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de conservação da biodiversidade
Livro Vermelho
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
2018
O sapinho-admirável-de-barriga-vermelha, Melanophryniscus
admirabilis, que ilustra a capa desta edição do Livro Vermelho, é
uma espécie descrita em 2006, endêmica ao Sul da Mata Atlântica.
Mais precisamente, endêmica às margens do rio Forqueta, no
município de Arvorezinha, estado do Rio Grande do Sul. O mais
espantoso é que sua área de distribuição abrange somente 700 m
de trecho de rio, contidos em uma pequena localidade conhecida
como Perau de Janeiro. A reduzidíssima área de distribuição da
espécie, associada à perda de qualidade do seu habitat, levou-a a
condição de criticamente em perigo de extinção.
A escolha desse sapinho, entre outras 1.172 espécies da
nossa fauna ameaçada, 318 também consideradas criticamente
em perigo, chama atenção para a imensa riqueza de nossa
biodiversidade ao mesmo tempo que expõe a sua fragilidade.
Temos centenas de espécies de vertebrados, para não mencionar
as milhares de espécies de invertebrados, que se distribuem em
áreas tão ou mais restritas do que essa, algumas endêmicas a
uma única e minúscula lagoa que, pelos mais variados motivos,
pode simplesmente deixar de existir e, assim apagar, de modo
definitivo e irreversível, milhares de anos de história evolutiva de
uma forma de vida única no planeta.
Em meados de 2014, foi o que quase ocorreu com o
Melanophryniscus admirabilis. O reduzido lago a ser formado
pela Pequena Central Hidrelétrica de Perau de Janeiro, iria por
fim a história dessa espécie, deixando submerso todos os seus
700 m de área de distribuição. Graças à construção de um amplo
entendimento, envolvendo pesquisadores, empreendedores e
autoridade ambientais, abdicou-se do empreendimento em favor
da espécie.
Essa não é uma história do bem contra o mal ou de
ambientalistas versus desenvolvimentistas. Essa é uma história
do quanto o conhecimento é essencial para a conservação da
biodiversidade. É a base segura para um diálogo objetivo e
transformador. Entre esta nova edição e o último Livro Vermelho
publicado em 2008, 716 espécies passaram a ingressar a lista
nacional da fauna ameaçada de extinção, resultado direto do
grande universo abrangido pelo esforço de avaliação realizado
em 2014. Todavia, 170 espécies deixaram de ser consideradas
ameaçadas. Esta corajosa decisão deve-se, em grande parte, à
acurácia e à segurança do processo de avaliação empreendido,
mas também, e não menos importante, ao extenso e profundo
conhecimento adquirido nos últimos 15 anos.
A história com final feliz do sapinho-admirável-de-barriga-
vermelha é um símbolo da vitória desse conhecimento.
volume i
Presidente da República
Michel Temer
Livro Vermelho
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
volume i
ICMBio
Brasília
2018
Coordenadora Geral de Estratégias Projeto Gráfico
para Conservação Amanda Galvão
Rosana Junqueira Subirá Rosana Junqueira Subirá
Wagner Ramirez
Equipe executora Ângela Ester Magalhães Duarte
Coordenação de Avaliação do Estado de Bruno Freitas de Paiva
Conservação da Biodiversidade
Rosana Junqueira Subirá Foto capa
Amanda Galvão Ivan Borel Amaral
Carlos Eduardo Guidorizzi de Carvalho
Drielle dos Santos Martins
Estevão Carino Fernandes de Souza
Julia Borges Feliciano de Lima
Juliana Bosi de Almeida
Leonardo Gonçalves Tedeschi
Marina Palhares de Almeida
Mônica Brick Peres
Ugo Eichler Vercilo
Acompanha Pen Card contendo: v.2. Mamíferos - v.3. Aves - v.4. Répteis -
v.5. Anfíbios - v.6. Peixes – v.7 Invertebrados.
ISBN: 978-85-61842-79-6
Mamíferos
Rogério Vieira Rossi (UFMT)
Didelphimorphia
Lena Geise (UERJ)
Pilosa e Cingulata Flávia Regina Miranda (UFMG)
Perissodactyla Emília Patrícia Medici (IPÊ)
Alexine Keuroghlian (Projeto Queixada)
Arnaud Léonard Jean Desbiez (Royal Zoological Society
Artiodactyla
of Scotland, UK)
José Maurício Barbanti Duarte (UNESP)
Mamíferos Aquáticos (Sirenia, Cetaceae,
Vera Maria Ferreira da Silva (INPA)
Otariidae e Phocidae)
Fabiano Rodrigues de Melo (UFG)
Primates Liza Maria Veiga† (MPEG)
Marcos de Souza Fialho (ICMBio/CPB)
Beatriz de Mello Beisiegel (ICMBio/CENAP)
Carnivora (Canidae, Felidae, Mephitidae,
Rogério Cunha de Paula (ICMBio/CENAP)
Mustelidae e Procyonidae)
Rose Lilian Gasparini Morato (ICMBio/CENAP)
Jorge Luiz do Nascimento (ICMBio)
Chiroptera Ludmilla Moura de Souza Aguiar (UnB)
Enrico Bernard (UFPE)
Cibele Rodrigues Bonvicino (INCA)
Rodentia e Lagomorpha
Paulo Sergio D´Andrea (FIOCRUZ)
Aves
Alexandre Luis Padovan Aleixo (MPEG)
Amazônia Mário Cohn-Haft (INPA)
Sérgio Henrique Borges (FVA)
Caio Graco Machado (UEFS)
Caatinga
Helder Farias Pereira de Araujo (UFPB)
Cerrado e Pantanal Miguel Ângelo Marini (UnB)
Mata Atlântica e aves de ampla distribuição Luís Fábio Silveira (MZUSP)
Aves limícolas Wallace Rodrigues Telino Júnior (UFRPE)
Aves marinhas Leandro Bugoni (FURG)
Répteis
Testudines marinhos Maria Angela Marcovaldi (Fundação Pró-Tamar)
Testudines continentais Richard C. Vogt (INPA)
Crocodylia Marcos Eduardo Coutinho (ICMBio/RAN)
Squamata (lagartos e anfisbênias) Guarino Rinaldi Colli (UnB)
Márcio Roberto Costa Martins (USP)
Squamata (serpentes)
Cristiano de Campos Nogueira (MZUSP)
Anfíbios
Amphibia Célio Fernando Baptista Haddad (UNESP)
Peixes
Carla Natacha Marcolino Polaz (ICMBio/CEPTA)
Carla Simone Pavanelli (UEM)
Actinopterygii continentais Fábio Vieira (Consultor)
Roberto Esser dos Reis (PUCRS)
Jansen Alfredo Sampaio Zuanon (INPA)
Lúcia Helena Rapp Py-Daniel (INPA)
Eleonora Trajano (USP)
Actinopterygii troglóbios
Maria Elina Bichuette (UFSCAR)
Beatrice Padovani Ferreira (UFPE)
Carolina Viviana Minte-Vera (UEM)
Fabio Di Dario (UFRJ)
Flávia Lucena Frédou (UFRPE)
Actinopterygii marinhos Michael Maia Mincarone (UFRJ)
Mônica Brick Peres (ICMBio)
Ning Labbish Chao (UFAM)
Rodrigo Leão de Moura (UFRJ)
Ronaldo Bastos Francini-Filho (UFPB)
Carolus Maria Vooren (FURG)
Patricia Charvet (SENAI/PR)
Elasmobranchii e Holocephali Mônica Brick Peres (ICMBio)
Ricardo de Souza Rosa (UFPB)
Rosângela Paula Teixeira Lessa (UFRPE)
Myxini Michael Maia Mincarone (UFRJ)
Invertebrados Terrestres
Insecta (Lepidoptera) André Victor Lucci Freitas (UNICAMP)
Insecta (Lepidoptera – Sphingídeos) Amabílio José Aires de Camargo (EMBRAPA Cerrados)
Insecta (Ephemeroptera) Cleber Macedo Polegatto (USP)
Insecta (Odonata) Paulo de Marco Júnior (UFG)
Insecta (Coleoptera) Elynton Alves do Nascimento (UNICENTRO)
Insecta (Hymenoptera - Formicidae) Jacques Hubert Charles Delabie (CEPLAC)
Myriapoda Amazonas Chagas-Jr (UFMT)
Arachnida Antonio Domingos Brescovit (Instituto Butantan)
