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Parque Biológico de Gaia – “Provavelmente” o


melhor zoo de Portugal!
2008-03-24
A apreciação é surpreendente porque o Parque Biológico nem se pode
considerar um zoológico. A quase ausência de espécies exóticas e a forma
natural e livre como se encara a presença da vida animal no parque terão sido
o factor preponderante.

A notícia pode ler-se no site do Parque Biológico de Gaia: a revista «International Zoo
News» aponta o Parque como sendo «provavelmente o melhor zoo de Portugal». No
artigo, intitulado Zoological Collections in Portugal, da autoria de Olaf Paterok e Junas
Livet, são analisados vários espaços zoológicos portugueses.

Nuno Oliveira, o director do Parque confessa que é uma surpresa “Porque nós
próprios não nos consideramos propriamente um parque zoológico, temos animais,
mas isto é uma mistura de parque zoológico com jardim botânico, com reserva natural,
e portanto especialistas em jardins zoológicos acharem que este modelo é um bom
modelo de zoológico é um prazer suplementar.”
Corço Foto:PBG

O Parque Biológico de Gaia foi criado em 1983, no vale do rio Febros, e tinha na altura
dois hectares. Actualmente conta com 35 e tem planos de expansão para chegar aos
50. O objectivo sempre perseguido é o da educação ambiental e por isso propõe-se
aos visitantes que percorram um circuito de descoberta da natureza, com cerca de 3
km, ao longo do qual estão instaladas vitrinas com variadas informações. As plantas e
animais que se vão observando pelo caminho estão tão integradas no meio como a
arquitectura tradicional, os usos e costumes da região ou a própria hidrografia.
Muitos dos animais que se observam no Parque são, eles próprios, visitantes: mais de
70 espécies de aves vivem ou visitam o Parque durante as migrações, das quais mais
de 30 ali nidificam. Acrescentem-se 18 espécies de mamíferos, 14 de répteis e
anfíbios, 9 de peixes, e várias dezenas de invertebrados e tem-se a noção da riqueza
faunística do local.

Lontra europeia Foto:PBG


Devido às medidas de protecção tomadas, espécies novas estão a fixar-se, e outras a
aumentar a sua população; hoje, no Parque, abundam, em liberdade, os Coelhos-
bravos, Esquilos, Garças-reais e outras espécies.
O Parque Biológico apenas tem em cativeiro animais domésticos ou que sendo da
fauna do país, por alguma razão se encontram incapacitados para sobreviverem na
natureza.
Gamos, Corços, Bisontes-europeus, Raposas, Águias-de-asa-redonda, Milhafres,
Gralhas, Patos-reais, Galinhas-de-água, Gaivotas, etc., vivem e reproduzem-se nas
instalações do Parque.
Um Centro de Recuperação encarrega-se de tratar e restituir à natureza animais que
ali chegam a precisar de cuidados. Desde que entrou em funcionamento, o centro já
tratou de mais de 10 mil animais.

Rio Febros Foto:PBG

Nuno Oliveira faz uma apreciação bastante negativa da forma como o país encara e
preserva a sua rica biodiversidade: “A nossa rede de parques e reservas é muito
recente e do ponto de vista de gestão dos habitats não tem praticamente gestão
nenhuma.Foi isso que levou a fracassos notáveis, como a extinção do lince na Serra
da Malcata – cria-se uma reserva enquanto ainda há lince e vinte anos depois não há
lá nenhum, porque também não houve nenhuma medida de conservação que tivesse
sido tomada. Portanto estamos numa situação, do ponto de vista da biodiversidade,
bastante preocupante, com uma série de espécies em declínio. Então se formos para
a flora, para os endemismos botânicos de Portugal, é uma desgraça! E haveria
medidas bem simples para os proteger.”
O Director do Parque Biológico de Gaia faz ainda notar que a biodiversidade é, hoje
em dia, um importante recurso económico: “Estamos a esquecer que temos um fluxo
turístico monumental que vem a Portugal por causa da fauna e da flora,
particularmente das aves. Esquecemo-nos muitas vezes disto porque as pessoas
quando chegam ao hotel e reservam um quarto não dizem – eu vim ver aves –
sabemos apenas que são turistas. Mas de facto há imensos europeus, da Europa
central e do norte que vêm a Portugal ver aves, aves mediterrânicas como a pega
azul, a abetarda, o sisão, etc., e estamos, de certo modo, a desperdiçar isto não só
não os acolhendo bem, porque não temos estruturas de acolhimento – se eu for a
Inglaterra tenho imensas estruturas de acolhimento para poder ver aves ou plantas –
cá não estamos a receber bem, não temos informação, livros, não temos publicações,
como ainda por cima não estamos a conservar aquilo que os traz cá.”

Ostraceiro Foto:PBG

Nuno Oliveira conta um episódio bem elucidativo desta tendência: “Há dois ou 3 anos
em Inglaterra, numa lojinha, o dono percebeu que eu não era inglês, perguntou de
onde eu era e eu disse – sou português – e imediatamente ele exclamou Pega azul.
No ano anterior tinha vindo ao nosso país, tinha entrado pelo norte, tinha ido a
Miranda do Douro e por ali abaixo, expressamente para ver uma ave que é a Pega
azul, que é endémica da Península Ibérica
Portanto ele escolheu o destino de férias por causa de um pássaro e hoje, está
estudado, na União Europeia vinte milhões de pessoas escolhem o destino de férias
por causa da natureza. A biodiversidade é um valor e um património que importa
preservar.”
Galinha de água Foto: PBG

Uma tarefa à qual o Parque Biológico de Gaia dá um importante contributo, não só


através das condições que proporciona a variadíssimas espécies, mas também
através da sensibilização ambiental que leva a cabo há mais de duas décadas.Uma
das próximas iniciativas decorre não no Parque mas numa outra zona gerida pela
mesma entidade, o Parque das Dunas da Aguda, onde vai decorrer uma Observação
de Aves no dia 6 de Abril, um domingo. Entre as 10h00 e o meio-dia, todos os
interessados podem comparecer, e levar a família, munidos de binóculos e guia de
campo de aves da Europa.
Os borrelhos, aves do litoral, deverão estar já a fazer ninho nas dunas, sendo entre as
aves locais as menos conhecidas do público.

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