Sumário

I Livro Um: O Enigma 7

1 Capítulo Três: Clãs e Linhagens 9
Clãs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Capadócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Gangrel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Lamia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

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 À M. H. de seu mais devoto servo:
Muitos anos se passaram e desejo muito que o tempo tenha amenizado
de alguma forma as memórias perturbadoras que você carrega. Atrevo-
me a enviar isto para você em um espírito de súplica; já que perdão
seria pedir demais, eu imploro à você apenas a sua compreensão. Eu
lhe devo algum tipo de explicação por causa dos eventos que tanto
abalaram a sua antes perfeita vida.
Embora eu tenha exibido tão pouco Menschwert diante de você e de
suas companhias, a chama de Humanitas ainda queima em meu
peito, ainda que erraticamente. O tempo e a natureza, ambos lutam
para extingui-la, completando assim a minha queda ao Inferno da
loucura e bestialidade. Eu devo proteger bem a minha alma - tão
bem quanto qualquer sacerdote - pois qualquer lapso de vigilância trás
a Besta à tona, cujos resultados você mesmo presenciou.
Eu sei que isso é impossível de expiar, uma eternidade de orações sinceras
seria muito pouco tempo. Contudo, como um sinal de penitência, eu
ofereço à você o documento em anexo, um ato que torna à mim um
traidor de minha própria espécie. Rezo para que você possa encontrar
algo nestas páginas para ajudá-lo a compreender o tormento que infligi
sobre você, e que por meio da compreensão, talvez amenizar um pouco
da dor. O tom da escrita, eu temo, é um bocado seco; um soldado tem
pouca necessidade para adquirir truques poéticos que entretenham um
leitor. Eu meramente me pus a escrever as coisas que sei, o tão bem
quanto pude.
Eu devo à você uma dívida que jamais poderá ser paga. Se à
qualquer momento eu puder estar à serviço de você ou sua família, estou
à sua disposição.
Sempre Servus,
V. T.
 Parte I

Livro Um: O Enigma

Lembro-me que o movimento de seus lábios arrepiou todos os
cabelos de meu corpo, enviando uma corrente de sensações
através de meu corpo que não me pareceu muito diferente do
prazer da paixão...

Senti seus dentes se afastarem com tanta nitidez que

os dois furos que deixaram me pareceram enormes, repletos
de dor. Neste momento, inclinou-se sobre minha cabeça
desamparada e, afastando sua mão de mim, mordeu seu
próprio pulso. O sangue inundou minha camisa e meu casaco,
enquanto ele observava, com olhar atento e brilhante.

Apertou seu pulso sangrento contra minha boca e

disse com firmeza e alguma impaciência para eu beber. Bebi,
sugando o sangue vindo dos furos, experimentando pela
primeira vez, desde a infância, o prazer especial de sugar
um alimento, o corpo inteiro preocupado com a fonte vital.
Então, algo aconteceu. Quão patético é descrever estas coisas
que não podem ser descritas. À partir daquele momento eu
passaria a ver o mundo cmo um vampiro o vê.

