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Discentes:
André Oliveira, nº 36 881
Catarina Milhinhas, nº 36 820
Pedro Freitas, nº 36 772
Raquel Leal, nº 37 200
Docente:
Prof. Paulo Sá Sousa
Ano Lectivo: 2016/17
Introdução Geral................................................................................................................3
Exercício 1 – Aplicação do Critério de Legitimidade .........................................................5
Enquadramento Teórico ........................................................................................5
Metodologia ..........................................................................................................6
Resultados .............................................................................................................7
Discussão dos Resultados ......................................................................................8
Exercício 2 – Aplicação de Critérios de Avaliação de Espécies ..........................................9
Enquadramento Teórico ........................................................................................9
Metodologia ........................................................................................................10
Resultados ...........................................................................................................15
Discussão dos Resultados ....................................................................................20
Exercício 3 – Aplicação de Critérios de Avaliação de Áreas Prioritárias..........................22
Enquadramento Teórico ......................................................................................22
Metodologia ........................................................................................................24
Resultados ...........................................................................................................25
Discussão dos Resultados ....................................................................................26
Considerações Finais .......................................................................................................28
Referências Bibliográficas ................................................................................................29
1
Índice de Tabelas
2
Introdução Geral
3
áreas protegidas: Reserva Natural, Parque Nacional, Parque Natural, Sítio Classificado
ou Monumento Natural, e Área de Paisagem Protegida. A estas acrescentam-se 106
áreas criadas no âmbito da Diretiva Habitats, das quais 96 foram já reconhecidas como
SIC (Sítios de Importância Comunitária); e no âmbito da Diretiva Aves encontram-se
classificadas 62 ZPE (Zonas de Proteção Especial), que em conjunto com os SIC formam
a designada Rede Natura 2000 (ICNF, 2016a).
A Rede Natura 2000 é uma rede ecológica para o espaço comunitário da União
Europeia resultante da aplicação da Diretiva Aves e da Diretiva Habitats, que tem como
finalidade assegurar a conservação a longo prazo das espécies e dos habitats mais
ameaçados da Europa, contribuindo para parar a perda de biodiversidade (ICNF, 2016b).
A hierarquia e esquema de decisão vão permitir aos decisores, pessoas de Direito
que governam e formulam as leis, entender quais as prioridades de conservação.
Embora tenha uma base científica, deve ter um carácter técnico para ser entendível por
pessoas não formadas em Biologia, ou seja, é necessário um sistema sociopolítico para
formular leis a partir da informação disponibilizada pelas pessoas da área da Biologia da
Conservação.
O objectivo principal deste trabalho é a aplicação na prática de diferentes
critérios utilizados em Conservação para priorização tanto de espécies como de áreas.
O Pedro Freitas apenas participou na realização do exercício 1, enquanto que os
restantes discentes executaram todos os exercícios do presente documento.
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Exercício 1 – Aplicação do Critério de Legitimidade
Enquadramento Teórico
A Legitimidade, que engloba a legislação nacional e internacional, é um dos
critérios a ter em conta aquando da avaliação de prioridades de conservação. Consiste
na legislação jurídica de um país, legislação esta que não pode deixar de ser cumprida,
uma vez que as regras de cada país devem ser respeitadas (PDF Aula, 2016a).
Quando se fala em convenções/diretivas fala-se de legislação abordada e
aprovada por um conjunto de países, em cimeiras internacionais ou reuniões mundiais,
e que vão permitir atenuar fronteiras territoriais aquando da aplicação de determinadas
leis que favoreçam a conservação das espécies.
Entre os principais acordos internacionais para a Conservação da Natureza,
destacamos a Convenção de Berna, a Convenção de Bona, a Directiva Aves e a Diretiva
Habitats. A primeira diz respeito à conservação de flora e fauna selvagens e dos seus
habitats, principalmente de espécies em perigo ou vulneráveis. A Convenção sobre a
Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa, outro nome atribuído à Convenção de
Berna, tem a particularidade de ser a única que é atualizada de tempos a tempos,
ajustando-se às espécies e aos habitats mais ameaçados e que exijam a participação de
diversos Estados (ICNF, 2016c).
