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Alessandra Ribeiro
Diagramação:
Fatine Oliveira
Coordenação:
Vanessa Fagundes
Equipe:
FAPEMIG
Presidente:
Evaldo Ferreira Vilela
Diretor de Ciência,
Tecnologia e Inovação:
Paulo Sérgio Lacerda Beirão
Diretor de Planejamento,
Gestão e Finanças:
Thiago Bernardo Borges
1ª EDIÇÃO:
Janeiro 2019
Todo mundo tem que seguir seu sonho.
O mais importante é decidir que caminho seguir.
Rosaly Lopes, astrônoma brasileira na Nasa
Mulher Faz Ciência
Apresentação
As dez cientistas que você vai conhecer a seguir conquistados, a exemplo de Rafaela Salgado Fer-
são bastante diferentes entre si. Algumas são pio- reira. Ela é uma das 15 mulheres em todo o mundo
neiras e experientes, como Rosaly Lopes, astrônoma reconhecidas como talentos promissores interna-
brasileira na Nasa, a agência espacial dos Estados cionais pela Fundação L’Oréal e pela Organização
Unidos; ou Sonia Guimarães, primeira mulher negra das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul-
a obter o título de doutora em Física no Brasil e a ser
tura (Unesco). Também apresentamos pesquisado-
professora do Instituto Tecnológico de Aeronáutica ras engajadas em questões sociais, como Fernanda
(ITA), instituição considerada por muito tempo como Staniscuaski, que propõe o debate sobre um tema
território masculino. ainda pouco discutido entre a comunidade científi-
Há também jovens cientistas que tiveram ideias ca: a conciliação entre maternidade e carreira, como
inovadoras, como Myllena Cristyna da Silva, mo- em qualquer outra profissão.
radora do interior do Ceará, filha de um agricultor
As cientistas reunidas neste e-book são como
e de uma empregada doméstica, que sempre es-
você por representarem a diversidade. Elas mos-
tudou em escola pública. Ela mostra que com es-
tram que é possível lutar pela igualdade de espaço
forço e dedicação é possível, sim, mudar o próprio
nas ciências para homens e mulheres, brancos,
destino e fazer diferença no mundo. E sua trajetória
negros, indígenas, pessoas de todas as cores e to-
está apenas no começo.
dos os níveis sociais. São pesquisadoras diferentes
A escolha dos nomes que integram esta lista foi entre si mas também iguais, se considerarmos
quase intuitiva. Não se pretende criar um ranking que praticamente todas as trajetórias são marca-
das melhores pesquisadoras brasileiras, até porque das por desafios superados. Eles vão da insistên-
seria injusto deixar muitas de fora. Três das dez es- cia em pesquisar remédios pouco lucrativos para
colhidas são de Minas Gerais e a melhor explicação a indústria farmacêutica, passando pelo desejo de
para isso é a proximidade, já que a iniciativa parte conciliar vocações aparentemente diferentes, até o
da FAPEMIG. É preciso reconhecer que este traba- maior deles: o preconceito, às vezes pelo simples
lho tem enorme potencial de ampliação, até mes- fato de serem do sexo feminino. O objetivo deste
mo para abranger todas as regiões do País (Norte e
livro é servir de inspiração para que meninas e mu-
Centro-Oeste não foram contempladas).
lheres sigam a carreira científica, se assim deseja-
As personagens aqui retratadas ganharam visi- rem. Nem o céu pode ser limite para quem deseja
bilidade, recentemente, na mídia, graças a prêmios conquistar o espaço.
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Mulher Faz Ciência
Sumário
Aline Rochedo Pachamama.............................................................................................. 6
Fernanda Staniscuaski........................................................................................................... 8
Ingrid Spangler............................................................................................................................ 10
Márcia Barbosa............................................................................................................................ 12
Myllena Crystina da Silva..................................................................................................... 14
Natália Oliveira............................................................................................................................. 16
Priscila Gama................................................................................................................................ 18
Rafaela Salgado Ferreira...................................................................................................... 20
Rosaly Lopes................................................................................................................................. 22
Sonia Guimarães........................................................................................................................ 24
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Mulher Faz Ciência
ACERVO PESS
OAL
c h e d o P a c h a m a m a
Aline Ro eiro
ra - Rio de Jan
scrito
Historiadora e e
6
Mulher Faz Ciência
7
Mulher Faz Ciência
ACERVO PESSOA
L
Fernanda Staniscuaski
l
Bióloga - Rio Grande do Su
Fernanda era adolescente quando aconteceu getais respondem a diferentes tipos de estresse.
a clonagem da ovelha Dolly: em 1997, dois biólo- Também atua como professora do Departamen-
gos anunciaram ao mundo que tinham criado um to de Biologia Molecular e Biotecnologia da Uni-
animal no laboratório, a partir da célula de uma versidade Federal do Rio Grande do Sul, onde fez
fêmea da mesma espécie, sem a necessidade de graduação, mestrado e doutorado. Além disso, fez
fecundação. Em resumo, uma cópia, que os es- pós-doutorado no Canadá.
