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importantes
Mídia, poder e liberdade
de expressão
Documenta 14
Cultura da lembrança
Comida e Identidade
Violência
Direita e esquerda
Entre mundos Suely Rolnik | Privatarchiv / Arquivo particular
Alternativas para a cidade
Tabu Em entrevista, a psicanalista, teórica, crítica de arte e cultura
Hierarquias analisa os contextos que levam ao atual desmoronamento dos
Cultura do corpo Aurora Fernández Polancos é
governos de esquerda na América Latina, fala sobre a noção de
Projetos professora titular de Teoria e
"inconsciente colonial-capitalístico" e comenta a importância da História da Arte
Blog resistência micropolítica que vem proliferando na sociedade Contemporânea da
Serviços brasileira. Universidade Complutense de
Madri. Ensaísta e curadora, é
Como você analisa o que está se passando com os governos de
atualmente a pesquisadora
esquerda na América Latina? principal do projeto I+D
“Visualidades críticas:
A destruição dos governos de esquerda na América Latina que está em reescritura das narrativas
curso resulta de uma nova estratégia de poder do capitalismo através de imagens” (
globalitário, em sua versão financeirizada. Uma tomada de poder do (http://www.imaginarrar.net
/index.html). É editora da
Estado que não se vale da força militar, mas sim da força do desejo, a
revista Re-Visiones
fim de torná-la reativa. Isto se faz por meio de uma tripla operação: (http://www.re-visiones.net/).
midiática, judiciária e policial. Tem-se aqui uma estratégia micropolítica,
muito mais sutil e invisível do que a tradicional estratégia macropolítica, Antonio Pradel é escritor.
o que faz com que seja muito mais difícil decifrá-la e combatê-la. Minha Seus principais temas de
impressão é a de que por não abarcar a dimensão micropolítica, o pesquisa concentram-se na
revisão dos tópicos culturais
imaginário das esquerdas não tem como decifrar a estratégia de poder
espanhóis, principalmente as
do capitalismo financiarizado e, sendo assim, não consegue combatê- touradas e o flamenco, a partir
lo. Pela mesma razão, o binomio esquerda X direita, ao qual está de um olhar contemporâneo.
atrelado este imaginário, não abarca a complexidade das forças em Vive atualmente em São
jogo. Paulo, onde atua como
professor de espanhol e
A experiência que estamos vivendo nesses contextos é muito triste, trabalha na tradução de
poemas de João Cabral de
mas também muito valiosa. Por quê? Porque nos permite reconhecer o
Melo Neto que têm relação
que a esquerda pode e também o que ela não pode, dados seus direta com a tradição cultural
limites, inerentes à sua própria lógica. O que a esquerda pode é espanhola.
praticar a resistência no âmbito do Estado. Uma forma de resistência
que tem a ver com lutar por uma democracia que não seja somente Copyright: Versão reescrita de
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política, mas que seja também econômica e social. . Neste âmbito, a trechos da entrevista
esquerda representa sem dúvida a melhor posição possível – ainda originalmente publicada pela
que varie o grau de ampliação da democracia almejado por cada revista Re-visiones (# Cinco –
Madrid, 2015): http://www.re-
governo tido como de esquerda, que é inversamente proporcinal à sua visiones.net
maior ou menor cumplicidade com a agenda neoliberal. /spip.php%3farticle128.html"
Junho de 2016
E para além do que pode a esquerda, quais são seus limites?
Você tem alguma dúvida
Se o destino das assim chamadas “revoluções do século 20” foi por sobre esse assunto? Escreva
para nós!
nós vivido como uma traição, é porque ainda mantínhamos a crença de
que um dia existiria esta totalidade que designávamos pelo nome de
Revolução, herdeira da ideia monoteista de paraíso. No entanto, o que 1 Comentário
está acontecendo – não só na América Latina, mas também em escala Imprimir artigo
internacional – nos lança em outro nível de lucidez que inclui um saber
ético, distinto de uma consciência moral. Deste ponto de vista, revela-
se que “o que pode a esquerda” choca-se contra seu próprio limite – o
limite do regime antropo-falo-ego-logo-cêntrico da cultura moderna
ocidental, do qual ela mesma faz parte.
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ao repertório de representações de que disponho e que, projetado
sobre este algo, lhe atribui um sentido. Este modo de congnição é
indispensável para a existência em sociedade, porém essa é apenas
uma entre as múltiplas experiências outras experiências que a
subjetividade faz do mundo e que operam simultaneamente. Trata-se
da experiência do que chamamos de “sujeito”. Em nossa tradição
ocidental, confunde-se “subjetividade” com “sujeito”, porque nesta
política de subjetivação, é apenas esta capacidade a que que tende a
estar ativada. No entanto, a experiência que a subjetividade faz do
mundo é potencialmente muito mais ampla, múltipla e complexa.
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sujeito, o mal-estar da desestabilização leva a subjetividade de
esquerda a imaginar defensivamente um outro mundo, que substituirá
o existente como um só bloco, mediante a tomada do poder do Estado.
Um mundo idealizado e com eternidade garantida, porque nele
estaríamos protegidos contra as turbulências inevitáveis da vida, que
nos tiram da zona de conforto e nos exigem um trabalho constante de
transformação, como condição para a própria preservação da vida.
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oposição. E se o que a sufoca abrange, evidentemente, o âmbito
macropolítico, certamente não se restringe a ele. Para que o termo
“resistência” recupere seu valor, é preciso que ampliemos seu sentido,
tradicionalmente associado à noção de esquerda e, portanto, restringe-
se ao âmbito macropolítico onde esta atua. Há que ativar seu sentido
micropolítico, o que torna seu objeto muito mais amplo, mais sutil e
mais complexo do que o das lutas no âmbito do Estado –
principalmente quando seu foco tende a reduzir-se à conquista e à
conservação do poder macropolítico. No lugar disso, o que temos que
conseguir é a dissolução do poder da micropolítica reativa do
capitalismo globalitário, que abarca todas as esferas da vida humana.
E aquí já não se trata de um combate pela tomada deste poder, nem
tampouco se faz por oposição ao mesmo ou por sua negação, mas sim
de um combate se trava por meio da afirmação de uma micropolítica
ativa, a ser investida em cada uma de nossas ações cotidianas,
inclusive aquelas que implicam nossa relação com o Estado, que
estejamos dentro ou fora dele. Não será exatamente isso o que está
acontecendo com a proliferação desse novo tipo de ativismo?
Cesa...
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