Já a Convenção de Bona, também designada de Convenção sobre a Conservação
das Espécies Migradoras Pertencentes à Fauna Selvagem, aborda a conservação de
espécies animais migradoras, que estejam em perigo de extinção ou que tenham um
estatuto desfavorável. As Directivas Aves e Habitats são específicas da legislação da
União Europeia: a primeira fala da conservação de aves selvagens, classificando Zonas
de Proteção Especial (ZPE´s), que na prática se vão resumir a áreas de importância para
as aves e que poderão ser criadas, mantidas e avaliadas através dos Projetos LIFE; a
segunda aporta-se à conservação de habitats naturais e espécies de flora e fauna
selvagens, selecionando Sítios de Importância Comunitária (SIC´s) e Zonas Especiais de
Conservação (ZEC´s) de acordo com as regiões biogeográficas da Europa (ICNF, 2016c).
5
Metodologia
Tendo por base a Figura 1 com os dados fornecidos para a execução do exercício
1, desenvolvemos três métodos diferentes como forma de hierarquizar as várias
espécies (Tabela 1). Para o primeiro método, optámos por dar maior valor às Directivas
Aves e Habitats por terem sido as legislações mais recentes em relação à data assumida
no exercício (ano de 2002), com conceitos e métodos científicos mais atualizados e feitas
para uma região mais específica (União Europeia), da qual faz parte a Andaluzia. Depois,
seguiu-se a Convenção de Berna que, embora seja atualizada e revista regularmente,
baseia-se em métodos antigos e desatualizados do ponto de vista de conservação. Por
fim, atribuímos menor valor à Convenção de Bona por ter sido desenvolvida para todo
o mundo, não ser atualizada frequentemente e apenas contemplar a importância da
conservação de espécies migradoras. Quanto ao peso conferido a cada anexo,
atribuímos pela ordem com que aparecem dentro de cada convenção/directiva.
No segundo método, decidimos dar maior peso aos primeiros anexos de cada
convenção e só depois aos segundos, mas a ordem das convenções foi mantida. Para o
terceiro método, somámos os valores atribuídos aos dois métodos anteriores,
procedendo à posterior organização das espécies.
Figura 1 – Dados sobre a Localização Geográfica, o Ano e a Presença das Espécies nas várias Convenções/Directivas
6
Tabela 1 – Metodologia de Hierarquização dos Anexos e respetivas Convenções/Directivas
Legitimidade Método 1 Método 2 Método 3
Convenção de Anexo II 4 5 9
Berna Anexo III 3 2 5
Convenção de Anexo I 2 4 6
Bona Anexo II 1 1 2
Directiva Anexos I/II 6 6 12
Aves/Habitats Anexos II/IV 5 3 8
Resultados
As somas dos diferentes métodos aplicados, dentro do critério de Legitimidade,
e os seus resultados estão patentes na Tabela 2. A penúltima coluna mostra a ordem
decrescente de prioridade das espécies segundo o terceiro método, e última coluna da
mesma tabela apresenta a ordem “correcta” aplicando mais critérios de priorização.
Tabela 2 – Resultados da Aplicação dos Três Métodos, Ordenação das Espécies segundo o
Terceiro Método e Ordenação em termos de Priorização em Conservação
Espécies Método 1 Método 2 Método 3 Exerc. Conservação
Borboleta 6 6 12 11 7
Escaravelho 15 14 29 2 8
Bordalo 9 8 17 7 10
Saramugo 14 11 25 5 2
Sapo 9 8 17 7 11
Sapinho 0 0 0 12 9
Lagartixa 9 8 17 7 4
Camaleão 9 8 17 7 12
Abetarda 11 12 23 6 6
Zarro 12 15 27 4 5
Morcego 16 15 31 1 3
Lince 15 14 29 2 1
7
Discussão dos Resultados
Primeiramente começámos por utilizar apenas o método 1, mas logo vimos que
existiam elementos do grupo que davam maior peso a outros anexos, daí a criação do
segundo método. Porém, foi a utilização dos dois métodos em conjunto (método 3) que
levou a uma melhor distinção entre a importância de cada uma das espécies e a uma
aproximação da “realidade”, ou seja, conforme os restantes critérios de Conservação.
Ainda assim, por análise da tabela 2, denota-se que existem bastantes diferenças entre
as penúltima e última colunas.
Em termos de Conservação, o lince encontra-se em declínio populacional e quase
extinto, mas com alguns programas de reintrodução postos em prática, por isso está no
topo da tabela de espécies prioritárias; logo a seguir vem o saramugo, pertencente a um
género monoespecífico e actualmente com populações muito fragmentadas; depois o
morcego que está muito dependente de vários factores ambientais e biológicos; a
lagartixa é um endemismo ibérico que só aparece em três populações, embora muito
comum nesses locais; o zarro está em declínio populacional mas é bastante comum; a
abetarda vive num habitat artificial, na Península Ibérica, muito dependente das
actividades humanas; a borboleta apresenta populações fragmentadas; o escaravelho é
bastante comum, mas presa de muitos animais; o sapinho é um endemismo com
populações estáveis, embora muito dependente das condições ambientais (descoberto
recentemente em relação à data do exercício); o bordalo não tem qualquer preocupação
de conservação; o sapo é uma espécie muito uniforme geneticamente e distribuída por
toda a Europa; por fim, o camaleão é uma espécie exótica, do norte de África.