Collembola Douglas Zeppelini Filho (UEPB)
Mollusca terrestres Sônia Barbosa dos Santos (UERJ)
Onychophora Cristiano Sampaio Costa (USP)
Annelida (Oligochaeta) George Gardner Brown (EMBRAPA Florestas)
Invertebrados Aquáticos
Georgina Bond Buckup (UFRGS)
Crustacea
Marcelo Antonio Amaro Pinheiro (UNESP)
Mollusca marinhos Helena Matthews Cascon (UFC)
Mollusca de água doce Sônia Barbosa dos Santos (UERJ)
Cnidaria Débora de Oliveira Pires (MN/UFRJ)
Porifera Guilherme Ramos da Silva Muricy (MN/UFRJ)
Echinodermata, Polychaeta, Brachiopoda,
Antonia Cecília Zacagnini Amaral (UNICAMP)
Sipuncula e Enteropneusta
Avaliação de Didelphimorphia, Artiodactyla, Andressa Barbara Scabin
Perissodactyla, Carnivora (Canidae, Felidae, Danielle Custódio Leal
Mephitidae, Mustelidae e Procyonidae), Fernanda Pinto Marques
Rodentia e Lagomorpha Laís Cristina Álvares Rodrigues de Assis
Manuella Andrade de Souza
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação Murilo Sérgio Arantes
de Mamíferos Carnívoros - CENAP
Suylane Barbalho de Lima Silva
Beatriz de Mello Beisiegel - Ponto Focal
Lívia de Almeida Rodrigues - Ponto Focal
Elildo Alves Ribeiro Carvalho Jr. Avaliação de Testudines marinhos
Francisco Chen de Araújo Braga
Lilian Bonjorne de Almeida Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
Silvia Neri Godoy das Tartarugas Marinhas e da Biodiversidade
Marinha do Leste - TAMAR
Alexsandro Sant’Ana dos Santos – Ponto Focal
Avaliação de Primates, Pilosa e Cingulata
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação Avaliação de Amphibia, Crocodylia, Testudines
de Primatas Brasileiros - CPB continentais e Squamata
Amely Branquinho Martins - Ponto Focal
André Chein Alonso Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
Camila Crispim Muniz de Répteis e Anfíbios – RAN
Diógenes Augusto Ramos Filho Yeda Soares de Lucena Bataus - Ponto Focal
Emanuella Félix Moura Ana Paula Gomes Lustosa
Ivy Nunes dos S. Lima Augusto de Deus Pires
Kena Ferrari Moreira da Silva Bruno Ferreto Fiorillo
Marcos de Souza Fialho Camila Kurzmann Fagundes
Taíssa Régis dos Santos Carlos Roberto Abrahão
Cíntia Maria Silva Coimbra
Avaliação de Mamíferos Aquáticos – Sirenia, Flávia Regina de Queiroz Batista
Cetacea, Otariidae e Phocidae Hugo Bonfim de Arruda Pinto
Iberê Farina Machado
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação Ilka Barroso D’Avila Ferreira
de Mamíferos Aquáticos – CMA Ivan Borel Amaral
José Martins da Silva Júnior - Ponto Focal Jéssica Fenker Antunes
Cristiane Albuquerque João Gabriel Ribeiro Giovanelli
Jesuína Maria da Rocha
Josué Anderson Azevedo
Sérgio Carvalho Moreira
Laplace Gomide Júnior
Magno Vicente Segalla
Avaliação de Chiroptera Marcos Eduardo Coutinho
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação Nadya Teixeira Lima
de Cavernas – CECAV Rafael Antônio Machado Balestra
Rita de Cássia Surrage de Medeiros - Ponto Focal Sônia Helena Santesso Teixeira de Mendonça
Fernanda Voietta Pinna Maniglia Tiago Quaggio Vieira
Carlos Abs da Cruz Bianchi Vera Lúcia Ferreira Luz
Rodrigo Ranulpho da Silva Vívian Mara Uhlig
Apoio financeiro
Fundo Mundial para o Meio Ambiente - GEF
Ministério do Meio Ambiente - MMA
Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira - PROBIO II
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD
Lista de siglas 12
Prefácio 19
Apresentação 20
Agradecimentos 24
Organização geral 41
A biodiversidade brasileira 43
Resultados 55
Espécies avaliadas 81
Há muito deixou de ser novidade que o Brasil é um país megadiverso, detentor da maior
biodiversidade do planeta. Nossos números são superlativos e, também, surpreendentes.
Mesmo que saibamos que há muito o que conhecer, que há muitas espécies desconhecidas
aguardando serem descritas, ainda surpreende ver emergir do desconhecimento novas
formas taxonômicas, o que torna a conservação desse imenso patrimônio de biodiversidade
algo verdadeiramente assustador.
Nos propusemos a realizar o mais completo diagnóstico sobre o estado de conservação
da fauna brasileira, avaliando indistintamente todas as espécies conhecidas e que, em
alguma fase da sua vida, habitam o Brasil. Foram cinco anos compilando mais de dez mil
artigos científicos e realizando dezenas de oficinas de trabalho, para conseguir atingir a
meta ambiciosa de avaliar todas as espécies de vertebrados, reconhecendo como impossível
a avaliação de todos os invertebrados. E ao longo desses cinco anos, fomos surpreendidos
por diversas vezes pela necessidade de ampliar o número das espécies a serem avaliadas,
a medida que surgiam artigos com a descrição de novas formas.
Este foi o mais amplo esforço já realizado desde que foi publicada a primeira lista
nacional de espécies da fauna ameaçadas de extinção, em 1960. De lá para cá foram
cinco listas oficiais e o seu natural aperfeiçoamento levou a amplitude do processo que
gerou a atual lista (Portarias MMA n° 444 e 445/2014). O esforço empenhado e o número
de especialistas envolvidos foi algo sem precendentes, não só para o Brasil mas temos
a certeza que também para o mundo. Um esforço que, diga-se de passagem, faz jus ao
tamanho da nossa biodiversidade.
O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção traz de forma mais nítida
os resultados desse esforço. Nesse sentido, é importante destacar que tais resultados são
muito mais um reflexo da dimensão desse esforço, e há que se fazer justiça, do indubitável
avanço do conhecimento científico nesses últimos dez anos, do que propriamente de um
declíneo no estado de conservação das espécies, o que inegavelmente também ocorreu.
Corrobora esse argumento o fato de que cerca de 170 espécies da lista anterior deixaram a
atual lista, efeito direto de um maior conhecimento científico e de um aprimoramento do
processo de avaliação.
No que se refere as ameaças às espécies da fauna, o Livro Vermelho inova ao trazer,
além da identificação do grau de risco de extinção de cada espécie, uma abordagem
sobre o conjunto de circunstâncias que as colocam em risco, quais são e onde estão as
ameaças que enfrentam e a sua associação com as atividades humanas. Mais do que
simplesmente apontar culpados, busca-se enxergar com maior exatidão os vetores de
ameaças para melhor delinear as estratégias de conservação, que deverâo implicar em
medidas mais inteligentes e mais eficazes. Nesse diapazão, é necesssário entender os
vetores, mergulhar com profundidade em seu universo e dele emergir com soluções que
permitam compatibilizar sua existência com a manutenção a longo prazo de populações
genética e demograficamente viáveis das espécies da fauna brasileira.
