Terceira Civilização - Edição 590 - 14/10/2017 - pág.
46 - Estudo
Terceira Civilização - Estudo
[53] O Presente de Arroz
Trecho da carta
O Presente de Arroz
Os seres humanos vivem graças ao alimento, por
isso consideram o alimento um bem valioso.
A vida é o tesouro mais raro. É dito que mesmo
os tesouros de todo um grande sistema de
mundos não podem se igualar ao valor do corpo
e da vida. Nem as gemas que cobrem o grande
sistema de mundos inteiro podem substituir uma
única vida. A vida é como uma lamparina, e o
alimento, o óleo. Quando o óleo acaba, a chama
se extingue; do mesmo modo, sem alimento, a
vida deixa de existir. (...)
Por isso, os veneráveis e reverenciáveis da
Antiguidade ofereciam a própria vida ao Buda, e
assim, tornavam-se budas. (...)
Entretanto, no que se refere a se tornar buda, as
pessoas comuns que mantêm as palavras
“determinação resoluta” no coração tornam-se
budas. Quando ponderamos com cuidado a que
exatamente se referem às palavras
“determinação resoluta”, compreendemos que é
à doutrina de “observar a mente”. E quando nos
perguntamos qual é o exato significado da
doutrina de “observar a mente”, a resposta é:
oferecer a única vestimenta que possuí­mos ao
Sutra do Lótus equivale a arrancarmos a própria
pele, ou, em épocas de fome, oferecer ao Buda o
único alimento para o sustento do dia equivale a
oferecer a própria vida ao Buda. (...)
O verdadeiro caminho encontra-se nos assuntos
deste mundo. O Sutra da Luz Dourada afirma:
“Possuir o profundo conhecimento do mundo é,
em si, o budismo”. O Sutra do Nirvana diz: “Todas
as escrituras não budistas da sociedade
constituem, em si mesmas, ensinamentos
budistas; não são doutrinas não budistas”.
Quando o grande mestre Miaole comparou essas
passagens com a do sexto volume do Sutra do
Lótus, que afirma: “Nenhum assunto secular, da
vida ou do trabalho, difere de forma alguma da
realidade fundamental”, ele revelou seu
significado e observou que, embora os dois
primeiros sutras sejam profundos, seu sentido
ainda é superficial e não se aproxima do
significado do Sutra do Lótus, pois relacionam
assuntos seculares em função do budismo, ao
passo que o Sutra do Lótus explica que, no final,
as questões seculares são, em si, o budismo em
sua totalidade.
Em essência, os sutras pregados antes do Sutra
do Lótus ensinam que todos os fenômenos se
originam da mente. Para exemplificar, dizem que
a mente é como a grande terra, enquanto os
fenômenos são como as plantas e árvores. Mas o
Sutra do Lótus não expõe o mesmo: afirma que a
mente é, em si, a grande terra, e a grande terra,
as plantas e árvores. Os sutras anteriores [ao
Sutra do Lótus] explicam que a clareza da mente
é como a Lua e a pureza da mente é como a flor.
Já o Sutra do Lótus diz algo diferente: que
ambas, a Lua e a flor, são em si mesmas a
mente. Com base nisso, deve compreender que o
arroz polido não é arroz, mas a vida em si.
(CEND, v. II, p. 393-394)
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 1.

A “determinação resoluta” que
revela infinita esperança e força
sem limites
Explanação do presidente da SGI, Dr.
Daisaku Ikeda
Nada é mais maravilhoso que a mente
humana. Ela é fonte de infinita esperança.
É um reservatório de ilimitados benefícios
e boa sorte. Pode manifestar energia e
força infinitas.
Transformação do destino de um
indivíduo, concretização da felicidade para
toda a humanidade e criação de uma
sociedade pacífica — tudo se inicia com
uma mudança em nosso coração.
Nichiren Daishonin fala das “ações
maravilhosas da mente” (OTT, p. 30). O
funcionamento da mente e do coração
humanos é verdadeiramente misterioso.
Daishonin afirma: “Essa mente que está
além da compreensão constitui o
ensinamento central dos sutras e dos
tratados” (WND, v. II, p. 844). O Budismo
Nichiren é um ensinamento para a criação
de valor que nos permite evidenciar o
ilimitado tesouro da mente, o coração.
Como afirma Daishonin: “O que importa é o
coração” (CEND, v. II, p. 214 e p. 267). A
determinação resoluta, isto é, a intenção
contida no coração, estabelece tudo.
Podemos alcançar resultados
completamente diferentes, dependendo
de como nossa mente percebe as coisas,
do que ela decide e do que nos induz a
fazer a cada momento, a cada instante.
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Essa é a essência da fé na Lei Mística e o
princípio dos “três mil mundos num único
momento da vida”. Nossa verdadeira
capacidade como seres humanos é
determinada pelo que temos em nosso
coração e em nossa mente.
Modesto certificado de conclusão
Na juventude, tive a sorte de ter aulas
sobre o Sutra do Lótus e os escritos de
Nichiren Daishonin diretamente com meu
venerado mestre e segundo presidente da
Soka Gakkai, Josei Toda. Essas aulas foram
tão intensas e rigorosas quanto a se
submeter a um treinamento dado por um
mestre espadachim. Ao término de cada
explanação, Toda sensei me entregava um
pequeno e simples certificado de
conclusão em papel comum. Pode ter sido
uma modesta lembrança, mas para mim
era um insubstituível tesouro.
Estudei com Toda sensei não somente o
budismo, mas também uma grande
variedade de assuntos. Graças aos
treinamentos que recebi na “Universidade
Toda”, consegui participar de diálogos para
a paz com líderes de diversas áreas ao
redor do globo.
Todas as minhas ações são motivadas pela
determinação de saldar minha dívida de
gratidão com Toda sensei. Ciente de que a
vitória do discípulo é a vitória do mestre,
devo dedicar minha vida a tornar a
existência e as conquistas do meu
grandioso mestre conhecidas em todo o
mundo.
Ser feliz ou infeliz não é decidido por
outras pessoas ou pelo ambiente, mas sim
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 2.