Como o exercício 1 está localizado geograficamente na Andaluzia e passa-se no
ano de 2002, as espécies descobertas mais recentemente não se encontram ao abrigo
de nenhuma convenção, embora o seu conhecimento, estudo e conservação possam ser
importantes. O critério de Legitimidade é apenas uma variável qualitativa nominal que
apenas nos diz se uma espécie é ou não prioritária. Existem então espécies que não vêm
contempladas na lei, mas devem ser conservadas, daí serem necessários outros critérios
a ter em conta.
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Exercício 2 – Aplicação de Critérios de Avaliação de Espécies
Enquadramento Teórico
A priorização é uma ação muito importante e complexa, e para a executarmos
temos de conseguir reconhecer que não temos capacidade, recursos e conhecimento
para conservar tudo o que existe. Então, para se proceder a uma tomada de decisão,
teremos de recorrer a um conjunto de critérios que variam consoante os objetivos. No
presente exercício, o nosso objetivo de priorização são as espécies, e por isso recorre-
se a uma série de critérios específicos, que vão para além da legislação nacional e
internacional, como os sinópticos de conservação, as bases ecológicas e biogeográficas,
a taxonomia e filogenia, e a valorização socioeconómica da espécie em questão (PDF
Aula, 2016a).
É necessário fazer uma ressalva: em priorização de espécies existe um fator que
não pode ser esquecido de modo nenhum, o planeta Terra como um todo. Isto quer
dizer que teremos de olhar para a área geográfica definida no exercício não como uma
área isolada, mas como parte integrante de um todo, ignorando fronteiras. Tentámos
ainda usar a maioria dos critérios apresentados durante as aulas, para uma priorização
mais aproximada da realidade.
De entre os critérios utilizados, a legitimidade diz respeito às leis criadas nas
várias reuniões internacionais, nomeadamente Convenção de Berna, Convenção de
Bona, Diretiva Aves, Diretiva Habitats e Convenção sobre o Comércio Internacional de
Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). A
representatividade é o critério que engloba não só a tendência populacional, mas
também o tipo de distribuição geográfica. A distintividade é um critério que tem, por
assim dizer, um conjunto de “sub-critérios” a que demos o nome de classes. Dessas
classes fazem parte a endemicidade, a hierarquia filogenética, a heterogeneidade
genética e a distribuição filogeográfica. O critério da singularidade relaciona-se com a
unicidade da espécie, sendo esta a única da sua família ou género, apresentando
características únicas e especificas. A funcionalidade apresenta-se correlacionada com
a função da espécie no ecossistema (PDF Aula, 2016a).
O critério vulnerabilidade tem por base os estatutos de conservação estando
intimamente ligado ao risco de extinção atendendo à distribuição global de cada
9
espécie. A sensibilidade é um critério que se relaciona com a abundância relativa,
potencial reprodutor, nicho ecológico e ameaças a que está sujeita, apresentando assim
quatro classes. A utilidade/atratividade é um critério que está altamente relacionado
com importância para o Homem, na medida da sua utilidade enquanto fornecedor de
serviços ou enquanto espécie com características atrativas para o público-geral. Por fim,
a economicidade diz respeito à capacidade de o Homem gerar fundos monetários
através da espécie em questão (PDF Aula, 2016a).
Metodologia
Na priorização de espécies foram aplicados um número considerável de critérios,
para que essa hierarquização fosse a mais sensata e realista possível. Assim, foram
utilizados os critérios de legitimidade, distintividade, vulnerabilidade,
representatividade, singularidade, sensibilidade, utilidade/atratividade, funcionalidade
e economicidade.
Os critérios que foram aplicados não poderiam apresentar um peso igual na
hierarquização das diferentes espécies, pois o facto de um animal apresentar elevada
atratividade para os humanos não pode de maneira alguma representar um argumento
para a conservação dessa espécie, em detrimento de uma outra cuja distribuição
geográfica é bastante restrita e que não tenha qualquer tipo de atratividade (por
exemplo).
