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APOSTILA
Introdução Bíblica
Índice
INTRODUÇÃO
1. BÍBLIA – As Sagradas Escrituras.......................................................................................04
2. Origem e significado da palavra CÂNON...........................................................................11
3. Os Evangelhos......................................................................................................................19
4. BÍBLIA – A Palavra de Deus para hoje...............................................................................24
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
“Seca-se a erva e caem as flores,
mas a palavra de nosso Deus
subsiste eternamente.”.
(Isaías 40:8)
conhecimento leigo da Bíblia Sagrada pressupõe uma leitura devocional e puramente espiritual da
O Palavra de Deus. Essa leitura é importante na medida em que serve como ajuda e suporte para o cristão
em momentos difíceis, bem como para aprofundamento de sua comunhão com o Senhor.
Entretanto o estudante da Palavra de Deus deve prosseguir em outros níveis de leitura e estudo da Bíblia,
conhecendo e compreendendo os ambientes físico, cultural, histórico e religioso nos quais o texto sagrado foi
produzido.
A matéria Introdução Bíblica é a porta de acesso a esse nível de leitura bíblica. Como matéria introdutória,
prepara o estudante para o aprofundamento dos temas que aborda em matérias especificas tais como Antigo
Testamento, e Novo Testamento, Hermenêutica Bíblica, entre outras. Como porta de entrada para o início dos
estudos bíblicos mais profundos, a disciplina requer do estudante um espírito aberto aos novos conhecimentos e
novas possibilidades talvez nunca dantes imaginadas.
Cada capítulo estudado suscita no estudante o desejo de conhecer tudo num curto espaço de tempo, o que
é difícil e improdutivo, tornando-se muitas vezes uma barreira ao próprio desenvolvimento do estudo. É bom ficar
bem entendido aqui que a disciplina tem por objetivo fornecer uma visão panorâmica da Bíblia.
O caminho para o cumprimento da disciplina é, sem dúvida, uma postura de quem busca conhecimento e a
compreensão, que não se conforma à intolerância do fundamentalismo ou, por outro lado, ao desprezo da
ortodoxia.
É como se fosse requerido um esvaziamento das idéias pré-concebidas, principalmente para os que
alimentam um falso pensamento de que tudo sabe. Agora o aluno se defrontará com questões relativas aos
processos que culminaram na formação da Bíblia, chegando ao limiar das ações de Deus e dos homens,
principalmente nos capítulos destinados a Canonização, Autoria e Inspiração da Bíblia.
Resumindo, estudar Introdução Bíblica é estudar sobre a Bíblia, ou melhor, sobre o texto da Bíblia, ficando
o texto propriamente dito para o estudo aprofundado das matérias bíblicas específicas isso não significa,
entretanto que o texto bíblico não será abordado, mas a ênfase principal está nos processos que resultaram no
texto.
Bom estudo a todos e caminhemos juntos por mais uma etapa em nossa escola de líderes, sempre
crescendo na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A Bíblia é a revelação de Deus para o homem através do testemunho de fé de um povo que se relacionou
com Ele.
CONSTITUIÇÃO - A Bíblia tem duas grandes divisões, Antigo e Novo Testamento. A palavra testamento é a
mesma que pacto, acordo, contrato.
A Bíblia é um Livro constituído de uma coleção de 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento (VT) e 27 no
Novo Testamento (NT), escritos por cerca de 40 homens inspirados pelo Espírito Santo, durante um período
aproximado de 1600 anos. É o livro mais lido no mundo. Foi publicado em mais de 160 idiomas. É o Livro dos
livros.
Interessante é notar que esses homens exerceram as mais diferentes funções em suas vidas: Amós foi
_________ de gado; Davi era rei; Lucas era _________; Paulo além de intelectual, tinha o ofício de fabricante de
tendas; Pedro e João eram pescadores.
Nota:
- O Antigo Testamento foi escrito pela comunidade judaica, e por ela preservado um milênio ou mais antes
da era de Jesus.
- O Novo foi composto pelos discípulos de Cristo.
escrever por cima das letras, ou para reacendê-las, ou para escrever um outro manuscrito. Geralmente os rolos
eram guardados em vasos ou potes.
Já o papel era desconhecido dos escritores bíblicos, mas bastante utilizado pelos chineses desde 600 a.C.
O papel só chegou ao Ocidente (Europa) por volta de 750 d.C. Nesse tempo surge o predecessor do livro
moderno propriamente dito, ou seja, páginas formando o códex ou códice. Percebe-se assim que tudo era escrito
à mão; as primeiras palavras impressas surgiram no início do Séc.XVI. Eis aqui a complexidade do estudo da
transmissão do texto da Bíblia, produzido de mão em mão, suscetível a erros de copistas humanos e a acréscimos
pessoais. Como garantir a integridade do texto bíblico? A seguinte nota nos ajuda a compreender isso.
NOTA: a preservação da literatura bíblica antiga face às demais literaturas – Até o que se conhece e
até o que se tem descoberto, não possuímos os originais legítimos que saíram das mãos dos primeiros escritores
do Antigo e do Novo Testamento. Temos cópias das cópias das cópias... Entretanto, isso não deve causar
desânimo. A Crítica Textual tem mostrado que os copistas antigos tiveram enorme zelo na transmissão do texto da
Palavra de Deus. De acordo com Rudolf Thiel “nenhum livro da antigüidade foi transmitido com tanta limpidez,
com tanta certeza e precisão quanto a Bíblia”.
ANTIGO TESTAMENTO
..................................: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio
..................................: Josué, Juizes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester
................................: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos
.................................: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel
.................................: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu,
Zacarias, Malaquias
Esses livros não estão
NOVO TESTAMENTO
organizados por ordem
...............................: Mateus, Marcos, Lucas, João
...............................: Atos
cronológica dos
................................: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, acontecimentos, mas
Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II por estilo literário.
Timóteo, Tito, Filemom
...............................: Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III João, Judas.