pela nossa própria determinação e
intenção contida no coração. À luz dos
ensinamentos de Nichiren Daishonin, um
coração que reconhece e demonstra
gratidão pela sinceridade dos outros é
forte. Tal coração nos dota de boa sorte,
abrindo o caminho para o genuíno triunfo.
Nesta edição, estudando o escrito de
Nichiren Daishonin O Presente de Arroz,
deixemo-nos aprender sobre a atitude
necessária para conduzirmos vidas felizes
e vitoriosas.
Os seres humanos vivem graças ao
alimento, por isso consideram o alimento
um bem valioso.
A vida é o tesouro mais raro. É dito que
mesmo os tesouros de todo um grande
sistema de mundos não podem se igualar
ao valor do corpo e da vida.1 Nem as
gemas que cobrem o grande sistema de
mundos inteiro podem substituir uma
única vida. A vida é como uma lamparina, e
o alimento, o óleo. Quando o óleo acaba, a
chama se extingue; do mesmo modo, sem
alimento, a vida deixa de existir. (...)
Por isso, os veneráveis e reverenciáveis da
Antiguidade ofereciam a própria vida ao
Buda, e assim, tornavam-se budas. (...)
(CEND, v. II, p. 393)
“A vida é o tesouro mais raro”
Nichiren Daishonin escreveu esta carta em
resposta a um sincero oferecimento de
alimentos que recebera de um de seus
discípulos. A data e o nome do destinatário
do escrito são desconhecidos.
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Na carta, ele explica detalhadamente que
oferecer o precioso presente de arroz
polido, que sustenta a vida, é o mesmo
que oferecer a própria vida. Essa ação, diz
ele, traz grande benefício e garante a
consecução do estado de buda.
Daishonin começa a carta listando os itens
que seu discípulo lhe enviou, escrevendo:
“Recebi o saco de arroz polido, o saco de
inhames e a cesta de algas marinhas que o
senhor teve o trabalho de me enviar”
(CEND, v. II, p. 393).
Os presentes são uma expressão do
sincero desejo do discípulo de apoiar e
alegrar Daishonin, que elogia essa
sinceridade, esclarecendo quão
infinitamente nobre é [sua atitude] da
perspectiva do budismo.
Duas coisas são tesouros para todas as
pessoas, diz ele: alimento e roupas. Ambos
são tesouros porque sustentam o supremo
tesouro da vida. Em seguida, explica que a
vida é o mais valioso de todos os tesouros
do universo, na frase ‘a vida é o tesouro
mais raro’ (Ibidem). Em todo o mundo, não
há tesouro tão precioso quanto a vida de
um único indivíduo.
Nichiren Daishonin então faz uma analogia
da vida com uma lamparina e o alimento
com o óleo (cf. CEND, v. II, p. 393). À
medida que uma lamparina se apaga
quando ela fica sem óleo, essa preciosa
vida se extingue quando fica sem alimento.
É por essa razão, diz Daishonin, que fazer
um oferecimento de alimento, que
sustenta a vida, equivale a oferecer a
própria vida.
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 3.

