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Título do original:
v
Srí Caitanya-caritãmrta, Antya-lilã, Volumes O n e , T w o and Three. Prefácio "
xi
"The Lord's Pastimes with Sríla Rüpa Gosvãmi, Introdução
Júnior Haridãsa a n d Sríla Haridãsa T h ã k u r a "
"The Glories of the Associates of the L o r d "
" T h e Ecstasy of the Lord and His Devotees" CAPÍTULO UM
Sríla R ü p a G o s v a m i e n c o n t r a - s e
mais uma vez c o m o Senhor 1
Este livro íoi traduzido para o português do original em inglês por:
CAPÍTULO DOIS
O castigo de Haridãsa J ú n i o r 103
P a r a v y o m a dãsa (Pedro Paulo G o m e s Marin)
Mahãkãla dãsa (Mareio L i m a Pereira P o m b o ) CAPITULO TRÊS,
CAPÍTULO OUATRO
S a n a t a n a G o s v ã m i visita o S e n h o r e m J a g a n n a t h a P u r i 285
® 1987 T H E B H A K T I V E D A N T A B O O K T R U S T .
CAPÍTULO CINCO
Divisão Editorial da C o m o Pradyumna Misra recebeu instruções de
FUNDAÇÃO BHAKTIVEDANTA. Rãmãnanda Rãya 379
C . G . C . - 54.366.034/0001-23 CAPÍTULO SEIS
Obra completa LSBN 85-70!5-030-X O encontro de Sn Caitanya Mahaprabhu com
Este volume LSBN 85-7015-058-X Raghunãtha dãsa G o s v ã m i 449
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total deste livro.
CAPÍTULO SETE
Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional
(Câmara Brasileira do Livro. S P . Brasil) O encontro de Srí Caitanya M a h a p r a b h u
com Vallabha Bhatta 571
vii
vüi Srí Caitanya-carítâmrta Prefácio
Essas donzelas (gopis, Ou vaqueirinhas) simplesmente amavam Krsna, sem moti- folhas de tulasl oferecidas a Ele, ocupando-se em atividades de Seu interesse, etc.
vações de ganho material ou espiritual. Caitanya também recomendou o Srimad- Não é possível parar com as atividades da mente e dos sentidos, mas pode-se
Bhãgavatam como a narração imaculada de conhecimento transcendental, e também purificá-las através de uma mudança de consciência. Esta mudança está indicada
ressaltou que o objetivo supremo da vida humana é desenvolver amor puro por no Bhagavad-gitã quando Krsna fala a Arjuna sobre o conhecimento da yoga me-
Krsna, a Suprema Personalidade de Deus. diante o qual pode-se trabalhar sem resultados fruitivos. "0 filho de Prthã, quando
Os ensinamentos do Senhor Caitanya e os dados pelo Senhor Kapila, o exposi- agires com tal inteligência, poderás livrar-te do cativeiro dos trabalhos." (Bg. 2.39)
tor original da sãhkhya-yoga, o sistema sãnkhya de filosofia, são idênticos. Este sis- Às vezes, o ser humano abstém-se do gozo dos sentidos devido a determinadas
tema de yoga autorizado recomenda a meditação na forma transcendental do circunstâncias tais como doenças, e t c , mas esta não é a prescrição. Sem conhecer
Senhor. Meditar em algo vazio ou impessoal está fora de cogitação. Podemos me- o verdadeiro processo pelo qual pode-se controlar a mente e os sentidos, homens
ditar na forma transcendental do Senhor Visnu, mesmo sem praticar complicadas menos inteligentes, ou tentam conter a mente e os sentidos à força, ou cedem
posturas sentadas. Tal meditação chama-se samâdhi perfeito. Este samãdhi perfeito a eles e são arrastados pelas ondas do gozo dos sentidos.
é comprovado no final do Sexto Capítulo do Bhagavad-gitã, onde o Senhor Krsna Os princípios regulativos e as regras de yoga, as diversas posturas sentadas e
diz: "E de todos os yogis, aquele que sempre se absorve em Mim com grande exercícios respiratórios executados numa tentativa de afastar os sentidos de seus
fé, adorando-Me com transcendental serviço amoroso, está mui intimamente li- objetos são métodos destinados àqueles que estão demasiadamente absortos no
gado a Mim em yoga e é o mais elevado de todos." (Bg. 6.47) conceito corpóreo de vida. O homem inteligente, situado em consciência de Krsna,
O Senhor Caitanya deu instruções à massa popular sobre a filosofia sãnkhya não procura, à força, impedir seus sentidos de agir. Em vez disso, ele ocupa seus
de acintya-bhedãbheda-tattva, a qual defende que o Senhor Supremo é simultanea- sentidos a serviço de Krsna. Ninguém pode impedir que uma criança brinque,
mente igual à Sua criação e diferente dela. O Senhor Caitanya ensinou esta filo- deixando-a inativa. Pode-se impedir uma criança de cometer tolices ocupando-a
sofia através do cantar do santo nome do Senhor. Ele ensinou que o santo nome em atividades superiores. A restrição em que, através dos oito princípios da yoga
do Senhor é Sua encarnação sonora e que, como o Senhor é o todo absoluto, se contém forçosamente as atividades sensoriais, é recomendada para homens
não há diferença entre Seu santo nome e Sua forma transcendental. Assim, can- inferiores. Homens superiores, ocupando-se nas atividades superiores da cons-
tando o santo nome do Senhor, podemos associar-nos diretamente com o Senhor ciência de Krsna, afastam-se naturalmente das atividades inferiores relacionadas
Supremo através da vibração sonora. Ao praticarmos essa vibração sonora, pas- com a existência material.
samos por três fases de desenvolvimento: a fase ofensiva, a fase purificatória e O Senhor Caitanya ensina a ciência da consciência de Krsna dessa maneira.
a fase transcendental. Na fase ofensiva, podemos desejar toda espécie de felici- Esta ciência é absoluta. Especuladores mentais secos tentam abster-se do apego
dade material, mas, na segunda fase, purificamo-nos de toda a contaminação ma- material, mas, de um modo geral, verificamos que a mente é forte demais para
terial. Quando nos situamos na fase transcendental, alcançamos a posição mais ser controlada e os arrasta de volta para atividades sensuais. A pessoa em consciên-
cobiçada — a fase em que amamos a Deus. O Senhor Caitanya ensinou que esta cia de Krsna não corre esse risco. É preciso ocupar mente e sentidos em atividades
é a mais elevada fase de perfeição para os seres humanos. conscientes de Krsna, e o Senhor Caitanya ensina como fazer isso na prática. Antes
A prática de yoga destina-se essencialmente ao controle dos sentidos. A mente de aceitar sannyãsa (a ordem renunciada), o Senhor Caitanya era conhecido como
é o fator central de controle de todos os sentidos; portanto, antes de mais nada, Viávambhara. A palavra visvambhara refere-se àquele que mantém todo o universo
é preciso praticar o controle da mente, ocupando-a em consciência de Krsna. As e que lidera todas as entidades vivas. Este mantenedor e líder apareceu como
atividades grosseiras da mente expressam-se através dos sentidos externos, quer o Senhor Srí Krsna Caitanya para transmitir esses ensinamentos sublimes à huma-
para a aquisição de conhecimento, quer para o funcionamento dos sentidos de nidade. O Senhor Caitanya é o preceptor ideal das necessidades fundamentais
acordo com a vontade. As atividades sutis da mente são pensar, sentir e querer. da vida. Ele é o mais magnânimo outorgador do amor a Krsna. Ele é o reservatório
Segundo seu estado de consciência, o indivíduo é poluído ou puro. Se nossa mente completo de todas as misericórdias e boa fortuna. Como se confirma no Sritnad-
está fixa em Krsna (Seu nome, qualidade, forma, passatempos, séquito e para- Bhãgavatam, no Bhagavad-gitã no Mahâbhãrata e nos Upanisads, Ele é a Suprema
fernália), todas as nossas atividades — tanto sutis quanto grosseiras — tornam-se Personalidade de Deus, o próprio Krsna, sendo digno de adoração de todos nesta
favoráveis. No Bhagavad-gitã, o processo de purificar a consciência consiste em era de desavenças. Todos podem juntar-se a Seu movimento de sankirtana. Não
fixar a mente em Krsna, falando de Suas atividades transcendentais, limpando- se exige nenhuma qualificação prévia. Pelo simples fato de seguir Seus ensinamen-
Lhe o templo, indo a Seu templo, vendo a bela forma transcendental do Senhor tos, qualquer pessoa pode tornar-se um ser humano perfeito. Quem tiver a boa
magnificamente decorada, ouvindo Suas glórias transcendentais, saboreando a fortuna de ser atraído por Suas características, decerto que terá êxito na missão
comida oferecida a Ele, associando-se com Seus devotos, cheirando as flores e de sua vida. Em outras palavras, aqueles que estiverem interessados em alcançar
X Srí Caitanya-carítâmrta
Introdução
a existência espiritual poderão ser facilmente liberados das garras de mãyã pela
graça do Senhor Caitanya. Os ensinamentos apresentados neste livro não são
diferentes do Senhor.
Absorvendo-se no corpo material, a alma espiritual aumenta as páginas da his- O Srí Caitanya-caritãmrta é a principal obra sobre a vida e os ensinamentos de
tória mediante toda espécie de atividades materiais. Os ensinamentos do Senhor Sri Krsna Caitanya. Sri Caitanya é o pioneiro de um grande movimento religioso
Caitanya podem ajudar a sociedade humana a parar com tais atividades desne- e social que começou na índia há pouco menos de quinhentos anos e que, direta
cessárias e temporárias. Através desses ensinamentos, a sociedade humana poderá e indiretamente, influenciou o curso subseqüente do pensamento religioso e filo-
elevar-se à plataforma mais elevada de atividade espiritual. Essas atividades sófico, não somente na índia, mas também no Ocidente de hoje em dia.
espirituais começam realmente após libertarmo-nos do cativeiro material. Tais ativi- Considera-se Caitanya Mahaprabhu como uma figura de grande importância
dades liberadas em consciência de Krsna constituem a meta da perfeição humana. histórica. No entanto, nosso método convencional de análise histórica — o de
O falso prestígio que adquirimos tentando dominar a natureza material é ilusório. encarar o homem como um produto de sua época — não se aplica aqui. Sri Caitanya
Os ensinamentos do Senhor Caitanya podem conferir-nos conhecimento ilumi- é uma personalidade que transcende o alcance limitado dos contextos históricos.
nante, e, mediante tal conhecimento, podemos avançar na existência espiritual. Numa época em que, no Ocidente, o homem voltava seu espírito explorador
Todos são obrigados a sofrer ou gozar os frutos de suas atividades: ninguém para o estudo da estrutura do universo físico e para a circunavegação do mundo
pode conter as leis da natureza material que governam tais coisas. Enquanto esti- em busca de novos oceanos e continentes, Srí Krsna Caitanya, no Oriente, inau-
vermos ocupados em atividades fruitivas, decerto que seremos frustrados em gurava e liderava uma revolução voltada para o mundo interior, para uma com-
qualquer tentativa de alcançar a meta última da vida. Minha esperança sincera preensão científica do conhecimento mais elevado da natureza espiritual do
é que, entendendo os ensinamentos do Senhor Caitanya, a sociedade humana homem.
sinta uma nova luz de vida espiritual que abrirá o campo de atividade para a alma As principais fontes históricas da vida de Sri Caitanya são os kadacãs (diários)
pura. mantidos por Murâri Gupta e Svarüpa Dãmodara Gosvãmi. Murãri Gupta, um
médico e associado íntimo de Sri Caitanya, registrou extensas anotações sobre
om tat sat os primeiros vinte e quatro anos da vida de Sri Caitanya, culminando em Sua
iniciação na ordem renunciada, sannyãsa. Os eventos da outra metade dos qua-
renta e oito anos dos passatempos de Caitanya Mahaprabhu foram registrados
no diário de Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, outro dos associados íntimos de
Caitanya Mahaprabhu.
A. C. Bhaktivedanta Swami
O Sri Caitanya-caritãmrta divide-se em três partes, chamadas lilás, que literal-
14 de março de 1968 mente significa "passatempos" — Ãdi-lilã (o período inicial), Madhya-ltiã (o perío-
Aniversário do Senhor Caitanya do intermediário) e Antya-lilã (o período final). As anotações de Murãri Gupta
Templo Sri-Sri-Rãdhã-Krsna formam a base do Adi-lilã, e o diário de Svarüpa Dãmodara fornece os pormeno-
Nova Iorque — E . U . A . res para o Madhya-lilã e para o Antya-lilã.
Os primeiros doze dos dezessete capítulos do Ãdi-lilã constituem o prefácio para
toda a obra. Recorrendo a evidências de escrituras védicas, este prefácio estabe-
lece Sri Caitanya como o avatãra (encarnação) de Krçna (Deus) para a era de Kali
— a época atual, que começou há cinco mil anos e que se caracteriza pelo materia-
lismo, pela hipocrisia e pela desavença. Nestas descrições, Caitanya Mahaprabhu,
que é idêntico ao Senhor Krsna, aparece para conceder liberalmente amor puro
a Deus às almas caídas desta era degradada, propagando o sartkirtana — literalmen-
te, "glorificação congregacional a Deus" — especialmente organizando o cantar
público do mahã-mantra (Grande Canto para a Liberação). Revela-se o propósito
esotérico do aparecimento do Senhor Caitanya no mundo, descrevem-se Seus
co-avatãras e devotos principais e resumem-se Seus ensinamentos. A porção res-
xii Srí Caitanya-caritãmrta Introdução xiii
tante do Ãdi-lilã, dos Capítulos Treze a Dezessete, recapitula sucintamente Seu Vrndãvana dãsa Thãkura, que então era considerada a principal autoridade sobre
nascimento divino e Sua vida até Ele aceitar a ordem renunciada. Isto inclui Seus a vida de Sri Caitanya, foi altamente venerado. Enquanto compunha seu impor-
milagres quando criança, Seu tempo de escola, Seu casamento e Seus primeiros tante trabalho, Vrndãvana dãsa, temendo que este se tornasse volumoso demais,
confrontos filosóficos, bem como Sua organização de um amplo movimento de evitou descrever elaboradamente muitos dos eventos da vida de Sri Caitanya,
sankirtana e Sua desobediência civil contra a repressão do governo muçulmano. em particular os últimos. Ansiosos por ouvir esses últimos passatempos, os de-
O Madhya-lílã, a mais extensa das três divisões, fornece uma narração minuciosa votos de Vrndãvana solicitaram que Krsnadãsa Kavirãja Gosvãmi, a quem respei-
das memoráveis e longas viagens do Senhor Caitanya pela índia como um mendi- tavam como um grande santo, compusesse um livro narrando esses episódios
cante renunciado, mestre, filósofo, preceptor espiritual e místico. Durante este pormenorizadamente. Após este pedido, e com a permissão e as bênçãos da Dei-
período de seis anos, Sri Caitanya transmite Seus ensinamentos a Seus discípu- dade de Madana-mohana, de Vrndãvana, ele começou a compilar o $ri Caitanya-
los principais. Ele empreende debates e converte muitos dos mais famosos filó- caritãmrta, o qual devido a seu primor biográfico e completa exposição da profunda
sofos e teólogos de Sua época, incluindo sahkaristas, budistas e muçulmanos, filosofia e dos ensinamentos do Senhor Caitanya, é considerado como a mais im-
acompanhados de seus muitos milhares de seguidores e discípulos. Inclui-se portante obra biográfica sobre Sri Caitanya.
também nesta seção uma dramática narrativa das atividades miraculosas de
Ele começou a trabalhar no texto quando já tinha mais de noventa anos e esta-
Caitanya Mahaprabhu no grande festival do Ratha de Jagannãtha em Orissa.
va com a saúde vacilante, como vividamente descreve no próprio texto: "Agora
O Antya-lilã relaciona-se com os últimos dezoito anos da presença manifesta estou velho demais e perturbado pela invalidez. Enquanto escrevo, minhas mãos
de Sri Caitanya, passados em semi-reclusão perto do famoso templo de Jagannãtha tremem. Não posso lembrar-me de nada, nem posso ver ou ouvir bem. Mesmo
em Jagannãtha Puri, Orissa. Durante estes derradeiros anos, Sri Caitanya mer- assim, escrevo, e isso é maravilhoso." Decerto é uma das maravilhas da história
gulhou cada vez mais profundamente em transes de êxtase espiritual inigualá- literária que, não obstante suas condições tão debilitadas, ele completasse a maior
veis em toda a história religiosa e literária, tanto do Oriente quanto do Ocidente. jóia literária da índia medieval.
A perpétua e sempre crescente beatitude religiosa de Sri Caitanya, descrita grafi-
Esta tradução e comentário é obra de Sua Divina Graça A . C . Bhaktivedanta
camente nas narrativas baseadas no testemunho ocular de Svarüpa Dãmodara
Swami Prabhupãda, o mais distinto mestre do pensamento religioso e filosófico
Gosvãmi, Seu inseparável companheiro durante este período, claramente desa-
indiano. Seu comentário baseia-se em dois comentários bengalis: um de seu
fia as habilidades investigadoras e descritivas dos modernos psicólogos e feno-
mestre, Sríla Bhaktisiddhãnta Sarasvatí Gosvãmi — o eminente acadêmico védi-
menologistas de experiência religiosa.
co que predisse: "Tempo virá em que as pessoas do mundo estudarão bengali
O autor deste grande clássico, Krsnadãsa Kavirãja Gosvãmi, nascido no ano para ler o Srt Caitanya-caritãmrta" — e outro do pai de Sríla Bhaktisiddhãnta,
de 1507, foi discípulo de Raghunãtha dãsa Gosvãmi, um íntimo seguidor de Bhaktivinoda Thãkura.
Caitanya Mahaprabhu. Raghunãtha dãsa, um renomado santo e asceta, ouviu
Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupãda é descendente dis-
e memorizou todas as atividades de Caitanya Mahaprabhu, conforme as contou
cipular de Srí Caitanya Mahaprabhu, e é o primeiro erudito a traduzir sistemati-
Svarüpa Dãmodara. Após o desaparecimento de Sri Caitanya e de Svarüpa
camente as obras principais dos seguidores de Srí Caitanya. Sua perfeita erudição
Dãmodara, Raghunãtha dãsa, incapaz de suportar a dor da saudade destes obje-
em bengali e em sânscrito e íntima familiaridade com os preceitos de Sri Krsna
tos de sua plena devoção, viajou para Vrndãvana, tencionando cometer suicídio,
Caitanya são uma combinação adequada que eminentemente qualificam-no a apre-
pulando da Colina de Govardhana. No entanto, em Vrndãvana encontrou-se com
sentar este importante clássico ao mundo de língua ocidental. A facilidade e cla-
Rüpa Gosvãmi e Sanãtana Gosvãmi, os mais íntimos discípulos de Caitanya Maha-
reza com as quais ele expõe difíceis conceitos filosóficos produzem compreensão
prabhu. Eles convenceram-no a desistir de seu plano de suicídio e induziram-no
e apreciação genuínas desta profunda e monumental obra, mesmo num leitor
a revelar-lhes os eventos espiritualmente inspiradores da vida posterior do Senhor
totalmente alheio da tradição religiosa indiana.
Caitanya. Krsnadãsa Kavirãja Gosvãmi também residia em Vrndãvana naquela
época, e Raghunãtha dãsa Gosvãmi transmitiu-lhe plena compreensão da vida O texto completo, com comentários, apresentado pela Bhaktivedanta Book Trust
transcendental de Sri Caitanya. em sete volumes belamente ilustrados, representa uma contribuição da maior im-
portância à vida intelectual, cultural e espiritual do homem contemporâneo.
A essa altura, acadêmicos e devotos contemporâneos e quase contemporâneos
de Srí Caitanya já haviam escrito diversas obras biográficas sobre Sua vida. Dentre —Os Editores
estas, estão incluídos o Sri Caitanya-carita de Murãri Gupta; o Caitanya-mahgala,
de Locana dãsa Thãkura e o Caitanya-bhãgavata. Este último texto, uma obra de
CAPÍTULO UM
Sríla R u p a G o s v ã m i e n c o n t r a - s e
mais uma vez com o Senhor
VERSO 1
pangum—aquele que é aleijado; langhayate—induz a transpor; éailam—uma mon- srí-rüpa—chamado Sri Rüpa; sanãtana—chamado Sanãtana; bhatta-raghunãtha—
tanha; mükam—aquele que é mudo; ãvartayet—pode induzir a recitar; érutim—lite- chamado Bhatta Raghunãtha; srT-jTva—chamado Sri Jíva; gopãla-bhatta—chamado
ratura védica; yat-krpã—cuja misericórdia; iam—a Ele; aham—eu; vande—ofereço Gopãla Bhatta; dãsa-raghunãtha—chamado Dãsa Raghunãtha; ei chaya—esses seis;
reverências; krsna-caitanyam—Sri Caitanya Mahaprabhu, que é o próprio Krsna; gurura—de mestres espirituais; karon—ofereço; carana vandana—orações aos pés
Tsvaram—o Senhor. de lótus; yãhã haite—dos quais; vighna-nãéa—destruição de todos os obstáculos;
abhTsta-pürana—satisfação de desejos.
TRADUÇÃO—Ofereço minhas respeitosas reverências a Sri Krsna Caitanya Maha-
prabhu, por cuja misericórdia até um aleijado pode transpor uma montanha e TRADUÇÃO—Oro aos pés de lótus dos seis Gosvãmis — Srí Rupa, Sanãtana,
um mudo pode recitar a literatura védica. Bhatta Raghunãtha, Sri Jíva, Gopãla Bhatta e Dãsa Raghunãtha — para que sejam
aniquilados todos os obstáculos que eventualmente possam me impedir de
VERSO 2 escrever esta literatura, pois só assim o m e u verdadeiro desejo será satisfeito.
SIGNIFICADO—É certo que, todo aquele que deseja beneficiar o mundo inteiro,
há de deparar com pessoas parecidas com suínos que haverão de colocar muitos
obstáculos. É de se esperar que isto aconteça. Mas, se o devoto busca refúgio
durgame pathi me 'ndhasya aos pés de lótus dos seis Gosvãmis, é um fato que os misericordiosos Gosvãmis
skhalat-pãda-gater muhuh darão toda a proteção ao servo do Senhor. Não é de admirar que se coloquem
sva-krpã-yasti-dãnena obstáculos no caminho daqueles que estão propagando em todo o mundo o
santah santv avalambanam movimento para a consciência de Krçna. Não obstante, se nos aferrarmos aos pés
durgame—muito difícil; pathi—no caminho; me—meu; andhasya—aquele que é de lótus dos seis Gosvãmis e orarmos por sua misericórdia, todos os obstáculos
cego; skhalat—deslizando; pada—com os pés; gateh—cuja maneira de movimentar- esvair-se-ão, e o transcendental desejo devocional de servir ao Senhor Supremo
se; muhuh—vezes e mais vezes; sva-krpã— de sua própria misericórdia; yasti—a será satisfeito.
bengala; dãnena—dando; santah—aquelas pessoas santas; santu—que isso se torne; VERSO 5
avalambanam—meu apoio.
«rapift ^m?è\ «tCTTfa jpwfcwtffi i
TRADUÇÃO—Meu caminho é muito difícil. Sou um cego e meus pés escorregam s,e,*rt%1Wtrertsf. * W H W C T 1 « * ( Í 11 ír II
o tempo todo. Portanto, que os santos me ajudem, dando-me a bengala da sua
misericórdia para que eu me apoie. jayatãm suratau pangor
mama manda-mater gati
mat-sarvasva-padãmbhojau
V E R S O S 3—4 rãdhã-madana-mohanau
jayatãm—todas as glórias a; su-ratau—muito misericordiosos, ou apegados em
amor conjugai; pangoh—daquele que é inválido; mama—meu; manda-mateh—ato-
leimado; gati— refúgio; mat—meu; sarva-sva—tudo; pada-ambhojau—cups pés de
J Ü I ^ H Cífffltirel, «ftíi-srçsrM ii«ii lótus; rãdhã-madana-mohanau—Rãdhãrãnl e Madana-mohana.
&K1 fiwi, "Brüè-^r*! ii 8 ii TRADUÇÃO—Glórias aos todo-misericordiosos Râdhã e Madana-mohana! Sou in-
válido e mal-intencionado, mesmo assim, Eles me orientam, e os Seus pés de
srí-rüpa, sanãtana, bhatta-raghunãtha lótus são tudo para mim.
éri-jwa, gopãla-bhatta, dãsa-raghunãtha VERSO 6
jaya jaya éri caitanya—todas as glórias a Sri Caitanya Mahaprabhu; jaya nityã-
nanda—todas as glórias a Sri Nityãnanda Prabhu; jaya advaita-candra—todas as
glórias a Advaita Prabhu; jaya gaura-bhakta-vrnda—todas as glórias aos devotos
de Sri Caitanya Mahaprabhu.
divyad-vrndãranya-kalpa-drumãdhah-
srímad-ratnãgãra-simhãsana-sthau TRADUÇÃO—Todas as glórias ao Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu! Todas as
srimad-rãdhã-srila-govinda-devau glórias ao Senhor Nityãnanda! Todas as glórias a Advaita Ãcãrya! Todas as glórias
pres\hãlibhih sevyamãnau smarãmi aos devotos do Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu!
divyat—cintilantes; vrndã-aranya—na floresta de Vrndãvana; kalpa-druma—árvore
dos desejos; aàhah—debaixo de; srimat—belíssimo; ratna-ãgãra—num templo de VERSO 9
jóias; simha-ãsana-sthau—sentados num trono; srimat—belíssimo; rãdhã—Srimatí
Rãdhârãní; sríla-govinda-devau—e Sri Govindadevã; prestha-ãlibhih—pelos associa-
dos mais íntimos; sevyamãnau—sendo servidos; smarãmi—-lembro. ^3JSTt*rH«fíi fjpg jQPj -S^S-íM ii s> n
TRADUÇÃO—Num templo de jóias em Vrndãvana, debaixo de uma árvore dos madhya-lilã sanksepete karilun varnana
desejos, Sri Sri Rãdhã-Govinda, servidos por Seus associados mais íntimos, antya-lilã-varnana kichu suna, bhakta-gana
estão sentados em um trono resplandecente. Ofereço-Lhes minhas humildes madhya-lilã—passatempos conhecidos como Madhya-lilã; sanksepete—sucinta-
reverências. mente; karilun varnana—descrevo; antya-lilã—os passatempos finais; vantana—des-
VERSO 7 crição; kichu—algo; suna—ouvi; bhakta-gana—ó devotos.
« r c n c7Ftc*<l c f t c s n ^tert * f # a f f è 11 11
jaya jaya sri-caitanya jaya nityãnanda ãmi jarã-grasta, nikate jãniyã marana
jayãdvaita-candra jaya gaura-bhakta-vrnda antya kono kono lilã kariyãchi varnana
érí Caitanya-caritãmrta Verso 16 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 7
6 Antya-lilã, 1
V E R S O 15
V E R S O 12
^ T * c S t # t <$W ^VS *t<S "ÉÇÍfffí I
'«rtFrô P w w i w fàfsm\ i ç 3 «rrfji' IIJCII
C«fè *ttf% fofa, «W fàfêtp fàsf!:? II lí. II kulina-grãmi bhakta ãra yata khanda-vãsi
ãcãrya sivãnanda sane mililã sabe ãsi'
pürva-likhita grantha-sütra-anusãre
kulina-grãmi—residentes da aldeia conhecida como Kullna-grãma; bhakta—de-
yei nãhi likhi, tãhã likhiye vistãre
votos; ãra—e; yata—todos; khanda-vãsi— os residentes de Sri Khanda; ãcãrya—
pürva-likhita—mencionados anteriormente; grantha-sütra—os códigos da litera-
Advaita Ãcãrya; sivãnanda—Sivãnanda Sena; sane—com; mililã—encontraram-se;
tura; anusãre—de acordo com; yei—tudo o que; nãhi likhi—não mencionei; tãhã—
sabe ãsi'—todos vindo juntos.
isso; likhiye—escreverei; vistãre—elaboradamente.
V E R S O 16
V E R S O 13
f * w w ' r o í J i ^ r a itfvf isrww i
^t-ctfrffép Qibvç *tfé\ ttfcfèil II i-® II fíttil tt^IiT mSK, C«f5 «rM-"*!*! II i 4 II
vrndãvana haite prabhu nilãcale ãüã sivãnanda kare sabãra ghãti samãdhãna
svarüpa-gosãni gaude vãrtã pãthãilã sabãre pãlana kare, deya vãsã-sthãna
vrndãvana haite—de Vrndãvana; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; nilãcale ãilã— sivãnanda—chamado Sivãnanda; kare—faz; sabãra—de todos; ghãti—o acampa-
regressou a Jagannãtha Puri, NÜãcala; svarüpa-gosãni—Svarüpa Dãmodara; gaude— mento; samãdhãna—arranjos; sabãre—de todos; pãlana—manutenção; kare—realiza;
à Bengala; vãrtã pãthãilã—mandou notícia. deya—dá; vãsã-sthãna—alojamentos.
Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 21 Novo encontro de Rüpa Gosvãmi com o Senhor 9
8
TRADUÇÃO—Sivãnanda Sena organizou a viagem. Cuidou do conforto de todos SIGNIFICADO—Um pana são oitenta kadis, ou conchinhas. Antigamente, mesmo
e providenciou os alojamentos. há cinqüenta ou sessenta anos, não havia notas de dinheiro na índia. Em geral,
faziam-se moedas, não de metais não preciosos, mas sim de ouro, prata e cobre.
V E R S O 17 Em outras palavras, o instrumento de troca era realmente algo valioso. Quatro
porções de kadi totalizavam um gandã, e vinte gandãs eqüivaliam a um pana.
Também utilizava-se este kadi como um instrumento de troca; portanto, Sivãnanda
<e*n fihd 5W ^Rrai ftsn?* n » Sena pagou daéa pana, ou oitenta vezes dez porções de kadi, pela travessia do cão.
eka kukkura cale éivãnanda-sane Naqueles dias, também subdividia-se uma paisa em conchinhas, mas, no momento
bhaksya diyã lafíã cale kariyã pâlane atual, os preços das mercadorias subiram tanto que não há nada que se possa
eka—um; kukkura—cão; cale—vai; sivãnanda-sane—com Sivãnanda Sena; bhaksya— conseguir em troca de apenas uma paisa. No entanto, naqueles dias, com uma
alimento; diyã—dando; lafíã—levando; cale—vai; kariyã pãlane—mantendo o cão. paisa podiam-se adquirir legumes suficientes para suprir uma família inteira.
Mesmo há trinta anos, vez por outra os legumes eram tão baratos que com uma
TRADUÇÃO—Durante sua ida a Jagannãtha Puri, Sivãnanda Sena permitiu que paisa podia-se comprar o bastante para toda uma família consumir em um dia.
um cão o acompanhasse. Ele lhe dava alimentos e cuidava de sua subsistência.
V E R S O 18 VERSO 20
§f%3l 3 *ti G ^ C S II IV II
TRADUÇÃO—Certo dia, quando foi preciso atravessar um rio, um barqueiro de TRADUÇÃO—Certo dia, quando Sivãnanda foi detido por um guarda-barreira,
Orissa não permitiu que o cão entrasse no barco. seu servo esqueceu-se de dar arroz cozido ao cão.
V E R S O 19 V E R S O 21
TRADUÇÃO—Sivãnanda Sena, triste com o fato de que o cão teria de ficar para
trás, pagou dez panas de conchas para que o cão pudesse, juntamente com ele, TRADUÇÃO—À noite, quando regressou e tomava sua refeição, Sivãnanda Sena
atravessar o rio de barco. perguntou ao servo se o cão alimentara-se.
10 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 1 Verso 26 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor II
V E R S O 22 mente Sivãnanda Sena enquanto ele e seu grupo iam a Jagannãtha Puri, ele aceitou
seu ingresso no grupo e cuidou dele da mesma maneira que cuidava dos outros
^fs wtft t r a «t<5 ^ f a ' çrft b?9fi i devotos. Ao que parece, embora em certa ocasião não se permitisse que o cão
3f3 « « t - I W » t t ^ 9 l 1 11 II subisse num barco, Sivãnanda não deixou o cão para trás, mas pagou mais di-
nheiro só para induzir o barqueiro a deixar o cão atravessar o rio. Então, quando
kukkura nãhi pãya bhãta suni' duhkhi hailã o servo esqueceu-se de alimentar o cão e o cão desapareceu, Sivãnanda, muito
kukkura cãhite daéa-manusya pãthãilã ansioso, mandou que dez homens fossem procurá-lo. Como não o encontraram,
kukkura—o cão; nãhi—não; pãya—obteve; bhãta—arroz; suni'—ouvindo; duhkhi Sivãnanda observou jejum. Assim, parece que, de alguma forma, Sivãnanda
hailã— Sivãnanda Sena ficou muito triste; kukkura cãhite—para procurar o cão; dasa- apegara-se ao cão.
manusya—dez homens; pãthãilã—designou. Como ficará evidente nos versos seguintes, o cão obteve a misericórdia de Srí
Caitanya Mahaprabhu e logo foi promovido a Vaikuntha para tornar-se um devoto
TRADUÇÃO—Ao saber que, em sua ausência, o cão não fora alimentado, ele ficou eterno. Portanto, Srila Bhaktivinoda Thãkura canta: tumi ta' thãkura, tomara kukkura,
muito triste. Então, imediatamente designou dez homens para procurar o cão. baliyã jãnaha more (Saranãgati 19). Assim, ele se oferece para se tornar o cão de
um Vaisnava. Existem muitos outros exemplos nos quais o animal de estimação
VERSO 23 de um Vaisnava libertou-se e voltou ao lar, para Vaikunthaloka, de volta ao
Supremo. Grandemente se beneficia quem, de alguma forma, se torna favorito
çtfèsi sn «tfèer f f a , cnvç *H «rr^fl i de um Vaisnava. Sríla Bhaktivinoda Thãkura também canta: kita-janma ha-u yathã
tuyã dãsa {Saranãgati 11). Não há mal nenhum em nascer vezes após vezes. Nosso
«sfl Ç«331 f«í*rpw é^erro b w l II v© n
único desejo deve ser nascer sob os cuidados de um Vaisnava. Felizmente, tivemos
cãhiyã nã pãila kukkura, loka saba ãilã a oportunidade de nascer de um pai Vaiçnava, que cuidou muito bem de nós.
duhkhi hanã sivãnanda upavãsa kailã Ele orava a Srimatí Rãdhãrãní para que no futuro convertêssemo-nos num servo
cãhiyã—procurando; nã—não; pãila—encontraram; kukkura—o cão; loka saba ãilã— da consorte eterna de Srí Krçna. Assim, estamos agora de alguma forma ocupados
neste serviço. Podemos concluir que, mesmo como cães, devemo-nos refugiar
todos os homens regressaram; duhkhi hanã—ficando triste; sivãnanda—Sivãnanda
num Vaisnava. O benefício será igual àquele que obtém um devoto avançado que
Sena; upavãsa—jejum; kailã—observou.
está sob os cuidados de um Vaisnava.
TRADUÇÃO—Quando os homens regressaram sem nada, Sivãnanda Sena ficou
muito triste e jejuou àquela noite. V E R S O 25
VERSO 24
^ e , J ) Ç f « i ^ fsjfijcTl *\^m I I n
utkanthãya cali' sabe ãilã nilãcale
i f s , fowra STW 5s,*^t?I t ^ I II Í.8 II pürvavat mahaprabhu mililã sakale
prabhãte kukkura cãhi' kãnhã nã pãila utkanthãya—com muita ansiedade; cali'—caminhando,- sabe—todos os devotos;
sakala vaisnavera mane camatkãra haila ãilã nilãcale— vieram a Jagannãtha Puri, NHãcala; pürvavat—como de costume;
prabhãte—de manhã; kukkura—o cão; cãhi'—procurando por; kãnhã—em parte mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; mililã sakale—encontrou-Se com todos eles.
alguma; nã pãila—não encontrado; sakala vaisnavera—de todos os Vaisnavas pre-
sentes; mane—nas mentes; camatkãra haila—houve muita perplexidade. TRADUÇÃO—Assim, com muita ansiedade, todos eles caminharam rumo a Jagan-
nãtha Puri, onde Sri Caitanya Mahaprabhu, como de costume, encontrou-Se com
TRADUÇÃO—De manhã, procuraram pelo cão, mas não o encontraram em parte eles.
alguma. Todos os Vaisnavas ficaram perplexos. V E R S O 26
* R 1 fcfsrl ®tat«i « T Í W i
SIGNIFICADO—O apego de Sivãnanda Sena ao cão foi um grande benefício para
aquele animal. Parece que o cão era um vira-lata. Como pôs-se a seguir natural-
12 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 32 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 13
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu e todos eles foram ver o Senhor no TRADUÇÃO—Além disso, Srí Caitanya Mahaprabhu atirava restos de polpa de
coco verde ao cão. Sorrindo a Seu próprio modo, Ele dizia ao cão: "Canta os
templo, e, naquele dia, Ele também almoçou na companhia de todos aqueles
santos nomes Rama, Krsna e H a r i . "
devotos.
V E R S O 27
VERSO 30
TRADUÇÃO—Como anteriormente, o Senhor providenciou alojamentos para todos TRADUÇÃO—Ao ver o cão comendo a polpa de coco verde e cantando "Krsna,
eles. E, na manhã seguinte, todos os devotos foram ter com o Senhor. Krsna" vezes e mais vezes, todos os devotos ali presentes ficaram muito surpresos.
VERSO 28 V E R S O 31
ãsiyã dekhila sabe sei ta kukkure éivãnanda kukkura dekhi' dandavat kailã
prabhu-pãse vasiyãche kichu alpa-düre dainya kari' nija aparãdha ksamãilã
ãsiyã—vindo; dekhila—viram; sabe—todos; sei ta kukkure—aquele mesmíssimo cão; éivãnanda—Sivãnanda Sena; kukkura—o cão; dekhi'—vendo ali; dandavat kailã—
prabhu-pãse— perto do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; vasiyãche—sentado; kichu prestou reverências; dainya kari'—mostrando humildade; nija—pessoais; aparãdha—
alpa-düre—a pouca distância do Senhor. ofensas; ksamãilã—fosse perdoado.
TRADUÇÃO—Quando todos os devotos chegaram à residência de Srí Caitanya TRADUÇÃO—Ao ver o cão sentado dessa maneira e cantando o nome de Krsna,
Mahaprabhu, viram aquele mesmo cão sentado a pouca distância do Senhor. Sivãnanda, devido à sua humildade natural, imediatamente prestou reverências
ao cão, na tentativa de anular as ofensas que cometera contra este.
V E R S O 29
V E R S O 32
ãra dina keha tara dekhã nã pãilã ethã prabhu-ãjnãya rüpa ãilã vrndãvana
siddha-deha pãnã kukkura vaikunthete gelã krsna-lilã-nãtaka karite haila mana
ãra dina—no dia seguinte; keha—todos eles; tara—do cão; dekhã nã pãilã—não obti- ethã— por outro lado; prabhu-ãjnãya—por ordem de Srí Caitanya Mahaprabhu;
veram a visão; siddha-deha pãnã—recebendo um corpo espiritual; kukkura—o cão; rüpa—Rüpa Gosvãmi; ãilã—foi; vrndãvana—a Vrndãvana; krsna-lilã-nãtaka—um
vaikunthete gelã—foi ao reino espiritual, Vaikuntha. drama sobre os passatempos do Senhor Krsna; karite—compor; haila—era; mana—a
mente.
TRADUÇÃO—No dia seguinte, ninguém viu aquele cão, pois obtivera seu corpo
espiritual e partira para Vaikuntha, o reino espiritual. TRADUÇÃO—Neste ínterim, seguindo a ordem de Sri Caitanya Mahaprabhu, Sríla
Rüpa Gosvãmi retornou a Vrndãvana. Ele desejava escrever dramas referentes
SIGNIFICADO—Este é o resultado de sãdhu-sahga: conseqüente associação com Sri aos passatempos do Senhor Krsna.
Caitanya Mahaprabhu e promoção ao reino espiritual, de volta ao lar, de volta
ao Supremo. Pela misericórdia do Vaiçnava, mesmo um cão consegue tal resul- VERSO 35
tado. Portanto, todos que estão sob a forma de vida humana devem se sentir ani-
mados a associar-se com os devotos. Prestando um pouco de serviço, que pode
ser inclusive comer prasãda, e isto para não mencionar o canto e a dança, todos
podem promover-se a Vaikunçhaloka. Exige-se, portanto, que todos os nossos
5
* w » r t R M '*t»f.-cj>ff f' «iií faf»w II •»<? II
devotos na comunidade da ISKCON tornem-se Vaisnavas puros, de modo que, vrndãvane nãtakera ãrambha karilã
mediante sua misericórdia, todas as pessoas do mundo, mesmo sem o saberem,
mahgalãcarana 'nãndi-sloka' tathãi likhilã
sejam transferidas a Vaikunfhaloka. Todos devem ter a oportunidade de lomar
vrndãvane—em Vrndãvana; nãtakera—do drama; ãrambha—o início; karilã—es-
prasãda, e, assim, sentirem-se estimulados a cantar os santos nomes Hare Krsna
creveu; mangalãcarana—invocando boa sorte; nãndi-sloka—verso introdutório;
e também a dançar em êxtase. Mediante estes três processos, embora realizados
tathai— ali; likhilã—ele escreveu.
sem conhecimento ou educação, mesmo um animal voltou ao Supremo.
V E R S O 38
ãéir-vacana-samyuktã
stutir yasmãt prayujyate « * K W U f a s s f ç t r c t ffasrl lista i
deva-dvija-nr-pãdinãrh
tasmãn nãnditi samjnitã
«fJ3l QTVTUS <513 ^e^fls || vsb- II
V E R S O 41
sfè «pst ^f%' <âCT ^firç^Bín: n 88 II
« r c i *ctf CM*, - 4* fw^Tail 9ift i
i^ç»t »rtr*rai «tssl fwsfl ç T I ^ f V II 8> n vraja-pura-lilã ekatra kariyãchi ghatanã
dui bhãga kari' ebe karimu racanã
rafre svapne dekhe,—eka divya-rüpã nãri vraja-pura-lilã—os passatempos do Senhor Krçna em Vraja e Dvãrakã; ekatra—
sammukhe ãsiyã ãjnã dilã bahu krpã kari' numa só obra; kariyãchi—reuni; ghatanã—todos os eventos; dui bhãga kari'—divi-
rãtre—à noite; svapne dekhe—e\e sonhou; eka—uma; divya-rüpã nãri— mulher de dindo em duas partes diferentes; ebe—agora; karimu racana—escreverei.
beleza celestial; sammukhe ãsiyã—vindo perante ele; ãjnã ãilã—ordenou; bahu krpã
kari'—mostrando-lhe muita misericórdia. TRADUÇÃO—"Reuni numa só obra todos os passatempos realizados pelo Senhor
Krsna em Vrndãvana e em Dvãrakã. Agora, terei que dividi-los em dois dramas."
TRADUÇÃO—Enquanto descansava em Satyabhãmã-pura, ele sonhou que uma
mulher de beleza celestial chegara perante ele e, mui misericordiosamente, dera- V E R S O 45
lhe a seguinte ordem.
V E R S O 42
vrifif S^fàífl ç f à f f i - ^ f r P K » ! II se II
"«rtUfr qfaf ^ « J ^ TO* 3 6 * l
bhãvite bhãvite sighra ãilã nilãcale
ãsi' uttarilã haridãsa-vãsã-sthale
"ãmãra nãtaka prthak karaha racana bhãvite bhãvite—pensando o tempo todo; sighra—bem depressa; ãilã nilãcale—
ãmãra krpãte nãtaka haibe vilaksana" chegou a Nílãcala (Jagannãtha Puri); ãsi'—vindo; uttarilã—aproximou-se de; hari-
ãmãra nãtaka—meu drama; prthak karaha racana—escreve à parte; ãmãra krpãte—por dãsa-vãsã-sthale—o lugar onde residia Haridãsa Thãkura.
minha misericórdia; nãtaka—o drama; haibe—será; vilaksana—extraordinariamente
belo. TRADUÇÃO—Absorto neste pensamento, ele bem depressa chegou a Jagannãtha
Puri. Então, aproximou-se da cabana de Haridãsa Thãkura.
