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TRINTA ANOS PÓS-ASSASSINATO DE CHICO MENDES

E OS DESAFIOS DO SINDICALISMO RURAL NO ACRE


Elder Andrade de Paula1

Este artigo foi extraído da parte ordem são "preteridas pelo espetáculo'

introdutória de um Relatório de Pesquisa*


2 marcante nos eventos alusivos aos 30 anos do

concluído no final de outubro de 2018. Fizemos assassinato de Chico Mendes, em dezembro de

algumas adaptações no sentido de adequá-lo 2018.

ao escopo desta publicação. Nosso objetivo Assim como ocorreu nos eventos

principal foi mostrar que hoje, assim como no anteriores, as "comemorações" alusivas a esse

"tempo de Chico Mendes", a propriedade fato, organizadas pelo governo do Acre e ONGs

ambientalistas, primam pelo enaltecimento do


fundiária e a renda permanecem
indivíduo (Chico Mendes) e apagamento do
absurdamente concentradas ■ também no
coletivo, como o Movimento Sindical dos
estado Acre. Portanto, a luta pela Reforma
Trabalhadores Rurais - MSTR.
Agrária permanece como o principal desafio a
Sob nossa perspectiva, o papel exercido
ser enfrentado pelo sindicalismo rural.
por Chico Mendes não pode ser dissociado da
Sob esse ângulo, as questões suscitadas
ação sindical e político partidária, dado que ele
pelo sindicalismo rural no "tempo de Chico
é, ao mesmo tempo, produto e produtor desse
Mendes" permanecem atualíssimas, como é o
movimento3.
caso do tratamento da questão agrária e
Outro traço marcante dessas
ambiental de forma intrinsecamente
"comemorações" tem sido o de apontar as
inseparáveis. Para mais além de um problema
políticas destinadas a intensificar a
regionalmente localizado, a retomada das
mercantilização e financeirização da natureza
reflexões em torno de dita experiência
em curso no estado, como realização do "sonho
reveste-se de grande relevância no debate
de Chico Mendes". As vozes dissonantes desse
acadêmico e político atual. Longe de solucionar
script oficial têm destacado as manipulações da
os impasses enfrentados nos anos 1970-80, o
imagem de Chico Mendes e a negação da
que a crise atual nos revela é a agudização
suposta afinidade entre tais políticas e o sonho
deles. Todavia, uma vez mais, reflexões dessa dele.
‘ Professor Titular do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Acre (UFAC). Coordenador do Núcleo de Pesquisa:
Estado Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental (NUPESDAO). Atua junto às lutas de resistência por terra/território na Amazônia
desde o "tempo de Chico Mendes", precisamente desde 1984.
20 referido relatório apresenta os resultados da pesquisa Sindicalismo rural na Amazônia, conflitos sociais por terra\território e o legado de Chico
Mendes, realizada durante Estágio Pós-Doutoral no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade\lnstituto de
Ciências Humanas e Sociais\Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2018).
3 Para mais detalhes a respeito dessa interpretação, ver Paula (2016), indicado nas referências ao final deste artigo.

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CHICO MENDES E OS DESAFIOS DO
SINDICALISMO RURAL NO ACRE

O que está em curso, na verdade, é um Sob o capitalismo verde, a apropriação

novo ciclo de "acumulação via espoliação", nos do discurso ambientalista pelo capital diluiu em

termos propostos por David Harvey (2004). De torno da "defesa do patrimônio amazônico" ,

uma suposta convergência de interesses entre


acordo com. o referido autor, uma das
populações locais, governos, instituições
características do desenvolvimento capitalista,
internacionais, ambientalistas e
atualmente, seria a combinação entre
empreendimentos privados. A diversidade
acumulação expandida e acumulação via
desses interesses, como se sabe, está associada
espoliação. Comandada pelo imperialismo, a
às disputas de capitais pelo controle dos bens
"acumulação via espoliação" é caracterizada de naturais e dos recursos estratégicos existentes
uma maneira geral como uma forma de na região.

recrudescimento da "acumulação primitiva". Ela Em síntese, pode-se afirmar que as

se. expressa, sobretudo, na precarização das comunidades camponesas e povos indígenas têm

sido, cada vez mais, ameaçados e pressionados


relações de trabalho, na supressão de direitos
por dois movimentos aparentemente
contraditórios. Referimo-nos aos projetos
são os casos que envolvem, principalmente, a
de explorações predatórias convencionais (como
mineração, extração de petróleo e gás, extração
sociais conquistados pelos trabalhadores, nas
de madeira, pecuária e soja, esta última já
privatizações, no agravamento da destruição
avançando sobre o estado de Rondônia) por um
ambiental e na intensificação do processo de lado e, por outro, as investidas de cunho
mercantilização da natureza. conservacionista e/ou preservacionista.

