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DISCIPLINA: EXECUÇÃO E TUTELA PROVISÓRIA (URGÊNCIA E EVIDÊNCIA)

PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO


MATÉRIA: TEORIA DA EXECUÇÃO

Indicações bibliográficas:
 Manual de Direito Processual Civil – Daniel Amorim Assumpção Neves
 O Novo Processo Civil Brasileiro - Alexandre Câmara
 Novo Código de Processo Civil Comentado - Daniel Amorim Assumpção Neves
 Código de Processo Civil para Concursos - Rodrigo da Lima Cunha Freire e Mauricio
Ferreira Cunha
 Curso de Direito Processual Civil - Humberto Theodoro Jr
 Curso de Direito Processual Civil - Freddie Didier Jr.

Leis e artigos importantes:


 Arts. 528 a 535, CPC

Palavras-chave:
 Formas executivas
 Processo autônomo de execução
 Cumprimento de sentença

TEMA: FORMAS EXECUTIVAS

PROFESSOR: DANIEL ASSUMPÇÃO

TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO

FORMAS EXECUTIVAS

1) Introdução

Binômio: crise jurídica, espécie de tutela jurisdicional.

. Tutela executiva: soluciona uma crise jurídica de satisfação do direito

. Execução

. Cumprimento de sentença

Matéria: Execução e Tutela Provisória (Urgência e Evidência) – Prof: Daniel Assumpção


O cumprimento de sentença é uma execução, é tutela executiva, porque resolve uma
crise jurídica de satisfação do direito.

Art. 297, caput, CPC - Efetivação da tutela provisória. Independente do nome usado pelo
legislador, será sempre uma tutela executiva.

Formas executivas são na verdade diferentes formas de executar.

2) Execução por Processo Autônomo x Execução por meio de Fase Procedimental

Título executivo extrajudicial

É aquele feito sem a participação do Poder Judiciário. Quando o credor vai executar um
título extrajudicial, será o primeiro contato do Judiciário com esse título. Então não há como se
imaginar outro sistema neste caso que não o processo autônomo de execução. Ou seja, sempre
que houver um título executivo extrajudicial, a única forma possível é o processo autônomo de
execução.

Título executivo judicial

Sistemas processuais possíveis:

 Autonomia das ações (CPC/73)

Para cada uma das três clássicas espécies de tutela – tutela de conhecimento, executiva e
cautelar – tinha-se um processo específico. Pois cada uma dessas tutelas tem diferentes objetivos
(porque cada uma delas resolve diferentes espécies de crises jurídicas) e diferentes
procedimentos.
A conclusão era de que, em razão desses dois motivos, cada tutela deveria ser mantida
isolada em um processo. Todavia essa conclusão se mostrou equivocada.

 Sincretismo processual (CPC/15)

Determina a própria estrutura do CPC de 2015. Sincretismo processual é você permitir


que diferentes tutelas coexistam num mesmo processo. As tutelas continuam autônomas, não
existe sincretismo de tutela jurisdicional. Elas continuam a ter objetivos distintos e os
procedimentos continuam a ser diferentes. O que temos agora é a conjugação de todas essas
tutelas dentro de um mesmo processo.

* "Ação sincrética"

A ideia é um processo com fase de conhecimento, sentença, e depois fase de execução


(duas fases sucessivas). Essa fase procedimental de execução passou a ser chamada de
cumprimento de sentença.

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A ideia de sincretismo é mais ampla, porque além do conhecimento e da execução, eu
ainda tenho tutela de urgência possível dentro do mesmo processo.
O legislador prevê uma tutela de urgência antecedente, permitindo então que o processo
tenha a seguinte estruturação: fase de tutela de urgência / decisão / fase de conhecimento /
decisão / fase de cumprimento de sentença. Ou seja, as três tutelas possíveis sucessivamente.

Ou então a chamada tutela de urgência incidental, que vai se dar ou durante a fase de
conhecimento ou durante a sucessiva fase de execução. Ela pode incidentalmente conviver tanto
com a tutela cognitiva quanto com a tutela executiva.

* Mudança gradual do sistema

O CPC de 73, em sua origem, tinha como regra o processo autônomo de execução.
Exceção: cumprimento de sentença.