TRADUÇÃO—"Escreve um drama só a meu respeito", disse ela. "Por minha mise-
ricórdia, ele terá beleza extraordinária." V E R S O 46
V E R S O 43
'tjfil « i t f a C T - C T t R , « i ^ CT ^fèerf ll 8* II
jrsretíitíi wtwl—<J«rç «leis ffãafii 1 1 8 « 11 haridãsa-thãkura tãnre bahu-krpã kailã
svapna dekhi' rüpa-gosãni karilã vicãra 'tumi ãsibe,—more prabhu ye kahilã'
satya-bhãmãra ãjnã—prthak nãtaka karibãra hari-dãsa-thãkura—chamado Haridãsa Thãkura; tãnre— a ele; bahu-krpã kailã—
svapna dekhi'—após sonhar; rüpa-gosãni—Rüpa Gosvãmi; fojri/ã tBOfrg— analisou; mostrou muita afeição devido ao amor e à misericórdia; tumiãsibe—virás; more—a
satya-bhãmãra ãjnã—a ordem de Srímatí Satyabhãmã; prthak nãtaka karibãra—es- mim; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; ye—isso; kahilã—informou.
crever um drama à parte.
TRADUÇÃO—Após este sonho, Sríla Rüpa Gosvãmi analisou: "É ordem de TRADUÇÃO—Tomado de amor afetivo e misericórdia, Haridãsa Thãkura disse
Satyabhãmã que eu escreva um drama só para ela." a Sríla Rüpa Gosvãmi: " á r i Caitanya Mahaprabhu já me informara que virias
aqui."
Verso 52 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 21
20 SRÍ Caitanya-carítâmrta Antya-hla, 1
V E R S O 50
V E R S O 53 V E R S O 56
rüpe tãhãú vãsã diyã gosãni calilã 'advaita nityãnanda, tomara dui-jane
gosãnira sangi bhakta rüpere mililã prabhu kahe—rüpe krpã kara kãya-mane
rüpe—a Rüpa; tdhãh—ali; vãsã diyã—ofereceu uma residência; gosãni calilã— Sri advaita—Advaita Ãcãrya; nityãnanda—Nityãnanda Prabhu; tomara dui-jane—Vós
Caitanya Mahaprabhu retirou-Se dali; gosãnira sangi—os associados de Sri Caitanya ambos; prabhu kahe—o Senhor Caitanya Mahaprabhu diz; rüpe—a Rüpa Gosvãmi;
Mahaprabhu; bhakta—todos os devotos; rüpere mililã—receberam Rüpa Gosvãmi. krpã—misericórdia; kara—mostrai; kãya-mane—de todo o coração.
TRADUÇÃO—Após designar alojamentos para Rüpa Gosvãmi, Sri Caitanya Maha- TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu disse a Advaita Ãcãrya e a Nityãnanda
prabhu partiu. Então, todos os associados pessoais do Senhor encontraram-se Prabhu: "Deveis, de todo o coração, mostrar Vossa misericórdia a Rüpa Go-
com Srila Rüpa Gosvãmi. svãmi."
V E R S O 57
VERSO 54
cstsfl-sf ?fa $ t t r e ^$ta frscç *tf%s i
*ITC« íaaíàc^ t r c a » ^ a s r e f a n ai n
ITCT FTSRFÈSTL JRtS <S' A*íà3t II 08 II
tomã-àuhhãra krpâte inhãra ha-u taiche sakti
ora dina mahaprabhu saba bhakta lanã yãte vivarite pãrena krsna-rasa-bhakti
rüpe milãilã sabãya krpã ta' kariyã tomã-dunhãra krpãte— pela misericórdia de Vós ambos; inhãra—de Rüpa Gosvãmi;
ãra dina—no dia seguinte; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; suba—todos; ha-u—que haja; taiche—tamanho; éakti—poder; yãte— pelo qual; vivarite—de des-
bhakta lanã—levando os devotos; rüpe milãilã—apresentou Rüpa Gosvãmi; sabãya— crever; pãrena—seja capaz; krsna-rasa-bhakti—as doçuras transcendentais do serviço
a todos eles; krpã ta' kariyã—mostrando Sua misericórdia. devocional.
TRADUÇÃO—No dia seguinte, Sri Caitanya Mahaprabhu encontrou-Se mais uma TRADUÇÃO—"Que Rüpa Gosvãmi, por Vossa misericórdia, fique tão poderoso
vez com Rüpa Gosvãmi, e, c o m muita misericórdia, o Senhor apresentou-o a que seja capaz de descrever as doçuras transcendentais do serviço devocional."
todos os devotos.
V E R S O 58
V E R S O 55
c-Sufçyl,fcfwl, *r« « i ^ a w w i
iata sa*t a.1 ^f%ri ?««w i nata s & n as*t tfscsa "st*ra II ov- n
?»t1 ^f?' WJi TC? Ç?s5r| <erfÍ5W5i || 66 II gaudiyã, udiyã, yata prabhura bhakta-gana
sabãra ha-ila rüpa snehera bhãjana
sabãra carana rüpa karilã vandana gaudiyã—devotos da Bengala; udiyã—devotos pertencentes a Orissa; yata—todos;
krpã kari' rüpe sabe kailã ãlihgana prabhura bhakta-gana—devotos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; sabãra—de
sabãra—de todos os devotos; carana—aos pés de lótus; rüpa—Srila Rüpa Gosvãmi; todos eles; ha-ila—era; rüpa—Rüpa Gosvãmi; snehera bhãjana—objeto de amor e
karilã vandana—ofereceu orações; krpã kari'—mostrando muita misericórdia; rüpe— afeição.
Rüpa Gosvãmi; sabe—todos os devotos; kailã—fizeram; ãlingana—abraço.
TRADUÇÃO—Assim, Rüpa Gosvãmi tornou-se objeto de amor e afeição de todos
TRADUÇÃO—Sríla Rüpa Gosvãmi prestou suas respeitosas reverências aos pés os devotos do Senhor, incluindo os que vieram da Bengala e os que residiam
de lótus de todos os devotos, que, misericordiosamente, abraçaram-no. em Orissa.
24 Verso 64 Novo encontro de Rüpa Gosvãmi com o Senhor 25
Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1
V E R S O 62
VERSO 59
«ifofW*.«lífa' « C l ^ C S * f s W C * I
»lfaca C ? « t l t W 1 í « , tf»* sfè 3fC* II ff& II «itàc&riíl wtfa' cas*rl a « - c « t w * i > I I
bhakta-gana lanã kailã gundicã mãrjana
pratidina ãsi' rüpe karena milane
aitola ãsi' kailã vanya-bhojana
mandire ye prasãda pana, dena dui jane
pratidina—todos os dias; ãsi'—indo; rüpe—com Rüpa Gosvãmi; karena milane— bhakta-gana—todos os devotos; /ariã—levando; kailã—realizou; gundicã mãrjana—
Caitanya Mahaprabhu encontra-Se; mandire—no templo de Jagannãtha; ye— limpeza e enxaguadura do templo de Gundicã; ãitotã ãsi'—vindo ao jardim próximo
ualquer; prasãda pana—prasãda que Ele receba; dena—dá; dui jane—às duas pessoas, chamado Ãitotã; kailã—fez; vanya-bhojana—um piquenique dentro do próprio
rila Rüpa Gosvãmi e Haridãsa Thãkura. jardim.
TRADUÇÃO—Ele conversava com ambos por algum tempo, e então partia para
TRADUÇÃO—Ao ver que todos os devotos aceitavam prasãda e cantavam o santo
realizar Seus deveres vespertinos.
nome de Hari, Haridãsa Thãkura e Rüpa Gosvãmi ficaram muito satisfeitos.
V E R S O 61
V E R S O 64
TRADUÇÃO—No dia seguinte, quando Sri Caitanya Mahaprabhu foi visitar Sríla efa kahi' mahaprabhu madhyãhne calilã
Rüpa Gosvãmi, o Senhor onisciente falou o seguinte. rüpa-gosãni mane kichu vismaya ha-iiã
eta kahi'—dizendo isto; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; madhya-ahne
V E R S O 66 calilã—partiu para realizar deveres vespertinos; rüpa-gosãni— Sríla Rüpa Gosvãmi;
mane—na mente; kichu—alguma; vismaya ha-ilã—houve surpresa.
asr stfV ^ *1 *rr* aríttcs n n TRADUÇÃO—Após dizer isto, Caitanya Mahaprabhu foi realizar Seus deveres
vespertinos, deixando Srila Rüpa Gosvãmi um tanto quanto surpreso.
"krsnere bãhira nãhi kariha vraja haite
vraja chãdi' krsna kabhu nã yãna kãhãhte VERSO 69
krsnere—Krsna; bãhira—para fora; nãhi—não; kariha—tires; i>ra/a haite—de Vrndã-
vana; vraja chãdi'—deixando Vrndãvana; krsna—o Senhor Krsna; kabhu—em tempo j r f N *ff%ÇS TSTSW «rtwl FWS{ |
5
algum; nã—não; yãna—vai; kãhãhte—a lugar nenhum. •tfwüj «lí» * ?>fTO5 «fÇi-WlWl t S t U*S> II
TRADUÇÃO—"Não tentes retirar Krsna de Vrndãvana, pois Ele jamais vai a "prthak nãtaka karite satyabhãmã ãjnã dila
alguma outra p a r t e . " jãnilu, prthak nãtaka karite prabhu-ãjhã haila
prthak nãtaka—dramas diferentes; karite—para escrever; satyabhãmã—chamada
VERSO 67 Satyabhãmã; ãjnã dila—ordenou; jãnilu—agora compreendo; prthak nãtaka—dramas
diferentes; karite—escrever; prabhu-ãjnã—a ordem do Senhor; haila—houve.
f CPÍÍESI i ç ^ c s i q: citara: f?: i
ffTW fíwsíl i ^fsfoi íioçf% II ^ II TRADUÇÃO—"Satyabhãmã ordenou-me que escrevesse dois dramas diferentes",
pensou Sríla Rüpa Gosvãmi. "Agora vejo que Sri Caitanya Mahaprabhu acaba
íVrsno 'nyo yadu-sambhüto de confirmar esta o r d e m . "
yah pümah so 'sty o.tah parah
vrndãvanam parityajya V E R S O 70
sa kvacin naiva gacchati
krsnah—o Senhor Krsna; anyah—outro Senhor Vãsudeva; yadu-sambhütah—nas- %^i% srtN Tm <íiT-a açífl i
cido na dinastia Yadu; yah—o qual; pürnah—a Suprema Personalidade de Deus gl^fst asfà <sc* ^fà^fesfl n «,« II
completa, Krsna; sah—Ele; asti—é; atah—dEle (Vãsudeva); parah—diferente; vrndã-
vanam—o lugar Vrndãvana; parityajya—abandonando; sah—Ele; kvacit—jamais; na pürve dui nãtaka chila ekatra racana
eva gacchati—não vai. dui-bhãga kari ebe karimu ghatanã
28 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1
Verso 76 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 29
# 9 * i & i t ei<ç? ijtspffóí; anTm\ II « R it sãmãnya eka éloka prabhu padena kirtane
kene éloka pade—ihã keha nãhi jãne
ratha-yãtrãya jagannãtha daréana karilã
sãmãnya—em geral; eka—um; éloka—verso; prabhu—éri Caitanya Mahaprabhu;
ratha-agre prabhura nrtya-kirtana dekhila
ratha-yãtrãya—durante a cerimônia de Ratha-yãtrã; jagannãtha—o Senhor Jagan- padena—recita; kirtane—enquanto canta, kene—por que; éloka—este verso; pade—Ele
nãtha; daréana karilã—ele viu; ratha-agre—defronte do ratha, ou carro; prabhura—de recita; ihã—isto; keha nãhi jãne—ninguém sabe.
Sri Caitanya Mahaprabhu; nrtya—dança; kirtana—canto; dekhila—ele viu.
TRADUÇÃO—Em geral, ári Caitanya Mahaprabhu recitava um verso enquanto
dançava e cantava perante o ratha, porém, ninguém sabia por que Ele recitava
TRADUÇÃO—Durante a cerimônia de Ratha-yãtrã, Rüpa Gosvãmi viu o Senhor
este verso específico.
Jagannãtha. Viu, também, o Senhor Caitanya Mahaprabhu dançando e cantando
V E R S O 76
defronte do ratha.
ic? ápfl w t ctfitfcp & T C M W «rtw i
V E R S O 73 Oltfvnpet tf <d$K! liar* «ipsttfw u i * «
sabe ekã svarüpa gosãni élokera artha jãne
5
élokãnurüpa pada prabhuke karãna ãsvãdane
C f l l C S t f t s f f M t i cm? f f l w l <5«ül! I11« II
30 Sn Caitanya-carítâmrta Verso 80 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 31
Antya-lilã, 1
sabe—apenas; í t ó - u m ; svarüpa gosãni—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; slokera TRADUÇÃO—"Aquela mesma personalidade que roubou meu coração durante
artha—o significado daquele verso; jãne—conhece; sloka-anuriipa pada—outros minha juventude é outra vez meu amo. Estas são as mesmas noites enluaradas
versos que seguiam este verso específico; prabhukc—Sri Caitanya Mahaprabhu; do mês de caitra. Experimenta-se a mesma fragráncia de flores mãlatí, e as
karãna—provoca; ãsvãdane—saboreando. mesmas brisas doces sopram da floresta de kadamba. Em nossa relação íntima,
continuo sendo a mesma amante, e, mesmo assim, minha mente não se sente
TRADUÇÃO—Apenas Svarüpa Dãmodara Gosvãmi sabia qual a finalidade de o feliz aqui. Estou ansiosa de voltar àquele lugar à margem do Revã, ao pé da
Senhor ter recitado este verso. De acordo com a atitude do Senhor, Svarüpa cos- árvore Vetasi. Isto é tudo o que desejo."
tumava citar outros versos só para ajudar o Senhor a saborear as doçuras.
SIGNIFICADO—Este é o verso recitado por Sri Caitanya Mahaprabhu.
V E R S O 77
VERSO 79
a w - c i t t i t f a s <a^«í wtf«wi üMait* i
«ic«f Cgfí* If^i sffp* <.? <Çfg I 1 1 1 II
ya/i kaumãra-harah sa eva hi varas tã eva caitra-ksapãs TRADUÇÃO—"Minha querida amiga, agora, neste campo de Kuruksetra, encon-
te conmílita-mãlati-surabhayah praudhãh kadambãnilãh trei-Me com Meu antigo e querido amigo Krsna. Sou a mesma Rãdhãrãni, e agora
sã caivãsmi tathãpi tatra surata-vyãpãra-lílâ-vidhau voltamos a Nos encontrar. É muito agradável, mas, apesar disso, Eu preferiria
revã-rodhasi vetasi-taru-tale cetah samutkanthate ir para a margem do Yamunã e ficar debaixo das árvores da floresta. Desejo ouvir
yah—aquela mesma pessoa que; kaumãra-harah—o ladrão de meu coração durante a vibração de Sua doce flauta tocando a quinta nota na intimidade daquela
a juventude; sah—Ele; eva hi—com certeza; varah—amante; tãh—estas; eva—decerto; floresta de Vrndãvana."
caitra-ksapãh—noites enluaradas do mês de caitra; te—aquelas; ca—e; unmílita—
frutificadas; mãlatí—de flores mãlatí; surabhayah—íragrãncias; praudhãh—plenas; SIGNIFICADO—Este é o verso composto por Sríla Rüpa Gosvãmi. Ele faz parte de
kadamba—com a fragráncia da flor kadamba; anilãh—as brisas; sã—aquele; ca— seu livro Padyãvali (383).
também; eva—com certeza; asmi—sou; tathãpi—mesmo assim; tatra—ali; surata-
V E R S O 80
vyãpãra—em relações íntimas; /i7ã—de passatempos; vidhau—a maneira; rena—do
5
rio chamado Revã; rodhasi—na margem; vetasi— chamada Vetasí; taru-tale—ao pé 'Stsitíaí «tt? ÜifSp 5tC5ÍC« 3Tf«t9!l I
da árvore; cetah—minha mente; samutkanthate— está muito ansiosa de ir.
32 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 1
Verso 86 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 33
V E R S O 82
V E R S O 85
catas *ffç» <srçi 3c*t osmfaè TM i
c f è estas cs^sRrct ($*rii$11
^aic*ra f f t e i wtf*P tísica «SfMrl n w ii
sloka padi' prabhu sukhe premãvista hailã
sei s'Mfl lanã prabhu svarüpe dekhãilã
hena-kãle rüpa-gosãni snãna kari' ãilã
svarüpera pariksã lãgi' tãnhãre puchila
éloka padi'—ao ler este verso; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; sukhe—com
sei éloka—aquele verso; lanã—pegando; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; sva-
muita felicidade; prema-ãvista hailã—encheu-Se de amor extático; hena-kãle— nessa
rüpe dekhãilã—mostrou a Svarüpa Dãmodara; svarüpera—de Svarüpa Dãmodara
altura; rüpa-gosãiii—Srüa Rüpa Gosvãmi; snãna kari'—após tomar seu banho; ãilã—
Gosãni; pariksã lãgi'—paia o exame; tãnhãre puchila—Ele lhe perguntou.
voltou.
V E R S O 86
VERSO 83
<2fç. c*f«l' «^ae, <2rwr,«l «tfçeri l
'cita «roa-afsí a>t <srtf*isi ca^w T
«r^trca 5tf<? iria' ^ f e s írtfêW II v o n ?cç-"srtfa, 9*11 asfâme «itlw 11 VÍ> II
'mora antara-vãrtã rüpa jãnilã kemane?'
svarüpa kahe—"jãni, krpã kariyãcha ãpane
34 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 92 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 35
mora antara-vãrtã—Minhas intenções íntimas; rüpa—Rüpa Gosvãmi; jãnilã—sabia; tabe sakti sancãri' ãmi kailuh upadesa
kemane—como; svarüpa kahe—Svarüpa respondeu; jãni—posso compreender; krpã tumiha kahio ihãnya rasera visesa"
kariyãcha—outorgaste Tua misericórdia; ãpane—pessoalmente. tabe—em seguida; sakti sancãri'—dando-lhe a força da Minha potência trans-
cendental; arai—Eu; kailuh upadesa—dei instrução; tumiha—tu também; kahio—dá;
TRADUÇÃO—O Senhor perguntou: " C o m o pôde Rüpa Gosvãmi entender Meu inhãhya—a ele; rasera visesa—informação específica sobre as doçuras transcen-
coração?" Svarüpa Dãmodara respondeu: "É fácil compreender que já lhe outor- dentais.
gaste Tua misericórdia imotivada."
TRADUÇÃO—"Em seguida, também outorguei-lhe Minha potência transcenden-
V E R S O 87 tal. Agora, tu também deves dar-lhe instruções. Em particular, dá-lhe instruções
sobre as doçuras transcendentais."
w r i ia w f - ^ - R ! *tf5 M srti i
<5fa ?*tl bwfc ff% «s^ir*. n" w II V E R S O 90
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu replicou: "Rüpa Gosvãmi encontrou-se SIGNIFICADO—Este verso é das doutrinas de nyãya, ou lógica.
comigo em Prayãga. Sabendo que ele era uma pessoa adequada, naturalmente
outorguei-lhe Minha misericórdia." V E R S O 92
V E R S O 89
SIGNIFICADO—Nossa beleza e brilho corpóreos, nossa constituição, nossas ativi- cãturmãsya rahi' gaude vaisnava calilã
dades e qualidades, todos eles dependem da lei de causa e efeito. Existem três rüpa-gosãni mahãprabhura carane rahilã
qualidades na natureza material — como afirma o Bhagavad-gitã (13.22) — kãranarh cãturmãsya rahi'—permanecendo durante os quatro meses de Cãturmãsya;
guna-sahgo 'sya sad-asad-yoni-janmasu: a pessoa nasce numa família boa ou má con- gaude—para a Bengala; vaisnava—todos os devotos; calilã—retornaram; rüpa-gosãni—
forme seu contato anterior com as qualidades da natureza material. Portanto, âríla Rüpa Gosvãmi; mahãprabhura—de êri Caitanya Mahaprabhu; carane— ao
quem, com muita seriedade, deseja alcançar a perfeição transcendental, a cons- abrigo de Seus pés de lótus; rahilã—permaneceu.
ciência de Krsna, deve comer Krsna prasãda. Tal alimento é sãttvika, ou seja, está
na qualidade material da bondade, mas, ao ser oferecido a Krsna, torna-se trans-
TRADUÇÃO—Após os quatro meses de Cãturmãsya (srãvana, bhãdra, ãsvina e
cendental. Nosso movimento para a consciência de Krsna distribui Krsna prasãda,
kãrttika], todos os Vaisnavas da Bengala regressaram a seus lares, mas Sríla Rüpa
e é certo que, aqueles que comem tal alimento transcendental, converter-se-ão
Gosvãmi permaneceu em Jagannãtha Puri, sob o refúgio dos pés de lótus de
em devotos do Senhor. Este é um método muito científico, como afirma este verso
Sri Caitanya Mahaprabhu.
do Nala-nai$adha (3.17): kãryarh nidãnãd dhi gunãn adhite. Se, em todas as suas ativi-
dades, alguém atém-se à risca ao modo da bondade, com certeza despertará sua
consciência de Krsna latente e, por fim, converter-se-á num devoto puro do Senhor V E R S O 94
Krsna.
«wfôN =ss*t K í * *n§is f i r f i i
;
avaisnava-mukhodgirnam
SIGNIFICADO—Este verso faz parte do Vidagdha-mãdhava (1.15), uma peça de sete pütam hari-kathãmrtam
atos escrita por Sríla Rüpa Gosvãmi, descrevendo os passatempos de Sri Krsna éravanam naiva kartavyam
em Vrndãvana. sarpocchistam yathã payah
V E R S O 100
Portanto, tanto quanto possível, os devotos do movimento para a consciência de
Krsna reúnem-se para cantar o santo nome de Krçna em público, de modo que
srffk^ « r i M l (.SK^s « « f « w t f à ' n i- II tanto os cantores quanto os ouvintes se beneficiem.
TRADUÇÃO—Devemos aprender sobre a beleza e a posição transcendental do tc«t t r a ®«i fite? srffrtsrl f f e ^ n i°8 n
santo nome do Senhor, ouvindo as escrituras reveladas das bocas dos devotos. ãra dina mahaprabhu dekhi' jagannãtha
Em nenhuma outra parte podemos ouvir sobre a doçura do santo nome do Senhor.
sãrvabhauma-rãmãnanda-svarüpãdi-sãtha
SIGNIFICADO—O Padma Purãna diz que atah sri-krsna-nãmãdi na bhaved grãhyam sabe mili' cali ãilã sri-rüpe milite
indriyaih. Os sentidos comuns não podem realizar o cantar e o ouvir do transcen- pathe tãnra guna sabãre lãgilã kahite
dental santo nome do Senhor. A vibração transcendental do santo nome do ãra dina—no dia seguinte; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; dekhi'—vendo;
Senhor é inteiramente espiritual. Por isso, deve-se recebê-la de fontes espirituais jagannãtha—o Senhor Jagannãtha no templo; sãrvabhauma—Sãrvabhauma
e deve-se cantá-la após ouvi-la de um mestre espiritual. Quem ouve o canto do Bhattãcãrya; rãmãnanda—Rãmãnanda Rãya; sva rüpa-ãdi— Svarüpa Dãmodara
mantra Hare Krsna deve fazê-lo por intermédio do mestre espiritual por recepção Gosvãmi; sãtha—juntamente com; sabe mili'—reunindo-se todos eles; cali ãilã—
auditiva. Sríla Sanãtana Gosvãmi proíbe-nos de ouvir o santo nome de Krsna foram lá; éri-rüpe milite—para encontrar-se com Sríla Rüpa Gosvãmi; pathe—a
cantado por não-Vaisnavas, tais como atores e cantores profissionais, pois isto caminho; tãnra—de Rüpa Gosvãmi; guna—todas as boas qualidades; sabãre—a
não surtirá efeito. É como o leite tocado pelos lábios de uma serpente, conforme todos os associados pessoais; lãgilã kahite—começou a falar.
afirma o Padma Purãna:
$ri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 109 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 43
42
TRADUÇÃO—No dia seguinte, após a costumeira visita ao templo de Jagannãtha, iévara-svabhãva—a característica da Suprema Personalidade de Deus; bhaktera—do
Sr! Caitanya Mahaprabhu encontrou-Se com Sãrvabhauma Bhattãcãrya, Rãmã- devoto puro; nã laya—não considera; aparãdha—nenhuma ofensa; alpa-sevã—serviço
nanda Rãya e Svarüpa Dãmodara. Juntos, todos foram ter com Sríla Rüpa muito modesto; bahu mane—o Senhor aceita como muito grande; ãtma-paryanta—
Gosvãmi, e, a caminho, o Senhor louvou imensamente suas qualidades. entregando-Se a Si mesmo; prasãda—misericórdia.
TRADUÇÃO—Ao recitar os dois importantes versos, Srí Caitanya Mahaprabhu bhrtyasya paéyati gurün api nãparãdhãn
sentiu muito prazer; assim, como se tivesse cinco bocas, pôs-Se a elogiar Seu sevãm manãg api krtãm bahudhãbhyupaiti
devoto. ãvi$karoti piéune$v api nãbhyasüyãrh
éilena nirmala-matih purusottamo 'yam
SIGNIFICADO—Os dois versos referidos nesta passagem são aqueles que começam bhrtyasya—do servo; paéyati—Ele vê; gurün—muito grande; A D I — e m b o r a ; na—
com priyah so 'yam (79) e funde tãndavini (99). não; aparãdhãn—as, ofensas; sevãm—serviço; manãk api—por menor que seja; krtãm—
realizado; bahu-dhã—como grande; abhyupaiti— aceita; ãviskaroti—manifesta; pi-
V E R S O 106 éunesu—nos inimigos; api—também; na—não; abhyasüyãm—inveja; éilena—por
comportamento cortês; nirmala-matih—com a mente limpa por natureza; purusot-
itatetii-atTl*!:»'? «tfW asfàc<5 i tamah—a Suprema Personalidade de Deus, a melhor de todas as personalidades;
ü a i t f a M sfstca •rtfàifl as%<5 j ayam—isto.
sãrvabhauma-rãmãnande pariksã karite
éri-rupera guna dwihãre lãgilã kahite TRADUÇÃO—"A Suprema Personalidade de Deus, conhecido como Purusottama,
sãrvabhauma-rãmãnande—Sãrvabhauma Bhattãcãrya e Rãmãnanda Rãya; pariksã a maior de todas as pessoas, tem mente pura. Ele é tão cortês que, mesmo se
karite—para testar; sri-rüpera guna—as qualidades transcendentais de Sríla Rüpa Seu servo se envolve numa grande ofensa, Ele não a leva muito a sério. Com
Gosvãmi; dunhãre—na frente de ambos; lãgilã kahite—Ele pôs-Se a louvar. efeito, caso Seu servo preste algum serviço modesto, o Senhor aceita isso como
sendo uma coisa muito grande. M e s m o que uma pessoa invejosa blasfeme o
TRADUÇÃO—Só para testar Sãrvabhauma Bhattãcãrya e Rãmãnanda Rãya, o Senhor, o Senhor jamais manifesta ira contra ela. Estas são Suas grandes
Senhor, na frente deles, pôs-Se a louvar as qualidades transcendentais de Sri qualidades."
Rüpa Gosvãmi.
V E R S O 107 SIGNIFICADO—Este verso é do Bhakti-rasãmrta-sindhu (2.1.138) de Sríla Rüpa
Gosvãmi.
'fc*a-wta'—«c^a «1 m «n*Rttq i V E R S O 109
«mcral a« n t p «rt!*Hia «Srtf 11 II
'iévara-svabhãva'—bhaktera nã laya aparãdha
alpa-sevã bahu mane ãtma-paryanta prasãda
(raae, Ç ^ 1 fcasnt sai a««H n i ° s u
44 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 1
Verso 114 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 45
V E R S O 111
TRADUÇÃO—Então, Svarüpa Dãmodara Gosvãmi recitou o verso, e, quando todos
os devotos ouviram-no, suas mentes encheram-se de admiração.
3Ht? «t-ucs *\ fcfòsri f»f*<yta S l o r n i s i i,
rüpa haridãsa duhhe vasilã pindã-tale
VERSO 114
sabãra ãgrahe nã uthilã pihdãra upare
rüpa hari-dãsa—Rüpa Gosvãmi e Haridãsa Thãkura; duhhe—ambos; vasilã—sen-
fas: c i f w F P : i^sfii ^fKi^FJIFIRGS-
taram-se; pindã-tale—ao pé da plataforma elevada onde Sri Caitanya Mahaprabhu
sentara-Se; sabãra—de todos os devotos; ãgrahe—a insistência; nã uthilã—não se 1 1 ?1TI ^fifjrçscsT: i f I
ergueram; pihdãra upare—para a plataforma elevada onde Sri Caitanya Mahaprabhu
e Seus devotos estavam sentados. 8
w f l ET ^ í f a ^ R E R F A F ^ r í m i «>> H
priyah—muito querido; sah—Ele; ayam—esse; fcrsna/i—Senhor Krçna; saha-cari—ó TRADUÇÃO—Srila Rãmãnanda Rãya reconheceu que, noutra ocasião, Sri Caitanya
Minha querida amiga; kuru-ksetra-militah—que é encontrado no campo de Kuru- Mahaprabhu dotara seu coração de poder de modo que ele pudesse expressar
kçetra; tathã—também; aham—Eu; sã—aquela; rãdhã—Rãdhãrãni; /aí—aquela; afirmações elevadas e conclusivas às quais nem mesmo o Senhor Brahmã tem
idam—este; ubhayoh—de Nós dois; sahgama-sukham—a felicidade do encontro; acesso.
tathãpi— mesmo assim; antah—dentro de; khelan—tocando; madhura—doce; murali— VERSO 117
da flauta; pahcama—a quinta nota; /use—em que se deleita; manah—a mente;
me—Minha; kãlindT— do rio Yamunã; pulina—na margem; vipinãya—as árvores; <5TC5 (25tTf* t M P t Ç Ç « t t l W I
sprhayati—deseja. <5TÇt fàsfl CSfàH W S t S i t W li" 1 1 1 fl
TRADUÇÃO—"Minha querida amiga, agora, neste campo de Kuruksetra, en- íãfe jãni—pürve tomara pãnãche prasãda
contrei Meu antigo e querido amigo Krsna. Sou a mesma Rãdhãrãni, e agora tãhã vinã náhe tomara hrdayãnuvãda"
voltamos a Nos encontrar. É muito agradável, mas, apesar disso, Eu preferiria tãte—em tais casos; jãni— posso entender; pürve—anteriormente; tomara—Tua;
ir para a margem do Yamunã e ficar debaixo das árvores da floresta. Desejo ouvir pãnãche prasãda—ele obteve misericórdia especial; tãhã vinã—sem isso; nahe—não
a vibração de Sua doce flauta tocando a quinta nota na intimidade daquela flo- há; tomara—Teus; hrdaya-anuvãda—expressão de sentimentos.
resta de Vrndãvana."
TRADUÇÃO—"Caso não lhe tivesses concedido Tua misericórdia anteriormente",
V E R S O 115 disseram eles, "ser-lhe-ia impossível expressar Teus sentimentos internos."
Kavirãja Gosvãmi conclui, aqueles que estão no nível de porcos e cães jamais apre- tunde tãndavini ratim vitanute tundãvali-labdhaye
ciarão essa grandiosa tentativa. Não obstante, isto não detém os pregadores do
karna-kroda-kadambini ghatayate karnãrbudebhyah sprhãm
culto de Sri Caitanya Mahaprabhu, pois, mundo afora, eles continuarão realizando
cetah-prãhgana-sahgini vijayate sarvendriyãnãm krtim
esta tarefa de grande responsabilidade, mesmo que pessoas semelhantes a cães
no jãne janitã kiyadbhir amrtaih krsneti varna-dvayi
e gatos não os apreciem.
tunde— na boca; tãndavini— dançando; ratim—a inspiração; vitanute—expande-se;
tunda-ãvali-labdhaye—de conseguir muitas bocas; karna—do ouvido; kroda—no
V E R S O 118 orifício; kadambini— brotando; ghatayate—faz com que surja; karna-arbudebhyah
sprhãm—o desejo de milhões de ouvidos; cetah-prãhgana—no pátio do coração;
«rç ^ C Ç , — " 5 * 1 , *TÍ>C?S? estas | sahgini— sendo um companheiro; vijayate—conquista; sarva-indriyãnâm—de todos
ei estas «f*ca cartas? ?t? ss?-c*ftas 11 sswi os sentidos; krtim—atividade; no—não; jãne—sei; janitã—produzido; kiyadbhih—até
que ponto; amrtaih—por néctar; krsna—o nome de Krsna; iti—assim; varna-dvayi— as
prabhu kahe, — "kaha rüpa, nãtakera sloka duas sílabas.
ye sloka éunile lokera yãya duhkha-éoka
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu disse; kaha—por favor, recita; rüpa—Meu
TRADUÇÃO—"Não sei quanto néctar produzem as duas sílabas 'Krs-na'. Quando
querido Rüpa; nãtakera sloka—o verso de teu drama; ye—o qual; sloka—verso;
se canta o santo nome de Krsna, parece que ele dança na boca. Aí desejamos
éunile—ouvindo; lokera—áe todas as pessoas; yãya—desaparecem; duhkha-soka—a
muitas, muitas bocas. Quando este nome penetra os orifícios dos ouvidos, dese-
tristeza e a lamentação.
jamos muitos milhões de ouvidos. E quando dança no pátio do coração, o santo
nome conquista as atividades da mente, motivo pelo qual todos os sentidos ficam
TRADUÇÃO—Nisto, Sri Caitanya Mahaprabhu disse: "Meu querido Rüpa, por inertes."
favor, recita aquele verso de teu drama que, ao ser ouvido, faz toda a tristeza
e lamentação das pessoas desaparecer." V E R S O 121
sabe bale— todos eles disseram; nãma-mahimã—as glórias de cantar o santo nome; ãrambhiyãchilã, ebe prabhu-ãjhã pãnã
dui nãtaka kariteche vibhãga kariyã
éuniyãchi—ouvimos; apara—muitas vezes; emana—essa espécie de; mãáhurya—do-
ãrambhiyãchilã—Srila Rüpa Gosvãmi começou; ebe—agora; prabhu-ãjhã pãnã—rece-
çura; keha—alguém; nãhi—não; varne— descreve; ara—mais.
bendo a ordem de Srí Caitanya Mahaprabhu; dui nãtaka—dois dramas diferentes;
kariteche—ele está compilando; vibhãga kariyã—dividindo a idéia original.
TRADUÇÃO—Todos admitiram que, embora tivessem ouvido muitas frases que
glorificavam o santo nome do Senhor, jamais haviam ouvido descrições tão doces
TRADUÇÃO—"Ele começou a escrever desta maneira, mas agora, obedecendo à
quanto essas de Rúpa Gosvãmi.
ordem de Srí Caitanya Mahaprabhu, dividiu-o em dois e está escrevendo duas
peças, uma a respeito dos passatempos de Mathurã e Dvãrakã e a outra sobre
V E R S O 123
os passatempos de Vrndãvana."
V E R S O 126
lásf^Hjaãral ?f*rc<5 ti s*.8 n SIGNIFICADO—Sríla Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura informa-nos a este respeito
que Sríla Rüpa Gosvãmi compôs o drama conhecido como Vidagdha-mãdhava no
svarüpa kahe, — "krsna-lilãra nãtaka karite
ano Sakãbda de 1454, e terminou o Lalita-mãdhava no ano Sakãbda de 1459. A
vraja-lilã-pura-lilã ekatra vamite
discussão entre Rãmãnanda Rãya e Sríla Rüpa Gosvãmi em Jagannãtha Puri acon-
svarüpa kahe— Svarüpa Dãmodara respondeu em nome de Rüpa Gosvãmi; krsna-
teceu em 1437 Sakãbda.
lilãra—dos passatempos do Senhor Krsna; nãtaka karite—compondo um drama;
vraja-lilã-pura-lilã—Seus passatempos em Vrndãvana e Seus passatempos em
Mathurã e Dvãrakã; ekatra—num livro; vamite—descrever. VERSO 127
TRADUÇÃO—Rãmãnanda Rãya disse: "Por favor, recita o verso introdutório do TRADUÇÃO—Rãmãnanda Rãya disse: "Agora, por favor, recita a descrição das
Vidagdha-mãdhava, de modo que eu possa ouvi-lo e examiná-lo." Assim, Rüpa glórias de tua Deidade adorável." No entanto, sentindo-se embaraçado devido
Gosvãmi, recebendo ordens de árí Caitanya Mahaprabhu, recitou o verso (1.1). à presença de Sri Caitanya Mahaprabhu, Rüpa Gosvãmi hesitou.
V E R S O 128 V E R S O 130
Podem-se classificar estas apresentações da seguinte maneira: (1) udghãtyaka, (2) SIGNIFICADO—Srila Bhaktivinoda Thãkura interpreta este verso (Vidagdha-mãdhava
kathodghãta, (3) prayogãtiéaya, (4) pravartaka e (5) avalagita. Estas cinco espécies de 1.10) de duas maneiras, uma, para o Senhor Krsna e a outra, para Srimatí Rãdhã-
apresentação chamam-se ãmukha. Por conseguinte, Sríla Rãmãnanda Rãya per- rãni. Ao ser interpretado para Kr$na, entende-se que a noite era uma noite de
guntou qual das cinco espécies de apresentação empregara-se, ao que Srila Rüpa lua nova, e ao ser interpretado para Srimatí Rãdhãrãni, considera-se-a como tendo
Gosvãmi redargüiu que ele usara a apresentação chamada pravartaka. sido uma noite de lua cheia.
V E R S O 135 V E R S O 137
^lü^niG-íiiTí^TsrJi, i SIGNIFICADO—O método de induzir a audiência a ficar cada vez mais ávida por
ouvir, louvando o momento, o lugar, o herói e a audiência, chama-se prarocanã.
Esta é a declaração do Nãtaka-candrikã a respeito de prarocanã:
TRADUÇÃO—'"Estávamos na primavera, e a lua cheia desta estação, inspirando Qualquer literatura apresentada em sânscrito deve seguir as regras e regulamentos
a Suprema Personalidade de Deus, que é completo em tudo, fê-lO sentir nova mencionados nos livros de referência autorizados. As indagações técnicas de Srila
atração de encontrar-Se à noite com a bela Srimatí Rãdhãrãni, para aumentar Rãmãnanda Rãya e as respostas de Srila Rüpa Gosvãmi dão a entender que ambos
a beleza de Seus passatempos.'" eram peritos e totalmente versados nas técnicas de se escrever dramas.
58 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 1 4 1 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 59
TRADUÇÃO—'"Os devotos agora presentes estão sempre pensando no Senhor •Jjfffrô, f w r a . TÚ% f iNt^PW ?" u 18- II
Supremo e por isso são muito avançados. Esta obra chamada Vidagdha-mãdhava
representa os passatempos característicos do Senhor Krsna com decorações de rãya kahe, — "kaha dekhi premotpatti-kãrana?
ornamentos poéticos. E o interior da floresta de Vrndãvana fornece uma platafor- pürva-rãga, vikãra, cesta, kãma-likhana?"
ma adequada para Krsna dançar com as gopís. Logo, considero que as atividades rãya kahe—Srila Rãmãnanda Rãya continua perguntando; kaha—por favor, recita;
piedosas de pessoas como nós, que tentamos avançar em serviço devocional, dekhi— para que eu possa saber; prema-utpatti-kãraria—as causas do despertar da
agora atingiram a maturidade.'" propensão amorosa; pürva-rãga—apego prévio; vikãra—transformação; cesta—es-
forço; kãma-likhana—o escrever de cartas desvendando o apego que as gopis têm
SIGNIFICADO—Este é o oitavo verso do Primeiro Ato do Vidagdha-mãdhava. a Krsna.
krame—aos poucos; éri-rüpa-gosãhi—Sríla Rüpa Gosvãmi; sakaii kahilã—explicou de tal maneira que, após Eu ouvir a vibração, intensa loucura invade Meu coração.
tudo; suni'—ouvindo; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-ganera—dos E há ainda outra pessoa a quem Minha mente fica apegada sempre que vejo
devotos; camatkãra—admiração; haila—houve. a bela refulgência luminosa que emana de Seu retrato. Por isso, acho que fui
sumariamente condenada, pois, a um só tempo, apeguei-Me a três pessoas. Por
causa disso, seria melhor que Eu morresse."
TRADUÇÃO—Pouco a pouco, SrUa Rüpa Gosvãmi informou a Rãmãnanda Rãya
tudo o que ele queria saber. Ao ouvir suas explicações, todos os devotos de Sri
Caitanya Mahaprabhu encheram-se de admiração. SIGNIFICADO—Este verso é do Vidagdha-mãdhava (2.9).
yah sva-prema-prakãsakah
yuvatyã yüni yünã ca iyam sakhi suduhsãdhyã
yuvatyãm samprahiyate rãdhã hrdaya-vedanã
krtã yatra cikitsãpi
"Trocas de cartas entre um jovem e uma mocinha a respeito do despertar de seu
kutsãyãth paryavasyati
iyam—esta; sakhi—Minha querida amiga; suduhsãdhyã—incurável; rãdhã—de
apego mútuo chamam-se kãma-lekha."
Srimatí Rãdhãrãni; hrdaya-vedanã—palpitação do coração; krtã—feito; yatra—em
que; cikitsã—tratamento; api—embora; kutsãyãm—em difamação; paryavasyati—ter-
V E R S O 142
mina em.
dhrtvã praticchanda-gunam sundara mama mandire tvam vasasi akãrunyáh krsno yadi mayi tavãgah katham idam
tathã tathã runatsi balitam yathã yathã cakitã palãye mudhã mã rodir me kuru param imãm uttara-krtim
tamãlasya skanàhe vinihita-bhuja-vallarir iyam
O significado é o mesmo, mas o idioma nativo é diferente. Madhumaiigala falou-o yathã vrndãranye ciram avicalã tisthati tanuh
para Sri Krsna. akãrunyáh—muito cruel; krsnah—Senhor Krsna; yadi—se; mayi—comigo; faz>a—
tua; ãgah—ofensa; katham—como; idam—isto; mudhã—em vão; mã rodih—não
V E R S O 145 chores; me—por Mim; kuru—íaze; param—mas, depois; imãm—este; uttara-krtim—
ato final; tamãlasya—de uma árvore tamãla; skandhe—o tronco; vinihita—fixos em;
bhuja-vallarih— braços que lembram trepadeiras; iyam—esta; yathã—tanto quanto
possível; vrndã-aranye—na floresta de Vrndãvana; ciram—eternamente; avicalã—
sem ser perturbado; tisthati—permaneça; tanuh—o corpo.
