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Mensagem de Inspiração

Gordon B. Hinckley
do C onselho dos Doze publicação mensal da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias editada pelo
Centro Editorial Brasileiro
R. São Tomé, 520 - V. Olímpia
CP 19079, São Paulo, SP
Tel. 80-9675

Editor
Senhor nos tem aconselhado e dado m andam entos sôbre tantas coisas, que Hélio da Rocha Camargo

0 nenhum m em bro da sua Igreja precisa jam a is equivocar-se. Êle esta bele­
ceu normas no toca nte à nossa v irtu d e , benevolência, obediência à lei,
lealdade ao govêrno c o n s titu íd o , observância do dia do Sábado, sobriedade
e abstinência de álcool e fum o, pagamento do dízim o e o fe rta s, cuidado dos pobres,
c u ltiv o do lar e da fa m ília , prom oção do Evangelho, para m encionar som ente uns
poucos.
Redator
Aldo Francesconl
Estaca São Paulo
R. Iguatemí, 1980, São Paulo, SP
Estaca São Paulo Leste
R. Ibituruna, 82, São Pauio, SP
A cérca de todos êles, é pe rfe ita m e n te dispensável qualquer argum entação ou
Correspondente
contenda. Se prosseguirm os firm e m e n te no rumo da aplicação da nossa re lig ião Estevam Giagnório
em nossas vidas, favorecerem os sua causa mais e fe tivam e nte do que por qualquer
Estaca São Paulo Sul
outro meio.
R. Catequese, 432, Santo André, SP
Poderá haver os que ten tarã o afastar-nos, quem nos queira enganar. Poderemos
Correspondente
ser menoscabados e desacreditados. Poderemos s o fre r invectiva s e m esm o ser r i­
Armando Jekabson
dicularizados perante o mundo.
Existe quem, tan to de ntro com o fora da Igreja, procura com pelir-nos a mudar Missão Brasil Central
nossa posição em c e rto s assuntos, com o se fôra nossa p rerro gativa usurpar uma R. Henrique Monteiro, 215
CP 20.809, São Paulo, SP
autoridade que pertence som ente a Deus.
Tel. 80-4638
Não desejam os a lte rc a r com quem quer que seja. Pregamos o Evangelho da paz,
Correspondente
mas não podemos ignorar a palavra do Senhor, segundo nos fo i dada a conhecer
Bruce G. Howard
através de homens que apoiamos com o profeta s. É preciso que nos mantenham os
firm e s e digam os como Barbara Tuchman, h isto riado ra galardeada com o Prêm io Missão Brasil Sul
R. Dr. Flôres, 105, 14.°
P ulitzer: “ Is to é o que eu cre io . Is to fa re i e aquilo não. Êste é o meu código de
CP 1513, Pôrto Alegre, RS
conduta, e aquilo está fo ra dê le " ( “ The M issin g Elem ent — M oral C ourage",
Tel 24-9748
McCalTs, junho de 1967, p. 28)
Correspondente
Wilma Bing Torgan
Nêste número Missão Brasil Norte
R. Stefan Zweig, 158, Laranjeiras
CP 2502, ZC-00, Rio de Janeiro, GB
Mensagem de Inspiração. Gordon B. Hinckley 2 Tel. 225-1839
Guardareis os Meus Mandamentos. Pres. Joseph Fielding Smith 3 Correspondente
BATISMO — Por que aos Oito Anos. C. N. Ottosen 5 Charles K. Gunn

Sete Sinais de A lerta. .. Lindsay R. C urtis 9 Construção Geral no Brasil


R. Itapeva, 378, São Paulo, SP
O Verdadeiro Conhecimento da Trindade. Richard O. Cowan 14 Tel. 288-4118
Cum prir as Promessas. David Lawrence Mckay 16 Correspondente
CERTO. Rosalind R. Draper 17 Manoel Marcelino Netto
A Gaita de Foles do Bisavô MacDougal’s. Rosalie W. Doss 18 Departamento Fotográfico
Rui Marques Bronze
Decoração de Pedras. Peggie Geiszel 20
Patriotismo. Bispo John H. Vandenberg 21
Conheça a si Mesmo. .. Kathlenn Pedersen 23 A LIAHONA — Çdição brasileira do “ The Unified Maga­
Viver Verdadeiro. Elayna Louise Barber 27 zine” da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, acha-se registrada sob o número 93 do livro B.
O Poder do Testemunho. Mark E, Petersen 28
n.° 1, de Matrículas de Oficinas Impressoras de Jornais
“ Buscais e Encontrareis” . Johann A. Wondra 29 e Periódicos, conforme o Decreto n.° 4857 de 9-11-1930.
Um momento de oração. . . Carla Sanson 31 “ The Unified Magazine" é publicado, sob outros títulos,
também em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, es­
Notícias da Igreja no Brasil. 32 panhol, finlandês, francês, holandês, inglês, italiano, ja­
Se Estivesse Acontecendo Conosco. Richard L. Evans 40 ponês, norueguês, samoano, suéco, taitiano e tonganês.
Composta pela Linotipadora Godoy Ltda., R. Abolição, 263.
impressa pela Editora Gráfica Lopes, Rua Francisco da
Capa Silva Prado, 172, São Paulo, SP.
Devido à orientação seguida por esta revista, reserva­
mo-nos o direito de publicar somente os artigos solici­
a época em que Jesus “ com eçava a ser de quase trin ta anos (Lucas 3:23),

N
tados pela redação. Não obstante, serão bem-vindas
êle deixou Nazaré (cêrca de 25 km a oeste da fo z do Jordão), de onde, tôdas as colaborações para apreciação da redação e da
descendo ao vale dêsse rio, te ria ido uns 112 km para o sul até “ Betâniá. equipe internacional do “ The Unified Magazine". Cola­
da outra banda do Jordão, onde João estava batizando" (João 1:28), loca­ borações expontâneas e matéria oriunda dos correspon­
lidade situada 6 km ao norte da entrada do Jordão, no M ar M o rto . A li, nas águas dentes estarão sujeitas a adaptações editoriais.
turvas e lentas do Jordão, Jesus fo i batizado. “ E, sendo Jesus batizado, saiu logo da Subscrições: Tôda a correspondência sôbre assinaturas
água, e e is que se lhe abriram os céus, e v iu o E s p írito de Deus descendo com o deverá ser endereçada ao Departamento de Assinatu­
pomba e vindo sôbre êle. E e is que uma voz dos céus dizia: Êste é o meu Filho ama­ ras, Caixa Postal 19079, São Paulo, SP. Preço da assi­
do, em quem me com prazo .” (M ateu s 3:16-17) A capa dêste mês reproduz um qua­ natura anual para o Brasil: CrS 10,00: para o exterior,
simples: USS 3,00; aérea: USS 7,00. Preço do exemplar
dro ilu s tra tiv o dessa cena ba tism al. A p intura é de au toria de H arry A nderson, sendo
avulso em nossa agência: CrS 1,00; exemplar atrasado:
que reproduções da cena são utilizad as pela Igreja para pregar o Evangelho nos
CrS 1,20. As mudanças de enderêço devem ser comunica­
centros de v is ita n te s . Na pág. 5, os le ito re s encontrarão o artigo Batismo — Por que das indicando-se o antigo e o nôvo enderêço, devendo-se
aos oito anos? a êle relacionado. aguardar até oito semanas para o processamento postal.
Guardareis os
Meus
Mandamentos
Presidente Joseph Fielding Smith

e me amardes, guardareis "Quem não me ama não guarda


mm

^ os meus m andamentos.” as minhas palavras; ora, a palavra


Estas palavras foram en­ que ouvistes não é minha, mas do
dereçadas pelo M estre aos seus dis­ Pai que me enviou." (João 14:21-24)
cípulos, poucas horas antes da sua
morte, enquanto reunidos para a ceia Somos membros da Igreja, para
da Páscoa judaica. Em seguida, pros­ que possamos ser estabelecidos na
seguiu: “ Aquêle que tem os meus verdade que liberta os homens. Foi-
mandamentos e os guarda êsse é o nos declarado que, na Igreja, pode­
que me ama; aquêle que me ama ríamos encontrar a palavra do Se­
será amado de meu Pai, e eu o ama­ nhor, e por isso todos nós nos bati­
rei, e me m anifestarei a êle. zamos com a esperança e o desejo
de guardar seus mandamentos, fa­
“ Disse-lhe Judas (não o Iscario- zer convênios e assumir obrigações
te s ): Senhor, donde vem que te hás que nos trarão a vida eterna. Seria
de m anifestar a nós, e não ao mun­ trágico se agora, depois de selecio­
do? nar dentre aquêles que são “ do
mundo" (Veja João 17:14), segundo
“ Jesus respondeu, e disse-lhe: Se o que foi predito pelos antigos pro­
alguém me ama, guardará a minha fetas, perm itíssem os, por qualquer
palavra, e meu Pai o amará, e v ire ­ m otivo, que o adversário penetrasse
mos para êle, e farem os nêle morada. em nosso coração, para destruir a

Janeiro de 1971 3
“Que vos ameis uns aos outros...”
João 13:34

verdade e nosso mútuo amor. Se Igreja, o Senhor disse que nela es­ Abraão, e a igreja e o reino e os elei­
realmente amamos a Jesus, guarda­ tabelecera “ um convênio nôvo e tos de Deus.
remos seus mandamentos. eterno, o mesmo que existiu desde
o p rincípio." (D&C 22:1) Estas são “ E também todos os que recebem
Se houver quem o ofende ou deixa palavras m uito significativas. Era um êste Sacerdócio, a mim me recebem,
de guardar seus mandamentos, isto nôvo e eterno convênio, não obstan­ diz o Senhor;
evidência que não ama ao Senhor. É te te r existido sempre, desde o iní­
preciso obedecer-lhe. Através de cio. E assim também o nôvo manda­ “ Pois aquêle que recebe os meus
nossas obras, demonstramos que servos, a mim me recebe;
mento de nos amarmos uns aos ou­
amamos ao Senhor nosso Deus de tros sempre existiu. A verdade não
“ E aquêle que me recebe a mim,
todo o coração, poder, mente e fo r­ envelhece. O princípio do amor é
recebe o meu Pai.
ça; em nome de Jesus C risto o ser­ idêntico hoje como ontem, e será o
vim os, e amamos a nosso próximo mesmo amanhã. Se eu não estiver “ E aquêle que recebe o meu Pai,
como a nós mesmos. (Veja D&C em harmonia com êste princípio que recebe o reino de meu Pai; portan­
59:5-6) Esta é a palavra do Senhor, é um princípio da verdade eterna, to, tudo que meu Pai possui ser-lhe-á
segundo foi revelada nestes tempos então estarei sob condenação diante dado.
modernos para a orientação de Is­ do Senhor e não tenho nenhuma as­
rael. Devemos te r em nossos cora­ sociação com êle. “ E isto é de acôrdo com o jura­
ções um sentim ento de amor por to ­ mento e convênio que pertence ao
dos os nossos semelhantes. Se se­ Jesus disse: “ Se alguém me ama, Sacerdócio." (D&C 84:33-39)
guirmos os mandamentos do Senhor, guardará a minha palavra, e meu Pai
não é possível que sintam os ódio o amará, e virem os para êle, e fare­ Se guardarmos os mandamentos
por nosso próximo, seja êle da Igre­ mos nêle morada.” (João 14:23) Se­ do Senhor, deleitar-nos-emos com a
ja ou não. Que d ireito terem os de rá que entendemos plenamente o presença tanto do Pai como do Filho,
questionar ou achar falta ou pro­ que isto significa? A sublime pro­ e receberemos o reino do Pai e sere­
curar destruir o proveito de nosso messa fe ita aos membros desta Igre­ mos herdeiros de Deus — co-herdei-
irmão, seja êle quem fôr? Não so­ ja, que estão dispostos a acatar a ros com nosso Irmão maior. (Veja
mos meros amigos ou cidadãos de lei e guardar os mandamentos do Rom. 8:17) Ó, quão maravilhosas,
uma comunidade, estado ou nação, Senhor, é que não somente terão um quão sublimes são as bênçãos do
mas, sim, irmãos e irmãs. lugar no reino de Deus, mas tam ­ Senhor prometidas aos santos dos
bém a presença do Pai e do Filho; últim os dias e a todos os que se dis­
“ Um nôvo mandamento vos dou: e não é só isso, pois o Senhor pro­ põem a passar pelas águas do batis­
Que vos ameis uns aos outros: como meteu que tudo o que êle possui, mo, serem fie is à lei e guardarem os
eu vos amei. A vós, que também vós ser-lhes-á dado. Esta verdade é cla­ mandamentos do Senhor!
uns aos outros vos am eis." (João ramente exposta na seção 84 de Dou­
13:34) “ Um nôvo mandamento" — trina e Convênios: Amemos ao Senhor, pois isto é o
não obstante, à semelhança de tan­ fundamento de tôdas as coisas. É o
tos outros mandamentos, é tão ve­ “ Pois aquêles que forem fié is até prim eiro mandamento. O segundo,
lho como a eternidade. Nunca houve a obtenção dêstes dois Sacerdócios semelhante a êle, é amar ao próximo
época em que não existisse êsse dos quais falei, e magnificam os como a si mesmo (Veja Mateus
mandamento e não fôsse essencial seus chamados, são santificados pe­ 22:37-39); e se assim fizerm os, te re ­
para a salvação e, no entanto, é sem­ lo Espírito para a renovação de seus mos cumprido a lei, pois nada mais
pre nôvo. Nunca se torna ultrapassa­ corpos. restará a ser fe ito. Deus nos aben­
do, porque é a verdade. çoe, meus irmãos e irmãs. Permane­
“ Êles se tornam os filh o s de M oi­ çamos firm em ente unidos no serviço
Pouco após a organização da sés e de Aarão e a semente de do Senhor.

4 A LIAHONA
BATISMO -
Por que aos Oito Anos?
C. N. Ottosen

C
risto tornou claro a Nicode- se a rre p e n d e r;... E aquêle que dis­ ju s tiç a ", assim como todos os de­
mos que “ aquêle que não ser que as criancinhas necessitam mais homens.
nascer da água e do Espí­ de batismo, nega as m isericórdias de
rito, não pode entrar no reino de C risto, despreza a sua expiação e o As igrejas que praticam o batismo
Deus", acrescentando ainda para poder de sua redenção." (M oroni infantil e procuram defender sua po­
maior clareza: “ Não te maravilhes 8:19-20) Segue-se naturalmente que sição, descobrem que lhes é impos­
de te r dito: Necessário vos é nascer essa afirmação de Mórmon e passa­ sível justificá -lo pelas Escrituras ou
de nôvo." (João 3:5,7) O arrependi­ gens sim ilares das Escrituras são de outra forma. Os pontos de vista
mento e o batismo são requisitos aplicáveis somente até que a criança dos clérigos variam; Santo Agosti­
necessários para ingressar na Igreja chegue ao ponto de ser capaz de ar- nho afirm ou ser o inferno o destino
de Jesus C risto. São a porta pela repender-se, de d istin g u ir entre o de tôdas as crianças não batizadas,
qual todos têm de passar, a fim de certo e o errado, começando a ser mas também escreveu à guisa de
obterem remissão de seus pecados, responsável por seus próprios atos. escusa: “ Estou, creiam-me, assedia-
para tornarem-se dignos de receber Depois de te r atingido tal ponto, dtí por não pequenas dificuldades e
o Espírito Santo e virem a ser mem­ também ela precisa “ nascer da água bastante confuso quanto ao que res­
bros do reino de Deus. (Veja Atos e do E spírito” , para poder entrar no ponder.” Vincent W ilkin, capelão ca­
2:38, Néfi 31:17) reino de Deus e filiar-se à Igreja de tó lic o da Universidade de Liverpool,
C risto. Inglaterra, condescendia teorizando
Êste mandado se aplica a todos os que as crianças não batizadas iriam
homens, pois, segundo C risto a fir­ O fato de o batism o te r sido de­ para o céu, porém não antes do fim
mou a João por ocasião de seu batis­ clarado por C risto como obrigatório do mundo, quando da vinda de C ris­
mo: “ Deixa por agora, porque assim para todos os homens não entra em to, ocasião em que o pecado original,
nos convém cum prir tôda a justiça " co nflito com a declaração de M ór­ bem como a morte, serão abolidos.
(Mateus 3:15) A única exceção são mon sôbre a desnecessidade do ba­ As crianças, então, poderiam entrar
tism o de crianças. É óbvio que, du­ no céu, porque seu único pecado era
as .crianças. “ Deixai os meninos, e
rante a prim eira infância, o arrepen­ o original.
não os estorveis de v ir a mim; por­
que dos tais é o reino dos céus,” dim ento seria coisa im possível; po­
rém, a certa altura do desenvolvi­ A revelação moderna veio esclare­
disse C risto. (Mateus 19:14) Depois,
mento posterior, torna-se viável. cer o assunto e te s tific a r o fato de
colocou as mãos sôbre êles e os
Qualquer coisa contrária seria repul­ qúe as crianças abaixo da idade do
abençoou. O profeta Mórmon decla­
siva a um bondoso e sábio Pai Celes­ discernim ento e responsabilidade
rou que “ as criancinhas não podem
tia l. É de se esperar que venha uma não serão impedidas de entrar no
época na vida de uma personalidade reino de Deus, estando isentas da
em desenvolvim ento, em que ela submissão à ordenança do batismo
C. N. Ottosen, líd er do grupo de sumo-
possa ser convocada para responder até chegarem à idade responsável.
sacerdotes da 2.* Ala de Wasatch, em Salt
Lake C ity, é comissário de seguros do Es­ pelos seus atos, arrepender-se dos O Senhor instruiu a Igreja através
tado de Utah. erros cometidos e “ cum prir tôda a do Profeta Joseph Smith que “ nin­

Janeiro de 1971 5
guém pode ser recebido na Igreja Como é a criança de oito anos? nas coisas até resolvê-las. Deseja
de C risto a não ser que tenha alcan­ Os doutores Arnold Gesell e Fran­ ser boa e tem agora consciência das
çado a idade de responsabilidade cês L. ilg, da clínica de desenvolvi­ duas fôrças opostas do bem e do
diante de Deus, e seja capaz de se mento infantil da Faculdade de Me­ mal. É mais responsável por seus
arrepender," (D&C 20:71), e, mais dicina da Universidade de Yale, rea­ atos, dispondo-se a assumir as con­
especificam ente, que . . . “ quando al­ lizaram estudos e pesquisas durante seqüências. Demonstra mais apêgo
cançarem os seus filho s os oito anos anos, analisando os processos de de­ à verdade e um ativo interêsse pela
de idade, deverão ser batizados para senvolvim ento, crescim ento e racio­ religião e a Bíblia. Mostra maior ini­
a remissão de seus pecados, e rece­ cínio infantil, chegando às seguintes ciativa em enfrentar seu meio am­
berão a imposição das m ãos” (D&C conclusões: biente.
68:27). E cabe aos pais providenciar
que a criança compreenda o s ig n ifi­ Aos o ito anos, a criança é mais O Dr. Benjamin S. Bloom, em sua
cado do arrependimento, seja ensi­ “ pessoa" segundo o padrão adulto. obra Stability and Change in Human
nada a te r fé em C risto o Filho de Uma de suas tendências dominantes Characteristics, afirm a mesmo que,
Deus, e preparada para essa or­ é avaliar e aquilatar o que lhe acon­ antes dos quatro anos, a criança atin­
denança naquela idade, para que o tece e qual a causa que o provoca. ge metade de sua inteligência; aos
pecado não caia sôbre a cabeça dê- oito, ela atingiu mais trinta por cen­
les. (Veja D&C 68: 25) Conseguiu destacar-se bastante to, ou seja, oitenta por cento de sua
do domínio paterno e dos professo­ inteligência total.
res. Ela e seus colegas de escola
Até que ponto será ou não arbitrá­
suprem a própria disciplina e contro­ W illiam Johnz, d iretor da Escola
rio determ inar oito anos como a ida­
lam suas atividades através de mú­ Elementar para Excepcionais de Ber-
de responsável? Como a idade em que
tua crítica e atribuição de respon­ kely, C alifórnia, tem sido citado por
dêles se pode esperar discernim en­
sabilidades. sua declaração: “ A m elhor idade na
to e crité rio , de modo a poder exigir-
vida de uma pessoa para explorar as
lhes arrependimento e batismo? Ha­
Sente-se envergonhada com mui­ ciência abstratas e a matemática, é
verá qualquer fundamento de fato,
to mais freqüência; experimenta uma cêrca dos oito aos onze anos."
experiência ou lógica que garanta a
crescente aversão à falsidade. A dm i­
determinação dos oito anos como a
te suas culpas, e suas ações reve­ Em 1938, houve apelação numa
idade de responsabilidade? Serão ca­
lam respeito aos padrões e retidão ação judicial à Suprema Côrte de Mi-
pazes de saber a diferença entre o
morai. Está aprendendo a perder e
certo e o errado? Serão capazes de
aceita inibições e lim ite s estabeleci­
arrependerem-se e assumirem as
dos pelos companheiros de idade.
responsabilidades da nova vida, opor­
tunidades e obrigações decorrentes Já não está mais na prim eira in­
do batismo e recebim ento do Espíri­ fância. Aos cinco, seis e sete anos,
to Santo? ela entrou em contato com facêtas
de áreas crescentes do mundo hu­
Será interessante notar que em mano, percebendo apenas lampejos
certas áreas de estudo e atividades, e adaptando-se aos poucos; mas aos
as crianças aos oito anos são de mo­ oito, começa a tira r conclusões e
do geral, consideradas como tehdo efetuar distinções, e seu universo
alcançado a idade de responsabilida­ tornou-se menos desconexo. Ela vê
de, iniciando o período de desenvol­ a si própria como uma pessoa entre
vim ento no qual são capazes de exer­ pessoas — como um membro da so­
cer discernim ento, crité rio e auto- ciedade. Tem interêsse em avaliar
disciplina, a compreender o perigo e seu próprio desempenho e seu rela­
a conhecer a diferença entre o bem cionamento com os outros, e quer
e o mal. Segundo pesquisas realiza­ a tingir o padrão estabelecido par£
das no campo da psicologia infantil, ela.
os traços de maturidade da criança
de oito anos respondem a essas A criança de oito anos já tem
questões vigorosa e afirm ativam ente mais capacidade de d irig ir seus pen­
e corroboram as conclusões acima. samentos, de decidir-se, de cogitar

6 A LIAH O N A
chigan, acêrca de um caso que en­ mais notável nas conclusões a que pelos cientistas e psicólogos infan­
volvia a questão da responsabilida­ chegaram tais pesquisas é o fato de tis. Essas côrtes têm sido com peli­
de infantil em tôrno dos sete anos que a idade dos sete anos traça uma das a entrar no m érito da questão e
e a capacidade normal de crianças linha de transição no desenvolvim en­ examinar o problema, a fim de de­
dessa idade de reagirem perante o to mental da criança. Na copiosa e term inarem se a criança envolvida
perigo e de compreenderem o grau rica literatura devotada ao assunto, tem suficiente juízo e discernimen­
de cuidado, discernim ento e crité rio surge repetidam ente a ênfase dada to, para ser considerada responsável
necessários, para evitar ferim entos a essa idade como ponto inicial do e capaz de conduta negligente.
em tráfego autom obilístico. Em seu pensamento e da razão, o comêço do
arrazoado, o juiz referiu-se às con­ intercâm bio de idéias, o princípio de A preocupação dos tribunais seria
clusões de m uitos cientistas e outros conceitos de justiça. As autoridades sim plesm ente: em que idade, ou em
observadores no campo do cuidado, no assunto afirm am que essa idade que ponto do desenvolvim ento e
educação e psicologia infantil, e de­ assinala a passagem do período da crescim ento da criança, pode-se
pois declarou: fala e pensamento auto-centraliza- afirm ar que tenha atingido capacida­
dos, para o de entendimento verbal, de suficiente para ser considerada
“ O que existe quanto a fatos reais, pensamento e cooperação sociais. responsável por seu atos? Quando
ciência ou pesquisa, para ju s tific a r Em suma, a idade de sete anos po­ tem ela suficiente juízo e experiên­
um tratam ento diferente entre as de ser considerada como o lim iar sô­ cia, para d istin gu ir o certo do erra­
crianças abaixo de sete anos e as bre o qual o ser humano passa, da do? O que é conduta negligente, em
que já ultrapassaram essa idade? esfera da imaginação e sonho, para se tratando de responsabilidade le­
Não é possível deixar de sentir-se o mundo da realidade e fa to s .” gal por tal conduta, e é preciso que
impressionado com o fato de que haja prejuízo alheio ou contribuir
essas conclusões no tocante ao Nos tribunais federais e estaduais para o seu próprio?
“ sta tu s” especial da criança dessa dos Estados Unidos da Am érica, as
idade, cristalizadas há centenas de opiniões e decisões judiciais de m ui­ Um adulto é negligente, ou negli­
anos, têm sido confirmadas pelos tos magistrados quanto às caracte­ gente co-responsável, quando deixa
atuais observadores e cientistas no rísticas de maturidade da criança de de respeitar a lei ou de reagir como
campo especializado do cuidado, sete e oito anos, são umâ “pessoa razoável e prudente” o
educação e psicologia in fa n til... O te idênticas às conclusões em idênticas circunstâncias.

Janeiro de 1971 7
Mas os tribunais não encontraram anos é considerada a “ linha de tran­ Quanto à criança de oito anos ou
uma regra precisa que estabeleça sição no desenvolvim ento m ental" mais, novamente encontramos as
tal padrão de cuidados para crianças da criança. Esta “ idade cruciante de inevitáveis variações humanas, mas
pequenas, mostrando-se relutantes responsabilidade" descobriu-se ser é interessante notar a considerável
em adotar uma norma objetiva dêsse a mesma nos campos da psicologia, consistência na maioria dos casos.
tipo para êlas. O problema de dis­ lei crim inal, tradições e educação in­ A despeito dessas variações resul­
cernim ento, experiência, entendi­ fa n til. Todos os tribunais reconhe­ tantes das diferenças de opiniões
mento e distinção entre conduta cer­ cem que, durante os prim eiros anos humanas, a consistência da maior
ta e errada é por demais variável da infância, até cinco a seis inclusi­ parte das decisões judiciais em se
nos prim eiros anos de vida e, por ve, a criança não possui suficiente tratando da responsabilidade da con­
isso, os tribunais consideram que discernim ento para ser acusada de duta infantil, ju s tific a as seguintes
nenhum corpo de jurados adultos po­ negligência ou cum plicidade neste conclusões gerais: (a) abaixo dos
derá julg ar o que a mente de crian­ ponto, sendo considerada incapaz. sete anos, a criança é considerada
ças “ razoáveis e prudentes" fariam Certa côrte se expressou da seguin­ incapaz de julgam ento e discerni­
em determinadas circunstâncias. Co­ te maneira: mento, não sendo responsável por
mo resultado, foram estabelecidas atos negligentes; (b) aos sete anos,
duas leis aceitáveis. A chamada lei “ Seguimos a norma adotada por a maioria dos tribunais ainda a con­
de Illino is estabelece arbitràriam en- numerosas autoridades merecedoras sidera incapaz e irresponsável, con­
te que qualquer criança até a idade do m aior respeito, de que a criança quanto m uitas côrtes considerem es­
de sete anos deve ser encarada co­ abaixo dos sete anos é incapaz de sa regra refutável, exigindo seja
mo totalm ente incapaz, sendo esta negligência co-responsável” . provada, em cada caso, a capacida­
seguida pela maioria dos demais es­ de, julgamento, educação, anteceden­
tados. A segunda, conhecida como tes e discernim ento individual da
A discussão de qualquer tópico le­
lei de M assachusetts, reza que exis­ criança, deixando que o tribunal ou
gal seria d ificilm e n te completa sem
te uma contestável conjetura de in­ o júri tome uma decisão; (c) após
citar-se famosa autoridade inglesa
capacidade até a idade de sete anos. com pletar oito anos, a criança atin­
nesse campo, Sir W illiam Blacksto-
Conseqüentemente, parece lícito giu a idade de responsabilidade, pos­
ne, que redigiu os conhecidos co­
concluir que, sob as duas leis, os t r i­ sui suficiente julgamento, capacida­
mentários sôbre o assunto, por volta
bunais reconhecem certa inferência de e discernim ento para distin gu ir o
de 1765-1769, nos quais afirm a o se­
de incapacidade até a idade de sete certo do errado, sendo, então, acei­
guinte: “ Na verdade, abaixo dos se­
anos inclusive. A única diferença é ta e tratada como adulta.
te anos de idade, a criança não po­
que a m aioria dos estados conside­
de ser culpada de delito grave, pois, Aparentemente, ao longo dos
ra a inferência conclusiva, e a m ino­
até então, o discernim ento crim ino­ séculos, estudiosos, psicólogos in­
ria, refutável. Podemos concluir tam ­
so é quase uma im possibilidade; po­ fantis e juizes crim inais chegaram
bém que todos os estados conside­
rém, aos oito anos, ela pode ser cul­ todos à mesma conclusão de que,
ram as idade de sete a oito anos co­
pada de d elito g r a v e . . . ” Isto, natu­ aos oito anos, o desenvolvimento
mo a linha divisória entre a prim ei­
ralmente, refere-se à responsabili­ da criança normal atingiu um estado
ra infância, adm itidamente incapaz
dade crim inal, mas ainda assim re­ em que pode ser considerada su fi­
de julgar e discernir, e os acima de
fle te a opinião antiga quanto à ca­ cientem ente madura, para ser res­
oito anos tidos como capazes disso,
pacidade e idade de responsabilida­ ponsabilizada por seus atos. Tudo o
sendo, portanto, responsáveis por
de infantil. que fo i dito acima, serve apenas
sua conduta e podendo ser julgados
pelos fatos como os adultos. para corroborar o que os santos dos
O referido autor recorda o caso últim os dias consideram a melhor
do menino de oito anos que incen­ evidência do mundo quanto à idade
Não é minha intenção defender ou diou dois celeiros e foi condenado em que a criança deve ser batizada
ju s tific a r nenhuma das duas leis re­ à fôrca sob as leis do século dezes­ — a d iretriz pessoal de Deus dada
ferentes à conduta infantil negligen­ sete; mas, mesmo então, a despeito a Joseph Sm ith de que as crianças
te. Contudo, é bom salientar o pon­ da jurisprudência impiedosa da épo­ devem ser batizadas aos oito anos
to de que, tanto numa como na ou­ ca, os sete anos eram uma idade de de idade. Tôdas as demais provas
tra, a idade em tôrno dos sete a oito inocência. são secundárias.

8 A LIAH O N A
Sete Sinais de Alerta de
um Casamento Enfermo
Lindsay R. Curtis

urante os numerosos anos dora espôsa visitaram -m e em meu Então, e só então, Thomas E.

D em que ocupei a função de


conselheiro, tanto na qua­
lidade de médico como na de bispo,
notei certos sinais de alerta de ca­
consultório. Naquele tempo, o Pre­
sidente Thomas E., como era comu-
mente chamado, estava fraquejando
fisicam ente, mas seu espírito con­
McKay, trôpego e com grande esfor­
ço, apoiando-se na bengala e no car­
ro, arrastou-se para o lado oposto e
acomodou-se vagarosamente ao lado
samentos enfêrmos, acenando repe­ tinuava tão fo rte como sempre fôra. dela.
tidam ente suas bandeiras de caute­ Conseguia andar somente com gran­
la como as interm itentes luzes ama­ de dificuldade, sendo-lhe necessário Coisas tão sim ples: abrir a porta
relas numa rodovia. Os bastante sen­ apoiar-se de um lado numa bengala do carro, ajudar uma senhora a ves­
satos para observar êsses sinais de e do outro na espôsa. tir o casaco, p erm itir que passe à
alerta retardam sua marcha pelo ca­ frente, poupar-lhe alguns passos, per­
minho que percorrem ou, então, es­ Fiquei observando enquanto êle m itir-lhe sentar-se prim eiro e ajudá-
colhem outro mais seguro que os descia lentamente os degraus exter­ la — tudo bagatelas. Ou será que
afaste da tragédia das desavenças e nos da nossa clínica, para chegar ao não? Não será que falam mais alto
do divórcio. carro estacionado bem em frente ao do que palavras do amor e conside­
edifício. Somente com relutância, ração, de uma ternura que poucos
É importante notar o fato de que aceitava êle o auxílio da irmã McKay, de nós conseguem expressar?
nenhum dêsses sinais de perigo é recusando qualquer assistência da
irreversível. Mas, se não forem nossa parte. M uito obrigado! Por favor! Des­
observados, permitindo-se que con­ culpe. Permita-me. Amo-a! Como são
tinuem ignorados, e sem correção, Estando já então im possibilitado im portantes essas poucas palavras,
tais sinais podem tornar-se letais a de guiar devido à enfermidade, es­ quando ditas no momento oportuno!
um casamento. Veja se algum dêles perei que a espôsa o conduzisse ao
Na entrada de uma estrada rural
se aplica ao seu casamento. lugar ao lado do m otorista. Mas
que conduz a um vilarejo, existe uma
o cavalheirism o típico da fam ília
placa com os seguintes dizeres: “ Es­
Abandono da Cortesia Usual McKay não poderia ser sacrificado
colha os sulcos com cuidado. Êles o
nem mesmo à enfermidade. Diante
acompanharão pelos próximos 14
O Élder Thomas E. McKay, ex-as­ da sua insistência, os dois deram a
km .” Escolha seus hábitos com sabe­
sistente do Conselho dos Doze volta até o lado do m otorista, onde
doria — êles poderão acompanhá-lo
(1875-1958), foi meu presidente de êle, gentilm ente, abriu a porta para
pelo resto da vida! (A expressão
missão na SuTça há m uito tempo. a espôsa, fechando-a depois de vê-la
“ ru ts ” — sulcos — usada na placa
Anos mais tarde, êle e sua encanta­ acomodada.
em sentido figurado significa tam ­
bém rotina, hábitos. N. do T.)

Obviamente, um dos hábitos (se é


que podemos chamá-lo assim) nos

O Dr. Lindsay R. Curtis, bispo da 2.a


Ala Escola Superior Estadual Weber, em
Ogden, Utah, é médico ginecologista e co­
lunista sindicalizado da imprensa, para a
qual escreve sôbre assuntos médicos.

Janeiro de 1971 9
quais a fam ília McKay iniciou seus
filh o s foi o da cortesia e cavalhei­
rism o, e êles o conservaram por tô ­
da a vida.

Pensar em Têrmos de “EU”


em Lugar de “NÓS”

Era por volta de seis horas da ta r­


de, quando João abriu a porta da s
frente, bem a tempo de presenciar **
pequena rusga entre os dois meni­
nos ofegantes. Laura estava ocupa­
da, preparando o jantar que calcula­
ra aprontar a tempo, antes da chega­
da do marido de um árduo dia de
trabalho no escritório.

A situação não m elhorou, quando


o pequeno Beto, de quatro anos, der­
ramou o leite pela mesa tôda, ou
quando Ricardo não quis comer o
que pusera no prato. Mas, finalm en­
te, o jantar term inou.

O "N Ó S ” em seu íntim o apoquen- Minha mãe contava que, muitas


tava-o, insinuando que as crianças vêzes, meu pai voltava do trabalho
precisavam ser banhadas e postas a para casa a pé (uns 6 a 8 k m ), a fim
dorm ir, chamando-lhe a atenção para de economizar o dinheiro da condu­
o fato de que talvez Laura houvesse ção para levar-lhe uma laranja. O seu
tido um dia mais duro ainda. Prova­ sacrifício era mais do que compen­
velm ente, estava mais cansada do sado pela alegria e aprêço que ela
que êle e apreciaria u’a “ mãozinha” demonstrava por aquêle pequeno
na limpeza da cozinha e banho das presente.
crianças.
Lá no fundo da mente, João vislum ­ O Silêncio Obstinado
brava também a expressão de gra­
tidão na face da espôsa, se sugeris­
Judite, atraente môça de 29 anos,
se saírem um pouco aquela noite
mãe de três filhos, queixava-se de
para espairecer.
que seu marido não tinha nada a
Dê à sua espôsa a oportunidade de contar-lhe, quando voltava à noite do
dizer-lhe: “ M uito obrigada, mas hoje trabalho.
não me sinto disposta. Por que você,
por essa vez, não sai com seus ami­ Judite, diga-me, qual o tipo de tra­
gos?” balho de seu marido?
Pequenos sa crifícios mútuos ao
— Êle trabalha num escritório,
longo da jornada não prejudicam um
penso que no setor de compras ou
casamento, especialmente se forem
algo parecido.
voluntários e inesperados — bem
pelo contrário. Nos prim eiros tem ­ — Qual é a sua função específica?
pos de casados, quando meus pais É cargo de muita responsabilidade?
dispunham de uma renda ínfima e Êle está satisfeito com as oportuni­
lutavam para poderem pagar o dízi­ dades oferecidas pelo emprêgo? Vo­
O “ EU” de João lembrou-lhe que mo, aluguel, alimentação e ainda cê tem orgulho dêle e do que êle
a televisão tra n sm itiria uma partida poupar um pouco em vista do nôvo faz?
de basquete logo após o jantar, além membro da fam ília que estava para
do que havia sido convidado para chegar, sentiam-se ricos, porque t i­ — B e m ... na verdade, não sei
participar de um jôgo de futebol. nham um ao outro. tanto assim acêrca do trabalho dêle.

10 A LIAH O N A
— Ouça, Judite, você alguma vez que nada, além de palavras, poderá nela, mas no que concerne a ela, vo­
já lhe perguntou? Você realmente evitar o fracasso. cê nem sequer nota que ela existe.
se importa com o que êle faz? Mos­ Por quê? Porque você não lho diz.
trou interêsse quando êle tentou A Falta de Elogios A m ulher sim plesm ente acha que os
contar-lhe ou estava por demais elogios que você lhe fazia antes de
absorvida com os problemas das Célia é uma m ulher meticulosa, casar, não são suficientes para du­
crianças ou com seus próprios in- eficiente e elegante. Quando os f i­
terêsses? lhos foram para a universidade, acei­
tou um emprêgo de secretária.
Seguiu-se uma pausa longa, pensa­
tiva, antes de Judite adm itir que seu Qual será o problema de Célia?
desinterêsse poderia ser o motivo
do mutismo dêle. O melhor ponto — Sinto-me atraída por um cole­
de partida para uma boa conversa é ga de trabalho.
um sincero interêsse. As pessoas
— Como você veio a conhecê-lo?
não estão interessadas em falar, en­
— perguntei.
quanto não encontram ouvintes in­
teressados. — Êle costuma passar por minha
mesa todos os dias e tece algum co­
Inicie a conversa com uma pergun­
m entário acêrca do meu trabalho,
ta breve e sincera; depois, esteja
meu penteado, minha roupa. Êle tem
preparada para escutar com atenção.
um je ito todo especial de fazer com
Poderá ser supreendente o quanto
que me sinta “ alguém ” . A imagem
seu marido (ou espôsa) tem a dizer-
que faço de mim mesma melhorou
lhe, contanto que esteja realmente
cem por cento desde que o conheço.
interessada em escutar.
O diálogo subseqüente revelou que
E os maridos que reclamam que
Célia tem sido fe liz com o marido. rarem a vida inteira, sem que sejam
não têm meios para satisfazer as exi­
gências das esposas, obviamente reforçados e repetidos freqüente­
— Amo meu marido, mas êle nun­
mente.
ca me faz um elogio. Não procura
animar-me. Ocasionalmente me cen­ Jorge agora encetou uma campa­
sura. nha para elevar sua espôsa até as
nuvens. O que diz não é lisonja —
— Quanto à censura, é merecida?
apenas a verdade — mas, antes, êle
— perguntei.
parecia não dar valor.
— Bem, sim , no mais das vêzes. O moral de Célia está subindo e
Mas o caso é que êle quase nunca o mesmo acontece com a cotação
diz alguma coisa, quando faço a coi­ do marido aos olhos dela. Há nova­
sa certa. Não toma conhecimento de mente esperança para êste m atri­
como me penteio, da minha aparên­ mônio.
cia, ou se estou usando um nôvo per­
fume. Suponho que eu seja uma pes­ Demasiado número de casamentos
soa que precisa que lhe digam essas fracassam pelo descuido. Simples-
coisas. „ mente porque ninguém observa cer­
tas regras. De cada marido e espô­
Posteriormente, tive oportunidade sa, requer-se que elogiem um ao ou­
de conversar com o marido de Célia, tro não sete vêzes, mas setenta vê­
pois Jorge estava preocupado com o zes sete — todos os meses!
interêsse dela por seu colega e
admirador. Falta de Orações em Conjunto

— Célia sabe que a aprecio e a Se olhares tivessem gume, Neli


tudo quanto faz. A final, dou-lhe tudo e Luiz estariam cobertos de sangue.
dão pouco valor à conversa. Conver­ o de que ela precisa. Em nossa casa
sar é barato, mas também pode ter não falta nada. Ela tem seu próprio — Tudo está acabado, — disse
mais valor do que qualquer coisa que carro. O que mais poderia desejar Neli, — mas Luiz insistiu que viésse­
se possa comprar para uma espôsa uma mulher? — disse Jorge. mos vê-lo de qualquer forma. Na ver­
que se sinta negligenciada. O silên­ dade, não adianta nada tentar con­
cio talvez seja precioso em certas — Célia deseja exatamente aquilo sertar a situação.
situações, mas também conduz a que seu suposto admirador lhe ofe­
muitas desavenças quando há carên­ rece e que você tem ignorado. Tal­ — Seja como fô r, vejo ainda men­
cia de comunicação. Há ocasiões em vez você realm ente presta atenção talm ente um quadro que não combi­

Janeiro de 1971 11
na de forma alguma com essa sepa­
ração, — comentei. — Se não me
engano, lembra-me' uma noiva deci­
didamente vibrante, tão divinamente
apaixonada, que “ ê le ” ocupava todo
o seu horizonte. Lembra-me também
um jovem que não conseguia tira r os
olhos da encantadora noiva, enquan­
to pronunciava o “ s im ". Vocês não
pretendem negar que eram felizes
naquela época, pois não?

— Éramos, sim — disse Neli —


mas agora isso tudo acabou. Nós
nem mesmo falamos um ao outro
com civilidade.

— M uito bem, — prossegui — Neli animou-se. — Esta é uma per­ Deixar de Perceber e Preencher as
então, naquele tempo, vocês eram gunta capciosa, doutor, com uma Necessidades (Não as Exigências)
felizes. Acontece que também sei porção de “ ses", mas, obviamente, Mútuas
que, quando vocês voltaram da ce ri­ a resposta seria sim, contudo, temo
mônia no templo, encaravam todo o ser m uito tarde, especialmente de­ Lágrimas enormes banhavam seu
seu futuro com muita espiritualidade. pois de tudo o que nos dissemos bonito rosto.
Devo também supor que levaram mutuamente.
adiante os conselhos recebidos e — Não me importa que não possa­
oravam juntos? — Neli e Luiz, vocês nunca fize­ mos te r uma casa melhor, ou mes­
ram alguma coisa em tôda a sua v i­ mo certas coisas que todo mundo
— Sim, fazíamos, sim — disse Ne­ da que desejariam não te r feito? considera como normal, nunca recla­
li, — mas isto fo i há tanto te m p o ... Nem precisam responder, pois todos mei daquilo que não temos e estou
nós já o iizem os. Digam-me, gosta­ disposta a trabalhar da manhã até
— Suponho que vocês oravam em riam de que o Senhor apagasse tu ­ a noite para agradar meu marido.
conjunto freqüentem ente, com os do o que há em suas “ fic h a s ” , e “ de­ Mas há uma coisa de que não posso
braços enlaçando um ao outro, e pe­ las não mais se lembrasse"? prescindir — amor próprio. Talvez
diam ajuda do Senhor quando tinham fôsse melhor chamá-lo de confiança,
problemas, não é? — O senhor sabe que sim, doutor mas seja como fôr, perdi-o por com­
— disse Luiz. pleto.
Chegara a vez de Luiz responder.
— Bem, se é isso que vocês dese­
Após somente três anos de casa­
— Sim, doutor, fizemos exatamen­ jam e esperam que o Senhor seja
da, Rute, a jovem espôsa de 24 anos,
te assim e com freqüência. E penso m isericordioso acêrca dessas coisas
estava pronta a desistir.
saber aonde o senhor quer chegar. que talvez tenham fe ito, seria pedir
Irá perguntar-nos “ Por que não pe­ m uito que perdoassem e esqueces­
— Necessito de alguma prova de
diram que o Senhor os auxiliasse a sem as coisas que fizeram um ao ou­
que sou espôsa e mãe, enfim , ra­
solucionarem seus problemas, evi­ tro? Seria demais pedir a vocês que
zoavelmente bem sucedida na vida.
tando, assim, acabar na situação em se ajoelhassem comigo para, em ora­
Gostaria de que Décio me assegu­
que se encontram ?” Estou certo? ção, pedirmos ao Senhor que perdoe
rasse isso vez por outra.
nossas faltas e nos dê a capacidade
— De certa forma. Mas o que que­ de perdoarmos um ao outro?
ro saber é quando e por que deixa­ Geraldo, por outro lado, veio pro-
ram de orar juntos. — E já que estamos orando, por curar-me para falar de Vera, sua
que não pedir a êle que lhes dê mais espôsa.
— É uma longa história e devo uma oportunidade de honrar os con­
a dm itir que deixamos de orar juntos vênios e votos m atrim oniais, prome­ — Doutor, — disse êle — afinal,
antes de entrarm os em desavenças tendo que, se o atender, vocês o bus­ não sou nenhum bicho papão e, cer­
sérias. Como portador do Sacerdócio carão sempre juntos em oração? tamente, não espero que minha es­
da fam ília, devo reconhecer que fui pôsa pense somente em mim, mas
negligente, que fracassei numa por­ — E mais uma coisa — lembrem- venho de uma fam ília carinhosa e o
ção de coisas. se sempre de que o Senhor é o me­ carinho é parte do laço que mantém
lhor “ sócio" que vocês poderão te r o casal unido. Mas Vera simplesmen­
— Dêem-me uma resposta hones­ em ,seu casamento. Êle não se ma­ te me empurra para longe dela. Eu
ta, os dois. Se pudessem vo lta r a go­ nifesta até ser procurado, no entan­ a quero acima de tudo neste mundo,
zar a felicidade, o amor, a confian­ to está sempre pronto e disposto a mas, que posso fazer?
ça, a união dos prim eiros anos de ajudar. Permitam que êle seja um
casados, vocês topariam a parada? “ sócio a tivo" em seu casamento. Bernardo, 32 anos, diz o seguinte:

12 A LIAH O N A
— Sempre costumava caçar com Provavelmente, nunca mais após "R ainha” por ser:
meu pai e irmãos. Geralmente é essa data. Quase poderá tornar-se
questão de uns poucos dias apenas, monótono e desgastado, menos a A m elhor atriz — parecendo con­
mas serve para conservar os laços frase “ Eu te am o.” As mulheres (e tente, quando deveria mostrar-se de­
afetivos com a fam ília. Procuro pas­ homens também) adoram que lho sapontada. Tudo o que recebeu no
sar o resto do tempo com minha mu­ repitam constantemente. Apreciam dia dos Namorados foi um beijo em
lher e filhos, mas ela arma tanto ba­ que isto lhes seja assegurado e reas­ lugar de um presentinho, sim ples­
rulho por causa dessa caçada, que, segurado repetidamente. mente porque esqueci a data.
mesmo que eu vá, para mim já tudo
A m elhor escritora — mandando
está estragado.
cartas aos filhos que estão fora de
Teresa, atraente loura de 27 anos, casa, seja estudando, em missão e
pergunta: prestando serviço m ilitar.
A m elhor diretora — orientando
— Doutor, será demais para uma com sucesso o tráfego no local mais
m ulher querer ir ao cabeleireiro uma m ovimentado do mundo — nosso
vez por semana? A final, não estamos lar.
endividados, somente amortizando
a casa. Procuro economizar de tôdas A m elhor produtora — conseguin­
as maneiras. Dario tem seu barco, do os melhores resultados quanto à
armas de caça e equipamento de educação dos filhos, com o auxílio
pesca. Aprecio arrumar o cabelo se­ m uito aquém do desejável do pai
manalmente. Estarei exigindo de­ atarefado, e com o menor estarda­
mais? Êle insiste que deixe de fazê- lhaço possível.
lo. Isto está quase ameaçando nosso
casamento. A m elhor modista — criando e
confeccionando trajes especiais pa­
Parece incrível, não é? No entanto, ra festinhas, form aturas ou bailes a
uma coisa tão triv ia l como essa as­ rigor, e um vestido especial para o
sume proporções exageradas, quan­ bota-fora do filh o que sai em missão.
do outros pequenos ressentim entos
se apegam a ela como os crustáceos A m elhor atriz coadjuvante —
ao navio em dificuldades. apoiando-me de todo o coração, e
sem reclamar, nos meus encargos
Perguntaram à espôsa de Einstein da Igreja e profissionais.
se ela compreendia sua teoria da re­
latividade, ao que respondeu: Um dos maiores conceitos errô­
neos de nossos dias é que o homem
— Não, mas penso que entendo
e a m ulher se casam e depois vivem
A lb e rt Einstein.
O tipo fo rte, calado, neste caso felizes para sempre. É certo que sen­
Não importa que a necessidade perderá sempre para o menos atlé­ tem mútua atração pelo que é o iní­
seja carinho, reconhecimento, con­ tico, bonitão, mas falante, se não cio de amor. Então, casam-se e co­
fiança, atenção, um prato especial repetir essas três palavras com fre ­ meçam a construir, juntos, uma vida
para o jantar ou arrumar o cabelo se­ qüência. de amor. Mas o amor verdadeiro, du­
manalmente; o bom cônjuge reco­ radouro, expressivo não acontece
nhece tais necessidades especiais e — Sei que me ama, mas, por que por acaso, gratuitam ente.
procura preenchê-las. É absolutamen­ não o diz? — E,' acrescentaríamos
te certo que nem só de pão vive o nós, repita-o sempre e sempre. Am or é algo construído sôbre um
homem, mas, em m uitos casos, do sólido alicerce de convênios e votos
preenchimento de suas necessida­ O m elhor investim ento que um fe ito s na cerim ônia do casamento.
des especiais por um cônjuge aten­ homem pode fazer é empregar um Mas depois, deve-se prosseguir o
to e compreensivo. níquel, para telefonar à espôsa du­ levantamento da estrutura, pedra por
rante o dia, apenas para lhe dizer pedra, com cada ato de amor, ternu­
Incapacidade de Demonstrar Amor que a ama. Experimentem e vejam ra, abnegação e consideração duran­
o que acontece. Observem como rea­ te tôda a vida em comum. Reconhe­
O juiz perguntou a certo homem ge quando a fazem saber que estive­ çamos os sinais e sintomas de um
cuja espôsa requerera divórcio, por ram pensando nela e que prefeririam casamento enfermo, a tempo de
que êle nunca dissera à espôsa que sua companhia a outra qualquer. curá-lo e restabelecê-lo totalm ente.
a amava. Êste respondeu:
Nós, homens, deveríamos unir- Finalmente, vocês, homens (e o
— Mas eu disse! nos para in s titu ir a condecoração de mesmo se aplica às m ulheres), se
“ Rainha” para nossas esposas. Ve­ desejam que sua espôsa os trata co­
— Quando? — indagou o juiz.
jam se na opinião de vocês êste tí­ mo reis, procurem tratá-la como
— Ora, quando nos casamos. tu lo cabe às suas esposas. rainha!

Janeiro de 1971 13
0 Verdadeiro Conhecimento
da Trindade
Richard O. Cowan

ma correta concepção do caráter e atributos de O Espírito Santo é um personagem e tem a forma de um

U Deus é fundamenta! para a verdadeira re li­


gião. O Senhor ordenou à antiga Israel: “ Não
personagem ... O Espírito Santo não pode ser transfor­
mado em pomba; mas o sinal da pomba foi dado a João
terás outros deuses diante de m im " (Êxodo 20:3)para
C risto associou o conhecimento de Deus com o subli­
E te s tific a r a validade do a to . .. (Teachings of the
Prophet Joseph Smith, p. 276)
me dom da vida eterna: “ E a vida eterna é esta: que te
Hoje, os batismos são realizados em nome do Pai,
conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Je­
do Filho e do Espírito Santo. As instruções dadas pelo
sus C risto, a quem enviaste." (João 17:3) Nestes últi-
Senhor a Joseph Smith em 1843 acêrca da Trindade,
mòs dias, o Profeta Joseph Smith ensinou que a prim eira
regra da nossa fé é crer no Ente Supremo e o prim eiro foram:
princípio do Evangelho, a “ fé no Senhor Jesus C ris to .” O Pai possui um corpo de carne e ossos tão tangí­
vel como o do homem; o Filho também; mas o Espírito
A Igreja de Jesus C risto dos Santos dos ú ltim os
Santo não possui um corpo de carne e ossos, mas é um
Dias declara solenemente que a verdade acêrca de Deus
personagem de Espírito. Se assim não fôra, o Espírito
foi ensinada em tôda a sua sim plicidade, beleza e po­
Santo não poderia habitar em nós. (D&C 130:22)
der nos tempos do Nôvo Testamento. Quando a autori­
dade e revelação divinas deixaram de e x is tir na igreja, “ E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem
e as trevas da apostasia cobriram a terra, esta verdade de Deus o criou; macho e fêmea os c rio u .” (Gênesis
foi perdida. Somente quando o Pai e o Filho apareceram 1:27 veja também Hebreus 1:13.) C risto e todos os ho­
a Joseph Smith, em 1820, dando início à dispensação mens são criados à imagem de Deus. Após sua ressur­
da plenitude dos tempos, êsse conhecim ento foi nova­ reição, C risto pediu aos apóstolos que tocassem seu
mente restaurado aos homens. corpo de carne e ossos, e assim provou-lhes que não
era mero espírito:
O Nôvo Testamento ensina claram ente que os três
membros da Trindade são pessoas distintas. Por exem­ . . . Jesus se apresentou no meio dêles e disse-lhes:
plo, quando Jesus foi batizado — Paz seja convosco. E ê le s ... pensavam que viam algum
espírito. E êle lhes disse: Por que estais perturba­
. . . o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sôbre dos. ..? Vêde as minhas mãos e os meus pés, que sou
êle em forma corpórea.. . e ouviu-se uma voz do céu, eu mesmo: apalpai-me e vêde; pois um espírito não tem
que dizia: Tu és meu filho amado, em ti me tenho com- carne nem ossos, como vêdes que eu tenho. (Lucas
prazido. (Lucas 3:21-22; veja também Mateus 3:13-17; 24:36-39).
Marcos 1:10-11)
Há diversas testemunhas da glória de Jesus no Nô­
Joseph Sm ith disse: vo Testamento. Pedro, Tiago e João, por ocasião da
transfiguração de C risto; Paulo, no dia da sua conver­
O sím bolo da pomba foi instituído antes da criação são na estrada de Damasco e João, no início do Apo­
do mundo como testemunho do Espírito Santo, e o de­ calipse — todos êles falam da glória de C risto em têr-
mônio não pode aparecer sob o sím bolo de uma pomba. mos de uma grande luz resplandecente.

14 A LIAHONA
Nosso Salvador, agindo sob a direção do Pai, é o o povo a ignorá-lo como Pai amoroso; e assim, começa­
único mediador entre Deus e o homem. Escrevendo a ram a recorrer aos “ santos” , para preencherem a bre­
Timóteo, Paulo disse: “ Porque há um só Deus, e um só cha e agirem como interm ediários entre Deus e o
Mediador entre Deus e os homens, Jesus C risto ho­ homem.
mem .” (I Tim. 2:5) Por isso, o Senhor instruiu seus se­
guidores a orarem diretam ente ao Pai, em nome de Je­ Embora alguns “ reform adores” tentassem reviver o
sus Cristo. interêsse no amor de Deus, ainda que sem revelação,
não conseguiram restabelecer a completa e verdadeira
Quando a igreja p rim itiva deixou de ser guiada por compreensão da pessoa divina.
revelação, essas verdades básicas se perderam. Os
pensadores cristãos, influenciados pela filo so fia pagã, Êstes são os antecedentes da confusão religiosa
tentaram explicar como os cristãos poderiam ser mo- que levou Joseph Smith a consultar prim eiro a Bíblia e,
noteístas, adorando a um só Deus, reconhecendo simul- depois, a orar em busca de uma resposta para suas dú­
tâneamente haver três membros na Trindade, surgindo, vidas: “ Qual é a igreja verdadeira? A qual delas devo
assim, diversas correntes de opinião: filia r-m e ? ” Mal sabia êle, ao entrar no bosque para
“ perguntar a Deus” , que sua sim ples oração de fé con­
O adocinonismo pregava ser C risto um sim ples ho­ duziria ao início de uma nova dispensação do Evange­
mem mortal que atingira tal perfeição de santidade, que lho e à restauração do verdadeiro conhecimento da Di­
foi adotado como Filho de Deus e elevado à divindade. vindade. Sua “ Primeira V isão” é um fato histórico sôbre
o qual disse o seguinte:
Os Modalistas consideravam Deus como sendo um
ente único, assumindo sucessivamente como um ator, .. .vi uma coluna de luz acima de minha cabeça, de
os papéis de Pai, Filho e Espírito Santo. um brilho superior ao do sol, que gradualmente descia
até cair sôbre m im ... Quando a luz repousou sôbre
O Concilio de Nicéia, convocado pelo imperador mim, vi dois Personagens cujo resplendor e glória desa­
Constantino, em 325 A .D ., lançou os fundamentos para fiam qualquer descrição, em pé, acima de mim, no ar.
a tradicional doutrina cristã sôbre Deus. O credo de Um dêles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse,
Nicéia estabelece em parte: apontando para o outro: ÊSTE É O MEU FILHO AMADO.
OUVE-O! (Joseph Smith 2:16, 17)
Cremos em um só Deus, o Pai. . . e em um só Se­
nhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus, concebido do Pai... Diversas verdades foram reveladas ao jovem Jo­
da substância do Pai... seph Smith por esta única experiência:
O credo atanasiano, mais tarde, esposou uma dou­ 1. Os membros da Trindade são três pessoas
trina semelhante: distintas.

Adoramos um Deus em Trindade, e a Trindade em 2. O Pai e o Filho têm corpos reais a cuja imagem
Unidade, não confundindo as pessoas, nem dividindo a foi criado o homem.
substância. Pois há uma pessoa do Pai, outra do Filho,
e outra do Espírito Santo. Mas a Divindade do Pai, Filho 3. Sua glória e esplendor são indescritíveis, mas
e Espírito Santo é uma s ó . .. foi perm itido a Joseph que os visse e te stificasse o que
viu, pois o Espírito Santo, o te rce iro membro da Trin­
Após certa confusão quanto às partes humana e di­ dade, “ (cujo poder também se manifestou naquele mo­
vina em C risto, o C oncilio de Calcedônia, em 451 A.D., mento sagrado) prestara testemunho à sua a lm a ... de
decidiu-se em favor de duas naturezas antes do nasci­ que o Pai e o Filho eram dois Personagens glorificados
mento, e uma única personalidade depois dêle. Gradual­ na imagem expressa um do outro."
mente, o conceito de um Deus pessoal se foi perdendo,
tornando-se êle antes a "Causa Prim eira" ou poder que Pelo seu Santo Espírito, sim, pelo inexprimível dom
ocupa todo o universo. O credo dos anglicanos reflete do Espírito Santo, Deus vos dará conhecimento que não
êsse conceito, declarando: “ Existe um único verdadeiro foi revelado desde a fundação do mundo até agora.
Deus vivente, eterno, sem corpo, partes ou p a ix õ e s ... ” (D&C 121: 26)

Nova mudança doutrinária sobreveio, quando os ho­ 4. O Filho opera sob a direção do Pai.
mens começaram a dar ênfase à justiça de Deus e de­
pois, a temê-lo como juiz. Isto, combinado à perda de 5. As pessoas podem orar a Deus sem quaisquer
um claro entendimento da personalidade de Deus, levou intercessores e receber respostas.

Janeiro de 1971 15
A importância de cum prir as obrigações a todo
CUMPRIR custo foi um dos princípios diretores do Presidente
McKay durante tôda a sua vida. A devoção ao dever era
tema freqüente de seus sermões. O dever, aos seus
AS PROMESSAS olhos, era uma forma de cum prir as promessas feitas
ao Pai Celestial e a si próprio. Se achasse que tinha o
dever de agir, descurava do cansaço e punha de lado
qualquer prazer ou outra atração que interferisse no
cumprim ento do que considerava ser sua obrigação.
Mostrava impaciência com aquêles que ignoravam o es­
p írito do contrato, insistindo nas palavras de documen­
tos mal redigidos.

Um encontro marcado com êle era uma promessa


a ser cumprida e esperava que os outros sentissem o
mesmo. Acompanhei-o constantemente por diversas se­
manas durante uma de suas visitas às missões na Euro­
pa. Não me levou tempo para aprender que, ao dizer
8h30m, significava exatamente isto e não 8h31m.
David Lawrence McKay
O Presidente McKay era categórico quanto ao cum­
um quente dia de verão, o menino David O. prim ento de promessas feitas a crianças, por mais in­

N MacKay ajudava seu pai, David McKay, a re­


colher o feno do campo. Êle conduzia a carro­
ça de juntar feno puxada por uma parelha de cavalos,
por entre as medas, enquanto seu pai se encarregava
significantes que pudessem ser aos olhos dos adultos.
Certa vez, combinou com um professor de uma Escola
Dominical de cum prim entar seus alunos no seu escritó­
rio, em determinado dia e hora. Adoeceu inesperada­
de lançá-las para cima do carro. Começando pelo lim ite mente e encontrava-se no hospital no dia marcado, de­
inferio r do campo, êles vinham subindo, recolhendo sis- sapontando as crianças. No prim eiro domingo após seu
tem àticam ente meda por meda. Naquele tempo o dízi­ restabelecim ento, deixou um assombrado superinten­
mo era geralm ente pago em espécie e não em dinheiro: dente de Escola Dominical de queixo caído, ao vê-lo
assim, após terem recolhido nove carroças cheias, o chegar para manter a promessa.
menino David sabia que a seguinte seria destinada ao
dízimo. A parte baixa do campo na qual estavam traba­ Em Londres, uma garotinha conseguiu insinuar-se
lhando era um pouco pantanosa, produzindo qualidade pela m ultidão, para so licita r um autógrafo. Êle aquies-
inferio r ao do excelente feno da parte alta. ceu, mas a menina foi empurrada para longe dêle pelos
adultos que queriam apertar sua mão. O Presidente
— Leve a carroça para a parte alta, a fim de reco­ McKay fêz questão de que ela fôsse encontrada. Essa
lhermos a carga do dízimo, — disse o pai a David. — busca exigiu horas, mas, afinal, foi bem sucedida. O
Lá o feno é superior. Presidente cumpriu o prometido.

David, protestando, alegou que estavam trabalhan­ Certo dia, recebemos o Presidente McKay para um
do na parte baixa, portanto, a carga destinada ao dízimo jantar em nossa casa. Um dos meus irmãos, Llewelyn,
deveria obedecer à ordem e ser igual às demais. também fôra convidado. Êste descobriu que ia chegar
atrasado a um encontro marcado com certa irmã im i­

— Não, — respondeu o pai — destine o m elhor pa­ grante, porém sabia que ela esperaria por êle. Achava
ra a parcela do Senhor. que o jantar com o pai era mais importante. Quando o
Presidente McKay soube disso, a refeição de Llewelyn
E assim, carregaram a décima carroça com o me­ foi subitamente interrompida.
lhor feno do campo.
— Você prometeu-lhe, não foi? Então, o que está
Êsse incidente é mais do que um exemplo de como fazendo aqui?
se deve pagar o dízimo. M ostra que bem cedo na vida,
o pai de David O. McKay ensinou-lhe categoricamente Llewelyn argumentou que aquela irmã compreende­
a andar a segunda milha no cum prim ento de uma obri­ ria seu atraso. Além disso, ela estava em casa e isso
gação. Ambos, pai e filho , entendiam que o dízimo não não lhe causaria nenhum transtorno.
é um presente, mas o pagamento devido — algo já pro­
metido a Deus. Naquele dia, David aprendeu que esta — Isto não é desculpa. Você fêz-lhe uma promessa.
promessa deveria ser cumprida alegremente e sem re­ Então, cumpra sua palavra. Naquele dia, Llewelyn per­
servas. Devia ser mais do que um cum prim ento literal. deu uma bela sobremesa.

16 A LIAH O N A
ra uma vez uma garotinha — não uma
menina grande, nem um bêbe, mas
I Na jaula dos macacos, Ceei bateu palmas
e apontou um dêles: — Olhe, mamãe, que ma­
uma garotinha adorável. caquinho engraçado! O rabo dêle é curto, mas
bem comprido! E veja como se balança pen­
Um dia, sua mãe lhe disse: — Acabe logo durado pelo rabo!
seu lanche, filhinha, e depois vista seu vestido
predileto. Hoje vamos visitar o jardim zooló­ Quando viu a cobra, gritou excitada: — O
gico. rabo dela não é comprido nem curto! Ela até
parece que é tôda rabo!
Ceei enfiou o vestidinho amarelo de bolas
Rindo, sua mãe explicou: — As cobras não
brancas. Depois, a mãozinha agarrada à mão da
têm rabo, Ceei, mas você tem razão. Realmen­
mãe, andaram pela calçada até o ponto do ôni­
te, parecem que são só rabo. Mas isso é por­
bus. Esperaram sentadas num pequeno banco
que não possuem pernas e são obrigadas a se
amarelo, até que chegou o grande ônibus, tam ­
arrastarem pelo chão.
bém amarelo, e parou para que pudessem em­
barcar. Naquela noite, Ceei vestiu seu pijama côr-
de-rosa estampado com bichinhos. Olhou-se no
No jardim zoológico, Ceei dizia rindo: espelho e comentou:

— Olhe só a girafa! Como tem pescoço — Meu pescoço não é comprido e fino,
comprido! E por cima tão fino! porque não preciso arrancar fôlhas das árvores
para comer.
— Ela precisa de um pescoço fino e com­
prido para poder alcançar as fôlhas das árvo­ — Meu pescoço não é curto e grosso, pois
res, — respondeu a mãe de Çeci. não precisa carregar uma cabeça grandona.

— Não preciso de um rabo comprido para


Ceei deu uma risadinha abafada, quando
me balançar. Posso sentar-me no balanço e ba­
viu o hipopótamo parado dentro de um tanque
lançar bem alto.
d’água.
— Não me pareço como se fôsse feita só
— Oh, veja o pescoço dêle! Não é nem de rabo. Tenho pernas e braços. Nem preciso
comprido, nem fino. Êle tem um pescoço curto arrastar-me pelo chão. Posso andar com minhas
e gro-o-osso! E um rabinho também curtinho! pernas.

— É verdade, — concordou a mãe — êle — Não sou uma menina grande; nem uma
precisa de um pescoço curto e grosso para car­ criança de colo. Eu sou a pequena Ceei. Estou
regar a cabeça grande que tem! tão contente de ser assim como sou!

Janeiro de 1971 17
A Gaita de Foles do
Bisavô MacDougaFs
Rosaiie W. Doss

ngus McGregor terminou seu número com um

A agudo, seguido de um vo lteio e grande floreio


de notas. Chegara o fim do concurso de to ­
cadores de gaita de foles. Também para Jamie MacDou-
gal estava term inado o concurso. Êle tocara o melhor
que pôde, mas não era tão gaiteiro como Angus. Êste
conseguia tira r mais de uma gaita de foles do que qual­
quer outro menino da A lta Escócia.

Os juizes levaram apenas m inutos para se decidi­


rem em favor de Angus como vencedor, como Jamie
sabia que seria. Agora Angus te ria a honra de p artici­
par da final em Glasgow. E, quando também em Glasgow
saísse vencedor, a coisa seria oficia l. Passaria a ser o
melhor tocador jún ior de gaita de foles da A lta Escócia.

Todos acorreram para junto de Angus, a fim de


cumprimentá-lo. Jamie sabia que deveria mostrar-se um
bom perdedor e também congratular-se com êle. Os
dois, além de vizinhos, eram amigos.

Jamie teve que esforçar-se por desfazer o nó na


garganta, antes de conseguir falar com Angus.

— Angus, desejo-lhe tôda a sorte em Glasgow. Vo­


cê merece vencer.
.— Obrigado a você, Jamie, — respondeu o amigo. — Você é um ótim o cachorro, Laddie, — observou
— Mas não tenho tanta certeza assim. Jamie, ao estacar para afagar o cão. Êle e Laddie eram
velhos amigos. Os três, Jamie, Angus e Laddie, freqüen­
— Por quê? — indagou Jamie surprêso. tem ente pastoreavam juntos suas ovelhas nas encostas
das montanhas.
— Estes velhos foles talvez não agüentem, — ex­
plicou Angus, estendendo-lhe o instrum ento. — O cou­ Após um últim o afago, Jamie retomou sua corrida
ro está surrado e gasto. Pode arrebentar a qualquer para casa. Assim que bateu a porta atrás de si, grossas
momento. e sentidas lágrimas desceram por sua face. Recolocou
cuidadosamente a gaita de foles do bisavô MacDougal
— Por que você não arranja uma gaita nova antes
em seu lugar de honra, sôbre a mesa da sala da frente.
das finais?
Então, com prim indo os punhos contra os olhos, tentou
Angus sacudiu a cabeça, desanimado. — As boas estancar as lágrimas. Êste ano, os sons característicos
da gaita de foles dos MacDougals não seriam ouvidos
gaitas de foles são caras. — Então, sua fase iluminou-
em Glasgow. Não porque deixara de esforçar-se, mas
se. — Mas, além do troféu, dão um prêmio em dinheiro.
apenas por Angus ser tanto m elhor do que êle.
Talvez pudesse comprar uma, se vencer o certame.
Seus pais haviam-lhe dito, antes do concurso, que
Jamie baixou os olhos para o seu instrumento. Per­
o im portante era dar o m elhor de si. — Ninguém pode
tencera ao seu bisavô. Era uma gaita excelente, com
fazer mais do que isso.
encaixes de prata e decorada com as côres do clã
MacDougal, que sempre se haviam destacado como os
E êle fizera o m elhor que pôde, mas não fôra o bas­
melhores tocadores de gaita da A lta Escócia. A antiga
tante. Contudo, isto não servia de consolo ao menino
e bela gaita já fizera muitas viagens a Glasgow, para decepcionado.
participar de competições e passeatas. Mas hoje, êle,
Jamie MacDougal, humilhara o clã inteiro, perdendo Ouviu um arranhar na porta. Devia ser Laddie. O ami­
para um MacGregor. Que importa que êsse MacGregor go muitas vêzes mandava o cão chamá-lo. Mas hoje,
fôsse amigo seu? A dor continuava a mesma. Jamie teria preferido que Angus não o tivesse mandado.

Os pensamentos sombrios de Jamie foram inter­ Jamie abriu a porta. — Está bem, Laddie, já vou.
rompidos pela mãe de Angus, que dizia: Ninguém irá dizer que um MacDougal é mau perdedor.

— Por favor, Jamie, acompanhe-nos até a casa para Angus veio encontrá-lo a meio caminho da casa
um lanche de “ scones" e bolos de aveia. dêle, e disse:

Jamie afastou-se depressa. Não desejava p artici­ — Jamie, mandei Laddie buscá-lo, pois quero pedir-
par da celebração. Ao p artir correndo para casa, sentiu lhe um grande favor.
algo macio roçar em sua perna. Era Laddie, o belo cão
collie branco-dourado de Angus. O rapaz refle tiu que o — O que é, Angus? — indagou Jamie. O que mais
amigo era mais afortunado do que poderia merecer qual­ poderia querer? Já não ganhou hoje tudo o que importa?!
quer rapaz. Além de vencer o certame de gaiteiros, ain­
da era dono do melhor co llie da A lta Escócia. Laddie Angus prosseguiu: — Você perm itiria que Laddie
era um animal de exposição. Ganhara muitas medalhas ficasse em sua casa, enquanto eu estiver em Glasgow?
por suas qualidades como ótim o cão pastor de ovelhas. Não tenho dúvidas de que mamãe cuidaria bem dêle,
mas não terá tempo de levá-lo às colinas com as ove­
lhas ou a longas caminhadas. Garanto que Laddie gos­
taria de fica r com você, Jamie.

— Verdade mesmo, Angus? — retrucou Jamie, ex­


citado. — Você deixaria realm ente Laddie comigo, en­
quanto estiver fora?

— A quem mais, além de mamãe, eu poderia con­


fia r Laddie? — indagou o amigo.

— Prometo que cuidarei bem dêle. Gosto de Laddie


como se fôsse meu, — asseverou Jamie.

— Sei dissò, — respondeu Angus — é por isso


que, quando vo lta r de Glasgow, quero que vá comigo à
casa dos MacPhersons buscar o filh o te da cria de Bon-
nie, a cadela dêles.

Janeiro de 1971
— Um filh o te da cria? Do que você está falando, Que bom vencedor não era Angus! Embora acabas­
Angus? se de ganhar importante competição, não se jactava
dela. Ainda tivera tempo de pensar na mágoa de um
-— Laddie é pai da últim a ninhada de Bonnie. Assim , amigo. Angus, na verdade, soubera ser um vencedor
tenho d ireito ao m elhor filh o te da cria. Mas vou cedê-lo m uito melhor do que êle, Jamie, como perdedor!
a você, Jamie. Você mesmo poderá escolher o filho te
e fica r com êle. — Angus, agora quem tem um favor a pedir sou
eu — disse Jamie.
— M uito, m uito obrigado, Angus, — disse-lhe Ja­
— O que é?
mie, quase sem poder falar diante de tanta felicidade.
Olhou para o amigo como se o visse realmente pela p ri­ — Você estaria disposto a levar a gaita do meu
meira vez. bisavô MacDougal a Glasgow? Ela sentir-se-ia muito só
ficando lá em casa sôbre a mesa da sala.
Angus sabia quão grande fôra o desapontamento
de Jamie por perder o certame de gaitas de foles. O — Está falando sério? Deixaria mesmo que eu le­
orgulho de fam ília dos escoceses, porém, não lhe per­ vasse aquêle magnífico instrum ento para usá-lo nas f i­
m itia embaraçar a ambos, dizendo-o. Mas, em sua pro­ nais de Glasgow? Com uma gaita assim, não poderei
funda compaixão e compreensão, estava tentando ame­ deixar de vencer!
nizar a dor do amigo, dando-lhe um filh o de Laddie. E
não era pequeno o presente! Um filh o te assim daria — Eu sei, — respondeu Jamie, feliz. — E é isso o
bom preço. Mas, mesmo assim, Angus o presenteava que eu desejo a você. t— Dessa vez, era um voto since­
ao amigo. ro, brotando diretam ente do coração de Jamie.

Decoração de Pedras V ocê gostaria fazer presentes diferentes para


aniversários ou amigos especiais?
esp
te a decoração de pedras!
Experimen-

Peggie Geiszel Corpece com bastante antecedência, procurando


pedras de formas estranhas e interessantes. Procure
em seu próprio quintal, nas ribanceiras de rios, praias,
matas e campos, quando excursionar.

Os calhaus arredondados são os mais fáceis de pin­


tar, e as pedras que têm um lado achatado oferecem
m elhor estabilidade. A superfície pode ser lisa ou ás­
pera, irregular. M uitas vêzes, as saliências, rachaduras
ou conformação sugerem um m otivo — um animal, flo r
ou um rosto engraçado.

Não faça desenhos elaborados. Primeiro, trace um


esbôço com lápis macio, giz ou “ crayon” .

As tintas plásticas de secagem rápida (p. ex., acrílicas) dão o


m elhor resultado. Podem-se recobrir com verniz ou laca para maior
durabilidade.

Os calhaus pequenos prestam-se m uito bem para pesa-papéis. Os


grandes servem para manter as portas abertas. Essas pedras decoradas
lembram ornamentos esculpidos e são ótim os presentinhos.

20 A LIAH O N A
0 Bispo Presidente Fala
à Juventude Sôbre:

Patriotismo
Bispo John H. Vandenberg

m sua obra intitulada lf’s of History

E (Os Senões da H istória), J. E. Cham-


berlin tece considerações sôbre os
eventuais resultados, caso alguns dos eventos
importantes do passado tivessem sido altera­
dos por decisões ou circunstâncias levemente
diversas.
Houvesse possibilidade de escrever um li­
vro exato sôbre assunto semelhante acêrca do
futuro imediato, sem dúvida mostraria que o
atual período da história se encontra no ápice
do maior “ s e ” de todos os tempos.
Não é difícil notar que estamos vivendo
num mundo atormentado por dificuldades. A
anarquia está crescendo alarmantemente; ci­
dadãos provocam tum ultos e saqueiam suas
próprias cidades; a juventude é incitada por
alguns a abdicar sua responsabilidade pelo fu­
turo. Parece que nenhum lugar está a salvo de
dificuldades. Não obstante, sabemos que a si­
tuação está longe de ser irremediável: vocês,
a juventude da Igreja, provêm tal esperança.
Para que as nações possam resolver seus
problemas domésticos e internacionais, preci­
sarão de uma geração de jovens destemidos e
patriotas, cujos princípios estejam firmemente
alicerçados na justiça e que sabem que “ onde
está o Espírito do Senhor aí há liberdade.” (II
Cor. 3:17) A fôrça nacional cresce e vive como
resultado da fé que o povo tem em Deus.
George Washington reconhecia a direção
divina e declarou: “ De tôdas as disposições e
costumes que conduzem à prosperidade políti­
ca, a religião e a moralidade são sustentáculos
indispensáveis.. . . tanto a razão como a expe-

Janeiro de 1971
riência nos proíbem esperar que a moralidade a fim de que as bênçãos da liberdade perma­
nacional possa prevalecer havendo a exclusão necessem sôbre seus irmãos enquanto hou­
dos princípios religiosos.” (Mensagem de Des­ vesse, para tomar conta do país, um grupo de
pedida de W ashington). cristãos — ...
Lincoln também compreendia que o vigor “ E, por conseguinte, Moroni orou nessa
de uma nação se deriva de retidão pessoal de ocasião para que fôsse favorecida a causa dos
seu povo: cristãos é a liberdade do país.
“ E aconteceu que, quando êle elevou sua
“ Deus governa êste mundo — e é dever
alma a Deus, deu o nome de país escolhido e
das nações, bem como dos homens, de reco­
terra de liberdade a tôda a zona situada ao sul
nhecerem sua dependência ao poder dominan­
do país de Desolação, sim, e em resumo a tôda
te de Deus, confessarem seus pecados e trans­
a terra, tanto ao norte como ao sul.
gressões com humilde contrição... e reconhe­
cerem a sublime verdade de que somente as “ E disse: Certamente Deus não permitirá
nações cujo Deus é o Senhor, são abençoadas.” que nós, que somos desprezados por tomar o
• nome de Cristo, sejamos pisados e destruídos,
Diz a Bíblia: “ A justiça exalta as na­ enquanto tal castigo não provoquemos por nos­
ções...” (Prov. 14:34) Somente a retidão pes­ sas próprias transgressões.
soal poderá livrar uma nação atolada em di­ “ E, tendo Moroni falado estas palavras,
ficuldades. Tôdas as nações necessitam de adiantou-se por entre o povo, fazendo tremular
uma geração de jovens que possua convic­ a tira de sua túnica no ar, para que todos pu­
ções justas. dessem ver a inscrição que nela havia coloca­
Não é possível subestimar-se o poder da do, e clamou em alta voz:
retidão individual. Muitas vêzes na história da “ Todos que queiram manter êste título no
humanidade, a retidão e justiça de um único país adiantem-se, na fôrça do Senhor, e façam
indivíduo foram o fermento provocador da as­ convênio de que apoiarão seus direitos e sua
censão de um país inteiro. religião, para- que o Senhor Deus possa aben-
Joana d’Arc, a camponesa de 19 anos, er­ çoá-los.” (Alma 46:12-13,16-20)
gueu a França dos escombros da derrota, le­ Cada um dêsses indivíduos, além dos de­
vando seus exércitos à vitória através de sua mais que poderíamos mencionar, demonstra,
inspirada bravura. convincentemente, a importância da retidão
Mórmon, o profeta nefita, foi nomeado pessoal na preservação do vigor de uma nação.
comandante dos exércitos por sua decadente Não há melhor maneira de demonstrarmos nos­
nação. A despeito de contar apenas 16 anos so amor pela pátria do que adotarmos em nossa
de idade, sua retidão pessoal o destacou como vida os princípios que tornam forte uma nação.
líder. Como Moroni dos tempos nefitas, ou Davi
da antiga Israel, precisamos te r a coragem de
Davi, o menino-pastor, salvou seu povo
declarar abertamente nossa fidelidade à pátria
por ter suficiente fé em Deus, para descer ao
e aos princípios que preservam sua grandeza.
vale enfrentando o lutador campeão de Gate.
Não pode haver dúvidas acêrca de como a
Quando Moroni, comandante em chefe das juventude da Igreja enfrentará êsses tempos
tropas nefitas, viu sua nação dilacerada pelas desafiantes. O rumo é claro. O Presidente
dissensões, “ rasgou sua túnica e, tomando de David O. McKay o traçou com as seguintes
uma de suas tiras, nela escreveu o seguinte: palavras:
Em memória de nosso Deus, nossa religião, “ Nestes dias de incertezas e inquietação,
nossa liberdade, nossa paz e nossas esposas e a maior responsabilidade e supremo dever dos
filhos; e amarrou-a na ponta de um mastro. povos amantes da liberdade é perseverar e
“ Revestiu-se então de seu capacete, de proclamar a liberdade do indivíduo, seu relacio­
sua couraça e escudos e, cingindo seus lombos namento com Deus, e a necessidade de obe­
com uma armadura, tomou do mastro em cuja diência aos princípios do Evangelho de Jesus
ponta se achava a túnica rasgada (a que êle Cristo. Somente assim, poderá a humanidade
chamou estandarte da liberdade), inclinou-se encontrar a paz e a felicidade.” (The Improve-
até o solo e orou fervorosamente a seu Deus, ment Era, dezembro de 1962, p. 903)

22 A LIAHONA
glaterra, para conhecer um pouco melhor a si próprio
Conheça a si Mesmo e a natureza, disse o seguinte sôbre o assunto:
“ É mais fácil navegar por muitos milhares de qui­
lôm etros num barco do govêrno, tendo quinhentos ho­
mens e rapazes para nos assistir, enfrentando frio , to r­
mentas e canibais, do que explorar sozinho o mar secre­

O
s gregos tinham um axioma predileto: “ Conhe-
to, o A tlântico e o Pacífico do próprio ser."
ce-te a ti m esm o", e grande parte de sua li­
teratura e filoso fia baseava-se nesta máxima. Mas digamos que você explorou seu “ mar secre­
A que ponto você se conhece? O segrêdo para v ir at oco­
” , que vasculhou seus mais íntimos pensamentos e
nhecer a si mesmo é examinar o mais íntimo “ eu” . sensações. E então? Consegue aceitar o que viu lá den­
Henry David Thoreau, naturalista, filóso fo e escritor tro? Consegue encarar honestamente a si mesmo?
americano (1817-1862), que passou diversos meses nu­ Por diversos anos, a Primeira Presidência fêz dis­
ma pequena cabana junto ao Lago Walden, na Nova In­ trib u ir uma série de cartazes desafiando a juventude:

Até que ponto sua imagem retrata você? Talvez vo­


Conheça seus Amigos cê conheça alguém cuja imagem parece a de um rapaz
ideal — atlético, bolsista em p o te n c ia l— vocês conhe­
cem o tipo, sujeito que talvez receba dúzias de elogios
E que tal você se comunica com os outros? Permi­ por seu discurso na reunião sacramental, mas que, na
te que conheçam o seu verdadeiro “ eu", e perm ite a segunda-feira, é o que mais se diverte com as piadas
si mesmo conhecê-los como realmente são? inconvenientes contadas por um colega no vestiário. O
quanto difere a imagem projetada pelo discurso, da rea­
Quase todos nós temos um “ eu" ideal que tenta­ lidade revelada por sua conduta? Você, alguma vez, já
mos projetar aos outros. Mas, às vêzes, esquecemo-nos foi culpado de uma discrepância assim? E se fô r o caso,
de que um projetor pode apenas registrar uma imagem estará honestamente disposto a deixar que os outros
— a realidade talvez seja bem diferente da imagem saibam que, éTnbora possa te r falhas, está tentando
ideal. corrigi-las?

Para têrm os esperança de chegar a merecer a vida


Conheça a Deus celestial, precisamos conhecer a Deus. É possível
aprender-se alguma coisa sôbre sua maneira de viver
através do estudo das Escrituras, e uma porção apre­
ciável acêrca da veracidade dos princípios do Evangelho
(i. é, de Deus), aplicando-os em nossa vida, porém, é
provável que o verdadeiro entendimento do que envolve
a divindade poderá ser obtido somente pelo conheci­
Kathlenn Pederson mento — íntimo, pessoal — de alguém que já se to r­
nou divino.
Quer dizer que você deseja chegar ao reino celes­ Digamos que você ingressará numa universidade
tial. Tem certeza disso? Como sabe? Os que habitarem no ano que vem. Não acharia interessante obter certas
o reino celestial não apenas se tornarão deuses, mas informações confidenciais de alguém que lá estêve?
viverão com Deus para todo o sempre. Isto significa um Como também seria agradável conhecer os companhei­
longo tempo. Você tem certeza de que gostaria de viver ros de quarto, saber que se arranjará bem com êles. De
com Deus por tanto tempo assim? Conhece a êle e ao certa forma, é sempre bom conhecer que tipo de vida o
seu modo de vida o suficiente para estar certo? espera e com que espécie de pessoas irá conviver.

Janeiro de 1971 2?
“ Seja Honesto Consigo M esm o". Cada um dêles ilus­ cionalizando aquilo que uma voz interior honesta nos
trava o princípio da honestidade com o próprio eu. Quan­ d iria ser pura e sim ples to lice ou preguiça.
tas vêzes você não fêz mais do que so rrir, quando apa­ Por exemplo, quando você diz que quer perder uns
recia um nôvo? Quantas vêzes você tentou promover quilos, mas continua banqueteando-se com chocolate e
tal conceito em sua vida? A que ponto foi honesto con­ tortas, a que ponto está sendo honesto consigo mesmo
sigo próprio? quanto ao desejo de emagrecer? Honestamente, você,
na realidade, não prefere ser obeso e super-alimentado
Todos nós temos o que os psicólogos chamam de a esbelto?
uma “ válvula de escape” ou “ mecanismo de escape” Ou talvez você não jogasse m uito neste ano — ou
do qual lançamos mão, quando a vida nos parece dura porventura nem chegasse a ser indicado para o tim e.
demais. M uitas vêzes, tais mecanismos de escape são De quem foi a culpa? Do treinador? Teria sido êle mudo
perfeitam ente normais e necessários, como auxílio para e cego? Ou talvez parcial? — Ou — honestamente —
nos ajustarmos a um mundo im perfeito. Contudo, amiúde suas condições seriam realmente satisfatórias? Você
demais, inclinamo-nos a fazer do “ escapism o” um s i­ terá trabalhado e treinado com suficiente empenho e su­
nônimo de “ exculpism o” , e iludim os a nós mesmos, ra­ ficien te tempo?

Até que ponto você arrisca deixar que os outros o pessoas que o apreciam pelo que realmente é, não pelo
conheçam realmente — não apenas que você não é per­ que aparenta ser?
fe ito, mas também que é um indivíduo, alguém que nem E quanto à imagem projetada pelos outros — você
sempre quer acompanhar a “ turm a"? Estaria disposto a a vê verdadeiramente? Enxerga mesmo a imagem ou a
adm itir que, na verdade, não liga m uito para bailes, pre­ realidade? Presta atenção quando lhe confiam um pro­
ferindo um piquenique? Ousaria confessar que aprecia blema? uma vitória? Talvez, como a maioria de nós,
mais a música ligeira do que os ritm os “ quentes", ou você está mais preocupado'com o que vai dizer em se­
prefere Beethoven à música popular? guida, do que com o que lhe estão dizendo. Quem sabe,
é mesmo mais importante resolver aquêle problema de
Estará você disposto, honestamente, ao risco de matemática ou estudar um nôvo acorde na guitarra do
expor-se um pouco mais, sujeitando-se, talvez, a ser ri­ que dar atenção à irmãzinha que pehsa ser você o “ ta l” .
dicularizado ou rejeitado, mas também conseguindo A matemática ou sua guitarra serão realmente tão im­
eventualmente uma amizade mais chegada, sincera, com portantes?

E outra coisa, se não conhecermos o Senhor, como aquêle outro guia sincero, Deus? Provàvelmente, não —
faremos para reconhecer sua voz, quando falar conos­ a não ser que o conheça realmente.
co? Nem sempre êle fala como de um homem para ou­ Por meio da oração e sincera comunicação, é pos­
tro; aquela “ voz suave e mansa" freqüentem ente é mais sível v ir a conhecer Deus. Como também falar com êle
uma sensação de paz quanto à justeza de uma decisão tão francam ente como com seu m elhor amigo e receber
do que um som propriamente. E m uitas pessoas rece­ as mesmas respostas diretas, a despeito da forma que
bem respostas em sonhos. Outras ainda recebem res­ possam assumir. Os profetas, antigos como modernos,
postas por interm édio das bênçãos dadas pelos pais. registram algumas de suas comunicações com o Se­
Mas, como seremos capazes de discernir entre a ins­ nhor: os salmos de Davi são um dos exemplos; outro,
piração do Senhor, a simulação do demônio, e nossos a oração de Joseph Smith enquanto aprisionado na ca­
próprios desejos? Talvez você já tenha participado da­ deia de Liberty. Ao saber das crescentes perseguições
quela brincadeira em que certo objeto, prèviamente es­ pelo populacho enfurecido, Joseph Smith clamou, angus­
condido, deve ser achado por uma pessoa de olhos ven­ tiado: “ Ó Deus, onde estás?” , ao que respondeu o Se­
dados, com o auxílio de uma segunda, que lhe diz a ver­ nhor: “ Meu filho, paz seja com a tua a lm a ... O Filho
dade sôbre o rumo a tomar, enquanto uma terceira lhe do Homem sujeitou-se a tôdas elas. És tu maior do que
dá indicações falsas. Seria você capaz de discernir o êle?" (Veja D&C 121,122) Êsses homens realmente co­
guia que fala a verdade? É capaz também de reconhecer nheciam o Senhor.

24 A UAHONA
Ou, quem sabe, você não conseguiu um par para o lho de fazê-los perceber o quanto a impressionaram —
baile e fica andando desanimada pela casa, remoendo não apenas como mero par em perspectiva, mas como
por que êsses rapazes obtusos não conseguem enxer­ pessoa?
gar além dos atavios de uma môça a ver a pessoa real, Com sinceridade, alguma vez já se recolheu em
por que não se dão conta que você é um par m uito su­ si mesma, para indagar: “ Quem sou eu? Por que sou o
perior àqueles que estão sempre flertando. Seja hones­ que sou?" Você pode ser uma filha de Deus, mas tam­
ta, você não esquece, às vêzes, que êles também são bém é um ser mortal falível. Então, se você se achar um
"gente" e não existem apenas para convidá-la a sair nos ser humano um tanto mais im perfeito do que desejaria
fins de semana? E quando fica tôda empertigada e alar­ ser, irá enfrentar essa descoberta sem nada fazer, ou
mada ao lado dêles, não se estará preocupando demais encetará a marcha pela senda do auto-aperfeiçoamento?
com a impressão que lhes está causando? Não estará Diz um ditado fa m iliar: “ Se não mudares de rumo, che-
conjeturando se determinado rapaz gostará de você e garás ao destino que êle leva." Por que, então, não fazer
a convidará para sair, em lugar de compreender que êles uma pausa para avaliar seu rumo? Conhece-te a ti mes­
também precisam sentir aprêço? Você se dá ao traba­ ma! (Honestamente)

Mas talvez você ache que não está projetando ape­ ao rapaz com quem saiu algumas vêzes que gosta real­
nas uma imagem ideal, mas o verdadeiro eu, e que ten­ mente da sua companhia e dêle como pessoa, mas que
ta honestamente conhecer os outros. A que ponto, pois, p referiria interrom per os encontros? Talvez isso possa
estará inclinado a falar sôbre o laço entre amigos que fe rir os sentim entos dêle — e caberá a você julgar se
tal conhecimento cria? Às vêzes, a verdadeira comuni­ êle possui ou não maturidade suficiente para “ agüentar
cação surge, quando você consegue aproximar-se do co­ o golpe” — mas também poderá descobrir que essa ho­
lega de quarto ou de uma irmã e confessa: “ Você real­ nestidade eventualmente levará a uma amizade valiosa,
mente me deixou magoado, quando disse aquela pilhé­ uma amizade sem restrições, uma amizade inestimável
ria sôbre os cinco quilos que engordei” , ou quando con­ para tôda a vida. Isso já tem acontecido!
segue desculpar-se: “ Sinto m uito — deveria te r nota­
do", e ambos conseguem sorrir, conhecerem-se e ama­ A comunicação entre duas pessoas pode ser um
rem-se um pouco mais, por causa dessa comunicação. risco — tanto para você como para a outra. Mas tam ­
bém pode valer tal risco. Quão disposto estará você a
Ou quão disposta estará em correr o risco de dizer correr êsse risco — honestamente?

Entretanto, não é preciso ser um rei ou profeta viciado em drogas tentou por cinco vêzes largar o vício,
para te r uma comunicação dessas com o Senhor. Pode­ mas somente depois de começar a form ar relaciona­
remos, por nós mesmos, falar com êle, e não só quan­ mento com o Senhor nas pequenas coisas, conseguiu
do tiverm os problemas: poderemos também com parti­ realmente pedir o auxílio dêle para fica r “ firm e ” . Ago­
lhar dos planos e triun fos da vida cotidiana. ra, em lugar de “ fica r alto" com drogas, êle exulta em
fazê-lo no Evangelho. E seu método de “ falar franca­
Ademais, a fim de v ir a conhecê-lo verdadeiramen­
m ente” ao Senhor — e depois escutar com atenção —
te, é preciso não só falar-lhe com honestidade, mas tam­
funciona não só no tocante áo problema das drogas,
bém escutá-lo honestamente. Certa universitária que
como em qualquer problema — de rapazes, môças, pais,
sempre consultava o Senhor antes de aceitar um convi­
escolares etc.
te de rapazes para sair, deu atenção ao seu conselho,
A chave disso tudo? Honesta comunicação bi-dire-
e devido a isso, agora está casada com um jovem a
cional. Por isso, quando você afirma que deseja chegar
quem nunca teria dado atenção, se não tivesse o Se­
ao reino celestial, lembre-se de que a vida celestial foi
nhor dito: “ Faça-o” . Ela escutou e obedeceu-lhe.
definida como vida eterna. “ E a vida eterna é esta: que
Finalmente, se somos capazes de fa lar com Deus te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a
e atendê-lo nas pequenas coisas, tornar-se-á bem mais Jesus C risto, a quem enviaste.” (João 17:3)
fácil quando surgirem grandes problemas. Certo rapaz Até que ponto você conhece Deus? .Honestamente?

Janeiro de 1971 25
Viver Verdadeiro
Elayna Louise Barber

lagarta contorcia-se, como Quais as belezas que vistes. mente tomaria o pequeno corpo sô­

A se sua extremidade poste­


rio r estivesse prêsa algu-
res, no fundo do lenho. Suas mandí-
bulas trabalhavam incessantemente
Quando deixastes os ninhos?"

As palavras vinham-lhe facilm ente.


Os versos eram a única maneira em
bre a rocha como
tre habitante da
ber-se do quente
mais um ser silves­
montanha e embe­
sol de verão.

nas bordas do buraco, alheias ao de­ que conseguia exprim ir a alegria O tempo passou; o menino sentiu
licado desenho que criavam no sentida, e passou a repetir m ental­ impulso de se mover, abandonar sua
tronco. mente a quadrinha para si mesmo. “ pedra dos devaneios" e descer cor­
Levantou e espreguiçou-se, sentin­ rendo vertente abaixo. Desceu do
O menino observava a faina atra­ do-se jovem, cheio de vida, disposto rochedo e estacou, apenas por um
vés das pálpebras semi-cerradas. e livre como tôdas as coisas na mon­ instante, saboreando a quietude.
Imaginava se ela também estaria em­ tanha. Tudo era amarelo, verde e cá- “ Sou um cervo — não, um gamo, o
briagada pelo sol estivai e o aroma lido. Pulou, elevando-se no ar como mais belo de to d o s !” E no mesmo
fragrante dos pinhos da montanha. O que num vôo, depois partiu correndo instante, lá se foi, montanha abaixo,
lavor era incomum. Todo em mar­ montanha acima. Para cima, para ci­ deixando para trás o tronco em que
rom, mas em tantas nuanças diver­ ma, até alcançar o penhasco de ro­ vivia a lagarta, atravessando a cam­
sas! Arrastou-se sôbre o tapête de chas escarpadas que dominava as pina, passando pelo portão, até che­
fôlhas de pinheiro, acercando-se pa­ campinas, sua casa e o vale mais gar ao amplo alpendre. Jogou-se na
ra ver melhor. A lagarta parou de abaixo. Escalou apressado, com es­ rêde, balançando-se para frente e
mastigar, suspeitosa com aquêle na­ pantosa energia para seus dez anos, para trás, ofegante, gozando a som­
riz sardento a meros dez centím e­ até chegar ao tôpo das rochas, onde bra acolhedora. Sentia o perfume
tros de distância. O menino riu in­ estacou os braços estendidos para o das roseiras florescentes lá para os
teriorm ente e rolou o corpo, ficando alto, os olhos cerrados. Então, bra­ lados do jardim , e ainda — ergueu
deitado de costas. O sol estava tão dou interiorm ente, pelo sim ples jú ­ o nariz sardento e farejou — sim,
quente, o ar tão fragrante, as nuvens bilo de estar vivo! podia sentir o cheiro do sol, da bri­
grandes e baixas! Freqüentemente, sa e do pinho da montanha. Riu inte­
sonhava estar voando para aterrar Uma águia desenhava círculos aci­ riorm ente enquanto, impulsionada
numa delas. Imaginava-se saltando e ma dêle, lenta e graciosamente, à pelo pé, a rêde rangia para lá e para
dando cambalhotas sôbre suas fôfas espera de uma prêsa. O menino dei­ cá, para lá e para cá.
almofadas. tou-se de costas na pedra ensolara­
da, observando e tentando imaginar Dentro de casa, sua mãe, entre-
Voar como os pássaros. Como se­ como seria o mundo visto lá de cima. tendo uma visita, ouviu o rangido da
ria bom! Imagine a cara dos pais, se rêde e sabia que êle voltara. Sorriu
um dia sim plesm ente chegasse ao “ Ah! Se eu fôsse como a águia tristem ente e sua amiga retribuiu-
alpendre e saísse voando para as al­ Sentada sôbre um penhasco
lhe solidariamente.
turas do céu! Então ficariam orgulho­ Aguardando apenas te r
sos; então, quem sabe, compreen­ O desejo de voar. — Os médicos continuam insistin­
deriam que ser diferente não era tão Voar em círculos largos do em que não há esperança?
ruim assim. Em vôo baixo e profundo
Por sôbre montes e vales — Nenhuma. Afirm am que conti­
Um pardal castanho pousou num Até os confins do mundo.” nuará mudo para o resto da vida.
galho acima dêle, fazendo oscilar o
ramo para cima e para baixo. Pôs-se Riu novamente lá no íntim o e de­ — Que lástima, — comentou a v i­
a rir, quando o animalzinho bateu as dicou a poesia ao pássaro. Não se sita, tocando seu braço. — Nunca
asas para manter o equilíbrio. importava com o tempo que estava se ntir plenamente a alegria de viver!
deitado ali. Sentia-se apenas em
“ Passarinhos, Passarinhos, perfeita sintonia com o ambiente, e A mãe assentiu com um movimen­
Quais foram os sons que ouvistes, houvesse alguém passado, provàvel- to de cabeça.

Janeiro de 1971 27
0 Poder do
T estemunho
Mark E. Petersen
do Conselho dos Doze

onverter é a meta final de todo o ensino na E como pregarão se não forem e nviad os? ... (Ro­
Igreja. manos 10:13-15) ”
A menos que seja êsse o nosso objetivo, es­
taremos fracassando como professores e líderes de Tôda pessoa que comparece às nossas aulas, ne­
classes; e fracassando individualm ente como professo­ cessita ser ensinada e mais convertida. O Evangelho
res, tôda a organização fracassa na medida concernen­ é tão amplo em suas implicações e aplicações, ofere­
te à nossa designação particular. cendo tão grande soma de conhecimento, que nenhum
m ortal até hoje conseguiu aprender tudo o que êle con­
Nossas salas de aula e púlpitos não se destinam tém. Portanto, todos precisam ser ensinados.
aos propósitos de “ foro popular", nem tampouco são
locais de debate. Não devem ser utilizados como “ cai­ As pessoas que comparecem às nossas aulas, fre ­
xa acústica" para promulgar idéias, interpretações e qüentemente mostram-se “ fam intas e sedentas” das
pareceres particulares do professor. tenras sementes de justiça encontradas numa lição bem
apresentada. Ao professor da classe cabe a responsa­
Nossas salas de aula e púlpitos são centros de bilidade de satisfazer essa necessidade, através de ma­
aprendizagem do Evangelho, instalações pelas quais se terial devidamente preparado, que seja ortodoxo e, cor­
podem tocar os corações e converterem-se almas ao reto e isento de especulações de qualquer tipo.
Evangelho de nosso Senhor Jesus C risto.
A boa instrução incluirá o emprêgo de auxílios v i­
As palavras de Paulo aos romanos devem soar suais, quando apropriados, bem como da palavra falada.
constantemente em nossos ouvidos: As referências às Escrituras são vita is em tôda lição.
Nosso ensino deve comportar a marca de autenticidade,
" . . . Todo aquêle que invocar o nome do Senhor e quando recorremos generosamente às Escrituras na
será salvo. educação religiosa, elas asseguram essa qualidade.

“ Como pois invocarão aquêle em quem não creram? Mas existe ainda outro fa to r imprescindível para
e como crerão naquele de quem não ouviram? e como lograrmos as conversões almejadas entre os membros
ouvirão, se não há quem pregue? da nossa classe — o TESTEMUNHO.

28 A LIAH O N A
Quando se pergunta a pessoas recém-convertidas de um testemunho no qual o professor declara com tô­
sôbre o que mais as impressionou ao conhecerem a da a sinceridade:
Igreja, quase tôdas respondem: O profundo e sincero
“ E presto testemunho a vocês de que eu sei que
testemunho do m issionário.
isto é verdade".
Na qualidade de professores de uma ciasse, tam ­ Êste método converte não-membros pelo mundo
bém somos missionários e, se esperamos converter afora. Será igualmente eficiente na conversão e “ re­
nossos alunos às doutrinas de que falamos, precisa­ conversão” daqueles que vêm à sua aula.
mos utilizar o poder do testemunho, exatamente como
O testemunho sincero é acompanhado por uma in­
o fazem os m issionários de proselitism o. fluência especial. Através dêle, o Senhor derrama seu
Espírito profusamente. Seja onde fô r que prestemos
“ Ensinar*— T estificar — B atizar!”
nosso testemunho — como missionários pelò mundo
Eis a rota seguida pelos m issionários, devendo ser afora, aos fam iliares no círculo doméstico, ou aos mem­
também o nosso método ao d irig ir uma aula. bros de uma classe na Escola Dominical — essa fôrça
estará conosco. Mas, sem êle, poderá nosso ensino soar
Hoje em dia, m uito se tem falado sôbre o ensino convincentemente?
“ direto e personalizado". É realmente m uito eficiente.
Se possuímos um testemunho ardendo em nosso
Ainda assim, tal método deixa m uito a desejar, a não
peito e o prestarmos destemida e corajosamente, cau­
ser que seja acompanhado pelo testemunho direto e
saremos a impressão desejada. As conversões se se­
pessoal vindo de um professor dedicado.
guirão e, com elas, virá a salvação para todos os que
obedecerem.
Quando uma lição é apresentada eficiente e convin­
centemente, o que mais se pode comparar ao clímax Êste é o nosso testemunho!

“BUSCAI E ENCONTRAREIS”
Johann A. Wondra
Mateus 7:7

*T ? ui criado sem qualquer instrução religiosa. Nun- segurança; e durante meus tempos de universitário, res­
■"1 ca ouvira nada sôbre o nosso Pai C elestial e tava-me apenas uma concepção abstrata de Deus, até
somente descrições desconcertantes do nos­ o dia em que dois m issionários da Igreja de Jesus Cris­
so Redentor. Não obstante, já como criança pequena, to dos Santos dos Ú ltim os Dias me procuraram. Quando
desenvolveu-se em mim um sentim ento m uito fo rte e abri a porta à batida dêles, anuciaram: “ Temos uma
definido quanto à existência de um Ser espiritual invisí­ mensagem de Deus para você.”
vel interessado em mim, como seria um pai carinhoso,
e que me entendia e a tôdas as minhas esperanças e as­ Eu estava preparado para aquela visita. Estivera
pirações. Êsse ente era para mim algo m uito real, e eu buscando e ansiando pela verdade. Não mais poderia vi­
o consultava quanto a tôdas as minhas necessidades in­ ver sem ela. Sentia que a verdade existe e que eu have­
fantis e em todos os meus problemas. Entretanto, pou­ ria de encontrá-la.
co a pouco, fu i perdendo êsse setim ento que me dera
“ Temos uma mensagem de Deus para você!" As
singelas palavras daqueles m issionários tocaram-me
profundamente. Ouvi a história de Joseph Smith. De­
Johann A. Wondra foi batizado na Igreja a 30 de novembro de pois, deixaram comigo o Livro de Mórmon que li duma
1958, à qual continua servindo ativamente desde aquela data. É
só assentada, sentindo-me tomado por um indescritível
formado pela Universidade de Viena, trabalhando profissionalmente
como diretor assistente do B urgtheater de Viena. É casado com sentim ento de alegria, como nunca antes havia expe­
Ursula Tischauser. O casal tem três filhos. rimentado.
“ Eu sou o caminho, a verdade e a vida...”
Joao 14:6

Sim, ali estava a verdade! Que alegria inexprimível Admirava Néfi, o filho de Léhi, desde a prim eira
— saber realmente que existe um Ser assim, exatamen­ vez que travara conhecimento com o Livro de Mórmon.
te como pressentira na infância, que há üm Pai nos céus M uitas vêzes, m editei sôbre os aspectos em que dife­
e que eu era seu filh o e êle meu Pai para todo o ria dos irmãos mais velhos, Lamã e Lemuel. Entender
sempre. aquela diferença era m uito importante para mim, pois,
de alguma forma, parecia servir de medida à minha pró­
Recordo-me nitidam ente do dia em que fui batizado pria atitude para com o Profeta, que, à semelhança de
e da sensação cálida, tranqüila e fe liz em meu coração. Léhi, dirige a grande fam ília da Igreja. Era importante
Naquele tempo, tomei a decisão de procurar conhecer para mim conhecer as bases da conduta de Néfi, a fim
realmente meu Pai Celeste e meu Redentor, e ligar-me de ser contado entre os “ edificadores” e não entre os
intimamente a êles. O caminho foi-me tornado claro “ m urm uradores” . Um dia, descobri. A única diferença
pelas palavras de Joseph Smith e John Taylor, quando realmente distin tiva era o fato de Néfi desejar testem u­
lhe disse que atentasse para os ditames do Espírito de nhar as revelações através do poder do Espírito Santo,
Deus. como seu pai fizera, enquanto seus irmãos apenas que­
riam debater e argumentar sôbre elas. (Veja I Néfi
"A tenta para o que o Espírito te sussurra," disse 10:17-19; 15:1-11) E por isso, a vida de Néfi alicerçava-
Joseph Smith. “ Aplica-o em tua vida e se tornará um se na revelação pessoal. Êle sabia e via. E assim, resol­
princípio de revelação, para que possas conhecer e en­ vi prestar atenção a cada palavra do nosso Profeta vivo,
tender o espírito dêsse poder.” estudar suas palavras e orar acêrca do que disse, e
como poderia aplicá-las em minha vida. Agindo dessa
Comecei a treinar-me para, atender, consciente­
forma, tive muitas experiências maravilhosas e obtive
mente, aos ditames do Espírito de Deus. Costumava
um firm e testemunho de que Deus, usando seus profe­
passear regularmente pelos belos bosques vienenses,
tas como porta-vozes, realmente fala a nós.
enquanto lia as Escrituras, orava, procurava ouvir o Es­
p írito Santo, e anotava o que sussurrava ao meu cora­ A transmissão radiofônica da conferência geral da
ção. Eu praticava isso de modo bastante semelhante ao Igreja de abril de 1968 foi, para mim, uma experiência
que se pratica com uma língua estranha. inesquecível. Minha espôsa e eu acabávamos de che­
gar do hospital em que estava internada nossa filhinha
Certo dia, preocupado com m uitos problemas, de­
de seis meses, nos últim os estágios de câncer. Já havia
cidi escalar uma montanha próxima, a fim de pedir con­
traços do mal na coluna vertebral. Seu fígado apresen­
selhos ao Senhor. Durante o caminho, elaborei uma lis­
tava o dôbro do tamanho normal. Ao abençoá-la, pro­
ta de tudo o que me deprim ia, uma lista completa até
meti que iria viver e recuperar-se, mesmo após os mé­
os mínimos detalhes. Era uma longa lista. Satisfeito
dicos especialistas terem perdido qualquer esperança
com meu trabalho, comecei a deleitar-me com as bele­
de cura. Foi logo depois disso que ouvimos a mensa­
zas naturais ao meu redor. Senti-me assombrado com a
gem do nosso amado Profeta David O. McKay. Êle falou
maneira pela qual o Senhor governava e dava vida a to ­
sôbre a divindade de Jesus C risto e a ressurreição de
do aquêle esplendor; estabelecia uma lei e depois per­
Lázaro. Essa mensagem mais uma vez nos habilitou a
m itia que tôdas as coisas a êle sujeitas elaborassem
colocar tôda a confiança no poder do Senhor. Oh, com
sua própria existência complexa. A percepção dêsse
que profunda gratidão cantamos as palavras: “ Damos
plano causou-me arrepios e parei de rogar a Deus que
graças a ti, ó Deus amado, por mandares a nós uma
me resolvesse todos os meus problemas individuais.
lu z !”
Ao a tingir o tôpo da montanha, pedi ao Senhor uma úni­
ca coisa — a necessária sabedoria e fôrça para eu mes­ Nossa filhinha ficou completamente curada e hoje
mo solucionar todos aquêles problemas. Agradeci ao é uma criança normal, sob todos os aspectos.
Senhor as muitas bênçãos da minha vida. Então, pare­
ceu-me ouvir uma voz que dizia: “ Eu sou o caminho, e Deus é verdadeiramente o Pai que nos ama. Está
a verdade e a vida.” Enquanto descia da montanha, des­ interessado em cada um de nós. Não faz distinção de
cobri que meus numerosos problemas haviam desapare­ pessoas, mas investiga antes o nosso coração. E porque
cido. Sentia-me cheio de vida divina e da percepção do nos ama, deseja que venhamos a êle e sejamos aben­
que realmente significa ser um filh o de Deus, te r uma çoados. Deu-nos um Profeta vivo, que nos ajuda a encon­
linhagem divina. tra r o caminho que leva à sua presença.

30 A LIAHONA
mão, alguma coisa me dizia. E exatamente agora neces­
um momento de oração sita orar com alguém que com partilhe sua crença!
Minhas mãos apertavam as teclas como que para
com um soldado subm ergir minhas dúvidas. O jovem acompanhou-me
com uma clara e bela voz de tenor: “ Mais perto quero
estar, meu Deus, de t i . ” Achegou-se ao banco e sen­
Carla Sanson tou-se perto de mim. Paulatinamente, minha reserva des­
vaneceu-se. Cantamos as quatro estrofes inteiras. “ Sem­
pre hei de suplicar: Mais perto quero estar, mais perto
u estava só, sentada na banqueta do órgão,

E
quero estar, meu Deus, de ti." Notei uma lágrima em
num desmantelado edifício que usávamos co­ seus olhos.
mo capela na cidade de Hamburgo, Alemanha,
ensaiando o hino “ Mais perto quero e s ta r” . Uma boa — Você alguma vez já teve mêdo de morrer? —
têrça parte do telhado havia sido arrancada pelas deto­ perguntou-me.
nações de bombas explosivas, de modo que de um la­ — Não, nunca, — respondi.
do estava pendurado em frangalhos, com um grande bu­ — Sei que logo irei m orrer no campo de batalha,
raco bem sôbre a sala de reunião. Mas era o único lu­ — prosseguiu.
gar que restara para os membros da Igreja se reuni­
.— Ora, não irá não! Você está apenas farto de lu­
rem. E estávamos m uito gratos por êle.
tar e tremendamente cansado. É natural que lhe venham
Era pelo fins do ano de 1944. A Alemanha já sofre­ êsses pensamentos. — Sentia-me extremamente inútil.
rá perdas insuportáveis; contudo, ainda formavam re­
Silenciou por longo tempo. Depois, deixou-se escor­
gimentos que eram mandados para o leste, para retar­
regar do banco e caiu de joelhos.
dar o ímpeto da invasão russa.
— Por fa v o r ... — fazendo um sinal, para que ajoe­
A bela luz dourada do sol no acaso banhava o te ­
lhasse também.
clado, enquanto meus dedos brincavam nas teclas. M ui­
tos sons dissonantes de fora passavam pela brecha no Ajoelhei-m e ao lado dêle. Então, o soldado abriu
telhado — o pôrto, a estação de estrada de ferro, o ala­ seu coração a Deus. Disse-lhe o quanto o amava, e o
rido de ruas movimentadas. Eu sabia, porém, que Deus que o Evangelho significava para êle. Mencionou o quan­
estava próximo; já sentira sua paz tantas vêzes. to sempre se sentira confortado no campo de batalha,
mas, que agora, seu coração pegava, pois sentia que
Enquanto minha mente se entretinha com êsses
sua permanência na terra estava para findar em breve.
pensamentos, ouvi uma fo rte batida na porta externa,
Desejava tanto poder viver para ser um pregador da
depois mais outra, em seguida um sacudir ruidoso. Sen­
verdade e da justiça; contudo, se fôsse da vontade do
ti a urgência naquelas pancadas e apressei-me em abrir Senhor, estava pronto a m orrer, pois sabia que do outro
a porta. Encontrei um jovem tenente em uniform e de
lado também havia trabalho a ser feito.
campanha, a quem nunca havia visto antes. Ao fita r seu
rosto inteligente mas exausto, o estranho disse: Meus olhos estavam marejados de lágrimas, e
então chegou a minha vez de falar com o Pai Celestial.
— Queira desculpar-me. Ouvi um órgão to c a n d o ...
Eu esquecera completamente que aquêle homem era
Sou o Tenete Schwartz — quero dizer, Irmão Hans
um estranho. Foi fácil expor inteiram ente o meu cora­
Schwartz, de Viena. — Estendeu-me a mão esbelta,
ção como êle fizera, e não pude deixar de notar a presen­
maltratada pelas intem péries. — Você é santo dos úl­
ça de sêres celestiais. Depois do “ amém", olhei para o
tim os dias, não é?
rosto do soldado.
C onfirm ei, com um movimento de cabeça. — Deus a abençoe, irmã, — disse, estendendo a
— Nosso regim ento está mudando de trem na es­ mão. — Tudo será bem mais fácil agora.
tação, e ali parado na plataforma, ouvi o belo hino tão Nunca mais vo ltei a encontrar aquêle jovem, Mas,
fam iliar. Segui os sons chegando até aqui. esteja onde estiver, sei que está perto de Deus.
Mas isso é impossível! Foi meu prim eiro pensa­ Essa experiência me ensinou o verdadeiro sentido
mento. A estação fica a três quarteirões inteiros, e com das palavras do Salvador: “ Deixai os meninos, e não os
todos o barulho lá fora!
estorveis de v ir a mim; porque dos tais é o reino dos
— Não pode imaginar como me deixou fe liz encon­ céus.” (Mateus 14:14)) A fim de ser-se um bom próxi­
tra r êsse lugar, — prosseguiu o moço. — Vamos partir mo, e um só coração como fam ília humana, é tão impor­
daqui a uma hora e eu precisava orar. — Hesitou, depois tante dar de si mesmo, como o fazem as crianças. Pre­
fitou-m e nos olhos. — Posso pedir-lhe que ore comigo? cisamos melhorar nossas atitudes e fazer uso dos ins­
Fiquei estupefata por um momento. Convidei-o a trum entos que constroem as pontes* de um coração
entrar na capela. Precisava de algum tempo. Seitei-me humano ao outro.
novamente ao órgão e comecei a tocar a conhecida
melodia.
O soldado sentou-se num degrau e fechou os olhos. Carla Sansom, da Ala Pacific Palisades, Califórnia, criou-se em
Hamburgo, Alemanha, onde testemunhou os acontecimentos da
Êle quer que eu ore com êle. Ainda se fôsse uma II Guerra Mundial. Atualm ente, tem um filho servindo como missio­
môça, pensei, seria bem mais fá cil. Mas êle é seu ir­ nário na Missão da Alemanha Ocidental.

Janeiro de 1971 31
“Olimpíadas” U ma irmã relatou-nos um interessante diálogo
que teve com uma amiga que não é membro
da Igreja:
— Não sei o que fazer com meus filhos. Saem de
casa e nem sequer me dizem onde vão. Preocupa-me
no Rio de Janeiro - MBN terrivelm ente o que estariam êles fazendo.
— É mesmo um problema. Em casa não é assim,
Charles Gunn hoje, por exemplo, meus filho s estão na Ig re ja ...
— Na Igreja? Não consigo fazer meus filho s irem
à igreja nem aos domingos. Como você o consegue?
I

— Temos um programa de esportes na Igreja.


Meus filho s adoram ir à Igreja todos os sábados para
jogarem voleibol, cestobol e futebol. O programa é cha­
mado “Olimpíadas". Foi iniciado em setembro passado
e todos os ramos da área do Rio de Janeiro tem jogado
uns contra os outros. Há equipes para tôdas as idades:
rapazes e môças, maiores e menores de 16 anos, adul­
tos casados. Há jogos tôdas as noites de sexta-feira e
tardes de sábado. Nossa fam ília simplesm ente adora
isso. E o m elhor é que term inará somente no Natal, o
que significa que tôdas as sexta-feiras e sábados nossa
fam ília tem algo para fazer junta que nos ajudará a nos
tornarm os melhores amigos dos membros de todos os
ramos.
— Isto é realmente interessante. Aliás, qual é mes­
mo a Igreja a que você disse que p e rte n c ia ...?

Missão Brasil Norte


Crescimento Acelerado
N.° de N.° de N.° de M is­ CONVERSÕES
RAMOS/DISTRITOS ENDERÊÇO PRESIDENTE Membros Famílias sionários Agõsto TOTAL

A náp olis (não há ram o) 4 — —


Belo H orizonte R. Levindo Lopes, 214 C láudio I. Bueno 429 161 12 18 59
Floresta R. Levindo Lopes, 214 Robert G. Taylor 264 103 8 1 17
B rasília A v. W5, mod. 59, n.° 913 Pedro B. Pradera 364 143 8 ,5 33
Goiânia R. 55, n.° 33, CP 714 Fenton L. Broadhead 197 76 8 3 68
Juiz de Fora R. E s p írito Santo, 743 G erold Rey 270 92 6 — 10
TOTAL DA ÁREA 1524 575 46 27 187
Cascadura R. S ilva Telles, 99 O víd io C. V ieira 431 124 22 9 87
Jardim Botânico R. Zara, 17 Vai H. C arter 406 134 14 5 24
M eier R. S ilva Telles, 99 M ário N. Cam panella 262 102 8 6 52
N iteró i R. M igu el C outo, 413 G eraldo de J. S. e S ilva 364 129 16 3 42
Nova Friburgo A v. G aldino do Vale, 43 K ent Gale 57 15 4 2 17
P etrópolis R. Tereza, 52 W aldem ar Sandri 149 57 4 — 9
Teresópolis R C arm ela D utra, 661 João Bonatti 124 48 2 — —
Tijuca R S ilva Telles, 99 V aldem ar C ury 392 195 14 8 53
V itó ria R. Barão de M o njard im , 107 Elverson B. T. M iranda 91 20 4 1 9
V olta Redonda R. Panamá, 11 H eraldo B. Barroso 83 20 — — —
DISTRITO DO RIO DE JANEIRO R. Silva Telles, 99 JOÃO A. DIAS FILHO 2359 783 88 34 293
Campina Grande R. S iqueira Cam pos, 655 José F. Barbosa 82 21 4 11 20
Fortaleza R. Barão de A ra c a tí, 786 Paige Jeffs 68 23 8 — 14
João Pessoa A v. João M achado, 765 Luís P. de Carvalho 157 31 4 9 12
M aceió R. Uruguai, 321 Dean C le ve rly 56 14 4 — 5
Recife R. das N infas, 30 Evaldo F. de O live ira 436 149 12 8 37
DISTRITO DE PERNAMBUCO R. das Ninfas, 30 ALFREDO F.T. DE MIRANDA 799 238 32 28 88
MISSÃO BRASIL NORTE R. Stefan Zweig, 158 HAL R. JOHNSON 4682 1596 166 89 568

32 A LIAHONA
Atrás, a partir da esq., Pres. Ângelo B. Perillo, do DBH; Cláudio I. Bueno, do Ramo de BH; na frente, da esq. para a dir.: Allen
Hanson, 2.° Cons.; Pres. Hal R. Johnson; W alm ir Silva, 1.» Cons.; da MBN e Pres. Robert G. Taylor, do Ramo da Floresta.

O Rumo dos Ramos em

Belo Horizonte - MBN

0
fenomenal sucesso da obra evangélica que o de Belo Horizonte, liderado pelo Presidente Cláudio I.
Brasil vem experimentando tem conduzido ao Bueno; Floresta, liderado pelo Presidente Robert G.
desmembramento das unidades existentes e a Taylor e Juiz de Fora, presidido pelo Élder Jerald A. Roy.
criação de novas. Com o apoio integral dos santos da região fo i chamado
Êsse crescim ento tem se mostrado de maneira a d irig ir essa nova unidade o Presidente Angelo B. Pe­
atuante nas áreas abrangidas pela MBN, a exemplo, com rillo , tendo por 1.° Cons. Jefferson G. Souza e 2.° Cons.
a presença de membros e amigos da Igreja, realizou-se Daniel Laguardia, secretariados por Itamar Braga.
dia 25 de outubro passado, na capela de Belo Horizonte, Das proposituras apresentadas pelos novos líderes
importante conferência que contou com a presença das a prim eira é estudar a viabilidade de um futuro des­
autoridades daquela Missão, lideradas pelo Presidente membramento dos atuais ramos da capital belorizontina
Hal R. Johnson, na oportunidade foi proposta a criação dando origem a um terceiro, ao que indica, a ser insta­
do Distrito de Belo Horizonte, que congregaria os ramos lado no Bairro Industrial, daquela cidade.

Cõro dos Ramos de Belo Horizonte e Floresta, durante a A congregação ergue o braço em sinal de apoio à criação
conferência. do DBH.

Janeiro de 1971 33
Missionários e membros participaram ativamente da exposição.

Expo-Móvel em Goiânia

S
ob todos os aspectos, a exposição móvel reali­ referências foram recebidas, o que animou bastante os
zada em agôsto passado em Goiânia foi um membros que tanto trabalharam para fazer com que a
grande sucesso. Durante os dez dias em que exposição obtivesse sucesso.
estêve aberta ao público, mais de mil pessoas a v is i­ A exposição consistiu de material transportado de
taram. Inicialmente estêve montada na capela do Ramo Belo Horizonte e foi usado com bastante imaginação
de Goiânia (Rua 55, 33 — Bairro Popular); porém, quan­ pelos irmãos do planalto central que acrecentaram os
do o Vice-Governador do estado a visitou, impressionou- toques originais responsáveis pelo êxito conseguido. A
se o suficiente providenciando sua mudança a um nôvo mostra produziu ótim os efeitos na população local, que
edifício comercial no centro da cidade. vem se tornando mais receptiva à mensagem dos mis­
O ramo, com 150 membros e 8 missionários, parti­ sionários, passando a recebê-los mais atenciosamente.
cipou ativamente para e fetivar a exposição. Mais de 250 de um informe do Élder David Jones

Elder Haight manifestou-se com respeito à palavra:

44r\ r>
l^uase
C
om a visita do Élder David B. Haight ao Brasil, No conceito SUD, o inferno é um lugar de consciên­
em setembro passado, m issionários e mem­ cia de culpa, conhecimento de que você teria se saído
bros tiveram a oportunidade de ouvirem e fa­ melhor se tivesse se esforçado mais. Dizer: “ quase con­
larem com um homem inspirado de Deus. Um dos mais se gu i” não trará paz à mente.
significativos pronunciamentos que fêz foi com respeito “ Quase” não basta a nenhum SUD durante a exis­
à palavra “ quase” . tência m ortal. Nenhum jovem SUD poderia obter um
Como membros da Igreja de Jesus C risto, fomos emprêgo altamente qualificado para o qual êle “ quase”
abençoados com um verdadeiro conhecimento do con­ estudou e nenhum vendedor SUD poderá alim entar sua
ceito de Deus. Sabemos de nosso potencial pes­ fam ília com a venda que êle “ quase” fêz.
soal, que podemos nos tornar como Deus e viver Fomos escolhidos desde a fundação do mundo para
para sempre com êle no reino celestial. Compreende­ sermos o povo mais reto da terra e não o povo “ quase
mos que para viverm os com Deus precisamos nos to r­ re to ” . “ Quase” nos impedirá de receber a exaltação
nar perfeitos. Pode você imaginar a consternação de eterna. Devemos nos lembrar de que, aos olhos de
não se a tingir a perfeição, o sofrim ento mental de ter Deus, “ quase bom ” não é bom suficiente.
que repetir para si continuamente: “Quase cheguei a
ser digno de ser adm itido na glória celestial?" (de um informe de Bruce Howard)

34 A LIAH O N A
... .
- _
,..

0 Bispo Nelson de Genaro, da Ala de Sorocaba I, apresenta a sua congregação a Taça do Presidente, conquistada merecidamente.

A Taça do Presidente
Bruce Howard

Q
uando os membros da Igreja perguntavam a verifica-se em qual zona produziu-se o maior número de
Joseph Smith qual era a coisa mais importante conversões, à qual caberá o privilégio de reter o troféu
que poderiam fazer, sua resposta era invarià- até a reunião seguinte. No final de cada mês, o nome
da zona que alcançou o maior número de conversões
velmente a mesma: “ Preguem arrependimento a êste
povo e tragam almas de volta à presença do Pai Celes­
(e o nome dos ramos que a compreendem) é gravado
tia l.” O maior chamado do homem no seu estado mortal no troféu. Congratulações a Sorocaba I e II por terem
é a pregação do Evangelho. ganho a taça no prim eiro mês. No troféu será gravado:
Cada um de nós, como membros da Igreja de Jesus Setembro de 1970 — Zona III — Sorocaba I e II.
C risto dos Santos dos Ú ltim os Dias, temos a oportuni­ Êste programa é uma oportunidade de obter um re­
dade e a responsabilidade de convidar as pessoas a conhecimento visível por fazer a obra do Senhor. Lem­
conhecerem mais sôbre o Evangelho de Jesus C risto, bremo-nos, entretanto, de que cada batismo representa
mas muitas vêzes encontramos problemas: ou não sa­ um filho do nosso Pai C elestial que veio a obter um
bemos como iniciar uma palestra sôbre a Igreja ou não verdadeiro conhecimento de Deus. Cada batismo signi­
estamos m uito dispostos a fazê-lo. Por essa razão, te ­ fica que mais um dos nossos irmãos aqui na terra teve
mos na Igreja a organização m issionária. a oportunidade de v ir a ser verdadeiramente feliz v i­
O Presidente da missão ensina os m issionários a vendo a vida que nosso Pai Celeste deseja que vivemos.
serem melhores em seu trabalho, reúne-se amiúde com Lembremo-nos também da promessa feita a nós,
êles, abre-lhes novas perspectivas e encoraja-os a esfor- quando ajudamos nossos amigos a entrarem para Igreja:
çarem-se mais. Por sua vez os m issionários visitam os “ E, se acontecer que, se trabalhardes todos os vossos
membros e fazem o mesmo. dias, proclamando arrependim ento a êste povo, e trou-
Para encorajar tanto os m issionários quanto os xerdes a mim, mesmo que seja uma só alma, quão gran­
membros a darem tudo de si para trazerem mais almas de será a vossa alegria com ela no reino de meu Pai.
ao conhecimento do Evangelho, a MBC criou um troféu E agora, se a vossa alegria fô r grande com uma só alma
rotativo chamado TAÇA DO PRESIDENTE. Quinzenal­ que trouxeste a mim no reino de meu Pai, quão grande
mente, ao reunirem-se os líderes de zona para avalia­ será a vossa alegria se me trouxerdes muitas alm as!”
rem o trabalho e discutirem problemas e novas idéias, (D&C 18:15-16)

Janeiro de 1971 35
MBC - Desenvolve-se
“ Ide por todo mundo, pregai o evangelho a tôda criatura...”
Marcos 16:15

ALAS/ESTACAS BISPOS/ M ISSIONÁRIOS CONVERSÕES


RAMOS/DISTRITOS ENDERÊÇO PRESIDENTES Integral Setembro Total

Ala III — S. Amaro R. São Benedito, 504 Juan C. Vidal 4 3 50


Ala IV — Pinheiros R. Brig. Faria Lima, 1980 Benjamin O. Almeida 4 2 45
Ala V — Pinheiros R. Brig. Faria Lima, 1980 Humberto Silveira 6 5 54
Ala VI — Perdizes R. Caiubi, 345 Mituo ikemoto 4 7 65
Ala V II — Casa Verde R. Antenor Guerlândia, 34 Giorgios H. Orfanos 2 2 21
Ala V III — Santana R. Padre Donizetti T. Lima, 28 Mitsuru Kikuchi 6 2 89
Sorocaba I R. Gen. Osório, 515 Nelson de Genaro 4 32 123
Sorocaba II R. Gen. Osório, 515 Raimundo José Libânio 4 7 16
Jaçanã R. Francisco Rodrigues, 67 Benedito Pires Dias 2 5 20
Lapa R. Guararapes, 470 Oswaldo S. Camargo 2 — 17
Pedreira R. Prof. Guilherme B. Sabino, 151 Alberto Barbagallo 2 2 9
Osasco R. Caldus Taio, 265 João M . de Souza 2 3 26
ESTACA SÃO PAULO R. Brig. Faria Lima, 1980 WALTER SPÀT 42 70 535
Ala I — Vila Mariana R. M aurício Klabin, 92 Rodamés Sceppa 6 3 101
Ala II — B. Saúde R. Ibituruna, 82 Antonio Andreolli 4 1 70
Ala IX — V. Maria Av. Guilherme Cotching, 129 Gentil de Souza 2 2 23
Ala X — Penha R. Rodovalho Júnior, 666 José M . Rodrigues Filho 6 6 78
Ala XI — Moóca R. da Moóca, 4835 Wagner dos Santos 6 2 91
Cambucí R. Lavapés, 1051 José G. Galhardo 2 1 11
Ipiranga R. Maurício Klabin, 92 Edgar Nascimbeni 4 3 27
Jabaquara R. Ibituruna, 82 I Io M. de Souza 4 1 3
Vila Prudente R. Ibitirama, 700 José Vieira Netto 4 4 23
ESTACA SÃO PAULO LESTE R. Ibituruna, 82 HÉLIO DA R. CAMARGO 38 23 427
Ala de Santo André R. Catequese, 432 João Fin 6 5 88
Ala de Santos Av. Valdemar Leão, 305 Joaquim Martinez 8 8 92
Ala de São Vicente R. Dom Lara, 504 Armando Jekabson 4 3 60
Gonzaga R. Paraíba, 94 Mario S. Azevedo 2 2 23
Mauá R. Alvares Machado, 19 Victor V. Vespolli 2 3 10
Santo André II R. Catequese, 432 Mario Mazzaro 2 ' — —
São Bernardo R. Cândido Portinari, 68 Walfrido A. Silveira 2 — 17
São Caetano R. Maranhão, 944 Antonio J. Padula 2 — 7
ESTACA SÀO PAULO SUL R. Catequese, 432 SAUL M . DE OLIVEIRA 28 21 297
Campinas I R. Duque de Caxias, 645 Elésio Ribeiro 2 — 16
Campinas II R. Frei Manoel Ressurreição, 696 Eduardo C. Nalli 2 — 13
Campinas III R. Duque de Caxias, 645 Álvaro Cunha 2 11 32
Campinas IV R. Duque de Caxias, 645 Jesus P. Busto 2 6 49
Jundiaí R. Bartolomeu Lourenço, 202 Francisco Ribeiro 2 2 9
Piracicaba R. Morais Barros, 369 Nelson Gonçalves 2 3 16
Rio Claro R. Seis, 1438 Michael Groesbeck 2 — 9
São José dos Campos Av. Mal. Floriano Peixoto, 208 Expedito J. Saraiva 2 — 8
DISTRITO DE CAMPINAS R. Frei Manoel Ressurreição, 696 EVALDO MARTINS 16 22 152
Araraquara R. Voluntários da Pátria, 1209 Geraldo de Mendonça 4 9 35
Baurú R. Gustavo M aciel, 1641 Roberto Andelin 2 2 23
M arflia R. Lima e Costa, 318 Masakazu Watabe 2 3 22
Ribeirão Prêto R. São Sebastião, 1003 Orivaldo dos Santos 6 4 51
DISTRITO DE ARARAQUARA R. Voluntários da Pátria, 1209 JALAL SAMAHA 14 12 131
Araçatuba R. Luiz Pereira Barreto, 245 Jair de Oliveira 4 4 51
Presidente Prudente R. Pedro de Oliveira Costa, 234 Michael Deputy 4 4 18
São José do Rio Prêto R. M al. Deodoro, 2846 Oscar de Oliveira 4 2 24
DISTRITO DE ARAÇATUBA R. Luiz Pereira Barreto, 245 HORÁCIO SAITO 12 10 93
Apucarana R. Clotário Portugal, 1126 José G. Testa 2 — 9
Londrina R. Belo Horizonte, 1236 João Finardi 2 1 18
Maringá R. 15 de Novembro, 1040 Ciro L. da Silva 2 5 13
DISTRITO DE LONDRINA R. Belo Horizonte, 1236 GUNTHER SALIK 6 6 40
Curitiba I Av. Iguassu, 1460 Jorgi Aoto 4 5 78
Curitiba II R. Gottlieb M uller, 96 Enos de Castro Deus 2 7 70
Curitiba III R. Mateus Leme, Francisco Gomes 4 2 31
Curitiba IV Av. Iguassu, 1460 Leví Gaertner 4 10 62
Curitiba V R. Gottlieb Muller, 96 Ismael Cordeiro, Jr. 4 4 21
Curitiba VI R. Bonifácio Vilella, Rosaldo Gaertner 2 4 50
Curitiba V II R. Bonifácio Vilella, Bruno Smatz 2 7 7
DISTRITO DE CURITIBA R. Gottlieb Muller, 96 JASON GARCIA SOUZA 22 39 319
MISSÃO BRASIL CENTRAL R. Henrique Monteiro, 215 SHERMAN H. HIBBERT 178 203 1994

36 A LIAHONA
Na foto, Alfredo à esq. e Wagner à dir., durante seus O trabalho nas construções torna-se mais agradável quando
estudos do evangelho que fazem tôdas as manhãs. desenvolve-se o companheirismo.

Construtores de Capelas
Manoel Marcelino Netto

bom ser útil, principalm ente quando se pode minhas mãos para a edificação do reino construindo ca­

E ser útil ajudando a edificar o reino de Deus na


terra. Você gostaria de dedicar-se por dois anos
pelas onde os santos possam voltar-se para o Senhor
em conforto. Ao e dificar capelas, tendo edificado tam­
inteiram ente ao serviço do Senhor? Se você possui bém
forte testemunho, fôrça de vontade, saúde e guarda fie l­
um o meu e sp írito .” A lfredo tem apenas dezessete
anos e está servindo junto a Wagner da Silva, de Pôrto
mente os mandamentos do Senhor, você preenche todos Alegre V, também com dezessete anos. A respeito dos
os requisitos para ser chamado a se rvir como Constru­ onze meses que já está em missão, diz Wagner: “ Sou
tor de Capelas. Procure seu bispo ou presidente de m uito grato ao Pai Celestial pelo privilégio de poder
ramo se você sente que pode servir ao Senhor neste servir à sua Igreja. Tenho recebido muitas bênçãos e
momento em que a Igreja está crescendo tão acelera­ tenho tido oportunidade de ajudar na pregação do Evan­
damente. gelho. Tenho fortalecido meu testemunho do Evangelho
M uitos jovens estão sendo chamados a servir neste e tenho procurado m agnificar meu chamado desenvol­
grande trabalho. A lfredo R. Somermann, de Pôrto A le­ vendo os talentos: a custo de m uito esforço estou apren­
gre VII, assim se expressa sôbre o seu chamado: “ Sin­ dendo a tocar ao órgão e já posso ajudar na AM M como
to-me honrado em poder contribuir com o trabalho das organista.”

Chamado a Servir
esde dezembro de 1969, o Departamento de Em 1963 teve a oportunidade de supervisionar também

D Construção da Igreja no Brasil tem nova su­


pervisão. Com o término^ do chamado do
a construção da capela de Pôrto Alegre II. Ao term inar
seu trabalho como supervisor de construção de proje­
Élder Dean R. Heaton, que ocupava o cargo de super­
visor da área brasileira, foi chamado a liderar êste setor
tos em 1964, foi designado supervisor de construção da
área do Chile, aí trabalhando de 1964 a 65, após o que
da Igreja o Élder Franklin Ross Jensen. retirou-se para Pasco, Washington, passando a trabalhar
por conta própria como construtor até 1969, quando
Élder Jensen, nascido em Blackfoot, Idaho, em 6
então aceitou um contrato da Igreja para a posição que
de maio de 1924, descendente de pioneiros da Igreja,
ora ocupa.
aprendeu desde a infância a amar, louvar e dedicar uma
Casado com Norma W right Jensen, é pai de quatro
boa parcela do seu tempo ao Evangelho. Serviu com
filhos. Quando se conversa à vontade com o Irmão
distinção em missão de proselitism o no Brasil de 1946
Jensen, percebe-se logo que seu passatempo favorito
a 1949.
é uma boa pescaria, prática à qual não tem podido de-
Em 1961 foi chamado para supervisor da construção dicar-se m uito nestes dias quando as perspectivas de
da capela do Ramo de Pôrto Alegre I, a prim eira no novas construções no Brasil têm-lhe ocupado quase
Brasil a adotar o sistema de m issionários construtores. todo o tempo.

Janeiro de 1971 37
Élder Monte Stewart, da MBN, tem obtido muito sucesso Élder "D " Casperson, quando da sua participação ativa
com o programa. na campanha.

A LIAHONA
contato eficaz
Edward D. Casperson

M uitas vêzes após inúmeras horas dispensadas


com um investigador, o m issionário deixa-o
porque a mensagem não estava sendo bem
recebida. Talvez algum dia outros m issionários baterão
possíveis oportunidades, mas 12 contatos eficazes e
contínuos com a Igreja.
Todos nós estamos equipados com uma pasta pro­
mocional da revista. De maneira que podemos mediante
naquela mesma porta e após a visita de diferentes du­ a venda de uma subscrição, oferecer condições ao in­
plas de m issionários, quem sabe o investigador seja vestigador não preparado para a aceitação imediata, o
convertido. meio de obter um testemunho do Evangelho, através
Quanto tempo tomou êsse processo de conversão? das páginas da revista.
Haveria uma possibilidade de reduzir êsse tempo? O E nós os m issionários compreendendo o número de
pessoal d ’A LIAHONA apresentou a nós m issionários frutos que pode ser colhido com êste programa, esta­
um plano que oferece ao investigador não apenas 5 ou 6 mos ocupadíssimos colocando-o em prática.

Futura Estaca de Sião


Steven L. Sharmahd

sta comparação entre períodos iguais (batismos

E de setembro de 1968 até agôsto de 1969 com


batismos de setembro de 1969 até agôsto de
1970) demonstra o grande desenvolvimento que vem
colocando em merecido destaque o Distrito de Pôrto
Alegre.
Tal progresso na obra missionária tem sido o resul­
tado do interêsse e dedicação dos membros e missio­
nários distritais e missionários de tempo integral entu­
siasmados em cooperar para breve consecução de uma
estaca gaúcha, para a qual o Distrito vem se preparando
intensamente.

38 A LIAHONA
Da esq. para a dir.: Jay Holloman. Keith Finlayson, James Arrington e Douglas Cardon, numa das apresentações na TV gaúcha.

Mor-Môços”
Divulgam a Igreja no Sul
m dos meios que mais têm sido utilizados élderes Jay Holloman, Keith Finlayson, James Arrington

U por m issionários em todo o Brasil para divul­


garem a Mensagem é a música. Solos, duetos,

sentações de sucesso que, não obstante certas d ific u l­


e Douglas Cardon formaram o Quarteto “ M or-M oços” e
desde agôsto têm se apresentado em várias cidades do
trios e quartetos tem sido formados e conduzido apre­
Rio Grande do Sul, em clubes, salões e canais de tele­
visão estações de rádio, produzindo sensíveis resultados
dades, tem produzido bons frutos e preparado pessoas para obra m issionária.
para tornarem-se mais receptivas ao Evangelho. Para fa c ilita r as apresentações do conjunto, ar­
ranjando programas, equipamento e cuidando da publi­
Também na MBS jovens m issionários tem empre­ cidade, foram chamados os élderes Joseph C ollet e
gado seu talento musical para apresentarem a Igreja. Os Gregory Horne, que funcionarão como empresários.

Missão Gaúcha Desenvolve-se


Jaime Gargioni

pós quase cinco meses de árduo trabalho, o A fim de obter melhores resultados pela concen­

A D istrito de Pôrto Alegre começa a colher os


prim eiros frutos do trabalho m issionário dis­
trita l. A intensa atividade desenvolvida nos vários ramos
da Capital gaúcha já resultou em várias conversões que
tração de esforços está sendo estudada a conjugação
do trabalho dos m issionários d is trita is com o dos m is­
sionários de tempo integral.
Por ocasião da últim a conferência d istrita l de Pôrto
deverão fortalecer a Igreja nessa cidade. Alegre, realizada em agôsto passado, quatro novos mis­
Comentando sôbre o trabalho que vem sendo reali­ sionários d is trita is foram chamados e apoiados: Marco
zado, diz Jaime Gargioni, Presidente da Missão do Dis­ A. Pinheiro e Eno Leal, de Pôrto Alegre IV, trabalharão
trito de Pôrto Alegre: "A s alegrias do batismo não são juntos; o chamado de Terezinha Costa e Izélia Nunes
fáceis. Dificuldades muitas vêzes entravam a obra, exi­ aumentou para seis o número de m issionários distrita is
gindo dos missionários tôda espécie de sacrifícios. Na de Pôrto Alegre V.
realidade, êste chamado só é aceito e cumprido por Dedicando tôda a sua capacidade para bem repre­
aquêles que realmente entendem o significado da se­ sentar a Igreja no Sul, os novos m issionários integram
gunda vinda de Jesus C risto, por aquêles para quem o um dos grupos que mais trabalham pela formação da
amor ao próximo é a melhor expressão do amor a Deus.” futura Estaca de Pôrto Alegre.
Se Estivesse Acontecendo Conosco
Richard L. Evans
do C onselho dos Doze

a antiga Atenas, respondendo à questão de como poderia ser

N eliminada a criminalidade, disse Sólon: “ (O crime) será abo­


lido, quando todos os não ofendidos sentirem a mesma in­
dignação daqueles que o fo ra m ” Ouve-se freqüentemente a tão co­
nhecida frase: “Estou aqui pela graça de Deus” E o mesmo poderia
dar-se com todos nós, sob certas circunstâncias — doença, acidente,
agressão — necessitando de auxílio, necessitando literalmente de al­
guém que nos salve. E como, então, ignorar as sérias, suplicantes ne­
cessidades alheias? Como mostrar-se indiferente diante de uma situa­
ção real, desesperada? “O maior pecado contra a humanidade,” afir­
mou o jornalista, crítico e dramaturgo irlandês George Bernard Shaw,
“não é odiá-la — mas ser indiferente a ela.” Muito se fala, e aparen­
temente há grande preocupação sôbre o povo e seus problemas, mas
muito amiúde também há indiferença patente em reagir às necessida­
des imediatas e urgentes das pessoas individualmente — a ponto de
nos recusarmos a socorrer nosso semelhante com a desculpa, às vê­
zes desumana, de não querermos ser envolvidos. Vêzes demais é uma
réplica da parábola do Salvador sôbre o homem que foi atacado, rou­
bado e largado como morto — e diversos “passaram de largo” fingin­
do nada ver ou ouvir — porém, poucas vêzes aparece em cena o bom
samaritano. Temos as palavras de John Donne para lembrar-nos de
que “nenhum homem é uma ilha”, e somente o fato de alguma coisa
que acontece a outros não nos estar afetando naquele momento, não
significa que somos imunes a ela. Se houver um cão raivoso à solta,
não podemos saber quem será mordido. Não é racional nem seguro
mostrar-se complacente quanto ao que acontece aos outros. Não é se­
guro pretender que aquilo não nos diz respeito. De certo modo, o que
acontecer a qualquer um de nós, acontece a todos nós, e os que es­
tiverem em dificuldade, precisam ser ajudados, se queremos uma so­
ciedade segura e ordeira. E não nos deveríamos esquecer da preocupa­
ção que sentiríamos, se o que acontece a outros nos estivesse aconte­
cendo — e como ficaríamos admirados, porque os outros se estariam
afastando, fingindo nada ver, passando ao largo. “ (O crime) será abo­
lido, quando todos os não ofendidos sentirem a mesma indignação da­
queles que o fo ra m .”

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