...............................: Apocalipse de João
ORIGEM DA BÍBLIA
a) Hoje temos a Palavra Inspirada de Deus escrita, mas houve um tempo que não era assim.
Em Êxodo 17.14 lemos que Deus disse a Moisés: “Escreve isto para memorial num Livro”. Daquele tempo
em diante os homens de Deus “falaram inspirados pelo Espírito Santo”:
Davi era o “suave em salmos de Israel: “São estas as últimas palavras de Davi: Diz Davi, filho de Jessé, diz
o homem que foi exaltado, o ungido do Deus de Jacó, o suave salmista de Israel”. (II Sm. 23.1).
Lucas escreveu o Evangelho que tem o seu nome. O Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João servo de
Jesus Cristo.
Quem foi Noé, Abraão e José? Homens santos de Deus, mas não lemos que foram homens inspirados para
escrever a Palavra de Deus. Deus falou a Adão, Caim, Noé, Abraão, Abimeleque, Isaque, Jacó e a muitos outros,
mas Deus se revelou a estes oralmente.
A transmissão verbal da palavra de Deus começou desde o dia em que Deus falou a Adão (Gn.1.28 “Então
Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do
mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra” até o dia em que Ele ordenou
a Moisés para escrevê-las. “Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memorial num livro, e relata-o aos
ouvidos de Josué; que eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu”).
Adão transmitiu a Lameque, Lameque a Noé, Noé a Abraão, Abraão a Jacó, Jacó a Coate. Coate a Anrão e
Anrão a Moisés. Sete homens trouxeram a revelação desde a criação até que a Bíblia começou a ser escrita.
Então, a Bíblia é dotada de autoridade divina para o pensamento e para a vida do crente.
Paulo, de forma semelhante escreveu: I Co. 2.13 “As quais também falamos, não com palavras ensinadas
pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com
espirituais”.
Ou seja, os profetas eram homens cujas mensagens não se originaram de seus próprios impulsos, mas
foram “sopradas pelo Espírito”. O que está escrito em Hebreus 1.1 nos ajuda a entendermos isso: “Havendo Deus
antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas”. Notemos: Deus falou pelos (por
meio dos) profetas! Deus se revelou a estes por meio de anjos, visões, sonhos, vozes e milagres.
Qual a revelação que prevalece hoje? Qual a revelação final aos homens? Qual a revelação máxima de
Deus? Hebreus 1.2 responde-nos: “nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de
todas as coisas, e por quem fez também o mundo”.
Em resumo podemos dizer: A Bíblia é suficiente como revelação de Deus a nós. Se a Bíblia não nos basta,
nada mais nos bastará.
DISTINÇÕES IMPORTANTES:
INSPIRAÇÃO EM CONTRASTE COM REVELAÇÃO E ILUMINAÇÃO
Revelação
Deus dá a conhecer ao escritor coisas desconhecidas e que, por si só, o homem não poderia conhecer.
Verdade que nos veio de Deus.
É a atividade de Deus em que Ele e seus propósito se tornam conhecidos ao homem. Relacionam-se com a
verdade recebida.
Palavras que representam a Revelação de Deus na Bíblia: “Deus disse, o Senhor falou, Deus ordenou, a
palavra de Deus veio, Deus tornou-se conhecido, o Senhor apareceu”.
Inspiração
O Espírito Santo age como um sopro sobre os escritores, capacitando-os a receber e transmitir a
mensagem divina sem mistura ou erro;
É a atividade divina em que o Espírito Santo guia as mentes de homens selecionados e os tornam
instrumentos de Deus a fim de comunicarem a revelação.
Podemos então dizer que a inspiração contém pelo menos três aspectos importantes:
1) Foi um MILAGRE. A inspiração foi a intervenção de Deus na História e nos escritores, capacitando-
os para uma tarefa específica, milagre esse que não se repetirá jamais, visto que a Revelação já
está pronta;
2) A inspiração não anulou também as CARACTERÍSTICAS PESSOAIS dos autores. Os
escritores não eram robôs. Deus permitiu que suas características aparecessem, sem contudo
comprometerem o conteúdo daquilo que estavam escrevendo.
3) A inspiração garante a INERRÂNCIA em toda a Escritura. “Toda a Escritura é divinamente
inspirada”, disse o apóstolo Paulo. Não somente uma ou outra parte. Deus teve o cuidado de que
em seu livro entrasse somente aquilo que Ele havia realmente revelado ao homem e que queria que
ficasse registrado.
Muitas tentativas já foram feitas para ridicularizar a Bíblia, mas os seus oponentes é que ficaram
envergonhados. Uma das acusações mais usadas para tentar invalidar a Bíblia é que ela foi escrita por homens.
Ora, mas é claro que foi! E se dissessem que ela foi escrita por um anjo, porventura alguém acreditaria? Acho que
não. Mas a própria Bíblia diz realmente o que aconteceu. Ela foi escrita por homens que foram inspirados por
Deus para que de maneira inequívoca transmitissem o que por Deus fora revelado aos homens.
1- Sl. 119.89; Hb. 1.1; Is. 40.8; Mt. 24.35; Lc. 24.44-45; Jo. 10.35; Rm. 3.2; I Pd. 1.25; II Pd. 1.21
2- Is. 40.8; Mt. 22.29; Hb. 1.1-2; Mt. 24.35; Lc. 24.44-45; 16.29; Rm. 16.25-26; I Pd. 1.25
3- Ex. 24.4; II Sm. 23.2; At. 3.21; II Pd. 1.21
4- Lc. 16.29; Rm. 1.16; II Tm. 3.16-17; I Pd. 2.2; Hb. 4.12; Ef. 6.17; Rm. 15.4
5- Sl. 19.7-9; 119.105; Pv. 30.5; Jo. 10.35; 17.17; Rm. 15.4; Tm. 3.15-17
6- Jo. 12.47-48; Rm. 2.12-13
7- II Cr. 24.19; Sl. 19.7-9; Is. 34.16; Mt. 5.17-18; Is. 8.20; At. 17.11; Gl. 6.16; Fp. 3.16; II Tm. 1.13
8- Lc. 24.44-45; Mt. 5.22, 28, 32, 34, 39; 17.5; 11.29-30; Jo. 5.39-40; Hb. 1.1-2; Jo. 1.1-2, 14
Iluminação
Se dá no momento em que o servo de Deus de posse da revelação e da inspiração recebe a capacitação
do Espírito Santo para compreender as verdades bíblicas e então transmiti-las a humanidade;
Somos iluminados com aquilo que já foi revelado e inspirado. No sentido original, não criamos mais nada,
apenas transmitimos de forma bem interpretada as verdades bíblicas. Poderíamos dizer que somos facilitadores,
ou fazedores de pontes (sacerdotes) das verdades bíblicas.