A escala utilizada para estabelecer a hierarquização entre critérios foi de 1 a 9,
sendo que 1 representa menor importância e 9 maior peso. No entanto, devido à nossa
falta de conhecimento e de experiência no ramo, surgiu-nos dúvidas sobre essa
classificação no que diz respeito à distintividade, representatividade e funcionalidade.
Então, para resolver esse pequeno contratempo formulámos dois métodos com
ordenação diferentes dos critérios e o terceiro método resulta da média dos valores dos
métodos 1 e 2 (Tabela 3). A utilização dos dois métodos em conjunto (método 3) leva a
uma melhor distinção da importância de cada uma das espécies e a uma aproximação
da “realidade”. A escala de hierarquização dentro de cada critério também foi de 1 a 9,
com algumas adaptações em critérios que não tivessem nove parâmetros (Tabela 4).
10
Tabela 3 – Metodologia de Hierarquização dos Critérios de Priorização de Espécies
11
quatro parâmetros diferentes: “Muito Abundante”, “Abundante”, “Pouco Abundante”
e “Muito Pouco Abundante”. Para a segunda classe temos três parâmetros: “Muito”,
“Razoável” ou “Pouco”. Na classe Nicho Ecológico, podemos assumir cinco subclasses:
“Produtor Primário”, “Herbívoro”, “Insectívoro/Detritívoro”, “Carnívoro” e “Predador
de Topo”. Por último, consoante o nº de ameaças a que a espécie está sujeita assim lhe
é atribuído um dos três parâmetros seguintes: “Muitas” (mais de 5 ameaças), “Algumas”
(entre 3 e 5 ameaças, inclusive) ou “Poucas” (menos de 3 ameaças).
Quanto à representatividade, esta também pode assumir valores entre 1 a 9,
obtendo-se através da soma de três classes: Tendência Populacional, Distribuição
Mundial e Percentagem de Distribuição na Península Ibérica. Na primeira classe, as
espécies podem associar-se a três parâmetros diferentes: “Crescente”, “Estável” e
“Decrescente”. Na segunda classe, as espécies podem estar coligadas aos parâmetros
“Restrita a um Único País”, “Restrita à Península Ibérica”, “Distribuída ao longo de
Diversos Países” ou “Distribuída ao longo da Europa e/ou Outros Continentes”. Na
terceira classe, os parâmetros encontram-se sobre a forma de percentagem, em
categorias de 10% em 10%.
No que se refere à singularidade, esta pode assumir apenas dois valores:
apresentar verdadeiramente um passo evolutivo único (característica e/ou função), ou
não o apresentar.
Em relação à economicidade, esta pode apresentar três classes: ter um impacto
negativo na economia humana (que traga prejuízos para a pecuária ou seja alvo de
comércio ilegal, entrando apenas para a economia paralela), ter um impacto positivo
(contribua para a caça ou pesca), ou não ter qualquer impacto.
Por último, o critério de utilidade/atratividade pode ser subdividido nas suas
duas classes Utilidade e Atratividade, com os seus parâmetros a variar entre 1 e 9. Assim,
para cada uma das classes existem três parâmetros principais: “Negativa”, “Sem
Conotação Atribuída” e “Positiva”; e subparâmetros de “Bastante Elevada”, “Elevada”,
“Média” e “Baixa”.
Toda a informação recolhida para cada espécie estudada foi recolhida através
das fichas publicadas nos sítios do IUCN (2017) e ICNF (2016d).
12
Tabela 4 – Quadro Resumo da Hierarquização Dentro de Cada Critério
13
Carnívoro 7
Predador de Topo 9
Poucas 1
Ameaças Algumas 5
Muitas 9
Crescente 1
Tendência
Estável 5
Populacional
Decrescente 9
Distribuída ao longo da
Europa e/ou Outros 1
Continentes
Distribuição Distribuída ao longo de
3
Mundial Diversos Países
Restrita à Península
6
Ibérica
Representatividade
Restrita a um Único País 9
81-100% 1
71-80% 2
61-70% 3
Percentagem de 51-60% 4
Distribuição na 41-50% 5
Península Ibérica 31-40% 6
21-30% 7
11-20% 8
0-10% 9
Não Apresenta um Passo Evolutivo Único 3
Singularidade
Apresenta um Passo Evolutivo Único 7
Impacto Negativo 1
Economicidade Sem Impacto 5
Impacto Positivo 9
Bastante Elevada 1
Elevada 2
Negativa
Média 3
Baixa 4
Utilidade/
Sem Conotação Atribuída 5
Atratividade
Baixa 6
Média 7
Positiva
Elevada 8
Bastante Elevada 9
14
Resultados
Foi construído um conjunto de tabelas (Tabelas 5 a 13) onde está resumida
informação para as 16 espécies de animais e plantas nos diferentes critérios de avaliação
utilizados. Nestas tabelas também se encontram feitas as somas para os vários critérios
e na Tabela 14 encontra-se o cálculo final para cada uma das espécies, com posterior
hierarquização.