Para explicar esse ponto, ele esclarece
sobre o significado de oferecer coisas que
se consideram preciosas em reverência ao
Buda. E escreve:
Na prática de devoção às divindades e aos
budas, adiciona-se o termo namu antes do
nome de cada um deles. Para explicar o
significado exato de namu: deriva-se da
Índia; na China e no Japão, é traduzido
como “dedicar a própria vida”, que quer
dizer oferecer nossa existência ao Buda. (...)
Nenhum tesouro é mais valioso que a vida.
Por isso, os veneráveis e reverenciáveis da
Antiguidade ofereciam a própria vida ao
Buda, e assim, tornavam-se budas. (CEND,
v. II, p. 393)
Como exemplos daqueles que fizeram tais
oferecimentos, Daishonin cita o menino
Montanhas de Neve,2 o bodisatva Rei dos
Remédios,3 o príncipe Shotoku4 e o
imperador Tenji.5 Os dois primeiros se
enquadram na categoria de “veneráveis”
que se dedicaram completamente à
prática budista, enquanto os dois últimos
se enquadram na categoria de
“reverenciáveis” ou “pessoas sábias”, que
protegiam e difundiam o budismo.
Oferecer sua preciosa vida para o bem do
Buda ou da Lei correta, afirma Daishonin,
abre o caminho para alcançar o estado de
buda. Ele reconhece, no entanto, que
“Como estas ações são para veneráveis e
reverenciáveis, elas são difíceis de serem
realizadas por nós [pessoas comuns]”
(CEND, v. II, p. 393). Pedir esses mesmos
sacrifícios para pessoas comuns nos
Últimos Dias da Lei é pedir o impossível.
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Então, significa que jamais alcançaremos o
estado de buda? Não, certamente não. O
tema desta carta é estabelecer um
budismo para as pessoas comuns que
abre o caminho do estado de buda para
todos nos Últimos Dias da Lei.
Entretanto, no que se refere a se tornar
buda, as pessoas comuns que mantêm as
palavras “determinação resoluta” no
coração tornam-se budas. Quando
ponderamos com cuidado a que
exatamente se referem às palavras
“determinação resoluta”, compreendemos
que é à doutrina de “observar a mente”. E
quando nos perguntamos qual é o exato
significado da doutrina de “observar a
mente”, a resposta é: oferecer a única
vestimenta que possuímos ao Sutra do
Lótus equivale a arrancarmos a própria
pele, ou, em épocas de fome, oferecer ao
Buda o único alimento para o sustento do
dia equivale a oferecer a própria vida ao
Buda. (...) (CEND, v. II, p. 393-394)
“Determinação resoluta” é a chave
para as pessoas comuns
alcançarem a iluminação
Nichiren Daishonin escreve: “As pessoas
comuns que mantêm as palavras
‘determinação resoluta’ no coração
tornam-se budas” (CEND, v. II, p. 393).
O que é exatamente essa “determinação
resoluta”? Daishonin diz que é “a doutrina
de observar a mente”, um ensinamento
delineado pelo grande mestre Tiantai6 em
seu tratado Grande Concentração e
Discernimento.7 O termo “observar a
mente” ou “observação da mente” é
empregado em contraste com o “estudo
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 4.

doutrinário dos sutras”, e é a prática para
atingir o estado de buda. Nichiren
Daishonin explica brevemente o que
“observar a mente” significa
concretamente para nós, pessoas comuns.
Ele afirma que oferecer o único manto que
a pessoa possui pela causa do Sutra do
Lótus é equivalente à prática de um
venerável de arrancar a pele [para usá-la
como papel de escrita para gravar os
ensinamentos]; da mesma forma, oferecer
seu único alimento ao Buda, numa época
de fome, é equivalente a oferecer sua vida.
Essas oferendas de roupas e alimentos,
então, são exatamente as mesmas que os
antigos veneráveis faziam, oferecendo a
própria vida, e o benefício que se recebe
como resultado de fazer essas oferendas
conduzirá ao estado de buda.
O ponto crucial desta prática é a
“determinação resoluta”, afirma Daishonin.
A causa fundamental para alcançar o
estado de buda é a sincera determinação
de buscar, ter fé e proteger o Sutra do
Lótus — um ensinamento que abre o
caminho para a iluminação de todos os
seres vivos — e o Buda que o ensina. É por
essa razão que Daishonin declara: “As
pessoas comuns que mantêm as palavras
‘determinação séria’ no coração tornam-se
budas” (Ibidem).
O fundador e primeiro presidente da Soka
Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, sublinhou
fortemente essa passagem em seu
exemplar da Coletânea dos Escritos de
Nichiren Daishonin. Recitar
Nam-myoho-renge-kyo e agir pela causa
da Lei Mística e pelo mestre que a ensina e
a propaga constituem o caminho direto
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para atingir o estado de buda.
Em japonês, a palavra missão (shimei) é
escrita com dois ideogramas que
significam “empregar a própria vida”. O
propósito para o qual empregamos nossa
preciosa vida é importante.
Trabalhar para realizar a missão do
kosen-rufu — fazer do coração do nosso
mestre nosso próprio, orar e agir pela
felicidade dos demais — é o
comportamento mais respeitável que
podemos demonstrar como seres
humanos. Tal comportamento é
demonstrado pelos admiráveis membros
da SGI.
Quando eles veem alguém passando por
dificuldades ou angústias, deixam suas
próprias necessidades de lado e se
aproximam do outro para ajudá-lo. Ao
saberem de alguém que está com um
problema, imediatamente se apressam em
auxiliá-lo. Não importa quanto estejam
ocupados, eles participam animadamente
das reuniões de palestra, mesmo em local
distante.
A vida dos membros da SGI, que se
dedicam de forma infatigável e também
doam seu tempo, para trabalhar pela
felicidade dos outros e pelo kosen-rufu,
brilha com a fé imbuída de determinação
resoluta que Nichiren Daishonin
certamente louvaria.
É por isso que aqueles que participam
constantemente das atividades da SGI
entram infalivelmente na órbita da
felicidade e da vitória.
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 5.