V E R S O 150
érutva ni$thuratam mamendu-vadanã premãhkuram bhindah inferno a paciência; f«f—por Ele; upeksita—desprezada; «pi—embora; yat—que;
svãnte éãnti-dhurãm vidhãya vidhure prãyah parãhcisyati aham—Eu; jivãmi—esteja vivendo; pãpiyasi—a mais pecaminosa.
kirhvã pâmara-kãma-kãrmuka-paritrastã vimoksyaty asün
hã maugdhyãt phalinl manoratha-latã mrdvi mayonmülitã TRADUÇÃO—'"Minha querida amiga, ao desejar a felicidade da companhia e
srutvã— ao ouvir sobre; nisthuratãm—crueldade; mama—Minha; indu-vadanã— abraços dEle, desrespeitei mesmo Meus superiores e relaxei o recato e gravidade
de rosto de lua; prema-ahkuram—a semente do amor; bhindati— partindo; sva-ante— a eles devidos. Além disso, embora sejas Minha melhor amiga, mais querida
dentro de Seu coração; sãnti-dhurãm—muita tolerância; vidhãya—aceitando; vi- a Mim do que a Minha própria vida, causei-te tantos problemas! Na verdade,
dhure—pesaroso; prãyah—quase; parãncisyati—talvez volte-Se contra; kirhvã—ou; até deixei de lado o voto de dedicação a Meu marido, um voto mantido pelas
pãmara—formidabilíssimo; kãma—de desejos luxuriosos ou de Cupido; kãrmuka—do mulheres mais elevadas. Oh! ai de Mim! Embora Ele tenha Me desprezado, sou
arco; paritrastã—amedrontada; vimoksyati—abandonará; asün—vida; nã—ai de Mim; tão pecaminosa que continuo vivendo. Por isso, devo condenar Minha aparente
maugdhyãt—por causa da confusão; phalini— quase frutífera; manah-ratha-latã—a paciência.'"
trepadeira do amor crescente; mrdvi— muito suave; mayã—por Mim; unmülitã—
arrancada. SIGNIFICADO—Srimatí Rãdhãrãni está falando este verso (Vidagdha-mãdhava 2.41)
a Visakhãdevl, Sua amiga íntima.
TRADUÇÃO—"'Talvez, ao tomar conhecimento da Minha crueldade, a Rãdhãrãni
de rosto de lua estabeleça alguma espécie de tolerância em Seu coração pesaroso. V E R S O 153
Mas, então, Ela pode acabar voltando-Se contra Mim. Ou, na verdade, temendo
os desejos luxuriosos invocados pelo arco do formidável Cupido, Ela pode acabar
dando um fim à Sua vida. Ai de Mim! Tolamente arranquei a suave trepadeira
naapt ti f f i f n fç H B T ^ t i f ç i w t ^ i
do desejo dEla, logo quando ela estava prestes a dar frutos.'"
SIGNIFICADO—Tendo sido muito cruel com Srimatí Rãdhãrãni, Krsna mostra então
Seu arrependimento (Vidagdha-mãdhava 2.40).
grhãntah-khelantyo nija-sahaja-bãlyasya balanãd
V E R S O 152 abhadram bhadram vã kim api hi na jãnimahi manãk
vayarh neturh yuktãh katham aéaranãth kãm api dasãm
katham vã nyãyyã te prathayitum udãsina-padavi
« r f c f c s r f t P r ?ÇSM: ifit w ^5? t f s o F f n v s i : i grha-antah-khelantyah—que estavam ocupadas em divertimentos infantis dentro
de casa; nija—seus próprios; sahaja—simples; bãlyasya—de infância; balanãt—devido
o r f t F i t ç T O T i ^ « t f « r « : t P f l l f s t f jTf»iir«i
à influência; abhadram—mau; bhadram—bom; vã—ou; kim api—o que; hi—decerto;
Sltij&t* ^ t n f a ^ s t R ITÇ* «PltTfa n i % ^ f na—não; jãnimahi—sabíamos; manãk—nem um pouco; vayam—nós; netum—âe
conduzir; yuktãh—adequado; katham—como; asaranãm—sem rendição; kãm api—tal
yasyotsahga-sukhãsayã sithilitã gurvi gurubhyas trapã como isto; dasãm—para a condição; katham—como; vã—ou; nyãyyã—correto; te—de
prãnebhyo 'pi suhrt-tamãh sakhi tathã yüyam parikieéiiãh Tua parte; prathayitum—manifestar; udãsina—de desinteresse; padavi—a posição.
dharmah so 'pi mahãn mayã na ganitah sãdhvibhir adhyãsito
dhig dhairyarh tad-upeksitãpi yad aham jivãmi pãpiyasi
yasya—de quem; utsahga-sukha-ãêayã—pelo desejo da felicidade da associação; TRADUÇÃO—'"Eu estava divertindo-Me em Minha casa, e, devido à Minha ino-
sithilitã—afrouxado; gurvi— muito grande; gurubhyah—aos superiores; trapã—re- cência pueril, não distinguia o certo do errado. Portanto, será que fica bem nos
cato; prãnébhyah—do que Minha vida; ,api—embora; suhrt-tamãh—mais querida; teres forçado a ficar tão atraídas a Ti e então rejeitar-nos? Agora, és indiferente
sakhi—ó Minha querida amiga; tathã—de modo semelhante; yüyam—tu; parikleéi- conosco. Achas que isso é correto?'"
tãh—tão incomodada; dharmah—deveres para com Meu marido; sah—isto; api—
também; mahãn—muito grande; mayã—de Mim; na—não; ganitah—recebeu atenção;
sãdhvibhih—pelas mulheres mais castas; adhyãsitah—praticado; dhik dhairyam—ao SIGNIFICADO— Srimatí Rãdhãrãni fala este verso a Krsna (Vidagdha-mãdhava 2.46).
Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 157 Novo encontro de Rüpa Gosvãmi com o Senhor 69
kaha—por favor, deixa-me saber; tomara kavitva éuni'—ouvindo tua habilidade vrndãvanam divya-latã-paritam
poética; haya—há; camatkãra—muito embevecimento; krame—aos poucos; rüpa- latas ca puspa-sphuritãgra-bhãjah
gosãni-Srila Rüpa Gosvãmi; kahe—continua a falar; fcan" namaskãra—prestando puspãni ca sphita-madhu-vratãni
reverências. madhu-vratãê ca éruti-hãri-gitãh
vrndãvanam—a floresta de Vrndãvana; divya-latã-paritam—rodeada por trepadeiras
TRADUÇÃO—"Por favor, dize-me tudo isso, pois tua habilidade poética é extraor- transcendentais; latãh ca—e as trepadeiras; puspa—por flores; sphurita—distingui-
dinária." Após prestar reverências a Rãmãnanda Rãya, Rüpa Gosvãmi pouco das; agra-bhãjah—que possuem extremidades; puspãni—as flores; ca—e; sphita-
a pouco passou a responder-lhe as perguntas. madhu-vratãni—tendo muitas abelhas enlouquecidas; madhu-vratãh—as abelhas;
ca—e; éruti-hãri-gitãh—cujas canções suplantam os hinos védicos e são agradáveis
VERSO 158 ao ouvido.
SIGNIFICADO—O Senhor Krsna fala a Madhumahgala, Seu amigo vaqueirinho, sat-vathéatah—famílias muito respeitáveis; tava—teu; janih—nascimento; purusot-
este verso do Vidagdha-mãdhava (1.31). tamasya—do Senhor Sri Krsna; pãnau—nas mãos; sthitih—residência; muralike—ó
boa flauta; saralã—simples; asi—tu és; jãtyã—de nascimento; kasmãt—por que;
V E R S O 161 tvayã—por ti; sakhi—6 Minha querida amiga; guroh—do mestre espiritual; visamã—
perigoso; grhitã—aceito; gopã-ahganâ-gana-vimohana—para confundir todas as gopis;
mantra-diksã—iniciação no mantra.
TRADUÇÃO—"'A flauta dos passatempos de Krsna mede três dedos de compri- sakhi murali viéãla-cchidra-jãlena pürnã
mento, e está cravejada de pedras preciosas indra-nila. Nas extremidades da laghur atikathinã tvam granthilã nirasãsi
flauta vêem-se pedras preciosas aruna [rubis], cintilando belamente, e, de tad api bhajasi svasvac cumbanãnanda-sãndram
permeio, a flauta está laminada com ouro, realçado por diamantes. Esta flauta hari-kara-parirambham kena punyodayena
auspiciosa, agradável a Krsna, brilha em Sua mão, apresentando um fulgor sakhi murali—ó querida amiga flauta; viéãla-chidra-jãlena—com tantos orifícios
transcendental."' grandes em teu corpo (em outras palavras, cheia de chiara, que também significa
"falhas"); pürnã—repleta; laghuh—muito leve; atikathinã—de constituição muito
SIGNIFICADO—Paurnamãsi, a avó de Rãdhãrãni, fala a Lalitãdeví este verso do dura; tvam—tu; granthilã— cheia de nós; nirasã— sem suco; asi—és; taf api—portanto;
Vidagdha-mãdhava (3.1). bhajasi—obténs através do serviço; évasvat—continuamente; cumbana-ânanda—a
V E R S O 162 bem-aventurança transcendental de ser beijada pelo Senhor; sãndram—intenso;
hari-kara-parirambham—abraço pelas mãos de Sri Krsna; kena—por que; punya-
udayena—meio de atividades piedosas.
TRADUÇÃO—'"Ó pessoa de rosto belo, quem é esta pessoa criativa que Se posta ftfçai* ttsnrts fotfo foi sn* foiifo i>4>»ii
à nossa frente? C o m os cinzéis pontiagudos de Seus olhares amorosos, Ele está
partindo as resistentes pedras da devoção que muitas mulheres têm a seus balãd aksnor laksmih kavalayati navyarh kuvalayam
maridos. E, com o brilho de Seu corpo, que suplanta o fulgor de incontáveis mukhollãsah phullarh kamala-vanam ullahghayati ca
esmeraldas, Ele, ao mesmo tempo, constrói recantos privados onde realiza Seus daéãm kastãm astã-padam api nayaty ãhgika-rucir
passatempos.'" vicitram rãdhãyãh kim api kila rüpam vilasati
balãt—a força; aksnoh—dos dois olhos; laksmih—a beleza; kavalayati—devora;
navyam—recém-surgida; kuvalayam—flor de lótus; mukha-ullãsah—a beleza do rosto;
SIGNIFICADO—Rãdhãrãni fala a Lalitãdeví este verso (Lalita-mãdhava 1.52).
phullam—frutificada; kamala-vanam—uma floresta de flores de lótus; ullahghayati—
supera; ca—também; dasãm—a uma situação; kastãm—dolorosa; astã-padam—ouro;
VERSO 168 api— até; nayati—txaz; ãhgika-rucih—o brilho do corpo; vicitram—maravilhoso;
rãdhãyãh—de Srimatí Rãdhãrãni; kim api—alguma; kila—com certeza; rüpam—a
beleza; vilasati—manifesta-se.
78 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 1 Verso 173 Novo encontro de Rüpa Gosvãmi com o Senhor 79
rüpa kahe—Rüpa Gosvãmi diz; kãhãh—onde; tumi—tu; sürya-upama—como o sol; Seus devotos, que são como pássaros cakora. Que essas glórias dêem eterno
bhãsa—brilho; muni—eu; kon—algum; ksudra—insignificante; yena—exatamente prazer a todos vós.'"
como; khadyota-prakãéa—o brilho do vaga-lume.
SIGNIFICADO—Este é o primeiro verso do Primeiro Ato do Lalita-mãdhava.
TRADUÇÃO—Srila Rüpa Gosvãmi disse: "Perante ti, que és assim como o bri-
lhante raio de sol, sou tão insignificante quanto a luz de um vaga-lume."
V E R S O 176
V E R S O 174
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tira ? t » f stt»ft-C8ft5 5 fiwl I T Í W t II 5S8 n
'dvitiya nãndi kaha dekhi?'—rãya puchila
iomãra ãge dhãrstya ei mukha-vyâdãna" sahkoca pãnã rüpa padite lãgilã
eta bali' nãndi-sloka karilã vyãkhyãna dvitiya nãndi—o segundo verso introdutório; kaha—recita; dekhi—para que pos-
tomara ãge— perante ti; dhãrstya—arrogância; ei—isto; mukha-vyãdãna—pelo samos examinar; rãya puchila—Srila Rãmãnanda Rãya novamente indagou; sahkoca
simples abrir da boca; eta bali'—dizendo isto; nãndi-sloka—os versos introdutórios; pãnã—ficando um pouco hesitante; RAPA—Srila Rüpa Gosvãmi; padite lãgilã— pôs-se
karilã vyãkhyãna—explicou. a ler.
TRADUÇÃO—"É até arrogância da minha parte abrir minha boca quando estás TRADUÇÃO—Quando Srila Rãmãnanda Rãya continuou indagando e perguntou
presente." Então, tendo dito isto, ele recitou o verso introdutório do Lalita- sobre o segundo verso introdutório, Srila Rüpa Gosvãmi ficou um tanto hesi-
mãdhava. tante, mas, não obstante, pôs-se a lê-lo.
V E R S O 175
TRADUÇÃO—"'A Suprema Personalidade de Deus semelhante à lua, conhecido rãya kahe, — "rüpera kãvya amrtera pura
como o filho de mãe Saci, acaba de aparecer na Terra para propagar o amor devo- tara madhye eka bindu diyãche karpüra"
cional a Ele mesmo. Ele é o imperador da comunidade de brãhmanas. Ele pode rãya kahe—Srila Rãmãnanda Rãya diz; rüpera kãvya—a expressão poética de Srila
afastar toda a escuridão da ignorância e controlar a mente de todos no mundo. Rüpa Gosvãmi; amrtera pura—repleta de todo o néctar; tara madhye—dentro disto;
Que esta lua nascente derrame sobre nós toda a boa fortuna.'" eka bindu—uma gota; diyãche—e\e deu; karpüra—cânfora.
V E R S O 181
?tr%5 TO* t > i *fir aPrPsti 11 n
«rç> TO,—"315, CSfrt* S5ÍÜS fe*fl I
suniyã prabhura yadi antare ullãsa
bãhire kahena kichu kari' rosãbhãsa «farra* c*rtcp TO ^tçfi I I " I V I II
V E R S O 179
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu disse: "Meu querido Rãmãnanda Rãya,
ficas satisfeito de ouvir essas expressões poéticas, mas estou envergonhado de
ouvi-las, pois as pessoas comuns zombarão do conteúdo deste v e r s o . "
« H *TC«0 t»WJ1 £ T O < 8 f e - « F T 3 f à » $ " I I » » |
ftl TO,-Ws 5prç «rçw* <»g| i TRADUÇÃO—Rãmãnanda Rãya disse: "Ao invés de zombar, as pessoas comuns
«M iw <M fà«ç. frotre 5»Já ii >w ii B sentirão muito prazer em ouvir semelhante poesia, pois, lembrar inicialmente
a Deidade adorável invoca boa fortuna."
84 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 185 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 85
V E R S O 183 'udghãtyaka' nãma—o fato de o ator entrar em cena dançando, o que é tecnica-
mente conhecido como udghãtyaka; ei ãmukha—esta é a introdução; vithi ahga—a
ata TO,—"C5i*i«ic«f i t t a a «ica»t t"
cena chama-se vithi; tomara ãge—perante ti; kahi—digo; ihã—isto; dhàrstyera tarahga—
«ca ai-cflWfíps TO «tsta tavta 11 n uma onda de insensatez.
rãya kahe, — "kon ahge pãtrera pravesa?" TRADUÇÃO—"Esta introdução chama-se tecnicamente udghãtyaka, e toda a cena
tabe rüpa-gosãiii kahe tãhãra visesa chama-se vithi. És tão perito em expressão dramática que cada uma das afirma-
rãya kahe—Rãmãnanda Rãya diz; kon—que; ahge—subdivisão de estilo; pãtrera ções que dirijo a ti é como uma onda proveniente de um oceano de insensatez."
pravesa—a entrada dos atores; tabe—nessa altura; rüpa-gosãiii—Srila Rüpa Gosvãmi;
kahe—continua a falar; tãhãra visesa—especificamente sobre este assunto.
SIGNIFICADO—A este respeito, Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura novamen-
te cita o seguinte verso do Sãhitya-darpana (6.288):
TRADUÇÃO—Rãmãnanda Rãya perguntou: " P o r qual subdivisão de estilo os
atores entram em c e n a ? " Então, Rüpa Gosvãmi deteve-se especificamente neste udghãtyakah kathodghãtah
assunto. prayogãtiéayas tathã
pravartakãvalagite
V E R S O 184 pahca prastãvanã-bhiáãh
Desse modo, os nomes técnicos das cinco classes de cenas introdutórias do drama
são enumerados como udghãtyaka, kathodghãta, prayogãtisaya, pravartaka e avalagita.
Quando Sríla Rãmãnanda Rãya indagou a qual, dentre estes cinco, Srila Rüpa
natatã kirãta-rãjam Gosvãmi recorrera para realizar a introdução técnica a seu drama Lalita-mãdhava,
nihatya rahga-sthale kalã-nidhinã Rüpã Gosvãmi respondeu que usara a introdução tecnicamente chamada udghãtya-
samaye tena vidheyam ka. Segundo c Bhãrati-vrtti, três termos técnicos usados são prarocanã, vithi e
gunavati tãrã-kara-grahanam prahasanã. Assim, Rüpa Gosvãmi também mencionou vithi, que é um termo técnico
natatã—dançando no palco; kirãta-rãjam—Kaihsa, o governante dos kirãtas referente a certo tipo de expressão. Segundo o Sãhitya-darpana (6.520):
(homens incivilizados); nihatya—matando; rahga-sthale—no palco; kalã-nidhiYiã—o
mestre de todas as artes; samaye—no momento; tena—por Ele; vidheyam—a ser
vithyãm eko bhaved ahkah
feito; guna-vati—no devido momento; tãrã-kara—àa mão de Tãrã (Rãdhã); gra-
kascid eko 'tra kalpyate
hanam—a aceitação.
ãkãéa-bhãsitair uktaié
citrãm pratyuktim ãéritah
TRADUÇÃO—'"Enquanto dança no palco após matar Kamsa, o governante de
homens incivilizados, o Senhor Krsna, mestre de todas as artes, aceitará, no mo- O início vithi de um drama consiste em apenas uma cena. Nessa cena, um dos
mento propício, a mão de Srimatí Rãdhãrãni, que é qualificada com todos os heróis entra no palco, e, por intermédio de declarações opostas pronunciadas por
atributos transcendentais.'" uma voz do céu (dos bastidores), ele apresenta a abundante doçura conjugai e,
(Lalita-mãdhava 1.11) até certo ponto, outras doçuras. No decorrer da introdução, plantam-se todas as
sementes da peça. Esta introdução chama-se udghãtyaka, pois o ator dança no
V E R S O 185 palco. Este termo também dá a entender que a lua cheia penetra o palco. Neste
caso, quando a palavra natatã ("dança no palco") relaciona-se com a lua, seu
' f o p r s j f ' sTpst (ifè "dpj?'—'ft«rt' «w i significado fica obscuro, mas, como o significado fica muito claro quando a palavra
cratrta «ttct *RFK—«rícèla <a»w n Sw n natatã refere-se a Krsna, esta espécie de introdução chama-se udghãtyaka.
Srila Rãmãnanda Rãya usava termos altamente técnicos ao discutir isto com
'udghãtyaka' nãma ei 'ãmukha'—'i>ífftí' ahga Srila Rüpa Gosvãmi. Rüpa Gosvãmi reconheceu que Srila Rãmãnanda Rãya era
tomara ãge kahi—ihã dhãr$tyera tarahga um acadêmico muito erudito em composição dramática autêntica. Assim, embora
Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 Verso 189 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 87
fosse totalmente capaz de responder às perguntas de SrUa Rãmãnanda Rãya, êrila harim uddisate rajo-bharah
Rüpa Gosvãmi, devido à sua humildade Vaisnava, reconheceu que só falava puratah sahgamayaty amum tamah
absurdos. Na realidade, tanto Rüpa Gosvãmi quanto Rãmãnanda Rãya eram vrajavâma-drsãm na paddhatih
academicamente peritos em compor poesia e apresentá-la em estrita consonância prakatã sarva-drsah sruter api
com o Sãhitya-darpana e outros textos védicos. harim—Krsna; uddiéate—isto indica; rajah-bharah—poeira das vacas; puratah—
em frente; sahgamayati—provoca o encontro; amum—Krsna; tamah—a escuridão;
V E R S O 186 vrajavãma-dréãm—das donzelas de Vrndãvana; na—não; paddhatih—o transcurso
de atividades; prakatã—manifesto; sarva-drsah—que conhecem tudo; sruteh—dos
Veã«s; api—bem c o m o .
crtsrafg ICTACA: i ^wt^rv SsTra I
padãni tv agatãrthãni TRADUÇÃO—'"A poeira das vacas e dos bezerros na estrada cria uma espécie de
tad-artha-gataye narãh escuridão, indicativa de que Krsna está vindo do pasto, voltando para casa. A
yojayanti padair anyaih escuridão da noite também provoca o encontro das gopis com Krsna. Desse modo,
sa udghãtyaka ucyate uma espécie de escuridão transcendental encobre os passatempos de Krsna com
padãni—palavras; tu—mas; agata-arthãni— tendo um significado obscuro; tat— as gopis, e, portanto, isso impede a visão dos acadêmicos comuns, entendidos
isto; artha-gataye—para entender o significado; narãh—homens; yojayanti—juntam; nos V e d a s . ' "
padaih—com palavras; anyaih—outras; sah—isto; udghãtyakah—udghãtyaka; ucyate—
chama-se. SIGNIFICADO—Paurnamãsi, numa conversa com GãrgI, fala este verso do Lalita-
mãdhava (1.23).
TRADUÇÃO—'"Para explicar uma palavra confusa, geralmente os homens juntam- Krsna declara no Bhagavad-gitã que traigunya-visayã veda nistraigunyo bhavãrjuna.
na com outras palavras. Semelhante tentativa chama-se udghãtyaka.'" Assim, Ele aconselha Arjuna a transcender os modos da natureza material, pois
todo o sistema védico é repleto de descrições que envolvem sattva-guna, rajo-guna
SIGNIFICADO—Este verso é citado do Sãhitya-darpana (6.289). e tamo-guna. As pessoas são em geral cobertas pela qualidade de rajo-guna, sendo,
portanto, incapazes de compreender os passatempos de Krçna com as gopis de
V E R S O 187 Vraja. Além do mais, a qualidade de tamo-guna é um empecilho ainda maior à
sua compreensão. Contudo, em Vrndãvana, embora uma brumosa escuridão de
St* TO,—"55 «rjcit 'TOS fàt«W" I poeira encubra Krçna, não obstante, as gopis compreendem que, dentro da tem-
pestade de poeira, está Krçna. Como são Suas devotas mais elevadas, elas podem
Stat TO*i t%K WMTÂM* d \>V°I n
perceber Sua mão agindo em tudo. Assim, mesmo que Ele esteja na escuridão
ou numa cerrada tempestade de poeira, os devotos podem entender o que Krsna
rãya kahe, — "kaha ãge ahgera visesa"
está fazendo. O significado deste verso é que, sob nenhuma circunstância, Krçna
sri-rüpa kahena kichu sahksepa-uddesa
jamais Se distancia da visão de devotos elevados como as gopis.
rãya kahe—êrila Rãmãnanda Rãya diz; kaha—por favor, dize-me; ãge—mais; ahgera
visesa—passagens específicas; sri-rüpa kahena—Srila Rüpa Gosvãmi diz.; kichu—algo;
sahksepa—resumida; uddesa—referência.
V E R S O 189
TRADUÇÃO—Quando Rãmãnanda Rãya pediu que Srila Rüpa Gosvãmi conti- 1
F T W R Ç * ^CÇSJ: T I R A STTN R I A V fa*PTI
nuasse a falar sobre diversas porções da peça, Srila Rüpa Gosvãmi fez breves
citações de seu Lalita-mãdhava. 1 1 S J A R A F I P Y S P Í I T W t f l f T T T Í l T / 5 1 II I B - » »
V E R S O 192
TRADUÇÃO—'"Minha querida amiga, quem é este jovem audacioso? Ele é tão •í<5 « f a ' sra TO « í ^ a 5ac«i i
brilhante como uma nuvem sob relâmpagos, e divaga em Seus passatempos como
um elefante louco. Ele chegou a Vrndãvana proveniente de que lugar? Ai de
?sc*ra a s f % a t « R f » i ' isig-asfCT 11 is>*. 11
Mim, com Seus movimentos inquietos e olhares cativantes, Ele está saqueando
eta éuni' rãya kahe prabhura carane
do âmago do Meu coração o tesouro da Minha paciência.'"
rüpera kavitva praéamsi' sahasra-vadane
eta éuni'—ouvindo isto; rãya—Rãmãnanda Rãya; kahe—diz; prabhura carane—aos
pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu; rüpera—de Rüpa Gosvãmi; kavitva—arte
SIGNIFICADO—Srimatí Rãdhãrãni fala à Sua amiga Lalitãdeví este verso do Lalita- poética; praéamsi'—glorificando; sahasra-vadane—como se possuísse milhares de
mãdhava (2.11). bocas.
90 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 1 Verso 197 Novo encontro de Rupa Gosvãmi com o Senhor 91
TRADUÇÃO—Após ouvir isto, Srila Rãmãnanda Rãya apresentou aos pés de lótus kim—qual a utilidade; kãvyena—com poesia; kaveh—do poeta; tasya—isso; kim—
de Sri Caitanya Mahaprabhu a superexcelência da manifestação poética de árfla qual a utilidade; kãndena—com a flecha; dhanuh-matah—do arqueiro; parasya—de
Rüpa Gosvãmi, a qual passou a elogiar como se tivesse milhares de bocas. outrem; hrdaye—no coração; lagnam—entrando; na ghümayati—não faz girar; yat—
que; sirah—a cabeça.
VERSO 193
TRADUÇÃO—'"Qual a utilidade da flecha de um arqueiro ou da poesia de um
"5f?ç sri «rçcsa «ri* i poeta se elas penetram o coração mas não fazem a cabeça girar?"'
t
at&5-sw l * H fStflitrga J I R I II II
V E R S O 196
"kavitva nã haya ei amrtera dhãra GSftH " t t V f à s « *TCÇ <sfe S t f t I
nãtaka-laksana saba siddhãntera sara
kavitva—arte poética; nã haya—não é; ei—isto; amrtera dhãra—torrente constante
^ f s i «tf%« fwrn ^ r t « , - c ç * ' VWTF* II II
de néctar; nãtaka—um drama; laksana—que.aparecem como; saba—todas; siddhãntera tomara éakti vinã jivera nahe ei vãni
sara—essências de percepção conclusiva. tumi éakti diyã kahão,—hena anumãni"
tomara éakti vinã—sem Teu poder especial; jivera—de um ser vivo comum; nahe—
TRADUÇÃO—Srila Rãmãnanda Rãya disse: "Esta não é uma simples apresen- não há; ei vãni— essas palavras; tumi—Tu; Sflícfi diyã—dando poder; kahão—fazes
tação poética; é uma torrente contínua de néctar. Na verdade, é a essência de com que diga; hena—isso; anumãni—suponho.
todas as percepções conclusivas, manifestando-se sob a forma de representações
teatrais." TRADUÇÃO—"Sem Tua misericórdia, um ser vivo comum jamais escreveria seme-
V E R S O 194 lhantes expressões poéticas. A minha impressão é que lhe deste poder."
c*^-»rt%»fttt iífe *M <s «ttfíi i V E R S O 197
*-
í
f&W fè'5-S t<l% «15 « r f i W f - ^ f w II 1 & 8 II
prema-paripãti ei adbhuta varnana IfctrrV wt **tc."« «tfrRi <$è ter n >si n
suni' citta-karnera haya ãnanda-ghürnana
prema-paripãti—um arranjo de primeira classe para expressar romances amorosos;
prabhu kahe, — "prayãge ihãra ha-ila milana
ei— esta; adbhuta varnana—descrição maravilhosa; éuni'—ouvindo; citta-karnera— ihãra gune ihãte ãmãra tusta haila mana
do coração e do ouvido; haya—há; ãnanda-ghürnana— um redemoinho de bem- prabhu kahe—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu diz; prayãge—em Prayãga;
aventurança transcendental. ihãra—dele; ha-ila—houve; milana—encontro; ihãra gune—por suas qualidades
transcendentais; ihãte—nele; ãmãra—Minha; tusta—satisfeita; haila—ficou; mana—a
TRADUÇÃO—"As descrições maravilhosas de Rüpa Gosvãmi são arranjos so- mente.
berbos para expressar romances amorosos. Basta ouvi-las para que o coração e
os ouvidos de todos mergulhem num redemoinho de bem-aventurança trans- TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu retrucou: "Encontrei-Me com Srila Rüpa
cendental." Gosvãmi em Prayãga. Ele atraiu-Me e satisfez-Me devido às suas qualidades."
V E R S O 195
SIGNIFICADO—A Suprema Personalidade de Deus não é parcial para alguns e
indiferente para outros. Todos podem, mediante seu serviço, atrair realmente a
atenção da Suprema Personalidade de Deus. Então, o Senhor concede mais poder
para que a pessoa aja de uma maneira tal que todos os outros possam apreciar
kim kãvyena kaves tasya seu serviço. O Bhagavad-gitã (4.11) confirma isso: ye yathã mãrh prapadyante tãms
kim kãnàena dhanus-matah tathaiva bhajãmy aham. Krsna tem sentimentos. Se alguém tenta prestar o melhor
parasya hrdaye lagnam serviço ao Senhor, o Senhor lhe dá o poder para fazer isso. Krsna também diz
na ghümayati yac chirah no Bhagavad-gitã (10.10):
92 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 1
Verso 202 Novo encontro de Rüpa Gosvãmi com o Senhor 93
<TSfrt5 CTO f à w s T M , f c s t ç * 1 5 f t í s I
madhura prasanna ihãra kãvya sãiahkãra
aiche kavitva vinu nahe rasera pracãra c w s - c s s t i f j - t f f b c ^ i s t t a t c s f c f%f% 1
madhura—doce; prasanna—agradável; ihãra—sua; kãvya—poesia; sa-alahkãra—com
metáforas e outros ornamentos; aiche—tais como isto; kavitva—qualificações poé- tomara yaiche visaya-tyãga, taiche tãhra riti
ticas; vinu—sem; nane—não há; rasera—de doçuras; pracãra—pregação. dainya-vairãgya-pãndityera tãhhãtei sthiti
tomara—tua; yaiche—assim como; visaya-tyãga—renúncia aos laços materiais;
taiche—do mesmo modo; íãrira rífi—sua maneira de agir; dainya—humildade; vairã-
TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu elogiou as metáforas e outros recursos gya—renúncia; pãndityera—de erudição acadêmica; tãhhãtei—nele; sthiti—existindo.
literários da poesia transcendental de Sríla Rüpa Gosvãmi. Sem tais atributos
poéticos, disse Ele, não há possibilidade de se pregar sobre as doçuras trans- TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu disse a Rãmãnanda Rãya: "A renúncia
cendentais. que fez Sanãtana Gosvãmi deixar os laços materiais é igual à tua. Nele mani-
festam-se ao mesmo tempo a humildade, a renúncia e a erudição perfeita."
V E R S O 199
V E R S O 202
S^tl asfà' ^ " ç t C 5 G*f TO |
SIGNIFICADO—Srí Caitanya Mahaprabhu informou a Srila Rãmãnanda Rãya que TRADUÇÃO—"Vejo que as verdades concernentes às doçuras transcendentais que
este e Sanãtana Gosvãmi ocuparam-se igualmente em serviço devocional após expuseste através de minha boca estão todas explicadas nos escritos de Sríla Rúpa
romperem todas as relações com as atividades materiais. Tal renúncia caracteriza Gosvãmi."
o devoto imaculado, ocupado a serviço do Senhor sem nenhuma mácula de con-
taminação material. Segundo Sri Caitanya Mahaprabhu, esta é a posição de tmãd V E R S O 205
api sunicena tarorapi sahisnunã. O devoto puro, livre das reações dos modos mate-
riais da natureza, realiza serviço devocional e mostra ser tolerante como uma « c v ^ - ( ^ « W f - t o s 5tç arar-** i
árvore. Ele também se sente mais humilde que a grama. Semelhante devoto, que
i t c * f * í * « , c r ç asfàca w-ite, c s f r r * * » t n v *
é chamado de niskincana, ou livre de todas as posses materiais, vive absorto em
amor emocional por Deus. Ele reluta em realizar qualquer atividade que redunde bhakte krpã-hetu prakãsite cãha vraja-rasa
em gozo dos sentidos. Em outras palavras, tal devoto está livre de todo o cativeiro
yãre karão, sei karibe jagat tomara vasa
material, porém, ocupa-se em atividades conscientes de Krsna. Tal serviço devo-
bhakte—para com os devotos; krpã-hetu—devido à misericórdia; prakãéite—
cional qualificado é realizado sem hipocrisia. Humildade, renúncia e erudição
mostrar; cãha—desejas; vraja-rasa—as doçuras transcendentais de Vrndãvana;
acadêmica eram todas vistas em Sanãtana Gosvãmi, o devoto puro ideal, cujo
yãre—a quem quer que; karão—dotes de poder; sei—ele; karibe—fará; jagat—o
nível de compreensão era igual àquele de Sríla Rãmãnanda Rãya. Como Rãmã-
mundo inteiro; tomara vaéa—sob Teu controle.
nanda Rãya, Sanãtana Gosvãmi conhecia perfeitamente bem as conclusões do
serviço devocional e por isso era capaz de descrever o conhecimento transcen-
dental.
TRADUÇÃO—"Devido à Tua imotivada misericórdia para com Teus devotos,
V E R S O 203 desejas descrever os passatempos transcendentais de Vrndãvana. Qualquer
pessoa que tenha recebido o poder de fazer isso pode colocar o mundo inteiro
sob Tua influência."
a r f r á í «$S*T ^ f i j « t f * H f Ç f í C s n ^.>8 ||
SIGNIFICADO—Esta passagem equipara-se à afirmação kr$na-éakti vinã nahe tara
rãya kahe, — "isvara tumi ye cãha karite pravartana, ou seja, pode propagar pelo mundo inteiro o santo nome do Senhor
kãsthera putali tumi para nãcãite apenas aquela pessoa a quem a Suprema Personalidade de Deus, Krsna, concede
rãya kahe— Srila Rãmãnanda Rãya diz; isvara tumi—és a Suprema Personalidade o poder (Cc. Antya 7 . 1 1 ) . Sob a proteção da Suprema Personalidade de Deus,
de Deus; ye—tudo o que; cãha—quiseres; karite—fazer; kãsthera—de madeira; o devoto puro pode pregar o santo nome do Senhor de modo que todos aprovei-
putali— um boneco; tumi—Tu; para—és capaz; nãcãite— de fazer dançar. tem-se deste benefício e, assim, tornem-se conscientes de Krçna.
CTt* «is* ei *rc s* *ftnl «tetro i tabe mahaprabhu kailã rüpe ãlihgana
**l C f f t < f l ! * * t ? T»T«lCT II *°8 II tãnre karãilã sabãra carana vandana
tabe—nessa altura; mahaprabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; kailã—fez; rüpe—a
mora mukhe ye saba rasa karilã pracãrane Srila Rüpa Gosvãmi; ãlihgana—abraço; fãVire—a ele; karãilã—induziu a fazer; sabãra—
sei rasa dekhi ei ihãra likhane de todos eles; carana vandana—adoração aos pés de lótus.
mora mukhe—através de minha boca; ye—quaisquer; saba rasa— todas essas do-
çuras transcendentais; karilã—fizeste; pracãrane—pregação; sei rasa—essas mesmas
doçuras transcendentais; dekhi—vejo; ei—isto; ihãra likhane— na composição literária TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu abraçou então Rüpa Gosvãmi e pediu-lhe
de Srila Rüpa Gosvãmi. que oferecesse orações aos pés de lótus de todos os devotos ali presentes.
Srí Caitanya-caritãmrta Verso 211 Novo encontro de Rüpa Gosvãmi com o Senhor 97
96 Antya-lilã, 1
V E R S O 207 V E R S O 210
TRADUÇÃO—Advaita Ãcãrya, Nityãnanda Prabhu e todos os outros devotos TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura disse-lhe: "Não há limite para a tua boa fortuna.
mostraram sua misericórdia imotivada a Rüpa Gosvãmi, retribuindo-lhe o abraço. Ninguém pode compreender as glórias do que descreveste."
A menos que seja um devoto totalmente rendido ao Senhor, não se deve tentar TRADUÇÃO—Dessa maneira, Srila Rüpa Gosvãmi passou seu tempo em íntima
escrever poesias sobre os passatempos de Krsna, pois elas seriam simplesmente associação com Haridãsa Thãkura, com quem, cheio de felicidade, falava sobre
mundanas. Existem muitas descrições do Bhagavad-gitã de Krsna que foram feitas os passatempos do Senhor Krçna.
por pessoas cuja consciência é mundana e que não têm devoção pura. Embora
tentassem escrever literatura transcendental, não lograram ocupar sequer um V E R S O 214
único devoto no serviço pleno a Krçna. Essa espécie de literatura é mundana,
e por isso, como adverte Sri Sanãtana Gosvãmi, ninguém deve tocá-la. 5lf% 1 T * I af»V * H«JF? I
TRADUÇÃO—Após o término do festival de Dola-yãtrã, Sri Caitanya Mahaprabhu TRADUÇÃO—"Estabelece o serviço ao Senhor Krçna e prega as doçuras do ser-
despediu-Se também de Rüpa Gosvãmi. O Senhor dotou-o de poder e outorgou- viço devocional ao Senhor Krsna. Irei também a Vrndãvana outra v e z . "
lhe todas as espécies de misericórdia.
V E R S O 220
V E R S O 217
ITV *f»r « j ç <trot fca»n « i t f n w w i
"í^Tact ir*' fflb *fw ymcsi i
C M W f ò » f * t W « f W TSFÇS 5 * 1 I I 5.5.» I I
VÍ^rra fcti tfirsf » w r a c w i 5 > i I
eta bali' prabhu tãnre kailã ãlihgana
"vrndãvane yãna' tumi, rahiha vrndãvane rüpa gosãni éire dhare prabhura carana
ekabãra ihãn pãthãiha sanãtane eta bali'—dizendo isto; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tãnre—Rüpa Gosvãmi;
vrndãvane—a Vrndãvana; yãna'—agora vai; tumi—tu; rahiha—fica; vrndãvane—em kailã ãlihgana—abraçou; rüpa gosãni—Srila Rüpa Gosvãmi; éire—sobre a cabeça;
Vrndãvana; eka-bãra—uma vez; ihãn—para cá; pãthãiha—manda; sanãtane—Sanãtana dhare—coloca; prabhura carana—os pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu.
Gosvãmi, teu irmão mais velho.
TRADUÇÃO—Após dizer isso, Srí Caitanya Mahaprabhu abraçou Rupa Gosvãmi,
TRADUÇÃO—"Agora vai a Vrndãvana e fica por lá", disse o Senhor. "Podes que então colocou os pés de lótus do Senhor sobre sua cabeça.
mandar para cá Sanãtana, teu irmão mais velho."
V E R S O 221
V E R S O 218
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aro» Tf* * w t » *f%* f*t«*H i
f j M V Í i a <5T*1 *f*w. *5Ta«l ii ov n
prabhura bhakta-gana-pãéc vidãya la-ilã
vraje yãi rasa-éãstra kariha nirüpana punarapi gauda-pathe vrndãvane ãilã
lupta-tirtha saba tãhãh kariha pracãrana prabhura—de Srí Caitanya Mahaprabhu; bhakta-gana-pãéc—dos devotos; vidãya
vraje yãi— indo para Vrndãvana; rasa-éãstra—toda a literatura transcendental la-ilã—despediu-se; punarapi—novamente; gauda-pathe—no caminho rumo à Ben-
referente aos passatempos do Senhor Sri Krçna; kariha nirüpana—escreve cuidado- gala; vrndãvane—a Vrndãvana; ãilã—regressou.
samente; lupta-tirtha—os lugares sagrados perdidos; saba—todos; tãhãh—lá; kariha
pracãrana—torna conhecidos. TRADUÇÃO—SrUa Rüpa Gosvãmi deixou a companhia de todos os devotos de
Sri Caitanya Mahaprabhu, e, pegando o caminho que corta a Bengala, regressou
TRADUÇÃO—"Quando fores a Vrndãvana, fica por lá, prega a literatura trans- a Vrndãvana.
cendental e escava os lugares sagrados perdidos."
V E R S O 222
V E R S O 219
f W l l i * f * % * f w «ST* I
<s' « f w t » 15 « i * Mn* i
«TI CTÇ <9CI, *fT? £fK595*«t II 5 5 5 II
«rifa* cwfifcra <st*1 rò%<4*Kt1 n 5>s> II
ei ta' kahilãha punah rüpera milana
krsna-sevâ, rasa-bhakti kariha pracãra ihã yei éune, pãya caitanya-carana
ãmiha dekhite tãhãh yãimu ekabãra" ei ta' kahilãha—dessa maneira, acabo de narrar; punah—novamente; rüpera
krsna-sevâ—o serviço ao Senhor Krçna; rasa-bhakti—serviço devocional; kariha milana—o encontro com Srila Rüpa Gosvãmi; ihã—esta narração; yei éune—qualquer
pracãra—prega; ãmiha—Eu também; dekhite—ver; tãhãh—lá para Vrndãvana; yãimu— pessoa que ouça; pãya—obtém; caitanya-carana—o abrigo de Sri Caitanya Maha-
irei; eka-bãra—outra vez. prabhu.
102 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1
FIRI^-ayii^cgqft I
^ ç ^ e f ã r a r f s TO P ü f W I * A « » Em seu Amrta-pravãha-bhãsya, Srila Bhaktivinoda Thãkura explica o significado
deste capítulo da seguinte maneira. Krsnadãsa Kavirãja Gosvãmi, o autor do Sri
sri-rüpa-raghunãtha-pade yãra ãsa Caitanya-caritãmrta, desejou explicar os encontros diretos com Srí Caitanya Maha-
caitanya-caritãmrta kahe krsnadãsa prabhu, encontros com pessoas por Ele dotadas de poder, e Seu aparecimento
éri-rüpa—SrUa Rüpa Gosvãmi; raghunãtha—Sríla Raghunãtha dãsa Gosvãmi; ãvirbhãva. Assim, descreveu as glórias de Nrsirhhãnanda e de outros devotos.
Um devoto chamado Bhagavãn Ãcãrya era excepcionalmente fiel aos pés de lótus
pade—aos pés de lótus; yãra—cuja; ãéa—expectativa; caitanya-caritãmrta—o livro
de Srí Caitanya Mahaprabhu. Não obstante, Gopãla Bhatta Ãcãrya, seu irmão,
chamado Caitanya-caritãmrta; kahe—descreve; krsria-dãsa—SrUa Krsnadãsa Kavirãja
discorreu sobre o comentário impersonalista (Mãyãvãda). Srila Svarüpa Dãmodara
Gosvãmi.
Gosvãmi, o secretário de Sri Caitanya Mahaprabhu, proibiu a Bhagavãn Ãcãrya
ouvir esse comentário. Mais tarde, quando Haridãsa Júnior, seguindo a ordem
TRADUÇÃO—Orando aos pés de lótus de Srí Rüpa e Sri Raghunãtha, desejando
de Bhagavãn Ãcãrya, foi buscar doações de Mãdhavideví, cometeu uma ofensa
sempre a misericórdia deles, eu, Krsnadãsa, narro o Sri Caitanya-caritãmrta, se-
ao conversar intimamente com uma mulher, embora ele estivesse na ordem renun-
guindo seus passos. ciada. Por causa disso, Sri Caitanya Mahaprabhu rejeitou Haridãsa Júnior e, a
despeito de todos os pedidos dos mais denodados devotos do Senhor, Sri Caitanya
Mahaprabhu recusou-Se a aceitá-lo. Um ano após este incidente, Haridãsa Júnior
Neste ponto encerram-se os Significados Bhaktivedanta do Srí Caitanya-caritãmrta,^ dirigiu-se até à confluência do Ganges com o Yamunã e cometeu suicídio. Entre-
Antya-lilã, Primeiro Capítulo, descrevendo o segundo encontro de Srila Rüpa Gosvãmi tanto, em seu corpo espiritual, ele continuava a cantar músicas devocionais, e
com Sri Caitanya Mahaprabhu. Sri Caitanya Mahaprabhu ouvia-as. Quando os Vaisnavas da Bengala foram ter
com Sri Caitanya Mahaprabhu, estes incidentes chegaram ao conhecimento de
Svarüpa Dãmodara e de outros devotos.