Canis lupus X X X X X 31
Galemys pyrenaicus X X X 24
Tetrao urogallus X X 14
Perdix perdix X X X 22
Aquila adalberti X X X X X 23
Vipera latastei X 7
Lacerta schreiberi X X X 24
Emys orbicularis X X X 24
Rana iberica X X 15
Salamandra salamandra X 5
Squalius aradensis X 5
Luciobarbus bocagei X 5
Graellsia isabellae X 5
Prunus lusitanica X X 16
Rhododedron ponticum 0
Marsilea batardae X X X 24
15
Tabela 6 – Quadro Resumo para o Critério de Vulnerabilidade
16
Tabela 8 – Quadro Resumo para o Critério de Funcionalidade
Abund. Pot.
Espécies Nicho Ecológico Ameaças Total
Relativa Reprodutor
Canis lupus Pouco Abund Pouco Predador de Topo Muitas 33
Galemys pyrenaicus Abundante Pouco Insectívoro Muitas 26
Tetrao urogallus Pouco Abund Razoável Herbívoro Algumas 19
Perdix perdix Pouco Abund Muito Herbívoro Poucas 11
Aquila adalberti Muito Pouco Pouco Predador de Topo Muitas 36
Vipera latastei Muito Abund Razoável Carnívoro Algumas 18
Lacerta schreiberi Muito Abund Razoável Insectívoro Muitas 20
Emys orbicularis Pouco Abund Razoável Insectívoro Algumas 21
Rana iberica Abundante Muito Insectívoro Algumas 14
Salamandra salamandra Muito Abund Razoável Insectívoro Algumas 16
Squalius aradensis Muito Pouco Pouco Insectívoro Algumas 28
Luciobarbus bocagei Abundante Razoável Detritívoro Poucas 14
Graellsia isabellae Muito Pouco Muito Herbívoro Algumas 18
Prunus lusitanica Pouco Abund Muito Prod Primário Poucas 9
Rhododendron ponticum Pouco Abund Muito Prod Primário Muitas 17
Marsilea batardae Pouco Abund Razoável Prod Primário Algumas 17
17
Tabela 10 – Quadro Resumo para o Critério de Representatividade
Tendência
Espécies Distribuição Mundial % Distrib. PI Total
Populacional
Canis lupus Estável Europa, Ásia e América 25 13
Galemys pyrenaicus Decrescente Pen. Ibérica e França 30 19
Tetrao urogallus Decrescente Europa 10 19
Perdix perdix Decrescente Europa e Ásia 15 18
Aquila adalberti Crescente Península Ibérica 40 13
Vipera latastei Decrescente PI, Marrocos e Argélia 90 13
Lacerta schreiberi Decrescente Península Ibérica 40 21
Emys orbicularis Estável Europa, Ásia e África 35 12
Rana iberica Decrescente Península Ibérica 30 22
Salamandra salamandra Decrescente Europa 65 13
Squalius aradensis Decrescente Portugal 10 27
Luciobarbus bocagei Estável Península Ibérica 60 15
Graellsia isabellae Decrescente Espanha e França 30 19
Prunus lusitanica Decrescente PI, Marrocos e França 25 19
Rhododendron ponticum Estável Europa 15 14
Marsilea batardae Decrescente Península Ibérica 15 23
18
Tabela 12 – Quadro Resumo para o Critério de Economicidade
19
Tabela 14 – Hierarquização das várias Espécies e respetivos Cálculos, com base no Método 3
20
específicos de alimento, com baixas taxas de reprodução e bastantes ameaças que
impossibilitam, por vezes, a sua fixação num determinado território.
Na terceira posição aparece Galemys pyrenaicus que, embora seja uma espécie
endémica com uma tendência populacional decrescente e com uma característica única
na classe dos mamíferos, apresenta uma abundância relativamente elevada na sua área
de distribuição e apenas está sujeita a algumas ameaças, quando comparada com
espécies como Squalius aradensis, Graellsia isabellae e Rhododendron ponticum. Estas
espécies apresentam tendências populacionais decrescentes, com populações nativas
apenas na Península Ibérica e muito reduzidas, algumas com características únicas, daí
a importância da sua conservação (que não ficou patente na hierarquização efetuada
neste exercício).
