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GOIÂNIA
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
MARCO AURÉLIO ALVES E SILVA
GOIÂNIA
2016
FICHA CATALOGÁFICA
2016.
lxiii, 63 f.
Bibliografia.
Inclui abreviaturas.
BANCA EXAMINADORA:
Clarice Lispector
RESUMO
§ Parágrafo
art. Artigo
CC Código Civil
ed. Edição
n. Número
PL Projeto de Lei
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2 O DIREITO E A SEXUALIDADE
2.1 Direitos da Personalidade .............................................................................................. 32
2.1.1 Considerações Iniciais ................................................................................................... 32
2.1.2 A Personalidade numa Inclinação Tomista .................................................................... 33
2.1.3 Reconhecimento dos Direitos da Personalidade ............................................................ 35
2.1.4 Objeto dos Direitos da Personalidade ............................................................................ 36
2.1.5 Liberdade................ ....................................................................................................... 36
2.1.6 Intimidade e a Vida Privada ........................................................................................... 38
2.1.7 Direitos da Personalidade e a Transexualidade ............................................................. 40
2.2 Direito à Identidade de Gênero ou Sexual .................................................................... 43
2.2.1 Identidade como Expressão de Moral ............................................................................ 43
2.2.2 Identidade de Gênero ou Sexual no Âmbito do Direito .................................................. 44
3 AUTODETERMINAÇÃO SEXUAL
3.1 Núcleo de Autodeterminação Sexual ........................................................................ 47
3.2 Pluralidade Sexual ...................................................................................................... 48
3.3 Aspecto Jurídico de Autodeterminação Sexual ....................................................... 49
3.4 Teoria Queer..................................................................................................................52
INTRODUÇÃO
1
TUDO sobre minha mãe. Direção: Pedro Almodóvar. Produtor: Augustín Almodóvar. Barcelona (ES):
Twentieth Century Fox, 1999, 1 DVD.
12
diminuir e generalizar sujeitos únicos em sua essência denota maior clareza nas
explicações e será utilizado diversos critérios classificatórios neste trabalho.
Concomitantemente,
2
CHAUÍ, Marilena. Repressão Sexual: Essa Nossa (Des)conhecida. 12. ed. São Paulo: Brasiliense,
1991, p. 77.
3
BEAVOUIR. Simone de. apud BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da
identidade. 8 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015, p. 29.
4
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de Autodeterminação Sexual. São Paulo: Editora
Juarez de Oliveira, 2003, p. 9.
15
1.2 Classificação
5
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretária de Atenção à Saúde. Cadernos de Atenção Básica:
saúde sexual e reprodutiva. Disponível em:<
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad26.pdf>. Acesso em: 02 out. 2016.
6
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o direito a uma nova identidade sexual. Rio de
Janeiro: Renovar, 2001, p. 66.
7
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 10.
8
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 70.
16
9
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 71.
10
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 11.
11
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de Sexo: aspectos médico-legais. 1 ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1993, p. 38.
12
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 72.
13
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 38.
14
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 38.
17
15
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 74.
16
O obrigatório registro dos nascimentos ocorridos no Brasil decorre do artigo 50 da Lei de Registros
Públicos, n. 6015/73. Ainda, do art. 54 caput desta mesma lei, entende-se a expressa obrigatoriedade
de se anotar o sexo do registrando.
17
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 75.