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 Capítulo Três: Clãs e Linhagens
Todo novo vampiro é criado por um outro vam-
piro já existente. Este novo vampiro passa à ele
a maldição vampírica, mas ela não é idêntica para
todos. Ao todo existem cinco famílias vampíricas
conhecidas, cada uma com algumas diferenças so-
bre como o vampirismo se manifesta e que tipos de
poderes são herdados.
As 5 famílias tem uma longa história de tradição
e teriam sido fundadas por um lendário antedilu-
viano, o vampiro mais antigo de cada uma delas.
Apesar disso, somente duas das famílias são consi-
deras nobres, descendendo de uma antiga nobreza
vampírica europeia. São os chamados Altos Clãs:
Ventrue e Lamia. As outras três famílias costumam
ser vistas como sendo de linhagens menos puras ou
imperfeitas pelos outros vampiros. Elas formam os
Baixos Clãs: Gangrel, Nosferatu e Capadócio.
Uma das justificativas para o status maior dos
Altos Clãs seria de que eles são os Clãs mais antigos
e teriam mais direitos na mente de muitos vampiros
devido à progenitura. Outra teoria seria de que tais
Clãs teriam sido abençoados pelo primeiro vampiro
e por isso estariam destinados a governar os demais
clãs. E por fim outros acusam os Baixos Clãs de
serem duplamente amaldiçoados, pois a aparência
de todos eles se degenera imediatamente ou após
um tempo depois do Abraço.
Esta é sempre uma discriminação velada na soci-
edade vampírica. É terrivelmente pouco cortês, ou
mesmo perigoso desprezar diretamente outro vam-
piro pelo seu parentesco. Entretanto, em todas as
seitas é muito comum que as posições de liderança
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terminem sendo ocupadas por Ventrues e Lamias.
Ocasionalmente algum Capadócio consegue desta-
que, mas para Gangrel e Nosferatus é sempre mais
difícil.
Originalmente cada Clã vampírico ocupava di-
ferentes regiões do mundo. Os Ventrue, Lamia e
Nosferatu são descendentes de vampiros europeus.
Os Capadócios antigamente ocupavam a região de
Constantinopla, norte da África, península arábica
e extremo oriente. Os Gangrel traçam suas origens
até a Índia. Mas nas noites modernas os cinco Clãs
já se espalharam por todo o mundo e podem ser
encontrados em qualquer cidade do mundo.
Os laços de parentesco que unem os vampiros são
fortes. Quando um vampiro é criado ele recebe sua
instrução à partir do seu criador que provavelmente
lhe passará algum conhecimento sobre as tradições,
conhecimentos e preconceitos de sua família vam-
pírica. Em uma Seita como a Camarilla, a sua des-
cendência define muito de seu status. Apesar disso,
as famílias vampíricas são muito menos unidas que
famílias humanas. Quando muito, cada vampiro só
possui uma ligação maior com aquele que o criou
ou com aqueles que ele próprio cria.
É possível também que um vampiro não pertença
à um Clãs. Ele pode ter sido criado com sangue di-
luído demais para poder herdar características dos
Clãs, pode ter sido criado de maneira muito mais
bizarra ou pode ter tido o seu sangue e maldição
modificados de maneira muito profunda. Tais vam-
piros são tratados de maneira muito pior que os
Baixos Clãs.
CAPÍTULO 1. CAPÍTULO TRÊS: CLÃS E LINHAGENS
O Clã Capadócio, em tempos antigos foi um clã
de filósofos e pesquisadores dedicados ao estudo da
morte e da condição vampírica. Sua busca por co-
nhecimento o levou a se espalhar por vários países
do oriente antes dos tempos modernos. Uma das
grandes realizações deste Clã foi o desenvolvimento
de poderes mágicos de necromancia, os quais alguns
dos membros mais dedicados do Clã ainda mantém.