VERSO 1
l l W t J W f W 1ÇWfa3i-l!íV*IPflfàW"6 II > II
103
104 Sri" Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 2
Verso 6 O castigo de Haridãsa Júnior 105
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu redimiu quase todas as almas caídas ãra nanã-deéera loka ãsi' jagannãtha
encontrando-Se diretamente com elas. Libertou outras pessoas ao entrar no corpo caitanya-carana dekhi' ha-ila krtãrtha
de Nakula Brahmacãri e ao aparecer perante Nrsirhhãnanda Brahmacãrí. "Liber- ãra—novamente; nãnã-deéera—àe diferentes províncias; foto—pessoas; ãsi'—
tarei as almas caídas." Esta afirmação caracteriza a Suprema Personalidade de vindo; jagannãtha—a Jagannãtha Puri; caitanya-carana—os pés de lótus de Sri
Deus. Caitanya Mahaprabhu; dekhi'—vendo; ha-ila—ficavam; krta-artha—plenamente
satisfeitas.
SIGNIFICADO—O Senhor sempre manifestava Seu aparecimento ãvirbhãva nos
quatro lugares seguintes: (1) na casa de Srimatí Sacímãtã, (2) em qualquer lugar TRADUÇÃO—De modo semelhante, as pessoas que, partindo de diversas provín-
onde Nityãnanda Prabhu dançasse em êxtase, (3) na casa de Srívãsa (na hora do cias da índia, iam a Jagannãtha Puri, ficavam plenamente satisfeitas após verem
kirtana) e (4) na casa de Rãghava Pandita. O próprio Senhor Caitanya apareceu os pés de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu.
nesses quatro lugares. (A este respeito, consulte o verso 34.)
V E R S O 10
VERSO 7 5
l ^ f t C l ? CSTÍ * « 1 1 5 « H T Q l f f t 1
ntvrvif^fcst i i «tfãTi i 6*5» *T5i< 15*55 5 3 S ! - C 5 C * t « r f f j l ' || i o ||
4 5 * 5 1 5 C5 Cí fifal. d ? « T « f 5 ^ » l 1 1 1 1 II sapta-dvipera loka ãra nava-khanda-vãsi
sãksãt-daréane saba jagat tãrilã deva, gandharva, kinnara manusya-vese ãsi'
eka-bãra ye dekhila, se krtãrtha ha-ilã sapta-dvipera loka—pessoas de todas as sete ilhas do universo; ãra—e; nava-khanda-
sãksãt-darsane—em encontros diretos; saba—todo; jagat—o universo; tãrilã—Ele vãsi—os habitantes dos nove khandas; deva—semideuses; gandharva—os habitantes
libertou; eka-bãra—uma vez; ye—qualquer pessoa que; dekhila—visse; se—ela; krta- de Gandharvaloka; kinnara—os habitantes de Kinnaraloka; manusya-veée—sob a
artha—plenamente satisfeita; ha-ilã—ticava. forma de seres humanos; ãsi'—vindo.
TRADUÇÃO—Quando Sri Caitanya Mahaprabhu estava pessoalmente presente, TRADUÇÃO—As pessoas do universo inteiro, incluindo as nove ilhas, os nove
qualquer pessoa que O encontrasse sequer uma vez satisfazia-se plenamente khandas, os planetas dos semideuses, Gandharvaloka e Kinnaraloka, iam até
e garantia seu avanço espiritual. lá sob as formas de seres humanos.
VERSO 9 V E R S O 11
«115 s r w - O T t í (.vfíf « H W «r<rtw i S I Ç C 5 C f f 5 5 l 5 t 5 ' C 5 5 » 5 ' 5<í»1 I
f c e v - é f * ) c f f a ' & t ffejNf n & I I 9 5 3 5 t 9 f STÍCS J|5J C « t 5 t f 5 è 5 ^ 1 II li II
Verso 16 O castigo de Haridãsa Júnior 109
108 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2
kali-kãlera dharma—krsna-nãma-sahkirtana
< í * T 3 «PTCT fàwíte. f*wf fã i
krsna-éakti vinã nahe tara pravartana
c r C « Í « r i f r a s arca «icta» T < T t # t n i i n
Quem não recebe o poder da Suprema Personalidade de Deus, Sri Caitanya Maha-
ei-mata daréane trijagat nistãri
prabhu, não pode propagar os santos nomes do mahã-mantra Hare Krçna por todo
ye keha ãsite nãre aneka samsãri o mundo. As pessoas que fazem isso são dotadas de poder. Por isso, às vezes,
ei-mata—dessa maneira; darsane—por intermédio de visitas diretas; tri-jagat—os chamam-se-as de ãveéa-avatãras, ou encarnações, pois são dotadas com o poder
três mundos; nistãri—libertando; ye keha—algumas que; ãsife nãre—não puderam de Sri Caitanya Mahaprabhu.
vir; aneka—muitas; samsãri— pessoas enredadas neste mundo material.
V E R S O 15
TRADUÇÃO—Assim, por intermédio de encontros diretos, Srí Caitanya Maha-
prabhu libertou os três mundos. Contudo, algumas pessoas não puderam ir, pois < Í & T « « r t c a c r « t f í w i fãrçsw i
estavam absortas em atividades materiais.
c i i p ? c a e s « T c a T , asfà fè-st^ T a » w i m II
V E R S O 13
ei-mata ãvese tãrilã tribhuvana
rai-Tai rarfarra st^ crç i a < W i gaude yaiche ãvesa, kari dig daraéana
ei-mata—dessa maneira; ãyese—dotando de poder; tãrilã tri-bhuvana—libertou
c r t A T s v #1TOTCÇ ^ c ? r ' « r r c a W n i - s n
todos os três mundos; gaude— na Bengala; yaiche—como; ãveéa—dotando de poder;
kari dik daraéana—descreverei sucintamente.
tã-sabã tãrite prabhu sei saba deée
yogya-bhakta jiva-dehe karena 'ãveée'
TRADUÇÃO—Dessa maneira, árí Caitanya Mahaprabhu libertou todos os três
tã-sabã—todas elas; tarife—para salvar; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; sei—
mundos, não só com Sua presença pessoal, mas também dotando outros de poder.
aquelas; saba—todas; deée— em regiões; yogya-bhakta—um devoto qualificado; jiva-
Farei uma descrição sucinta de como foi que Ele deu poderes a um devoto da
dehe—no corpo dessa entidade viva; karena—faz; ãvese—entrada.
Bengala.
V E R S O 16
TRADUÇÃO—Para salvar as pessoas que, em regiões de todo o universo, não pu-
deram encontrar-se com Ele, ári Caitanya Mahaprabhu pessoalmente entrou nos « ( f ^ a l - T ^ i c a s 5 5 SIÇT-AWIBTFI I
corpos de devotos puros.
V E R S O 14
•ttr-fcraw c $ « i a® «frarfãi n i* n
hãse, kãnde, nãce, gãya unmatta hanã arca r.«ni <srca TO,-' ** çawra' i
graha-grasta-prãya—exatamente como alguém perseguido por fantasmas; nakula— <5f*ra »«fc* citas 5 5 o s t c i w i 1 1 5 1 1
Nakula Brahmacãri; prema-ãvista hanã—estando dominado pelo amor extático a
Deus; hãse—ri; kãnde—chora; nãce—dança; gãya—canta; unmatta hanã—tal qual um yãre dekhe tare kahe, — 'kaha krsna-nãma'
louco. tãhhãra daréane loka haya premoddãma
yãre dekhe—a qualquer pessoa que via; fãre kahe—ele dirige-se a ela; kaha krsna-
nãma— meu caro amigo, canta o santo nome de Krsna; tãhhãra daréane—ao verem-
TRADUÇÃO—Nakula Brahmacãri ficou tal qual um homem perseguido por fan- no; loka haya—as pessoas ficavam; prerna-uddàma—altamente enlevadas em amor
a
tasmas. Assim, ora ria, ora chorava, ora dançava, ora cantava feito louco. Deus.
Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2
Verso 28 O castigo de Haridãsa Júnior 113
112
a t f e * aferl « c a fàsra asfài 11 n TRADUÇÃO—Havia uma grande multidão de pessoas, algumas vindo e outras
indo. Na verdade, algumas pessoas dessa imensa multidão não podiam sequer
pariksã karite tãhra yabe icchã haila ver Nakula Brahmacãri.
bãhire rahiyã tabe vicãra karilã V E R S O 27
pariksã karite—de testar; tãhra—de Sivãnanda Sena; yabe—quando; icchã— desejo;
haila—houve; bãhire rahiyã—ficando do lado de fora; tabe— nessa altura; vicãra kari- «rfíacT awetaT TO, 'f*taf*w «rtcç çca i
lã—ponderou. ®« S5 S t f à at5, Cat1t5 <5t5tí* II' v i li
TRADUÇÃO—Desejando testar a autenticidade de Nakula Brahmacãri, ele ficou
ãveée brahmacãri kahe, — 'éivãnanda ache dure
do lado de fora, pensando o seguinte.
jana dui cãri yãha, bolãha tãhãre'
ãveée—nesse estado de sujeição; brahmacãri kahe—Nakula Brahmacãri disse; s'iüã-
V E R S O S 24—25
nanda—Sivãnanda Sena; ache dure—está a alguma distância daqui; jana—pessoas;
" « T M W CatlTít cajtta, 55) Jjfw ssrtfsi I dui—duas; cãri—quatro; yãha—ide; bolãha tãhãre—chamá-lo.
•errata 5è-ia «sfttsr TO" « r f t f i II 58 II
TRADUÇÃO—Estando inspirado, Nakula Brahmacãri disse: "Sivãnanda Sena está
<sta wtra, 5*5tc<5 5a ^ « - ' « r r c a c » ! i" a alguma distância daqui. Dois ou quatro de vós ide chamá-lo."
m fèfs' f»rara»«t a f è n ç a w t 1 1 n
VERSO 28
"ãpane bolãna more, ihã yadi jãni
l
ãmãra ista-mantra jãni' kahena ãpani Btfãfwcai ara citca* f«ratíW a t i i
faatswf c^t^, curara catira ^m\f[ 11 *> 11
tabe jãni, ihhate haya caitanya-ãveée'
eta cinti' éivãnanda rahilã düra-deée
114 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2 Verso 33 O castigo de Haridãsa Júnior 115
cãri-dike dhãya loke 'éivãnanda' bali 'gaura-gopala mantra' tomara cãri aksara
éivãnanda kon, tomãya bolãya brahmacãri aviévãsa chãda, yei kariyãcha antara"
cãri-dike—nas quatro direções; dhãya loke—as pessoas puseram-se a correr; éivã- gaura-gopãla mantra—o mantra Gaura-gopãla; tomara—teu; cãri aksara—composto
nanda bali—gritando o nome de Sivãnanda; éivãnanda kon—quem quer que seja de quatro sílabas; aviévãsa chãda—destrói tuas dúvidas; yei—que; kariyãcha antara—
Sivãnanda; tomãya—a ti; bolãya—chama; nakula brahmacãri—Nakula Brahmacãri. aninhaste dentro de tua mente.
T R A D U Ç Ã O — L o g o , as pessoas puseram-se a correr de um lado para outro, cha- TRADUÇÃO—"Cantas o mantra Gaura-gopãla, composto de quatro sílabas. Agora,
mando em todas as direções: "Sivãnanda! Quem quer que seja Sivãnanda, por por favor, destrói as dúvidas que se abrigaram dentro de t i . "
favor, vem! Nakula Brahmacãri está te chamando!"
SIGNIFICADO—Em seu Amrta-pravãha-bhãsya, Srila Bhaktivinoda Thãkura explica
VERSO 29 o mantra Gaura-gopãla. Os adoradores de Sri Gaurasundara aceitam as quatro
sílabas gau-ra-ah-ga como sendo o mantra Gaura, mas, os adoradores puros de
«fã'ftatsw @m t w % w f è i i Rãdhã e Krsna aceitam as quatro sílabas rã-dhã krs-na como sendo o mantra Gaura-
spwta fHf € n fspf d» a f r i II II gopãla. Entretanto, os Vaisnavas consideram que Sri Caitanya Mahaprabhu não
é diferente de Rãdhã-Krçna (éri-krsna-caitanya rãdhã-krsna nahe anya). Por isso,
éuni' éivãnanda sena tãhhã éighra ãila aquele que canta o mantra Gaurãhga e aquele que canta os nomes de Rãdhã e
namaskãra kari' tãhra nikate vasila Krçna estão no mesmo nível.
éuni'—ouvindo; éivãnanda sena—chamado Sivãnanda Sena; tãhhã—tá; éighra—
rapidamente; ãila—veio; namaskãra kari'—prestando reverências; tãnra nikate—perto V E R S O 32
dele; vasila—sentou-se.
«ca f»fat5tcwa JICI «ffrf% wm \
T R A D U Ç Ã O — A o ouvir seu nome ser chamado, Sivãnanda Sena apressou-se em «estas iiitsi asfà' a«E «fv tei n n
ir até lá, prestou reverências a Nakula Brahmacãri e sentou-se próximo a ele.
tabe éivãnandera mane pratiti ha-ila
V E R S O 30 aneka sammãna kari' bahu bhakti kaila
tabe—nessa ocasião; éivãnandera—de Sivãnanda Sena; mane—na mente; pratiti
aisBtft Wbr- ""gf*. asfãen | ha-ila—houve confiança; aneka sammãna kari'—prestando-lhe muito respeito; bahu
(U^s-SHl Çdjrj «A <5tçRt fà»5ÍI II >S° II bhakti kaila—prestou-lhe serviço devocional.
brahmacãri bale, — "tumi karilã saméaya TRADUÇÃO—Nessa ocasião, Sivãnanda Sena desenvolveu em sua mente a plena
eka-manã hanã éuna tãhãra niécaya confiança de que Nakula Brahmacãri estava embebido da presença de Sri
brahmacãri bale—Nakula Brahmacãri disse; tumi—tu; karilã saméaya—duvidaste; Caitanya Mahaprabhu. Sivãnanda Sena passou, então, a prestar-lhe respeitos
eka-manã hanã—com muita atenção; éuna—por favor, ouve; tãhãra—quanto a isto; e serviço devocional.
niécaya—definição. V E R S O 33
TRADUÇÃO—Nakula Brahmacãri disse: "Sei que tens dúvidas. Então, por favor, tiRm I t M f * « r f r o j « f e t a i
presta muita atenção a esta evidência." <aca «st «fça cacç *a '«stfà^ta n' -a-® 11
V E R S O 31 ei-mata mahãprabhura acintya prabhãva
ebe éuna prabhura yaiche haya 'ãvirbhãva'
'cífWrt^tti ia' csftta 5 t f ã i ^ a i ei-mata—dessa maneira; mahãprabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; acintya
«rfà'3fi ç f ? , crç asfàíTíg «ps* ii" « 5 II prabhãva—influência inconcebível; ebe—agora; éuna—ouvi; prabhura—de Srí Caitanya
Mahaprabhu; yaiche—de que maneira; haya—há; ãvirbhãva—aparecimento.
116 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 2
Verso 39 O castigo de Haridãsa Júnior 117
TRADUÇÃO—Portanto, devemos compreender as potências inconcebíveis de Srí
VERSO 37
Caitanya Mahaprabhu. Por favor, ouvi agora enquanto relato como é que ocorre
Seu aparecimento [ãvirbhãva]. fiaticii* «tftsn iNfa-cn *rfjj i
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu sempre aparecia em quatro lugares — no TRADUÇÃO—Certo ano, Srikãnta Sena foi sozinho a Jagannãtha Puri, muito de-
templo doméstico de mãe Saci, nos lugares onde Sri Nityãnanda Prabhu dançava, sejoso de ver o Senhor.
na casa de Srívãsa Pandita durante o canto congregacional e na casa de Rãghava
Pandita. Ele aparecia devido à Sua atração ao amor de Seus devotos. Esta é Sua
V E R S O 39
característica natural.
V E R S O 36 * 5 t « r ç > « t e * c»f»r m fon i
s j f a ^ ç t s C T * « t f c t « n f ã ^ r a 5<*&1 i l f l - 3 5 C « C 5 l «CÇp f*t*PCl> * f 5 1 l II II
güBWH ^ f w l , «151 «1 «ti ÍWl II II mahaprabhu tare dekhi' bada krpã kailã
mãsa-dui tenho prabhura nikate rahilã
nrsimhãnandera ãge ãvirbhüta hanã mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tare—a ele; dekhi'—vendo; bada krpã
bhojana karilã, tãhã suna mana diyã kailã—concedeu muita misericórdia; mãsa-dui—por dois meses; tenho—Srikãnta
nrsimhãnandera—o brahmacãri conhecido como Nrsirhhãnanda; ãge—perante; ãvir- Sena; prabhura nikate—próximo a Sri Caitanya Mahaprabhu; rahilã—permaneceu.
bhüta hanã—aparecendo; bhojana karilã—Ele aceitou oferendas de alimentos; tãhã—
isto; éuna—ouvi; mana diyã—com atenção.
TRADUÇÃO—Ao ver Srikãnta Sena, Sri Caitanya Mahaprabhu concedeu-lhe mise-
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu apareceu perante Nrsirhhãnanda Brahma-
ricórdia imotivada. Em Jagannãtha Puri, por cerca de dois meses, Srikãnta Sena
cãri e comeu-lhe as oferendas. Por favor, ouvi sobre isto com atenção.
permaneceu pertinho de Srí Caitanya Mahaprabhu.
Verso 45 O castigo de Haridãsa Júnior 119
118 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 2
V E R S O 43
V E R S O 40
«rsrtftíW 5 5 « 1 5 1 , É « 5 5 l f « « F l faC5 I
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V E R S O 41 Ü t o f J «Iffaíll f f i f t ç ? I C f f 5>f51 I
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4 - 5 « , l 3 «151 «rffa ^ ^ « r W C T l
«1515 f a f i * i . i 5 «ntrotfa 1 W I I 8 1 I I éri-kãnta ãsiyã gaude sandeéa kahilã
éuni' bhakta-gana-mane ãnanda ha-ila
e-vatsara tãhhã ãmi yãimu ãpane éri-kãnta—Srikãnta Sena; ãsiyã—retornando; gaude—na Bengala; sandeéa—men-
tãhãi milimu saba advaitãdi sane sagem; kahilã—transmitiu; éuni'—ouvindo; bhakta-gana-mane—nas mentes de todos
e-vatsara—este ano; tãhhã—lá (à Bengala); Ãmi—Eu; yãimu—irei; ãpane—pessoal- os devotos; ãnanda ha-ila—houve muita felicidade.
mente; tãhãi—lá; milimu—encontrarei; saba—todos; advaita-ãdi—a começar por
Advaita Ãcãrya; sane—com. TRADUÇÃO—Quando Srikãnta Sena voltou à Bengala e transmitiu essa mensa-
gem, as mentes de todos os devotos ficaram muito satisfeitas.
TRADUÇÃO—"Este ano irei pessoalmente à Bengala e encontrar-Me-ei lá com
todos os devotos, a começar por Advaita à c ã r y a . " VERSO 45
V E R S O 42 SflCSfall « U & t 5 , 5 Í 5 1 1 f% 5 4 3 1 I
!
fafatiW, SflW*W <TC5 S t « T t « t 1 5sf%5l II 84 II
f a l t ü C * * 5=155,—«rtfa 4 5 6*i l*p3Jtr,1 I
«H6fac« «ra«D «Ufa 5 1 5 5 « * 1 5 1tC*t II 84 II calitechilã ãcãrya, rahilã sthira hanã
éivãnanda, jagadãnanda rahe pratyãéã kariyã
éivãnande kahiha,—ãmi ei pausa-mãse calitechilã—estava pronto para ir; ãcãrya—Advaita Ãcãrya; rahilã—permaneceu;
ãcambite avaéya ãmi yãiba tãhra pãée sthira hanã—ficando sem movimento; éivãnanda— Sivãnanda; jagadãnanda—Jagadã-
éivãnande kahiha—informa a Sivãnanda Sena; ãmi—Eu; ei—este; pausa-mãse—no nanda; rahe—permanecem; pratyãéã kariyã—na expectativa.
mês de dezembro; ãcambite—de repente; avaéya—com certeza; ãmi—Eu; yãiba—irei;
tãhra pãée—à sua casa. TRADUÇÃO—Advaita Ãcãrya estava a ponto de ir para Jagannãtha Puri com os
outros devotos, mas, ao ouvir esta mensagem, Ele aguardou. Sivãnanda Sena
e Jagadãnanda também desistiram da viagem, esperando a chegada de Sri
TRADUÇÃO—"Por favor, informa a Sivãnanda Sena que é bem certo que Eu vá Caitanya Mahaprabhu.
à sua casa em dezembro."
120 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2 121
Verso 52 O castigo de Haridãsa Júnior
tãhhãra prabhãva-prema jãne dui-jane kãli madhyãhne tenho ãsibena tomara ghare
ãnibe prabhure ebe niécaya kailã mane pãka-sãmagri ãnaha, ãmi bhiksã dimu tãnre
tãhhãra—sua; prabhãva—influência; prema—amor a Deus; jãne— conhecem; dui- kãli madhyãhne—amanhã ao meio-dia; tenho—Ele; ãsibena—virá; tomara ghare—à
jane—os dois; ãnibe prabhure—ele trará Sri Caitanya Mahaprabhu; ebe—agora; tua casa; pãka-sãmagri ãnaha—por favor, traze tudo o que for necessário para cozi-
niécaya kailã mane—eles, no íntimo, ficaram imensamente seguros. nhar; ãmi—eu; bhiksã dimu—cozinharei e oferecerei comida; tãnre—a Ele.
TRADUÇÃO—Sivãnanda e Jagadãnanda conheciam como Nrsimhãnanda Brahma- T R A D U Ç Ã O — " A m a n h ã à tarde Ele chegará à tua casa. Por isso, por favor, traze
cãri tinha influência e quanto amava a Deus. Portanto, sentiam-se seguros de todos os gêneros de ingredientes culinários. Eu pessoalmente cozinharei e
que, com certeza, ele agora traria Sri Caitanya Mahaprabhu. oferecer-Lhe-ei a comida."
V E R S O 53 V E R S O 56
V E R S O 62
V E R S O 59
cwct, « n f à ' af>wi ç F s s K i t t i t f i s » i
f o * ç e i n «rrfcil, f a g « r c f a è * r r ! » n
srfsrl ? i « R , ftfrl, » t ? «í«1 S f ç f ? II <t» II
dekhe, éighra ãsi' vasilã caitanya-gosãhi
prãtah-kãla haite pãka karilã apara
tina bhoga khãilã, kichu avaéista nãi
nãnã vyahjana, pithã, ksira nãnã upahãra
dekhe—ele vê; sTgnra ãsi'—vindo rapidamente; vasilã—sentou-Se; caitanya-gosãhi—
prãtah-kãla haite—começando de madrugada; pãka karilã apara—cozinhou muitas
Sri Caitanya Mahaprabhu; tina bhoga—as três oferendas separadas; khãilã—Ele
variedades de alimentos; nãnã vyahjana—variedades de legumes; pithã—bolos;
comeu; kichu avaéista nãi— não ficou nenhuma sobra.
ksira—arroz doce; nãnã—diversas; «panara—oferendas de alimentos.
V E R S O 67 VERSO 70
^9° « t a f f l . ç a s è F s s K i f f í i t f a R i f*rar*w TO,-'cto a>a«? f «.asfa ?'
wa*w-*j>K*-»w f>g «ri? II i,o, H cM TO,—"cw«t <?st*rra «rça aiaçta n i« n
Verso 76 O castigo de Haridãsa Júnior 129
128 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 2
eka-dina—certo dia; sabhãte—na presença de todos os devotos; prabhu—Sri ei-mata éaci-grhe satata bhojana
Caitanya Mahaprabhu; vãta cãlãilã—comentou sobre o tópico (da refeição na casa érivãsera grhe karena kirtana-daréana
de Nrsirhhãnanda); nrsimhãnandera—de Nrsirhhãnanda Brahmacãri; guna—quali- ei-mata—dessa maneira; éaci-grhe—na casa de Sacímãtã; satata—sempre; bhojana—
dades transcendentais; kahite lãgilã—começou a falar. comendo; érivãsera grhe—na casa de Srívãsa Thãkura; karena—realiza; kirtana-dar-
éana—visitas às execuções de kirtana.
T R A D U Ç Ã O — C e r t o dia, na presença de todos os devotos, o Senhor comentou
sobre esses tópicos relacionados a Nrsimhãnanda Brahmacãri, ocasião em que TRADUÇÃO—Dessa maneira, Sri Caitanya Mahaprabhu, todos os dias, costumava
louvou-lhe as qualidades transcendentais. comer no templo de Sacímãtã e também visitava a casa de Srívãsa Thãkura
quando havia kirtana por lá.
V E R S O 77
V E R S O 80
"st&ti c*kx catca c«tsrsi i
fàsiiíic'»?! a s i c<fc*« « n f à ' artes ? f « i
'fsrcrea i t f i r é t i ' S I T O S <q« II b-° 11
'gata-varsa pause more karãilã bhojana
kabhu nãhi khãi aiche mistãnna-vyahjana' nityãnandera nrtya dekhena ãsi' bãre bãre
gata-varsa—no ano passado; pouse—no mês de pausa (dezembro-janeiro); more—a 'nirantara ãvirbhãva' rãghavera ghare
Mim; karãilã bhojana—ofereceu muitas preparações; kabhu nãhi khãi—Eu nunca sabo- nityãnandera nrtya—a dança de Sri Nityãnanda Prabhu; dekhena—Ele vê; ãsi'—
reei; aiche—semelhantes; mistãnna—doces; vyahjana—legumes. vindo; bãre bãre—vezes e mais vezes; nirantara ãvirbhãva—constante aparecimento;
rãghavera ghare—na casa de Rãghava.
T R A D U Ç Ã O — O Senhor disse: " N o ano passado, no mês de pausa, quando
Nrsimhãnanda deu-Me variedades de doces e legumes para comer, eles estavam T R A D U Ç Ã O — D e modo semelhante, Ele sempre estava presente quando Nityã-
tão bons que era como se Eu nunca houvesse comido preparações tão saborosas nanda Prabhu dançava, e aparecia com muita regularidade na casa de Rãghava.
antes."
V E R S O 81
V E R S O 78
T R A D U Ç Ã O — A o ouvirem isto, todos os devotos ficaram tomados de espanto, e T R A D U Ç Ã O — O Senhor Gaurasundara deixa-Se influenciar intensamente pelo
Sivãnanda ficou confiante de que o incidente aconteceu mesmo. amor de Seus devotos. Logo, onde quer que haja devoção pura ao Senhor, sub-
jugado por tal amor, o próprio Senhor aparece, e, então, Seus devotos vêem-nO.
V E R S O 79
V E R S O 82
•Ü*T3 "tfrTO mm I
S N f F H t TO TO« -^\4n-Vf^ || is, || f " W T O R I o a ^ m cf ffkcs t t w T
â t ? c a i e i ai <arç_"sit^CT a t r a atca 11 *K II
132 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2 Verso 8 7 O castigo de Haridãsa Júnior 133
SIGNIFICADO—Para a descrição de Bhagavãn Ãcãrya, pode-se consultar o Ãdi-lilã, TRADUÇÃO—Bhagavãn Ãcãrya fazia, em sua casa, variadas preparações de arroz
Décimo Capítulo, verso 136. e
legumes e levava o Senhor até lá, para comer sozinho.
Verso 92 O castigo de Haridãsa Júnior 135
134 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 2
V E R S O 90
SIGNIFICADO—Em geral, aqueles que convidavam Sri Caitanya Mahaprabhu para
jantar costumavam oferecer-Lhe os restos dos alimentos primeiramente oferecidos «rf&rt «fçtca « r f T O fàcrfèii i
ao Senhor Jagannãtha. No_entanto, ao invés de dar-Lhe os restos do alimento
«Mift s*$ fere 11 tt^n 1 s>« u
de Jagannãtha, Bhagavãn Ãcãrya preparava a refeição em sua própria casa. Em
Orissa, o alimento oferecido ao Senhor Jagannãtha chama-se prasãdi, e aquele que ãcãrya tãhãre prabhu-pade milãilã
não é oferecido ao Senhor Jagannãtha é conhecido como ãmãni, ou ghara-bhãta, antaryãmi prabhu citte sukha nã pãilã
arroz preparado em casa. ãcãrya—Bhagavãn Ãcãrya; tãhãre—a ele (seu irmão); prabhu-pade milãilã—levou
para encontrar-se com Sri Caitanya Mahaprabhu; antaryãmi prabhu—o Senhor Sri
VERSO 88 Caitanya Mahaprabhu, que podia estudar o coração de todos; citte— no íntimo;
TRADUÇÃO—Gopãla Bhattãcãrya, irmão de Bhagavãn Ãcãrya, estudara a filosofia ctmrfipca «rtsrá TO «rra fro 1
Vedanta em Benares, após o que regressou à casa de Bhagavãn Ãcãrya. 'carre tí|ai cift*fW «nutres? isirci 11 11
svarüpa gosãhire ãcãrya kahe ãra dine
SIGNIFICADO—Durante aqueles dias e também atualmente, estuda-se a filosofia
'vedanta padiyâ gopãla ãisãche ekhãne
Vedanta através do comentário Sãriraka-bhãsya de Sarikarãcãrya. Assim, ao que svarüpa gosãhire—a Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; ãcãrya—Bhagavãn Ãcãrya;
parece, Gopãla Bhattãcãrya, irmão mais novo de Bhagavãn Ãcãrya, estudara o kahe—diz; ãra dine—no dia seguinte; vedanta padiyã— após estudar o Vedanta;
Vedanta à maneira do Sãriraka-bhãsya, que expõe a filosofia Mãyãvãda dos imperso- gopãla—Gopãla; ãisãche—voltou; ekhãne—para cá.
nalistas.
136 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2 Verso 96 O castigo de Haridãsa Júnior 137
TRADUÇÃO—Bhagavãn Ãcãrya disse a Svarüpa Dãmodara: "Gopãla, que é meu TRADUÇÃO—"Ao ouvir o Sãriraka-bhãsya, o comentário Mãyavada sobre o
irmão mais novo, tendo concluído seu estudo de filosofia Vedanta, voltou para Vedãnta-sütra, o Vaisnava renega a atitude consciente de Krsna segundo a qual
minha c a s a . " o Senhor é o amo e a entidade viva, o servo, e, ao invés disso, considera-se a
VERSO 93 si mesmo como sendo o Senhor S u p r e m o . "
4
TO csTÜf «rfcl> « f à « t s ' I s t a "ate'!
caja-capti a-fa' wt 3 P H arca ii s>« II SIGNIFICADO—De um modo geral, os filósofos conhecidos como kevalãdvaita-vãdls
ocupam-se em ouvir o Sãriraka-bhãsya, o comentário impersonalista de Sarikarã-
sabe meíi' õisa, suni 'bhãsya' ihãra sthãne' cãrya segundo o qual todos são tidos como o Senhor Supremo. Tais comentários
prema-krodha kari' svarüpa balaya vacane filosóficos Mâyâvãdas sobre o Vedanta são meras imaginações, mas há outros
sabe meli'—todos juntos; õisa—vinde; éuni—ouçamos; bhã$ya—o comentário; ihãra comentários sobre a filosofia Vedanta. O comentário de Srila Rãmãnujãcãrya, co-
sthãne— dele; prema-krodha kari'—por amor, sentindo muita ira; svarüpa—Svarüpa nhecido como Sri-bhãsya, estabelece a filosofia viéistãdvaita-vãda. De modo seme-
Dãmodara; balaya vacane—disse essas palavras. lhante, na Brahma-sampradãya, o Pümaprajha-bhãsya de Madhvãcãrya estabelece
o éuddha-dvaita-vãda. Na Kumãra-sampradãya, ou Nimbãrka-sampradãya, Srí
T R A D U Ç Ã O — B h a g a v ã n Ãcãrya pediu que Svarüpa Dãmodara ouvisse Gopãla Nimbãrka, em seu Pãrijãta-saurabha-bhãsya, estabelece a filosofia dvaitãdvaita-vãda.
comentar o Vedanta. Entretanto, um tanto irado devido ao amor, Svarüpa E na Viçnusvãmi-sampradãya, ou Rudra-sampradãya, proveniente do Senhor
Dãmodara Gosvãmi falou o seguinte. Siva, Viçnusvãmí escreveu um comentário chamado Sarvajha-bhãsya, que estabe-
lece o éuddhãdvaita-vãda.
V E R S O 94 O Vaisnava deve estudar os comentários sobre o Vedãnta-sütra escritos pelos
u
aj% sà cm ffÇMl ctiwtcm 1OT i quatro sampradãya-ãcãryas, a saber, Sri Rãmãnujãcãrya, Madhvãcãrya, Viçnusvãmí
e Nimbãrka, pois estes comentários baseiam-se na filosofia de que o Senhor é
srtatatw «fsrarca «tfsrei TO II s>8 II o amo e todas as entidades vivas são Seus servos eternos. Todos os interessados
"buddhi bhrasta haila tomara gopãlera sahge em estudar convenientemente a filosofia Vedanta devem buscar esses comentários,
mãyãvãda éunibãre upajila range especialmente quem é Vaisnava. Os Vaiçnavas sempre adoram esses comentários.
buddhi—inteligência; bhrasta—perdida; haila—foi; tomara—tua; gopãlera sahge— O comentário de SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati é apresentado elaboradamente
na companhia de Gopãla; mãyãvãda éunibãre—de ouvir o comentário da filosofia no Ãdi-lilã, Sétimo Capítulo, verso 101. O comentário Mãyãvãda Sãriraka-bhãsya
Mãyãvãda; upajila range—surgiu a propensão. é um veneno para o Vaisnava. Definitivamente, não se deve tocá-lo. SrUa Bhakti-
vinoda Thãkura observa que, mesmo um mahã-bhãgavata, ou um devoto altamente
TRADUÇÃO—"Associando-te com Gopãla, perdeste tua inteligência. Por isso, elevado, rendido aos pés de lótus de Krçna, às vezes cai do serviço devocional
estás ansioso por ouvir a filosofia M ã y ã v ã d a . " puro quando ouve a filosofia Mãyãvãda do Sãriraka-bhãsya. Por isso, todos os
Vaiçnavas devem ficar bem longe deste comentário.
VERSO 95
T R A D U Ç Ã O — " A filosofia Mãyãvãda apresenta um malabarismo de palavras tão jíva—o ser vivo comum; ajhãna—por ignorância; kalpita—imaginado; iévare— no
forte que mesmo um devoto altamente elevado que aceitou Krsna como sua vida Senhor Supremo; sakala-i ajhãna—toda a ignorância; yãhãra éravane—ouvindo o
e alma muda de idéia ao ler o comentário Mãyãvãda sobre o Vedãnta-sütra." que; bhaktera—do devoto; phãte—parte; mana prãna—mente e vida.
VERSO 97 T R A D U Ç Ã O — " O filósofo Mãyãvãdi tenta estabelecer que a entidade viva é mera
fantasia e que a Suprema Personalidade de Deus está sob a influência de mãyã.
<errt»ta TO, - ' « i t a l aata çaifàé-ftíca i Ouvir esse tipo de comentário parte o coração e a vida do devoto."
« r t a i aara *ia «te atra f à ^ t s 11' &i u
SIGNIFICADO—Srila Svarüpa Dãmodara Gosvãmi quis inculcar em Bhagavãn
ãcãrya kahe, — 'ãmã sabãra krsna-nistha-citte Ãcãrya que, muito embora uma pessoa firmemente estabelecida na devoção ao
ãmã sabãra mana bhãsya nãre phirãite' serviço a Krçna talvez não se desvie ao ouvir o bhãsya Mãyãvãda, no entanto,
ãcãrya kahe—Bhagavãn Ãcãrya replicou; ãmã sabãra—de todos nós; krsna-nistha— esse bhãsya é repleto de palavras e idéias impessoais, tais como Brahman, que,
devotados a Krçna; ciffe—corações; ãmã sabãra—de todos nós; mana—mentes; mesmo representando conhecimento, não deixam de ser impessoais. Os Mãyã-
bhãsya—Sãriraka-bhãsya; nãre phirãite—não pode mudar. vãdis dizem que o m u n d o criado por mãyã é falso, e que, na realidade, não há
nenhuma entidade viva, mas apenas uma refulgência espiritual. E mais, dizem
que Deus é imaginário, que é só devido à ignorância que as pessoas pensam em
T R A D U Ç Ã O — A despeito do protesto de Svarüpa Dãmodara, Bhagavãn Ãcãrya
Deus, e que, quando mãyã, a energia externa, ilude a Suprema Verdade Absoluta,
prosseguiu: "Todos nós, com nossos corações e almas, estamos fixos aos pés
Ele converte-Se numa jíva, ou entidade viva. Ao ouvir um nâo-devoto propalar
de lótus de Krsna. Por isso, o Sãriraka-bhãsya não iria mudar nossas opiniões."
tantas idéias absurdas, o devoto fica muito aflito, como se lhe quebrassem o
coração e a alma.
VERSO 98
VERSO 99 V E R S O 101
VERSO 104
eka-dina—certo dia; acarya—Bhagavãn Ãcãrya; prabhure—a Sri Caitanya Maha-
prabhu; kailã nimantrana—convidou p a r a j a n t a r ; ghare—em casa; bhãta kari'—co- Ttfaílsi? « f t a r c*fe, ara-at^ft-cvrtT i
zinhando arroz; kare—prepara; vividha vyahjana—variedades de preparações de
legumes.
^ « 1 «iftsTt «IT? •ngsrl c ^ f t II >8 II
mãhitira bhagini sei, nãma—mãáhavl-áevi
TRADUÇÃO—Certo dia, Bhagavãn Ãcãrya convidou Sri Caitanya Mahaprabhu
vráàhã tapasvini ãra parama vaisnavi
para jantar em sua casa. Dessa maneira, ele estava preparando arroz e diversas
mãhitira bhagini—irmã de Sikhi Mãhiti; sei—essa; nãma—chamada; mãdhavi-devl—
classes de legumes.
conhecida como Mãdhavídevi; vràãhã— uma senhora idosa; tapasvini— muito
V E R S O 102 estrita e m executar serviço devocional; ãra—e; parama vaisnavi—uma devota de
primeira classe.
'tfèrMfiw w srtst $ $ 8 ^té*rrsi i
« T S 1 C 5 TO*I « 1 1 5 1 5 <Stf%5l «ttfsRil II 1 •> 4. I! T R A D U Ç Ã O — A irmã de Sikhi Mãhiti chamava-se Mãdhavídevi. Ela era uma
senhora idosa que sempre praticava austeridades. Era muito avançada em serviço
'chofa-haridãsa' nãma prabhura kirtaniyã devocional.
tãhãre kahena ãcãrya àãkiyã ãniyã V E R S O 105
chota-hariàãsa nãma—um devoto chamado Chota Haridãsa; prabhura kirtaniyã—
um cantor de melodias para Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhãre—a ele; kahena—diz; « j ç c w i TO atra-atr^ra "W i
ãcãrya—o ãcãrya; àãkiyã ãniyã—chamando-o à sua casa. 4
Wfcm TOJ »tta'—STfC? foi II l°<r II
T R A D U Ç Ã O — U m devoto chamado Chota Haridãsa costumava cantar para Sri
prabhu lekhã kare yãre—rãdhikãra 'gana'
Caitanya Mahaprabhu. Bhagavãn Ãcãrya chamou-o até à sua casa e falou-lhe
o seguinte.
jagatera madhye 'pãtra'—sãde tina jana
prabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; lekhã kare—aceita; yãre—a quem; rãdhikãra
V E R S O 103 gana—como uma das companheiras de Srimatí Rãdhãrãni; jagatera madhye—no
' C T Í 5 1 t C 5 ftft-5tfèf%5 «faííVstCT ft*1 1 mundo inteiro; pãtra—devotos muito íntimos; sãde tina—três e meia; jana—pessoas.
«3^1=1 sita « T R s ? 5tp5t5l II' l = s I I
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu aceitava que anteriormente ela fora uma
'mora nãme éikhi-mãhitira bhagini-sthãne giyã companheira de Srimatí Rãdhãrãni. No mundo inteiro, os devotos íntimos dEle
éukla-cãula eka mana ãnaha mãgiyã' eram três pessoas e meia.
mora nãme—em meu nome; éikhi-mãhitira—de Sikhi Mãhiti; bhagini-sthãne—na
casa da irmã; giyã—indo; éukla-cãula—arroz branco; eka mana—a medida de uma
V E R S O 106
mana; ãnaha—por favor, traze; mãgiyã—pedindo.
im CttUtfàft «115 5 ( 5 5l5T*Wf |
T R A D U Ç Ã O — " P o r favor, vai ter com a irmã de Sikhi Mãhiti. Em meu nome,
pede-lhe uma mana de arroz branco e traze-o a q u i . "
frfà-Ttfçfè—fèü, « T 5 « f à t t - « ! 5 S H II l o « n
svarüpa gosãni, ãra rãya rãmãnanda
SIGNIFICADO—Na índia, éukla-cãula (arroz branco) também é chamado de ãtapa-
éikhi-mãhiti—tina, tãhra bhagini—ardha-jana
cãula, ou arroz que não foi cozido antes de ser debulhado. Outra categoria de
svarüpa gosãni—chamado Svarüpa Gosvãmi; âra—e; rãya rãmãnanda—Rãmãnanda
arroz, chamado sidàha-cãula (arroz marrom), é cozido sem ter sido debulhado.
Rãya; éikhi-mãhiti— Sikhi Mãhiti; fino—três; tãnra bhagini—sua irmã; ardha-jana—
Em geral, usa-se fino arroz branco de primeira classe para se fazer oferendas à m
e i a pessoa.
Deidade. Assim, Bhagavãn Ãcãrya pediu que Chota Haridãsa, ou Haridãsa Júnior,
um cantor no grupo de Sri Caitanya Mahaprabhu, conseguisse com a irmã de
Sikhi Mãhiti um pouco desse arroz. E m Orissa, mana é uma grandeza para medir T R A D U Ç Ã O — O s três eram Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, Rãmãnanda Rãya e
a i T o z e outros grãos alimentícios e cereais. Sikhi Mãhiti, e a meia pessoa era a irmã de Sikhi Mãhiti.
142 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2
Verso 112 O castigo de Haridãsa Júnior 143
V E R S O 107
TRADUÇÃO—Ao meio-dia, quando ári Caitanya Mahaprabhu veio comer as ofe-
rendas de Bhagavãn Ãcãrya, Ele primeiro apreciou o arroz de fina qualidade,
<s*H & t f è p « § i atfa' «itfswi *fàfta i
e, por isso, perguntou-lhe.
<S^*T <?ffã' «ttstcaa «ifàas fceta u n
V E R S O 110
fõnra thãni tandula mâgi' ãnila haridãsa
tandula dekhi' ãcãryera adhika ullãsa « e a «m «ps «OT #t*tcs «tlffciTl ?
tãhra thãni—a ela; tandula mãgi'—pedindo arroz; ãnila haridãsa—Haridãsa trouxe;
tandula dekhi'—ao ver o arroz; ãcãryera—de Bhagavãn Ãcãrya; adhika ullãsa—satis- «rtefa ase*.—awãVtt«r atfaai «rtfã»rl u »• II
fação muito grande.
uttama anna eta tandula kãhhãte pãilã?
TRADUÇÃO—Após pedir-lhe o arroz, Haridãsa Júnior trouxe-o a Bhagavãn Ãcãrya,
ãcãrya kahe,—mãdhavi-pãéa mãgiyã ãnilã
uttama anna—arroz fino; efa—semelhante; tandula—arroz; kãhhãte pãilã—onde
que ficou muito satisfeito ao ver a qualidade do arroz.
obtiveste; ãcãrya kahe—Bhagavãn Ãcãrya respondeu; mãdhavi-pãéa—a Mãdhavídevi;
mãgiyã— pedindo; ãnilã— trouxe.
V E R S O 108
T R A D U Ç Ã O — " O n d e obtiveste arroz tão delicado?" perguntou o Senhor.