Jamais sejam derrotados no
espírito!
Determinação resoluta é direcionar nossa
mente para algo. Àquilo que voltamos
nossa mente é importante. É crucial definir
um propósito fundamental para nossas
ações.
Como membros da SGI, dirigimos nossa
mente para o Gohonzon e para o
kosen-rufu.
Uma determinação resoluta não é
palpável, mas por meio do seu poder
podemos nos orientar na direção da vitória
e da felicidade.
A vida nem sempre é suave e agradável.
Alguns de vocês podem estar lutando ou
sofrendo por não poderem participar nas
atividades da SGI tanto quanto gostariam,
por motivo de trabalho, doen­ça ou outras
circunstâncias. Quando se encontrarem em
tal situação, esse é o momento de
dirigirem sua determinação de mente
única ao Gohonzon. Aqueles que fogem
das atividades não sofrem e nem travam
qualquer batalha. O fato de estarem
sofrendo e lutando contra essa questão é
prova de que estão direcionando sua
mente à fé. Sofrer e lutar contra problemas
os tornam mais fortes. Não há necessidade
de se preocuparem.
A chave é dar um passo ou mesmo meio
passo para a frente — continuar o desafio
com determinação resoluta e manter essa
intenção viva. Para nós, esse é o
significado de “manter as palavras
‘determinação séria’ no coração” (cf. CEND,
Terceira Civilização - Edição 590 - 14/10/2017 - pág. 46 - Estudo
v. II, p. 393).
O verdadeiro caminho encontra-se nos
assuntos deste mundo. O Sutra da Luz
Dourada afirma: “Possuir o profundo
conhecimento do mundo é, em si, o
budismo”. O Sutra do Nirvana diz: “Todas as
escrituras não budistas da sociedade
constituem, em si mesmas, ensinamentos
budistas; não são doutrinas não budistas”.
Quando o grande mestre Miaole8
comparou essas passagens com a do
sexto volume do Sutra do Lótus, que
afirma: “Nenhum assunto secular, da vida
ou do trabalho, difere de forma alguma da
realidade fundamental”,9 ele revelou seu
significado e observou que, embora os
dois primeiros sutras sejam profundos, seu
sentido ainda é superficial e não se
aproxima do significado do Sutra do Lótus,
pois relacionam assuntos seculares em
função do budismo, ao passo que o Sutra
do Lótus explica que, no final, as questões
seculares são, em si, o budismo em sua
totalidade. (CEND, v. II, p. 394)
Praticar o caminho para atingir o
estado de buda no mundo real
O “verdadeiro caminho” mencionado por
Daishonin nessa passagem se refere ao
verdadeiro caminho para as pessoas
comuns alcançarem o estado de buda.
Onde esse caminho é encontrado?
Nichiren Daishonin afirma que o verdadeiro
caminho “encontra-se nos assuntos deste
mundo” (CEND, v. II, p. 394). Para nós,
pessoas comuns dos Últimos Dias da Lei, o
caminho para atingir o estado de buda
reside na luta com determinação sincera e
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 6.

resoluta em nossa prática budista em meio
à sociedade, no mundo real.
Nesse trecho, citando passagens do sutra
e um comentário do grande mestre Miaole,
Daishonin discute as diferentes visões do
Sutra do Lótus e outros sutras sobre a
relação entre o budismo e os assuntos
deste mundo. Sua conclusão é que,
enquanto os sutras além do Sutra do Lótus
só reconhecem que os assuntos seculares
concordam com os princípios budistas, o
Sutra do Lótus considera que as questões
da vida e da sociedade são em si a
totalidade do budismo (cf. CEND, v. II, p.
394).
Nos sutras, exceto o Sutra do Lótus, os
assuntos deste mundo são vistos como
obstruções à prática para alcançar o
estado de buda. Na melhor das hipóteses,
as questões mundanas são vistas como
relacionadas à prática do budismo, na
medida em que os ensinamentos mais
avançados do mundo secular estão de
acordo com o budismo. Isso representa
uma maneira de pensar em que os
assuntos deste mundo são analisados e
interpretados da ótica do budismo.
Em contraste, o Sutra do Lótus ensina que
os assuntos mundanos não são algo que
concordam ou se opõem à verdade do
budismo; eles são o próprio budismo, tal
como são.
Na realidade, a luta de Nichiren Daishonin
em conjunto com seus discípulos em meio
aos “assuntos deste mundo” para propagar
o budismo e levar as pessoas comuns à
felicidade foi seu ponto fundamental
durante toda a sua vida.
Terceira Civilização - Edição 590 - 14/10/2017 - pág. 46 - Estudo
Por exemplo, até mesmo o corajoso Shijo
Kingo já se encontrava tão perturbado
pelos atritos em sua vida no mundo
secular que passou a considerar entrar
para o sacerdócio budista. Mas, naquele
momento, Daishonin o encorajou: “Viva de
maneira que todas as pessoas de
Kamakura o elogiem pela diligência com
que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo
serve ao seu senhor feudal, ao budismo e
às demais pes­soas” (CEND, v. II, p. 112).
O budismo não existe separado de nossa
vida e circunstâncias reais. A SGI cresceu à
medida que veio demonstrando a vitória
do budismo na vida cotidiana, assim como
Daishonin ensinou.
Um ensinamento para a felicidade
das pessoas
O Budismo Nichiren é um ensinamento
para a felicidade das pessoas. Ele permite
que qualquer pessoa que esteja lutando
em meio à dura realidade da vida alcance
um estado de inabalável felicidade.
Isso contrasta radicalmente com os
ensinamentos anteriores ao Sutra do Lótus,
que sustentavam que eram necessários
inúmeros kalpa de prática para alcançar a
iluminação. Eles sustentavam que somente
depois de se tornar um venerável ou um
reverenciável por meio do treinamento do
corpo e da mente por um período
incalculavelmente longo de muitas
existências, por meio de práticas
empreendidas separadamente da
realidade do cotidiano, poderia alcançar
um estado de felicidade inabalável. Esses
ensinamentos tornam nossa atual
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 7.