Histórias falam de antigos Capadócios poderosos
que podiam fazer cadáveres levantarem-se de seus
túmulos e seguir suas ordens. Apesar disso, dificil-
mente os mais jovens terão a disciplina necessária
para se dedicar aos estudos necromânticos.
Talvez esta obsessão com a morte deva-se à ten-
tativa deste Clã de tentar compreender sua pró-
pria condição. Eles são ainda mais ligados à morte
que todos os demais vampiros. Mesmo os mem-
bros mais jovens da família tem uma aparência bas-
tante cadavérica que não conseguem
disfarçar. O processo de apodreci-
mento do corpo de um Capadócio não
para depois da transformação vampí-
rica, só se torna muito mais lento.
Mas ele pode ser notado na aparên-
cia dos Anciões do Clã, os quais se
parecem com corpos apodrecidos que
se movem. Novamente, os mais jo-
vens podem desviar-se desta imagem,
pois durante algum tempo ainda con-
seguem passar-se por humanos de ma-
neira superficial.
Nomes Alternativos: Ghûl,
Jiangshi, Clã da Morte, Necro-
mantes, Violadores de Túmulos,
Lazarentos (pejorativo).
Disciplinas de Clã: Ofusca-
ção, Potência e Tanatose (exclu-
siva).
Fraquezas: A afinidade dos Capadócios com a
morte é marcada de maneira indelével na aparência
de cada um deles. Todos eles parecem-se mais páli-
dos e cadavéricos que o normal, não sendo capazes
de afetar sua aparência tornando-se mais humanos
gastando vitae como fazem os outros vampiros. À
medida que envelhece, esta característica torna-se
ainda mais marcante, com os anciões do Clã sendo
muito semelhantes a corpos mumificados. A sua
aparência cadavérica faz com que Capadócios te-
nham +2 de dificuldade em toda situação social
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em que parecer um cadáver pode ser prejudicial.
Além disso, a cada 100 anos de existência, perso-
nagens Capadócios devem marcar um X em um de
seus pontos de Aparência, eliminando-o. Pode-se
gastar experiência para preencher os demais pontos
da ficha, mas não os que já foram marcados desta
forma. Sendo assim, todos os personagens Capadó-
cios sempre se tornarão grotescos, no máximo após
500 anos.
Lendas: Dizem as lendas que o fundador do
Clã era um antigo sacerdote da antiguidade, geral-
mente retratado como um homem de barbas longas
e grisalhas, emitindo algum tipo de brilho místico.
Ninguém sabe o seu nome, mas ele se identifica-
ria como sendo da Capadócia. Era
um grande sábio e um santo obce-
cado em descobrir respostas para
os mistérios do mundo. Em busca
de tempo ilimitado para adquirir
conhecimento, ele visitou o mundo
dos mortos, conquistou a imorta-
lidade e depois voltou para o
seu corpo tornando-se assim um
vampiro.
Quando todos os demais
vampiros iam espalhando sua
maldição e perdiam-se em in-
trigas e traições, Capadócio
permaneceu sozinho, sem se
interessar com tais assuntos.
Sua única preocupação era en-
contrar respostas. E no fundo
todas as suas perguntas sem-
pre tinham relação com a natu-
reza da vida e da morte. O que
ocorria com as pessoas depois
de morrerem. E qual o propó-
sito do ciclo de renascimento e
morte.
Capadócio viajou por muitas terras e discutiu
com muitos sábios da antiguidade. Nenhum deles
tinha respostas que o satisfaziam. Quando perce-
beu que não seria capaz de encontrar as respos-
tas sozinho, resolveu Abraçar novos vampiros para
ajudá-lo em sua busca.
Certa atacou um aldeão para se alimentar que
começou a fazer preces para o seu deus querendo se
salvar. Foi então que Capadócio percebeu a falha
de seu plano. Homem algum iria dar-lhe as respos-
CAPÍTULO 1. CAPÍTULO TRÊS: CLÃS E LINHAGENS 11