Bhagavãn Ãcãrya respondeu: "Pedindo-o a Mãdhavídevi."
esc* a t f o * « r f p f ã » ca a r « a i
crèfi « W t f , «ttf1-5tfa>, e n s a i a i n y » v n V E R S O 111
•«Tff% C T O 4*. cita «flifl »!tfal11 f> itftrsi qr*-*ií*»i> TO S t a t i ?" > i * II
Cfíè * f à » t c ! «.ti « t i r o ai fãal n' >ya II
"kon aparãdha, prabhu, kaila haridãsa?
'ãji haite ei mora ãjnã pãlibã ki lãgiyã dvãra-mãnã, kare upavãsa?"
chota haridãse ihãn ãsite nã dibã' kon aparãdha—que grande ofensa; prabhu—ó Senhor; kaila haridãsa—cometeu
ãji Imite—de hoje; ei—esta; mora—Minha; ãjnã—ordem; pãlibã—deves pôr em p* " 13
Haridãsa; ki lãgiyã— por que motivo; dvãra-mãnã—a porta fechada; kare upavãsa—
tica; chota haridãse—Chota Haridãsa; ihãn—aqui; ãsite—vir; nã dibã—não p e r m i t - 35
ele agora jejua.
T R A D U Ç Ã O — " D e hoje em diante, não permitas que Chota Haridãsa venha aqu*' T R A D U Ç Ã O — " Q u e grande ofensa cometeu Haridãsa Júnior? Por que foi proibido
de chegar à T u a porta? Ele agora está de jejum há três d i a s . "
V E R S O 114
V E R S O 117
Wfa JlHI S f à f t l ?sft foi «TO* I
TO,-"c«raí'it TO « i f f% I
f> itPtal «st*-sft*n c i n ? ütfl> wtc*t II Ü 8 II
cfffàcs «1 i t w f i «rffà « r * R i a * * II i
dvãra mãnã «fliZa, haridãsa duhkhi haila mane
ki lãgiyã dvãra-mãnã keha nãhi jãne prabhu kahe, — "vairãgi kare prakrti sambhãsana
dvãra mãnã—porta fechada; haila—havia; haridãsa—Haridãsa Júnior; àuhkH ~~ l
dekhite nã pãroh ãmi tãhãra vaãana
muito triste; haila mane—ficou no íntimo; ki lãgiyã—por que motivo; dvãra-mãnã'^'
1
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu respondeu; vairãgi— uma pessoa na
porta foi fechada; fceno nãhi jãne—ninguém pôde entender. ordem de vida renunciada; kare—íaz; prakrti sambhãsana—conversa íntima com uma
mulher; dekhite nã pãroh—nem posso ver; ãmi— Eu; tãhãra vadana—seu rosto.
VERSO 1 1 8
SIGNIFICADO—Este verso está incluído no Manu-samhitã ( 2 . 2 1 5 ) e no Srimad-
Bhãgavatam ( 9 . 1 9 . 1 7 ) .
VERSO 1 2 0
*f*?t «lajRs TO TO?f»t ia II Ü V - n
SIGNIFICADO—Os sentidos e os objetos dos sentidos estão em ligação tão íntima TRADUÇÃO—"Existem muitas pessoas que não possuem quase nada e que, iguais
que até a mente de uma grande pessoa santa sente-se atraída a um boneco de a macacos, aceitam a ordem de vida renunciada. Elas vão de um lugar a outro
madeira se ele tem a forma atraente de uma jovem mulher. Os objetos dos senti- em busca de gozo dos sentidos e ficam o tempo todo falando intimidades com
dos, a saber, forma, som, aroma, sabor e toque, sempre atraem os olhos, os ouvi- mulheres."
dos, o nariz, a língua e a pele, respectivamente. Porque os sentidos e os objetos
dos sentidos estão intimamente relacionados, às vezes, mesmo uma pessoa que SIGNIFICADO—Devemos seguir à risca os princípios reguladores, a saber, não pra-
alega ter controle dos sentidos sempre se arrisca a ficar sob o controle dos objetos ticarmos sexo ilícito, não comermos carne, não nos intoxicarmos e não partici-
dos sentidos. É impossível controlarmos os sentidos enquanto não os purificarmos, parmos de jogos de azar, e, dessa maneira, devemos progredir na vida espiritual.
mantendo-os ocupados a serviço do Senhor. Assim, muito embora uma pessoa Se u m a pessoa desqualificada sentimentalmente aceita vairãgya ou toma sannyãsa
santa prometa controlar os sentidos, estes às vezes são perturbados pelos objetos mas, ao mesmo tempo, permanece apegada a mulheres, fica numa situação muito
dos sentidos. perigosa. Sua renúncia é chamada markata-vairãgya, ou renúncia de macaco. O
macaco vive na floresta, come frutas e nem sequer se cobre com uma roupa. Dessa
VERSO 1 1 9
maneira, ele parece um santo, porém, o macaco sempre pensa nas suas macacas
arai wi çfçan *i jtffãfwtirai sc?i<. i e, às vezes, mantém relação sexual com dúzias delas. Isto chama-se markata-
vairãgya. Portanto, quem não está à altura não deve aceitar a ordem de vida
iiiíftfâsarcii faspiifn ^*p5 i >sã I renunciada. Aquele que aceita a ordem de sannyãsa mas então deixa-se agitar pelas
propostas sensuais e mantém conversas íntimas com mulheres chama-se dharma-
mãtrã svasrã duhitrã vã dhvajT, ou dharma-kalahka, que significa que ele traz condenação à ordem religiosa.
nã viviktãsano bhavet Portanto, devemos ter muito cuidado quanto a isso. Srila Bhaktisiddhãnta Sarasva-
balavãn indriya-grãmo tl Thãkura explica a palavra markata no sentido de "inquieto". Uma pessoa in-
vidvãmsam api karsati quieta não pode se manter firme; logo, ela simplesmente anda sem rumo, em
mãtrã—com sua mãe; svasrã—com sua irmã; duhitrã— com sua filha; vã—ou; nã— busca de gozo dos sentidos. Só para conseguir adulações alheias, para conseguir
não; vivikta-ãsanah—sentar-se juntos; bhavet—deve haver; balavãn—muito forte; adoração barata de seus seguidores ou das pessoas em geral, tal pessoa às vezes
indriya-grãmah—o grupo dos sentidos; vidvãmsam—uma pessoa que sabe o que aceita a roupa de sannyãsi ou bãbãji na ordem renunciada, mas não consegue lar-
é liberação; api—mesmo; karsati—atrai. gar os desejos de gozo dos sentidos, especialmente no que se refere a associar-se
com mulheres. Semelhante pessoa não pode avançar na vida espiritual. Existem
TRADUÇÃO—"'Ninguém deve sentar-se pertinho de sua mãe, irmã ou filha, pois oito espécies diferentes de desfrutes sensuais com mulheres, incluindo conversar
os sentidos são tão fortes que podem atrair mesmo uma pessoa avançada em sobre elas e pensar nelas. Sendo assim, para um sannyãsi, um membro da ordem
conhecimento.'"
148 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 2
Verso 126 O castigo de Haridãsa Júnior 149
renunciada, conversar intimamente com mulheres é uma grande ofensa. Sri Rãmã-
TRADUÇÃO—"Haridãsa cometeu uma pequena ofensa", disseram eles. "Portan-
nanda Rãya e Srila Narottama dãsa Thãkura realmente atingiram a fase máxima
to, ó Senhor, por favor, tem misericórdia dele. Agora ele já recebeu uma boa
da ordem renunciada, mas, quem tenta imitá-los, pensando que eles são seres
lição. No futuro, ele não cometerá tal ofensa."
humanos comuns, por causa desse grande erro cai sob a influência da energia
material.
VERSO 1 2 4
VERSO 1 2 1
s f ^ T O , — " c a r a a « t TO c a r a a*i i
<4<5 a>f*' a*t<2ff[ « T e r r o r cwi i
« i í f % a ^ í a T f c r a f * ! a i T O «f«fa u i * 8 n
catarfirm «itwt cf Pi' aca cata teu tspi
prabhu kahe, — "mora vaéa nahe mora mana
eta kahi' mahaprabhu abhyantare gelã
prakrti-sambhãsi vairãgi nã kare daréana
gosãnira ãveéa dekhi' sabe mauna hailã
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu disse; mora vaéa—sob Meu controle;
eta kahi'—dizendo isso; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; abhyantare gelã—
nahe—não está; mora—Minha; mana—mente; prakrti-sambhãsi— alguém que con-
entrou em Seu aposento; gosãnira—de Sri Caitanya Mahaprabhu; ãveéa—concentra-
versa com mulheres; vairãgi— uma pessoa na ordem renunciada; nã kare daréana—
ção na ira; dekhi'—vendo; sabe—todos os devotos; mauna hailã—ficaram silenciosos.
não vê.
TRADUÇÃO—Após dizer isso, Sri Caitanya Mahaprabhu entrou em Seu aposento.
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu disse: "Minha mente não está sob Meu
Vendo-O assim tão irado, todos os devotos ficaram silenciosos.
controle. Ela não gosta de olhar para ninguém que, estando na ordem renunciada,
fica conversando intimamente com mulheres."
V E R S O 122
VERSO 1 2 5
« i r a f s c a TO CTPI' «tçgn RIC*I i
* r a « r t a « r t f a , fa>g fcffl fãcawca ii m u f ã s a-ica" a i * a t i , * t e i«N asai i
<3as a f ã a>* « i t a l a i c r f a t a c * a l n" i*<t 11
ãra dine sabe meii' prabhura carane
nija kãrye yãha sabe, chãda vrthã kathã
haridãsa lãgi, kichu kailã nivedane
punah yadi kaha ãmã nã dekhibe hethã"
ãra dine— no dia seguinte; sabe meii'—todos os devotos, vindo juntos; prabhura
nija kãrye—vossas próprias ocupações; yãha sabe—podeis fazer frente a; chãda—
carane—aos pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu; haridãsa lãgi—em favor de
abandonai; vrthã kathã—conversa inútil; punah—novamente; yadi kaha—se falardes;
Haridãsa Júnior; kichu—algum; kailã nivedane—fizeram pedido.
ãmã—a Mim; nã dekhibe—não vereis; hethã—aqui.
V E R S O 127
V E R S O 130
açtefÇ HfTta? f Í T O çfi, cflH i •Jfsil,- f> «itsfl, C T O C5i i t t n f
^fa STJ Tf* ií)5 HSrf«fÇ* #tl1 II II
5f%«rrci « f i t * i t f i ' teu frowi n >*• u
mahaprabhu madhyãhna karite cali, gelã puchila,—ki ãjnã, kene haila ãgamana?
bujhana nã yãya ei mahãprabhura lílã 'haridãse prasãda lãgi' kailã nivedana
mahaprabhu—èfi Caitanya Mahaprabhu; madhyãhna karite—para realizar Suas puchila—o Senhor perguntou; ki ãjnã—que ordenas; kene haila ãgamana—qual a
atividades do meio-dia; cali—caminhando; gelã—partiu; bujhana nã yãya—ninguém
razão de tua vinda; haridãse prasãda lãgi'—em troca de um favor a Haridãsa Júnior;
podia compreender; ei—este; mahãprabhura lílã— passatempo de Sri Caitanya Maha-
kailã nivedana—ele fez um pedido.
prabhu.
V E R S O 128
V E R S O 131
«rí* fwi TO ^ t i i ^ - n r í c i i
«f*ra1 TO«I «fç,—"«iç, ç-ntitfi» i
'<3TO* e(»ig c^çrl f T O T O II ~i\V II
1 1 C?1>a 1 4 3 1 «Jà 55 4 5 fctf43 II D
ãra dina sabe paramãnanda-puri-sthãne éuniyã kahena prabhu, — "éunaha, gosãni
'prabhuke prasanna kara'—kailã nivedane
ãra dina—no dia seguinte; sobe—todos os devotos; paramãnanda-purí-sthâhe—na saba vaisnava lahã tumi raha ei thãni
casa de Paramãnanda Puri; prabhuke—Sri Caitanya Mahaprabhu; prasanna kara— éuniyã—ouvindo; kahena prabhu—Srí Caitanya Mahaprabhu disse; éunaha—por
por favor, tenta acalmar; kailã nivedane—pediram. favor, ouve; gosãni—Meu senhor; saba vaisnava—todos os Vaisnavas; lahã—acei-
tando; tumi—Vossa Graça; raha—fica; ei thãni—neste local.
T R A D U Ç Ã O — N o dia seguinte, todos os devotos foram ter com ári Paramãnanda
T R A D U Ç Ã O — A o ouvir este pedido, Sri Caitanya Mahaprabhu replicou: "Meu
Puri para pedir-lhe que acalmasse o Senhor.
querido senhor, por favor, ouve-Me. É melhor ficares aqui com todos os
Vaisnavas."
V E R S O 129
V E R S O 132
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4 T O Í 3T55 <5t5l, g»Nfà**ta U l ü " > « * II
tabe puri-gosãni ekã prabhu-sthãne ãilã more ãjnã haya, muni yãha ãlãlanãtha
namaskari' prabhu tãnre sambhrame vasãilã ekale rahiba tãhãh, govinda-mãtra sâtha"
tabe—logo após; puri-gosãni—Paramãnanda Puri; ekã—sozinho; prabhu-sthãne—a more—a Mim; ãjnã haya—por favor, permite; muni—Eu; yãna—vou; ãlãlanãtha—ao
casa de Sri Caitanya Mahaprabhu; ãilã—veio; namaskari'—após prestar reverências;
local conhecido c o m o Ãlãlanãtha; ekale rahiba—ficarei sozinho; tãhãh—lá; govinda-
prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tãnre— a ele; sambhrame—com muito respeito; matra sãtha—apenas com Govinda.
vasãilã—fez sentar-se.
152 S r í Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 2
Verso 138 O castigo de Haridãsa Júnior 153
eta ha//' prabhu yadi govinde bolâilã «rifa >ra «ri «rifa Kttai «sw? c v M i i" i
purire namaskãra kari' uthiyã calilã loka-hita lãgi' tomara saba vyavahãra
eta bali'—dizendo isso; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; yadi—quando; govinde ãmi saba nã jãni gambhira hrdaya tomara"
bolãilã—mandou chamar Govinda; purire—a Paramãnanda Puri; namaskãra kari'— loka-hita lãgi'—para o benefício das pessoas em geral; tomara—Tuas; saba—todas;
prestando respeitos; uthiyã calilã—levantou-Se e começou a ir embora.
vyavahãra—atividades; ãmi saba—todos nós; nã jãni—não podemos compreender;
gambhira— muito profundo e grave; hrdaya—coração; tomara—Teu.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s dizer isso, o Senhor mandou chamar Govinda. Prestando
reverências a Paramãnanda Puri, Ele Se levantou e encetou a partida.
TRADUÇÃO—"Todas as Tuas atividades visam ao benefício das pessoas em geral.
Não podemos compreendê-las, pois Tuas intenções são profundas e graves."
VERSO 134
VERSO 137
« r r c s - w s ^ - c a w f a p « t f «rrcM i
IÇWH * f % ' « r f C T a c ? «prt*»i1 II >«8 II
ç f i r w í t w cim m wrc«i n w n
ãste-vyaste puri-gosãni prabhu ãge gelã
anunaya kari' prabhure ghare vasãilã eta bali' puri-gosãni gelã nija-sthãne
ãste-vyaste—mais que rapidamente; puri-gosãni—Paramãnanda Puri; prabhu ãge— haridãsa-sthãne gelã saba bhakta-gane
defronte a Sri Caitanya Mahaprabhu; gelã—foi; anunaya kari'—com muita humil-
dade; prabhure—Sri Caitanya Mahaprabhu; ghare—em Seu aposento; vasãilã—fez
eta bali'—dizendo isso; puri-gosãni—Paramãnanda Gosãni; gelã— partiu; nija-
sentar-Se.
sthãne—para a sua própria casa; haridãsa-sthãne—a casa de Haridãsa Júnior; gelã—
foram; saba bhakta-gane— todos os outros devotos.
TRADUÇÃO—Mais que rapidamente, Paramãnanda Puri Gosãni postou-se perante
TRADUÇÃO—Após dizer isso, Paramãnanda Puri Gosãni partiu para a sua própria
Ele e, com muita humildade, persuadiu-O a sentar-Se em Seu próprio aposento.
casa. Então, todos os devotos foram ter com Haridãsa Júnior.
VERSO 135
VERSO 138
" c s m r a ca ta, m, rm i h r a i u
^•'K<l*ltf5> ftX,— rfif, f.fiwPI I
c * a i fãs a f i r c s t r c * c s w r a t m ? n
t c a C5t*rfa f»rs a f f > , f * * f à t f i « > * > v 1 1
"tomara ye icchã, kara, svatantra iévara svarüpa-gosãni kahe, — "éuna, haridãsa
kebã ki balite pare tomara upara? sabe tomara hita vãhchi, karaha viévãsa
tomara ye icchã—tudo o que desejas; tara— podes fazer; svatantra isvara—a Suprema svarüpa-gosãni kahe—Svarüpa Dãmodara Gosãni disse; éuna haridãsa—simples-
Personalidade de Deus independente; kebã—quem; ki balite pare—pode falar; to-
mente ouve, Haridãsa; sabe—todos nós; tomara hita vãhchi—desejamos o teu bem;
mara upara—mais alto do que Tu. karaha viévãsa—por favor, crê nisso.
154 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lila, 2 Verso 143 O castigo de Haridãsa Júnior 155
TRADUÇÃO—Svarüpa Dãmodara Gosãni disse: "Por favor, Haridãsa, ouve-nos, TRADUÇÃO—Tendo dito isso, Svarüpa Dãmodara Gosvãmi convenceu Haridãsa
pois todos nós desejamos o teu bem. Por favor, crê nisso." a banhar-se e tomar prasãda. Após reconfortá-lo assim, voltou para casa.
V E R S O 139 V E R S O 142
qualquer momento; krpã karibena—Ele será misericordioso (contigo); yãte—pois; Haridãsa Júnior; karena daréane—vê.
dayãlu—misericordioso; antara—no íntimo.
TRADUÇÃO—Quando Sri Caitanya Mahaprabhu ia ver o Senhor Jagannãtha no
T R A D U Ç Ã O — " N o momento, se Srí Caitanya Mahaprabhu persiste em ficar irado, templo, Haridãsa ficava a uma longa distância para vê-lO.
é porque Ele é a Suprema Personalidade de Deus independente. Contudo, a
qualquer momento Ele com certeza será misericordioso, pois, no íntimo, Ele é V E R S O 143
muito bondoso."
V E R S O 140 aatste;— a>»tifàf, ca* itca ajâtc« ?
fàra «ca» a« a>ca*t «tf f * r ç c « n >8® n
«Jà <ú teci « t a ai ca atfçca i
n
•s?ta cetsra a » , « t t t t a ç?m arca u i8°ii mahaprabhu—krpã-sindhu, ke pare bujhite?
priya bhakte danda karena dharma bujhãite
tumi hatha kaile tãhra hatha se bãdibe mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; krpã-sindhu—o oceano de misericórdia;
snãna bhojana kara, ãpane krodha yãbe" ke pare bujhite—quem pode compreender; priya bhakte—a Seus queridos devotos;
tumi hatha kaile—se continuares persistindo; tãhra—Sua; hatha—persistência; se— danda karena—dá castigo; dharma bujhãite—para estabelecer princípios de religião
isso; bãdibe—aumentará; snãna bhojana kara—toma teu banho e aceita prasãda; ãpane ou de dever.
krodha yãbe—automaticamente Sua ira esvair-se-á.
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu é o oceano de misericórdia. Quem pode
T R A D U Ç Ã O — " O Senhor é persistente, e, se também persistires, Sua persistência compreendê-lO? Ao castigar Seus queridos devotos, com certeza Ele faz isto para
aumentará. É melhor que te banhes e tomes prasãda. No devido momento. Sua restabelecer os princípios da religião ou do dever.
ira automaticamente esvair-se-á."
SIGNIFICADO—Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvatí Thãkura diz a este respeito que Sri
V E R S O 141 Caitanya Mahaprabhu, o oceano de misericórdia, castigou Haridãsa Júnior, embora
este fosse Seu devoto querido, para estabelecer que alguém na linha devocional,
<a« a f i «tca "ata celsa a*at<íPl i
ocupado em serviço devocional puro, não deve ser hipócrita. É decerto hipocrisia
arMa « a a «rôírt «tca « i w f à a i « > 8 > n que uma pessoa ocupada em serviço devocional puro e que se encontre na ordem
eta bali tare snãna bhojana karãhã renunciada tenha relações íntimas com mulheres. Haridãsa Júnior recebeu esse
ãpana bhavana ãilã tare ãévãsiyã castigo para que isso servisse de exemplo para futuros sahajiyãs que poderiam
eta bali—dizendo isso; tare—a ele; snãna bhojana karãna—convencendo a banhar-se colocar o traje da ordem renunciada a fim de imitarem Rüpa Gosvãmi e outros
e a tomar prasãda; ãpana bhavana—para a sua própria casa; ãilã—voltou; tare ãévã- sannyãsts autênticos, mas que, sub-repticiamente, teriam ligações ilícitas com mu-
siyã—reconfortando-o. lheres. Para ensinar tais homens, Sri Caitanya Mahaprabhu castigou Seu devoto
Verso 147 O castigo de Haridãsa Júnior 157
156 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2
querido, Haridãsa, por causa de um leve desvio seu nos princípios reguladores. ei-mate haridãsera eka valsara gela
Srimatí Mãdhavídevi era uma devota muito conceituada; portanto, aproximar-se tabu mahãprabhura mane prasãda nahila
dela e pedir-lhe um pouco de arroz para Srí Caitanya Mahaprabhu, por certo que ei-mate— dessa maneira; haridãsera—de Haridãsa Júnior; eka vatsara—um ano;
não era uma ofensa das maiores. Não obstante, só para preservar o futuro dos g l —passou-se; tabu—mesmo assim; mahãprabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu;
e a
princípios reguladores, Sri Caitanya Mahaprabhu impôs a regra estrita de que mane—na mente; prasãda nahila—não houve sintomas de misericórdia.
nenhum membro da ordem renunciada deve manter contatos íntimos com mu-
TRADUÇÃO—Dessa maneira, passou-se um ano completo, mas, mesmo assim,
lheres. Caso Sri Caitanya Mahaprabhu não tivesse castigado Haridãsa Júnior por
não houve nenhum indício da misericórdia de Srí Caitanya Mahaprabhu para
causa deste leve desvio, ditos devotos do Senhor basear-se-iam no exemplo de
Haridãsa Júnior para continuar imoderadamente seus hábitos de relações ilícitas com Haridãsa Júnior.
com mulheres. Com efeito, ainda hoje eles insistem em pregar que a um Vaisnava
permite-se-lhe semelhante comportamento, que, na verdade, é peremptoriamente V E R S O 146
proibido. Sri Caitanya Mahaprabhu é o mestre do mundo inteiro, e por isso Ele
impôs esta punição exemplar para mostrar que a filosofia Vaisnava jamais permite
contatos sexuais ilícitos. Foi este o Seu objetivo ao castigar Haridãsa Júnior. Sri « r a t c r c s c a i aspca? f > g ai i r i a l II i s * n
Caitanya Mahaprabhu é de fato a encarnação mais magnânima da Suprema Perso-
nalidade de Deus, porém, Ele terminantemente proibiu o sexo ilícito. rãtri avoéese prabhure dandavat hanã
prayãgete gela kãreha kichu nã baliyã
rãtri avaéese— ao final de certa noite; prabhure—a Sri Caitanya Mahaprabhu;
V E R S O 144
dandavat hanã— prestando reverências; prayãgete—ao lugar sagrado conhecido como
Prayãga (Allahabad); gela—foi; kãreha—a ninguém; kichu—nada; nã bãliyã—não
C f f à ' arft fclfsref T=J « « « T O I dizendo.
•WS» çtfçei í c a fr-TOttM 11 188 n
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , ao final de certa noite, após prestar suas respeitosas reve-
dekhi' trãsa upajila saba bhakta-gane rências a Sri Caitanya Mahaprabhu, Haridãsa Júnior partiu para Prayãga, sem
svapne-ha chãdila sabe strí-sambhãsane dizer nada a ninguém.
dekhi'—venro; trãsa—uma atmosfera de pavor; upajila -cresceu; saba bhakta-gane—
entre todos os devotos; svapne-ha—mes. io em sonhos; chãdila—abandonaram;
V E R S O 147
sabe— toda; strí-sambhãsane—conversa com mulheres.
ar«^rf«itRí i t f a ' u r a i
T R A D U Ç Ã O — A p ó s terem visto este exemplo, todos os devotos cultivaram um
clima de medo. Por isso, pararam de conversar com mulheres, mesmo em sonhos.
ffcmQi « f W t apta* «tt«t ttfps II 181 II
prabhu-pada-prãpti lãgi' sahkalpa karilã
SIGNIFICADO—Quanto a strí-sambhãsana, conversar com mulheres, Srila Bhaktisid-
dhãnta Sarasvati Thãkura diz que conversar com mulheres com o objetivo de
triveni praveéa kari' prãna chãdila
manter contato com elas na busca do gozo dos sentidos, sutil ou grosseiro, é com-
prabhu-pada—os pés de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu; prãpti lãgi'—com o
intuito de conseguir; sahkalpa karilã—decidiu irrevogavelmente; tri-veni praveéa
pletamente proibido. Cãnakya Pandita, o grande moralista, diz que mãtrvat para-
kari'—mergulhando nas águas da confluência do Ganges com o Yamunã, em
àãresu. Portanto, não só uma pessoa que está na ordem renunciada ou alguém Prayãga; prãna chãdila—dá cabo de sua vida.
dedicado ao serviço devocional, mas todos devem evitar contato com mulheres.
Devemos considerar a esposa de outrem como sendo nossa mãe.
eka-dina—certo dia; jagadãnanda—Jagadãnanda; svarüpa—Svarüpa; govinda— ãkãra nã dekhi, mãtra éuni tara gana'
Govinda; kãéiévara—Kãsíávara; éahkara—Sankara; dãmodara—Dãmodara; mukunda— svarüpa kahena, — "ei mithyã anumãna
Mukunda; samudra-snãne—banhar-se no mar; gelã—foram; sabe—todos eles; éune— ãkãra—forma; nã dekhi—não podemos ver; mãtra—apenas; éuni—ouvimos; tara—
puderam ouvir; katho düre—\á longe; haridãsa gãyena—Haridãsa Júnior cantava; sua; gana—melodia; svarüpa kahena—Svarüpa Dãmodara disse; ei—esta; mithyã—
yena—como que; dãki'—chamando; kantha-svare—com sua voz original. falsa; anumãna—suposição.
T R A D U Ç Ã O — " N ã o podemos ver sua forma material", disseram eles, "porém,
TRADUÇÃO—Certo dia, Jagadãnanda, Svarüpa, Govinda, Kãsisvara, Sankara,
ouvimos sua doce melodia. Portanto, ele agora deve ser um fantasma." No
Dãmodara e Mukunda foram tomar banho de mar. Eles puderam ouvir Haridãsa
entanto, Svarüpa Dãmodara protestou: " E s t a suposição é falsa."
cantando lá longe, como se os chamasse com sua voz original.
V E R S O 158
V E R S O 155
arfan a^asa^tía, « l ^ a caaa i
a**j *1 c a c a - a t j a *Ttwtl « c a i
catfà«affà a c a c a f i ' tei « i w t c a n 11 «Ç-a^pTia, «rta crcaa aa«i n n
T R A D U Ç Ã O — " H a r i d ã s a Júnior cantou o mantra Hare Krçna por toda a sua vida
TRADUÇÃO—Ninguém podia vê-lo, mas puderam ouvi-lo cantar com uma voz
e serviu ao Supremo Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu. Além do mais, ele é
maviosa. Portanto, todos os devotos, encabeçados por Govinda, fizeram a se-
querido do Senhor e morreu n u m lugar sagrado."
guinte suposição.
V E R S O 156
V E R S O 159
'fàatfã «ttdpl sfàífta « r t w r s b * i i Sra"f« ai *a « t a , aaaf« ca w i
ca*, t t c t » t f à ' a s r s i v a ' c s i II i t * II «tÇ-eáTt 4 * , »ttc§ «rtfàat fa«sa w"^ II
'visãd; /r/iãni haridãsa ãtma-ghãta kaila
sei pape jãni 'brahma-rãksasa' haila durgati nã haya tara, sad-gati se haya
visa-ãdi khãhã—bebendo veneno; haridãsa—Haridãsa Júnior; ãtma-ghãta kaila— prabhu-bhahgi ei, pãche jãnibã niécaya"
cometeu suicídio; sei pape—por causa dessa atividade pecaminosa; jãni—enten- durgati—um mau resultado; nã haya tara—não é seu; sat-gati se haya—com certeza,
demos; brahma-rãksasa—um fantasma de brãhmana; haila—converteu-se em. ele alcançou a liberação; prabhu-bhahgi— um divertimento de Sri Caitanya Maha-
prabhu; ei—isto; pãche—mais tarde; jãnibã—compreendereis; niécaya—o fato real.
prayãga ha-ite eka vaisnava navadvipa ãila 'haridãsa kãnhã?' yadi érivãsa puchila
haridãsera vãrtã tenho sabãre kahilã "sva-karma-phala-bhuk pumãn"—prabhu uttara dilã
prayãga ha-ite—de Prayãga; eka—um; vaisnava—devoto do Senhor Krsna; nava- haridãsa kãnhã—onde está Haridãsa Júnior; yadi—quando; érivãsa puchila—Srívãsa
Thãkura perguntou; sva-karma-phala-bhuk—é certo que terá de aceitar o resultado
dvipa ãila—veio a Navadvipa; haridãsera vãrtã—a notícia acerca de Haridãsa; tenho— de suas atividades fruitivas; pumãn—uma pessoa; prabhu—Sri Caitanya Maha-
ele; sabãre kahilã—informou a todos.
prabhu; uttara dilã—respondeu.
TRADUÇÃO—Um devoto que vinha de Prayãga chegou a Navadvipa, onde contou
a todos os pormenores do suicídio de Haridãsa Júnior. TRADUÇÃO—Quando Srívãsa Thãkura perguntou-Lhe onde estava Haridãsa
Júnior, o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu respondeu: "A pessoa alcança fatal-
V E R S O 161 mente o resultado de suas atividades fruitivas."
TRADUÇÃO—Ao final do ano, Sivãnanda Sena, juntamente com outros devotos, TRADUÇÃO—Ao ouvir este relato, Srí Caitanya Mahaprabhu sorriu com uma ati-
como de costume, foi a Jagannãtha Puri e, dessa maneira, cheio de felicidade, tude agradável e disse: "Este é o único processo de expiação para aquele que
encontrou-se com Sri Caitanya Mahaprabhu. olha para mulheres com intenções sensuais."
V E R S O 163 V E R S O 166
svarüpãdi mili' tabe vicãra karilã ãpana—pessoal; kãrunya—favor; loke—às pessoas em geral; vairãgya-siksana—en-
triveni-prabhãve haridãsa prabhu-pada pãilã sinamentos acerca da ordem de renúncia; sva-bhaktera—de Seus devotos; gãdha—
svarüpa-ãdi—os devotos, encabeçados por Svarüpa Dãmodara; mili'—reunindo- profundo; anurãga—de apego; prakati— manifestação; karãna—provocando.
se; tabe—então; vicãra karilã— discutiram; triveni-prabhãve—pela influência do lugar
sagrado na confluência do Ganges com o Yamunã; haridãsa—Haridãsa Júnior; TRADUÇÃO—Este incidente manifesta a misericórdia de ári Caitanya Maha-
prabhu-pada pãilã—conseguiu refúgio aos pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu. prabhu, Seu ensinamento de que um sannyãsi deve permanecer na ordem re-
nunciada e o profundo apego que Lhe dedicam Seus devotos fiéis.
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , todos os devotos, encabeçados por Svarüpa Dãmodara
Gosvãmi, concluíram que, por ter cometido suicídio na confluência dos rios VERSO 1 6 9
Ganges e Yamunã, Haridãsa enfim devia ter conseguido refúgio aos pés de lótus
de ári Caitanya Mahaprabhu. <ftC«fV iflíWl, f ã ® TO? « t l U t e . I
4f # t i t a TOI «^ frt ' T t P - i f s ii i>M5 n
SIGNIFICADO—SrUa Bhaktivinoda Thãkura observa que, após alguém adotar a
ordem renunciada e aceitar a indumentária, quer de um sannyãsi, quer de um tlrthera mahimã, nija bhakte ãtmasât
bãbãji, se ele excogita em gozo dos sentidos, especialmente em relação a uma eka lilãya karena prabhu kãrya pãhca-sãta
mulher, a única expiação que lhe resta é cometer suicídio na confluência do Ganges tlrthera mahimã—as glórias de um lugar sagrado; nija bhakte ãtmasãt—aceitando
com o Yamunã. Sua vida pecaminosa só pode purificar-se mediante tal expiação. Seu devoto novamente; eka lilãya—com um passatempo; karena—executa; prabhu—
Se essa pessoa é assim punida, ser-lhe-á possível conseguir o abrigo de êri Sri Caitanya Mahaprabhu; kãrya pãhca-sãta—cinco a sete diferentes propósitos.
Caitanya Mahaprabhu. Contudo, sem tal punição, ser-lhe-á muito difícil reaver
o abrigo de Sri Caitanya Mahaprabhu.
TRADUÇÃO—Ele também demonstra as glórias dos lugares sagrados e mostra
como o Senhor aceita Seu devoto fiel. Assim, o Senhor satisfez cinco ou sete
VERSO 167 propósitos realizando um único passatempo.
yãhã éuni' bhakta-ganera yudãya karna-mana c i t r a i t í * irai, =iça< ra* w * ' '*fV u 11 • n
ei-mata—dessa maneira; lílã kare—continua a realizar passatempos; sacira nan- madhura caitanya-lilã—samudra-gambhira
dana—o filho de mãe Saci; yãhã suni'—cujo processo de ouvir sobre eles; bhakta- loke nãhi bujhe, bujhe yei 'bhakta' 'dhira'
ganera—dos devotos; yudãya—satisfaz; karna-mana—os ouvidos e a mente. madhura—doces; caitanya-lilã—passatempos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu;
samudra-gambhira—profundos como o oceano; loke nãhi bujhe—as pessoas em geral
TRADUÇÃO—Dessa maneira, ári Caitanya Mahaprabhu, o filho de mãe ãací, rea- não podem compreender; bujhe—pode entender; yei—aquele que; bhakta—devoto;
liza Seus passatempos, que satisfazem imensamente os ouvidos e as mentes dos dh Ira—sóbrio.
devotos puros que ouvem sobre eles.
TRADUÇÃO—Os passatempos de ári Caitanya Mahaprabhu são como néctar, e
VERSO 168 são profundos como o oceano. As pessoas em geral não podem compreendê-los,
mas um devoto sóbrio, sim.
« r f f i fWti, cifras fosrtaj-fiif«i i VERSO 1 7 1
"^ro?? ^ - « i s a t a - i â ^ a s a t i ii i4v ii
fà-irfi fTml « * fosssfips i
ãpana kãrunyajoke vairãgya-siksana <$4 «1 asfàs, « c a í «a fà*tfr« ii I I Í II
sva-bhaktera gãdha-anurãga-prakati-karana
O castigo de Haridãsa Júnior 167
166 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 2
Ao resumir este capítulo, Srila Bhaktisiddhãnta SarasvatI Thãkura diz que de-
vemos tirar dele as seguintes lições: (1) Embora Sri Caitanya Mahaprabhu, a Su-
prema Personalidade de Deus, seja a personificação da misericórdia, não obstante,
Ele deixou a companhia de um de Seus associados pessoais, a saber, Haridãsa
Júnior, pois, se não tivesse feito isso, os pseudo-devotos aproveitar-se-iam da
falha de Haridãsa Júnior, utilizando-a como uma desculpa para viverem como
devotos e, ao mesmo tempo, manter contatos sexuais ilícitos. Tais atividades des-
moralizariam o culto de Sri Caitanya Mahaprabhu, e, por causa disso, os devotos,
em nome de Sri Caitanya Mahaprabhu, com toda a certeza afundariam em uma
vida infernal. (2) Ao castigar Haridãsa Júnior, o Senhor estabeleceu o padrão para
os ãcãryas, ou os líderes das instituições que propagam o culto de Caitanya, e
para todos os verdadeiros devotos. Srí Caitanya Mahaprabhu desejava manter
o padrão mais elevado. (3) Sri Caitanya Mahaprabhu instruía que o devoto puro
deve ser simples e isento de atividades pecaminosas, pois só assim pode vir a
ser um autêntico servo dEle. Sri Caitanya Mahaprabhu ensinou a Seus seguidores
CAPÍTULO TRÊS
169
Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 5 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 171
170
a t a a t a f a c a * a*ca « t a r i f a m i VERSO 9
« r ç c a ai c f à c a c a * a t r o ai t t c a ii * n «rfa f*H caa afra* ajçatca «rtaarl i
catrtfa» «tca <f&f« asfa' arôi *0m n s> n
bãra bãra nisedha kare brãhmana-kumãre
prabhure nã dekhile sei rahite nã pare ãra dina sei bãlaka prabhu-sthãne ãilã
bãra bãra—vezes e mais vezes; nisedha kare—proíbe; brãhmana-kumãre—o filho do gosãni tare priti kari' vãrtã puchila
brãhmana; prabhure—Srí Caitanya Mahaprabhu; nã dekhile—sem ver; sei—esse ãra dina—certo dia; sei bãlaka—esse menino; prabhu-sthãne ãilã—veio ter com o
menino; rahite nã pare—não conseguia ficar.
Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; gosãni—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu;
tare—a ele; priti kari'—com muito afeto; vãrtã— notícias; puchila—perguntou.
TRADUÇÃO—Dãmodara Pandita insistentemente proibia que o filho do brãhmana
visitasse o Senhor, mas, o menino não agüentava ficar em casa, longe de ári
TRADUÇÃO—Certo dia, quando o menino foi ter com Sri Caitanya Mahaprabhu,
Caitanya Mahaprabhu.
o Senhor, com muito afeto, perguntou-lhe acerca de todas as novidades.
VERSO 7
f à s j « t t a c a , « ç « t c a asca a a t á N i V E R S O 10
V E R S O 11
VERSO 8
T R A D U Ç Ã O — D ã m o d a r a Pandita atrevidamente disse ao Senhor: "Todos dizem s'iíni' prabhu kahe, — 'kyã kaha, dãmodara?'
que és um grande mestre devido às Tuas instruções, mas vamos agora tirar a dãmodara kahe, — "fumi svatantra 'iévara'
limpo que tipo de mestre é s . " éuni'—ouvindo; prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu disse; kyã kaha—que
tolice estás falando; dãmodara—Meu querido Dãmodara; dãmodara kahe—Dãmodara
SIGNIFICADO—Dãmodara Pandita era grande devoto de Sri Caitanya Mahaprabhu.
Pandita retrucou; tumi—Tu; svatantra—independente; Iévara—a Suprema Perso-
Entretanto, às vezes, uma pessoa em tal posição fica insolente, deixando-se in-
nalidade de Deus.
fluenciar pela energia externa e por valores materiais. Assim, o devoto cai no erro
de ousadamente criticar as atividades do mestre espiritual ou da Suprema Perso-
T R A D U Ç Ã O — E m b o r a soubesse que Dãmodara Pandita era um devoto puro e
nalidade de Deus. A despeito da lógica de que "a esposa de César deve estar
simples, ao ouvir estas palavras insolentes, o Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu
acima de qualquer suspeita", o devoto não deve ficar agitado com as atividades
disse: " M e u querido Dãmodara, que tolice estás falando?" Dãmodara Pandita
de seu mestre espiritual, nem tampouco deve tentar criticá-lo. O devoto deve
retrucou: " É s a Personalidade de Deus independente, posicionado além de toda
fixar-se na conclusão de que o mestre espiritual não está sujeito a críticas e jamais
crítica."
deve ser colocado ao mesmo nível de um homem comum. Mesmo que, com sua
visão imperfeita, ele detecte alguma aparente discrepância, o devoto deve ter a
convicção de que, mesmo que seu mestre espiritual vá a um botequim, ele não V E R S O 14
é um beberrão; ao invés disso, ele deve ter algum motivo para ir lá. Segundo
asscai «rt5i9 arç, cf 1 1 » a f i e s ?
um poema bengali:
a « t a w a c s a *ja " t i a « r f ^ r f à c a ? 1 8 1 1
yadyapi nityãnanda surã-bãdi yãya
tathãpio haya nityãnanda-rãya svacchande ãcãra kara, ke pare balite?
mukhara jagatera mukha para ãcchãdite?
"Mesmo que eu veja o Senhor Nityãnanda entrando num bar, não me afastarei svacchande—sem restrição; ãcãra kara—Te comportas; ke pare balite—quem pode
da convicção de que Nityãnanda Rãya é a Suprema Personalidade de Deus." falar; mukhara—tagarela; jagatera—do mundo inteiro; mukha—boca; para ãcchãdite—
podes tapar.
V E R S O 12
5 T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, podes agir como bem quiseres. Ninguém
<iica caiatfasa ^«t-aa aa cifca t i T O 1 pode dizer nada que possa Te restringir. Mesmo assim, o mundo inteiro é atre-
TO catatRwa «irs&i « f ^ c a f r o ç r o 11 h n vido. As pessoas dizem qualquer bobagem. Como podes contê-las?"
V E R S O 18
« f § a*c*,-"ateai**, 5i* afiai i
«as afa' atcafaa cato * * a i i a t a t a aa^tct <ffà a* %m a w i II *i n
«raca a c v t a « 1 ^ itffi' fà&ifàsrl n ^ n
178 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3
Verso 27 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 179
V E R S O 26
V E R S O 23
catai ai ' f a a c t * ' "tf* cara «fcn i atai ícai «itfãai aaji «trara <ra»rc« i
'f«ac»raf' "faca '«tf' ai ara a*c«i a *® i %g * f ? ' » ( « ; « t t l a»a* a i t « n II
tomã sama 'nirapeksa' nãhi mora gane madhye madhye ãsibã kabhu ãmãra daraéane
'nirapeksa' nahile 'dharma' nã yãya raksane éighra kari' punah tãhãh karaha gamane
tomã sama—como tu; nirapeksa—neutro; nãhi—não há; mora gane—entre Meus madhye madhye—periodicamente; ãsibã—virás; kabhu—'as vezes; ãmãra daraéane—
ver-Me; éighra kari'—logo, logo; punah—de novo; tãhãh—para lá; karaha gamane—dá
associados; nirapeksa—neutro; nahile—sem ser; dharma— princípios religiosos; nã
um jeito de ir.
yãya raksane—não se podem proteger.
T R A D U Ç Ã O — " D e vez em quando, poderás vir ver-Me aqui, após o que voltarás
T R A D U Ç Ã O — " É s o mais neutro de todos os Meus associados. Isto é muito bom,
imediatamente."
pois quem não é neutro não pode proteger os princípios religiosos."
V E R S O 27
V E R S O 24
•trai f o c a c a « i * a , c a catai t e c a « i atatta a*fã* cara canfcl aaatfci i
«rratta « f à n wq, «rt« c«al aa n *8 n cara ça-asai a* fã' ga fã*' «tca n v» i
ãmã haite ye nã haya, se tomã haite haya
ãmãre karilã danda, ãna kebã haya mãtãre kahiha mora koti namaskãre
mora sukha-kathã kahi' sukha diha' tãhre
130 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 3 Verso 32 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 181
mãtãre—a Minha mãe; kahiha—informa; mora—Minhas; koti— dez milhões; namas- bare bãre—repetidas vezes; ãsi'—vindo; ami—Eu; tomara bhavane— à tua casa;
kãre—reverências; mora—Minha; sukha—da felicidade; kathã—tópicos; kahi'—dizen- mistãnna—doces; vyahjana—legumes; soba—tudo; kariye—fazes; bhojane—comendo.
do; sukha—felicidade; diha' tãnre—dá a ela.