Em 1994, houve uma primeira mudança, e a partir de então, com a redação que recebeu
o Art. 461 (CPC/73), todas as decisões que tivessem como objeto obrigação de fazer ou não fazer
passaram a ser executadas por fase procedimental de execução (não se chamava de
cumprimento de sentença na época, mas era um cumprimento de sentença que a gente já tinha).

Em 1995, a Lei 9.099 aboliu, nos Juizados Especiais, o processo autônomo de execução
de título executivo judicial. Os juizados especiais nunca tiveram processo de execução de título
judicial. Tinha-se o cumprimento de sentença para qualquer espécie de obrigação.

Em 2002, por conta do Art. 461-A, CPC/73, as decisões que tivessem como objeto a
obrigação de entregar coisa passaram também a ser executadas por cumprimento de sentença.

Em 2005, por meio da Lei 11.232, passaram também as obrigações de pagar quantia à
execução por cumprimento de sentença. Sendo dessa lei que nasce o nome "cumprimento de
sentença", e a qual ficou conhecida como "lei do cumprimento de sentença".

No entanto, essa lei só alterou nas obrigações de pagar quantia a execução pelo
procedimento comum, e as execuções especiais ficaram fora do cumprimento de sentença.

CPC - Três execuções especiais:

- Alimentos
- Pagar contra a Fazenda Pública (Atenção: a execução contra a Fazenda Pública só será
especial na hipótese da obrigação de pagar. Nas obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa,
a execução é comum)
- Contra devedor insolvente

No CPC 73, em 2005, essas três execuções especiais (obrigação exequente de pagar
quantia nas situações acima) continuaram a exigir processo autônomo de execução. A Lei
11.232/05 só alterou a realidade da execução comum.

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CPC/2015

> Execução de Alimentos (Arts. 528 a 533, CPC). Hoje uma decisão de alimentos é
executada pelo cumprimento de sentença. Porém ela não deixou de ser especial por causa disso.

. Procedimento especial de cumprimento de sentença:


* Intimação pessoal (a regra na execução comum é a intimação na pessoa do advogado;
aqui como a consequência é uma possível prisão civil, exige-se uma intimação pessoal)
* Prazo de 3 dias: para pagar, provar que pagou ou justificar o inadimplemento - por
qualquer meio de prova (no procedimento comum, tem-se o prazo de 15 dias para pagar, porque
se não pagar, será aplicada multa de 10%).

> Execução de pagar contra a Fazenda Pública (Arts. 534 a 535, CPC)
Se a Fazenda Pública foi condenada a pagar, pode executar por cumprimento de
sentença (procedimento especial):
* Intimação do representante legal da Fazenda
* Prazo de 30 dias para impugnação (em qualquer cumprimento de sentença, o devedor
é intimado para pagar - seja em 15 dias no cumprimento de sentença comum, seja em 3 dias no
cumprimento de sentença de alimentos)

> Execução contra devedor insolvente (falência da pessoa humana) (Art. 1.052, CPC:
enquanto a lei extravagante não vier, continua aplicando nesse caso os artigos do CPC/73)
Na hipótese do devedor insolvente, o título executivo não é executado pelo
cumprimento de sentença, mas por processo autônomo de execução.

OBS: Art. 515, p. único, CPC - Sentença arbitral, sentença penal, homologação da
sentença estrangeira e exequator de decisão interlocutória estrangeira: para se executar essas
espécies de títulos executivos judiciais, vai ter que realizar a citação do executado.

Se o título é judicial, você o executa por cumprimento de sentença, e o cumprimento de


sentença não tem citação do executado (você cita o demandado quando começa o processo) >
todas as regras de cumprimento de sentença falam na intimação do executado.

A partir do momento que o CPC prevê uma citação, ele exige, por consequência lógica,
uma petição inicial. Petição inicial e citação são atos processuais próprios de um processo
autônomo. Cumprimento de sentença começa por requerimento, não por petição inicial, e o
executado não é citado, é intimado.

Segundo o STJ, nesse caso teremos uma hibridez procedimental: onde a lei exige
petição inicial e citação, devemos fazer como ela exige; mas a partir da citação do executado,
seguimos o procedimento do cumprimento de sentença. (R.E. 1.102.460/RJ - Recurso Repetivivo
Tema 893 > o julgado é de sentença arbitral, mas o entendimento é para todo o Art. 515,
parágrafo único, CPC)

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OBS: Se segue pelo cumprimento de sentença, a defesa típica do executado é a
impugnação. Enquanto se seguisse pelo processo autônomo de exceção, seriam embargos de
execução.