Para isso, é preciso levar o tema do risco de extinção das espécies para uma discussão
objetiva como os setores de desenvolvimento do país, pois esse mergulho e as soluções
de compatibilização só serão verdadeiramente possíveis com sua colaboração. Quem sabe
consigamos atingir uma maturidade que nos leve a ter a manutenção a longo prazo das
espécies como um objetivo adjacente ao do desenvolvimento nos planejamentos setoriais.
Quem sabe. Esse é um esforço que vale a pena empreender. Esse é um desejo que vale a
pena perseguir. Esse é um desafio que vale a pena assumir.
É com grande satisfação que aceitei escrever a apresentação deste novo Livro Vermelho
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Este livro substitui o livro homônimo publicado
dez anos atrás pelo Ministério do Meio Ambiente referente às listas anteriores da fauna
ameaçada editadas pelo Ministério do Meio Ambiente em 2003 e 2004 (com correção
em 2005) coordenadas pela Fundação Biodiversitas. Substituir o livro vermelho de 2008
é uma grande responsabilidade haja visto o grau de excelência da publicação anterior,
mas constato com alegria a alta qualidade desta nova publicação em seus sete detalhados
volumes totalizando cerca de 4.200 páginas.
Se a avaliação do estado de conservação e risco de extinção da fauna brasileira que
resultaram nas listas publicadas em 2003 e 2004 e no livro publicado em 2008 representaram
um enorme esforço, a avaliação documentada aqui neste novo livro vermelho representou
um esforço épico nunca visto que mobilizou diversos especialistas pertencentes a mais
de 200 instituições nacionais e internacionais entre 2009 e 2014 – pela primeira vez no
Brasil e num país megadiverso todas as espécies de vertebrados então conhecidas foram
avaliadas, quase 9.000 espécies, juntamente com mais de 3.300 espécies de invertebrados.
Apenas a China, entre os países megadiversos, conseguiu repetir este feito em anos
recentes. Este Livro Vermelho da Fauna faz agora companhia ao também excelente Livro
Vermelho da Flora do Brasil publicado em 2013 pelo Centro Nacional de Conservação da
Flora – CNCFlora do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Igualmente impressionante foi o avanço nesta última década na elaboração,
implementação e monitoramento de mais de 60 Planos de Ação Nacional (PANs)
coordenados pelo ICMBio e pelo CNCFlora/IPJBRJ para a conservação de espécies
ameaçadas, com cerca de 700 espécies ameaçadas contempladas, sendo 526 espécies
de vertebrados, 87 espécies de invertebrados 91 espécies da flora – trata-se de um dos
maiores esforços no mundo para salvar espécies ameaçadas. Estes PANs, iniciados com o
primeiro PAN de Mamíferos Aquáticos: Grandes Cetáceos e Pinipídes publicado em 1997,
mobilizam ações prioritárias para retirar espécies das listas vermelhas.
A minha satisfação deve-se também ao fato desta avaliação gigantesca e dos PANs ter
sido em grande parte financiada com recursos do Fundo Mundial para o Meio Ambiente
(Global Environment Facility – GEF) por meio do “Projeto Nacional de Ações Integradas
Público-Privadas para Biodiversidade - PROBIO II” que tive o prazer de coordenar no
Ministério do Meio Ambiente entre 2006 e 2011 (o projeto só foi concluído em 2014). Este
projeto mobilizou US$ 22 milhões do GEF além de cerca de US$ 75 milhões equivalentes
de contrapartidas diversas, tanto de fontes governamentais quanto do setor privado. A
grande alavancagem na elaboração dos PANs foi iniciada em 2001 e 2003 com dois
editais do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e do “Projeto de Conservação e
Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO”, que mobilizou
US$ 10 milhões do GEF e US$ 10 milhões equivalentes do Tesouro Nacional, projeto
que também tive o prazer de coordenar entre 1996 e 2005 (ver o capítulo sobre ações
governamentais e não-governamentais no Livro Vermelho de 2008).
O Projeto PROBIO II foi executado por uma parceria de coordenação estabelecida entre
o Ministério do Meio Ambiente - MMA, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade - Funbio
e a Caixa Econômica Federal – CAIXA e teve como executores Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento - MAPA, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
Embrapa, o Ministério da Saúde - MS, a Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, o Ministério
da Ciência e Tecnologia - MCT, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ e o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade –ICMBio. Uma das várias inovações
deste projeto foi o fornecimento de bolsistas para aumentar a capacidade de execução dos
sub-projetos pelos parceiros, incluindo o ICMBio.
Cnidaria
-- Alline Figueira de Paula – MN/UFRJ
-- Ana Lídia Bertoldi Gaspar – UFF
-- Bárbara Segal Ramos – UFSCAR
-- Beatrice Padovani Ferreira – UFPE
-- Carlos Eduardo Leite Ferreira – UFF
-- Débora de Oliveira Pires – MN/UFRJ
-- Elizabeth Gerardo Neves – UFBA
-- Fábio Negrão Ribeiro de Souza – Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, Caravelas, BA
-- Fernanda Maria Duarte do Amaral – UFRPE
-- Liana de Figueiredo Mendes – UFRN
-- Ronaldo Bastos Francini-Filho – UFPB
-- Sérgio Nascimento Stampar – UNESP
-- Zelinda Margarida de Andrade Nery Leão –
UFBA
Onychophora
-- Amazonas Chagas-Jr – UFMT
-- Cristiano Sampaio Costa – USP
-- Lívia Medeiros Cordeiro Borghezan – USP
Porifera
-- Celso Domingos de Souza Filho – UFRJ
-- Fernanda Correia Azevedo – UFRJ
-- Fernando Coreixas de Moraes – IPJBRJ
-- Guilherme Ramos da Silva Muricy – UFRJ
-- Ulisses dos Santos Pinheiro – UFPE
O Brasil possui uma das maiores riquezas de espécies do planeta, mais de 13% da
biota25, característica que inspirou o conceito de um país megadiverso31. Com sua dimensão
continental e enorme variedade de habitat terrestres e aquáticos, reúne seis importantes
biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal) e o maior
sistema fluvial do mundo. Dois desses biomas, o Cerrado e a Mata Atlântica, são hotspots
– áreas com grande riqueza e endemismos, consideradas prioritárias para a conservação
em nível mundial32.
A Zona Costeira e Marinha brasileira ocupa, aproximadamente, 3,5 milhões de
quilômetros quadrados30. É uma das maiores faixas costeiras do mundo, com mais de
7.400 km incluindo sistemas ambientais extraordinariamente diversos. O litoral brasileiro é
composto por águas frias na costa sul e sudeste e águas quentes nas costas nordeste e norte,
dando suporte a uma grande variedade de ecossistemas que incluem manguezais, recifes de
corais, dunas, restingas, praias arenosas, costões rochosos, lagoas e estuários, que abrigam
inúmeras espécies da flora e fauna, muitas das quais, endêmicas6.
Atualmente são reconhecidas no Brasil 46.447 espécies de plantas24 e 117.096 de
animais4, com estimativas de que as espécies animais ultrapassem 13725.
São quase 9.000 espécies de vertebrados descritas e cerca de 94.000 artrópodos4,
números em permanente mudança, visto as constantes revisões taxonômicas e a descoberta
frequente de novas espécies. A maior parte é de insetos, com cerca de 83.000 espécies
reconhecidas no Brasil4. Destacam-se também em diversidade os aracnídeos, com cerca
de 6.200 espécies, e moluscos, com aproximadamente 3.100 espécies.
