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Psicanálise - Mezan
Psicanálise - Mezan
Entrevistando certa vez uma senhora cuja aparência indicava claramente que
já passava dos 50, Groucho Marx ouviu dela que "estou chegando aos 40". "Não
diga! Vindo de qual direção?" Quanto a Freud, sabemos que costumava se
referir à disciplina que criou como "unsere junge Wissenschaft", a nossa jovem
ciência. Transcorrido mais de um século desde que viu a luz, já não se pode
dizer que ela seja tão jovem, e, quanto a ser ou não ciência, o debate continua
acalorado. Quererá isso dizer, como afirmam seus detratores, que a psicanálise
se tornou uma velha caquética e, além do mais, ridícula, pois se toma por uma
viçosa balzaquiana no esplendor dos seus 40 e poucos?
A verdade é que o valor de uma prática ou a consistência de uma teoria nada
têm a ver com o número de décadas que se passaram desde a sua instituição.
Jovem, adulta ou anciã, a psicanálise deve ser avaliada pelo que é, pois
obviamente disso depende o que poderá vir a ser, em outras palavras, o seu
futuro.
Renato Mezan é psicanalista, coordenador da revista "Percurso" (Instituto Sedes Sapientiae) e professor
titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, autor, entre outros, de "Freud - Pensador da
Cultura" (Brasiliense).