18
REGISTRO CIVIL. RETIFICAÇÃO. MUDANÇA. SEXO. A questão posta no REsp cinge-se à
discussão sobre a possibilidade de retificar registro civil no que concerne a prenome e a sexo, tendo
em vista a realização de cirurgia de transgenitalização. A Turma entendeu que, no caso, o transexual
operado, conforme laudo médico anexado aos autos, convicto de pertencer ao sexo feminino,
portando-se e vestindo-se como tal, fica exposto a situações vexatórias ao ser chamado em público
pelo nome masculino, visto que a intervenção cirúrgica, por si só, não é capaz de evitar
constrangimentos. Assim, acentuou que a interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei de
18
Registros Públicos confere amparo legal para que o recorrente obtenha autorização judicial a fim de
alterar seu prenome, substituindo-o pelo apelido público e notório pelo qual é conhecido no meio em
que vive, ou seja, o pretendido nome feminino. Ressaltou-se que não entender juridicamente possível
o pedido formulado na exordial, como fez o Tribunal a quo, significa postergar o exercício do direito à
identidade pessoal e subtrair do indivíduo a prerrogativa de adequar o registro do sexo à sua nova
condição física, impedindo, assim, a sua integração na sociedade. [...] Nesse contexto, tendo em vista
os direitos e garantias fundamentais expressos da Constituição de 1988, especialmente os princípios
da personalidade e da dignidade da pessoa humana, e levando-se em consideração o disposto nos
arts. 4º e 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, decidiu-se autorizar a mudança de sexo de
masculino para feminino, que consta do registro de nascimento, adequando-se documentos, logo
facilitando a inserção social e profissional. Destacou-se que os documentos públicos devem ser fiéis
aos fatos da vida, além do que deve haver segurança nos registros públicos. Dessa forma, no livro
cartorário, à margem do registro das retificações de prenome e de sexo do requerente, deve ficar
averbado que as modificações feitas decorreram de sentença judicial em ação de retificação de
registro civil. Todavia, tal averbação deve constar apenas do livro de registros, não devendo constar,
nas certidões do registro público competente, nenhuma referência de que a aludida alteração é
oriunda de decisão judicial, tampouco de que ocorreu por motivo de cirurgia de mudança de sexo,
evitando, assim, a exposição do recorrente a situações constrangedoras e discriminatórias. (STJ,
REsp 737.993-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009). (grifou-se)
19
VENTURA, Miriam. A Transexualidade no Tribunal: saúde e cidadania. Rio de Janeiro: EdUERJ,
2010, p. 21.
19
[...] quase sempre, o sexo de criação não enseja maiores problemas, pois
não discrepa dos demais, o que permite que o indivíduo logre um total
equilíbrio sexual, pelo fato de estarem em harmonia os sexos biológico,
legal e de criação. Há casos, contudo, em que o indivíduo desenvolverá
uma identidade de gênero diversa do sexo de criação, ainda que ele esteja
em sintonia com o seu sexo jurídico e o biológico, como ocorre com os
transexuais.20 (grifou-se)
20
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 84-85.
21
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 43.
20
22
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 49.
23
Entende-se que a descoberta do indivíduo a estímulos sexuais são muito fruto daquilo que satisfaz
ou não o indivíduo. Monta-se, então, um sistema de tentativa, no qual há ações que são testadas
social, psicológico e familiarmente capaz de moldar a razão e identificação sexual da pessoa. Por ter
como obrigação, a construção de uma harmonia social, o Direito deve, sim, se preocupar em
compreender os inúmeros tipos de identificadores sexuais capazes de trazer aceitação, regulando,
por vezes, alguns estímulos que, podem ou não, fugir da legalidade, como é o caso de pedofilia e o
sexo não consentido.
24
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 16.
21
Assim como quase tudo que nos caracteriza, nosso gênero é construído
pelas experiências que temos na vida, com quem mantemos contato, em
que condições vivemos, em que cultura estamos, entre diversos outros
fatores. Por isso dizemos que os gêneros binários (mulher/homem) e outros
possíveis são uma construção social e não uma genitália. Uma parte dessa
construção social é o estabelecimento dos papéis de gênero. 26 (grifo do
autor)
25
SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, p. 71.
26
LEITE, Beatriz; LOBO, Natália. Identidade de Gênero: uma introdução. In: Capitolina: o poder das
garotas. vol. 1. 1 ed. São Paulo: Seguinte, 2015, p. 9.