T R A D U Ç Ã O — " ' V e z e s e mais vezes, venho à tua casa para comer todos os doces
T R A D U Ç Ã O — "Dize à Minha mãe que lhe mando milhões de reverências. Por e legumes que ofereces.'"
favor, fala para ela como sou feliz aqui, pois, só assim, ela ficará feliz." VERSO 31
V E R S O 28 e s t s w a s f à t a « r í f à , «Jã « t s t s t i i
a t i f a a c * a t ç i a u asfã i i a I I n
' f ã * * » fãsMsil estufes «sulca I
VERSO 38
V E R S O 35
5 <saaa ata ata asfâra cerrara i
••rara «rai ajferi Cf fã' l i a i
a t a ca f ã ^ , 'ca" faatfêm a r l i « t a ' n ©<t 11 c a m a w r c « i c a raíca a>ca «ita^t n w 11
ksaneke aéru muchiyã éünya dekhi' pata ei-mata bara bara kariye bhojana
svapana dekhiluh, 'yena nimãhi khãilã bhãta' tomara éuddha-preme more kare ãkar$ana
184 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 44 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 185
ei-mata—dessa maneira; bãra bãra—repetidas vezes; kariye bhojana—Eu como; TRADUÇÃO—Após dizer isso, Sri Caitanya Mahaprabhu ordenou que se trouxes-
tomara—teu; éuddha-preme—amor puro; more—a Mim; kare ãkarsana—atrai. sem variedades de prasãda oferecida ao Senhor Jagannãtha. Então, o Senhor deu-
lhe num embrulho separado a prasãda para ser oferecida a diversos Vaisnavas
T R A D U Ç Ã O — ' " A s s i m , repetidamente comi tudo o que Me ofereceste, pois teu e à mãe áací.
amor puro Me a t r a i . ' "
VERSO 39 V E R S O 42
catara wtarcs «rifa «rtfl aTeríGca i aca wrcaPra ef%' afiai «rraarl i
f«asc& a<aii ^t-s « t a l catara esaacafit •»» II aratca fãfèral i r a 5*c«t afàal II 8* n
tomara ãjnãte ãmi ãchi nilãcale tabe dãmodara cali' nadiyã ãilã
nikate lahã yão ãmã tomara prema-bale' mãtãre miliyã tãhra carane rahilã
tomara ãjnãte— por tua ordem; ãmi—Eu; ãchi—resido; nilãcale—em Jagannãtha tabe—então; dãmodara—Dãmodara Pandita; cali'—caminhando; nadiyã ãilã—
Puri; nikate— para perto; lahã yão—arrastas; ãmã—a Mim; tomara—teu; prema—amor chegou a Nadia (Navadvipa); mãtãre miliyã—logo após encontrar Sacímãtã; tãhra
transcendental; ba/e—com a força do. carane—a seus pés de lótus; rahilã—ficou.
T R A D U Ç Ã O — " ' V i v o em Nilãcala (Jagannãtha Puri] só porque assim o mandas-
TRADUÇÃO—Dessa maneira, Dãmodara Pandita dirigiu-se para Nadia [Nava-
te. Não obstante, ainda Me puxas para perto de ti devido ao teu grande amor
dvipa]. Após encontrar-se com mãe Saci, ficou aos cuidados de seus pés de lótus.
por M i m . ' "
VERSO 40
V E R S O 43
<sfcws a t a a t a asaria "sa*! i
cata ata »»<«i»i ira afàts. sai i" 8° n «rrwatfà carcaça içt«faf«f fãerl i
« i f a cacç «rrwl, t f e a «tal wfsfaal u 8* n
ei-mata bãra bãra karãiha smarana
mora nãma lahã tãhra vandiha carana" ãcãryãdi vaisnavere mahã-prasãda dilã
ei-mata—dessa maneira; bãra bãra—repetidas vezes; karãiha—provoca; smarana— prabhura yaiche ãjnã pandita tãhã ãcarilã
s
lembrança; mora—Meu; nãma—nome; lahã—usando; tãhra—dela; vandiha—adora; ãcãrya-ãdi—encabeçados por Advaita Ãcãrya; vaisnavere—a todos os Vaiçnavas;
carana—os pés. mahã-prasãda dilã—entregou toda a prasãda do Senhor Jagannãtha; prabhura—de
Srí Caitanya Mahaprabhu; yaiche—como; ãjnã—a ordem; pandita—Dãmodara
T R A D U Ç Ã O — è r i Caitanya Mahaprabhu disse a Dãmodara Pandita: "Faze mãe Pandita; tãhã— isso; ãcarilã—realizou.
Saci lembrar-se disso repetidas vezes, e, em Meu nome, adora-lhe os pés de
lótus." TRADUÇÃO—Ele entregou toda a prasãda a Vaisnavas grandiosos como Advaita
V E R S O 41 Ãcãrya. Assim, ficou ali e comportou-se segundo a ordem de ári Caitanya Maha-
prabhu.
<D« asfà' aaarcaa « w < r a t a r i a i
iratcas caa>ca fãcs «jaa> *jias fãa n 8> « V E R S O 44
dãmodara ãge—perante Dãmodara Pandita; svãtantrya—comportamento indepen- caitanyera lílã—gambhira, koti-samudra haite
dente; nã haya kãhãra—ninguém ousa fazer; tara bhaye—devido ao temor a ele; ki lãgi' ki kare, keha nã pare bujhite
sabe—todos eles; kare—fazem; sahkoca vyavahãra—relacionamentos com muito caitanyera lílã—os passatempos de Srí Caitanya Mahaprabhu; gambhira—muito
cuidado. profundos; koti-samudra haite—mais do que milhões de mares; ki lãgi'—por que
razão; ki kare—o que Ele faz; keha—ninguém; nã— não; pare bujhite—pode entender.
TRADUÇÃO—Todos sabiam que Dãmodara Pandita era estrito nos relacionamen-
tos práticos. Portanto, todos ficaram com medo dele e, em nenhuma hipótese, T R A D U Ç Ã O — O s passatempos de Sri Caitanya Mahaprabhu são mais profundos
ousaram agir de maneira independente. do que milhões de mares e oceanos. Por isso, ninguém pode compreender o que
Ele faz, nem por que Ele assim o faz.
V E R S O 45
VERSO 48
« f e i r a ara SfW «wraatal-iaaa I
SPP7«m asfà' ?H írôPfl " J W II 84 II «ra^a a^ wf f ã g l ai «rtfà i
afa? «tsf asfàatca asfà fetatètfa n 8v- II
prabhu-gane yãhra dekhe alpa-maryãdã-lahghana
vãkya-danda kari' kare maryãdã sthãpana ataeva güdha artha kichui nã jãni
prabhu-gane—nos associados de Sri Caitanya Mahaprabhu; yãhra—cujos; dekhe— bãhya artha karibãre kari tãnãtãni
vê; alpa-maryãdã-lahghana—um ligeiro desvio da etiqueta e comportamento ataeva—portanto; güdha artha—significado profundo; kichui— nenhum; nã jãni—
modelares; vãkya-danda kari'—repreensão; kare—faz; maryãdã—etiqueta; sthãpana— não conheço; bãhya artha karibãre—para explicar os significados externos; kari—faço;
estabelecendo. tãnãtãni—árduo esforço.
T R A D U Ç Ã O — D ã m o d a r a Pandita verbalmente castigava todo devoto de èri TRADUÇÃO—Desconheço o significado profundo das atividades de Sri Caitanya
Caitanya Mahaprabhu a quem descobrisse traindo, mesmo que só um pouqui- Mahaprabhu. Tanto quanto possível, tentarei dar uma explicação superficial.
nho, o comportamento apropriado. Assim, ele estabeleceu a etiqueta modelar.
VERSO 49
V E R S O 46
taasfàa <aff afàarcica rafem i
<a*.« Tftfm afcafscaa atasjaa i « t a l isai catfci asfà' «tatra ^ f è i t n sa ti
areia atara « t c a *mmm ira®' n 8* u
eka-dina prabhu haridãsere mililã
ei-ffl kahilã dãmodarera vãkya-danda tãhhã lahã gosthi kari' tãnhãre puchila
yãhãra éravane bhãge 'ajhãna pãsanda' eka-dina—certo dia; prabhu—Srí Caitanya Mahaprabhu; haridãsere—com Haridãsa
ei-ta—dessa maneira; kahilã—acabo de descrever; dãmodarera—de Dãmodara Thãkura; mililã—encontrou-Se; fãwrtã lanã—levando-o; gosfhí kari'—fazendo um
Pandita; vãkya-danda—repreensão; yãhãra éravane—ouvindo o que; bhãge—vai em- diálogo; tãnhãre puchila—o Senhor perguntou-lhe.
bora; ajhãna pãsanda—a ignorância ateísta.
TRADUÇÃO—Certo dia, durante um costumeiro encontro com Haridãsa Thãkura,
T R A D U Ç Ã O — A s s i m , acabo de descrever as repreensões feitas por Dãmodara enquanto conversava com ele, Sri Caitanya Mahaprabhu fez-lhe a seguinte
Pandita. A medida que ouvimos sobre isso, os princípios ateístas e a ignorância pergunta.
desaparecem. V E R S O 50
VERSO 47
"afàati, asfèrastci aaa «tira i
&«ra>a é f t n - a # a , c^iíSaa^ caca 1 cai-aratra fen asca aai s a w a n <t° II
t> Ttta' fãs asra, ca* ai itca ajãtca n 8i ti
188 Srí Caitanya-caritãmrta Verso 5 1 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 189
Antya-llla, 3
V E R S O 52
V E R S O 54
sfàwta - "afç, fsssi «1 asfãa I
aatc«c*i as? a*ca,- '5.1 ata, al ata' i
aataa açaí? c«?fã' «sa srt wtRü II ff% n
aaca* « t a i c*a, m c a l ata 11 «8 11
haridãsa kahe, — "prabhu, cinta nã kariha
yavanera samsãra dekhi' duhkha nã bhãviha mahã-preme bhakta kahe, — 'hã rama, hã rama'
haridãsa kahe—Haridãsa respondeu; prabhu—meu querido Senhor; cinta nã kari- yavanera bhãgya dekha, laya sei nãma
ha—não fiques ansioso; yavanera samsãra—a condição material dos yavanas; dekhi'— mahã-preme—em grande amor extático; bhakta kahe—um devoto diz; hã rama hã
vendo; duhkha nã bhãviha—não fiques aflito. rãma—ó Senhor Rãmacandra, ó Senhor Rãmacandra; yavanera—dos yavanas;
bhãgya—boa fortuna; dekha—vê só; laya sei nãma—eles também estão cantando o
mesmo santo nome.
TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura respondeu: " M e u querido Senhor, não fiques
ansioso. Não fiques triste de ver a condição dos yavanas na existência material."
T R A D U Ç Ã O — " U m devoto em avançado amor extático exclama: 'Ó meu Senhor
Rãmacandra! Ó meu Senhor Rãmacandra!' Mas, os yavanas também cantam:
SIGNIFICADO—Essas palavras de Haridãsa Thãkura são bastante condizentes com 'hã rama, hã rama!' Vê só que boa fortuna a deles!"
um devoto que dedica sua vida e alma a serviço do Senhor. Quando vê que o
Senhor está triste devido à condição das almas caídas, o devoto consola-Q, di-
SIGNIFICADO—Caso uma criança se encoste no fogo, o fogo queimá-la-á, e, caso
zendo: "Meu querido Senhor, não fiques ansioso." Isto é serviço. Todos devem
um homem idoso se encoste no fogo, ele também queimá-lo-á. Haridãsa Thãkura
adotar a causa de Sri Caitanya Mahaprabhu, para tentar aliviá-lO da ansiedade
diz que um grande devoto do Senhor exclama: "hã rama, hã rama", mas, mesmo
que Ele sente. Isto é verdadeiro serviço ao Senhor. Quem tenta tirar de Sri Caitanya
não conhecendo o significado transcendental de "hã rama, hã rama", os yavanas,
Mahaprabhu a ansiedade que Ele sente pelas almas caídas é, com certeza, um
no transcurso natural de suas vidas, dizem essas palavras. Para os yavanas, as
devoto muito querido e íntimo do Senhor. Blasfemar semelhante devoto, que não
palavras "hã rama" significam "abominável", ao passo que o devoto exclama-as
mede esforços para propagar o culto de Sri Caitanya Mahaprabhu, é a maior
em amor extático. Não obstante, como elas são o summum bonum espiritual, o efeito
ofensa. Quem faz isso que espere para ver a punição que receberá por causa dessa
é o mesmo, quer sejam pronunciadas pelos yavanas, quer por grandes devotos,
inveja.
assim como o fogo é o mesmo tanto para uma criança quanto para um velho.
E m outras palavras, o santo nome do Senhor, "hã rama", sempre age, mesmo
V E R S O 53 que os santos nomes sejam cantados sem nenhuma alusão ao Senhor Supremo.
Os yavanas pronunciam os santos nomes com uma atitude diferente daquela ma-
aaaaasc?ra 'afa*' aca «latatea i nifestada pelos devotos, porém, o santo nome "hã rama" tem tamanho poder
*fl ata, fl ata' afsf a * « atapstca n 4* n espiritual que age em qualquer parte, quer a pessoa saiba, quer não. Explica-se
isso como segue.
TRADUÇÃO—Nãmãcãrya Haridãsa Thãkura, a autoridade no cantar do santo T R A D U Ç Ã O — " A j ã m i l a , durante a vida toda, foi um grande pecador, mas, no
nome, disse: "Cantar o santo nome do Senhor, visando a algo que não o Senhor, momento da morte, casualmente mandou chamar seu filho caçula, cujo nome
é um exemplo de nãmãbhãsa. Mesmo ao ser cantado desta maneira, o poder trans- era Nãrãyana, e os auxiliares do Senhor Visnu vieram para livrá-lo dos laços
cendental do santo nome não se c o r r o m p e . " de Yamarãja, o superintendente da m o r t e . "
V E R S O 56 V E R S O 58
T R A D U Ç Ã O — " ' M e s m o um mleccha que está sendo morto pela presa de um javali
e que, nessa agonia, geme repetidas vezes: " h ã rama, hã r a m a " alcança a libe- V E R S O 59
ração. Que dizer, então, daqueles que cantam o santo nome com fé e veneração?'"
« t e i a «tara-aeaa «' a<eta i
SIGNIFICADO—Isto refere-se ao caso de um comedor de carne que, sendo morto araras reci «1 e t c ? « r t a - s w a II a& II
por um javali, pronunciou repetidas vezes, na hora da morte, as palavras "hã
rama, hã rama". Como esta citação é do 'Nrsimha Purãna, isto dá a entender que nãmera aksara-sabera ei ta' svabhãva
na era purânica também havia mlecchas e yavanas (comedores de carne), e que vyavahita haile nã chãde ãpana-prabhãva
as palavras "hã rama", c o m o sentido de "condenado", também eram pronun- nãmera—do santo nome; aksara—letras; saberá—de todas; ei— isso; ta'—com cer-
ciadas naqueles dias. Logo, Haridãsa Thãkura deixa claro que mesmo um come- teza; sva-bhãva—as características; i>yavahita haile—mesmo quando pronunciadas
dor de carne que condena algo pronunciando as palavras "hã rama" obtém o inadvertidamente; nã—não; chãde—perdem; ãpana-prabhãva—sua própria influência
mesmo benefício extraído do cantar dos santos nomes obtido pelo devoto que espiritual.
canta esses santos nomes querendo dizer: "Ó meu Senhor R a m a ! "
T R A D U Ç Ã O — " A s letras do santo nome têm tanta potência espiritual que agem
V E R S O 57 mesmo quando pronunciadas inadvertidamente."
•*m\fm %® catara afêi 'ataT3«t' i SIGNIFICADO—Sríla Bhaktisiddhãnta Sarasvat! Thãkura afirma que a palavra vya-
f à ^ s «rifa' çrsra « W s assa n (ti n vahita ("pronunciadas inadvertidamente") não é utilizada aqui para referir-se à
vibração mundana das letras do alfabeto. Tal pronúncia negligente feita por
ajãmila putre bolãya bali 'nãrãyana' pessoas materialistas em busca de gozo dos sentidos não é uma vibração sonora
vi$nu-düta ãsi' chãdãya tãhãra bandhana transcendental. Quem pronuncia o santo nome e, ao mesmo tempo, ocupa-se
ajãmila—Ajãmila; putre—seu filho; bolãya—manda chamar; bali—dizendo; nãrã- em gozo dos sentidos vê dificultado o seu caminho rumo à obtenção do amor
yana—o santo nome de Nãrãyana; visnu-düta—os auxiliares do Senhor Visnu; extático por Krsna. Por outro lado, se alguém que está ávido pelo serviço devo-
ãsi'—vindo; chãdãya—removem; tãhãra—dele; bandhana—os laços. cional pronuncia o santo nome mesmo parcial ou impropriamente, o santo nome,
194 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 60 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 195
que é idêntico à Suprema Personalidade de Deus, manifesta sua potência espiri- vaci gatam prasahgãd vãh-madhye pravrttam api, smarana-patha-gatam kathah
tual, pois quem o canta assim o faz sem cometer ofensas. Desse modo, ele alivia-se manah-spr$tam api, srotra-mülam gatam kihcit srutam api; suddha-varnath vã as
de todas as práticas indesejáveis, e aos poucos desperta seu ainda adormecido varnam api vã; 'vyavahitam' sabdãntarena yad-vyavadhãnam vaksyamãna-nãrã
amor por Krçna. dasya kihcid uccãranãnantaram prasahgãd ãpatitaih sabdãntaram tena rahitam s
V E R S O 60 Isto quer dizer que, se alguém, seja como for, ouve, pronuncia ou lembra o santo
nome, ou se este atinge-lhe a mente quando passando perto dos seus ouvidos,
esse santo nome, mesmo se vibrado de maneira intercalada, surtirá efeito. Dá-se
tsv- a f w K ajirçvs-sfçaí «H9E«J1. i « j i i um exemplo dessa intercalação como segue:
«CBBCÇÇ-afàt-8f ^ai-cils-ii i a-nwi
yadvã, yadyapi 'halam riktam' íty ãdy-uktau hakãra-rikãrayor vrttyã hariti-nã
fâfaw w Tfn^m. sfigcaata f i a » »• "
eva, tathã 'rãja-mahisi' ity atra rãma-nãmãpi, evam anyad apy ühyam, tathãpi tat
nãma-madhye vyavadhãyakam aksarãntaram astity etâdréa-vyavadhãna-rahita
nãmaikam yasya vãci smarana-patha-gatam srotra-mülam gatam vã yadvã, vyavahitam ca tad-rahitam cãpi vã; tatra 'vyavahitam'—nãmnah kihcid uc
suddham vãéuddha-varnam vyavahita-rahitarh tãrayaty eva satyam nãnantaram kathahcid ãpatitam sabdãntaram samãdhãya pascãn nãmãvasistãks
tac ced deha-dravina-janatã-lobha-pãsanda-madhye grahanam ity evam rüpam, madhye sabdãntarenãntaritam ity arthah, 'rahitam' paé
niksiptam syãn na phala-janakam sighram evãtra vipra avasistãksara-grahana-varjitam, kenacid arhéena hinam ity arthah, tathãpi tãraya
nãma—o santo nome; c ê i m - u m a vez; yasya—cuja; vãci—na boca; smarana-patha-
gatam—entrou no caminho da lembrança; srotra-mülam gatam—penetrou as raízes Suponha que alguém utilize as duas palavras "halam riktam". Vê-se que a sílaba
dos ouvidos; vã—ou; suddham—com pureza; vã—ou; asuddha-varnam—pronunciado ha na palavra "halam" e a sílaba ri na palavra "riktam" são pronunciadas separada-
com impureza; vyavahita-rahitam—sem ofensas ou sem que o intercalemos; tãraya- mente, mas, mesmo assim, isto surte efeito, pois, de alguma forma, pronunciamos
ti—liberta; eva—com certeza; satyam—em verdade; fflf—esse nome; cet—se; deha—o a palavra "hari". De m o d o semelhante, na palavra "rãja-mahisi", as sílabas rã
corpo material; dravina—opulência material; janatã— apoio público; lobha—cobiça; e ma aparecem em duas palavras distintas, mas, porque, de alguma forma, apare-
pãsanda—ateísmo; madhye—rumo a; niksiptam—dirigido; syãt—pode ser; na—não; cem juntas, o santo nome rama surtirá efeito, contanto que não se cometam ofensas.
phala-janakam—produzindo os efeitos; sighram—rapidamente; era—com certeza;
atra—a esse respeito; vipra—ó brãhmana. sarvebhyah pãpebhyo 'parãdhebhyas ca samsãrãd apy uddhãrayaty eveti satyam
kintu nãma-sevanasya mukhyam yaf phalam, tan na sadyah sampadyate. tathã deh
bharanãdy-artham api nãma-sevanena mukhyam phalam ãsu na sidhyatity ãha—t
T R A D U Ç Ã O — " ' S e o devoto pronunciar pelo menos uma vez o santo nome do
iti.
Senhor, ou se este santo nome penetrar-lhe a mente ou adentrar-lhe o ouvido,
que é o canal da recepção auditiva, com certeza este mesmo santo nome haverá
de libertá-lo do cativeiro material, quer vibrado apropriada ou inapropriada- O santo nome tem tanta potência espiritual que pode nos libertar de todas as
mente, com gramática correta ou incorreta, quer as sílabas sejam vibradas se- nossas reações pecaminosas e de nossos envolvimentos materiais, mas, a utilização
guidamente ou, mesmo, de maneira intercalada. Ó brãhmana! Decerto que a do santo nome não frutificará mui rapidamente quando ele for pronunciado vi-
potência do santo nome é muito grande. Contudo, se alguém utiliza a vibração sando a satisfazer atividades pecaminosas.
do s*. uq no^-.ie para o benefício do corpo material, ou em troca de riqueza material
e seguidores, ou sob a influência da cobiça ou do ateísmo — em outras palavras, tan nãma ced yadi dehãdi-madhye niksiptam—deha-bharanãdy-artham eva viny
se alguém pronuncia o nome e comete ofensas — tal canto vai demorar muito tadãpi phala-janakam na bhavati kim? api tu bhavaty eva, kintu atra iha loke sighr
até que produza o efeito desejado. Portanto, devemos ter todo o cuidado para na bhavati, kintu vilambenaiva bhavatity arthah.
evitarmos ofensas ao cantarmos o santo nome do Senhor.'"
O santo nome é tão poderoso que age mesmo, mas, quando pronunciamos o santo
nome e cometemos ofensas, sua ação será retardada, e não imediata, embora,
SIGNIFICADO—Este verso do Padma Purãna faz parte do Hari-bhakti-vilãsa (11.527) em circunstâncias favoráveis, os santos nomes do Senhor surtam efeito com bas-
de Sanãtana Gosvãmi, onde ele dá a seguinte explicação: tante rapidez.
196 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 65 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 197
V E R S O 61 VERSO 63
«raf®ra « c s aa *r**tf»t*HI 11 *1 D «rareia caca «a aiatwa w 1 «e 1
nãmãbhãsa haite haya sarva-pãpa-ksaya nãmãbhãsa haite haya samsãrera ksaya
nãma-ãbhãsa haite—da vibração de nãmãbhãsa; haya—é; sarva-pãpa—de todas as nãma-ãbhãsa haite—até por causa de nãmãbhãsa; haya—há; sariisãrera ksax/a—ficar
reações a pecados; ksaya—destruição. livre do cativeiro material.
V E R S O 62 V E R S O 64
V E R S O 68
V E R S O 71
afàafa asr,5,-''«rç, ca ? * t l catar* i '«tfàaafà' «ca, c a l asara 'ánaa' i
«ataa-wwa «rrcf asfãstç tasta 11 n catara ? t t a tal «rasai a*aa ms n
haridãsa kahe, — "prabhu, se krpa tomara 'pratidhvani' nahe, sei karaye 'kirtana'
sthãvara-jahgama ãge kariyãcha nistãra tomara krpãra ei akathya kathana
haridãsa kahe— Haridãsa respondeu; prabhu—meu querido Senhor; se—essa; prati-dhvani nahe—essa vibração sonora não é um eco; sei—elas; karaye kirtana—
estão cantando; tomara krpãra—de Tua misericórdia; si—este; akathya kathana—inci-
krpã—misericórdia; tomara—Tua; sthãvara-jahgama—entidades vivas móveis e
inertes; ãge— anteriormente; kariyãcha nistãra—Tu libertaste.
dente inconcebível.
200 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 77 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 201
TRADUÇÃO—"Entretanto, na verdade, não se trata de um eco; é o kirtana das T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o Teu devoto Vãsudeva Datta apresentou a Teus pés de
entidades vivas imóveis. Embora inconcebível, tudo isso torna-se possível por lótus o pedido de que todas as entidades vivas fossem salvas, aceitaste a súplica."
causa de Tua misericórdia."
V E R S O 75
VERSO 72
wste. fã^tf f%cs <a! catara aiaata i
si arsfcs ça ase a f t a a i f W H «ttcâ ates cam «tarada n i « n
«fsral e«Weae»t ates "ataa-ereíi w i*. n
/'agaf nistârite ei tomara avatãra
sakala jagate haya ucca sahkirtana bhakta-bhãva ãge tãte kailã ahgikãra
suniyã premãvese nãce sthãvara-jahgama jagat nistârite—para salvar o mundo inteiro; ei—esta; tomara avatãra--Tua encar-
sakala jagate—por todo o universo; haya—há; ucca sahkirtana—canto alto do mantra nação; bhakta-bhãva—a atitude de um devoto; ãge—anteriormente; tãte—por isso;
Hare Krçna; suniyã—ouvindo; prema-ãveée—numa emoção de amor extático; nãce— kailã ahgTmra—aceitaste.
dançam; sthãvara-jahgama—todas as entidades vivas, móveis e inertes.
T R A D U Ç Ã O — S r i Caitanya Mahaprabhu replicou: "Se todas as entidades vivas SIGNIFICADO—Enquanto pregamos, às vezes, pessoas contrárias à filosofia argu-
fossem liberadas, o universo inteiro ficaria desprovido de seres vivos." mentam: "Se o movimento para a consciência de Krsna libertasse todas as enti-
dades vivas, que aconteceria então? O universo ficaria desprovido de entidades
V E R S O S 78—79 vivas." Como resposta a isto, podemos dizer que numa prisão existem muitos
prisioneiros, mas quem pensa que a prisão vai ficar vazia se todos os prisioneiros
tftfW ata, - "ç«íaía ata«. atíj fafà I adotarem bom comportamento está completamente enganado. Mesmo que todos
< 5 l a « "ítaa-sraa, a^sTla-stfe II II
os prisioneiros que estão dentro da cadeia fossem libertados, outros criminosos
5 viriam ocupar-lhes o lugar. Uma prisão jamais ficará vazia, pois existem muitos
aa çs asfà' «Jã raçci ftfctaai i criminosos virtuais que, no devido momento, encherão as celas da prisão, não
ywfM *3as asc*i *f5«i asfãai n is n obstante o governo solte os criminosos atuais. Como confirma o Bhagavad-gitã
(13.22), kãranam guna-sahgo 'sya sad-asad-yoni-janmasu: "Devido a associar-se com
a natureza material, a entidade viva, nas diferentes espécies em que se encontra,
haridãsa bale, — "tomara yãvat martye sthiti
tem de se defrontar com o bem e com o m a l . " Há muitas entidades vivas imani-
tãvat sthãvara-jahgama, sarva jiva-jãti festas, cobertas pelo modo da ignorância, que, gradualmente, ficarão sob o modo
da paixão. Devido às suas atividades fruitivas, a maioria delas converter-se-á em
saba mukta kari' tumi vaikunthe pãthãibã criminosos, que novamente lotarão as prisões.
süksma-jive punah karme udbuddha kariba
haridãsa bale—Haridãsa Thãkura disse; tomara—Tua; yãvat—enquanto; martye—
neste mundo material; sthiti— situação; tãvat—pela duração deste período; sthãvara- V E R S O 81
jahgama—móveis e inertes; sarva—todas, jiva-jãti—espécies de entidades vivas;
saba—todas; mukta kari'—libertando; tumi—Tu; vaikunthe—ao mundo espiritual; •tca' caa aaata na wtcatajl swsl1
pãthãibã—enviarás; süksma-jive—as entidades vivas não desenvolvidas; punah— fcaf 4cas caefl, mmtfà wcatajl «at«a»1 n w> n
novamente; karme—em suas atividades; udbuddha kariba—despertarás.
pürve yena raghunãtha saba ãyodhyã lahã
vaikunthake gelã, anya-jive ãyodhyã bharãhã
TRADUÇÃO—Haridãsa disse: "Meu Senhor, enquanto estiveres no mundo mate-
pürve—noutra ocasião; j/ena—enquanto; raghunãtha—Rãmacandra; saba—toda;
rial, enviarás ao mundo espiritual todas as entidades vivas móveis e inertes,
ãyodhyã—a população de Ãyodhyã; lahã—levando consigo; vaikunthake gelã—voltou
desenvolvidas de diferentes espécies. Então, novamente despertarás as entidades
a Vaikunthaloka; anya-jive—outras entidades vivas; ãyodhyã— Ãyodhyã; bharãhã—
vivas que ainda não se desenvolveram e dar-Ihes-ás uma o c u p a ç ã o . "
enchendo.
VERSO 83
"ayam hi bhagavãn drsfah kirtitah samsmrtaé ca
c a * a c s 53» asfà' « i a s t a i dvesãnubandhenãpy akhila-surãsurãdi-durlabharh
aassi a a r t ^ - s f r c a a arçíaarl a ° a t a u 11 phalam prayacchati, kim uta samyag bhaktimatãm" iti
ayam—este; hi— decerto; bhagavãn—Suprema Personalidade de Deus; drstah—
visto; kirtitah—glorificado; samsmrtah—lembrado; ca—e; dvesa—de inveja; anuban-
pürve yena vraje krsna kari' avatãra dhena—com a concepção; api—embora; akhila-sura-asura-ãdi—por todos os semi-
sakala brahraãnda-jivera khandãilã samsãra deuses e demônios; durlabham—mui raramente alcançado; phalam—resultado;
pürve—outrora; yena—enquanto; vraje—em Vrndãvana; krsna—o Senhor Krçna; prayacchati—concede; kim uta—que falar de; samyak—plenamente; bhakti-matãm—
kari' avatãra—-vindo como uma encarnação; sakala—todas; brahmãnda-jivera—de daqueles ocupados em serviço devocional; iti—assim.
entidades vivas dentro deste universo; khandãilã—destruiu; samsãra—a existência
material.
T R A D U Ç Ã O — ' "Embora se possa, com uma atitude de inveja, ver, glorificar ou
T R A D U Ç Ã O — " O u t r o r a , quando o Senhor Krsna apareceu em Vrndãvana, Ele, lembrar a Suprema Personalidade de Deus, mesmo assim, Ele concede a liberação
da mesma maneira, salvou da existência material todas as entidades vivas do mais confidencial, que os semideuses e demônios só alcançam mui raramente.
Que, então, pode-se dizer daqueles que já estão plenamente ocupados no serviço
universo."
devocional ao Senhor?'"
VERSO 8 4
VERSO 85
ca TO,—'csaaj-ifàat cita catsa sa' 1
ca «risas, cata »Jas ma, a' fa»ra 11 n n
a
m'- f\ ai a ti, ?S: « í t f o a : a'Tps"5
ye kahe, —'caitanya-mahimã mora gocara haya'
CWttacaittJlaaa^TWfà- se jãnuka, mora punah ei ta' niécaya
206 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 3 Verso 92 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 207
ye kahe—quem quer que diga; caitanya-mahimã—as glórias de Sri Caitanya Maha- manera santose tãnre kailã ãlihgana
prabhu; mora gocara—conhecidas de mim; haya—são; se jãnuka—ele pode saber;
bãhye prakãéite e-saba karilã varjana
mora—de mim; punah—novamente; ei ta' niécaya—esta é a decisão. manera santose—com plena satisfação da mente; tãnre—a ele; kailã ãlihgana—Ele
abraçou; bãhye—externamente; prakãéite—de desvendar; e-saba—tudo isso; karilã
T R A D U Ç Ã O — " T a l v e z alguém diga que entende as glórias de Sri Caitanya varjana—Ele evitou.
Mahaprabhu. Não importa o que ele saiba, mas, quanto a mim, esta é minha
conclusão." TRADUÇÃO—Imensamente satisfeito com as afirmações de Haridãsa Thãkura, Sri
Caitanya Mahaprabhu abraçou-o. Entretanto, aparentemente, evitou ficar con-
VERSO 88 versando sobre esses assuntos.
c a t a r a c a ífíeii a s l - ^ s j c a a f à f i VERSO 91
c a t a a c a t c a t s a a c s a t a <*& f ã a j r i V v - ti
i N a - a a t a , iNa" s i t a wtBstfàca i
tomara ye lílã mahã-amrtera sindhu «*<-fctfap g ó t i c a atca, sa a' fãfãca II &s II
mora mano-gocara nahe tara eka bindu"
tomara—Teus; ye—quaisquer; lílã—passatempos; mahã-amrtera sindhu—um imen- iévara-svabhãva, —aiévarya cãhe ãcchãdite
so oceano de néctar; mora—a mim; manah-gocara nahe—não é possível conceber; bhakta-thãhi lukãite nãre, haya ta' vidite
tara—dele; eka bindu—uma gota. iévara-svabhãva—a característica da Suprema Personalidade de Deus; aiévarya—
opulência; cãhe—deseja; ãcchãdite—encobrir; bhakta-thãhi—perante Seu devoto;
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, Teus passatempos são assim como um lukãite nãre—Ele não consegue encobrir; haya ta' vidite—é bem conhecido.
oceano de néctar. Não me é possível conceber a imensidão deste oceano nem
sequer entender uma gota dele." TRADUÇÃO—Esta é uma característica da Suprema Personalidade de Deus. Em-
bora deseje encobrir Sua opulência, não consegue fazer isso perante Seus de-
VERSO 89 votos. Isto é bem conhecido em toda parte.
m « t a ' 3 * § S 1CT W e a s t a b s f l 1 V E R S O 92
•cata a f à a r a ca>at* w t f a a ?' v-s i
SafJasfa fif â^a aaí fàat fl-
efa suni' prabhura mane camatkãra haila a s i w aa i f â s Í B * ! ' * » ! ^ i
'mora güdha-lílã haridãsa kemane jãnilã?'
eta éuni'—ouvindo isso; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; mane—na atatacaa «aãífn Htütjjjtòfc
mente; camatkãra haila—houve admiração; mora—Meus; güdha-lílã—passatempos •tala caftwfVn waatai: n »»i
confidenciais; haridãsa—Haridãsa; kemane—como; jãnilã—compreendeu.
ullahghita-trividha-sima-samãtiéãyi-
TRADUÇÃO—Ao ouvir tudo isso, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou abismado. "Na sambhãvanam tava parivradhima-svabhãvam
realidade, estes são Meus passatempos confidenciais", pensou Ele. "Como foi mãyâ-balena bhavatãpi niguhyamãnaríi
possível a Haridãsa compreendê-los?" pasyanti kecid aniéam tvad-ananya-bhâvãh
ullahghita—ultrapassadas; tri-vidha—três classes; sima—as limitações; sama—de
V E R S O 90 igualar; atiéãyi—e de suplantar; sambhãvanam—a adequação de que; tava—Tua;
Parivradhima—de supremacia; sva-bhãvam—a verdadeira natureza; mãyã-balena—po
força da energia ilusória; bhavatã—Tua; api—embora; niguhyamãnam—estando
a c a a a c u t c a a*tca te*t1 «nfsnra i
oculta; paéyanti—eles vêem; kecit—um pouco; aniéam—sempre; tvat—a Ti; ananya-
ate»? «lastfaca <a-aa a*fãal asfa n u bhãvãh—aqueles cuja devoção é exclusiva.
208 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 98 As glórias de Sríla Haridãsa Thãkura 209
T R A D U Ç Ã O — " Ó meu Senhor, tudo na natureza material está limitado ao tempo, haridãsera guna-gana—asahkhya, apara
ao espaço e ao pensamento. Entretanto, Tuas características, sendo inigualáveis keha kona amée varne, nãhi pãya para
e insuperáveis, sempre transcendem tais limitações. Às vezes, mediante Tua haridãsera guna-gana—o estoque de qualidades transcendentais de Haridãsa
própria energia, ocultas essas características, mas, não obstante, sob todas as Thãkura; asahkhya—inúmeras; apara—insondáveis; keha—alguém; kona amée—al-
circunstâncias. Teus devotos imaculados sempre são capazes de Te v e r . " guma parte; varne—descreve; nãhi pãya para—não pode chegar ao limite.
SIGNIFICADO—Este verso é do Stotra-ratna de Yãmunãcãrya. TRADUÇÃO—São inúmeras e insondáveis as qualidades transcendentais de Hari-
dãsa Thãkura. Pode-se descrever uma certa quantidade delas, mas enumerá-las
V E R S O 93 na totalidade é tarefa impossível.
V E R S O 96
6
5.fãwfC*RI ' Q ! TO «ISia 5.431 II II G p s s a w t i ülfWtasMltl |
tabe mahaprabhu nija-bhakta-pãée yãhã siaírrcaa • m fà-g asfaatceis « w t n n
haridãsera guna kahe éata-mukha hanã
tabe—depois disso; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; nija-bhakta-pãse—até caitanya-mahgale éri-vmdãvana-dãsa
Seus devotos pessoais; yãhã—indo; haridãsera guna—as qualidades transcendentais haridãsera guna kichu kariyãchena prakãéa
de Haridãsa Thãkura; kahe— explica; éata-mukha—como se estivesse com centenas caitanya-mahgale—no livro conhecido como Caitanya-mahgala (Caitanya-bhãgav
de bocas; hanã—ficando. éri-vrndãvana-dãsa—Sri Vrndãvana dãsa "Thãkura; haridãsera—de Haridãsa Thãkura;
gana—qualidades; kichu—algumas; kariyãchena prakãéa—manifestou.
TRADUÇÃO—Então, Srí Caitanya Mahaprabhu encaminhou-Se até Seus devotos
pessoais e, como se tivesse centenas de bocas, passou a falar sobre as qualidades TRADUÇÃO—No Caitanya-mahgala, árila Vrndãvana dãsa Thãkura descreve até
transcendentais de Haridãsa Thãkura. certo ponto os atributos de Haridãsa Thãkura.
V E R S O 94 V E R S O 97
bhaktera guna kahite prabhura bãdaye uilãsa saba kahã nã yãya haridãsera caritra
bhakta-gana-êrestha tãte srí-haridãsa keha kichu kahe karite ãpanã pavitra
bhaktera—dos devotos; guna—qualidades; kahite— falando; prabhura—de Sri saba—todas; kahã— falar; nã yãya—não é possível; haridãsera caritra—as caracterís-
Caitanya Mahaprabhu; bãdaye—aumenta; ullãsa—júbilo; bhakta-gana—de todos os ticas de Haridãsa Thãkura; keha kichu kahe—alguém diz algo; karite—só para fa-
devotos; érestha—mais elevado; tãte—nisso; éri-haridãsa—Haridãsa Thãkura. zer; ãpanã—a ele mesmo; pavitra—purificado.
T R A D U Ç Ã O — S r i Caitanya Mahaprabhu sente muito prazer ao glorificar Seus de- TRADUÇÃO—Ninguém pode descrever todas as qualidades de Haridãsa Thãkura.
votos, entre os quais Haridãsa Thãkura é o mais importante. Alguém pode dizer algo sobre elas só para se purificar.
V E R S O 95 V E R S O 98
exemplo pessoal, podemos compreender que cantar o mantra Hare Krçna e tornar-
vrndãvana-dãsa yãhã nã kaüa varnana se superelevado em consciência de Krçna é muito simples. Não há nenhuma difi-
haridãsera guna kichu suna, bhakta-gana culdade de sentarmo-nos em algum lugar, especialmente à margem do Ganges,
vrndãvana-dãsa—Srila Vrndãvana dãsa Thãkura; yãhã—todas as que; na—não; do Yamunã ou de qualquer rio sagrado, construirmos um assento ou uma cabana,
kaila varnana—descreveu; haridãsera guna—qualidades de Haridãsa Thãkura; kichu— plantarmos uma tulasie, perante a tulasi, cantarmos tranqüilamente o mahã-mantra
algo; éuna—escutai; bhakta-gana—6 devotos de Sri Caitanya Mahaprabhu.
Hare Krçna.
Haridãsa Thãkura cantava o santo nome em suas contas 300.000 vezes, diaria-
T R A D U Ç Ã O — Ó devotos de Srí Caitanya Mahaprabhu! Por favor, escutai algo
mente. Dia e noite adentro, ele cantava os dezesseis nomes do mahã-mantra Hare
sobre as qualidades de Haridãsa Thãkura não descritas em pormenores por SrUa
Krçna. Contudo, ninguém deve tentar imitar Haridãsa Thãkura, pois nenhuma
Vrndãvana dãsa Thãkura. outra pessoa pode cantar 300.000 vezes por dia o mahã-mantra Hare Krçna. Reserva-
se isso ao mukta-purusa, ou alma liberada. No entanto, podemos seguir seu exem-
V E R S O 99 plo, cantando nas contas dezesseis voltas do mahã-mantra Hare Krçna todos os
dias e prestando respeitos à planta de tulasi. Isto não é nem um pouco difícil para
Ç f i m t Ttl fasMft «Jíit teíTl I
ninguém, e o processo de fielmente cantar o mahã-mantra Hare Krçna perante a
casnciicaa a a - a t i j *p<5fà« ateai ii »s ii planta de tulasi tem potência espiritual tão grande que basta fazermos isso e ganha-
remos força espiritual. Portanto, pedimos que os membros do movimento Hare
haridãsa yabe nija-grha tyãga kailã Krçna sigam rigidamente o exemplo de Haridãsa Thãkura. Cantar dezesseis voltas
benãpolera vana-madhye kata-dina rahilã não consome muito tempo, nem há nenhuma dificuldade em se prestar respeitos
haridãsa—Haridãsa Thãkura; yabe—quando; nija-grha—sua própria residência; à planta de tulasi. O processo tem muita potência espiritual. Ninguém deve perder
tyãga kailã—abandonou; benãpolera—da aldeia conhecida como Benãpola; vana- essa oportunidade.
madhye—na floresta; kata-dina—por algum tempo; rahilã— ficou.
V E R S O 101
T R A D U Ç Ã O — A p ó s deixar seu lar, Haridãsa Thãkura ficou algum tempo na flo-
resta de Benãpola. aiaicaa ata a^ta f w l faaísa i
V E R S O 100
«r«rca T w c n t o f a c a « i a * n n
fàafsi-ac*! asf&a * t V «eriTt caaa I
brãhmanera ghare kare bhiksã nirvãhana
atfài-fãr,a f ã * w aPHíttóil li li prabhãve sakala loka karaye püjana
nirjana-vane kutira kari' tulasi sevana brãhmanera ghare—na casa de um brãhmana; kare—faz; bhiksã nirvãhana—pedindo
doações de comida; prabhãve—devido à potência espiritual; sakala loka—Iodas as
rãtri-dine tina laksa nãma-sahkirtana pessoas; karaye püjana—adoram.
nirjana-vane—numa floresta solitária; kutira—uma cabana; kari'—fazendo;
tulasi—a planta de tulasi; sevana—adorando; rãtri-dine—dia e noite adentro; tina— TRADUÇÃO—Para a manutenção de seu corpo, ele ia até a casa de um brãhmana
três; laksa—cem mil; nãma-sahkirtana—cantar do santo nome.
e pedia-lhe alimento. Ele tinha tamanha ascendência espiritual que todas as
pessoas da vizinhança adoravam-no.
TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura construiu uma cabana numa floresta solitária.
Ali, cultivou uma planta de tulasi, e perante a tulasi ele cantava 300.000 vezes
SIGNIFICADO—Nos dias de Haridãsa Thãkura, todos os brãhmanas adoravam
por dia o santo nome do Senhor. Ele cantava dia e noite adentro.