ANOTAÇÕES:
- Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por
inspiração de Deus;
- A palavra cânon deriva do grego kanon(cana, régua), que, por sua vez, se origina do hebraico kaneh,
palavra do Antigo Testamento que significa “vara ou cana de medir”. ( Ez. 40.3). Em outras palavras poderíamos
definir canonicidade como padrão ou norma.
CÂNON no sentido ativo: a Biblia é o cânon pelo qual tudo o mais deve ser julgado.
CÂNON no sentido passivo: regra ou padrão pelo qual um escrito deveria ser julgado inspirado ou dotado
de autoridade.
DETERMINANDO CANONICIDADE
São discerníveis cinco critérios básicos, presentes no processo como um todo ao denominamos de regras
determinadoras da canonicidade;
A autoridade de um livro: “assim diz o Senhor”. “O Senhor me disse”. “A palavra do Senhor veio a mim”, são
marcas de autoridade presentes nos livros canônicos.
a) Livros aceitos por todos: HOMOLOGOUMENA: falar comum (livros aceitos por todos); De início foram
aceitos todos os 39 livros que temos hoje;
b) Livros questionados por alguns: ANTILEGOMENA: falar contra (livros questionados por alguns);
Quais os livros foram questionados?
- Cântico dos Cânticos: A escola de Shamai considera esse cântico sensual O livro apresenta a pureza e a
nobreza do casamento.
- Eclesiastes: alguns o chamaram de “O cântico do ceticismo”. Algumas expressões podem parecer
ceticismo, como: “Vaidade das vaidades... tudo é vaidade!...nada há novo debaixo do sol... na muita sabedoria há
muito enfado; o que aumenta conhecimento aumenta a tristeza(Ec. 1.2,9,18). Nesta acusação de ceticismo, está
negligenciado o contexto das expressões e a conclusão geral do livro. O problema está na interpretação do texto e
não na inspiração.
-Ester: O problema que viram neste livro para questioná-lo foi a ausência do nome de Deus no livro. Mas ao
lermos o livro veremos a presença de Deus na preservação de seu povo. Vemos também o jejum religioso que
Éster e as pessoas que acercavam fizeram, quando Éster mostrou grande fé. Outro fato foi o grande livramento
que Deus trouxe ao povo, preservando o povo santo. (Et. 4.16; 9.26-28).
- Ezequiel: alguns estudiosos pensavam que este livro era antimosaico em seu ensino. Mas não se achou
no livro contradições reais em relação à lei . Certamente o problema era questão de interpretação e não de
inspiração.
- Provérbios: este livro foi visto como contraditório por causa do capítulo 26, onde há supostas contradições,
quando o leitor é exortado a responder e ao mesmo tempo não responder ao tolo segundo sua tolice. (Pv. 26.4,5).
Mas a interpretação é que há momentos que devemos responder ao tolo. E há outros momentos em que
não devemos respondê-lo. E assim não se achou nenhuma controvérsia em todo o livro.
c) Os livros rejeitados por todos: PSEUDEPÍGRAFOS: falsos escritos (os livros rejeitados por todos).
Estes livros não são inspirados, no entanto, há verdades dentro desses livros, como podemos ver na
citação de Judas 14,15 e II Tm. 3.8.
Alguns desses livros Pseudepígrafos são inofensivos, teologicamente, como por exemplo o Salmo 151, mas
outros contém erros históricos e claras heresias.
Quais são os livros PSEUDEPÍGRAFOS?
d) Livros aceitos por alguns: APÓCRIFOS: espúrios, ocultos, difícil de entender. Estes livros são aceitos
como canônicos por católicos romanos e rejeitados por protestantes e judeus.
Judite – Este livro relata a história da guerra da Assíria contra Israel. Depois que os judeus estavam
totalmente encurralados e indefesos, Judite, uma viúva, se disfarça de fugitiva e entrega-se ao marechal Assírio. A
beleza de Judite impressiona aos Assírios e ela se aproveita da embriaguez daquele marechal para matá-lo e
fugir, entrando vitoriosa em Jerusalém, carregando a cabeça do Assírio. Esse livro termina seu relato falando de
uma festa em comemoração a essa vitória. No entanto, os judeus nunca a celebraram e nem sabem em que data
esse fato se sucedeu.
II Macabeus – Esse livro é menos interessante do que o anterior. Apresenta problemas sérios de unidade,
história, doutrina e autoridade. Ele trata mais da religiosidade do que da história do período Interbíblico. O livro
começa de forma estranha em seus dois primeiros capítulos, que não cooperam em nada com o restante do
relato. Em relação à doutrina, esse livro se moda bem aos dogmas romanistas, pois 12.38-46 defende a oração
pelos mortos. É portanto nesse texto que nasce a idéia do purgatório. De igual horror é o final desse livro. Em
15.38, o autor termina dizendo sobre sua narrativa: “se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu
desejo: se ela está imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor”. Logo esse livro também não pode ser
inspirado, pois não resiste a um pequeno exame de autoridade.