22
do mundo: é através dos olhos, das mãos e não das partes sexuais que
apreendem o Universo.27 (grifou-se)
Ora, não sendo o gênero mero produto da genitália, o gênero ganha nova
dimensão, um contorno essencial para compreender o alcance do conceito. Se o
sexo já possuía um conceito controvertido e de difícil, o gênero, por sua vez, é
infinitamente mais perigoso de se examinar. Nesta matéria, não há exatidão.
Para Bourdieu,
27
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009, p. 361.
28
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 20.
29
BOURDIEU, Pierre. A Dominação... Op cit., p. 23.
30
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 91.
31
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. 8. ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2015, p. 119 – 120.
23
sexo com outro, ou o oposto, que mudará a sua identidade de gênero. O critério
comumente aceito é o apaixonamento32, assim, para esta corrente, a paixão
determina a identidade do indivíduo.
32
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 92.
33
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 93.
34
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 101.
24
1.4.1 Intersexualismo
Diante disso,
35
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 106 – 108.
36
Além dos que serão apresentados, há outras categorias e/ou nomenclaturas que carecem de
lembrança: os assexuados (não sentem atraídos por quaisquer gêneros); transformista ou drag queen
ou drag king (se traveste de modo estereotipado, reforçando as diferenças visíveis entre os gêneros e
as expectativas sociais já cristalizadas); queer, andróginos ou transgêneros (o indivíduo não se
enquadra em nenhuma classificação de gênero); cisgênero (indivíduos que se identificam com o sexo
biológico do seu nascimento); transgênero (são os que não se identificam ao sexo biológico, em
qualquer grau); e, mais controversamente aceito entre doutrinadores, o sadomasoquistas (aqueles
que sentem prazer sexual na dor).
37
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 63.
38
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade e a Redesignação Sexual. Rio de Janeiro:
Renovar, 2004, p. 89.
39
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 90.
40
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 110 – 111.
25
aceitação social e no mercado de trabalho. Por essa razão, muitas vezes, optam
pelo silencio sobre sua condição.
1.4.2 Homossexualismo
41
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 90.
42
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 92.
43
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 40.
44
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 112.
45
Para a melhor compreensão da construção dos impulsos sexuais e como atitudes de censura
elaboradas pelo psicológico atuam no indivíduo, Freud lançou mão de uma nova interpretação do
mito e da tragédia de Édipo-Rei, conhecido como complexo nuclear. Desse sistema, retira-se toda
sorte de fantasias e afetos que o infante possui, por volta dos três e quatro anos, ao se identificar
numa relação triangular construída pela criança, pelo pai e pela mãe. Esta relação, segundo Freud, é
fator essencial para a resolução da personalidade individual e seria o ponto de partida da análise
sobre o desenvolvimento do sexo e do crescimento individual. (CHAUÍ, Marilena. Repressão
Sexual..., Op. cit., p. 63).
26
46
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero... Op. cit., p. 119 – 120.
47
BOURDIEU, Pierre. A Dominação... Op cit., p. 32.
48
Estas nomeações também perpassam por situações de visível preconceito social. Para diminuir o
indivíduo homossexual, há quem o nomeie de “bicha”, “veado”, “boiola”, “baitola”, “mocinha”,
“sapatão”, machinho”.
49
GIKOVATE, Flávio. O Instinto Sexual. 3. ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 1980, p. 115.
27
50
GIKOVATE, Flávio. O Instinto..., p. 121 – 122.
51
ANJOS, Gabriele dos. Identidade Sexual e Identidade de Gênero: subversões e permanências.
Sociologias, Porto Alegre, ano 2, n. 4, jul/dez 2000. Disponível em:<
http://www.scielo.br/pdf/soc/n4/socn4a11>. Acesso em: 05 out. 2016.
52
A expressão “sair do armário” é fruto social deste medo de se revelar como homossexual que
alguns indivíduos possuem. A estes não autodenominados, assume-se popularmente a palavra
“enrustidos”. Muitos justificam este comportamento lacônico afirmando que, se a família não aponta
um questionamento expresso, não há quaisquer razões para a externalização de sua opção. Este
receio pode ser compreendido por meio da análise de inúmeros casos de famílias que abandonam os
filhos, cortam laços sentimentais de parentescos ao serem expostos a revelações sobre a
sexualidade desviante de algum membro.