Nãrãyana sob a forma de sãlagrama-silã. Por isso, mendigar na casa de um / mana
era o mesmo que tomar krsna-prasãda, que é transcendental (nirguna). Se acenamos
SIGNIFICADO—A aldeia de Benãpola fica no distrito de Yasohara, que atualmente
alimentos na casa de outrem, por exemplo, dos karmis, teremos de compartilhar
localiza-se em Bangladesh. Benãpola fica perto da estação Banagãrio, situada na
as qualidades daquelas pessoas cujos donativos aceitamos. Portanto, Sri Caitanya
fronteira de Bangladesh, e pode-se alcançá-la pela linha ferroviária oriental da
Mahaprabhu tomava prasãda nas casas de Vaiçnavas. Este é o processo geral.
Estação Shelda, em Calcutá. Haridãsa Thãkura, sendo o ãcãrya do cantar do mahã-
Aconselha-se aos membros do movimento para a consciência de Krçna que não
manlra Hare Krçna, é chamado Nãmãcãrya Haridãsa Thãkura. Através de seu
212 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 105 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 213
comam alimentos em lugar nenhum que não seja a casa de um Vaisnava ou VERSO 104
brãhmana onde se faz adoração à Deidade. Srí Caitanya Mahaprabhu diz que
visayira anna khãile dusta haya mana: se um devoto aceita donativos ou alimentos c*fi*3i*tfça s f f f t C T i f à ® « i f ã i r a i
da casa de um karmi, que só está interessado e m dinheiro, fica com a mente im- tfWtcl ' « r f f à ' ^ t ü f i c a r a ®*rra n i»8 u
pura. Devemos sempre lembrar-nos de que a vida do devoto é de vairãgya-vidyã,
ou seja, renúncia com conhecimento. Logo, aconselha-se que os devotos não levem
vidas desnecessariamente luxuosas à custa de outros. Os grhasthas que vivem
kona-prakãre haridãsera chiara nãhi pãya
dentro da jurisdição do templo devem ter especial cuidado de não imitar os karmis, veéyã-gane ãni' kare chidrera upãya
adquirindo vestuário, alimento e artigos de luxo. Devem-se evitar essas coisas kona-prakãre—de jeito nenhum; haridãsera—de Haridãsa Thãkura; chidra—falha;
tanto quanto possível. U m membro do templo, quer seja grhastha, brahmacãri ou nãhi—não; pãya—obtém; veéyã-gane— prostitutas; ãni'—trazendo; kare—faz; chidrera
sannyãsi, deve praticar uma vida de renúncia, seguindo os passos de Haridãsa upãya—um meio de encontrar alguma falha.
Thãkura e dos seis Gosvãmis. De outra forma, porque mãyã é muito forte, a
TRADUÇÃO—Não havia jeito de ele encontrar alguma falha no caráter de Hari-
qualquer momento podemo-nos tornar vítimas de mãyã e cair, afastando-nos da
dãsa Thãkura. Portanto, convocou as prostitutas da região e começou um plano
vida espiritual.
para pôr Sua Santidade no descrédito.
VERSO 102 SIGNIFICADO—Isto é típico de homens ateus, mas, mesmo entre os ditos religio-
nários, sãdhus, mendicantes, sannyãsis e brahmacãris, há muitos inimigos do movi-
eis. < # » t t w srta-spre® «rM i
mento para a consciência de Krsna, que vivem tentando achar defeitos nele. Por
fa^alãwfr c i l t t a í s - s w t í í II w II isso, não levam em consideração que esse movimento difunde-se automaticamente
pela graça do Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu, que desejou propagá-lo por todo
sei deéãdhyaksa nãma—rãmacandra khãhna o mundo, em todas as cidades e aldeias. Estamos tentando satisfazer o desejo
vaisnava-vidvesi sei pãsanda-pradhãna do Senhor, e nossa tentativa tem tido bastante êxito, mas, os inimigos deste movi-
sei—aquele; deéa-adhyaksa—latifundiário; nãma—cujo nome; rãmacandra khãhna— mento tentam, desnecessariamente, encontrar defeitos nele, da mesma forma
Rãmacandra Khãn; vaisnava-vidvesi— invejoso dos Vaisnavas; sei—esse; pãsanda- como aconteceu ao patife inveterado Rãmacandra Khãn, que se opôs a Haridãsa
pradhãna—principal dos ateístas. Thãkura.
VERSO 105
T R A D U Ç Ã O — U m latifundiário chamado Rãmacandra Khãn era o zamindar (go-
vernante) daquele distrito. Invejando os Vaiçnavas, ele era um grande ateísta.
. «ft-»ra m !$ra bwNj-aí srft n" i°<? n
V E R S O 103 veéyã-gane kahe, — "ei vairãgi haridãsa
s f à w f t i c a i t r a <35«f> afçcTs « 1 i r a r i
tumi-saba kara ihãra vairãgya-dharma nãéa"
veéyã-gane—às prostitutas; kahe—disse; ei—esse; vairãgi— mendicante; haridãsa—
« r s wpurrsi ^ f à c s «tül «trs fra u s«® I Haridãsa Thãkura; tumi-saba—vós todas; kara—deveis provocar; ihãra—seu; vairã-
gya-dharma—da vida de um mendicante; nãéa—desvio.
haridãse loke püje, sahite nã pare
tãhra apamãna karite nãnã upãya kare TRADUÇÃO—Rãmacandra Khãn disse às prostitutas: " H á um mendicante cha-
haridãse—a Haridãsa Thãkura; loke—pessoas; püje—prestam respeitos; sahite nã mado Haridãsa Thãkura. Todas deveis arquitetar a maneira de desviá-lo de seus
pare—ele não conseguia tolerar; tãhra—sua; apamãna—desonra; karite—para fazer; votos de austeridade."
nãnã— diversos; upãya—meios; ícare—planos.
SIGNIFICADO—O serviço devocional é o caminho de vairãgya-vidyã (renúncia com
TRADUÇÃO—Incapaz de tolerar que se oferecesse tanto respeito a Haridãsa conhecimento). Haridãsa Thãkura trilhava esse caminho, porém, Rãmacandra
Thãkura, Rãmacandra Khãn planejou diversas maneiras de aviltá-lo. Khãn planejou induzi-lo a quebrar seus votos. Renúncia significa renunciar ao
Verso 110 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 215
214 èri Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 3
V E R S O 108
prazer sensorial, especialmente o prazer do sexo. Portanto, proíbe-se estritamente
que o brahmacãri, o sannyãsi ou o vãnaprastha mantenham contatos com mulheres.
CS«1 ases, - "cais * W í S S * «aa^alS I
Haridãsa Thãkura era um renunciado estrito. Por isso, Rãmacandra Khãn convo-
cou prostitutas, pois as prostitutas, com sua influência feminina, sabem como fàsraarca ifses t r l s * srea^cstata ifs-v n
fazer com que um homem quebre seu voto de celibato e, assim, conseguem poluir
o mendicante ou a pessoa ocupada em serviço devocional. Era impossível que vesyã kahe, — "mora sahga ha-uka eka-bãra
Rãmacandra Khãn convencesse alguma outra mulher de tentar quebrar o voto dvitiya-bãre dharite pãika la-imu tomara"
de Haridãsa Thãkura, e, por isso, mandou chamar as prostitutas. Livre contato vesyã kahe—a prostituta disse; mora sahga—união comigo; ha-uka—que haja; eka-
com mulheres jamais foi permitido na índia, mas, quem desejasse associar-se com bãra—uma vez; dvitiya-bãre—a segunda vez; dharite—para capturar; pãika—guarda;
as moças da sociedade poderia encontrá-las em um distrito de prostitutas. Mesmo la-imu—levarei; tomara—teu.
na época do Senhor Krsna, havia prostitutas na sociedade humana, pois diz-se
que as prostitutas da cidade de Dvãrakã adiantaram-se para receber o Senhor.
T R A D U Ç Ã O — A prostituta replicou: "Primeiro, deixa-me fazer sexo com ele uma
Embora prostitutas, também eram devotas de Krsna.
vez; então, da segunda vez, levarei teu guarda comigo para capturá-lo."
V E R S O 106
V E R S O 109
C * * t * H Ç W <3S> ^«dft asit I sifàssTcsi c a l ca*Di gcaa afàsl I
ca asca,—"ísafãca afãs sra ais" II s » * II
afãarcaa atara c f i « R i a s a<fl3l II s°& II
vesyã-gana-madhye eka sundari yuvati
se kahe, — "tina-dine hariba tãhra mati" rãtri-kãle sei vesyã suvesa dhariyã
veéyã-gana-madhye—dentre as prostitutas; eka—uma; sundari— atraente; yuvati— haridãsera vãsãya gela ullasita hanã
jovem; se—ela; kahe—disse; tina-dine—em três dias; hariba—cativarei; tãhra—sua;
rãtri-kãle—à noite; sei—essa; vesyã—prostituta; su-vesa dhariyã—vestindo-se muito
bem; haridãsera—de Haridãsa Thãkura; vãsãya—à cabana; gela—foi; ullasita hanã—
mati—mente.
com muita alegria.
V E R S O 107
V E R S O 110
ara a-ca>—"rata *ria.a> at$as csTat* aca i
<§?rai aa^fà' afawtcaa arca ata»! i
csiats afãs t s s s a «tcs «tfs' cia «itca fwn
catatfípca aa^fã' afãart w r a w i 11 »• 11
khãhna kahe, — "mora pãika yãuka tomara sane
tomara sahita ekatra tare dhari' yena ãne" tulasi namaskari' haridãsera dvãre yãhã
khãhna kahe—Rãmacandra Khãn disse; mora pãika—meu guarda; yãuka—que ele gosãhire namaskari' rahilã dãndãhã
vá; tomara sane—contigo; tomara sahita—contigo; ekatra—junto; tare—a ele; dhari'— tulasi namaskari'—após prestar reverências à planta de tulasi; haridãsera—de
Thãkura Haridãsa; dvãre— à porta; yãhã—indo; gosãhire—ao ãcãrya; namaskari'—
prendendo; yena—para que; ãne—possa trazer.
prestando reverências; rahilã dãndãhã—permaneceu de pé.
TRADUÇÃO—Rãmacandra Khãn disse à prostituta: " U m de meus guardas irá
TRADUÇÃO—Após prestar reverências à planta de tulasi, ela dirigiu-se até à porta
contigo, para que, assim que ele te flagrar com Haridãsa Thãkura, prenda-o e
traga os dois até m i m . " de Haridãsa Thãkura, a quem prestou suas reverências e ficou de pé por ali.
216 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura
Verso 117 217
V E R S O 111 V E R S O S 114—115
•*tw «atf?ai c w t r t s f i i i «arca i sfàafa ^ca,—"catai ssfãa, « f t e r a i
ffàca «tTfsW fag ^a«r* aca i i» I a*an-ata-aatfe tra«. *n sa «tara n »8 t
1
ahga ughãdiyã dekhãi vasilã duyãre ara ?. «Jã afã' <®a ata-aará«i i
kahite lãgilã kichu sumadhura svare ata-aatfe teci ^raa^ci caiara aa 11
ahga ughãdiyã—expondo parte de seu corpo; dekhãi—visível; vasilã— sentou-se;
duyãre—na soleira da porta; kahite lãgilã—começou a falar; kichu—algo; su-madhura haridãsa kahe, — "tomã karimu ahgikãra
svare—em linguagem muito doce. sahkhyã-nãma-samãpti yãvat nã haya ãmãra
T R A D U Ç Ã O — E x p o n d o parte de seu corpo à visão dele, ela sentou-se na soleira tãvat tumi vasi' suna nãma-sahkirtana
da porta e falou-lhe com palavras muito doces. nãma-samãpti haile karimu ye tomara mana"
haridãsa kahe— Haridãsa Thãkura disse; tomã—a ti; karimu ahgikãra—aceitarei;
V E R S O 112 sahkhyã-nãma—o número de santos nomes; samãpti—terminando; yãvat—enquanto;
"ir??, fft—«Hfüu, «iaa caraa i nã—não; haya—estiver; ãmãra—meu; tãvat—até então; tumi—tu; vasi'—sentando-te;
éuna—ouve; nãma-sahkirtana—o cantar do santo nome; nãma—do santo nome;
catai c» fã' casta, arar afaça itca aa ?m n samãpti—término; haile—quando houver; karimu—farei; ye—O que; tomara—tua;
muna—mente.
"thãkura, tumi—parama-sundara, prathama yauvana
tomã dekhi' kon nãri dharite pare mana? TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura replicou: "Não restam dúvidas de que te acei-
thãkura—ó grande ãcãrya devoto; tumi—tu; parama-sundara—de constituição física tarei, mas deveras aguardar até que eu termine de cantar em minhas contas as
muito bela; prathama yauvana—o começo da juventude; tomã dekhi'—vendo-te; kon voltas regulares. Até então, por favor, senta-te e escuta o cantar do santo nome.
nãri—que mulher; dharite pare—pode controlar; mana—a mente. Assim que eu terminar, satisfarei teu desejo."
T R A D U Ç Ã O — " E s t o u desejosa de unir-me contigo. Minha mente anseia por isso. «ataviei ca fã' ca-SM afSai sfêMi i
Se eu não te conseguir, não serei capaz de me manter viva." aa aarara a í ! âtcaca ssfa.il 11J><» n
218 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lila, 3 Verso 122 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 219
prãtah-kãla dekhi' vesyã uthiyã calilã kali— ontem; duhkha pãilã—te frustraste; aparãdha—ofensa; nã la-ibã—por favor,
saba samãcãra yãi khãnnere kahilã não aceites; mora—minha; avaéya—com certeza; karimu—farei; ãmi—eu; tomãya—a
prãtah-kãla dekhi'—vendo a manhã; veéyã—a prostituta; uthiyã calilã—levantou-se ti; ahgikãra—aceitação.
e partiu; saba samãcãra—toda a informação; yãi—indo; khãnnere kahilã—ela falou
a Rãmacandra Khãn. T R A D U Ç Ã O — " N a noite passada te frustraste. Por favor, perdoa minha ofensa.
Com certeza, aceitar-te-ei."
T R A D U Ç Ã O — A o ver que já era manhã, a prostituta levantou-se e partiu. Che-
gando perante Rãmacandra Khãn, ela informou-lhe tudo o que se passara. V E R S O 121
atfà-ipra c<*li ra-gi sfàràfà TO! I Mesmo que um devoto provenha de uma família de comedores de cães, caso
renda-se à Personalidade de Deus, imediatamente torna-se um brãhmana qualifi-
«ti trft rafa' sfima f ra» atítra n sve n cado e fica apto para executar yajha, ao passo que a pessoa nascida em família
de brãhmanas precisa passar por todos os processos reformatórios, para que, então,
rãtri-éesa haila, veéyã usimisi kare possa chamar-se de samskrta, purificada. O Srimad-Bhãgavatam (12.1.42) também
tara riti dekhi' haridãsa kahena tãhãre diz:
rãtri—noite; éesa haila—chegou ao fim; veéyã—a prostituta; usimisi—inquieta;
kare— ficou; tara—suas; riti—atividades; dekhi'—vendo; haridãsa—Haridãsa Thãkura; asamskrtãh kriyã-hinã
kahena—diz; tãhãre—a ela. rajasã tamasãvrtãh
prajãs te bhaksayisyanti
TRADUÇÃO—Quando a noite chegou ao fim, a prostituta estava inquieta. Ao ver
mlecchã rãjanya-rüpinah
isso, Haridãsa Thãkura falou-lhe o seguinte.
"Na era de Kali, os mlecchas, ou as pessoas de nascimento baixo que não se
submetem ao processo purif icatório de samskãra, que não sabem como aplicar este
V E R S O 124
processo na vida prática e que são encobertos pelos modos da paixão e da igno-
"c^rf&atíiíUJW-Jiw f f t « i w t c i i rância, assumirão cargos de administradores. Através de suas atividades ateístas,
eles devorarão os cidadãos." A pessoa que não se purifica mediante o processo
«jfe I W ^fànffs, Im «rtW c i c t II ^ 8 i prescrito de samskãra é chamada asamskrta, mas, quem permanece kriyã-hina mesmo
após purificar-se com a iniciação — em outras palavras, se ele não aplica em sua
"koti-nãma-grdhana-yajha kari eka-mãse vida prática os princípios de pureza — permanece um mleccha ou yavana impuro.
ei diksã kariyãchi, haila ãsi' éese Por outro lado, verificamos que Haridãsa Thãkura, embora nascido numa família
koti-nãma-grahana—cantar dez milhões de nomes; yajha—tal sacrifício; kari—rea- de mlecchas ou de yavanas, tornou-se Nãmãcãrya Haridãsa Thãkura, pois executou
lizo; eka-mãse— num mês; ei—essa; diksã—promessa; kariyãchi—fiz; haila—estava; o nãma-yajha, cantando um mínimo de 300.000 vezes por dia.
ãsi'—aproximando-se de; éese—o fim.
Vemos então que Haridãsa Thãkura seguia à risca seu princípio regulador de
cantar 300.000 vezes. Assim, quando a prostituta ficou inquieta, ele informou-a
T R A D U Ç Ã O — " F i z o voto de cantar dez milhões de nomes por mês. Fiz essa pro- de que primeiro teria que terminar seu cantar e, então, seria capaz de satisfazê-la.
messa, mas agora está perto de ela se a c a b a r . " Na realidade, Haridãsa Thãkura cantou o santo nome do Senhor por três noites
consecutivas, dando à prostituta uma oportunidade de ouvi-lo. Dessa maneira,
ela purificou-se, conforme veremos nos versos seguintes.
SIGNIFICADO—Quem canta regularmente 333.333 vezes por dia durante um mês,
e então canta mais uma vez, cantará um total de dez milhões de vezes. Dessa
maneira, o devoto adora a Suprema Personalidade de Deus. Semelhante adora- V E R S O 125
ção chama-se yajha. Yajhaih sahkirtana-prãyair yajanti hi sumedhasah: aqueles cuja
inteligência é arguta aceitam este hari-nãma-yajna, o yajha de cantar o santo nome slci,—(JS.9 S»P( ÍÇ»!
'WtfsF J T O t « 1
do Senhor. Quem realiza este yajha satisfaz a Suprema Personalidade de Deus *m stfà fsrç( sim * P T Í « sri cm II >\o n
e, assim, alcança a perfeição da vida espiritual.
222 Sri Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 3 Verso 129 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 223
V E R S O 130 V E R S O 133
kirtana karite aiche rãtri-sesa haila thãkura kahe,—khãhnera kathã saba ãmi jãni
(hãkurera sane veéyãra mana phiri' gela ajha mürkha sei, tare duhkha nãhi mãni
kirtana karite—cantando o tempo todo; aiche—dessa maneira; rãtri-sesa haila—a thãkura tone—Haridãsa Thãkura disse; khãhnera kathã—os planos de Rãmacandra
noite terminou; thãkurera sane—devido à associação com Haridãsa Thãkura; ve- Khãn; saba—todos; ãmi jãni—conheço; ajha mürkha sei—ele é um tolo ignorante;
syãra—da prostituta; mana—mente; phiri' gela—ioi convertida. tare—com isso; duhkha nãhi mãni—não sinto tristeza.
T R A D U Ç Ã O — A noite terminou e Haridãsa Thãkura continuou cantando, mas, TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura replicou: "Conheço tudo sobre a conspiração de
devido à sua associação, a mente da prostituta havia se transformado. Rãmacandra Khãn. Ele não passa de um tolo ignorante. Por isso, suas atividades
não me fazem sentir tristeza."
V E R S O 131
V E R S O 134
fnfs«, w<w\ i c s fctfa-&sc«i i
ataea-àrcaa H f l fcpi fàca«fca n n caefoa afasta urat* çtfçat i
fsa fàa afàit« estai frota itfãal II >*8 n
dandavat hanã pade (hãkura-caraije
rãmacandra-khãnnera kathã kaila nivedane sei-dina yãitãma e-sthãna chãdiyã
dandavat hanã—prestando reverências; pade—ela caiu; thãkura-carane—aos pés de tina dina rahilãha tomã nistãra lãgiyã
lótus de Haridãsa Thãkura; rãmacandra-khãnnera—de Rãmacandra Khãn; kathã— sei-dina—naquele mesmo dia; yãitãma—eu teria saído de; e-sthãna—esse lugar;
procedimento; kaila—fez; nivedane—confissão. chãdiyã—abandonando; tina dina—por três dias; rahilãha—permaneci; tomã—a ti;
nistãra lãgiyã—para libertar.
T R A D U Ç Ã O — A prostituta, agora purificada, caiu aos pés de lótus de Haridãsa
Thãkura, a quem confessou que Rãmacandra Khãn lhe havia dado a tarefa de T R A D U Ç Ã O — " N o m e s m o dia em que Rãmacandra Khãn planejava essa traição
comprometê-lo. a mim, eu já estava preparado para deixar este lugar, mas, como vieste ter comigo,
fiquei aqui por três dias só para te libertar."
V E R S O 132
V E R S O 135
" c s * m) ajisp i t i asfàatcs 1 w i t * i
$ 1 1 asfà' a-a cai-waca fíwa 1 1 " y®%. it ca»Dt asca>-"?ll asfà' asas. $ i c « a i
fãs cata assãj, ales ara «a-ciPi II" n
"veéyã hanã muni papa kariyãchoh apara
krpã kari' kara mo-adhame nistãra" veéyã kahe,—"krpã kari' karaha upadeéa
veéyã hanã—sendo uma prostituta; muni—eu; papa—atividades pecaminosas; ki mora kartavya, yãte yãya bhava-kleéa"
kariyãchoh—realizei; apara—ilimitadas; krpã kari'—sendo misericordioso; kara—por veéyã kahe—a prostituta disse; krpã kari'—sendo misericordioso; karaha upadeéa—
favor, faze; mo-adhame—a mim, a mais caída; nistãra—liberação. por favor, dá instruções; ki—qual; mora kartavya—meu dever; yãte—mediante o
qual; yãya—vão embora; bhava-kleéa—todas as tribulações materiais.
TRADUÇÃO—"Porque aceitei a profissão de prostituta", disse ela, "cometi ilimi-
tados atos pecaminosos. Meu senhor, tem misericórdia de mim. Liberta minha TRADUÇÃO—A prostituta disse: "Faze o favor de agir como meu mestre espiritual.
alma c a í d a . " Instrui-me sobre o que é que devo fazer para livrar-me da existência material."
226 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 3 Verso 137 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 227
V E R S O 136 "ó filho de Kuntí, tudo o que fizeres, tudo o que comeres, tudo o que ofereceres
e presenteares, bem c o m o todas as austeridades que praticares, deves fazer tudo
fcfsja *c<f,—"ara* araj a w c « i ^s «fia i isso como uma oferenda a Mim." Na verdade, tudo pertence a Krsna, porém,
«aa; atra «ufa' fia ara* fãatta n i**> n os ditos homens civilizados infelizmente pensam que tudo lhes pertence. É aí
onde erra a civilização materialista. A prostituta (veéyã) ganhara dinheiro por meios
thãkura kahe, — "gharera dravya brãhmane kara dana escusos, e por isso Haridãsa Thãkura aconselhou-a a distribuir aos brãhmanas tudo
ei ghare ãsi' tumi karaha viérãma o que ela possuía. Ao retirar-se da vida familiar, Sríla Rüpa Gosvãmi distribuiu
thãkura kahe— SrUa Haridãsa Thãkura disse; gharera—em casa; dravya—artigos; cinqüenta por cento de sua renda aos brãhmanas e aos Vaisnavas. Um brãhmana
brãhmane—aos brãhmanas; kara dana—dá em caridade; ei ghare—neste aposento; sabe o que é a Verdade Absoluta, e um Vaiçnava, conhecendo a Verdade Absoluta,
ãsi'—regressando; tumi—tu; karaha viérãma—fica. age em nome da Verdade Absoluta, a Suprema Personalidade de Deus. Geral-
mente, todos ganham dinheiro por meios bastante questionáveis. Portanto, em
TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura replicou: "Vai para casa imediatamente e dis- dado momento, a pessoa deve retirar-se e distribuir tudo o que tem aos brãhmanas
tribui aos brãhmanas tudo o que tens em tua posse. Então, volta para este apo- e aos Vaiçnavas que se ocupam em serviço devocional, pregando as glórias da
sento e para sempre fica aqui em consciência de K r s n a . " Suprema Personalidade de Deus.
aqueles que não estão acostumados a esta prática são aconselhados a cantar pelo
tabe sei vesyã gurura ãjnã la-ila
menos dezesseis voltas em suas contas, de modo que possam ser treinados. Ou-
grha-vitta yebã chila, brãhmanere dila
trossim, Srí Caitanya Mahaprabhu recomenda:
tabe—em seguida; sei—essa; vesyã— prostituta; gurura—do mestre espiritual; ãjnã—
ordem; ta-ila—aceitou; grha-vitta—todas as posses domésticas; yebã—quaisquer;
trnãd api sunicena chila—havia; brãhmanere—aos brãhmanas; dila—deu.
taror api sahisnunã
amãninã mãnadena TRADUÇÃO—Logo depois, seguindo a ordem de seu mestre espiritual, a prostituta
kirtaniyah sadã harih distribuiu aos brãhmanas todas as suas posses domésticas.
"É num estado de espírito humilde que devemos cantar o santo nome do Senhor, SIGNIFICADO—Às vezes, a palavra grha-vitta é usada no lugar da palavra grha-
considerando-nos inferiores à palha na rua. Devemos ser mais tolerantes que uma vrtti. Vrtti significa "profissão". A grha-vrtti da prostituta consistia em seduzir
árvore, destituídos de todo sentido de falso prestígio e prontos a prestar todo os tolos e induzi-los a praticar sexo. No entanto, aqui a palavra grha-vrtti não cai
o respeito aos demais. Nesse estado de espírito, podemos cantar ininterruptamente muito bem. A palavra apropriada é grha-vitta, que significa "todas as posses que
o santo nome do Senhor." Sadoquer dizer "sempre". Haridãsa Thãkura diz que ela tinha em sua casa". Todas as posses da jovem foram adquiridas por intermédio
nirantara nãma lao: "Canta o mantra Hare Krsna e não pára." da prostituição, e, portanto, eram produtos de sua vida pecaminosa. Quando tais
Embora Krsna deseje que todos se rendam a Seus pés de lótus, devido às suas posses são dadas aos brãhmanas e aos Vaiçnavas, que, devido ao seu avanço na
atividades pecaminosas, as pessoas não podem fazer isso. Na mãth duskrtino vida espiritual, podem empregá-las no serviço ao Senhor, isto indiretamente ajuda
müdhãh prapadyante narãdhamãh: não é da noite para o dia que os patifes e os tolos, a pessoa que dá a caridade, pois assim ela livra-se das reações pecaminosas. Como
os mais baixos dos homens, que se ocupam em atividades pecaminosas, vão Krçna promete, aham tvãm sarva-pãpebhyo moksayisyãmi: "Salvar-te-ei de todas as
render-se aos pés de lótus de Krçna. No entanto, se começarem a cantar o mantra reações pecaminosas." Quando nossos devotos conscientes de Krçna saem para
Hare Krsna e a prestar serviço à planta de tulasi, muito e m breve serão capazes pedir caridade ou coletar contribuições sob a forma de pagamentos de associados,
de se render. O verdadeiro dever de todos é render-se aos pés de lótus de Krsna, o dinheiro que então passa a ser do movimento para a consciência de Krçna é
mas, quem não for capaz de fazer isso deve adotar este processo, introduzido empregado com a finalidade estrita de promover o avanço da consciência de Krçna
por Sri Caitanya Mahaprabhu e Seu servo mais íntimo, Nãmãcãrya Srila Haridãsa por todo o mundo. O dinheiro que os devotos conscientes de Krsna arrecadam
Thãkura. Esta é a maneira de sairmos bem sucedidos na consciência de Krsna. de outras pessoas é para o serviço a Krçna. Os devotos se satisfazem com a prasãda
de Krçna e com as coisas que Krçna dá para a manutenção deles, e não desejam
confortos materiais. Entretanto, eles se submetem a qualquer espécie de tribulação
VERSO 138
para ocuparem no serviço ao Senhor as posses das prostitutas, ou de pessoas
<í« süp «rc*t '«W ««tc«f«r asfà' i que são parecidas com prostitutas, para, assim, livrá-las das reações pecaminosas.
« f e r i sfèreii fctçí! *ÊC 'srV «ssfã' II i « m Vmguru Vaisnava aceita dinheiro ou outras contribuições, mas não emprega tais
contribuições no gozo dos sentidos. O Vaisnava puro se considera incapaz de
eta bali' tare 'nãma' upadesa kari' ajudar sequer uma única pessoa a livrar-se das reações à vida pecaminosa, mas
uthiyã calilã thãkura bali' 'hari' 'hari' ocupa no serviço ao Senhor o dinheiro que alguém ganhou a duras penas para
eta bali'—dizendo isso; tare—a ela; nãma upadesa kari'—instruindo sobre o pro- assim livrá-lo das reações pecaminosas. O guru Vaiçnava jamais depende das
cesso de cantar o mahã-mantra Hare Krçna; uthiyã—levantando-se; calilã—partiu; contribuições de seus discípulos. Seguindo as instruções de Haridãsa Thãkura,
thãkura—Haridãsa Thãkura; bali'—cantando; hari hari—o mahã-mantra Hare Krçna. o Vaiçnava puro pessoalmente não aceita de ninguém sequer uma paisa, mas
estimula seus seguidores a gastar a serviço do Senhor todas as posses que por
T R A D U Ç Ã O — A p ó s dar à prostituta essas instruções sobre o processo de cantar ventura tenham.
o mantra Hare Krçna, Haridãsa Thãkura levantou-se e saiu, cantando o tempo
todo: "Hari, Hari". VERSO 140
V E R S O 139
sir«ri i f ^ ' «íreicsi s r f i p i c i ! a c a 1
1
«CS C l ! C W J 1 ' « a ? ! "RJÜH s f e í I s T f à - f à w f « * w w m stet ftzt II >8° II
« t e t r o cral fssi, g f W P t e a f m » u
Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 144 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 231
230
mãthã mudi' eka-vastre rahilã sei ghare SIGNIFICADO—Destacados devotos Vaisnavas, altamente avançados, não têm
rãtri-dine tina-laksa nãma grahana kare nenhum interesse em ver prostitutas, porém, quando uma prostituta ou qualquer
outra alma caída se converte em Vaisnava, Vaiçnavas consumados interessam-se
mãthã mudi'—raspando a cabeça; eka-vastre—usando apenas um jogo de roupa;
em vê-las. Quem quer que siga os princípios Vaiçnavas pode facilmente converter-
rahilã—permaneceu; sei ghare—naquele aposento; rãtri-dine—dia e noite adentro;
se em Vaisnava. O devoto que segue estes princípios não mais está na plataforma
tina-laksa—300.000; nãma—santos nomes; grahana kare—canta. material. Portanto, o que se deve levar em consideração é a aceitação estrita dos
princípios, e não a terra onde nascemos. Muitos devotos da Europa e dos Estados
TRADUÇÃO—Conforme os princípios Vaisnavas, a prostituta raspou impecavel-
Unidos aderem ao nosso movimento para a consciência de Krçna, mas ninguém
mente sua cabeça e permaneceu naquele aposento com apenas um jogo de roupa.
deve por isso considerá-los como Vaiçnavas europeus ou Vaiçnavas americanos.
Seguindo os passos de seu mestre espiritual, passou a cantar o mahã-mantra Hare
Um Vaiçnava é um Vaiçnava, e por isso deve-se-lhe dar todo o respeito que o
Krçna 300.000 vezes por dia. Ela cantava dia e noite adentro.
Vaiçnava merece.
V E R S O 141 V E R S O 143
tulasi sevana kare, carvana, upavãsa veéyãra caritra dekhi' loke camatkãra
indriya-damana haila, premera prakãéa haridãsera mahimã kahe kari' namaskãra
tulasi—a planta de tulasi; sevana kare—ela adorava; carvana—mastigando; upa- veéyãra—da prostituta; caritra—caráter; dekhi'—vendo; loke—todas as pessoas;
vãsa—jejuando; indriya-damana—controlando os sentidos; haila—houve; premera camatkãra—admiradas; haridãsera—de Thãkura Haridãsa; mahimã— glórias; kahe—
prakãéa— manifestações que caracterizam o amor a Deus. falam; kari' namaskãra—prestando reverências.
T R A D U Ç Ã O — S e g u i n d o os passos de seu mestre espiritual, ela adorava a planta T R A D U Ç Ã O — A o verem o caráter sublime da prostituta, todos, admirados, glori-
de tulasi. Ao invés de comer regularmente, ela mastigava todo o alimento que ficavam a influência de Haridãsa Thãkura e prestavam-lhe reverências.
recebia como doação, e, se não lhe dessem nada, jejuava. Portanto, comendo
SIGNIFICADO—Diz-se que phalena pariciyate: reconhece-se alguém pelos resultados
frugalmente e jejuando, ela conquistou os sentidos, e, tão logo seus sentidos
ficaram sob controle, apareceram nela os sintomas de amor a Deus. de suas ações. Na sociedade Vaiçnava, há muitas espécies de Vaisnavas. Alguns
deles são chamados de gosvãmis, outros, de svãmis, alguns outros, de prabhus,
e mais outros, de prabhupãda. Entretanto, não se reconhece alguém simplesmente
V E R S O 142 mediante tais nomes. Aceita-se u m mestre espiritual como guru autêntico quando
se comprova que ele modificou o caráter de seus discípulos. Haridãsa Thãkura
transformou realmente o caráter da prostituta. Dando muita importância a esse
S ® 1© C S W "ST* «f«4ciC« T t f S H >8*. II fato, todas as pessoas prestaram reverências a Haridãsa Thãkura e glorificaram-no.
TRADUÇÃO—Dessa maneira, a prostituta tornou-se uma célebre devota. Avançou rãmacandra khãhna aparãdha-bija kaila
muito na vida espiritual, e muitos Vaisnavas resolutos vinham vê-la. sei bija vrksa hanã ãgete phalila
232 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 3 Verso 149 As glórias de Sríla Haridãsa Thãkura 233
rãmacandra khãhna—Rãmacandra Khan; aparãdha—da ofensa; bija—semente; vaisnava-dharma nindã kare, vaisnava-apamãna
kaüa—íez germinar; sei bija—essa semente; vrksa hanã—transformando-se numa bahu-dinera aparãdhe pãila parinãma
árvore; ãgete—mais tarde; phalila—frutificou. vaisnava-dharma—o culto do Vaisnavismo; nindã kare—blasfema; vaisnava apamã
na—insultos aos devotos; bahu-dinera—por muito tempo; aparãdhe—pelas atividades
T R A D U Ç Ã O — A o induzir que uma prostituta perturbasse Haridãsa Thãkura, ofensoras; pãila—obteve; parinãma—a ação resultante.
Rãmacandra Khãn fez com que germinasse uma semente de ofensa aos pés de
lótus de Haridãsa Thãkura. Mais tarde, essa semente transformou-se numa T R A D U Ç Ã O — P o r ter blasfemado o culto do Vaisnavismo e como insultou os de-
árvore, e, quando esta frutificou, Rãmacandra Khãn comeu-lhe os frutos. votos durante muito tempo, ele agora recebia os resultados de suas atividades
ofensoras.
VERSO 145
SIGNIFICADO—Rãmacandra Khãn era um grande ofensor aos pés de lótus dos
Vaisnavas e de Viçnu. Assim como Rãvana, que, embora fosse filho de Visvasravã,
« r c s t i "tMsi ffk, <è*i W S « M II >8<t o um brãhmana, era, devido a suas ofensas contra o Senhor Rãmacandra (Visnu)
e Hanumãn (um Vaisnava), chamado de asura ou rãk$asa, Rãmacandra Khãn, de-
mahad-aparãdhera phala adbhuta kathana vido a suas ofensas contra Haridãsa Thãkura e muitos outros, também tornou-se
prastãva pãnã kahi, suna, bhakta-gana um asura da mesma laia.
mahat-aparãdhera—de uma grande ofensa aos pés de um devoto elevado; phala—
o resultado; adbhuta—maravilhosa; kathana—narração; prastãva—oportunidade; VERSO 148
pãnã—aproveitando-me de; kahi— digo; suna—escutai; bhakta-gana—ó devotos.
fàajiro-cjMfJitfc!» C«íto5 i r a i f * > r 1 I
T R A D U Ç Ã O — E s t a ofensa aos pés de lótus de um devoto elevado deu origem a e j t T t f à ç s ara (3fãc<5 sTtfàarl n isv n
C«|ÍI
uma narração maravilhosa. Aproveitando-me da oportunidade oferecida por estes nityãnanda-gosãhi gaude yabe ãilã
incidentes, explicarei o que aconteceu. Ó devotos! Por favor, escutai. prema pracârite tabe bhramite lãgilã
nityãnanda-gosãhi—o Senhor Nityãnanda; gaude—a Bengala; yabe—quando; ãilã—
V E R S O 146 regressou; prema pracârite—para pregar o culto de bhakti, amor a Deus; tabe—nessa
época; bhramite lãgilã—pôs-Se a viajar.
çfàstiFBr i*t?rtra bsi «rga-iata II 1 8 * II T R A D U Ç Ã O — A o retornar à Bengala para pregar o culto de bhakti, ou seja, amor
a Deus, o Senhor Nityãnanda pôs-Se a viajar por toda a região.
sahajei avaisnava rãmacandra-khãhna
haridãsera aparãdhe haila asura-samãna V E R S O 149
sahajei—por natureza; avaisnava—não-devoto; rãmacandra-khãhna—Rãmacandra cafít-aiçtiM «rrã "rwawstü i
Khãn; haridãsera—aos pés de lótus de Haridãsa; aparãdhe—por ofensas; haila—ficou;
S ^ t c í i i $ 5 f g w gsf«i II 18» II
asura-samãna—exatamente como um demônio.
prema-pracãrana ãra pãsanda-dalana
T R A D U Ç Ã O — P o r natureza, Rãmacandra Khãn era um não-devoto. Tendo então dui-kãrye avadhüta karena bhramana
ofendido os pés de lótus de Haridãsa Thãkura, ele transformou-se num ateísta prema-pracãrana—pregando o culto de bhakti; ãra—e; pãsanda-dalana—subjugando
demoníaco. os ateus; dui-kãrye—com duas classes de atividades; avadhüta—o grande devoto
VERSO 147 e mendicante; karena—faz; bhramana—peregrinação.
goyãlãra—de um leiteiro; go-éãlã— curral; haya—é; atyanta—muito; vistãra—espa- eta bali'—dizendo isso; krodhe—com ira; gosani—o Senhor Nityãnanda; uthiyã
çoso; ihãn—aqui; sahkirna-sthala—local muito apertado; tomara—Teus; manusya— calilã—levantou-Se e saiu; tare—a ele; danda dite— para castigar; se—aquela; grame—
na aldeia; nã rahilã—não ficou.
adeptos; apara—ilimitados.
TRADUÇÃO—"Poderias ir à casa de um leiteiro, pois o curral é espaçoso, ao passo T R A D U Ç Ã O — T e n d o dito isso, o Senhor Nityãnanda levantou-Se e retirou-Se
muito irado. Para castigar Rãmacandra Khãn, Ele nem sequer ficou naquela
que, aqui na Durgã-mandapa, o espaço é insuficiente, já que trouxeste muitos
aldeia.
seguidores contigo."
V E R S O 157
VERSO 154
V E R S O 158
VERSO 155
cataa-sfcet (jaf*fal na a f ^ r a - a r f a a i
" a « i * c s , - r s i t a a c a t a c a t a j *ra I
« a ^ a t a s t a a a s a i b?*i « r a n a n 14b- n
cm. cai-aa a^ca, a r a c a f a j sa n" >«<? 11
"satya kahe,—ei ghara mora yogya naya gomaya-jale lepilã saba mandira-prãhgana
mleccha go-vadha kare, tara yogya haya" tabu rãmacandrera mana nã haila parasanna
satya kahe—Rãmacandra Khãn fala corretamente; eí ghara—esta casa; mora—para go-maya-jale—com água misturada com estrume de vaca; lepilã—esfregou; saba—
todo; mandira—o templo da Durgã-mandapa; prãhgana—o pátio; tabu—mesmo
Mim; yogya naya—não é apropriada; mleccha—os comedores de carne; go-vadha
assim; rãmacandrera mana—a mente de Rãmacandra Khãn; nã haila parasanna—não
kare—que matam vacas; tara—para eles; yogya haya—é adequada. ficou contente.
dasyu-vrtti kare rãmacandra rãjãre nã deya kara sei ghare tina dina kare amedhya randhana
kruddha hanã mleccha ujira ãila tara ghara ãra dina sabã lahã karilã gamana
dasyu-vrtti—a atividade de um ladrão; kare—faz; rãmacandra—Rãmacandra; rãjã- sei ghare—naquele cômodo; tina dina—por três dias; kare—iaz; amedhya randhana—
re—ao governo; nã—não; deya—paga; kara—imposto; kruddha hanã— ficando irri- cozinhando carne de vaca; ãra dina—no dia seguinte; sabã lahã—acompanhado de
tado; mleccha—o muçulmano; ujira—ministro; ãila—veio; tara ghara—à sua casa.
seus seguidores; karilã gamana—partiu.
T R A D U Ç Ã O — A atividade de Rãmacandra Khãn era ilícita, pois sempre tentava TRADUÇÃO—Naquele mesmo cômodo, durante três dias seguidos, ele cozinhou
sonegar o imposto governamental. Por isso, o ministro da fazenda ficou irritado carne de vaca. Então, no quarto dia, ele partiu, acompanhado de seus seguidores.
e veio até à sua residência.
V E R S O 163
V E R S O 160
«'tfã-fíi-aíi a r c a aswf s r ! a 1
«rrfã' c a ! s à T a ^ c t a t a i i a$Fa« sira Ssrr® a f ã a u 1
«WÍJ aa asfà' a t t a c a - a c a s r a r l i o *%• n
jãti-dhana-jana khãnera sakala la-ila
ãsi' sei durgã-mandape vãsã kaila bahu-dina paryanta grama ujãda rahilã
avadhya vadha kari' mãriisa se-ghare rãndhãila jãti—direito de nascimento; dhana—riquezas; jana—seguidores; khãnera—de
ãsi'—vindo; sei durgã-mandape—naquele mesmíssimo lugar da Durgã-mandapa; Rãmacandra Khãn; sakala—tudo; la-ila—tirou; bahu-dina—um longo tempo; paryan-
vãsã kaila—estabeleceu sua residência; avadhya—uma vaca ou bezerro, que não ta—por; grama—a aldeia; ujãda rahilã—ficou deserta.
deve ser morto; vadha farí'—matando; mãriisa—carne; se-ghare—naquele local;
rãndhãila—assou. T R A D U Ç Ã O — O ministro muçulmano interditou a posição e a riqueza de Rãma-
candra Khãn, e lhe tirou os seguidores. Por muitos dias a aldeia ficou deserta.
TRADUÇÃO—O ministro muçulmano estabeleceu sua residência na Durgã-manda-
pa de Rãmacandra Khãn. Ele matou uma vaca e assou a carne ali mesmo. V E R S O 164
VERSO 166
V E R S O 169
fã*«U. caraaa—g! alçara açaat* i
aaara-wt *t aras* afâia «tara* i
«ta ícaffàa -'saara' ata ata n * * » II
afãara-it^caca ai!' ascaa aaa II S4>& n
hiranya, govardhana—dui mulukera majumadãra raghunãtha-dãsa bãlaka karena adhyayana
tara purohita—'balarãma' nãma tãhra haridãsa-thãkurere yãi' karena daréana
hiranya—Hiranya; govardhana—Govardhana; dui—dois; mulukera—daquela região; raghunãtha-dãsa—Raghunãtha dãsa; bãlaka—um menino; karena adhyayana—estava
majumadãra—tesoureiros do governo; tara—deles; purohita—sacerdote; balarãma— estudando; haridãsa-thãkurere—até Haridãsa Thãkura; yãi'—indo; karena daréana—
Balarãma; nãma—nome; tãhra—seu. costumava ver.