pecialistas chamam de clone. A estudante achou
Fernanda Staniscuaski concilia a vida profissio-
aquilo tão fantástico que até comprou livros so- Ouvi várias vezes que eu
nal com a maternidade e está à frente do Parent
bre o assunto, para ter mais informações. Desde
então, não teve mais dúvidas sobre a carreira que deveria estar focada na em in Science, projeto criado para apoiar pesquisado-
o “rato de Vacanti”. O nome é uma referência ao como um período em que a produção científica
dologia para testá-las
cientista responsável, que dividiu opiniões ao fa- cai, naturalmente.
zer experimentos com o objetivo de criar órgãos “Ouvi várias vezes que eu deveria estar focada
para transplante. na em minha carreira científica, ao invés de dedi-
Fascinada por genética, Fernanda encon- car tanto tempo ao Parent in Science. Mas o que
trou o caminho profissional na área da biologia. estamos fazendo, é ciência, sim. Estudamos um
Hoje, pesquisa proteínas presentes nas plantas, problema, temos hipóteses e desenvolvemos
as aquaporinas, que podem mostrar como ve- uma metodologia para testá-las”.
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Mulher Faz Ciência
ACERVO PESSOA
L
Ingrid Spangler
putação - Minas Gerais
Cientista da com
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Mulher Faz Ciência
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Mulher Faz Ciência
FUNDAÇÃO LÓRE
AL
Márcia BarbdooSsula
de
Física – Rio Gran
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Mulher Faz Ciência
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Mulher Faz Ciência
ACERVO PESSOA
L
a C r y s ti n a d a S il v a
Myllen rá
mbiente - Cea
Técnica em Meio A
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Mulher Faz Ciência
“Dos dez prêmios que o Brasil levou este ano na Intel ISEF, sete fo-
ram para meninas. Então, você percebe que as mulheres estão avan-
çando no patamar da ciência. Eu vi que como uma protagonista da
minha cidade, até mesmo do meu estado, o Ceará, deveria incentivar
mais meninas a desenvolverem pesquisas nas áreas de ciências”.
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Mulher Faz Ciência
ACERVO PESSOA
L
N a t á l i a O l i v e i r a
ambu co
Bióloga - Pern
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Mulher Faz Ciência
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Mulheres na ciência
i
Malala Yousafza
DIVULGAÇÃO FIN
ANCIAL TIMES ©
LEO DRUMMOND
Priscila GamaGerais
ista - Minas
Arquiteta e Urban
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Mulher Faz Ciência
Depois de presenciar o desespero de uma mu- nossa equipe não tinha um desenvolvedor mobi-
lher correndo na rua, com medo de ser atacada, le*. O Henrique, que está comigo no Malalai hoje,
e de se revoltar com a história de uma passageira Em relação ao racismo, hoje aprendeu a fazer aplicativo. Até hoje, somos só
de táxi violentada pelo motorista, divulgada du- a minha reação depende do duas pessoas que querem ver isso acontecer”.
rante a campanha #PrimeiroAssédio, Priscila de-
humor. Tem dias que você O Malalai cresceu e ganhou a dimensão de
cidiu que tinha que fazer alguma coisa. Ela pen-
sou que um aplicativo de celular poderia ajudar está mais para baixo e aqui- startup: uma empresa de base tecnológica, foca-
mulheres a se sentirem mais seguras, ao mapear lo vai te derrubar. E tem da na inovação. O próximo passo é transformar
o aplicativo num projeto open source (de código
locais perigosos, permitir o compartilhamento do dias que você está extrema-
aberto), que permita a outras pessoas colaborar
trajeto com alguém de confiança e, se preciso, mente fortalecida e vai te para o seu desenvolvimento. Priscila passou a ser
acionar socorro numa situação emergência.
dar motivação para crescer referência como empreendedora. Uma conquista
Assim surgiu o Malalai, que já alcançou qua- e provar para si mesma que ainda mais significativa para alguém que sofreu
se 30 mil downloads, ainda em fase de testes. O
nome homenageia a ativista paquistanesa Malala
não te atinge. Se eu pudesse bullying ao longo da infância e da adolescência
e que até hoje se depara com situações de pre-
Yousafzai, que sobreviveu a um ataque do grupo falar com a Priscila daquela conceito. A arquiteta afirma que sua batalha pes-
fundamentalista Talibã e ganhou o Nobel da Paz, época, eu diria, talvez, que soal é para que meninas e mulheres saibam que
em 2014, por sua luta para garantir o direito das isso passa. Aquilo me fazia têm “um poder transformador enorme nas mãos”.
meninas de ir à escola.
sofrer, obviamente, mas “Em relação ao racismo, hoje a minha reação
Mas entre a ideia de Priscila e o desenvol- pela hostilidade, não por- depende do humor. Tem dias que você está mais
vimento do aplicativo havia alguma distância.