28
1.4.3 Bissexualismo
1.4.4 Travestismo
53
Assim, como os homossexuais, há termos carregados de preconceito para a denominação destes
indivíduos: “gilete”, “AC/DC”.
54
GARBER, Marjorie. apud PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 121.
29
55
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 157 – 159.
56
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de..., Op. cit., p. 93.
57
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 160.
58
Para ratificar a denúncia e o recolhimento em flagrante de muitos travestis e transexuais, a
abordagem policial, muitas vezes, vale-se do art. 233, do Código Penal, que tipifica o ato obsceno e
lhe confere, como pena, multa ou detenção de três meses a um ano.
59
De acordo com pesquisa da Organização Não-Governamental Transgender Europe (TGEU), o
Brasil é o país em que mais se mata travestis e transexuais no mundo. Entre janeiro de 2008 e março
de 2014, registram-se 604 mortes no país. Disponível em:< http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-
humanos/noticia/2015-11/com-600-mortes-em-seis-anos-brasil-e-o-que-mais-mata-travestis-e>.
Acesso em 14 out. 2016.
30
1.4.5 Transexualismo
60
SUTTER, Matilde Josefina. Determinação e Mudança de... Op. cit., p. 105.
61
VENTURA, Miriam. A Transexualidade..., Op. cit., p. 25.
62
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 24.
63
VENTURA, Miriam. A Transexualidade..., Op. cit., p. 26 – 27.
31
são insatisfeitos com o corpo biológico. Essa seria a maior diferenciação com os
travestis. Como anota Peres, há uma pacificação quanto à subdivisão dos
transexuais em primário e secundário. O primeiro é o que possui “ vontade
inequívoca e veemente de modificação do sexo.”64 e não há nenhuma ligação com a
homossexualidade ou travestismo em via de regra. O último, por sua vez, “oscila
entre o homossexualismo e o travestismo”65, são os que cunham este impulso de
temporário, fluido. Consequentemente, a intervenção cirúrgica de mudança de sexo
– transgenitalização - é recomendada somente ao primário.
64
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 126.
65
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 126.
66
JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e
Termos. Brasília, 2012. Disponível em:
<https://www.sertao.ufg.br/up/16/o/ORIENTA%C3%87%C3%95ES_SOBRE_IDENTIDADE_DE_G%C
3%8ANERO__CONCEITOS_E_TERMOS_-_2%C2%AA_Edi%C3%A7%C3%A3o.pdf?1355331649>.
Acesso em: 15 out. 2016.
32
2 O DIREITO E A SEXUALIDADE
67
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 61.
68DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 26. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009, p. 115.
33
72 OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 48.
73 OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 48.
74 OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 50.
35
75
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o ... Op. cit., p. 141 – 142.
76
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito..., Op. cit., p. 124 – 125.
36
Ou melhor: não há uma análise desses direitos como objeto único de uma
função jurídica. Como a definição controversa de sexo e de gênero, o direito da
personalidade depende da união de inúmeras outras matérias e estímulos para se
concretizar. Dessa forma, o direito da personalidade não é o sujeito por si só, e sim
os elementos que o acrescem de autonomia, de intimidade, de liberdade, permitindo
o exercício de sua vivência.
2.1.5 Liberdade
77
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 58.
78
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos: o reconhecimento da
identidade de gênero entre os direitos da personalidade. Curitiba: Juruá, 2014, p. 104.
37
Ligado a esses três pontos de vista acerca dos graus e prerrogativas para
a construção de uma ideia de liberdade, afasta-se a ideia de que a liberdade, para
79
LAFER, Celso. apud GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos...
Op. cit., p. 105.
80
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 91.
81
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 92.