Segue-se Marsilea batardae, que apresenta graves problemas de fragmentação
e flutuação das suas populações e tem um estatuto de conservação na Península Ibérica
e a nível mundial de “Em Perigo”. Quanto à espécie Lacerta schreiberi, esta poderia ficar
mais abaixo em termos de prioridades de conservação, “cedendo lugar” a outras
espécies mais debilitadas e com populações mais ameaçadas.
Posteriormente, na tabela de hierarquização, encontra-se Emys orbicularis que,
apesar de ocorrer numa vasta área de distribuição geográfica, vê as suas populações
com um número reduzido de indivíduos e atualmente ameaçada pela introdução e
dispersão de espécies exóticas. Já a espécie Perdix perdix encontra-se distribuída por
toda a Europa e Ásia, com um sucesso reprodutor bastante elevado, ainda que na
Península Ibérica apresente uma baixa percentagem populacional, tal como acontece
com Tetrao urogallus.
Apesar de ser endémica e as suas populações estarem em decréscimo devido a
ameaças antropogénicas, a Rana iberica é bastante abundante na área em estudo e tem
um elevado potencial reprodutor, deixando assim lugar a outras espécies mais
vulneráveis, como Vipera latastei e Prunus lusitanica. Por último, mas que não deve ser
deixada de parte, aparece a Salamandra salamandra com uma distribuição generalizada
pela Europa e que apresenta uma característica única no mundo dos anfíbios, sendo
importante a sua conservação.
21
Exercício 3 – Aplicação de Critérios de Avaliação de Áreas Prioritárias
Enquadramento Teórico
A Avaliação de Áreas Prioritárias pode ser feita através de diferentes métodos:
Avaliação de Habitats e Biótopos, cuja informação base para avaliação provém de
levantamentos conduzidos com esse propósito ou do registo de observações e dados
em publicações; Valorização Socioeconómica de Áreas Urbanas e Rurais; e Modelos de
Seleção de Áreas Protegidas (PDF Aula, 2016b).
Dentro da Avaliação de Habitats e Biótopos existem os critérios da Naturalidade,
Tipicidade e Fragilidade. O primeiro define-se como o grau de integridade ou estado
intacto dos ecossistemas e de processos ecológicos livres da influência humana, ou seja,
é uma estimativa de como o sistema natural funcionará sem ou com pouca atividade
antropogénica. O critério da Tipicidade refere-se, essencialmente, às áreas que são
selecionadas com base nas características e habitats comuns das comunidades e das
espécies. O último critério define-se como uma indicação do grau de sensibilidade dos
biótopos, comunidades e espécies à alteração ambiental e aos impactos causados pelas
atividades humanas. A sua abordagem passa pela deteção de espécies indicadoras e/ou
espécies-chave e a identificação dos fatores de perturbação ecológica, como
Estocasticidade Ambiental, Catástrofes Naturais e Distúrbios Antropogénicos.
Relativamente à Valorização Socioeconómica de Áreas Urbanas e Rurais, existe
o critério de Amenidade, que se refere ao valor relativo de poder disfrutar de áreas
naturais (“áreas verdes”), tendo em conta a dimensão e posição das parcelas, a
composição e estrutura da vegetação, e a compatibilidade paisagística e fatores
espaciais. Desta forma, este critério é comprovado apenas pelo gosto que as pessoas
têm de ir a um sítio e apreciar a paisagem.
No caso dos Modelos de Seleção de Áreas Protegidas, existem vários critérios
como Vulnerabilidade, Representatividade, Viabilidade, Complementaridade e
Flexibilidade. O princípio da Vulnerabilidade é listado em primeiro lugar porque
geralmente determina onde, quando e como os outros critérios são aplicados. Este deve
incidir em recursos naturais, planeamento da conservação e esforços de
recuperação/remediação sobre partes da paisagem/área estrategicamente
importantes, onde os processos de ameaça estão a provocar a perda de biodiversidade
22
mais rapidamente; para além, de incidir na delimitação de reservas integrais como um
subconjunto de medidas in situ naqueles ecossistemas, comunidades ou espécies que
parecem estar a persistir menos face a qualquer forma de uso extrativo, recolha ou
destruição. No caso da Representatividade, se uma série de reservas representam os
principais tipos de comunidades em áreas protegidas amplas, este critério deverá
abranger a amplitude de variação de espécies e habitats mais caraterísticos. Neste
critério deve-se ter em conta o princípio SLOSS (“Single Large or Several Small”), tendo
em atenção a Teoria da Biogeografia Insular (superfície e distância relativa) e a Ecologia
da Paisagem (mosaico, fragmentação e conectividade). O critério da Viabilidade trata-
se da habilidade dos componentes da biodiversidade, como habitats, espécies,
comunidades e ecossistemas, de persistirem em padrões e processos naturais.
