
Sentença
41
Athos Gusmão Carneiro. Intervenção de terceiros. 11 ed. São Paulo, Saraiva, 2000. p. 98.
44
raro, o mesmo autor faz ambas as afirmações, embora, a rigor, uma exclua a outra. Mais correta é a
primeira solução, porque a condenação do réu é condição para que ele possa exercer o direito de
regresso.
Honorários advocatícios
Feita a denunciação pelo réu, o denunciado que aceita a denunciação deve ser tratado como
litisconsorte deste (CPC, art. 75, I), motivo por que se repartem, entre eles, os honorários da
sucumbência, devidos pelo autor. Não há condenação autônoma, pelo fato da denunciação.
Não havendo resistência da denunciada, ou seja, vindo ela a aceitar a sua condição e se
colocando como litisconsorte do réu denunciante, descabe a sua condenação em honorários pela
denunciação da lide, em relação à ré-denunciante. (STJ, 4ª Turma, RESP 530744, Min. Sálvio de
42
Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de Direito Processual Civil, São Paulo,
juízo aceitar a sua condição e se colocando como litisconsorte do réu denunciante, descabe a sua
condenação em honorários pela lide secundária. (STJ, 4ª Turma, RESP 120719, Min. Ruy Rosado
Todavia, há quem sustente que, nos casos de garantia imprópria, como o de que estamos a
denunciado. Não assim, entretanto, na hipótese prevista no artigo 70, I do CPC, quando os
honorários serão suportados pelo vencido na demanda principal. (STJ, 3ª Turma, RESP 171808,
pagará os honorários do advogado do denunciado, salvo nos casos do art. 70, I, do Código de
Processo Civil. (STJ, 3ª Turma, RESP 153786, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, relator, j.
4.3.1999).
honorários. (STJ, 3ª Turma, RESP 49913, Min. Nilson Naves, relator, j. 23.10.1995).
43
Athos Gusmão Carneiro. Intervenção de terceiros. 11 ed. São Paulo, Saraiva, 2000. p.
115.
46
Se o autor apela, deve o réu apelar adesivamente, porque sem apelo do denunciante, não
pode o Tribunal julgar procedente a ação de denunciação. Há quem sustente que, sem apelo adesivo,
2000, p. 112).
Nos termos do artigo 275 do CPC, observa-se o rito sumário nas causas de ressarcimento
por danos causados em acidente de veículo terrestre, assim como nas causas de cobrança de seguro,
relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados, nesta última hipótese, os
O artigo 280 admite, no procedimento sumário, intervenção de terceiro, desde que fundada
em contrato de seguro. Portanto, o réu, demandado em ação fundada em acidente de trânsito, pode
denunciar a lide ao segurador, com fundamento no artigo 70, III, do CPC. Essa disposição ajusta-se
ao disposto no artigo 787 do Código Civil que, dispondo sobre o seguro de responsabilidade civil
(facultativo), estabelece que “intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da lide ao
segurador”.
Parágrafo único. Demandado em ação direta pela vítima do dano, o segurador não poderá
opor a exceção de contrato não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para
integrar o contraditório.
a legitimação passiva para a causa. A ação deve ser proposta contra o causador do dano, que poderá
denunciar a lide ao segurador, assim exercendo sua ação de regresso. Já, para haver a parcela
propor ação contra o segurador. Este é que, argüindo a falta de pagamento do prêmio, denuncia a
lide ao proprietário do veíc ulo, tendo contra ele direito de regresso para ressarcir-se do que pagou.
Suposto que o valor do dano seja superior à indenização devida pelo segurador, o
prejudicado poderá propor ação também contra o proprietário do veículo, pelo valor que exceder.
Salvo insolvência do segurador, não pode exigir do segurado o valor que, por força do contrato