Sabedoria – Para alguns, como já dissemos, esse é o melhor livro entre os apócrifos. É considerado por
muitos como um dos melhores escritos do período interbíblico. Atribui-se a data de 180 a.C. para a escrita desse
livro que é composto de 51 capítulos. É um livro que preocupa-se com a prática, mas mesmo com todas as suas
qualidades, não alcançou lugar no cânon.
Baruc – É uma tentativa fraca de imitar o profeta Jeremias. Disputa-se ainda se este livro foi escrito antes
de Cristo ou pelo tempo da destruição de Jerusalém pelas tropas de Tito.
Aumento no livro de Éster – O fato do livro de Éster não mencionar a palavra “Deus” nem uma só vez,
tem sido causa de questionamentos, curiosidades e discussões. Essa adição, que tentou resolver essa questão,
não gozou de aceitação entre os judeus, e, portanto, foi corretamente desprezada.
Aumento no livro de Daniel – As histórias acrescidas ao livro de Daniel são fantasiosas. Diferem das
visões dadas por Deus aos seus servos. Os judeus perceberam essa interpolação no livro sacro e rejeitaram
imediatamente essa tentativa. Entre essas histórias, encontramos a oração de Azarias e Ação de graças dos três
rapazes na fornalha.
A canonicidade dos apócrifos pela igreja romana foi em resposta aos protestos de Lutero;
Os livros apócrifos não são canônicos pelos seguintes motivos:
a) A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos;
b) Não foram aceitos por nem por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento;
c) A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canocidade;
d) Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV;
e) Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos;
f) Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos;
Outra diferença: é que a partir do momento em que as discussões resultaram no reconhecimento dos 27
livros canônicos do Novo Testamento, não mais houve movimentos dentro do cristianismo no sentido de
acrescentar ou eliminar livros.
b) Livros questionados por alguns: ANTILEGOMENA: falar contra (livros questionados por alguns); Em
geral, 20 dos 27 livros do NT são homologoumena (todos são a favor), mas Hebreus, Tiago, II Pedro, II e
III João, Judas e Apocalipse foram questionados por alguns inicialmente, e por isso, ainda não haviam
obtido reconhecimento universal por volta do século IV.
O problema básico a respeito da aceitação da maioria desses livros não era sua inspiração, ou falta de
inspiração, mas a falta de comunicação entre o Oriente e o Ocidente a respeito de sua autoridade divina. Ou por
causa de más interpretações que se fizeram desses livros. Vejamos alguns argumentos:
1) Hebreus: Visto que o autor não se identifica e não afirma ter sido um dos apóstolos (Hb. 2.3),
o livro permaneceu sob suspeita durante algum tempo, não por haver ensinos heréticos, mas
por falta de comprovação de autoria.
2) Tiago: sua veracidade foi desafiada porque o autor da carta atribuída a Tiago não afirma ser
apóstolo. O aparente conflito entre seu ensino e o de Paulo, sobre a justificação pela fé,
representou um peso contra a carta de Tiago.
3) Segunda carta de Pedro: a hesitação em aceita-la como obra autentica do apóstolo Pedro
deveu-se à dessemelhança de estilo literário com a primeira carta do apóstolo. As diferenças
de estilo podem ser explicadas facilmente, por causa do emprego de um escriba em I Pedro, o
que não ocorreu em II Pedro(v. I Pd. 5.12).
4) Primeira e segunda cartas de João: O escritor se identifica apenas como “o presbítero”; por
causa dessa anonimidade e de sua circulação limitada, as cartas não gozaram de ampla
aceitação ainda que fossem mais amplamente aceitas do que II Pedro.
5) Judas: a maioria da contestação centrava-se nas referencias ao livro pseudepigráfico de
Enoque (Jd. 14,15) e numa possível referencia ao livro Assunção de Moisés (Jd.9). No entanto,
Judas foi suficientemente reconhecido pelos primeiros pais da igreja. As citações
pseudepigráficas têm uma explicação, a qual se valoriza muito pelo fato de tais citações não
serem essencialmente diferentes das citações feitas por Paulo de poetas não-cristãos (v.At.
17.28: I Co.15.33; Tt. 1.12).
- Epístola de Barnabé (c.70-79). Seu estilo é semelhante ao de Hebreus, mas seu conteúdo é mais
alegórico. O autor da carta é um leigo que não reivindica autoridade divina, e obviamente não é o Barnabé que se
nomeia entre os apóstolos do Novo Testamento(At. 14.14).
- Epístola aos coríntios (c.96). a carta não reivindica inspiração divina. Nota-se o emprego um tanto
fantasioso de declarações do AT, e o apócrifo Livro da sabedoria é citado como Escritura. O tom da carta é
evangélico, mas seu espírito é indubitavelmente abaixo do espírito apostólico.
- O pastor, de Hermas (c.15-140). O pastor tem valor ético e devocional, mas nunca foi reconhecido pela
igreja como canônico. A nota no Fragmento muratório sintetiza a classificação do pastor na igreja primitiva: “deve
ser lido; todavia, não pode ser lido na igreja para o povo, nem como se estivesse entre os profetas, visto que o
número destes já está completo, tampouco entre os apóstolos, até o fim dos tempos”.
- O didaquê, ou ensino dos doze apóstolos(c.100-120). O livro tem grande importância histórica, como elo
entre os apóstolos e os pais primitivos, com suas muitas referencias aos evangelhos, às cartas de Paulo e até ao
Apocalipse.
- Carta aos laudicenses (século IV?). “Essa carta é um punhado de frases paulinas costuradas entre si
sem nenhum elemento conector definido, e sem objetivo claro”. Não apresenta peculiaridades doutrinárias, sendo
tão inócua quanto pode ser uma obra falsificada. Ainda que o Concílio de Nicéia II (787) tenha advertido a igreja
contra esse livro, chamando-o “carta forjada”, ele reaparece na época da Reforma, em língua alemã e também
nas Bíblias inglesas. Apesar disso, jamais obteve reconhecimento canônico.