existência no mundo real nada mais que
um meio para um fim religioso e, no final,
faz com que o “ser humano exista em prol
da religião”.
A prática do Sutra do Lótus [Budismo
Nichiren], no entanto, envolve batalhar em
meio à realidade da vida diária. É uma
prática budista para expandir o estado de
buda dentro de nós — ou seja, abrir e
revelar um estado de inabalável felicidade.
É uma religião em prol do ser humano, isto
é, uma religião da revolução humana.
É a verdadeira prática de acordo com o
ensinamento de Nichiren Daishonin de que
“o verdadeiro caminho encontra-se nos
assuntos deste mundo” (CEND, v. II, p. 394).
Toda sensei disse com rigorosidade:
“Afirmo que uma pessoa que não se
dedica de todo o coração ao seu trabalho
está caluniando a Lei. Não experimentar
alegria no trabalho é o mesmo que não
experimentar alegria na fé. Não importa
quanto daimoku recite, não terá sucesso
na sociedade”.
Desde a época de Makiguchi sensei, a Soka
Gakkai avançou, sem desvios, pelo
“verdadeiro caminho” de aplicar o budismo
como um ensinamento para a vida diária e
se esforçou para realizar as ações do
grande bem com base na Lei Mística,
criando o valor que beneficia a nós
mesmos e à sociedade.
Em seu poema trágico Fausto, Johann
Wolfgang von Goethe (1749–1832)
escreveu:
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Esta é a máxima sabedoria que podemos
alcançar:
somente merece a liberdade e a existência
quem as conquista todos os dias de
novo.10
O “verdadeiro caminho” engloba nos­sos
sinceros esforços para contribuir para
nossa comunidade, nossos diálogos
destinados para concretizar o ideal de
Daishonin de “estabelecer o ensinamento
correto para a pacificação da terra” e
nossas atividades em prol da paz mundial.
Nós da SGI nos esforçamos para revelar
nosso estado de buda inato e ajudar os
outros a fazer o mesmo. Nosso movimento
constitui o “verdadeiro caminho” de
beneficiar tanto a si mesmo quanto aos
outros.
Em essência, os sutras pregados antes do
Sutra do Lótus ensinam que todos os
fenômenos se originam da mente. Para
exemplificar, dizem que a mente é como a
grande terra, enquanto os fenômenos são
como as plantas e árvores. Mas o Sutra do
Lótus não expõe o mesmo: afirma que a
mente é, em si, a grande terra, e a grande
terra, as plantas e árvores. Os sutras
anteriores [ao Sutra do Lótus] explicam
que a clareza da mente é como a Lua e a
pureza da mente é como a flor. Já o Sutra
do Lótus diz algo diferente: que ambas, a
Lua e a flor, são em si mesmas a mente.
Com base nisso, deve compreen­der que
o arroz polido não é arroz, mas a vida em
si. (CEND, v. II, p. 394)
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 8.

