Na apresentação do Orçamento de Estado, o Governo anunciou um pacote de medidas em que incluiu a
privatização da Linha de Sintra para finais de 2011, bem como o corte das indemnizações compensatórias à CP Lisboa. É sabido que muitas das dificuldades financeiras porque passa a CP advêm do facto de o Governo não cumprir as suas responsabilidades financeiras junto desta empresa pelo serviço público prestado. A Comissão de Utentes da Linha de Sintra (CULS) tomou conhecimento de que, para «engolir» a CP Lisboa, já estão posicionadas três empresas, contudo só o farão depois da finalização da modernização da Linha de Sintra, que está prevista para Agosto de 2011. Perante mais este atentado ao património do Estado, a CULS não pode deixar de estar apreensiva e por isso vem denunciá-lo. Na verdade, no toca à Linha de Sintra foram investidas algumas centenas de milhões de euros do erário público, conjuntamente com a CE, na aquisição de material circulante e na sua modernização, património que, brevemente, o Estado se apronta em oferecê-lo de mão beijada a empresas privadas. Foi este mesmo modelo que permitiu à FERTAGUS explorar a Linha do Comboio da Ponte 25 de Abril, com o material circulante e infraestruturas a custo zero, e ainda com a agravante de receber indemnizações compensatórias, o que não inibiu esta empresa de oferecer, para igual número de quilómetros, um serviço a preços praticamente o dobro dos praticados pela CP. O protesto da CULS vai ainda no sentido de que o corte das indemnizações compensatórias à CP Lisboa, já a partir de Janeiro de 2011, irá significar muito provavelmente mais um aumento de todos os títulos de transportes, o que elevará as despesas do orçamento familiar dos utentes da Linha de Sintra, que já estarão a confrontar-se com o aumento do IVA, do IRS, da inflação, da redução de salários, das reformas e do aumento generalizado de outros serviços públicos. É inadmissível que um Governo que se diz defensor do estado social faça um ataque tão feroz a quem trabalha. A CULS irá enviar esta nota a todos os Grupos Políticos da Assembleia da República para que assumam as suas responsabilidades na defesa dos utentes de transportes ferroviários e votem contra este orçamento que irá seguramente, no caso de ser aprovado, afectar brutalmente a qualidade de vida dos portugueses. Apelamos ainda a todos os utentes da Linha de Sintra que, em sinal de protesto, enviem postais e mails ao Primeiro Ministro, ao Ministro dos Transportes e aos Grupos Políticos da Assembleia da República. Não devemos deixar de protestar. Já basta de sacrifícios sempre para os mesmos!