- Evangelho segundo os hebreus (65-100). Os primitivos pais da igreja provavelmente o usavam mais
como fonte homilética, não tendo jamais obtido categoria de livro bíblico canônico.
- Epístola de Policarpo aos filipenses (c.l08). Policarpo não advogou inspiração divina para sua obra;
disse que apenas ensinava as coisas que havia aprendido com os apóstolos. Embora a carta de Policarpo não
seja canônica, é fonte valiosa de informações a respeito de outros livros do Novo Testamento que ele próprio cita
como canônicos.
O conteúdo deles resume-se em ensinos heréticos, baseados em erros gnósticos, docéticos e ascéticos.
TODOS os livros originariamente reconhecidos como inspirados por Deus, que mais tarde sofreriam algum
questionamento, chegaram a gozar plena e definitiva aceitação por parte da igreja no mundo inteiro. Só os 27
livros do Novo Testamento são tidos e aceitos como genuinamente apostólicos.
Só estes 27 encontraram lugar permanente no cânon do Novo Testamento.
DEFININDO TERMOS:
a) Manuscrito: pensemos na palavra mano escrito: escrito a mão.
b) Massorético: transmissão exata;
c) Talmude: É a fonte de onde se deriva a lei judaica. Lei oral ou instrução.
d) Papiro: casca de madeira ou folha de erva.
e) Códice: obra antiga ou manuscritos
EM TUDO, vemos a mão de Deus, porque, pensemos: se existissem hoje em dia documentos escritos
pelas próprias mãos de Moisés, Davi, Isaias, Daniel, Paulo ou João, o coração humano é tão suscetível à
superstição, que seriam estes escritos adorados, como foi a serpente de metal nos dias de Ezequias (II R. 18.4).
A falta de originais não nos deve assustar, porque a Bíblia tem um controle exclusivo de Deus, e aprouve a
Ele permitir que assim, ou seja, através de cópias pudéssemos receber a palavra de Deus. Vejamos as palavras
de Jesus em Mt. 5.18.
Diferenças gerais
Diferença de nomenclatura.
Algumas versões católicas conservam a mesma nomenclatura protestante. Exemplo: a versão dos
Condes Beneditinos. As demais versões apresentam as seguintes variações:
I e II Samuel, corresponde a I e II Reis da versão católica;
I e II Reis, corresponde a III e IV Reis da versão católica;
Esdras corresponde a I Esdras;
Neemias corresponde a II Esdras;
Diferença de Tradução.
Algumas palavras fundamentais da doutrina católica são traduzidas de maneira a acomodar a sua
doutrina errada. Também, nas versões provenientes da Vulgata Latina, há a natural influencia de uma
tradução que passa por três línguas. É o caso da versão do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo e a do Pe.
Matos Soares.
Um exemplo apenas: Mc. 1.14-15. Aqui a palavra grega para “arrependei-vos” é metanoîte, que
significa: “mudai a vossa mente”, e não pode ser traduzida por “penitenciai-vos” como está na versão de
Matos Soares. “penitencia” pode ser, de alguma maneira, sinônimo de “arrependimento”, mas é um sinônimo
imperfeito e não corresponde à idéia original. A pena para este erro está fixada em Mt. 5.19.
Diferença principal.
A diferença principal está nos livros excedentes no Velho Testamento das versões católicas, os
chamados apócrifos, declarados oficiais e pertencentes ao Cânon, no dia 08 de abril de 1546 no, Concílio de
Trento, 4ª Sessão, Concílio de Trento (1545-1563).
ANOTAÇÕES:
3. OS EVANGELHOS.
3.1 - PORQUE QUATRO EVANGELHOS?
A pergunta que naturalmente surge é a seguinte: porque quatro? A resposta é simples. Uma ou duas
pessoas não nos teriam dado um retrato completo da vida de Cristo. Há quatro ofícios distintos de Cristo
apresentados nos evangelhos. Ele é apresentado:
Em Mateus Jesus Cristo é apresentado como Rei;
Em Marcos é apresentado como Servo;
Em Lucas é apresentado como Filho do homem;
Em João é apresentado como Filho de Deus.
Utilizaram duas fontes para provar aos judeus que Jesus era o Messias:
1. Seu testemunho de experiências pessoais, inclusive o que eles tinham visto Jesus fazer;
2. As escrituras do AT em primeiro lugar Isaias que predizia o sofrimento e a morte do servo
escolhido de Deus.
Marcos - Observe o começo. Não há genealogia. A razão é que Jesus é apresentado como Servo, e
ninguém está interessado na linhagem de um servo;
Pastor Gilberto Suzano de Mattos 19
IGREJA BATISTA CEHAB
Lugar de pessoas vivendo a vida em família
“Preparando líderes para um ministério saudável”
João – Começa sem genealogia, mas... “No principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus”. Em João, Cristo é apresentado como Deus.
DOCUMENTOS DE FÉ.
Salta aos olhos que os evangelhos não pretendem ser história, no sentido de objetividade fria e imparcial.
Não são crônicas históricas nem atas de reuniões, sem vida. São documentos de fé. Isto não quer dizer que não
são históricos. Eles são. Não narram ficção. Narram os atos de um homem histórico, que viveu num momento
histórico, num lugar histórico, e fundou um movimento histórico chamado Igreja. São históricos.
Vejamos esta palavra de Lucas: “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos
fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas
oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo,
pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem” (Lc 1.1-3). Os evangelhos não
narram alguma invencionice literária, mas falam de coisas que aconteceram. São documentos de fé, não de uma
fé conceitual, mas de uma fé enraizada na história, confirmada por fatos.
Vejamos também esta palavra de Paulo: “Porque o rei, diante de quem falo com liberdade, sabe destas
coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto” (At 26.26). O relato
do Novo Testamento, em geral, e dos evangelhos, mais restritamente, não são insignificantes. Aconteceram e não
foi em qualquer canto. Tornaram-se notórios, os eventos, na época. O mundo que vivenciou os eventos narrados
nos evangelhos e em Atos não pode negá-los. Hoje se tenta negá-los, mas o mundo da época teve que silenciar,
espantado.