Resumindo: começa como processo autônomo de execução, e a partir da citação se


transforma em cumprimento de sentença.

3) Execução por sub-rogação x Execução indireta

Ambas aplicáveis tanto ao cumprimento de sentença quanto ao processo de execução.

* Execução por sub-rogação: é uma execução que trabalha com o caráter substitutivo
da jurisdição. Medidas executivas: vão substituir a vontade do executado pela vontade do direito.
(OBS: vontade do direito: que a obrigação seja cumprida / vontade do devedor: não cumprir a
obrigação) A execução por sub-rogação: satisfaz a obrigação independentemente da colaboração
ou vontade do executado.

Exemplos de medidas de execução por sub-rogação: busca e apreensão (entrega) /


penhora e expropriação do bem.

* Execução indireta: ela não trabalha com caráter substitutivo (essa tradicional
substituição da vontade da parte pela vontade do direito não acontece aqui). O que há é uma
pressão psicológica que tem como objetivo convencer o executado a cumprir a obrigação. A
execução indireta pretende mudar a vontade do executado, convencê-lo a cumprir a obrigação,
para que a vontade do executado passe a ser a mesma vontade do direito.

Quais são as formas de pressão psicológica possíveis?

. Oferta de melhora na situação do executado (medidas indutivas - vão induzir o sujeito a


cumprir a obrigação - Ex: Art. 827, §1º, CPC)

OBS: "sanção premial / premiadora": não é uma expressão muito adequada para usarmos,
mas caso apareça em prova, devemos entender como medida de execução indireta que oferta
uma melhora / medida indutiva).

. Ameaça de piora na situação do executado (medidas coercitivas)

* Prisão civil - é uma forma de execução indireta, mas encontra limitação no âmbito de
aplicabilidade.

Em que tipo de execução cabe prisão civil?

> Execução de alimentos. Se a execução de pagar não for de alimentos, é incogitável a


prisão civil, pois há vedação constitucional.
OBS: Art. 85, §14, CPC expressamente prevê que os honorários advocatícios têm
natureza alimentar. Todavia, não basta ser uma execução de alimentos para caber a prisão civil,

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vai depender da origem dos alimentos. Vão ser apenas aqueles chamados "alimentos genuínos"
os passíveis de prisão civil (decorrentes de casamento, união estável, parentesco).

Art. 528, CPC - trata do cumprimento de sentença (execução do título executivo judicial).
Art. 913, p. único CPC - execução de alimentos (processo autônomo de execução)
Pouco importa se está cumprindo uma liminar, executando uma sentença, executado um
título executivo extrajudicial. A forma do título é irrelevante, a forma executiva é irrelevante. Se
tiver execução de alimentos genuínos cabe a prisão civil.

A prisão civil depende de requerimento expresso do exequente (Art. 528, §8º, CPC) -
isso é uma exceção, porque os poderes executivos do juiz permitem que ele aplique as medidas
executivas de ofício (ex: busca e apreensão). Em regra, ele aplica as medidas executivas de
ofício, mas aqui somente mediante provocação.

A execução de alimentos não precisa ser necessariamente por procedimento especial:

Opção:
- Execução especial (prisão civil)
- Execução comum

Por vezes, nem a opção existe, como percebe-se no Art. 528, §7º, CPC. Sabendo que a
obrigação de alimentos é uma obrigação continuada, o artigo diz que as parcelas que justificam a
prisão são as três anteriores à propositura da ação e as que se vencerem durante o processo.
Isso não significa entretanto que é preciso esperar três meses de dívida para executar
alimentos, pois havendo título executivo, com uma prestação inadimplida de alimentos já é cabível
a execução.

Sendo assim, mesmo que haja, por exemplo, um inadimplemento de dez meses,
somente os três meses antes da propositura vão levar à prisão do devedor. Se ele pagar esses
três, ele está livre da prisão. Enquanto aqueles sete iniciais, obrigatoriamente serão executados
pela execução comum.

- Regime fechado (separado dos "presos comuns") - Art. 528, §4º, CPC.

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