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O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, pelo procurador
regional eleitoral signatário, no uso de suas atribuições legais, com fulcro nos artigos 127 e
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deputado estadual pelo Partido Social Liberal, brasileiro, casado, CPF
n. 018.750.577-22, residente e domiciliado na Rua Idelfonso da Silva,
1386, Bairro Alto da Glória, Ji-Paraná/RO;
APARECIDA FERREIRA DOS SANTOS, 6º Suplente de deputado
estadual pelo Partido Social Liberal, brasileira, solteira, CPF n.
288.078.552-91, residente e domiciliada na Avenida Brasflorest,
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Bairro Castanheira, Porto Velho/RO;
FLOREMIL SILVA BICALHO JÚNIOR, 13º Suplente de deputado
estadual pelo Partido Social Liberal, brasileiro, casado, CPF n.
997.931.137-15, residente e domiciliado na Rua Cardeal, 4220, Bairro
Caladinho, Porto Velho/RO;
ERICA RIBEIRO VIANA, 14º Suplente de deputado estadual pelo
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Cristóvão, Porto Velho/RO.
ante as razões de fato e de direito a seguir articuladas:
I. SÍNTESE FÁTICA
Na data de 16 de agosto de 2018, o Diretório Regional do Partido
Social Liberal – PSL apresentou à Justiça Eleitoral seu Demonstrativo de Regularidade de
os quais, 14 (quatorze) candidatos do sexo masculino – 70% (setenta por cento) – e 6 (seis) 1
candidatas do sexo feminino – 30 % (trinta por cento).
Ocorre que, após análise dos RRC's apresentados pela agremiação,
esta Procuradoria Regional Eleitoral manifestou-se pelo indeferimento do registro de
candidatura das candidatas Maria dos Anjos da Silva Martins (RRC 0600764-86), Maria
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Conceição Alves (RRC 0600763-04) e Rosanira Capistrano Luz (RRC 0600891-24), em razão
de ausência de condição mínima de elegibilidade – filiação partidária.
Notificados a apresentar documentação complementar, os interessados
apenas acostaram aos autos cópias das fichas de inscrição partidária e ata da reunião
convencional, que, por sua natureza unilateral, não se mostraram hábeis a comprovar a
existência de filiação partidária, razão pela qual os pedidos de registro de candidatura das
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Legislativo com ao menos 30% de mulheres.
Tal conduta caracteriza a prática de fraude na formação do
requerimento de registro Demonstrativo de Regularidade dos Atos Partidários do Partido
Social Liberal – PSL, desafiando o ajuizamento da presente impugnatória.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
2 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Ed. 14. São Paulo: Atlas, 2018, p. 879.
como objeto principal a declaração de nulidade dos votos obtidos mediante abuso, corrupção
ou fraude, mas a insubsistência do mandato representativo, o que, de fato, claramente conduz
à nulidade dos votos, ante a incidência dos artigos 2223 e 2374 do Código Eleitoral.
O artigo 14, § 10, da Constituição Federal define que “o mandato
eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
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diplomação”, nas hipóteses de: a) abuso de poder econômico; b) corrupção; ou c) fraude.
A fraude, na concepção de José Jairo Gomes, caracteriza-se pela burla
ao sentido e à finalidade da norma jurídica “pelo uso de artimanha, astúcia, artifício ou ardil.
Aparentemente, age-se em harmonia com o Direito, mas o efeito visado – e, por vezes,
alcançado – o contraria”5, frustrando a efetividade e a finalidade do próprio sistema eleitoral,
maculando-se, por conseguinte, o bem jurídico tutelado.
3 Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de meios de que
trata o Art. 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei.
4 Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade, em desfavor da
liberdade do voto, serão coibidos e punidos.
5 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Ed. 14. São Paulo: Atlas, 2018, p. 881.
6 ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. Ed. 6. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 664.
apuração dos votos, podendo-se configurar, também, por qualquer artifício ou ardil que
induza o eleitor a erro” (Agravo de Instrumento n. 4.661, Rel. Min. Fernando Neves, j.
15/06/2004), assentado, ainda, que “o conceito de fraude (…) é aberto e pode englobar todas
as situações em que a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato eletivo são
afetadas por ações fraudulentas, inclusive nos casos de fraude à lei” (Recurso Especial n. 1-
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49, Rel. Min. Henrique Neves, j. 04/08/2015).
Nesses termos, é cediço que a fraude, para fins de ajuizamento de ação
de impugnação de mandado eletivo, pode decorrer de qualquer ato ou artifício que induza o
eleitor a erro e/ou que altere o resultado das eleições, assim como qualquer ação praticada
com a finalidade de burlar a legislação eleitoral.