38
82
HART, Hebert Lionel Adolphus. apud. OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op.
cit., p. 95.
39
83
LAFER, Celso. A Reconstrução dos Direitos Humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah
Arendt. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 237.
84
FILHO, Manoel Ferreira. apud. MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: teoria
geral. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2011, p. 138.
85
BRASIL. Constituição Federal de 5 de outubro de 1988.
86
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 120.
87
BRASIL. Código Civil de 10 de janeiro de 2002.
40
88
SAMPAIO, José Adércio Leite. apud. GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e
Direitos Humanos..., Op. cit., p. 120.
89
BRASIL. Código Civil de 10 de janeiro de 2002.
90
BRASIL. art. 9°, parágrafo 3 da Lei n° 9.434/97.
41
91
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil..., Op. cit., p. 69.
92
O intersexuado, por possuir biologicamente os dois sexos externos, busca, por meio da operação, a
sua recondução a um dos dois sexos. A escolha é profundamente estudada e observada na
expressão de gênero que o indivíduo já firmou socialmente. Também deve ser considerada, como
primeira, a opinião do intersexuado de modo a não se submeter a quaisquer espécies de pressões;
aqui, não deve haver qualquer risco de indecisão, a certeza da mudança e da felicidade individual
após a mudança deve ser contada por todos os agentes envolvidos.
93
Nome para se designar a transgenitalização partindo-se de uma vagina e mudando-a para um
pênis. Do contrário, é conhecido como male-to-female. Sinteticamente, “os homens têm seus órgãos
sexuais amputados, sendo a pele sensível do pênis aproveitada para a feitura de uma vagina
artificial, aumentando-se ainda os seios. Nas mulheres, a cirurgia consiste em remover os seios e em
realizar uma histerectomia. Remove-se a parte da pele da região abdominal ou inguinal, preparando-
se, assim, o novo pênis (faloneoplastia), conseguindo-se, muitas vezes, segundo relatos médicos, um
pênis de dimensões normais e funções também quase normais. [...] As operações variam de acordo
com cada caso. São as mesmas, complementadas com a ministração de hormônios sexuais que,
objetivam estimular as características do sexo adotado. Para os que passam a ser homens, ministra-
se testosterona e para os que passam a ser mulheres, estrógeno.” PERES, Ana Paula Ariston Barion.
Transexualismo: o ... Op. cit., p. 161 – 162.
94
NERY, João W. Viagem Solitária: memórias de um transexual 30 anos depois. 3. ed. São Paulo:
Leya, 2011, p. 45.
42
95
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 186.
43
96TJ/GO - 1ª Câmara Cível, Apelação 73470-7/188 – Goiânia – Rel. Des. Ney Teles de Paula.
Disponível em: < http://www.tjgo.jus.br/index.php/consulta-atosjudiciais>. Acesso em: 05 dez. 2016.
44
97
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 198.
98
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 199.
45
99
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 135.
100
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 135.
46
101
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 208.
47
3 AUTODETERMINAÇÃO SEXUAL
Logo,
102
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 68.
103
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 68.
49
104
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 132.
50
garantir uma existência digna ao sujeito, sem que ele seja alvo de preconceitos e de
violências.
O indivíduo não deve ser igual a nenhum outro. Mesmo com padrões
queer, marginais, desviantes, a diferença é critério básico para a expressão da
dignidade do homem e de sua identidade:
[...] não admitir equivalência significa, em última análise, ter identidade, ser
singular e irredutível, ser único e irrepetível, ser o que é verdadeiramente.
Sob esse raciocínio, a afirmação da identidade sexual, compreendida pela
identidade humana, constitui uma realização da dignidade, no que tange à
possibilidade de expressar todos os atributos e características do gênero
intrínseco de cada pessoa.105
Aqui, enseja o cuidado com a não banalização dessa questão. Não sendo
absoluto, o direito à autodeterminação sexual e à identidade de gênero estão
subordinadas ao respeito integral à legislação, configura-se como “forma de
expressão de sua personalidade diretamente conectada com a dignidade, não se
confundindo com um bem acessório, passível de aquisição.”107
105
CHOERI, Raul Cleber da Silva. O Conceito de Identidade... Op. cit., p. 133.