Relativamente ao critério de Complementaridade, o seu objetivo é de “2 em 1”, ou seja,
numa certa área selecionar as formações características, as comunidades e as espécies
que ocorram adjacentemente ou na vizinhança próxima de outra área, e assim
complementarem-se mutuamente. Por fim, o critério da Flexibilidade faz a exploração
de várias alternativas em termos de valorização de áreas a proteger, caso haja
necessidade frequente de optar por soluções de compromisso. Também antevê o
requisito de “negociar” com as organizações administrativas, políticas, sociais e
particulares o acesso aos terrenos/parcelas mais biodiversos, não obstante de escolher
pragmaticamente a opção mais parcimoniosa, isto é, a “rede de parcelas” que
minimamente garanta áreas protegidas viáveis, representativas e complementares (PDF
Aula, 2016b).
O objectivo deste exercício é fazer, numa fase inicial, uma selecção de habitats
listados na Directivas Habitats e que ocorram em Portugal, e uma selecção de espécies
de vertebrados continentais listadas nas Directivas Aves/Habitats, e numa fase posterior
fazer uma selecção de um mínimo de áreas SICs/ZPEs de Portugal Peninsular para validar
um conjunto de critérios de avaliação de áreas prioritárias.
23
Metodologia
Para selecionar os seis habitats listados na Diretiva Habitats e ocorrentes em
Portugal não recorremos a nenhum critério específico, sendo que tivemos apenas em
atenção escolher locais distintos de modo a fazer a melhor representação possível de
Portugal. Desta forma, os habitats que achámos mais adequados foram (Tabela 15):
Charcos temporários mediterrânicos (3170); Charnecas secas europeias (4030); Matos
termomediterrânicos pré-desérticos (5330); Subestepes de gramíneas e anuais da
Thero-Brachypodietea (6220); Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior
(91E0); e Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia (9340).
Para selecionar as espécies de vertebrados continentais, listadas nas Diretivas
Aves/Habitats, também não recorremos a nenhum critério particular, sendo que
optámos por escolher 2 espécies de mamíferos, 2 de aves, 2 de herpetofauna e 2
espécies de peixes dulciaquícolas, respetivamente (Tabela 15): Canis lupus – Lobo
(1352); Lutra lutra – Lontra-europeia (1355); Milvus migrans – Milhafre-preto (A073);
Alcedo atthis – Guarda-rios (A229); Chioglossa lusitanica – Salamandra-lusitânica (1172);
Lacerta schreiberi – Lagarto-de-água (1259); Chondrostoma polylepis – Boga-comum
(1116); e Rutilus arcasii – Panjorca (1127).
Quanto à escolha das áreas SICs/ZEPs, tivemos em conta as diferentes dimensões
das mesmas, de modo a conseguir abranger uma elevada área do território português.
Deste modo, selecionámos as seguintes áreas (Tabela 15): Peneda/Gerês (SIC, ZPE e
Parque Nacional); Montesinho/Nogueira (SIC, ZPE e Parque Natural); Complexo do Açor
(SIC e Paisagem Protegida); São Mamede (SIC e Parque Natural); Cerro da Cabeça (SIC);
e Paul de Arzila (SIC, ZPE e Reserva Natural).
Dos vários critérios existentes optámos por escolher aqueles que nos pareceram
ser os mais relevantes de modo a conseguirmos hierarquizar as diferentes áreas com
maior fidelidade. Desta forma, selecionámos os critérios de Naturalidade, Tipicidade,
Fragilidade, Amenidade, Vulnerabilidade, Representatividade e Complementaridade.
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Resultados
Tabela 15 – Quadro Resumo da Informação Recolhida para as Áreas Rede Natura 2000 Selecionadas, e respetivos Habitats e Espécies associados (os “X” a
preto representam a presença dos habitats e/ou espécies nas áreas, e os vermelhos indicam que esses habitats e/ou espécies são bastante importantes e
estão bastante representados nas áreas de ocorrência)
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Discussão dos Resultados
Através da análise da Tabela 15, é-nos possível estabelecer uma relação entre as
áreas escolhidas e um conjunto de critérios enunciados na Metodologia. Quanto à
Naturalidade, hierarquizámos algumas áreas segundo a sua integridade e estado intacto
dos seus ecossistemas, sem intervenção humana. Primeiramente, aparece o Paul de
Arzila como Reserva Natural, depois Peneda/Gerês como Parque Nacional,
Montesinho/Nogueira e São Mamede como Parques Naturais, e Complexo do Açor
como Paisagem Protegida.