A dimensão apontada por Harvey é Com formas e métodos diferenciados,

fundamental para analisar criticamente essa ambos subordinam-se a uma lógica de espoliação

nova fase do processo de exploração econômica praticada pelo capital de acordo com seus

na Amazônia. Ou seja, em vez de focalizar


Espoliação sob o capitalismo verde no Acre
apenas os aspectos considerados positivos - as
O estado do Acre, propagandeado mundo
aparentes preocupações com a proteção
afora como "exemplo de desenvolvimento
ambiental -, é preciso atentar para a sua contra
sustentável" a ser replicado em outros lugares, é
face mais perversa: o aprofundamento da exemplar no sentido de visualizar as mazelas
mercantilização e financeirização da natureza. produzidas pelo capitalismo verde. Nesta unidade
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federativa, o poder executivo estadual é Localizado na Amazônia brasileira, o

governado, desde 1999, por uma ampla coalizão estado do Acre possui uma extensão territorial

de partidos liderada pelo Partido dos de 164.221,36 km2 (16.422.136 ha), com

Trabalhadores. aproximadamente 85% de seu território coberto


Sob seus auspícios, logrou-se a por florestas nativas - que estão em crescente

construção de um consenso em torno da degradação resultante da exploração seletiva de

ideologia do "desenvolvimento sustentável" madeira via PMFS -, das quais cerca de 50%
bastante eficaz - pelo menos até 2018, quando encontram-se em "áreas naturais protegidas".

essa coalizão foi derrotada eleitoralmente - Com uma população composta por 830 mil

para concretizar um amplo pacto social no habitantes, dos quais 72,61% residentes em

estado. Conforme mostramos no livro Estado e áreas urbanas, é considerado um dos mais
(Des)Envolvimento insustentável na Amazônia .empobrecidos do Brasil: 86 mil famílias
Ocidental: dos missionários do progresso aos (equivalentes a 43 % da população do Estado)
mercadores da natureza, esse pacto recebem o Bolsa Família, conforme mostra
matéria publicada em 6\02\18 no AC 24 horas,
(...) começou a ser viabilizado com a vitória
do candidato do PT (Jorge Viana) nas reproduzida a seguir:
eleições para a Prefeitura de Rio Branco em
O P ro g ra m a de D e s e n v o lv im e n to
1992. A partir daí, houve uma inversão no
Sustentável das administrações petistas
direcionam ento do MSTR e de outros
do A cre- que de acordo com a propaganda
m o v im e n to s so c ia is , que até e ntão
tentavam democratizara sociedade regional oficial - tem o objetivo de promover o
"de baixo para cima". Como o núcleo crescimento econômico sustentável do
orientador da estratégia política do PT Estado e proporcionar a geração de
definiu como objetivo a conquista do emprego e melhor distribuição de renda,
governo estadual nas eleições de 1998, o através da conservação da floresta, depois
foco passa a ser outro, isto é, "transformar" de quase 20 anos de governo ainda não
a sociedade de "cima para baixo". A rigor, conseguiu superar o programa Bolsa
essa estratégia resultou num tipo de Família, que ainda é o maior responsável
"transform ism o" de maior alcance na pela renda dos acreanos. Pelo menos, é o
história recente do Acre - em que tanto o PT que revela um levantamento realizado
q u a n to as o rg a n iz a ç õ e s de cla s se s pelo M inistério do Desenvolvimento
subalternas foram assimilados à lógica do Social (MDS) a pedido do jornal Valor
dom ínio oligárquico. Isso revela uma Econômico, que praticamente desmonta o
form idável capacidade das oligarquias discurso de avanços na geração de renda
regionais em adaptar-se às mais diferentes com os programa sustentáveis defendidos
conjunturas preservando o essencial: a pelo governador Sebastião Viana, do PT...
manutenção do domínio e direção do Estado Os dados do levantamento caem como um
(no sentido ampliado) naquele território. banho de água fria nos números de
Aliás, diga-se de passagem, no Acre, a crescimento que o governo do Acre tenta
exemplo do que tem ocorrido no Brasil em p a s s a r a t r a v é s da m íd ia o fic ia l
g e ra l, o " tra n s fo rm is m o " p asso u a (https://www.ac24horas.eom/2018/02/0
constituir-se em um dos traços constitutivos 6 / le v a n ta m e n to -re v e la -q u e -4 1 -d a -
marcantes do processo político no pós-1930 populacao-do-acre-vive-dos-valores-do-
(PAULA, 2005, pág. 291). bolsa-familia/)