São históricos, mas são documentos de fé porque procuram levar a pessoa a ter fé. É o que João diz, no
encerramento do seu evangelho, em 20.30-31 (veremos, depois, que o capítulo 21 é um apêndice que João
acrescentou ao que tinha escrito): “Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.
Definamos, então, isto: os evangelhos são livros que narram eventos que aconteceram, e procuram
despertar a fé na pessoa de Cristo. Perderá muito do seu valor quem os ler buscando curiosidades ou pensando
estar analisando uma obra comum. Partimos deste pressuposto: são Palavra de Deus, inspirada (soprada por
Deus) e têm um propósito para nossa vida. Podemos entender as palavras, mas se não partirmos deste ponto de
vista, que eles vêem do Espírito Santo de Deus, perderemos a bênção que eles trazem para nós, a vida em Cristo.
A mensagem de Mateus.
Mateus escreveu para judeus. Sua tese é que as profecias do Antigo Testamento se cumpriram na pessoa
de Jesus. Sua primeira declaração, em 1.1, esclarece isto muito bem: “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho
de Davi.” Jesus é o descendente de Davi esperado. Desde o cativeiro que os judeus, arrasados, esperavam uma
reconstrução nacional. Esperavam um homem como Davi, porque no reinado de Davi Israel se tornou a maior
potência do Oriente. Eis o que lemos em Ezequiel 34.23-24: “E suscitarei sobre elas um só pastor para as
apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o
meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse”. Davi se tornou o nome símbolo para o
Messias. Esta é a linha de Mateus. Ele fará várias comparações entre Jesus e Israel e, por fim, mostrará que o
tempo de Israel passou, e a Igreja o substitui: “Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será
dado a um povo que dê os seus frutos” (21.43).
Mateus parece ter mais conteúdo, em termos de massa de informação. É um evangelho que dá uma visão
completa da obra de Jesus. É bem estruturado e seu autor sabia comunicar e o fez seguindo um plano de ação. É
um evangelho bem preparado. Sua anotação do Sermão do Monte legou ao mundo a transcrição do mais
fantástico e famoso sermão já pregado. É ele quem traz um discurso apocalíptico de Jesus, no final. São dois
limites bem definidos. No início, o sermão do monte, as bases éticas do reino. No final, o sermão escatológico, a
consumação do reino. Ao longo do escrito, o evangelho do reino. Início, meio e fim, numa obra bem elaborada.
A mensagem de Marcos.
Marcos mostra o ministério ativo de Jesus. No seu escrito, o evangelista sempre o mostra em atividade.
Jesus é um homem cheio de energia, indo de um lugar para o outro, sempre pregando, ensinando e curando. Ele
organizou o material de maneira a mostrar como os eventos vão se sucedendo até a tragédia final. Marcos quis
concluir sua obra com esta mensagem: a sepultura está vazia e os discípulos devem ir para a Galiléia, onde tudo
começou. Eles continuarão o que Jesus começou. A Igreja continua a tarefa de Jesus, é o que ele mostra. Uma
estrutura muito bem construída, como se vê.
Mesmo sendo o mais sintético dos quatro, Marcos é respeitado como um documento sério. Pedro
freqüentava a casa de Marcos, quando este, provavelmente, era um rapazinho: “Depois de assim refletir foi à casa
de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam” (At
12.12). Tomou-o como discípulo. Ele viajou com os discípulos e foi, inclusive, o pivô de uma dissensão entre
Paulo e Barnabé, tendo sido companheiro de Barnabé, depois que Paulo o recusou: “Decorridos alguns dias,
disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do
Senhor, para ver como vão. Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos. Mas a Paulo
não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha
acompanhado no trabalho. E houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando
consigo a Marcos, navegou para Chipre” (At 15.36-39). Deve ter se recuperado, pois no fim da vida Paulo
reconheceu como útil: “Só Lucas está comigo. Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o
ministério” (2Tm 4.11). Estas atividades com Paulo e Barnabé e o bom testemunho de Paulo sobre ele o
credenciaram como uma pessoa digna de confiança no seio da comunidade cristã.
A mensagem de Lucas.
Lucas escreveu para orientar um tal de Teófilo, que, sem dúvida, é uma pessoa. O “excelentíssimo”, forma
de tratamento, significa, segundo alguns, que era um oficial do exército romano. Mas é um emblema, também.
Significa “amigo de Deus’. Os que querem ser amigos de Deus devem prestar atenção no que ele diz. Sua tese
central está em 19.10: “O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Jesus é o homem
perfeito, o restaurador da humanidade, o primogênito da nova raça de Deus. Talvez Lucas, companheiro de
Paulo, tivesse em mente o texto de 2Coríntios 5.17: “Se alguém está em Cristo, nova criação é”. Em Jesus Cristo,
Deus cria um homem e um mundo novos. A influência de Paulo é muito grande em Lucas. Como vemos nos
capítulos finais de Atos, em que o pronome usado na narrativa é “nós”, ele viveu algumas experiências com Paulo.
Permaneceu com ele até o fim, como lemos em 2Timóteo 4.11. Paulo o amava em Cristo: “Saúda-vos Lucas, o
médico amado, e Demas” (Cl 4.14). Era respeitado na Igreja, como irmão de Silas. É muito provável que “o irmão
cujo louvor no evangelho está espalhado por todas as igrejas” (2 Co 8.18) seja ele. Lucas dispunha de muita
credibilidade na Igreja.
Mas Lucas não fica apenas na apresentação de Jesus como o homem perfeito. Ele, Jesus, é mostrado
como sendo Deus, também. As palavras de Gabriel mostram isso: “Este será grande e será chamado filho do
Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai; e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu
reino não terá fim. Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso
o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”(1.32-35).