Quando nossa mente muda, nosso
mundo se transforma
Como podemos enxergar os diversos e
variados fenômenos do mundo do ponto
de vista da prática e da consecução do
estado de buda exposto no Sutra do
Lótus?
Uma vez mais, Daishonin compara o Sutra
do Lótus com os sutras anteriores a ele.
Primeiro, diz ele, o ensinamento básico dos
sutras anteriores ao Sutra do Lótus é que
“todos os fenômenos se originam da
mente” (CEND, v. II, p. 394). Ou seja, todos
os fenômenos que compõem nossa vida e
tudo ao nosso redor são produto da nossa
mente.
Isso é o que se entende pela expressão “o
seu carma é o seu efeito” — o que nos
acontece é resultado de nossas ações, isto
é, a pessoa colhe o que plantou.
As escrituras anteriores ao Sutra do Lótus
ensinam que para transformar os
resultados dos nossos atos, devemos
passar por longos éons, eliminando os
resultados do nosso carma negativo e
acumulando grande quantidade de carma
positivo — em outras palavras, devemos
nos engajar numa “prática de incontáveis
kalpa”.
Seria como quitar um enorme empréstimo,
por exemplo, pagando um pouco de cada
vez com fim a perder de vista, e então
também tentar poupar cuidadosamente
seu dinheiro até atingir o objetivo —
enquanto permanece ignorando o fato de
que o tempo todo você possuía um
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“conjunto de joias preciosas de
incomparável valor” (LSOC, cap. 4, p. 124)
que é o estado de buda dentro de você.
O Sutra do Lótus é diferente. Daishonin
declara: “[O Sutra do Lótus] afirma que a
mente é, em si, a grande terra, e a grande
terra, as plantas e árvores” (CEND, v. II, p.
394).
Além do mais, o Sutra do Lótus ensina que
a iluminação do estado de buda — isto é, o
mundo dos budas — é originalmente
inerente a todos os seres vivos.
Ao ter fé e praticar o Sutra do Lótus
[Nam-myoho-renge-kyo], que revela essa
verdade da vida, qualquer pessoa pode
evidenciar seu estado de buda. Todos nós
podemos nos tornar budas nesta
existência, tal como somos. A vida das
pessoas comuns pode manifestar
instantaneamente o estado de buda.
Quando nossa mente muda, nós mudamos
e também nosso mundo se transforma. O
Sutra do Lótus ensina isso como as “ações
maravilhosas da mente” (OTT, p. 30) e “essa
mente que está além da compreensão”
(WND, v. II, p. 844).
A mente de alguém, o mais profundo reino
da vida, é vasta e ilimitada; é dinâmica. O
grande mestre Tiantai em seu tratado
Grande Concentração e Discernimento,
explorando e analisando a frase “essa
mente que está além da compreen­são”,
formulou sua verdade como o princípio
dos “três mil mundos num único momento
da vida”.
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 9.

Todos os fenômenos dos três mil mundos
— isto é, todas as coisas no universo —
estão contidos num único momento da
vida, ou em nossa consciên­cia mais
profunda de seres humanos comuns. Do
mesmo modo, um único momento da vida,
ou mente, permeia os três mil mundos.
Quando a condição de nossa mente muda,
nós mudamos. Ou melhor, transformando
o íntimo de nossa mente, modificamos a
nós mesmos e ao nosso ambiente. Esse é
o budismo de “três mil mundos num único
momento da vida”.
Tudo é estabelecido pela direção em que
nossa “determinação resoluta” orienta
nossa mente. Quando focamos nossa
“determinação resoluta” em nossa prática
budista, acreditando e praticando a Lei
Mística, que permite que todas as pessoas
alcancem a iluminação, nosso estado de
buda interior se revela, per­meando nossa
vida e nosso ambiente.
“Arroz polido é a vida em si”
Explicando a essência dos ensinamentos
do Sutra do Lótus sobre a mente,
Daishonin afirma: “A Lua e a flor são em si
mesmas a mente” (CEND, v. II, p. 394). Que
forma linda de expressar essa verdade.
Daishonin viu o Buda na lua brilhando por
trás do véu de nuvens, numa flor que
suportou o frio do inverno para
desabrochar lindamente na primavera. Ele
viu o estado de buda na forma natural de
todas as coisas, tal como elas são. Sempre
que leio essa passagem, fico
profundamente impressionado com a
grande compaixão de Daishonin que
procurava abrir o caminho da felicidade
Terceira Civilização - Edição 590 - 14/10/2017 - pág. 46 - Estudo
para todas as pessoas.
Ele louvava constantemente seus
discípulos que lutavam em meio à
realidade do mundo, assegurando-lhes
que eram budas.
A “clareza da mente” e a “pureza da mente”
(Ibidem) ensinadas nos sutras anteriores ao
Sutra do Lótus podem parecer belas ideias
no início, mas não se comparam com o
conceito de vida como incorporado na
possessão mútua dos dez mundos11
[ensinado no Sutra do Lótus].
O verdadeiro estado de buda não se
conquista afastando-se deste mundo saha,
repleto de sofrimentos, nem se tornando
um ser transcendental e sobre-humano.
Como afirma Daishonin: “O Sutra do Lótus
diz algo diferente” (Ibidem). Os budas são
“pessoas”, que estão totalmente
envolvidas com as atividades do cotidiano,
que não são derrotadas pelos duros
desafios da realidade, que brilham como
os mais humanos de todos os seres
humanos.
Embora pareçam estar assoladas pelas
ondas bravias do carma ou do destino, elas
ardem com a determinação resoluta de
sua fé e continuam a se esforçar cada vez
mais. Essa é a verdadeira manifestação do
supremo e nobre estado de buda.
Em O Presente de Arroz, Nichiren Daishonin
escreve: “O arroz polido não é arroz, mas a
vida em si” (Ibidem). Ou seja, a oferenda de
arroz não era simplesmente arroz, mas a
oferenda da própria vida do discípulo.
Daishonin, nesse trecho, assegura a seu
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 10.