Entre os vertebrados, compilações, algumas bastante recentes, indicam que há no Brasil
cerca de 4.545 espécies de peixes4, 1080 de anfíbios42, 773 de répteis1, 1.919 de aves36
e 701 mamíferos34. Atualmente, estes números são certamente maiores, especialmente
para os peixes, já que novas espécies continuam sendo descritas sempre que áreas pouco
conhecidas são amostradas ou estudos de revisões taxonômicas são realizados. Mesmo
para grupos bem conhecidos e estudados, como os mamíferos, ainda são frequentes
descrições ou revalidações de novas espécies13,14,20,21,33,41,48.
Esta diversidade coloca o Brasil na posição de país com maior número de espécies de
anfíbios50 e primatas40 em todo o mundo, o 2º em mamíferos50 e o 3º em aves50 e répteis10.
O Brasil também é o sexto país em endemismos de vertebrados31, sendo as taxas mais
altas para os anfíbios, com 57%, e os répteis, com 37%.
A preocupação com a conservação dessa biodiversidade e, mais especificamente, com a
proteção da fauna silvestre foi explicitada pela primeira vez na Lei de Proteção a Fauna (Lei
5197, de 03 de janeiro de 1967), que em seu artigo 1 dispõe que “os animais de quaisquer
espécies, em qualquer fase de seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do
cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros
naturais, são propriedades do Estado, sendo proibida sua utilização, perseguição, caça ou
apanha.” A partir daí se iniciou no Brasil a atenção dada aos riscos associados à extinção
de uma espécie, como a perda de funções ecológicas e do equilíbrio de ecossistemas52.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
O Brasil teve sua primeira lista de espécies ameaçadas de extinção elaborada em 1968, pelo então
órgão ambiental competente, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, na qual
constavam 44 espécies da fauna, incluindo mamíferos, aves e répteis, e 13 da flora (Portaria IBDF
nº 303, 1968). Tratava-se de uma listagem baseada nas observações e indicações de especialistas,
e não seguia uma metodologia de avaliação. Já nessa época se reconhecia a necessidade de um
monitoramento contínuo do estado de conservação das espécies e a portaria 303 previa que a relação
das espécies seria “alterada sempre que novos dados baseados em critérios científicos, devidamente
comprovados, assim o aconselharem”.
Anos depois, a Portaria IBDF n° 3.481 de 31 de maio de 1973, atualizou a lista, elevando o número
de espécies ameaçadas para 86, incluindo um invertebrado, uma espécie de borboleta.
A lista seguinte foi publicada 16 anos depois, por meio da Portaria Ibama n° 1.552 de 19 de dezembro
de 1989, sendo posteriormente complementada por outras duas Portarias (IBAMA nº 62 de 17 de junho
de 1997 e IBAMA nº 28-N, de 12 de março de 1998), totalizando 218 espécies. Além dos grupos
que já faziam parte da lista anterior, foi listada também uma espécie de anfíbio e outros grupos de
invertebrados. Naquela ocasião, pela primeira vez foi utilizada a metodologia de avaliação desenvolvida
pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), mas ainda sendo avaliadas somente
as espécies com indicativo prévio de que estariam ameaçadas.
Para construir a lista seguinte, que culminou na publicação das Instruções Normativas MMA n° 3 de
26 de maio de 2003 e MMA n° 4 de 24 de março de 2005, bem como do Livro Vermelho de Espécies
da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção16 com 627 táxons ameaçados, ainda passou pela avaliação
apenas um conjunto de pouco mais de mil espécies, com foco naquelas potencialmente ameaçadas.
Nessa edição foram listadas também espécies de peixes continentais e marinhos.
Para a última edição, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico
Mendes coordenou a avaliação das espécies da fauna, pela primeira vez avaliando o risco de extinção
de todos os vertebrados com ocorrência no país, e de um grupo selecionado de invertebrados. Realizado
em conjunto com a comunidade científica, esse foi o maior esforço para avaliar o risco de extinção
de espécies da fauna de um país. Os resultados são aqui apresentados e serviram de subsídio para a
publicação das listas atuais de espécies da fauna ameaçadas, publicadas pelo MMA no final de 2014
(Portaria MMA nº 444/2014 e Portaria MMA nº 445/2014), com 1.173 táxons ameaçados de extinção.
O número de espécies ameaçadas em cada edição da lista oficial tem sido sempre crescente. Esse
aumento decorre tanto do aumento do esforço de investigação e avaliação, como também reflete um real
agravamento no quadro geral da conservação no Brasil (Figuras 1 e 2). Desde a primeira edição, poucas
espécies deixaram a lista. Das 44 espécies da lista de 1968, 30 constam ainda na lista de 2014.
1000
Número de espécies
800
600
400
200
0
1968 1973 1989* 2003/200 4 2014
Anos das listas
Figura 1. Espécies ameaçadas por ano de publicação das listas. *Com os acréscimos das Portarias IBAMA nº 28-
N/1998 e nº 062/1997.
450
400
350
Número de espécies
300
250
200
150
100
50
0
1968 1973 1989* 2003/200 4 2014
Anos das listas
Mamíferos Répteis Peixes
Aves Anfíbios Invertebrados
Figura 2. Espécies ameaçadas por grupo taxonômico e ano de publicação das listas. *Com os acréscimos das
Portarias IBAMA nº 28-N/1998 e nº 062/1997.
Oficinas de avaliação
Compilação de dados Consulta direta do estado de
e elaboração de mapas e ampla conservação da fauna
O método UICN foi adotado no processo de avaliação da fauna brasileira por ser reconhecidamente
a abordagem mais abrangente, objetiva e cientificamente rigorosa para avaliar o risco de extinção de
qualquer organismo, com exceção dos microorganismos, e por ser atualmente um modelo utilizado em
todo o mundo, inclusive por governos de diversos países, para elaboração de listas nacionais de espécies
ameaçadas18,27.
A aplicação destes critérios e categorias tem o objetivo de responder à seguinte questão: “Qual a
probabilidade de uma espécie tornar-se extinta em um futuro próximo, dado o conhecimento atual sobre
sua distribuição, tendências populacionais e ameaças recentes, atuais ou projetadas?” O método é usado
para avaliar populações selvagens dentro da sua distribuição natural, incluindo populações resultantes
de introduções benignas, podendo ser aplicado para o nível taxonômico de espécie ou subespécie. Foi
inicialmente desenvolvido para aplicação em nível global22 e, posteriormente, adaptado para avaliações
regionais, termo utilizado para indicar qualquer zona geográfica seja continente, país, estado ou uma região
biogeográfica. Em avaliações regionais, portanto, é avaliada apenas uma parte da população global, desde
que sejam observadas certas diretrizes17,23. Assim, na avaliação nacional, no caso das espécies não endêmicas
do Brasil foi realizada uma avaliação regional, considerando os limites do território brasileiro.
Para a determinação do risco de extinção de uma espécie são analisadas e combinadas informações
sobre população, distribuição geográfica, características da espécie que possam interferir em sua resposta
às alterações do ambiente, ameaças que a afetam e medidas de conservação já existentes. Todas essas
informações são reunidas em uma ficha estruturada de cada espécie, que registra também o histórico do
seu estado de conservação.
Conceitos
A metodologia IUCN utiliza alguns conceitos e definições próprios, que pode diferir do que
usualmente é usado na biologia. Seguem as definições dos termos mais relevantes e comumente usados
na avaliação da fauna brasileira22.
Subpopulações
Subpopulações são definidas como grupos da população, separados geograficamente ou de
outra forma, entre os quais há poucas trocas demográficas ou genéticas.
Indivíduos maduros
O número de indivíduos maduros é o número de indivíduos (conhecido, estimado ou
inferido) capaz de se reproduzir.
Tempo geracional
A duração do tempo geracional é a idade média dos progenitores da coorte atual. A
duração do tempo geracional reflete, portanto, a taxa de renovação dos indivíduos
reprodutores numa população.
Localização
O termo localização define uma área, geográfica ou ecologicamente distinta, na qual
uma única ameaça pode afetar rapidamente todos os indivíduos da espécie. O tamanho
da localização depende da área abrangida pela ameaça e pode incluir parte de uma ou
mais subpopulações.