106
OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de ... Op. cit., p. 97.
107
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 224.
51
Assim:
Anota-se:
108
Em inglês, Real Life Experience, teste proposto pela HBIGDA (Harry Benjamin Internacional
Gender Dysphoria Association).
109
GONÇALVES, Camila de Jesus Mello. Transexualidade e Direitos Humanos..., Op. cit., p. 225.
52
110
BRASIL, ADI n. 4275. Disponível em
<<http://www.stf.jus.br/portal/geral/verPdfPaginado.asp?id=400211&tipo=TP&descricao=ADI%2F4275
>. Acesso em: 09 dez. 2016.
111
BRASIL, Ministério do Estado da Educação. Portaria n. 1.612/2011. Disponível em: <
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/cao_civel/inc_social_lgbtt/Legislacao_LGBTT/PortariaMEC1
6122011NomeSocial.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2016.
112
BALLEN, Kellen Cristina Gomes; BIZETTI, Lilian Fernanda. Nome Civil em Contraposição com o
Nome Social como (Des)Serviço a Efetividade de Direitos na Sociedade Globalizada. Disponível em:<
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=73ed442a8eafbb12>. Acesso em: 10 dez. 2016.
53
Nos Estados Unidos, essa rebeldia contra o pensamento dominante gerou três
grandes lutas: a negra, a feminista e a homossexual. Nesta época, viu-se como
novidade a preocupação da classe trabalhadora com pautas que não diziam
diretamente o discurso salarial ou de igualdade de acesso à renda. Para Miskolci:
113
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado pelas diferenças. 2. ed. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2016, p. 22.
114
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado... Op. cit., p. 23.
54
Disso, afirma-se que o queer é uma nova política de gênero. Judith Butler,
teórica principal do queer, centra o seu estudo na relação entre o sujeito e o poder.
Aqui, compreende-se o sujeito e as normas com as quais ele dinamiza. Para isso,
ela recorre a Hegel, Foucault e Freud117, para explicar que as relações de poder se
subdividem em duas: a opressiva, na qual os partícipes sociais travam um embate
115
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado... Op. cit., p. 25.
116
LICÍNIO, José Vaughan Jennings Holanda. Uma crítica queer ao tratamento jurídico do
casamento igualitário e da mudança de sexo no Brasil; 2014. 142 fls. Dissertação (Mestrado em
Direito) – Departamento de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2014. Disponível em: < http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/23547/23547.PDF>. Acesso em: 15 out.
2016.
117
SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria..., Op. cit., p. 20.
55
118
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado... Op. cit., p. 27.
119
SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria..., Op. cit., p. 20.
120
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado... Op. cit., p. 28.
56
121
MISKOLCI, Richard. Teoria Queer: um aprendizado... Op. cit., p. 34.
57
Para os menores que, por quaisquer motivos, não lograrem êxito com
seus representantes ou responsáveis, há a expressa possibilidade de o próprio
sujeito buscar assistência da Defensoria Pública para a referida autorização judicial.
A facilidade em se conseguir a nomeação em concordância com a identidade de
gênero é a chave para a carência social deste projeto de lei.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2009, p. 361.
CHAUÍ, Marilena. Repressão Sexual: Essa Nossa (Des)conhecida. 12. ed. São
Paulo:
63
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil.
26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
GIKOVATE, Flávio. O Instinto Sexual. 3. ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 1980.
HART, Hebert Lionel Adolphus; OLIVEIRA, Alexandre Miceli Alcântara de. Direito de
Autodeterminação Sexual. 1 ed. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003.
PERES, Ana Paula Ariston Barion. Transexualismo: o direito a uma nova identidade
sexual. Rio de Janeiro: Renovar, 2001.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
64
SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora,
2015.