O evangelho de Lucas mostra a perfeita humanidade e a perfeita humanidade de Jesus. É dele o
documento em que se vê mais de perto a face humana, pessoal, de Jesus. Ele não perde a vista sua divindade,
mas retrata-o mais humanamente que os demais. É, também, o mais literário dos quatro evangelhos.
A mensagem de João.
Este é o mais fascinante dos evangelistas. Seu evangelho difere dos demais porque ele construiu a vida de
Jesus ao redor de discursos, e não de eventos. Sua tese é simples: “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus é o
Messias das profecias do Antigo Testamento. O tempo do Antigo Testamento, de Moisés e do judaísmo passou.
“A lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (1.17).
Moisés foi um instrumento e Jesus é o ponto final. O trecho de 6.31-35 é bem expressivo disto: “Nossos
pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer. Respondeu-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão
do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-
nos sempre desse pão. Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá
fome, e quem crê em mim jamais terá sede”.
João é um artista das palavras. Em toda a Bíblia, poucos souberam utilizá-las tão bem como ele. O retrato
de Jesus por ele pintado tem prendido os corações e as mentes das pessoas através de séculos. Não é tão
erudito como Lucas, mas é um poeta e construtor de imagens. O texto de João 3.16, por exemplo, é a passagem
mais conhecida de todo o Novo Testamento. Seu relato final, mostrando Jesus e os discípulos na praia, é uma
obra-prima da narrativa. A beleza do escrito impressiona. Ali se vê como Jesus reconstrói sua comunidade, já
dispersa, e recupera a autoconfiança de homens abalados pelo fracasso. É um evangelho de carinho, cheio da
ternura do Salvador.
CONCLUSÃO
Mateus, Marcos, Lucas e João, os quatro evangelistas, legaram ao mundo a história mais fantástica que os
ouvidos humanos já ouviram. Um dia, Deus veio a este mundo como homem. Aqui viveu, sofreu, ensinou, morreu
e ressuscitou. E deixou uma comunidade, a Igreja, que deve dizer ao mundo o que ele ensinou. Estudar os
evangelhos é beber na fonte mais cristalina. Por isto, aprofundemo-nos no estudo sobre a vida e os ensinos de
Jesus de Nazaré, o Deus feito homem. Sem dúvida, seremos grandemente beneficiados.
ANOTAÇÕES:
Então eu lhe disse com muito carinho que se sentasse, ficasse calada, nada dissesse, e deixasse para
perguntar em casa (não na igreja) e ao marido (não a mim). Porque está escrito na Bíblia: "As vossas mulheres
estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei.
E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as
mulheres falem na igreja" (1Co 14.34-35).
A interpretação bíblica sem análise do contexto cultural e histórico, leva-nos a interpretar erroneamente as
coisas “ao pé da letra”, o que pode passar muito longe da verdade.
É como alguém já disse: TODO TEXTO FORA DO SEU CONTEXTO, GERA UM PRETEXTO.
Nem uma Bíblia, tipificando a revelação total de Deus. É uma pomba, tipificando o Espírito. Neste sentido, a
revelação, obra do Espírito, continua.
Percebe-se um grande equívoco na forma de atuação do Espírito Santo, que no Antigo Testamento atuou
inspirando homens para registrarem a revelação, no Novo Testamento também realizou essa mesma obra, mas
nos dias de hoje atua iluminando os homens no entendimento da Escritura revelada.
Uma questão mais: o movimento neopentecostal tem confundido a psiquê, a interioridade humana, com o
ruah, o Espírito do Senhor. Assim, o que a pessoa sente passa a ser verdade. Como se ouve a frase: "Eu senti em
meu coração!". Isto não quer dizer nada. Não podemos confundir nosso íntimo com a voz de Deus. Devemos nos
lembrar de Jeremias 17.9: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?".
Essa atitude é perigosa. Neopentecostais se valem deste recurso, e assim confundem sua voz interna com
a voz do Espírito. Não estou divagando. Estou chamando a atenção para um perigo: tirar a fonte de autoridade
das Escrituras e colocar na pessoa.
Esta nova hermenêutica tem privilegiado o domínio de revelações, visões e sonhos sobre a Bíblia.
Nossa identidade batista parte daqui: zelo pelas Escrituras. Nada de mais nada de menos. Quando ela
fala, nós falamos. Quando ela cala, nós calamos.
Os batistas não surgiram ontem e tem uma herança teológica coerente, uma teologia fechada (no sentido
de ser completa, de abarcar todas as áreas da vida). Cuidado com visões fragmentárias, em que toda a Bíblia é
analisada à luz de uma parte.
Cuidado com o experiencialismo, aquela atitude em que as experiências humanas são válidas e julgam a
Bíblia. É a Bíblia que deve julgar nossas experiências, e não o oposto. A ordem é FATO > FÉ > EMOÇÃO. Existe
um FATO: Deus e sua Palavra. Eu tenho FÉ neste fato. Como conseqüência de minha FÉ neste FATO
experimento a EMOÇÃO de ser salvo, de ter direção na minha vida, etc. Quando a ordem é invertida, em vez da
Bíblia reger minha vida, minha vida rege a Bíblia.
A boa hermenêutica (interpretação da bíblia) é aquela em que Jesus brilha, a cruz resplandece, Deus é
glorificado. Nenhum outro fundamento pode ser posto: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que
já está posto, o qual é Jesus Cristo" (1Co 3.11). É bom firmar as raízes no que conhecemos.
- A Bíblia é importante porque fornece orientação para a vida diária dos cristãos.
A Bíblia nos apresenta um plano completo e eficiente para o devido relacionamento com outras pessoas.
Não somente explica como se relacionar com a própria família, amigos e vizinhos, mas nos ensina como devemos
tratar os inimigos.
Talvez os três maiores problemas do homem contemporâneo sejam:
1) Sua consciência de culpa e rejeição causando um sentimento de alienação e solidão;
2) Sua incapacidade de relacionamento com seu próximo;
3) Suas frustrações, causadas pelas derrotas, que o levam a concluir que a vida não tem sentido.