Cada espécie é analisada sob cinco critérios quantitativos e qualitativos (Tabela I), sendo classificada
em uma das categorias de risco de extinção (Figura 4). Por convenção, a notação das categorias traz
o nome escrito em português e a sigla original em inglês entre parênteses. São consideradas espécies
ameaçadas, de acordo com a Portaria MMA nº 43/2014, as espécies categorizadas como Vulnerável
(VU), Em Perigo (EN), Criticamente em Perigo (CR) e Extintas na Natureza (EW).
A. Redução da População (Declínio medido ao longo de 10 anos ou 3 gerações, o que for mais longo)
Criticamente em Perigo Em Perigo Vulnerável
A1 ≥ 90% ≥ 70% ≥ 50%
A2, A3 e A4 ≥ 80% ≥ 50% ≥ 30%
Ameaçadas
Em Perigo (EN)
Vulnerável (VU)
Avaliadas
Quase Ameaçada (NT)
Figura 4. Categorias utilizadas para definição do grau do risco de extinção das espécies.
Vulnerável (VU)
Um táxon está Vulnerável quando as melhores evidências
disponíveis indicam que se cumpre qualquer um dos
critérios para Vulnerável, e por isso considera-se que está
enfrentando um risco alto de extinção na natureza.
Em Perigo (EN)
Um táxon é considerado Em Perigo quando as melhores
evidências disponíveis indicam que se cumpre qualquer
um dos critérios para Em Perigo, e por isso considera-se
que está enfrentando um risco muito alto de extinção na
natureza.
Extinto (EX)
Um táxon é considerado Extinto quando não restam
quaisquer dúvidas de que o último indivíduo tenha morrido.
Um táxon está Extinto quando exaustivos levantamentos no
habitat conhecido e/ou potencial, em períodos apropriados
(do dia, estação e ano), realizados em toda a sua área de
distribuição histórica, falharam em registrar a espécie. As
prospecções devem ser feitas durante um período de tempo
adequado ao ciclo de vida e forma biológica da espécie em
questão.
Quando há indícios de extinção da espécie, mas ainda
não houve esforço de busca suficiente para afirmar que
o último indivíduo tenha morrido, por precaução se
considera a espécies como CR, mas com uma indicação de
“possivelmente extinta”, ficando a notação como CR(PEX).
Caso a espécies em questão possua população em cativeiro,
a notação é CR(PEW).
Philydor novaesi
Foto: Ciro Albano
Táxons avaliados
Todas as 8.818 espécies de vertebrados que ocorrem no país, descritas até meados de 2014, foram
avaliadas. Para alguns primatas e aves foram avaliadas subespécies, totalizando 8.922 táxons de
vertebrados, sendo 732 mamíferos, 1.979 aves, 732 répteis, 973 anfíbios e 4.506 peixes.
Também foram avaliados 3.332 invertebrados, cerca de 3% das espécies de invertebrados reconhecidas
para o país, representados por 18 grupos taxonômicos, dos quais Odonata, Collembola, Onichophora
e Porifera tiveram todas as espécies conhecidas do país avaliadas, enquanto para os demais grupos
(Hemichordata, Echinodermata, Lepidoptera, Hymenoptera, Coleoptera, Ephemeroptera, Myriapoda,
Crustacea, Arachnida, Brachiopoda, Mollusca, Annelida, Sipuncula e Cnidaria), foram selecionadas
algumas espécies para a avaliação, com base na disponibilidade de informações mínimas e, em alguns
casos, no indicativo de ameaça pré conhecido, totalizando 12.254 táxons com risco de extinção avaliado.
Os números e grupos taxonômicos avaliados e uma análise das espécies consideradas ameaçadas de
extinção são apresentados a seguir, incluindo a distribuição das espécies por biomas, principais ameaças
e estratégias para sua conservação.
Dos 12.254 táxons avaliados, 226 (1,8%) foram categorizados como Não Aplicável (NA) para a
avaliação brasileira, por ocorrerem marginalmente no território nacional ou apresentarem somente
registros ocasionais. A maioria dessas espécies são aves, peixes marinhos ou mamíferos marinhos, muitas
com comportamento migratório, ampla distribuição fora do Brasil, e ocorrendo apenas ocasionalmente
em território brasileiro.
A tabela II e a figura 5 mostram o número e a porcentagem de espécies avaliadas em cada categoria.
A maioria dos táxons, 72,2%, foi categorizada como Menos Preocupante (LC) enquanto 1.182 táxons
(9,6%) encontram-se em categoria de ameaça. Nove desses táxons ameaçados ainda não possuíam
nomenclatura e diagnose formalmente publicadas até o término do ciclo de avaliação (um peixe
continental, cinco serpentes, duas aves e um mamífero), mas são espécies consideradas válidas, assim
reconhecidas consensualmente pelos especialistas. Esses táxons apresentam grau significativo de
ameaça, situação na qual a metodologia UICN as reconhece como válidas para avaliação23, porém só
serão incluídos nas Portarias das listas oficiais quando forem formalmente descritas.
% 0,04 0,04 0,01 2,60 3,32 3,70 9,64 13,63 2,56 72,23 88,42 1,84 100
Dez espécies foram consideradas extintas, seja em nível global (EX) ou apenas em território brasileiro
(RE) (Tabela III). Algumas dessas espécies desapareceram séculos atrás, enquanto outras foram extintas
mais recentemente. As causas das extinções recentes são bem conhecidas, mas pouco se sabe sobre o
que causou o declínio das espécies extintas há mais de 100 anos. A UICN recomenda que as categorias
de extinção sejam usadas quando “não houver dúvida razoável de que o último indivíduo da espécie
morreu”, considerando que exaustivos esforços de busca em toda a distribuição original da espécie
tenham sido feitos para encontrá-la, usando métodos adequados e que levem em consideração seus
hábitos e comportamento.
Tabela III. Espécies que ocorriam em território nacional e são atualmente consideradas extintas globalmente (EX)
ou extintas no Brasil (RE).
Espécie Nome Comum Categoria
Mamífero Noronhomys vespuccii Carleton & Olson, 1999 Rato-de-noronha EX
Cichlocolaptes mazarbarnetti Mazar-Barnett & Buzzetti,
Gritador-do-nordeste EX
2014
Numenius borealis (Forster, 1772) Maçarico-esquimó RE
Ordem: Rodentia
Família: Cricetidae
Extinta (EX)
O maçarico-esquimó constava como Extinta (EX) na lista anterior e foi categorizada na atual lista
como Regionalmente Extinta (RE), por ser uma espécie migratória, com presença possível ainda em
vários países. Habitante da tundra ártica com área de reprodução no Canadá e, possivelmente, no norte
do Alasca. Migra para Uruguai, Argentina e, possivelmente, Paraguai e Chile48. Durante a migração,
ocupa pradarias e campos costeiros, invernando nos Pampas. As áreas reprodutivas ainda não foram
exaustivamente pesquisadas a ponto de não haver dúvida razoável quanto à extinção da espécie e uma
vez que ainda surgem registros esporádicos e não confirmados, a espécie é avaliada globalmente como
Criticamente em Perigo, Possivelmente Extinta (CR-PEX)3. A espécie era visitante comum no interior do
Brasil, sendo registrado em meados do século XIX no Amazonas, Mato Grosso e São Paulo, de setembro
a novembro43, mas o último registro foi há mais de 150 anos. Tendo em vista que esta espécie ocorria
em áreas bastante estudadas por diversos pesquisadores brasileiros, considera-se que houve esforço
amostral suficiente para afirmar que a espécie está Regionalmente Extinta (RE). Foi espécie globalmente
numerosa antes de 1850, mas sofreu grave declínio devido à caça excessiva na costa do Atlântico e no
rio Mississipi48. A perda de habitat nos pampas argentinos e nas pradarias norte-americanas também
pode ter favorecido o declínio da espécie3.