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Marcado por um desenvolvimento do Ander s on Ampa r o (2016) realizou


tipo extensivo (PAULA, 2005), as atividades p e s q u i s a s o b r e a i m p l a n t a ç ã o da Lei
produtivas predom inantes são a pecuária 12.651\2012 no Acre, denominada como "Novo
extensiva de corte e a exploração florestal Código Florestal", no momento em que esse
m a d e i r e i r a . Em que pese uma m a i o r processo estava sendo concluído. A descrição
complexidade da estrutura agrária (figura 1, a que fez a r es pei t o da c o n c e n t r a ç ã o da
seguir), a propriedade da terra permanece propriedade fundiária é mais detalhada do que a
altamente concentrada, como mostram os dados apresentada sintética mente na figura 2. De
mais recentes na figura 2. acordo com ele, os dados do CAR revelam

Figura 01: Configuração territorial do Acre

Fonte: Base de dados geográficos do ZEE/AC, Fase II, 2006

Figura 02: Perfil dos imóveis rurais cadastrados no Acre (2016)

V C A R

Perfil dos Imóveis Rurais Cadastrados1- AC


filítílbuHçãodaK* de tmówls por Módulw fiscais DtetflbuáçãodaArea to Imàvidija? M*Wm fitais
T w M t o 4cr tw ibiii N ii && ÉPftêid Area C ria
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Q iiW 3 ÍJW n jm o «4M F 1 ,119.032 m
it is m M4 1 .M J Í « ê lS M P 2 .3 2 2 .7 9 8 21%
M p W iS f ílâ W 139 0,91% S u p ertorJlSM f 5 ,930,571 m

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Fonte: Amparo (2016)

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plano local, ignorando-se ou diminuindo-se a


[...] que 339 imóveis ocupam uma área
importância dos conflitos emergentes e
de 6.930.578 hectares [...]. Ao mesmo
críticas originadas de segm entos dos
te m p o , 3 6 .3 0 4 im ó v e is o cu p a m
próprios Suruí, e/ou insistindo-se em
2.219.032 hectares do território acreano
desqualificar os discursos dissonantes,
[...]. Outro ponto que chama a atenção
reduzindo-os a meras queixas pontuais e
diante da extensa área registrada pelo
produto da manipulação de organizações
CAR é a a m p lia ç ã o da á rea sob
indigenistas, como o Cimi, indica a imposição
governança ambiental institucional.
de uma narrativa oficial triunfalista acerca do
Além dos 11,67 Mha registrados pelo
PCFS e o sufocamento da pluralidade de
CAR, 1,61 Mha representam as UCs de
visões, opiniões e experiências dos indígenas
proteção integral e 2,76 Mha as terras
envolvidos direta ou indiretamente com o
indígenas. Essa informação é de grande
projeto. Para além de sua utilização no plano
relevância, pois sugere que a gestão e o
local, esta estratégia política foi de grande
controle do campo acreano não têm serventia no plano global na medida em que
como base a autonomia e a participação utilizou-se do PCFS para influenciar e
popular (AMPARO, 2016, pág. 75). informar diversas experiências de gestão
territorial e ambiental indígena baseadas no
Em que pese todas as evidências de REDD+ no Brasil e no restante da América
Latina. Nesse sentido, a instrumentalização
reprodução de uma estrutura marcada pela de um discurso vitorioso do PCFS em um
contexto de acirradas disputas envolvendo a
concentração da propriedade fundiária e da legitimação de políticas de combate e
mitigação às mudanças climáticas teve a
renda, e porformas de produção destrutiva a ele
clara função de fortalecer e impulsionar o
associadas,, a propaganda que "vende o Acre" REDD+, enquanto política, e o mercado de
carbono, enquanto meio de implementação
como modelo de "desenvolvimento dessa p olítica, su b sid ia n d o , assim , a
r e p l i c a ç ã o d o m o d e l o na e s c a l a
sustentável" segue inalterada. Este caso guarda internacional.

enorme semelhança com outro analisado por A analogia com o caso do Acre é
Hacon (2018): o Projeto Carbono Florestal Suruí, completa. A imagem do modelo de
em Rondônia. Apresentado ao mundo como "desenvolvimento sustentável" bem sucedido
"modelo original" de REDD+ Indígena a ser segue fortemente protegida por uma blindagem

replicado em outras regiões, apesar do colossal. A sua conservação interessa tanto ao

retumbante fracasso e dos conflitos internos poder imperial quanto aos interesses políticos

denunciados em 2014 pelo Jornal Porantin, do domésticos de variadas matizes, desde a

Conselho Indigenista Missionário - Cimi, ainda esquerda institucionalizada até a direita.