discípulo que, ao demonstrar uma
determinação resoluta em se esforçar ao
seu lado, ele ou ela alcançará o estado de
buda tão seguramente quanto os
veneráveis e reverenciáveis da
Antiguidade que deram a vida por causa
do budismo.
Um buquê de rosas que jamais
desaparece
Lembro-me de um episódio da vida da
ativista social americana Helen Keller
(1880–1968). Embora cega e surda, ela se
dedicou ao bem-estar dos outros, dando
esperança para toda a humanidade.
Helen Keller estimava e sempre se
recordava de uma doação feita a uma de
suas obras de caridade, enviada junto com
um buquê de rosas para ela por um
adolescente com deficiência.
Recordando-se do seu sincero gesto, ela
escreveu: “As rosas desapareceram há
muito tempo, e o jovem coração que se
inclinou naquele bom impulso deixou de
bater, mas sua adorável ação florescerá
para sempre no jardim da minha alma”.12
Nosso movimento é igual. Tudo começa
com a ação de valorizar a intenção sincera,
a determinação resoluta, da pessoa que
está bem diante de nós.
A determinação resoluta de indivíduos
comuns é sempre a força motriz da
história.
Determinação resoluta é sinônimo
de juramento
Todo o esforço, a dedicação e o trabalho
duro dos nossos membros em prol do
Terceira Civilização - Edição 590 - 14/10/2017 - pág. 46 - Estudo
kosen-rufu não são apenas atividades. São
a vida em si.
Os budas das dez direções e das três
existências certamente nos louvarão. As
divindades celestiais e as divindades
benevolentes não podem deixar de nos
proteger.
Na cerimônia do segundo ano do
falecimento de Makiguchi sensei (em
novembro de 1946), Toda sensei fez a
seguinte declaração como verdadeiro
discípulo do seu mestre: “Estou decidido a
levar adiante sua determinação resoluta e
cumprir a missão da Gakkai para que eu
possa merecer seu aplauso quando lhe
encontrar no Pico da Águia”.
A determinação resoluta compartilhada
por mestres e discípulos Soka é sinônimo
de juramento pelo kosen-rufu.
Os ideogramas em japonês que designam
a palavra “companheiro” (doshi) possuem o
significado de “encontro de pessoas com a
mesma determinação resoluta”, ou seja,
aqueles que compartilham a mesma
determinação ou juramento. A SGI é uma
reunião de companheiros que
compartilham o mesmo propósito e
determinação.
Não há ninguém que possua determinação
resoluta mais poderosa que a nossa, os
membros da SGI, que se esforçam
arduamente em prol do kosen-rufu, unidos
com o espírito de “diferentes em corpo,
unos em mente”, se solidarizam uns com
os outros e se encorajam mutuamente. É
por essa razão que conseguimos propagar
o Budismo Nichiren para o mundo.
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 11.