tas que queria. Era preciso perguntar diretamente lhões de almas que seriam necessárias para o ritual
para Deus. que uniria o mundo dos vivos ao mundo dos mortos.
Capadócio convocou seus descendentes e erigiu Criação de Personagens: Historicamente o
um monastério próximo aos céus. Monges humanos Clã sempre foi formado mais por indivíduos com
carniçais serviam de alimentação e de segurança du- Atributos Mentais altos e conhecimentos tais como
rante o dia naquele local cuja única atividade seria Ocultismo e Medicina. Atributos Sociais altos são
o estudo sobre a morte. raros.
Mas após um tempo os monges estavam exaustos Dentre os Capadócios que abandonam a Huma-
e anêmicos. Vampiros em excesso pareciam viver nidade, as escolhas seguintes mais comuns são a
ali e no mundo. Trilha dos Céus (vendo a religiosidade como uma
O fundador então convocou todo o seu Clã para forma de obter triunfo sobre a morte),
uma gruta onde os questionou: “Quais de vocês Trilha dos Ossos (para aque-
nunca ajudaram a construir um templo ou igreja? les que desejam se aprofun-
Quais de vocês não sabem ler ou escrever? Quais de dar na Necromancia) e Tri-
vocês não dedicam-se aos estudos da Necromancia? lha do Auto-Foco (escolha co-
Quais de vocês não começaram ainda a buscar res- mum para Membros mais ali-
postas para o grande enigma?” Os que respondiam nhados à filosofias do extremo
eram conduzidos para uma passagem subterrânea oriente).
que no fim foi lacrada com um feitiço para que nin- “Os meus métodos
guém mais pudesse entrar ou sair. te deixam nervoso?
Naqueles tempos Capadócio já estava muito an- Não deveriam. Se você
tigo e passava cada vez mais tempo em torpor. A realmente quer encontrar
ausência de respostas e algumas visões levaram-no qualquer coisa eterna,
a concluir que ele próprio devia tornar-se um deus. deve estar preparado para
Baseando-se em antigos manuscritos, parecia-lhe encarar as crueldades da
que um meio de conseguir isso seria atingir a Gol- morte.”
conda e assim ser levado à presença divina. Então
ele poderia consumir o sangue e o corpo de Deus e
assim assumir o seu trono. Com isso ele teria todas
as respostas e poderia conduzir a humanidade ao
paraíso. A vida e a morte tornariam-se uma só e
nunca terminariam.
Entretanto, o estudo sobre a morte estava con-
sumindo o seu corpo. Ele tinha pouco tempo. Em
seus últimos anos, estudou exaustivamente livros
heréticos escondidos no Vaticano. E então, partiu
em um portal para continuar os seus planos dentro
do próprio mundo dos mortos.
Desde então, não se sabe se algum necromante
ainda mantém contato com o fundador do Clã.
Tudo que há são rumores. Alguns dizem que Capa-
dócio conseguiu de alguma forma adquirir poderes
divinos e que seu objetivo agora seria destruir a bar-
reira que separa o mundo dos vivos e dos mortos, o
que o permitiria voltar. Alguns estudiosos de necro-
mancia sonham com isso, pois assim ficariam muito
mais poderosos. Segundo alguns rumores existe em
andamento um grande plano para levar o mundo
até uma grande crise e guerra, o que permitiria que
Capadócio e alguns necromantes coletem cem mi-
CAPÍTULO 1. CAPÍTULO TRÊS: CLÃS E LINHAGENS
Um brilho de olhos vermelhos no escuro, o
cheiro do hálito de um predador, a visão repentina
de presas e o barulho de carne sendo rasgada.
Estas são marcas da presença de um Gangrel.
Dentre todos os Clãs eles são os vampiros mais
próximos à sua Besta interior e à seus instintos.
Essa característica torna este Clã o mais adaptável
e mutável.
A proximidade com os próprios instintos dá tam-
bém ao Clã a capacidade única de se transformar
em animais, de sobreviver com menos dificuldade
