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mediadores de leitura
A FORMAÇÃO DE
PROFESSORES LEITORES E
Mediadores
de Leitura
Sarah Diva Ipiranga
Gra
tui
to!
2
FASCÍCULO
A FORMAÇÃO DE mação, experiência, docência, media-
ção, leitura, educação literária. Não há
PROFESSOR(A)- como fazer esse percurso sem a ajuda de
alguns professores-pensadores, docentes
LEITOR(A)? que, em sua prática, tanto exerceram o ofí-
Esse tema pode parecer contraditório, pois cio, quanto refletiram sobre a profissão de
pressupõe-se que todo docente tem uma forma a permitir que a docência avançasse
história de leitura agregada a si. No entanto, no que ela tem de mais fundamental: a lei-
hoje, diante do acúmulo de atividades, da tura formadora ou a formação leitora. A
especificação cada vez maior dos estudos partir do roteiro desenhado, as noções de
e da complexa rede de competências em formação e mediação vão se intercalar pro-
que se tornou o trabalho em sala de aula, movendo uma visão ampla desses proces-
os professores estão se distanciando desse sos (por meio dos conceitos apresentados)
prazer primeiro e fundamental da leitura. e, ao mesmo tempo, particular (através
Todos com certeza têm uma boa história dos exemplos), para que o professor(a)-
a contar sobre os livros que os encantaram e -leitor(a) possa elaborar sua vivência e
tornaram sua vida mais especial. Felizmen- compreender a sua atuação como for-
te, falta-nos o tempo e não o que contar. mador e mediador.
E é a partir desse pressuposto, de que todos Interessado em saber mais? Inscreva-se
são, a sua maneira, leitores, que esse mó- em nosso curso. Está inscrito? Pois não dei-
dulo se organiza. Ele pretende propiciar um xe de visitar sempre a nossa sala de aula
reencontro com a leitura que habita dentro virtual. Acesse:
de nós, mas que está silenciada pelos afaze-
res, pela tecnologia e/ou pelo cansaço. ava.fdr.org.br
Para que as informações não fiquem
dispersadas, organizamos um roteiro para
que você, leitor(a), entenda o que é for-
PARA ALÉM
DO TEXTO
Friedrich Hegel (1770-1831),
alemão, é considerado um dos mais
importantes e influentes filósofos
da história. Sua obra maior é
Fenomenologia do espírito.
PARA ALÉM
exercício em uma aula, o que é realmente? Hesse, Katherine Mansfield etc.
Segundo Roland Barthes, ler é muito mais Para cada livro, era associada uma emo-
DO TEXTO
do que decodificar uma mensagem, isso ção, uma época específica, um sentimento,
fica para o código morse e outras lingua- um desejo. Imagine-se, então, nessa volta
gens cifradas. Ler, para ele, é essencialmen- ao tempo pelos livros e monte o quadro da
te “escrever” o que se passa com você sua vida leitora. Recupere essa estante que
na hora da leitura. Ler é perceber as asso- Roland Barthes proferiu sua aula está na memória e faça com que ela volte a
ciações que são feitas, articulá-las, sem, no inaugural no Collège de France, em 1977. atuar sobre a vida que você tem hoje. Será
entanto, fechar a compreensão num dado Essa aula, magistral pela simples e, ao possível? Pensamos que sim.
seguro ou lugar único. Isso pode parecer, mesmo tempo, complexa abordagem do
a princípio, difícil de compreender, mas o assunto tratado (a força do texto literário),
que ele está tentando nos dizer é que o(a) pela humildade intelectual e pela sabe-
leitor(a) é um(a) escrevente constante das doria do mestre, transformou-se em um
suas memórias leitoras e que não existe livro, Lecon, que foi traduzido no Brasil:
escrita sem leitura. Para Barthes, autor,
PARA LER E
Aula (Ed. Cultrix). Em pouco mais de 40
texto e leitor(a) fazem parte de uma co- páginas, ele faz um passeio pela história
munidade com direitos iguais. da língua com posições avançadas sobre
Outra associação feita por ele é: ler é
jogar. E jogo tem regras e jogadores, não
o texto literário. Leitura essencial!
SE EMOCIONAR
é? Pois observem como é difícil tirar uma
criança de uma brincadeira. A brincadeira
(o jogo) é séria para ele, naquele momento A crônica de Clarice Lispector
nada está acima de acertar a bola de gude Esse momento é único e pessoal, aqui referenciada pode ser
no buraco ou de realizar a última seção do mas com repercussão para a vida inteira. encontrada no livro Aprendendo a
jogo de pedrinhas, quando se jogam todas Por isso, a primeira coisa a ser feita pelos viver, uma coletânea de crônicas e
ao alto e tem-se que recolher em única professores é recuperar as suas expe- textos autobiográficos da autora,
mão todas as pedras. A mesma coisa acon- riências de leitura. Somente assim, ao re- em que seu percurso de formação
tece no ato de ler: há um processamento ver a sua formação, ele poderá mediar pro- é liricamente recuperado nas
mental e sensorial no contato que mantém cessos coletivos de leitura. E como fazer experiências que traz para nós
o texto que será guardado na memória e isso? Ora, relembrando e trazendo à tona, através de seu estilo particular.
acionado pelas articulações que o próprio se possível de forma escrita, as reminiscên-
mundo oferece. cias desse encontro.
PARA ALÉM
ROSA, João Guimarães. João Guimarães Rosa:
Por uma pedagogia da pedagogia. São
correspondência com seu tradutor alemão Curt
DO TEXTO
Paulo: Martins Fontes, 2003.
Meyer-Clason (1958-1967). São Paulo: Nova
HEGEL. Estética Poesia. São Paulo, Lisboa: Fronteira; Rio de Janeiro: Academia Brasileira de
Ed. Guimarães, s/d. Letras; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
KAZANTZÁKIS, Niko. Zorba, o grego. 3 ed. RUFFATO, Luiz. Até aqui tudo bem! Como e por
O livro Língua e literatura: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977 (Cole-
Machado de Assis na sala de aula, que sou romancista (séc. 21). In: MARGATO,
ção Grandes romances) Izabel; GOMES, Renato Cordeiro (Orgs.). Espé-
da editora Parábola, traz um ótimo
estudo sobre as formas de leitura LISPECTOR, Clarice. Aprendendo a viver. cies de espaços: territorialidades, literatura, mí-
de um conto do escritor carioca, Rio de Janeiro: Rocco, 2004. dias. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.
“Pai contra mãe”, que podem ser MENDES, Margarida Vieira. Pedagogia da li- SCLIAR, Moacir. Memórias de um aprendiz de
desenvolvidas pelos professores. teratura. In: Românica, v. 6, 1997. escritor. São Paulo: Companhia Nacional, 1984.
Este fascículo é parte integrante do Programa Fortaleza Criativa, em decorrência do Termo de Fomento celebrado
entre a Fundação Demócrito Rocha e a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza, sob o nº 05/2018.
Todos os direitos desta edição reservados à: EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) João Dummar Neto Presidente André Avelino de
Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Raymundo Netto Gestor de Projetos Emanuela Fernandes
Analista de Projetos Tainá Aquino Estagiária UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Viviane Pereira
Fundação Demócrito Rocha
Gerente Pedagógica Luciola Vitorino Analista Pedagógica CURSO FORMAÇÃO DE MEDIADORES DE LEITURA
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Raymundo Netto Coordenador Geral e Editorial Lidia Eugenia Cavalcante Coordenador de Conteúdo
Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará
Emanuela Fernandes Assistente Editorial Amaurício Cortez Editor de Design e Projeto Gráfico Marisa
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