Os associados da SGI, dedicados à
determinação sincera e resoluta de se
empenhar pela felicidade de todas as
pessoas, são os tesouros do mundo. Os
membros da SGI com a determinação
resoluta de concretizar a paz são os
tesouros da humanidade. A expansão da
nossa rede de resolução compartilhada
transformará nosso planeta num belo reino
de tesouros.
A grande marcha entusiasmada
rumo à realização do kosen-rufu
Toda sensei declarou: “Devemos
concentrar nossos esforços à criação de
um novo autêntico companheiro e depois
cultivar outro, e outro. É isso que cria a
época”.
Precisamos criar o tempo para um
estrondoso dinâmico desenvolvimento,
sinceramente cultivando e encorajando,
um após outro, os amigos que
compartilham nossa determinação
resoluta. Toda sensei afirmou: “Se você se
levantar com a mesma determinação
resoluta pela grande marcha do
kosen-rufu, a conquista da felicidade
verdadeira e duradoura será tão clara
quanto à luz do dia”.13
Vamos, com coragem e vivacidade,
assinalar com nossos companheiros, com
quem compartilhamos uma determinação
nobre e resoluta, um dinâmico e vitorioso
desenvolvimento para nós próprios, nossa
família, nosso trabalho e nossa
comunidade.
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— Com sincera gratidão pelos esforços e
atividades de todos na conclusão dos
retoques finais neste ano [2014].
Notas
1. Um trecho semelhante é citado em Comentário sobre o Sutra da Rede de Brahma
como citação do Tratado sobre Grande Perfeição da Sabedoria.
2. Menino Montanhas de Neve: Nome do buda Shakyamuni em uma existência passada
quando ele praticava austeridades nas Montanhas de Neve. A história do menino consta
do Sutra do Nirvana. Segundo esse sutra, a divindade Shakra decide testar a
determinação do menino e para isso se disfarça de demônio e recita a metade de um
verso budista. Ao ouvir o ensinamento, o menino implora ao demônio que lhe ensine a
segunda metade. Porém, este lhe exige em troca a carne e o sangue. O jovem aceita a
proposta e, ao ouvir a outra metade do verso, sobe numa árvore e se atira em direção à
boca do demônio. Nesse momento, o demônio retoma a forma original de Shakra e
acolhe o garoto nos braços. Ele elogiou o menino Montanhas de Neve por sua disposição
em oferecer a vida pela Lei.
3. Bodisatva Rei dos Remédios: Bodisatva que, segundo os sutras, possuía o poder de
curar doenças físicas e mentais. O capítulo “Rei dos Remédios” (23º) do Sutra do Lótus
descreve a prática de austeridades realizada por ele em uma existência passada
quando era um bodisatva chamado Visto com Alegria por Todos os Seres Vivos,
incluindo queimar os braços para iluminar o Buda.
4. Príncipe Shotoku (574–622): Segundo filho do 31º imperador do Japão, Yomei; foi
regente durante o reinado da imperatriz Suiko. Ele manteve devota fé no budismo e
contribuiu para sua propagação no Japão. De acordo com a lenda, ele arrancou a pele
da mão e copiou um trecho do Sutra do Lótus nela (cf. CEND, v. II, p. 393).
5. De acordo com a obra Breve História do Japão, o imperador Tenji (626–671), 38º
imperador, cortou um dedo da mão esquerda como oferenda ao budismo.
6. Tiantai (538–597): Também conhecido como o grande mestre Tiantai ou Zhiyi.
Fundador da escola Tiantai na China. Suas explanações foram compiladas em trabalhos
como Profundo Significado do Sutra do Lótus, Palavras e Frases do Sutra do Lótus e
Grande Concentração e Discernimento. Ele propagou o Sutra do Lótus na China, e
estabeleceu o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”.
7. Numa passagem posterior desta carta, Daishonin escreve: “Este é o ensinamento
chamado ‘paramita da doação’ para observar a mente exposto no sétimo volume de
Grande Concentração e Discernimento (CEND, v. II, p. 394). Em Grande Concentração e
Discernimento, Tiantai ensina que, ao praticar a “observação da mente” com base na
doutrina dos “três mil mundos num único momento da vida” para superar todos os
obstáculos e abrir o portal para alcançar o estado de buda, se deve cumprir os seis
paramita (seis práticas para os bodisatvas do Mahayana para alcançar o estado de
buda). O primeiro paramita é o da doação, e aperfeiçoando essa prática se liberta da
ganância e da avareza. Dois aspectos da prática do paramita da doação são
identificados: o real e o teórico. A prática real do paramita da doação é oferecer o maior
tesouro, a própria vida, e a prática teó­rica consiste em erradicar o apego às coisas
materiais.
8. Miaole (711–782): Foi o sexto patriarca da escola Tiantai na China, contando a partir do
próprio Tiantai. É reverenciado como o restaurador da escola. Também escreveu
comentários sobre as principais obras de Tiantai, facilitando a compreensão dos
ensinamentos da escola. As obras principais de Miaole são: Anotações sobre “Profundo
Significado do Sutra do Lótus”, Anotações sobre “Palavras e Frases do Sutra do Lótus” e
Anotações sobre “Grande Concentração e Discernimento”.
Joelma de Lima Enéas (706681-3) / pág. 12.
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9. Essa passagem aparece de fato na obra de Tiantai intitulada Profundo Significado do

Sutra do Lótus como uma anotação para a seguinte passagem do 19º capítulo “Os

Benefícios do Mestre da Lei” do Sutra do Lótus: “As doutrinas que eles pregam durante

esse tempo estão de acordo com a essência dos princípios e nunca serão contrárias ao

verdadeiro aspecto. Se eles expõem algum texto sobre o mundo secular ou falam sobre

questões de governo ou do trabalho que sustentam a vida, em todos os casos estão em

conformidade com a Lei correta”.

10. GOETHE, Johann Wolfgang von. Faust I II [Fausto I e II]. Tradução de Stuart Atkins.

(Ed.). Princeton, New Jersey: Princeton University Press, v. 2, p. 292, 1984. (Goethe’s

Collected Works)

11. “Possessão mútua dos dez mundos”: Princípio formulado por Tiantai com base no

Sutra do Lótus. Segundo esse princípio, cada um dos “dez mundos” possui o potencial

inerente para todos os dez. É um dos componentes principais da doutrina dos “três mil

mundos num único momento da vida” também formulado por Tiantai. Da ótica dos

estados de vida potenciais, “possessão mútua” significa que a vida não se fixa a um ou a

outro dos dez mundos, mas pode manifestar qualquer um dos dez — do estado de

inferno ao estado de buda — a qualquer momento. Quando um dos dez mundos se

manifesta, os demais nove permanecem latentes, em estado de não substancialidade. O

ponto fundamental desse princípio é que todos os seres, em quaisquer dos nove mundos,

possuem a natureza de buda. Assim, cada pessoa tem o potencial para manifestar o

estado de buda, da mesma forma que um buda também possui os nove mundos, não

sendo, portanto, separado ou diferente das pessoas comuns.

12. KELLER, Helen. Midstream: My Later Life [Encruzilhada: Minha Vida Futura]. Londres:

Hodder e Stoughton, Ltda., 1929. p. 242.

13. Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Coletânea de Obras de Josei

Toda]. Tóquio: Seikyo Shimbunsha, v. 4, p. 281, 1984.

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