Para a Tipicidade, foram selecionadas duas áreas para um habitat prioritário,
bastante ameaçado e único no planeta, Charcos Temporários Mediterrânicos: São
Mamede e Cerro da Cabeça; e outras duas para uma espécie típica de ambientes
húmidos, Chioglossa lusitanica: Peneda/Gerês e Complexo do Açor. No que toca ao
critério Fragilidade, verificámos que a área Montesinho/Nogueira apresentava habitats
muito sensíveis, nomeadamente Matos Termomediterrânicos Pré-desérticos e Florestas
Aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior. O primeiro está sujeito a incêndios
florestais de grandes dimensões, e o segundo à construção de barragens e invasão de
espécies dulciaquícolas exóticas, que vão afectar tanto a biodiversidade aí presente
como a estabilidade de todos os ecossistemas.
No que diz respeito à Amenidade, podem ser tidas em conta quatro áreas:
Peneda/Gerês (com procura turística crescente nos últimos anos),
Montesinho/Nogueira, São Mamede e Complexo do Açor, devido principalmente aos
ambientes naturais de extrema beleza, que levam à prática de atividades recreativas
diversas. Quanto à Vulnerabilidade, selecionámos três áreas de grande importância para
habitats (Charcos Temporários Mediterrânicos, Subestepes de Gramíneas e Anuais da
Thero-Brachypodietea e Florestas Aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior) e
espécies (Milvus migrans e Canis lupus) prioritários: São Mamede,
Montesinho/Nogueira e Complexo do Açor.
Passando para um dos critérios mais importantes em Conservação, a
Representatividade está patente na maioria das áreas consideradas (Peneda/Gerês,
Montesinho/Nogueira, Paul de Arzila, São Mamede e Complexo do Açor), para o caso
dos habitats Charnecas Secas Europeias e Florestas Aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus
excelsior, e das espécies Lutra lutra e Lacerta schreiberi. Finalizando com o critério da
Complementaridade, este ficou assegurado pelas áreas Peneda/Gerês e Cerro da
Cabeça (Tabela 16).
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Tabela 16 – Áreas Rede Natura 2000 que confirmam o Critério de Complementaridade
Peneda/Gerês
(SIC, ZPE e Parque Nacional) X X X X X X X X X X
Montesinho/Nogueira
(SIC, ZPE e Parque Natural) X X X X X X X X X X X X
Paul de Arzila
(SIC, ZPE e Reserva Natural) X X X X X X X
São Mamede
(SIC e Parque Natural) X X X X X X X X X X
Cerro da Cabeça (SIC)
X X X X
Complexo do Açor
(SIC e Paisagem Protegida) X X X X X X
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Considerações Finais
Com este trabalho percebemos que quanto maior for o número de critérios
usados nos exercícios de hierarquização, quer de espécies, quer de áreas, mais se
aproximará à realidade e mais fidedigna será a decisão final. Foram estas as razões
principais que nos levaram à escolha do maior número de critérios possíveis para os
últimos dois exercícios.
No caso do exercício 2, procedemos à utilização de todos os critérios propostos
pelo professor para cumprir a condição acima referida. Ainda assim, achamos que num
exercício aplicado a uma situação real de conservação deveria ser aplicado o máximo de
critérios existentes, nomeadamente Raridade, Insubstituibilidade, Diversidade e
Indicatividade, considerando toda a informação disponível para as espécies.
Para o exercício 3, foram utilizados todos critérios mencionados no enunciado
do problema, e ainda acrescentámos mais dois (Naturalidade e Tipicidade). Dos
restantes critérios existentes para a priorização de áreas, excluímos a Viabilidade e a
Flexibilidade, devido à falta de conhecimento e experiência na área.
Assim, a Avaliação de Prioridades em Conservação é um campo muito
importante, pois permite a aquisição de conhecimentos que nos possibilitam, a nós
biólogos, a capacidade de transmitir uma informação clara e concisa aos decisores
políticos, depois de feita a hierarquização, tanto para espécies, como para áreas.
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Referências Bibliográficas
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