Extinta (EX)
Ordem: Psittaciformes
Família: Psittacidae
Anodorhynchus glaucus ocorria no leste do Paraguai, oeste do Uruguai, norte da Argentina e sul
do Brasil19. No Brasil, é conhecida apenas por relatos muito antigos, não havendo qualquer registro ou
indício de sua existência atual no Brasil. Habitava pastagens levemente arborizadas com presença de
palmeiras, principalmente Butia yatay, supostamente seu principal alimento8, pântanos e beiras de rios
com barrancos escarpados. Há relatos de que escavava seus ninhos em barrancos íngremes dos rios
Paraná e Uruguai ou utilizava ocos de árvores ou paredões rochosos, onde colocava apenas dois ovos2.
A espécie, que provavelmente nunca foi numerosa, teria se tornado rara a partir da segunda metade do
século XIX. Registros indicam que o principal período de declínio da espécie ocorreu após 18302. Não
há notícias de exemplares vivos desde 1912, quando morreu a última ave conhecida, no Zoológico de
Londres. Não se sabe ao certo a causa de seu desaparecimento, embora haja consenso de que o principal
fator de declínio tenha sido os impactos da expansão agropecuária e da Guerra do Paraguai, que levaram
à descaracterização dos barrancos dos rios e à remoção dos palmares dos quais a espécie dependia.
Evidências do século XVIII indicam também que A. glaucus foi alvo de caça e captura para comércio2.
Epidemias e esgotamento genético também estão entre as causas possíveis para o declínio.
Extinta (EX)
Extinta (EX)
Cichlocolaptes mazarbarnetti era endêmica do Brasil, com ocorrência restrita aos estados de Alagoas
e Pernambuco. Há registros apenas em duas áreas com floresta montana úmidas, de vegetação densa, uma
em Murici, Alagoas (localidade-tipo), e outra em Jaqueira, Pernambuco29. Vários ornitólogos experientes
vêm buscando a espécie nas localidades de registro e em todas as áreas potenciais de ocorrência, mas
ela não é vista ou registrada desde 2007. Mesmo antes disso, a espécie sempre ocorreu em baixíssimas
densidades. Vivia solitário ou aos pares, normalmente associado a bandos mistos e aparentemente
forrageava exclusivamente em bromélias, o que o tornava dependente de florestas primárias maduras,
onde a densidade de epífitas é maior29. Em 2004, estimava-se que havia não mais que 10 pares de C.
mazarbarnetti em Murici29. A perda de habitat foi a causa do declínio populacional da espécie, uma vez
que esta era bastante sensível a alterações ambientais, dependendo de florestas primárias para sobreviver.
Ordem: Passeriformes
Família: Icteridae
Sturnella defilippii ocorre na Argentina e no Uruguai, e ocorria no sul do Brasil15 (Rio Grande do
Sul), sendo que os únicos registros no país datam de mais de 100 anos atrás16. A população mais próxima
conhecida habita o oeste do Departamento de Salto, no norte do Uruguai, a mais de 100 km da divisa
com o Rio Grande do Sul, sendo ínfima a possibilidade de alguns indivíduos alcançarem o Brasil,
Ordem: Anura
Família: Phyllomedusidae
Extinta (EX)
Phrynomedusa fimbriata era endêmica do Brasil. A espécie foi coletada em 1896 no Alto da Serra
de Paranapiacaba, aproximadamente 1.000 m de altitude, no município de Santo André, no estado de
São Paulo11,12. No entanto, foi descrita somente em 1923 a partir de um único exemplar. Depois disso,
gerações de pesquisadores buscaram pela espécie na localidade-tipo, mas nunca mais foi encontrada. As
razões da extinção da espécie não são conhecidas.
Carcharhinus isodon (Müller & Henle, 1839) Ilustração digital: Jules M.R. Soto &
Rafael A. Brandi
Ordem: Carcharhiniformes
Família: Carcharhinidae
Carcharhinus isodon é uma espécie costeira de médio porte que se distribui pelo Atlântico Ocidental,
originalmente dos Estados Unidos ao sul do Brasil. No Brasil, os três únicos exemplares conhecidos, todos
jovens, foram capturados em praias rasas, com menos de 10 m de profundidade, sendo dois em Cananeia
(SP) e outro em Florianópolis (SC)46. Ocorre em águas rasas da região entremarés até aproximadamente
Schroederichthys bivius é um pequeno tubarão costeiro distribuído em águas dos oceanos Pacífico
Oriental e Atlântico Ocidental, entre o Chile e o Brasil. Na década de 1960 foi relatada a observação
de algumas dezenas de exemplares capturados no arrasto de fundo, em águas rasas na costa sul do Rio
Grande do Sul, entre Rio Grande e Chuí, e existem evidências que esta espécie estava presente em toda
a costa daquele estado26 (J. Soto com. pess. 2011). A presença de adultos nos registros do Rio Grande
do Sul indica que a espécie, provavelmente, reproduzia nesta região. Seu registro mais recente no Brasil
data de 1988, no Rio Grande do Sul, com a captura de um indivíduo adulto a 56 m de profundidade45.
A espécie é ovípara, com baixa fecundidade, e provavelmente deposita um ovo de cada vez. Embora
não tenha interesse comercial, a pesca de arrasto sobre a plataforma continental do sul do Brasil pode ser
considerada uma das principais ameaças à espécie. Recentemente, houve indícios de que o tubarão-lagarto
possa estar repovoando o litoral brasileiro5, o que deve ser melhor investigado e considerado no próximo
ciclo de avaliação dessa espécie.
A tabela IV traz a porcentagem de táxons ameaçados por grupo taxonômico. Entre os vertebrados,
o maior destaque é para os peixes cartilaginosos, que apresentam a maior proporção de táxons
ameaçados (32,5%).
Tabela IV. Táxons avaliados e táxons ameaçados. A porcentagem é mostrada apenas para os grupos que tiveram
avaliadas todas as espécies que ocorrem no país.
A tabela V mostra as categorias de ameaça por grupos taxonômicos. Para efeito das análises desse
diagnóstico, daqui por diante serão considerados apenas os 1.173 táxons ameaçados reconhecidos
oficialmente pelas Portarias MMA n° 444/2014 e 445/2014 (categorias EW, CR, EN e VU), excluindo-
se os nove táxons considerados ameaçados, mas ainda sem descrição formal.
Todos os 627 táxons que constavam na última lista oficial de espécies ameaçadas (INs MMA 03/2003
e 05/2004) foram revistos no processo atual. Estavam incluídas as espécies ameaçadas de extinção
(618), extintas na natureza (2) e extintas (7). No total, 170 táxons saíram da lista anterior e não constam
como ameaçados atualmente.
Destes 170, 110 foram considerados não ameaçados (76 passaram a LC e 34 a NT), 49 foram
considerados com Dados Insuficientes (DD), três como Não Aplicável (NA) e oito foram excluídos
devido a revisões taxonômicas que os consideraram inválidos ou sinonimizados.
Os grupos que mais tiveram espécies saindo da lista foram os invertebrados aquáticos, com 57
espécies, seguidos pelos invertebrados terrestres, com 45 espécies (Figura 5).
A saída da lista não implica necessariamente em uma melhora de situação de conservação da espécie.
Os motivos que explicam as mudanças envolvem principalmente a utilização de informações mais
recentes e acuradas, como novos registros que levaram a uma ampliação da distribuição conhecida
das espécies; a identificação mais precisa da porcentagem do declínio populacional; ou um ajuste na
aplicação do método, por meio da utilização de subcritérios mais adequados, bem como por uma nova
interpretação dos dados disponíveis.