em ambientes selvagens e também os torna mais
parecidos fisicamente com animais com o passar
do tempo. Existem casos de Gangrel que a muito
tempo abandonaram qualquer preocupação com a
sociedade humana ou vampírica e vivem sozinhos
apenas caçando e sobrevivendo em regiões ermas.
O Clã também tem muitos casos de membros que
vivem juntos em locais selvagens formando estru-
turas e regras sociais semelhantes
às de uma alcateia de lobos.
Algumas vezes os novos vam-
piros Gangrel abraçados são
abandoná-los em regiões selva-
gens onde precisam sobreviver
sozinhos em sua nova condi-
ção. Aqueles que sobrevivem a
este teste são então considera-
dos vampiros dignos do Clã.
Há também aqueles Gangrel
que acabaram escolhendo viver nas cidades. Nes-
tes ambientes, devido às suas características físicas
animalescas eles precisam se adaptar a caçar em
regiões periféricas para não serem vistos, ou en-
tão tornam-se especialistas em esconder e camuflar
suas características não-humanas.
Existem também vampiros Gangrel mais
próximos aos ensinamentos filosóficos do Clã
desenvolvidos na Índia e baseados no hinduísmo.
Tais vampiros também costumam viver afastados
da civilização, mas fazem isso como prática de asce-
tismo visando compreender melhor os conceitos de
karma, ciclos de reencarnação e seu próprio papel
no mundo. Alguns deles também dividem-se em
castas idênticas às da sociedade hindu. Entretanto,
tais vampiros ascetas estão muito longe de serem
bondosos e pacíficos—eles enxergam e abraçam
o seu papel no mundo como o de serem monstros, já
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tendo se afastado a muito da sua humanidade.
Nomes Alternativos: Rakshasa, Forasteiros,
Mullo (termo cigano), Clã da Besta, Bichos (pejo-
rativo).
Disciplinas de Clã: Animalismo, Fortitude,
Metamorfose (exclusiva). Na Índia os Gangrel da
casta Brahman costumam desenvolver Auspícios ao
invés de Fortitude.
Fraquezas: Toda vez que um Gangrel entra em
frenesi, ele adquire alguma característica animal.
Podem ser olhos felinos, um tufo de pelos, a ne-
cessidade de entrar em um leve torpor após se ali-
mentar, um pânico de multidões, impulso de dar
voltas ao redor de uma cadeira antes de se sen-
tar, etc. Toda vez que vem um novo frenesi, surge
uma nova característica animal. Gangrel nas
cidades tendem a assumir características de
animais urbanos como cães, gatos, pombos,
ratos ou mesmo insetos. Gangrel que vivem
em locais selvagens da mesma
forma assumem características
de animais do local onde vivem.
Cada novo frenesi pode mu-
dar a característica animal de
um Gangrel. Sempre deve ha-
ver algum impacto para tais
mudanças (aumento de dificul-
dade em testes sociais, perda
temporária de um atributo ou
algo assim). Com o passar
de muitos anos uma das características pode ficar
permanente e uma nova característica temporária
pode vir em seu lugar.
Lendas: A fundadora do Clã Gangrel era cha-
mada Ennoia. Ela tinha 10 cabeças, 20 braços e
olhos que queimavam como fogo. Era a rainha dos
rakshasa. Ela viveu em sua floresta amaldiçoada,
fundindo-se à própria terra do lugar e de lá seus
sonhos eram enviados para comandar seus descen-
dentes. Ela havia nascido duas vezes. Era a guardiã
dos lugares entre os lugares. E quando morrer pela
terceira vez será capaz de voltar a caminhar entre
os asuras do céu.
Quando Ennoia nasceu, os céus gritaram. Todas
as outras crianças que nasceram naquele dia morre-
ram e todas as outras mães choraram. Sua própria
mãe era um demônio. Seu pai era um santo que ha-
via decaído. Por muito tempo Ennoia viveu como
CAPÍTULO 1. CAPÍTULO TRÊS: CLÃS E LINHAGENS 13