Por essa razão, as críticas emanadas de
assim continua sendo apresentado como
vários lugares - produção acadêmica4, ativistas
"projeto-modelo". Segundo Hacon (2018, p383-
sociais ou lideranças sindicais não cooptadas -
84),
precisam ser desqualificadas e interditadas a
A insistência em seguir promovendo o PCFS
como um projeto-modelo bem-sucedido no
qualquer custo, até mesmo quando logram

" Em ple n o apogeu da id e o lo g ia do "d e s e n v o lv im e n to su stentável", tra ta m o s de m o stra r (PAULA, 2005) fu n d a m e n ta lm e n te que
a q u ilo q ue estava se n do a p re se n ta d o co m o solução, o "d e s e n v o lv im e n to su stentável", d e ve ria ser in te rp re ta d o , na re a lid a d e , co m o
um a nova o rd e m de p ro b le m a s da e xp a n sã o ca p ita lista na A m a zô n ia m arcada p or um d e se n v o lv im e n to in su stentável. Portan to, sob
a p erspectiva das classes d o m in a d a s e dos su je ito s co m p ro m e tid o s com as lutas e m a n cip a tó ria s, dita id e o lo g ia d everia ser
co m batida.

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m aiores rep ercu ssões, com o foram os casos dos registros do n úm ero de conflitos po r terra
no A cre. De qu a tro (4) registros em 2010,
d o cu m en tos: a Carta do Acre, o Dossiê: o Acre
p a ra c in q u e n ta e o ito (58) em 2 015 ,
que os m ercadores da natureza atingindo m ais 4.750 fam ílias e u m a m édia
de vin te e três m il e setecentas pessoas
escondem 5 co nh e cido com o D ossiê Acre, e os
(23.700). A in d a nos b a sea n d o nos dados
artigos Lei de Pagam ento por Serviços apresen tados pela Com issão Pastoral da
Terra, percebem os que os conflitos não se
Am bientais do Acre beneficia mercado lo c a liz a m e s p e c if ic a m e n t e em um a

fin a n c e iro (A m yra El Khalili, regional administrativa específica do Acre.


M as, atingem to do o estado e as mais
h ttp ://te rra m a ga zin e.te rra.co m .b r/b lo g d aam az d iv e r s a s c a t e g o r ia s de cam poneses

o n ia /b lo g/2 0 1 2 /0 8 /1 4 /le i-d e -p ag am e n to -p o r- floresta is, co m o po sseiros, rib e irin h o s,


se m -te rra , s e r in g u e ir o s e in d íg e n a s
s e rv ic o s -a m b ie n ta is -d o -a c re -b e n e fic ia - (ROCHA, 2016, pág. 66).

m erca d o -fin a n ceiro /) e o Acre contra Chico


M endes, este últim o de autoria de Tom ás Em su m a, p ro cu ra m o s m o stra r de fo rm a

C h iaverin i, R ep órter Brasil b astan te sin té tica que os d e sa fio s que se

(h ttp s://re p o rte rb ra sil.o rg .b r/acre / publicados ap re se n ta m ao sin d ica lism o rural no A cre , 30

re sp ectivam en te em 2011, 2012 e 2017). an o s p ó s-a ssa ssin a to de Ch ico M e n d es, são

Sob esse' cenário, m arcad o pela e stu p e n d o s. Com um agra v a n te : e n q u a n to "no

in te n sificação da e sp oliação praticada sob o te m p o de Ch ico M e n d es" as lutas de resistên cia


cap italism o verde, os co nflitos pela posse e uso fo ram an im a d a s p or um a m arch a a sce n d e n te de
da terra e território se esp raiam por to d o o luta co n tra a d itad u ra m ilitar, pela
e sta do do A cre, a e xem p lo do que ocorre nos d e m o cra tiza çã o da so cie d a d e e do e sta d o no

d em ais e sta do s da A m azô n ia brasileira. M ilenna Brasil, ago ra, d e sa fo rtu n a d a m e n te , v iv e m o s o


Rocha (2016) analisou em sua d isse rtação de seu re verso . Isto é, um a m arch a re gre ssiva de
m estrado os velh o s e novos co nflitos so ciais pela in sp ira çã o fascista no Brasil e em parte
posse da terra e territó rio no Acre. De acordo su b stan cial do m u n d o . T o d a v ia , a luta co n tin u a ,
com ela, o xalá in sp irad a nos ideais lib e rtário s que
D ados da Com issão Pastoral da Terra - CPT
registram o a u m en to con siderável nos
m o tivaram a vid a de Ch ico M e n d es...