No presente caso, extrai-se a existência de fraude eleitoral na
§ 4º O cálculo dos percentuais de candidatos para cada sexo terá como base o
número de candidaturas efetivamente requeridas pelo partido político ou coligação e
deverá ser observado nos casos de vagas remanescentes ou de substituição.
§ 5º O deferimento do pedido de registro do partido político ou coligação ficará
condicionado à observância do disposto nos parágrafos anteriores, atendidas as
diligências referidas no art. 37.
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“deverá reservar” pelo termo imperativo “preencherá”, de modo a impor que os percentuais
de cotas de gênero tomem por base o número de candidatos cujos registros forem, de fato,
requeridos pelo partido ou pela coligação.
Trata-se, portanto, de requisito de indispensável e indissociável à
participação do partido político e/ou coligação partidária nas eleições aos cargos
proporcionais, a ser aferida no ato do requerimento de registro do Demonstrativo de
7 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
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mulheres brasileiras na vida política do nosso país.
Sobre o tema, a Corte Superior Eleitoral já assentou que “o incentivo
à presença feminina constitui necessária, legítima e urgente ação afirmativa que visa
promover e integrar as mulheres na vida política brasileira, de modo a garantir-se
observância, sincera e plena, não apenas retórica ou formal ao princípio da igualdade de
gênero (art. 5º, caput e I, da CF/88)” – Rp n. 28273/2017.
falar, portanto, em inépcia da inicial por ausência de causa de pedir (art. 330, § 1º, I,
do CPC). A causa de pedir não se confunde com a insuficiência de provas que
comprovem os fatos alegados. A inexistência de provas das alegações iniciais é
matéria a ser resolvida no mérito, não implicando imediata extinção do processo,
nos termos preceituados pelo art. 485, I, do CPC. Preliminar rejeitada. (…)
(TRE/MG – Recurso Eleitoral n 144385, Relator(a) RICARDO MATOS DE
OLIVEIRA, Publicado em 26/10/2018) [grifo nosso]
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Da análise pormenorizada dos autos dos requerimentos de registro de
candidatura apresentados pelo Diretório Regional do Partido Social Liberal – PSL, esta
Procuradoria Regional Eleitoral identificou a existência candidaturas femininas sem a
devida demonstração de filiação partidária, condição de elegibilidade prevista no artigo
14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal.
É cediço que a filiação a partido político consiste em elemento
indissociável à condição de elegibilidade, inexistindo, em regra, a possibilidade de registro de
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Com efeito, o artigo 21 da Resolução TSE n. 23.117/09 dispõe que “a
prova da filiação partidária, inclusive com vista à candidatura a cargo eletivo, será feita com
base na última relação oficial de eleitores recebida e armazenada no sistema de filiação”.
De fato, a atualização periódica dos dados partidários no Sistema de
Filiação Partidária da Justiça Eleitoral – FILIAWEB, confere maior credibilidade e
transparência à aferição do preenchimento da condição de elegibilidade prevista no artigo 14,
inscritos e a data do deferimento das respectivas filiações (Lei nº 9.096/95, art. 19, caput).
9 ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral, 6. ed. - Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2018, p. 191.
10 Súmula TSE n. 20: “A prova de filiação partidária daquele cujo nome não constou da lista de filiados de
que trata o art. 19 da Lei nº 9.096/1995, pode ser realizada por outros elementos de convicção, salvo quando
se tratar de documentos produzidos unilateralmente, destituídos de fé pública.”
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Nesse cenário, mister destacar que, dentre o total de 21 (vinte e um)
requerimentos de registro de candidatura apresentados à Justiça Eleitoral (deferidos e
indeferidos), apenas as candidatas do sexo feminino não preencheram a condição de
elegibilidade prevista no inciso art. 14, § 3º, inc. V, da Constituição Federal, o que, de
fato, reforça a conclusão da prática de fraude na formalização dos registros de candidatura do
partido.
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possibilidade de outras candidaturas femininas pudessem disputar o pleito e garantir a
representatividade necessária aos interesses femininos no cenário político estadual.
Além disso, corrobora com a intenção fraudulenta ora
apresentada, a manifesta omissão partidária ao não realizar o procedimento de
substituição das candidaturas femininas indeferidas, conforme facultado pelo art. 13 da
Lei n. 9.504/97.
III – PEDIDO
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defesa no prazo de 07 (sete) dias, nos termos do artigo 4º da Lei
Complementar 64/90; e
[ASSINADA ELETRONICAMENTE]
LUIZ GUSTAVO MANTOVANI
PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL