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UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP

DIREITO A EDUCAÇÃO

ANDRÉ LUÍS PEREIRA

Gravataí
2018
INTRODUÇÃO

Visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da


cidadania e sua qualificação para o trabalho a educação é promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade. É um direito de todos e um dever do Estado e da
família a realização deste processo. Assim, o professor tona-se uma ferramenta
social essencial para o desenvolvimento intelectual de uma comunidade. Com ele
deve se desenrolar toda a dinâmica pedagógica para atingir os objetivos propostos
para a Educação como um todo. Os desafios do educador permeiam os diferentes
meios sociais, o histórico do educando como pessoa humana e sua maior ou menor
capacidade de formular e absorver não só conhecimento, mas hábitos e atitudes.
Não só o conhecimento científico, mas a escola também ensina a cidadania, o ser
cidadão.
Mesmo as políticas públicas da Educação conforme a Constituição Federal e
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica, ainda hoje não favorecem ao
trabalho educacional. O processo educacional e todas as condições para um
exercício pleno da formação básica carecem do envolvimento de toda a sociedade.
A Escolarização, a Educação e a Cultura perpassam por governos mais atentos às
necessidades das instituições escolares, por professores sistematicamente
qualificados, por pais mais presentes na vida escolar de seus filhos e por gestores
educacionais que motivem todos a levar avante a formação integral dos alunos.
1. A importância da docência na formação do cidadão

De acordo com a Constituição Federal de 1988, o artigo 208 deixa claro que
“toda criança tem assegurado o direito a educação a partir dos 6 anos”. Ou seja, é
dever do Estado que toda criança tenha direito e acesso aos conhecimentos
produzidos pela humanidade, ou seja, o conhecimento científico. Quando instaurou-
se a Idade Moderna, a pedagogia nasceu como ciência e o Estado começou a
nortear a Educação separando esta responsabilidade, antes da Igreja. Neste período
assim como hoje, o objetivo da educação é formar bons cidadãos, integrando-os no
mercado de trabalho e ensinando os conhecimentos científicos formando-o para o
exercício da cidadania.
Estabelecida a Pedagogia como Ciência, criou-se a necessidade de gestão
desta aprendizagem, onde foram estabelecidas diretrizes curriculares de forma a
nortear educadores na prática da função com o auxílio da observação e
documentação para poderem gerir o desenvolvimento dos alunos. É indispensável a
avaliação processual para que o educador possa assim realizar os ajustes
necessários para que todos aprendam, avancem e se desenvolvam igualmente,
tornando o aluno um protagonista do processo de aprendizagem. Destaca-se assim
a importância dos conhecimentos prévios visando uma articulação entre o conteúdo
escolar e o cotidiano possibilitando assim um planejamento adequado às
necessidades cognitivas dos aluno e mapeamento dos alunos com considerações
sobre esses saberes prévios.
As avaliações, sejam elas formativas, durante o processo educacional ou
processuais, assumindo várias formas que vão da observação até a aplicação de
exames de conhecimento tem como objetivo o diagnóstico das experiências de
aprendizagem. “Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista
reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória
nem seletiva; ao contrário, é diagnóstica e inclusiva. O ato de examinar, por outro
lado, é classificatório e seletivo e, por isso mesmo, excludente, já que não se destina
à construção do melhor resultado possível; tem a ver, sim, com a classificação
estática do que é examinado.”( LUCKESI, dez 2002).
Professores que organizam seus registros sobre os alunos e usam bons
instrumentos de acompanhamento, podem assim solucionar melhor os desafios que
a aprendizagem apresenta. As diferentes teorias da aprendizagem concordam ao
afirmar que a mesma se dá por meio das apropriações realizadas pelo sujeito
podendo utilizar-se dos diversos “pontos de ancoragem” (conforme Ausubel -1980)
apresentados pelos conhecimentos prévios para servir de ponto de partida para o
sujeito receber novas ideias e conceitos possibilitando ao aprendiz a mudança de
seu conhecimento prévio adquirindo novos significados.
Cabe ao professor realizar um estudo sobre as diretrizes que serão aplicadas
a cada ano, tomando decisões e fazendo escolhas pensando sempre na
aprendizagem dos alunos e não, mecanicamente seguir o currículo escolar e o
índice do livro didático. É necessário avaliar o que é de fato importante aos
estudantes e ordenar o que será apresentado e os principais conceitos de modo a
promover uma boa interação disso com os conhecimentos prévios dos aprendizes.
Relacionando a educação, a escola e a sociedade, podemos conceituar a
escola como uma instituição social com origem e desenvolvimento na modernidade,
tendo em vista que o historicamente o ensino público sofre com a precarização
decorrente da ação do Estado. Mas ainda assim, a instituição escolar tem a
finalidade social e política de contribuir para a organização da sociedade brasileira,
criando um processo de conscientização e possibilitando que o sujeito possa
conhecer e interpretar o mundo e o integre no mundo social adulto.
2. A LDB e as políticas públicas

O direito a educação requer mais do que o acesso a educação escolar, mas


também determina a gratuidade da escola pública, obrigatoriedade da Pré-escola ao
Ensino Médio e a permanência com superação da evasão e retenção para a
conquista da qualidade social. Conforme a Constituição de 1988 “O dever do Estado
com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram
acesso na idade própria;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino.” (Art. 208)
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN)
9394/96, a educação escolar é um direito de todos e dever do Estado e da família,
sendo promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, tendo como
objetivo pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania, e sua relação intrínseca seus deveres e direitos, e sua qualificação para o
mercado de trabalho. Sendo assim, é papel da escola pública dar formação
adequada a todas as camadas da sociedade ofertando a formação da cidadania por
meio da transmissão de conhecimentos produzidos pela humanidade, ou seja, os
conhecimentos científicos.
O Estado deve nortear as politicas públicas de educação delimitando as
regras e normativas destinadas a sua regulamentação. Elas direcionam e definem
todas as ações que acontecem na área, desde o planejamento do professor, com
base nas diretrizes curriculares, quanto a infraestrutura da escola e ainda a
formação continuada de professores de todas as modalidades e organização dos
níveis de ensino. Sendo assim, cabe ao Estado nortear, incentivar e gerir a
infraestrutura para que a comunidade escolar possa aplicar as estratégias conforme
o Plano Nacional de Educação. Exercendo, desta forma, suas funções da melhor
maneira possível para que só assim, possamos aproximar a educação pública da
educação privada, que é o principal problema gerador de desigualdade social.
3. A importância da Escola na sociedade

“Entendendo as representações sociais como modos inconscientes de


compreender um determinado fenômeno ou uma determinada prática existencial,
individual ou coletivas que se expressam por meio de falas cotidianas, crenças e
modos de agir” (Luckesi, 2002), podemos dizer que a representação da comunidade
escolar na sociedade pode vir a definir as modificações que influenciarão as
gerações futuras. Essa representação da Escola atua diretamente na formação dos
indivíduos referente ao modo de ser, agir e pensar sobre determinados fenômenos
ou experiências da vida prática. E essa intermediação do ambiente escolar vai
configurar a realidade dos educandos no futuro. Sendo assim, torna-se de suma
importância os instrumentos de avaliação, que de fato passam a ser mais do que
simples testes de conhecimento e mais instrumentos de coletas de dados para servir
de subsídio na análise da eficácia da transmissão de conhecimento.
Marília Freitas de Campos Tozoni-Reis questiona em seu artigo “A
contribuição da sociologia da educação para a compreensão da educação escolar”,
se a Escola, como instituição social define a desigualdade social e se essa não é a
característica definidora da desigualdade na sociedade capitalista moderna.

“Para uma pequena, mas poderosa do ponto de vista


econômico e político, parcela da população há uma
escola privada de melhor qualidade e, para a grande
maioria, uma escola pública de menor qualidade.
Lembremos que, segundo os dados do Censo Escolar
de 2008, publicados em janeiro de 2009, a rede privada
de ensino no Brasil é responsável por 13,3% das
matrículas da educação básica, enquanto a rede pública
recebe 86,7% dessas matrículas. Então, pensar em
políticas públicas de educação escolarizada no nível
básico no Brasil significa refletir sobre a estrutura e o
funcionamento da escola pública como instituição social
responsável pela formação humana que interessa ao
projeto de sociedade que queremos – ou não queremos
– construir. Essa situação é enfrentada pela sociedade
em geral e pelo poder público em particular de forma a
consolidar a dualidade histórica da organização da
educação brasileira.” (Marília Freitas de Campos Tozoni-
Reis.)

Assim a educação básica como um direito do cidadão acabou tornando-se


uma mercadoria onde a qualidade do ensino é um valor agregado a escolas
privadas. O educador da escola pública torna-se então um mediador do processo de
apropriação da aprendizagem e prestadores de serviço. As políticas públicas
exercem interferência e reflexos diretos no processo diário de uma escola. Influência
na gestão escolar e na dinâmica pedagógica, influindo diretamente no resultado final
de uma formação cidadã adequada ou não na sociedade onde o indivíduo, em
formação ou formado, está inserido. As políticas públicas, mais uma vez, devem
servir para atender às necessidades e interesses da sociedade em harmonia com a
Lei vigente.
Vários projetos e Planos Nacionais foram criados com o objetivo de alavancar
o Processo Educacional. Envolvem o Ensino Fundamental e Valorização do
Magistério, Alimentação Escolar, Avaliações Nacionais do Ensino Médio, Transporte
Escolar, Educação Infantil, Universidade para Todos, entre outros. Todos com o
propósito de cumprir ou alcançar o que determina a Constituição Federal, no que se
refere a Educação para todos.
O educador deve conhecer todos estas ações governamentais e delas se
utilizar para incentivar e melhorar suas relações pedagógicas com o aluno, assim
como incluí-los como instrumentos em seu planejamento didático. Este conjunto de
políticas públicas devem sair do papel e serem efetivadas na prática. Cabe ao
Gestor Educacional, ao educador e a Comunidade Escolar exigir que cheguem até a
sua escola proporcionando melhoria na qualidade do processo ensino-
aprendizagem. O grande desafio de se fazer cumprir o Plano Nacional de Educação
não é isolado, mas uma luta coletiva. Cabe a toda a sociedade refletir sobre sua
atuação dentro da comunidade escolar. Sua participação, compartilhando com os
gestores escolares e professores todos os problemas que envolvem a formação
educacional de seus filhos. Só assim cada peça desta complexa máquina, Escola,
irá identificar de forma mais produtiva seu papel dentro da instituição de ensino e na
sociedade em que está inserido.
CONCLUSÃO

A desigualdade e precariedade no âmbito público da educação brasileira


demanda um maior interesse do Estado. Os profissionais docentes e comunidade
escolar, sem o embasamento e uma correta aplicação da legislação da educação
precisa utilizar-se das poucas ferramentas que possui e tornar a LDB uma realidade
dentro de um contexto irreal e sem quase nenhum apoio e direcionamento do órgão
principal que lhe deveria prover recursos e norteamento. No Brasil, as políticas
aplicadas visaram única e exclusivamente a elevação dos índices positivos da
educação e muito pouco a qualidade da mesma.
O professor pode sim realizar seu trabalho com qualidade dentro deste
contexto, mas nota-se uma falta de incentivo tanto aos professores quanto aos
alunos. Uma realidade onde o professor finge que ensina(devido a uma gama de
precariedades) enquanto o aluno finge que aprende (resultado da ausência do
Estado como gestor administrativo de infraestrutura necessária para atingir
produtivamente o processo educacional), pois a legislação lhe garante a aprovação
ao final do ano. Essa prática instaurou deliberadamente uma completa falta de
disciplina e consideração. Não há respeito pelo professor, sendo que sabe-se que
ele está ali com a finalidade de “servir” ao aluno.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar


Editores, 1981.

LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1990.

TOZONI-REIS, M. F. C. A contribuição da sociologia da educação para a


compreensão da educação escolar, Sociologia da Educação, UNESP

NASCIMENTO, M. I. M. A escola pública no Brasil: história e historiografia.


Campinas: Autores Associados, 2005. p. 2-4.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem na escola e a questão das


representações sociais. EccoS Rev. Cient., UNINOVE, São Paulo

NOGUEIRA, C. M. M. e NOGUEIRA, M. A. A sociologia da educação de Pierre


Bourdieu: limites e contribuições. Educação e Sociedade. Campinas, v. 23, n. 78, p.
15-35, abr. 2002.

Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Disponível em


http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-
2013-pdf/file, acesso em 12/10/2018.

Constituição Federal. Disponível em


http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-
322142-publicacaooriginal-1-pl.html, acesso em 12/10/2018.

Lei de diretrizes e Bases da Educação. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm, acesso em 12/10/2018.

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