asceta no topo das montanhas rezando em penitên- é a própria presa de Ennoia que faz isso. Algu-
cia. Ela pedia por sua salvação e pela reabilitação mas vezes ela faz com que aqueles que se percam
de sua divindade. Ao invés disso, por sua persis- nas matas nunca mais voltem. Seus sonhos estão
tência, recebeu dos deuses invulnerabilidade, poder constantemente vigiando o mundo. E se algo per-
sobre os sonhos, sobre o fogo e sobre a sua própria turbar o seu sono, terremotos e vulcões podem se
forma. Ela podia assumir a forma de um cadáver, manifestar em diferentes regiões do mundo.
de uma rocha, de um monstro ou do fogo dos céus. Criação de Personagem: Atributos Físi-
Ela fez de sua floresta seu lar e o encheu de servos cos geralmente são os mais altos. OS Gangrel
capturados para saciar sua fome e suas vontades. normalmente também desenvolvem Talentos como
Algumas de suas vítimas ela transformou em Sobrevivência e suas próprias Disciplinas,
rakshasas. Outras ela devorou. E no fim preocupando-se pouco com Antecedentes.
ela tornou-se a rainha dos demônios, dos Eles preferem depender de si próprios
ladrões da floresta que roubavam cri- do que de outras pessoas. Raramente
anças, vidas, sangue e almas. Ela co- possuem Recursos, Influência ou La-
mandava sua legião de monstros e com caios. Muitos tem também a Natu-
ela conquistou um vasto reino. reza Solitário.
Suas tornaram-se todas as flores- Aqueles que lar-
tas e regiões ermas do mundo, gam sua Humanidade
reinos mortais, uma porção do costumam optar pela
céu e do mundo dos mortos. Trilha da Besta ou
Ela é uma santa e um pela Trilha do Para-
demônio, uma metáfora doxo caso sintam-se
viva do universo. Um ser atraídos pela filosofia
terrível de fome, morte e da vertente do Clã que
destruição, mas ainda as- vive na Índia.
sim uma fonte de sabe-
doria. Quando o sono “Eu sou a terra. Eu
profundo dos amaldiçoa- sou esta mata. Vindo
dos antigos chegou até aqui vocês não viola-
ela, Ennoia mesclou-se à ram o meu lar. Vo-
própria Terra para dor- cês violaram a mim. E
mir. Mas o seu sono é agora irão arcar com
um sono inquieto. Às as consequências.”
vezes quando as gar-
ras de uma besta
da floresta rasga
a carne de sua
presa,
CAPÍTULO 1. CAPÍTULO TRÊS: CLÃS E LINHAGENS
Nenhum outro Clã vive tão próximo aos humanos
como o Lamia. Eles são os vampiros que mais fa-
cilmente mesclam-se aos viventes justamente por
serem menos afetados pelo aspecto cadavérico co-
mum aos vampiros. Embora seus corações não ba-
tam, não precisem respirar, um Lamia costuma ter
um rubor um pouco maior que os demais vampiros
e sua pele é um pouco menos fria. Além disso, es-
tes vampiros também tendem a manter o apego por
mais tempo à emoções e impulsos característicos
dos mortais. Tipicamente um vampiro Lamia cos-
tuma manter-se bem-informado, ativo e seguindo
a moda da sociedade humana mesmo após alguns
séculos de vida vampírica.
Alguns Lamia assumem como nicho a alta so-
ciedade dos mortais. Outros podem estar liga-
dos à atividades e questões políticas da sociedade
mortal. Não são poucos os que estão próximos
ao mundo das artes. E há também
os que estão envolvidos com o sub-
mundo das atividades crimino-
sas. Mas raramente eles ficam
nas sombras apenas movendo os
mortais como marionetes. O fato de
estarem tão ligados às emoções e
sensações humanas geralmente os
impele a tomar parte ativa das ativi-
dades mortais que acompanham, e ge-
ralmente precisam assumir diferen-
tes identidades para disfarçar o fato
de não envelhecerem com o passar do
tempo.
Nomes Alternativos: Clã da Rosa, Ín-
cubos, Súcubos, Degenerados, Pervertidos.
Disciplinas do Clã: Auspícios, Presença (ex-
clusiva), Rapidez.
Fraquezas: Sendo mortos-vivos, mas podendo
sentir o mundo assim como os vivos faz com que os
Lamia tornem-se dependentes de sensações e pra-
zeres encontrados no mundo vivente, talvez como
compensação pelo fato de estarem mortos.
Todo Lamia acaba desenvolvendo algum tipo de
vício. Pode ser vício em drogas (o que faz com que
eles precisem se alimentar do sangue de humanos
que consumiram tais substâncias), em sexo, em al-
gum tipo de emoção arriscada como a adrenalina de
se estar em uma briga, em algum tipo de compulsão
como cleptomania, mitomania ou no gosto de um
tipo específico de sangue (de crianças, de asiáticos,
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de outros vampiros) ou mesmo coisas mais doentias
como torturar e assassinar os outros.
Tais vícios sempre envolvem riscos e lidar com
outras pessoas. A Besta vampírica é corruptora.
Então nunca acaba sendo algo que gere consequên-
cia só para o vampiro (como vício em assistir tele-
visão ou em Internet).
Toda vez que um Lamia vê-se diante da chance
de saciar o seu vício, precisa fazer um teste de
Auto-Controle ou Instinto (dificuldade 6) para não
entregar-se completamente à ele.
Lendas: O primeiro vampiro foi Caim, amaldi-
çoado pelo vampirismo após matar Abel. Movido
pela solidão, passou seu sangue amaldiçoado adi-
ante Abraçando Enoch (o sábio), Irad (o forte) e
Zillah (a bela). Amaldiçoada também havia sido
Lilith, a primeira mulher expulsa do paraíso, que
ensinou os poderes vampíricos à Caim.
Lilith teve muitos filhos de aparência demo-
níaca. Mas haviam aqueles que
eram belos e mais próximos à
ela. Arikel, uma das filhas de
Lilith aproximou-se da cidade
em que Caim e seus descenden-
tes viviam e ofereceu-se para vi-
ver em meio à eles. Sua beleza
era magnífica, e por isso pro-
vavelmente foi Abraçada. Isso
não a amaldiçoou, mas a forta-
leceu devido à sua natureza.
Quando os quatro progenitores dos demais Clãs
voltaram-se contra Lilith matando muito de seus
filhos, e depois assassinando também os próprios
vampiros de segunda geração que os criaram, cada
um deles recebeu uma maldição que geraria a fra-
queza de cada Clã. Menos Arikel, que recebeu a
bênção de nunca esquecer inteiramente os prazeres
da vida.
Por inveja os demais vampiros passaram a perse-
guir Arikel. Ela fugiu para longe dali e por muito
tempo estabeleceu-se nas regiões da Mesopotâmia
e depois Grécia. Ali, ao contrário dos outros luga-
res, os vampiros inicialmente não precisavam andar
ocultos. Eles eram adorados e reverenciados pelos
mortais como se fossem deuses. Mas o tempo fazia
com que vampiros de outros locais fossem atraídos
para lá e a depredação que eles trouxeram forçou
os Lamia, descendentes de Arikel a terem que viver
ocultos também.
Arikel decidiu então se afastar mais. E na cidade
CAPÍTULO 1. CAPÍTULO TRÊS: CLÃS E LINHAGENS 15