A Mata Atlântica é o bioma que apresenta maior número de espécies ameaçadas, tanto em números
absolutos quanto em proporcionais à riqueza dos biomas (Figura 7). Do total de espécies ameaçadas do
Brasil, 50,5% se encontram na Mata Atlântica, sendo que 38,5% são endêmicos desse bioma. (Figura 8).
Diversas causas se somam para que uma espécie esteja em risco de extinção. As atividades antrópicas
derivadas do crescimento populacional e necessidades econômicas estão no cerne da questão, mas o
impacto que causam em cada espécie está condicionado a uma gama complexa de fatores. Cada espécie
apresenta fatores intrínsecos como, por exemplo, capacidade de dispersão e taxa reprodutiva, que
definem como responderão aos efeitos causados pelas atividades que as afetam. Outra questão relevante
é que muitas espécies possuem distribuição restrita, mas ainda que essa condição possa representar um
aumento de vulnerabilidade, isoladamente não é suficiente para que sejam consideradas ameaçadas de
extinção, sendo necessária a existência de algum fator externo prejudicial a cada espécie.
Para analisar os vetores que atualmente exercem pressão sobre a fauna brasileira, as espécies
ameaçadas foram divididas nos ambientes marinho e continental. Os fatores de pressão para cada espécie
foram identificados a partir das informações constantes nas fichas individuais das espécies, elaboradas
durante o processo de avaliação.
Espécies continentais
Dos 1.173 táxons ameaçados de extinção, 1.013 (86%) são continentais, sendo que 662 ocorrem em
ambientes terrestres e 351 em água doce (Tabela VI).
EW CR EN VU
Terrestres
Mammalia 0 10 38 52 100
Aves 1 35 63 115 214
Reptilia 0 7 48 19 74
Amphibia 0 18 12 11 41
Lepidoptera 0 25 26 12 63
Hymenoptera 0 2 9 7 18
Coleoptera 0 7 8 14 29
Ephemeroptera 0 0 2 7 9
Odonata 0 3 5 10 18
Collembola 0 10 2 3 15
Myriapoda 0 5 4 6 15
Arachnida 0 27 19 7 53
Onychophora 0 2 1 1 4
Mollusca 0 2 4 2 8
Annelida 0 0 1 0 1
Total 1 153 242 266 662
500
400
Número de espécies
300 592
200
313
100 191 162 147 135 123 111
0
Agropecuária Expansão Produção de Poluição Caça/Captura Queimadas Mineração Turismo
urbana energia desordenado
Vetores de ameaça
A retirada de indivíduos da natureza, incluindo caça, pesca e captura, aparece na quinta posição.
Assim como a pesca, a caça tem como principal finalidade o consumo (principalmente de mamíferos e
aves), porém também é praticada como forma de retaliação pela predação de animais domésticos. Já a
captura de indivíduos vivos é realizada principalmente para o tráfico de animais, para a criação como
animal doméstico e para a aquariofilia.
Dos 1.173 táxons avaliados como ameaçados, 160 são marinhos. A tabela VII mostra os grupos
taxonômicos e o grau de ameaça destas espécies.
Categoria de Ameaça
Grupo taxonômico
CR EN VU Nº de Táxons
Mammalia 2 4 2 8
Aves 7 8 5 20
Reptilia 2 2 1 5
Actinopterygii 7 6 30 43
Elasmobranchii 27 8 19 54
Myxini - - 1 1
Enteropneusta 1 - - 1
Echinodermata 1 1 8 10
Crustacea 1 1 - 2
Brachiopoda - 1 - 1
Mollusca 3 1 2 6
Annelida - 1 1 2
Cnidaria - 2 2 4
Porifera - - 3 3
Total 51 35 74 160
Para as espécies marinhas, o principal fator de ameaça é a pesca (Figura 11), tanto para as espécies
alvo quanto para as capturadas incidentalmente. Outros fatores que afetam as espécies são aqueles
relacionados à degradação do habitat.
A poluição do ambiente marinho inclui não só a poluição química, física e biológica, mas também a
sonora, que impacta principalmente os mamíferos, e a fotopoluição, que afeta diretamente as tartarugas
marinhas.
Relacionado ao transporte marítimo, a instalação de portos altera os ambientes, e o trânsito de
embarcações causa acidentes como os abalroamentos.
A ocupação e a especulação imobiliária em áreas litorâneas e o turismo desordenado são exemplos de
outros problemas identificados como ameaças significativas para a fauna marinha (Figura 11). Também
foram citadas a introdução de espécies exóticas e a mineração, principalmente relacionada à exploração
de petróleo e gás.
Para a conservação da biodiversidade, a proteção dos habitat por meio das unidades de
conservação é o instrumento mais utilizado. Ao final de 2017, o Brasil possuía um total de 1.544.833
Km² de áreas protegidas, ou 2.029 unidades de conservação em todo o país (CNUC/MMA), 325
delas geridas pelo Instituto Chico Mendes.
Das espécies ameaçadas de extinção, 732 possuem ocorrência registrada em unidades de
conservação, das categorias previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
(Figura 12), incluindo os registros de espécies que ocorrem apenas ocasionalmente nas UC, como
por exemplo, espécies marinhas que fazem grandes deslocamentos, como os cetáceos e alguns
elasmosbrânquios.
732
Presença em UC
30 Provável ocorrência em UC
Desconhecido
Não ocorre em UC
272
139
Figura 12. Número de espécies ameaçadas de extinção com ocorrência em unidades de conservação.
Para 429 táxons não há registro em unidades de conservação, embora 29 desses tenham ocorrência
provável, devido à sua ampla extensão de ocorrência ter sobreposição a alguma UC; para 246 desses
táxons a informação sobre ocorrência em unidades de conservação é desconhecida e 154 seguramente
não ocorrem em nenhuma, por terem distribuição bem conhecida e restrita a locais onde não há unidades
de conservação.
Os peixes continentais são o grupo com o maior número de espécies sem registro em UC e também o
grupo com o maior número de espécies que sabidamente não ocorrem em UC (Figura 13).
98
100
80
60
Mamíferos
40
20 11
0 1
0
Registro em UC Provável presença em Desconhecido Não ocorre em UC
UC
250
203
200
150
Aves 100
50
19
5 7
0
Registro em UC Provável presença em Desconhecido Não ocorre em UC
UC
60
54
50
40
30
Répteis 24
20
10
1 1
0
Registro em UC Provável presença em UC Desconhecido Não ocorre em UC
35
30 29
25
20
Anfíbios 15
10 8
5 3
1
0
Registro em UC Provável presença em UC Desconhecido Não ocorre em UC
100 95
87
80
Peixes 60
Continentais
40
20 8
0
Registro em UC Provável presença em Desconhecido Não ocorre em UC
UC
80
72
70
60
50
Peixes 40
Marinhos 30
20
12
10 6 7
0
Registro em UC Provável presença em UC Desconhecido Não ocorre em UC
180 168
160
140
120
100
Invertebrados 80
75
Continentais 60
40 25
20
2
0
Registro em UC Provável presença em Desconhecido Não ocorre em UC
UC
25
21
20
15
Invertebrados
10
Marinhos 7
5
1
0
0
Registro em UC Provável presença em Desconhecido Não ocorre em UC
UC
Figura 13. Registros de ocorrências em UCs das espécies amaeaçadas de cada grupo taxonômico.
Os PANs passaram a ser usados com maior intensidade e amplitude a partir de 2007, com a criação
do Instituto Chico Mendes, e atualmente possuem um papel importante na definição, organização e
realização de ações para conservação de um número expressivo de espécies ameaçadas. Sua contribuição
tem sido complementar às unidades de conservação, garantido algum grau de atenção às espécies,
incluindo aquelas que não possuem populações em espaços naturais protegidos.