5 Os artigos e entrevistas reunidos no Dossiê Acre expressaram o núcleo das críticas form uladas no Acre pelos signatários do referido docum ento.
Na sua apresentação, diz o seguinte: " 0 Dossiê trata, ainda, das condições históricas que possibilitaram a consolidação da experiência acreana no
contexto da geopolítica am biental da ONU, do Banco M u n d ia l e de ONGs gigantes; de com o e com que interesses forjaram a im agem de um Chico
M e n de s supostam ente 'patrono da econom ia v erd e 1; e de com o a 'tutela' dos povos da floresta viabiliza a im plem entação dos am biciosos planos
de m anejo m adeireiro, e facilita o com ércio de carbono e de 'serviços am bientais', gerando lucros para em presas e O N Gs" (Cimi, 2012, pág. 2).

Referências bibliográficas

A M P A R O , A n d e r s o n P. A con solidação do novo Código Florestal no Acre: d e s re g u la ç ã o a m b ie n t a l e t ra n s g re s s ã o d e d ir e ito s .


D is s e rta ç ã o d e M e s t r a d o . R io B ra n co : P P G M D R -U F A C , 2 0 1 6 .
H A C O N , V a n e s s a . G o v ern a n d o o clim a, floresta e povos indígenas: p o d e r e s tr a n s n a c io n a is e t e r r it ó r io . T ese d e D o u to ra d o . R io
d e Ja n e iro : C P D A U FR R J, 2 0 1 8 .
M O R A IS , M . d e J . A crean idade: in v e n ç ã o e re in v e n ç ã o d a id e n t id a d e a c re a n a . R io B ra n co : E D U F A C , 2 0 1 6 .
R O C H A , LYVIA M . Capitalism o verde, cam pesinato e conflitos por terra/territórios na A m azônia: o c a s o A c re . D is s e rta ç ã o de
M e s t r a d o . R ic B ra n co : P P G M D R -U F A C , 2 0 1 6 .
P A U L A , E ld e r A . (Des) Envolvim ento insustentável na A m azôn iá O cidental: d o s m is s io n á r io s d o p r o g r e s s o a o s m e r c a d o r e s da
n a tu re z a . R io B ra n co : E d u fa c , 2 0 0 5 .
_________________ Seringueiros e sindicatos: um povo da floresta em busca da liberdade. R io B ra n co : N e p a n E d ito ra , 2 0 1 6 .

15
SUMÁRIO

& Balanço dos 3 0 anos sem Chico M endes (Dercy Teles de Carvalho) 7

4<>Trinta anos pós-assassinafo de Chico M endes e os desafios do sindicalism o 10


rural no Acre (Elder Andrade de Paula)

Chico M endes vive na luta anticapítalista e antifascista! (que é um a luta só) 16


(Michael F. Schm idlehner)
Ascensão e queda - o "desenvolvim ento sustentável" e a força política da 29
Frente Popular do Acre (Israel Souza)

A "sebraelização do in d igenism o" na Am azônia Ocidental como estratégia 42


para a mercantilização e a financeirização (Lindom ar Dias Padilha)
Usos e abusos da im agem de Chico M endes na legitim ação da "econom ia 49
verde" (Maria de Jesus M orais)
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO
Órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Regional Amazônia Ocidental

TRINTA ANOS
POS-AS3ASS1NATO DE

CHICO MENDES
E DESTRUIÇÃO OCULTA DE
FLORESTAS E VIDAS NO ACRE

ORGANIZAÇÃO EDITORIAL: Rosenilda Nunes Padilha, Michel E Schmidlehner,


Bárbara Silva Figueiredo e Israel Souza
ARTE DE CAPA: Antônio Fellipi Morais Ferreira
RE VISÃO: Bárbara Silva Figueiredo
PROJETO GRÁFICO: Jerson Oliveira da Silva

Apoio:

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sicfd-terresolidaire

Rio Branco, dezembro de 2018.

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