de Cartago, junto a alguns de seus descendentes,

erigiu uma nova sociedade em que vampiros e hu-
manos levavam uma existência pacífica e igualitá-
ria. Por muito tempo a sociedade de Cartago pros-
perou. Mas isso novamente atrairia a inveja e co-
biça dos outros. Os Ventrue que ocupavam Roma
acusavam o local de ser um poço de depravação,
palco de sacrifícios noturnos, chacinas, rituais de-
moníacos e orgias. Eles orquestraram as Guerras
Púnicas nas quais tomaram a cidade e os Lamia
que ali viviam tiveram que fugir diante de tropas
equipadas com espadas, tochas e estacas.
Depois da tomada da cidade pelos romanos ela
nunca mais teve a glória de antes. Desde então,
Arikel desapareceu, talvez desiludida da esperança
de ter um reino no qual humanos e vampiros co-
existissem. Ou talvez, segundo alguns, ela iniciou
planos de vingança de muito longo prazo que no
fim culminaram com a queda e destruição de Roma
e dos Ventrue por trás da destruição de Cartago.
Existem também algumas lendas que falam que ela
escapou enterrando seu corpo na terra e projetando
sua mente para fora dele, mas que soldados roma-
nos salgaram a terra em um ritual para impedir o
seu retorno. A menos que um dia um Lamia en-
contre o local em que ela está e retire Arikel da
terra enfeitiçada. Quando isso ocorrer, ela voltará
e poderá novamente guiar os povos humanos e vam-
píricos para uma era de paz e coexistência mútua.
Criação de Personagem: Quase sempre os
atributos sociais são primários, com atributos fí-
sicos vindo logo em seguida. Lamias também
amam cultivar Antecedentes como Aliados, Con-
tatos, Recursos, Domínio, Refúgio, Mentor, Reba-
nho,. . . Geralmente eles também dão atenção para
suas Virtudes, pois níveis baixos em Humanidade
tornam difícil a interação com humanos.
A Humanidade é a Trilha mais seguida, mesmo
dentre vampiros mais antigos. Mas se eles decidem
abandoná-la, as Trilhas mais seguidas são a Trilha
de Lilith e a Trilha dos Cátaros.
“Muito depois de você morrer, eu ainda serei jo-
vem, bonita e adorada por todos aqueles cuja vida
eu toco.”
 Índice Remissivo

Clã, 9
Capadócio, 10
Gangrel, 12
Lamia, 14

16