A Bíblia tem a única resposta adequada a cada um desses problemas.
A Bíblia contém verdades que os homens não poderiam ter descobertos por si mesmo. Ninguém poderia
ter escrito sobre a criação do universo, sem que Deus lhe houvesse revelado. Jesus deu testemunho a respeito
da inspiração da Bíblia. Leia Lucas 24 : 27.
VOCÊ CONHECE A BÍBLIA?
- A Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos.
- O maior livro da bíblia é Salmos, com 150 capítulos.
- O menor livro da bíblia é 2º João.
- O maior capítulo é Salmos 119.
- O menor capítulo é Salmos 117.
- Foram usados três idiomas para escrever a bíblia: Hebraico, grego e aramaico.
- O versículo central é Salmos 118:8.
- O texto áureo da Bíblia é João 3:16.
Sem dúvida a Bíblia é uma biblioteca extraordinária! Mais que isso, é a “lâmpada para os nossos pés...”
TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA – A primeira tradução completa da Bíblia para a língua
portuguesa é resultado do trabalho de um pastor português protestante, chamado João Ferreira de Almeida.
Nascido em Portugal em 1628, tornou-se pastor em 1645. Foi enviado como missionário entre os povos de fala
portuguesa na Indonésia. Em 1681 concluiu a primeira edição do Novo Testamento. Morreu em 1691, tendo
traduzido o Antigo Testamento até o Capítulo 48 de Ezequiel. A partir daí, discípulos seus, missionários da Liga
Holandesa de Missões, se encarregaram de completar a obra, a qual foi concluída entre 1748 e 1753 na Batávia,
atual Ilha de Java (Indonésia). Essa tradução não continha os livros Apócrifos. A partir daí muitas revisões têm
sido feitas ao texto original de Almeida em virtude do dinamismo que permeia o desenvolvimento da língua.
1898 - Foi feita uma tradução revista e corrigida (R.C.) na qual foi incluída em Ap.22:14 a expressão “no
sangue do cordeiro” para harmonizar com Ap.7:14.
1948 – Com as dificuldades e transtornos provocados pela segunda guerra mundial, os cristãos brasileiros
que até então importavam bíblias de outros países, surgiu a iniciativa de se produzir a bíblia aqui em nosso país.
Assim nascia a Sociedade Bíblica do Brasil, a primeira editora a publicar a bíblia produzida em solo brasileiro.
1988 - A BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE (B.L.H.) – Tradução empreendida pela Sociedade Bíblica do
Brasil, a qual publicou o Novo Testamento em 1973 e a Bíblia completa em 1988. A proposta deste texto é a
comunicação ao leitor da Bíblia em linguagem popular. Nesse texto as medidas e calendários já são dados nos
seus equivalentes modernos.
2000 - Foi lançada uma revisão sob o título NOVA TRADUÇÃO NA LINGUAGEM DE HOJE (N.T.L.H.).
2001 – Nova Versão Internacional (NVI) - Publicada pela Editora Vida e pela Sociedade Bíblica
Internacional. Tem sido elogiada pela clareza do texto.
2007 – Bíblia Almeida Século XXI - As principais críticas a esta versão são excessivo conservadorismo
teológico presente nas introduções dos livros e no uso não inclusivo da palavra “homem” para se referir à
totalidade da espécie humana (homem e mulher).
CONCLUSÃO
A Bíblia é o registro fiel da revelação Divina ao homem. Vemos através dela, “o Deus revelado revelando-se
na Palavra revelada.” Seu tema é Cristo e Sua glória é como podemos conhecê-Lo (2Co 4.6; Jo 17.8).
A Bíblia serve como o meio mais inclusivo de todos os tipos de revelação especial, pois engloba o registro
de muitos aspectos desta revelação. Embora Deus, indiscutivelmente, tenha dado outra visões, sonhos e
mensagens proféticas não reveladas na Bíblia, não possuímos detalhes a respeito delas. Além disso, tudo o que
sabemos a respeito da vida de Cristo aparece na Bíblia, mesmo que, obviamente, nem tudo o que ele fez e disse
tenha sido registrado nas Escrituras (Jo 21.25).
Cremos na suficiência das Escrituras Sagradas. Significa que as Escrituras contem todas as palavras que
Deus pretendeu que seu povo tivesse em cada estágio da história redentora, e que agora contemplam tudo o que
precisamos que Deus nos diga para nossa salvação, para confiarmos nele plenamente e para que lhe
obedeçamos plenamente.
Em cada estágio da história da redenção, as coisas que Deus revelou foram para o seu povo para aquela
época, e eles deviam estudá-las, crer nelas e obedecê-las. Conf. Dt 29.29
Em sendo assim, devemos:
● Nos encorajar para buscar respostas na Bíblia e nos satisfazer com as Escrituras.
●Prestar atenção para não acrescentar nada às Escrituras.
● Tomar muito cuidado para não equiparar outras orientações de Deus com a Bíblia.
Deus tem falado claramente a todos os homens em todas as épocas, utilizando os mais diversificados
métodos possíveis. Assim, Ele não deixou o homem sem testemunho divino (At 14.15-17). Deus foi imparcial,
revelando-se a indivíduos, famílias, tribos, nações e ao mundo inteiro, para que todos fiquem “sem desculpa” –
Rm 1.18-20; 3.19.
A revelação de Deus, em particular aquela encontrada na Bíblia, se deu de maneira progressiva e
continuada. Dessa forma, a revelação foi um processo e não um acontecimento, e faz parte do Seu plano para
redimir a raça humana.
Grande abraço de seu amigo e pastor;
Pastor Gilberto Suzano de Mattos
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BIBLIOGRAFIA
BATISTA, Impacto Realidade (Convenção Batista Fluminense)
CARVALHO. Antonio Vieira de - Teologia da Educação Cristã – pág. 40-43 - São Paulo: Hagnos, 2006