Antes de 2007, um número muito reduzido de espécies era contemplado por planos de ação ou
projetos de conservação. Não havia um esforço sistemático para conservação da fauna ameaçada, com o
objetivo de reduzir o número de espécies em risco de extinção. A conservação era pautada pelo interesse
em uma ou outra espécie e prevalecia o conceito de “espécies bandeira”, abordagem que justificava o
seletivo esforço de conservação para um número reduzido de espécies. Tal narrativa não se sustenta
mais.
Os PANs têm foco taxonômico ou geográfico, e visam beneficiar aquelas espécies ameaçadas de
extinção constantes na lista atual. Dos 1.173 táxons ameaçados, 645 estão atualmente inseridos em
PANs elaborados entre os anos de 2007 e 2017 (Figuras 14 e 15).
700
599
600
517
474
Número de espécies
500
400 319
286 306
300 219
200 151
100 35
0
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Ano
Para as espécies que ainda não possuem mecanismo de proteção definido, o Instituto Chico Mendes
deve buscar, nos próximos anos, incluí-las em pelo menos uma de suas estratégias de conservação,
seja criando unidades de conservação, seja elaborando novos Planos de Ação ou Planos de Redução
de Impacto. O objetivo a ser alcançado nos próximos anos é de reduzir significativamente a ameaça
às espécies da fauna brasileira e recuperar suas populações, buscando o cumprimento da Meta 12 da
Resolução CONABIO nº 06 de 03 de setembro de 2013 (Metas Nacionais de Biodiversidade para 2020,
refletindo a meta 12 de Aichi): “Até 2020, o risco de extinção de espécies ameaçadas terá sido reduzido
significativamente, tendendo a zero, e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo maior
declínio, terá sido melhorada”.
Embora seja uma meta difícil de cumprir, o que importa é persegui-la, e, neste sentido, é preciso não
apenas ganhar em escala no número de espécies ameaçadas contempladas por ações de conservação,
como também ter eficácia nas ações. Isto significa definir ações com maior capacidade de mudar
positivamente o estado de conservação das espécies e romper definitivamente com os lugares comuns
que há décadas dominam o pensamento da conservação no país, como o conceito “espécies bandeira”.
Chordata
Mammalia
Didelphimorphia
Didelphidae
1 Caluromys lanatus (Olfers, 1818) Cuíca-lanosa LC 2013
2 Caluromys philander (Linnaeus, 1758) Cuíca LC 2013
3 Caluromysiops irrupta Sanborn, 1951 Cuíca-de-colete CR A2c 2013
Chironectes minimus (Zimmermann,
4 Cuíca-d’água DD 2013
1780)
5 Cryptonanus agricolai (Moojen, 1943) Catita LC 2013
6 Cryptonanus chacoensis (Tate, 1931) Catita DD 2013
7 Cryptonanus guahybae (Tate, 1931) Catita DD 2013
Gambá-de-orelha-
8 Didelphis albiventris Lund, 1840 LC 2013
branca
Gambá-de-orelha-
9 Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 LC 2013
preta
Didelphis imperfecta Mondolfi &
10 Gambá LC 2013
Pérez-Hernádez, 1984
Gambá-de-orelha-
11 Didelphis marsupialis Linnaeus, 1758 LC 2013
preta
12 Glironia venusta Thomas, 1912 Cuíca DD 2013
13 Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) Cuíca LC 2013
14 Gracilinanus emiliae (Thomas, 1909) Cuíca LC 2013
Gracilinanus microtarsus (Wagner,
15 Cuíca LC 2013
1842)
Hyladelphys kalinowskii (Hershkowitz,
16 Catita LC 2013
1992)
Lutreolina crassicaudata (Desmarest,
17 Cuíca-marrom LC 2013
1804)
18 Marmosa constantiae (Thomas, 1904) Cuíca DD 2013
19 Marmosa demerarae (Thomas, 1905) Cuíca LC 2013
20 Marmosa lepida (Thomas, 1888) Cuíca LC 2013
21 Marmosa macrotarsus (Wagner, 1842) Cuíca LC 2013
22 Marmosa murina (Linnaeus, 1758) Cuíca LC 2013
23 Marmosa paraguayana (Tate, 1931) Cuíca LC 2013
24 Marmosa regina (Thomas, 1898) Cuíca LC 2013
25 Marmosa waterhousei (Tomes, 1860) Cuíca LC 2013
26 Marmosops bishopi (Pine, 1981) Cuíca LC 2013
27 Marmosops impavidus (Tschudi, 1845) Cuíca LC 2013
28 Marmosops incanus (Lund, 1840) Cuíca LC 2013
29 Marmosops neblina Gardner, 1990 Cuíca LC 2013
30 Marmosops noctivagus (Tschudi, 1845) Cuíca LC 2013
31 Marmosops ocellatus (Tate, 1931) Cuíca NT 2013
32 Marmosops parvidens (Tate, 1931) Cuíca LC 2013
33 Marmosops paulensis (Tate, 1931) Cuíca VU B1ab(i,ii,iii) 2013
Rajidae
8851 Amblyraja frerichsi (Krefft, 1968) Raia-rude DD 2012
Breviraja nigriventralis McEachran Raia-espinhosa-do-
8852 LC 2012
& Matheson, 1985 ventre-negro
Breviraja spinosa Bigelow &
8853 Raia-espinhosa LC 2012
Schroeder, 1950
Dactylobatus clarkii (Bigelow &
8854 Raia DD 2012
Schroeder, 1958)
Dipturus leptocauda (Krefft &
8855 Raia DD 2012
Stehmann, 1975)
Dipturus teevani (Bigelow &
8856 Raia-do-caribe LC 2012
Schroeder, 1951)
Gurgesiella atlantica (Bigelow &
8857 Raia LC 2012
Schroeder, 1962)
Gurgesiella dorsalifera McEachran &
8858 Raia LC 2012
Compagno, 1980
Malacoraja obscura Carvalho, Gomes
8859 Raia LC 2012
& Gadig, 2006
Rajella fuliginea (Bigelow &
8860 Raia-fuligem LC 2012
Schroeder, 1954)
Rajella purpuriventralis (Bigelow &
8861 Raia-fuligem LC 2012
Schroeder, 1962)
Rajella sadowskii (Krefft & Stehmann,
8862 Raia-sadowski DD 2012
1974)
Rhinopristiformes
Pristidae
8875 Pristis pectinata Latham, 1794 Peixe-serra CR A2cd+3cd 2012
8876 Pristis pristis (Linnaeus, 1758) Peixe-serra CR A2cd+3cd+4cd 2012
Rhinobatidae
Pseudobatos horkelii (Müller &
8877 Raia-viola, viola CR A2bd 2012
Henle,1841)
Pseudobatos lentiginosus (Garman,
8878 Raia-viola, viola VU A4cd 2012
1880)
Pseudobatos percellens (Walbaum, Raia-viola-do-sul,
8879 DD 2012
1792) viola
Trygonorrhinidae
Zapteryx brevirostris (Müller & Henle, Banjo, raia-viola-
8880 VU A2bd 2012
1841) de-bico-curto
Torpediniformes
Narcinidae
Benthobatis kreffti Rincon,
8881 Raia-cega DD 2012
Stehmann & Vooren, 2001
8882 Diplobatis pictus Palmer, 1950 Raia-elétrica DD 2012
8883 Discopyge tschudii Heckel, 1846 Raia-elétrica DD 2012
Narcine bancroftii (Griffith & Smith,
8884 Raia-torpedo DD 2012
1834)
8885 Narcine brasiliensis (Olfers, 1831) Treme-treme DD 2012
Torpedinidae
8886 Tetronarce nobiliana (Bonaparte, 1835) Raia-elétrica NA 2012
8887 Tetronarce puelcha (Lahille, 1926) Raia-elétrica VU A2bcd+4cd 2012
Urotrygonidae
Urotrygon microphthalmum Delsman,
8888 Raia-de-fogo DD 2012
1941