que eu tomava como verda- para baixo e aquilo vai te derrubar. E tem dias que
Formada em arquitetura e urbanismo, pela Uni-
versidade Federal de Viçosa, ela não tinha o do- de. Então, para as meninas, você está extremamente fortalecida e vai te dar
motivação para crescer e provar para si mesma
mínio da tecnologia específica para materializar adolescentes, que passam que não te atinge. Se eu pudesse falar com a
o projeto. Resolveu, então, participar da Startup por isso hoje, o conselho Priscila daquela época, eu diria, talvez, que isso
Weekend, uma maratona de inovação em que
seria este: não tome como passa. Aquilo me fazia sofrer, obviamente, mas
qualquer pessoa pode expor sua ideia e tem o
desafio de transformá-la em negócio no prazo de verdade. O problema está pela hostilidade, não porque eu tomava como
verdade. Então, para as meninas, adolescentes,
54 horas. nos outros, não em você
que passam por isso hoje, o conselho seria este:
“Eu não busquei especialistas ou analistas, não tome como verdade. O problema está nos
busquei alguém que quisesse fazer isso. Então, a outros, não em você”.
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Mulher Faz Ciência
DIVULGAÇÃO PR
ÊMIO LOREAL
e l a S a l g a d o F e r r e i ra
Rafa
inas Gerais
Farmacêutica - M
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Mulher Faz Ciência
ACERVO PESSOA
L
Rosaly LopdeeJsaneiro/EUA
Rio
vulcanóloga -
Astrônoma e
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Cientistas Mulheres
Ela foi citada no Guinness Book, o livro dos re- ca, fazer intercâmbio era bem menos acessível.
cordes, por ter descoberto 71 vulcões no satélite Ela considera importante a experiência de mo-
Io, do planeta Júpiter. Em solo terrestre, já esteve rar no exterior: o aprendizado de outras línguas,
nas crateras de vários outros, como o imponen- os contatos profissionais e a possibilidade de ter
te Vesúvio, na Itália. Desde a década de 1980, “uma mente muito mais aberta”, mesmo que a
trabalha no Laboratório de Propulsão a Jato da pessoa retorne ao seu país de origem. Natural da
Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, cidade do Rio de Janeiro, a cientista nunca mais
onde chegou à gerência do departamento de voltou a morar em terras brasileiras.
ciência planetária. Atualmente, é também edi- O meu conselho para me-
ninas, aliás, para qualquer “Quando fui estudar na Inglaterra, não se po-
tora da revista Icarus, uma das mais respeitadas
dia nem telefonar diretamente, era preciso pe-
publicações científicas em todo o mundo. pessoa, qualquer jovem dir à telefonista para fazer a conexão. Era muito
O interesse pela astronomia surgiu aos qua- que queira seguir uma car- difícil falar com as pessoas no Brasil, e era caro.
tro anos de idade, quando Rosaly ouviu o pai e reira semelhante à minha, Carta, demorava. Não havia e-mail, nenhuma das
a mãe conversarem sobre a primeira viagem de facilidades de comunicação que nós temos hoje.
um astronauta ao espaço, o russo Yuri Gagarin, é estudar muito. Mesmo as Então, hoje é muito mais fácil ir para o exterior”.
em 1961. pessoas que não têm van-
A astrônoma acredita que hoje há mais oportu-
“Eu me lembro da minha avó dizendo que o tagens financeiras podem nidades para meninas seguirem carreira científica
homem não poderia ir ao espaço porque Deus conseguir, se forem os me- e que muitas barreiras foram superadas. Segundo
o mandaria de volta. Eu nem sabia direito o que lhores alunos da escola, da ela, na área de ciências planetárias, as mulheres
era espaço, o que era um russo, mas meu pai me representam hoje mais de 30% do total de pesqui-
perguntou: ‘você quer ir à Lua?’. Eu, que sempre região. Então, é preciso se sadores. Entre as mais jovens, o índice é um pouco
fui um pouco aventureira, disse: ‘sim, quero ir à esforçar muito maior.
Lua’. É realmente a primeira memória que tenho”.
“O meu conselho para meninas, aliás, para
Rosaly não chegou a fazer uma viagem espa- qualquer pessoa, qualquer jovem que queira se-
cial. A miopia de 15 graus era incompatível com guir uma carreira semelhante à minha, é estudar
a profissão de astronauta. Mas tinha apenas 18 muito. Mesmo as pessoas que não têm vantagens
anos quando viajou para fora do Brasil e foi estu- financeiras podem conseguir, se forem os melho-
dar astronomia na Universidade de Londres, na res alunos da escola, da região. Então, é preciso se
Inglaterra, com o apoio da família. Naquela épo- esforçar muito”.
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ACERVO PESSOA
L
Sonia Guimmaenrtaãl –eSsão Paulo
Física Experi
Professora de
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