TRADUÇÃO—Hiranya e Govardhana eram os dois tesoureiros governamentais
nesta seção regional. O sacerdote deles chamava-se Balarãma Ãcãrya. TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa, que era filho de Hiranya Majumadãra e que mais
tarde tornar-se-ia Raghunãtha dãsa Gosvãmi, era então um menino ocupado em
SIGNIFICADO—A palavra majumadãra refere-se a um tesoureiro que toma conta dos estudos. Todos os dias, ele vinha ver Haridãsa Thãkura.
impostos.
V E R S O 167 V E R S O 170
TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura deu-lhe misericórdia espontaneamente, e, devido T R A D U Ç Ã O — T ã o logo viram Haridãsa Thãkura, os dois irmãos levantaram-se e
à bênção misericordiosa desse Vaisnava, ele mais tarde alcançou o refúgio dos caíram a seus pés de lótus. Então, com muito respeito, ofereceram-lhe um assento.
pés de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu.
V E R S O 174
VERSO 171
«ira* *iRss jfsrs, a w i , i«sf5i i
« t t i rara cm sfàatcRt ifial *«ra i Sr! «te. «rswfaa—fettj, c í i w » i n >ss u
aiWjfsi,—*>3I •B&W II 111 ||
aneka pandita sabhãya, brãhmana, sajjana
tãhãh yaiche haila haridãsera mahimã kathana dui bhãi mahã-pandita—hiranya, govardhana
vyãkhyãna, —adbhuta kathã suna, bhakta-gana aneka pandita—muitos acadêmicos eruditos; sabhãya—naquela reunião; brãhmana—
tãhãh—naquele local; yaiche—assim como; haila—havia; haridãsera—de Haridãsa, brãhmanas; sat-jana—cavalheiros respeitáveis; dui bhãi— os dois irmãos; mahã-
Thãkura; mahimã—glórias; kathana—discussão; vyãkhyãna—discurso; adbhuta— pandita—acadêmicos muito eruditos; hiranya—Hiranya; govardhana—Govardhana.
maravilhoso; kathã—incidente; suna—ouvi; bhakta-gana—ó devotos.
TRADUÇÃO—Naquela reunião, havia muitos acadêmicos eruditos, brãhmanas e
TRADUÇÃO—Na residência de Hiranya e Govardhana, ocorriam diálogos em que cavalheiros respeitáveis. Os dois irmãos Hiranya e Govardhana também eram
se glorificava Haridãsa Thãkura. Ó devotos, por favor, ouvi essa história muito eruditos.
maravilhosa. V E R S O 175
VERSO 172
sftretraa ««t i r a *w t * a r a i
isasrsn ?9Rtf*! f s r a f à * f % f 1 1
« r % i m^'*tfc «tripti *? gra i ><»« n
HÇWlWfl *t«T3 «ItSarí fcí?C3 ll ii* II
haridãsera guna sabe kahe pahca-mukhe
eka-dina balarãma minati kariyã éuniyã ta' dui bhãi pãilã bada sukhe
majumadãrera sabhãya ãilã thãkure lanã haridãsera—de Haridãsa Thãkura; guna—as qualidades; sabe—todos eles; kahe—
eka-dina—certo dia; balarãma—Balarãma Ãcãrya; minati kariyã—com muita humil- puseram-se a falar; pahca-mukhe—como se falassem com cinco bocas; éuniyã—ouvin-
dade; majumadãrera—dos Majumadãras, a saber, Hiranya e Govardhana; sabhãya— do; ta'—decerto; dui bhãi— os dois irmãos; pãilã—obtiveram; bada sukhe— felicidade
na reunião; ãilã—veio; thãkure—Haridãsa Thãkura; lahã—levando consigo. imensa.
TRADUÇÃO—Certo dia, Balarãma Ãcãrya solicitou com muita humildade que TRADUÇÃO—Todos ali, como se tivessem cinco bocas, puseram-se a falar sobre
Haridãsa Thãkura fosse à reunião dos Majumadãras, a saber, Hiranya e Govar- as magníficas qualidades de Haridãsa Thãkura. Ao ouvirem isto, os dois irmãos
dhana. Sendo assim, acompanhado de Balarãma Ãcãrya, Haridãsa Thãkura foi ficaram felizes ao extremo.
até lá.
VERSO 176
VERSO 173
amhah samharad akhilam sakrd haridãsa kahena—Haridãsa Thãkura começou a explicar; yaiche—como; süryera
udayãd eva sakala-lokasya udaya—nascer do sol; udaya nã haite—embora não visível; ãrambhe—desde o começo;
taranir iva timira-jaladhim tamera—da escuridão; haya ksaya—há dissipação.
jayati jagan-mangalam harer nãma
amhah—a ação resultante da vida pecaminosa, que provoca o cativeiro mate- TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura disse: "À medida que começa a surgir, mesmo
rial; samharat—erradicando por completo; akhilam—toda; sakrt—apenas uma vez; antes de ficar visível, o sol dissipa a escuridão da noite."
udayãt—ao nascer; eva—decerto; sakala—todas; lokasya—das pessoas do mundo;
taranih—o sol; iva—como; timira—de escuridão; jala-dhim—o oceano; jayati—todas VERSO 184
as glórias a; jagat-mahgalam—auspicioso para o mundo inteiro; hareh nãma—o santo
c&ra-c««-ai*atfãa «a sa i p t i
nome do Senhor.
®»a csci q*-atf-«rtfà m^W II iv-8 ti
T R A D U Ç Ã O — ' " A s s i m como o sol nascente dissipa de imediato toda a escuridão
do mundo, que é profunda como um oceano, do mesmo modo, o santo nome
caura-preta-rãksasãdira bhaya haya nãéa
do Senhor, se cantado mesmo uma vez sem que se cometam ofensas, pode udaya haile dharma-karma-ãdi parakãéa
destruir todas as reações à vida pecaminosa de um ser vivo. Todas as glórias caura—ladrões; preta—fantasmas; rãksasa—demônios; adira—deles e de outros;
a esse santo nome do Senhor, que é auspicioso para o mundo inteiro.'" bhaya—medo; haya—fica; nãéa—destruído; udaya haile—quando o sol nascente fica
realmente visível; dharma-karma—todas as atividades religiosas e princípios regu-
ladores; ãdi—tudo; parakãéa—manifesta-se.
SIGNIFICADO—Este verso encontra-se no Padyãvali (16).
T R A D U Ç Ã O — " C o m o primeiro clarão de luz solar, imediatamente desaparece o
VERSO 182
temor a ladrões, fantasmas e demônios, e, quando o sol fica realmente visível,
< & cjrrcasa « w f a>a t f à c a a it«i r tudo manifesta-se, e todos passam a realizar suas atividades religiosas e seus
deveres reguladores."
ICa fC*.,-'^ *S w f - f ã a * « 1 ' II iirí. II
VERSO 185
ei élokera artha kara panditera gana"
sabe kahe,—'tumi kaha artha-vivarana' Jícs srrcifiaisc? *tt*t-iifàa wa i
ei slokera—deste verso; artha—significado; kara—explicai; panditera gana—ó grupos
de acadêmicos eruditos; sabe kahe—todos disseram; tumi kaha—fala tu; artha-
«wa teci ç a n c a sa c«tcitaa n H
vivarana—o significado e a explicação. aiche nâmodayãrambhe pãpa-ãdira ksaya
udaya kaile krsna-pade haya premodaya
T R A D U Ç Ã O — A p ó s recitar este verso, Haridãsa Thãkura disse: "Ó acadêmicos
aiche—de modo semelhante; nãma-udaya—do aparecimento do santo nome;
eruditos, por favor, explicai o significado deste verso." Porém, a audiência
ãrambhe—pelo início; papa—reações a atividades pecaminosas; adira—destas e de
sugeriu a Haridãsa Thãkura: "É melhor que expliques o significado deste impor- outras; ksaya—dissipação; udaya kaile—quando há o verdadeiro despertar do cantar
tante verso." em que não se cometem ofensas; krsna-pade—aos pés de lótus de Krsna; haya
prema-udaya—há o despertar de amor extático.
VERSO 183
srã^ía *ççst,-"cit5 »rcaa fcra i T R A D U Ç Ã O — " D e modo semelhante, ao se detectar o primeiro sinal de que se
canta o santo nome do Senhor e não se cometem ofensas, já são destruídas de
$<ta « 1 c s c s i t a c g « c i a s a * a 11 i f * »
imediato as reações à vida pecaminosa. E, quando alguém canta o santo nome
sem incorrer em ofensas, desperta para o serviço em amor extático aos pés de
haridãsa kahena, — "yaiche süryera udaya lótus de K r s n a . "
udaya nã haite ãrambhe tamera haya ksaya
248 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 191 As glórias de Snla Haridãsa Thãkura 24')
VERSO 188 TRADUÇÃO—Na casa de Hiranya e Govardhana Majumadãra, uma pessoa cha-
mada Gopãla Cakravartí era oficialmente o principal coletor de impostos.
ca «if%* « ? P ai era, ca ara» stw fàc« if > w ti
ye mukti bhakta nã laya, se krsna cãhe dite" VERSO 191
ye—a qual; mukti—liberação; bhakta—um devoto; nã laya—não aceita; se—isso;
krsna—o Senhor Krsna; cãhe dite—deseja oferecer. catc« ífã' t t e a i a w c a «rtfwtfãf* a>ca i
ara-a* «jaii s a ! iteara fctfa» «ca n is>> i
TRADUÇÃO—"A liberação, coisa em que o devoto puro pouco está interessado, gaude rahi' pãtsãha-age ãrindã-giri kare
é-lhe oferecida facilmente por K r ç n a . " bãra-laksa mudrã sei pãtsãra thãni bhare
250 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 3 Verso Í 9 5 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 251
gaude rahi'—morando na Bengala; pãtsãhã-ãge—em nome do imperador; ãrindã- kruddha hanã bale sei sarosa vacana
giri kare—age como o principal coletor de impostos; bãra-laksa—um milhão e "bhãvukera siddhãnta éuna, panditera gana
duzentas mil; mudrâ—moedas; sei—ele; pãtsãra thãni—para o imperador; bhare— kruâàna hanã—ficando muito zangado; bale— disse; sei—ele; sa-rosa vacana—
arrecada. palavras iracundas; bhãvukera—de u m a pessoa emotiva; siddhãnta—conclusão;
éuna—ouvi só; panditera gana—ó assembléia de acadêmicos eruditos.
TRADUÇÃO—Esse Gopãla Cakravartí morava na Bengala. Seu dever como prin-
cipal coletor de impostos era arrecadar 1 . 2 0 0 . 0 0 0 moedas para depositar no tesouro TRADUÇÃO—Este rapazola, Gopãla Cakravartí, ficou muito zangado ao ouvir as
do imperador. declarações de Haridãsa Thãkura, passando, assim, imediatamente a criticá-lo.
VERSO 192 "Ó assembléia de acadêmicos eruditos", disse ele, "vede só a que conclusão
chegou o devoto e m o t i v o . "
•RTC-^a, i f w s , *fS*QÍm I
srr»rr«Tc.i '*jf>' « f ã ' sri *s.«i JRW D > Í * i VERSO 1 9 4
SIGNIFICADO—Os Vaisnavas seguem à risca as orientações dos éãstras a respeito TRADUÇÃO—"Após muitos milhões e milhões de nascimentos, quando a pessoa
de como podemo-nos libertar simplesmente com um leve despontar do canto puro atinge è plenitude do conhecimento absoluto, talvez ainda não se liberte, porém,
do santo nome. Os Mãyãvãdis não podem tolerar as afirmações dos éãstras sobre este homem diz que pode-se libertar quem vislumbra um simples lampejo do
como pode-se alcançar facilmente a liberação, pois, c o m o afirma o Bhagavad-gitã santo n o m e . "
(12.5), kleéo 'dhikaratas tesãm avyaktãsakta-cetasãm: durante muitos e muitos nasci-
mentos, os impersonalistas deverão realizar trabalho árduo, e só então talvez sejam VERSO 1 9 5
liberados. Os Vaisnavas sabem que, pelo simples fato de se cantar o santo nome
do Senhor sem incorrer em ofensas, a liberação é obtida como um subproduto. *fà*ía w - @ m aras ?
Portanto, não há necessidade de esforçar-se à parte para atingir a liberação. Srila «rrcji asçaj-aiatati-arca 'lí*»' sa n >s<t u
Bilvamangala Thãkura diz que muktih svayam mukulitãhjali sevate 'smãn: se alguém
é devoto puro, com reverência e fé inabaláveis, a liberação fica a postos em sua haridãsa kahena,—kene karaha saméaya?
porta, pronta para prestar-lhe qualquer espécie de serviço. Os Mãyãvãdis não
sãstre kahe,—nãmãbhãsa-mãtre 'mukti' haya
podem tolerar isto. Por isso, o ãrindã pradhãna, o principal coletor de impostos,
haridãsa kahena—Haridãsa Thãkura disse; tone—por que; karaha saméaya—duvi-
embora muito culto, belo e jovem, não pôde tolerar as declarações de Haridãsa
das; éSsire tone—afirma-se nas escrituras reveladas; nãma-ãbhãsa-mãtre—com um
Thãkura.
simples vislumbre do cantar do santo nome; mukti haya—há liberação.
VERSO 193
ag% e.<a>1 ÍOT d! í t a l a a e a i TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura disse: "Por que duvidas? As escrituras reveladas
afirmam que pode alcançar a liberação quem tem um simples vislumbre do cantar
inofensivo do santo n o m e . "
252 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 200 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 253
T R A D U Ç Ã O — ' " M e u querido Senhor, ó mestre do universo, desde que Vos vi éuni' sabhã-sad uthe kari' hãhãkãra
diretamente, minha bem-aventurança transcendental assumiu a forma de um majumadãra sei vipre karilã dhikkãra
grande oceano. Estabelecendo-me neste oceano, percebo agora que todas as outras éuni'—ouvindo; sabhã-sat—todos os membros da assembléia; uthe—levantaram-
felicidades aparentes, incluindo mesmo brahmãnanda, são como a água contida se; kari' hãhã-kãra—fazendo um grande tumulto; majumadãra—Hiranya e Govar-
na pegada de um bezerro.'" dhana Majumadãra; sei vipre—ao brãhmana que era servo deles; karilã—fizeram;
dhik-kãra—repreensão.
SIGNIFICADO—Este verso é citado do Hari-bhakti-sudhodaya (14.36).
tarkera—com argumentação e com lógica; gocara—apreciável; nahe—não é; nãme- tabe se hiranya-dãsa nija ghare ãila
ra—do santo nome; mahattva—a glória; kothã haite—do que; jãnibe—saberá; se—ele; sei brãhmane nija dvãra-mãnã kaila
ei—isto; saba—toda; tattva—verdade. tabe—em seguida; se—esse; hiranya-dãsa—Hiranya Majumadãra; nija—própria;
ghare—à casa; ãila—regressou; sei—aquele; brãhmane—a Gopãla Cakravarti; nija—
T R A D U Ç Ã O — " N ã o é mediante a simples lógica e argumentação que alguém en- própria; dvãra—porta; mãnã—proibição; kaila—impôs.
tenderá as glórias do santo nome. Portanto, a este homem não é possível entender
as glórias do santo n o m e . " T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , Hiranya dãsa Majumadãra regressou à sua casa e ordenou
que Gopãla Cakravarti não mais deveria ter acesso ao interior da mesma.
V E R S O 207
V E R S O 209
aí* as, ?a» w a f*ra jjats i
«trais a a w grt .ai *®as sstsfs n" v i n fisa fãa fàacs c a * fsc«r* 's$' c*i i
yãha ghara, krsna karuna kuéala sabãra «rf% ®w alai ats afèial «rfãci n n
ãmãra sambandhe duhkha nã ha-uka kãhãra"
yãha ghara—ide para vossas casas; krsna karuna—que o Senhor Krsna conceda; tina dina bhitare sei viprera 'ku$(ha' haila
kuéala sabãra—bênçãos a todos; ãmãra sambandhe—por minha causa; duhkha—tris- ati ucca nãsã tara galiyã padila
teza; nã ha-uka—que não haja; kãhãra—de ninguém. tina dina—três dias; bhitare— dentro de; sei—aquele; viprera—do brãhmana; kusth
lepra; haila—apareceu; ati—muito; ucca—saliente; nãsã—nariz; tara—seu; galiyã—
T R A D U Ç Ã O — " A g o r a , todos vós podeis ir às vossas respectivas casas. Que o amolecendo; padila—caiu.
Senhor Krsna abençoe todos vós. Não fiqueis sentidos com o fato de eu ter sido
insultado." TRADUÇÃO—Dentro de três dias, aquele brãhmana foi acometido de lepra, e,
por causa disso, seu nariz saliente, sendo corroído, caiu.
SIGNIFICADO—Com esta declaração de Haridãsa Thãkura, percebe-se que um
Vaisnava puro jamais leva a sério os insultos de ninguém. É isto o que nos ensina V E R S O 210
Srí Caitanya Mahaprabhu:
çw^-ssfà-aa saí-tatffi i
trnãd api sunicena c#ts"? **i as, sícè c a i a f à ' n *> II
taror api sahisnunã
amãninã mãnadena campaka-kali-sama hasta-padãhguli
klrtaniyah sadã harih kohkada ha-ila saba, kusthe gela gali'
campaka—de uma flor de tonalidade dourada; kali—brotos; sama—como; hasta-
"Devemos cantar o santo nome do Senhor num estado de espírito humilde, pada-ahguli—dedos dos pés e das mãos; kohkada ha-ila—ficaram encarquilhados;
julgando-nos inferiores à palha na rua. Devemos ser mais tolerantes do que uma suba—todos; kusthe—devido à lepra; gela gali'—deterioraram-se.
árvore, desprovidos de todo o sentido de falso prestígio, e devemos estar dispostos
a prestar todo o respeito aos outros. Nesse estado de espírito, podemos cantar T R A D U Ç Ã O — O s dedos dos pés e das mãos do brãhmana eram belos como dou-
o santo nome do Senhor constantemente." Um Vaiçnava é sempre tolerante e rados brotos de campaka, mas, devido à lepra, todos murcharam e, pouco a
submisso como as árvores e a grama. Ele tolera os insultos dos outros, pois só pouco, deterioraram-se.
está interessado em cantar o santo nome do Senhor sem se deixar perturbar.
V E R S O 211
\ V E R 5 0 208
Cffaal as»? citas c * i 5a«.ssta i
«cs ca fàaawta taa acs «rraar i afswtca <ai«Rfã' ates a*ts aavia n *i> II
ca* srtasw fãar ars-aiai tea u n
258 èri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 214 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 259
V E R S O 213
V E R S O 214
w - t « K — « r a í - c a t a «PU i
W - f r l l i f à t s sri i t t í ii n fàter* f4 « f ã ' «ftmtJi nca s t f l cssri i
a i r ^ - ^ r a f f à c s * f t ' »rtf%»fo mivft n o s 11
bhakta-svabhãva,—ajha-dosa ksamã kare
krsna-svabhãva,—bhakta-nindã sahite nã pare viprera kustha éuni' haridãsa mane duhkhi hailã
bhakta-svabhãva—a característica do devoto puro; ajha-dosa—ofensa de u m patife balãi-purohite kahi' sãntipura ãilã
ignonnte; ksamã kare— perdoa; krsna-svabhãva—a característica de Krsna; bhakta- viprera— do brãhmana; kustha—lepra; éuni'—ouvindo; haridãsa—Haridãsa Thãkura;
ninda—blasfêmia contra os devotos; sahite nã pare—não pode tolerar. mane—dentro da mente; duhkhi hailã—ficou triste; balãi-purohite—a Bafaijãma
Ãcãrya; kahi'—falando; éãntipura ãilã—veio para Sãntipura.
V E R S O 215 V E R S O 218
ãcãrye miliyã toi/ã dandavat pranãma haridãsa kahe, — "gosãni, kari nivedane
advaita ãlihgana kari' karilã sammãna more pratyaha anna deha' kon prayojane?
ãcãrye miliyã—ao encontrar Advaita Ãcãrya; kailã—ofereceu; dandavat pranãma— haridãsa kahe—Haridãsa Thãkura disse; gosãni—meu querido Advaita Ãcãrya;
reverências e respeitos; advaita—Advaita Ãcãrya; ãlingana kari'—abraçando; karilã kari nivedane—deixa-me expor uma súplica; more—a mim; prati-aha—todos os dias;
sammãna—mostrou respeito. anna deha'—dás alimento; kon prayojane—qual a necessidade.
T R A D U Ç Ã O — A o encontrar Advaita Ãcãrya, Haridãsa Thãkura ofereceu-Lhe res- TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura disse: "Meu querido Advaita Ãcãrya, deixa-me
peitos e prestou-Lhe reverências, ao que Advaita Ãcãrya abraçou-o e mostrou-lhe expor algo ante Vossa Dignidade. Todos os dias me dás caridade de alimento
respeito. para eu comer. Qual a necessidade disso?"
V E R S O 216
V E R S O 219
a a t a i r a c*TiaM asfà' fãsfca a t r a fwerl i
« t a a a - f r a r a « f e - i s f « a t s a r i II n aai-aal-fàa iaal ssérra-aaTSf i
a t r a «rt<ra ara, a i a t a s « a errar n n
gangã-tire gohphã kari' nirjane tãnre dilã
bhãgavata-gitãra bhakti-artha sunãilã mohã-mahã-vipra ethã kulina-samãja
gangã-tire—h margem do Ganges; gohphã kari'—construindo uma pequena resi- nice ãdara kara, nã vãsaha bhaya lãjaü
dência numa caverna; nirjane—mim local solitário; tãnre—a ele; dilã—ofereceu; mahã-mahã-vipra—ilustríssimos brãhmanas; ethã—aqui; kulina-samãja—socieda
bhãgavata—do Srimad-Bhãgavatam; gitãra—do Bhagavad-gitã; bhakti-artha—o verda-aristocrática; nice—a uma pessoa de classe inferior; ãdara tora—mostras respeito;
deiro significado do serviço devocional; êunãilã— falou-lhe. nã vasaha—não Te importas com; bhaya lãja—meáo ou vergonha.
T R A D U Ç Ã O — Ã margem do Ganges, n u m local solitário, Advaita Ãcãrya fez para TRADUÇÃO—"Senhor, vives numa sociedade de ilustríssimos brãhmanas e aristo-
Haridãsa Thãkura uma casa em u m a caverna e falou-lhe sobre o verdadeiro cratas, mas, sem nenhum medo ou vergonha, adoras um homem de classe inferior
significado do árimad-Bhãgavatam e do Bhagavad-gitã em termos de serviço como e u . "
devocional. V E R S O 220
V E R S O 217 iraftrara> «rrara catara a>te.c« *tr! aa i
«itetraa a r a f à a j fàan-faaraa i c a ! $*f| a s r â a i , - a t c a cara 1 * 1 aa II
s! «rai fãf%' 3^-*«rt-«iNt<fa 11 n
alaukika ãcãra tomara kahite pãi bhaya
ãcãryera ghare nitya bhiksã-nirvãhana sei krpã kariba,—yãfe mora ratoã haya"
dui janã mili' krsna-kaihã-ãsvãdana alaukika ãcãra—comportamento incomum; tomara—Teu; kahite—de falar; pãi
ãcãryera ghare—na casa de Advaita Ãcãrya; nitya—diariamente; bhiksã-nirvãhana— bhaya—tenho medo; sei krpã— este benefício; kariba— por favor, faze; yãte—pelo qual;
aceitando comida em caridade; dui janã—eles dois; mili'—reunindo-se; krsna-kathã— mora—minha; ratoã—proteção; haya—há.
conversas sobre Krsna; ãsvãdana—saboreando.
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, Teu comportamento é incomum. Na verda-
TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura comia diariamente na casa de Advaita Ãcãrya. de, às vezes fico com medo de falar contigo. Mas, por favor, faze o benefício
Os dois juntos saboreavam o néctar das conversas sobre Krsna. de proteger-me do comportamento da sociedade."
Verso 222 As glórias de Sríla Haridãsa Thãkura 263
262 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3
"Ó filho de Prthã, aqueles que se refugiam em Mim, embora sejam de nascimento
SIGNIFICADO—Enquanto esteve aos cuidados de Advaita Ãcãrya, Haridãsa
inferior — mulheres, vaiéyas [comerciantes], bem como os éüdrãs [operários] —,
Thãkura temia o comportamento da sociedade de Sãntipura, Navadvipa, que era
podem aproximar-se do destino s u p r e m o . " Embora tendo nascimento baixo na
repleta de brãhmanas, ksatriyas e vaiéyas excessivamente aristocráticos. Haridãsa
sociedade humana, quem aceita Krçna como a Suprema Personalidade de Deus
Thãkura nasceu numa família muçulmana e, mais tarde, foi reconhecido como
tem plena competência de voltar ao lar, voltar ao Supremo; e não devemos con-
um grande Vaiçnava, mas, não obstante, osbrãhmanas criticavam-no muito. Por-
siderar de nascimento inferior, ou candãla, aquele que é um forte candidato para
tanto, Haridãsa Thãkura temia que Advaita Ãcãrya ficasse em uma situação melin-
voltar ao Supremo. Este também é outro preceito dos éãstras. Como afirma o
drosa devido à Sua familiaridade com ele. êri Advaita Ãcãrya dava a Haridãsa
Thãkura o tratamento dispensado a um Vaisnava muito elevado, mas outros, como
Srimad-Bhãgavatam (2.4.18):
Rãmacandra Khãn, tinham inveja de Haridãsa Thãkura. É claro que devemos
seguir os passos de Advaita Ãcãrya, não ligando para pessoas como Rãmacandra kirãta-hünãndhra-pulinda-pulkaéâ
Khãn. Atualmente, do meio europeu e americano muitos Vaiçnavas estão aderindo ãbhira-éumbhã yavanãh khasãdayah
a nosso movimento para a consciência de Krçna, e, embora homens da estirpe ye 'nye ca pãpã yad-apãérayãérayãh
de Rãmacandra Khãn sempre invejem tais Vaiçnavas, devemos seguir os passos éudhyanti tasmai prabhavisnave namah
de Sri Advaita Ãcãrya e tratá-los a todos como Vaiçnavas, Embora não sejam tão
elevados quanto Haridãsa Thãkura, tais americanos e europeus, tendo aceitado Não apenas os yavanas e khasãdayah, mas inclusive aqueles nascidos em famílias
os princípios de comportamento e filosofia Vaiçnavas, jamais devem ser excluídos ainda mais baixas, podem, pela graça de um devoto do Senhor Krçna, purificar-se
da sociedade Vaiçnava. (éudhyanti), pois Krçna dá a tais devotos o poder de realizar essa purificação.
Advaita Ãcãrya tinha confiança nas evidências dos éãstras e não Se importava com
os costumes sociais. Portanto, o movimento para a consciência de Krçna é um
V E R S O 221
movimento cultural que não se importa com as convenções sociais de determi-
«rrert a^caa, —"«Jã H| a»fàa «a i nada região. Seguindo os passos de Sri Caitanya Mahaprabhu e Advaita Ãcãrya,
c a ! «itsfãa, c a ! ataras a a « n > n podemos aceitar um devoto de qualquer parte do mundo e reconhecê-lo como
brãhmana, tão logo ele se qualifique por seguir os princípios de comportamento
Vaiçnava.
ãcãrya kahena, — "tumi nã kariha bhaya
sei ãcariba, yei éãstra-mata haya
ãcãrya kahena—Advaita Ãcãrya disse; tumi—tu; nã—não; kariha—faças; bhaya— V E R S O 222
medo; sei ãcariba—comportar-Me-ei dessa maneira; yei—tudo o que; éãstra-mata— ataci aa <^fcsiaw-c«tsra t
sancionado pelas escrituras reveladas; haya—é.
m afã, «rtai-tta * a t ! a i c f a a n Í A * U
TRADUÇÃO—Advaita Ãcãrya replicou: "Meu querido Haridãsa, não fiques com tumi khãile haya koti-brãhmana-bhojana"
medo. Comportar-Me-ei estritamente de acordo com os princípios das escrituras eta bali, érãddha-pãtra karãilã bhojana
reveladas." tumi khãile—se comes; haya—há; koti-brãhmana-bhojana—alimentação de dez
milhões de brãhmanas; eta bali—dizendo isso; érãddha-pãtra—o prato oferecido aos
SIGNIFICADO—SrUa Advaita Ãcãrya não temia a rígida cultura e costumes bramí- antepassados; karãilã bhojana—fez comer.
nicos da sociedade. Como afirmam os preceitos dos éãstras, que são a verdadeira
comprovação ou evidência, qualquer pessoa, mesmo que tenha nascido em família TRADUÇÃO—"Alimentar-te eqüivale a alimentar dez milhões de brãhmanas",
inferior, pode voltar ao Supremo. Krçna diz no Bhagavad-gitã (9.32): disse Advaita Ãcãrya. "Portanto, aceita este srãddha-pãtra." Assim, Advaita
Ãcãrya fê-lo comer.
mãm hi pãrtha vyapãéritya
ye 'pi syuh pãpa-yonayah SIGNIFICADO—Srãddha é prasãda oferecida aos antepassados em uma determinada
striyo vaiéyãs tathã éüdrãs data do ano ou do mês. O érãddha-pãtra, ou prato oferecido aos antepassados,
e então oferecido aos melhores brãhmanas da sociedade. A o invés de oferecer o
te 'pi yãnti param galim
264 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 224 As glórias de Sr:ía Haridãsa Thãkura 265
érãddha-pãtra a qualquer outro brãhmana, Advaita Ãcãrya ofereceu-o a Haridãsa que un-. devoto sincero, mesmo proveniente de família inferior, habituada a comer
Thãkura, considerando-o superior a qualquer dos brãhmanas destacados. Esta ati- carne, ele Me é muito querido. Deve-se dar caridade a semelhante devoto sincero
tude de Sri Advaita Ãcãrya comprova que Haridãsa Thãkura vivia numa posição e puro, pois ele é tão adorável quanto E u . "
transcendental, sendo, por isso, sempre superior inclusive ao brãhmana mais ele-
vado, pois estava acima do modo da bondade do mundo material. Recorrendo V E R S O 223
ao Bhakti-sandarbha, verso 177, SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura cita a este
«.-fàsta 9rrf%t' *ra*i íèqsi i
respeito as seguintes afirmações do Garuda Purãna:
i & n f f H f t f t &mm efeca eww f w a
brãhmanãnãm sahasrebhyah
satra-yãji viéisyate jagat-nistãra lãgi' karena cintaria
satra-yãji-sahasrebhyah avaisnava-jagat kemane ha-ibe mocana?
sarva-vedãnta-pãragah jagat-nistãra—a salvação das pessoas do mundo inteiro; lãgi'—para; karena cin-
tana—vivia pensando; avaisnava—reple'.o de não-devotos; jagat—o mundo inteiro;
sa rva-vedã n ta-vit-kotyã kemane—como; ha-ibe moca na—libertar-se-ãc.
visnu-bhakto viéisyate
vaisnavãnãm sahasrebhya TRADUÇÃO—Advaita Ãcãrya vivia meditando em como libertar as almas caídas
ekãnty eko viéisyate do mundo inteiro. "O m u n d o inteiro está repleto de não-devotos", pensava cie.
"Como eles libertar-se-ão?"
"Um brãhmana qualificado para oferecer sacrifícios é melhor do que um brãhmana
comum, e melhor do que aquele é o brãhmana que estudou todas as escrituras
védicas. Dentre muitos desses brãhmanas, aquele que é devoto do Senhor Visnu SIGNIFICADO—Sríla Advaita Ãcãrya estabelece o modelo a ser seguido pelos
é o melhor; e, dentre muitos desses Vaiçnavas, aquele que se ocupa por completo ãcãryas da sampradãya Vaisnava. O ãcãrya deve sempre estar ansioso para libertar
a serviço do Senhor é o melhor." as almas caídas. Não se pode chamar de gosvãmi ou ãcãrya a pessoa que estabelece
um templo ou rnatha para, tirando proveito dos sentimentos alheios, utilizar para
bhaktir asta-vidhã hy esã a sua subsistência o que as pessoas contribuem para a adoração à Deidade, Deve-se
yasmin mlecche 'pi vartate considerar um ãcãrya aquele que, conhecendo a conclusão dos éãstras, segue os
sa viprendro muni-éresthah passos de seus predecessores e se esforça para pregar o culto de bhakti por todo
sa jhãni sa ca panditah o mundo. O papel do ãcãrya não é o de ganhar sua subsistência por meio da renda
tasmai deyarh tato grãhyam do templo. Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura costumava dizer que, quem
ganha sua subsistência mostrando a Deidade no templo, não é ãcãrya nem gosvãmi.
sa ca püjyo yathã harih
Ser-lhe-ia inclusive melhor aceitar o serviço de varredor de rua, pois este meio
de ganhar a vida é bem mais digno.
"Há muitas diferentes classes de devotos, mas, mesmo que venha de uma família
de mlecchas ou yavanas, o Vaiçnava, caso conheça a filosofia Vaiçnava, é tido como
acadêmico erudito, pleno de conhecimento. Logo, devemos dar-lhe caridade, pois V E R S O 224
tal Vaiçnava é tão adorável quanto a Suprema Personalidade de Deus."
H S í f à ç a «&3<5Stf%S5l * f W l I
na me 'bhaktaé catur-vedi
mad-bhaktah éva-pacah priyah
tasmai deyarh tato grãhyam krsne avatãrite advaita pratijhã karilã
sa ca püjyo yathã hy aham jala-lulasi diyã püjã karite lãgilã
_ krsne— Senhor Krsna; avatãrite—para provocar a descida; advaita—Advaita
O Senhor Krçna diz: "Mesmo que um não-devoto venha de uma família de Ãcãrya; pratijhã—voto; karilã—tez; jala-tulasi— água do Ganges e folhas de tulasi;
brãhmanas e seja perito em estudar os Vedas, ele não Me é muito querido, ao passo diya oferecendo; püjã—adoração; karite—a fazer; lãgilã— pôs-Se.
266 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 230 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 267
TRADUÇÃO—Determinado a libertar todas as almas caídas, Advaita Ãcãrya deci- T R A D U Ç Ã O — H á outro incidente que marca o comportamento incomum de Hari-
diu fazer com que Krsna adviesse. C o m este voto, pôs-Se a oferecer água dó dãsa Thãkura. Qualquer pessoa ficará admirada de ouvir isto.
Ganges e folhas de tulasi em adoração ao Senhor.
V E R S O 228
V E R S O 225
WÉ ai afàa, sarrtatsa <fj| 9rr% i
ataata s^ra tfrftata ar-f-avT«a i fàata arfàal «a sasal «t4rf% o n
"suéW atras,- <srs aa n B
for/ca nã kariha, tarkãgocara tãhra riti
haridãsa kare gohphãya nãma-sahkirtana viévãsa kariyã éuna kariyã pratiti
krsna avatirna ha-ibena,—ei tãhra mana tarka nã kariha—não argumenteis; tarka-agocara—além da argumentação; tãhra—
haridãsa—Haridãsa Thãkura; kare—realizava; gohphãya—na caverna; nãma-sahkir- seu; riti—comportamento; viévãsa kariyã—acreditando; éuna—ouvi; kariyã pratiti—
tana—cantar do santo nome do Senhor; krsna—o Senhor Krçna; avatirna ha-ibena— tendo confiança.
descerá; ei—isto; tãhra mana—sua mente.
TRADUÇÃO—Ouvi tais incidentes sem colocar argumentações áridas, pois estes
T R A D U Ç Ã O — D o mesmo modo, Haridãsa Thãkura, com a intenção de impelir incidentes ultrapassam nosso raciocínio material. Devemos depositar neles toda
Krsna a descer, cantava em sua caverna localizada à margem do Ganges. a nossa fé.
V E R S O 226 V E R S O 229
T K A D Ü Ç / . O — A noite estava clara com o luar, que fazia as ondas do Ganges T R A D U Ç Ã O — A fragráncia de seu corpo perfumava todas as direções, e o tilintar
parecer cintilantes. Em todo canto via-se claridade e brilho. de seus ornamentos atiçava os ouvidos.
V E R S O 231 V E R S O 234
V E R S O 232 V E R S O 235
TRADUÇÃO—Nessa altura, em meio a este belo cenário, uma mulher surgiu no T R A D U Ç Ã O — D e mãos postas, ela prestou reverências aos pés de lótus de Hari-
pátio. A beleza de seu corpo era tão ofuscante que fez toda aquela área ficar dãsa Thãkura. Sentando-se à porta, pôs-se então a falar com uma voz muito doce.
com uma tonalidade amarela.
V E R S O 236
V E R S O 233
"aacaa sf <çfã a b a s t a , i
«a aa etifà' caia «aattas « a t i II v » * »
"çal-nafãus a-«f s a I I V 8 « l i
tãhra ahga-gandhe daéa dik ãmodita "jagatera bandhu tumi rüpa-gunavãn
bhüsana-dhvanite karna haya camakita tava sahga lãgi' mora ethãke prayãna
tãhra—seu; ahga-gandhe—a fragráncia do corpo; daéa dik—dez direções; ãmodita— jagatera—do mundo inteiro; bandhu—amigo; tumi—tu; rüpa-guna-vãn—tão belo
e qualificado; tava sahga—tua união; lãgi'—para; mora—minha; ethãke prayãna—
perfumava; bhüsana-dhvanite—pelo tilintar de seus ornamentos; karna—o ouvido;
vinda até aqui.
haya—fica; camakita—atiçado.
270 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 3 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 271
Verso 242
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido amigo", disse ela, "és amigo do mundo inteiro. TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura ficou imóvel, pois tinha determinação firme. Ele
Quão belo e qualificado és tu! Vim aqui só para unir-me contigo." pôs-se a falar com ela, sendo-lhe muito misericordioso.
V E R S O 237 V E R S O 240
"a^ajl-ata-aã^a- 4 * . '«rata»' a » i
ftea wa1 a>Ht,—uol ata^reta aa II" v a i II «híà^s «iffã a ! «fàfàca 11 \s° n
<5t*tc<5
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido cavalheiro, por favor, aceita-me e tem misericórdia T R A D U Ç Ã O — " F u i iniciado n u m voto de executar um grande sacrifício de cantar
de mim, pois é uma característica de todas as pessoas santas serem bondosas o santo nome um certo número de vezes todos os d i a s . "
para com os pobres e os caídos."
V E R S O 241
V E R S O 238
ata*, sftáa a a t « » w , ai asfà « 1 9 s>ta 1
tos afã' ataveta s>acs «tssra i
à?tía aaws fc««t, sa ffaaa fàstta n *8> o
afeta a«rc* *jfã? aa « a ã t a 11 n
yãvat kirtana samãpta nahe, nã kari anya kãma
cfa bali' nãnã-bhãva karaye prakãéa kirtana samãpta haile, haya diksãra viérãma
yãhãra daréane munira haya dhairya-nãéa yãvat—enquanto; kirtana—canto; samãpta—terminado; nahe—não está; nã—não;
eta bali'—dizendo isso; nãnã-bhãva—diversas posturas; karaye prakãéa—pôs-se a kari—faço; anya—outro; kãma—desejo; kirtana—canto; samãpta—terminado; haile—
manifestar; yãhãra daréane—vendo as quais; munira—mesmo de grandes filósofos; ficando; haya—há; diksãra—de iniciação; viérãma—descanso.
haya—há; dhairya-nãéa—perda de paciência.
T R A D U Ç Ã O — " E n q u a n t o não cumprir meu voto de cantar, não desejo nada mais.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s dizer isso, ela pôs-se a manifestar diversas posturas, que Ao terminar o cantar, terei, então, a oportunidade de fazer qualquer coisa."
mesmo o maior filósofo perderia sua paciência ao vê-las.
V E R S O 242
V E R S O 239
arca a f ã ' « « $fa aia-a€ráa 1
ata a a t « caci s*fàa,<5a <#fâ-«ir&a«i 11 11
fãfãs>t* araata a ^ i - w w s i
dvãre vasi' éuna tumi nãma-sahkirtana
sfaes erffàeil arca supi a* a II n nãma samãpta haile karimu tava priti-ãcarana
dvãre vasi'—sentando-te à porta; éuna—ouve; tumi—tu; nãma-sahkirtana—cantar
nirvikãra haridãsa gambhira-ãéaya dos santos nomes; nãma—o santo nome; samãpta haile—quando terminado; kari-
balite lãgilã tãhre hanã sadaya mu—farei; tava—tuas; priti—prazer; ãcarana—atividades.
nirvikãra—imóvel; haridãsa—Haridãsa Thãkura; gambhira—muito profunda;
ãéaya—determinação; balite lãgilã—pôs-se a falar; tãhre—para com ela; hanã sadaya— T R A D U Ç Ã O — " S e n t a - t e à porta e ouve o cantar do maha-mantra Hare Krsna. Tão
sendo misericordioso. logo termine de cantar, satisfar-te-ei conforme desejas."
272 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 248 As glórias de árila Haridãsa Thãkura 273
V E R S O 243 V E R S O 246
TRADUÇÃO—Após dizer isso, Haridãsa Thãkura continuou a cantar o santo nome TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura vivia absorto em pensar em Krsna e no santo
do Senhor. Então, a mulher, sentada perante ele, pôs-se a ouvir o cantar do santo nome de Krsna. Por isso, as poses femininas que a mulher exibiu foram assim
nome. como ulos na floresta.
V E R S O 244 V E R S O 247
kirtana karite ãsi' prãtah-kãla haila trtiya divasera rãtri-éesa yabe haila
prãtah-kãla dekhi' nãri uthiyã calila thãkurera sthãne nãri kahite lãgilã
kirtana karite—cantando sem parar; asi'—vindo; prãtah-kãla—a madrugada; trtiya divasera—no terceiro dia; rãtri-éesa—o final da noite; yabe—quando; haila—
haila—surgiu; prãtah-kãla dekhi'—vendo a luz matinal; nãri—a mulher; uthiyã calila— houve; thãkurera—de Haridãsa Thãkura; sthãne— na habitação; nãri—a mulher; ka-
levantou-se e partiu. hite lãgilã—começou a falar.
TRADUÇÃO—Dessa maneira, ele cantou, cantou, até que a manhã aproximou-se, T R A D U Ç Ã O — A o final da noite do terceiro dia, a mulher falou o seguinte a Hari-
e, ao ver que já era manhã, a mulher levantou-se e partiu. dãsa Thãkura.
V E R S O 245 V E R S O 248
ei-mata tina-dina kare ãgamana "tina dina vahcilã ãmã kari' ãévãsana
nãnã bhãva dekhãya, yãte brahmãra hare mana rãtri-dine nahe tomara nãma-samãpana"
ei-mata—dessa maneira; tina-dina—três dias; kare—ela faz; ãgamana—abordagem; tina dina— por três dias; vahcilã—tu enganaste; ãmã—a mim; kari' ãévãsana—dando
nãnã bhãva—todos os tipos de posturas femininas; dekhãya—exibe; yãte—através garantia; rãtri-dine—por todo o dia e noite; nahe—não é; tomara—teu; nãma-samã-
do que; brahmãra—mesmo do Senhor Brahmã; hare— atrai; mana—mente. pana—término do cantar do santo nome.
TRADUÇÃO—Por três dias ela abordou Haridãsa Thãkura desta maneira, exibindo T R A D U Ç Ã O — " M e u querido cavalheiro, enganaste-me por três dias, dando-me
diversas posturas femininas que confundiriam inclusive a mente do Senhor falsas garantias, pois vejo que dia e noite adentro jamais terminas de cantar o
Brahmã. santo n o m e . "
274 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3
Verso 2 5 1 As glórias de Sríla Haridãsa Thãkura 275
VERSO 2 4 9 não pode conquistar aquele que é rendido a Mim." A energia ilusória, em pessoa,
veio testar Haridãsa Thãkura, mas, nesta passagem, ela admite sua derrota, pois
foi incapaz de cativá-lo. C o m o isto é possível? Acontece que Haridãsa Thãkura,
fàsa f firarfà., a w ra»*rra e t f a v " *ss> n totalmente rendido aos pés de lótus de Krsna, vivia absorto em pensar em Krsna,
com um voto de cantar os santos nomes do Senhor 300.000 vezes por dia.
haridãsa thãkura kahena, — "ãmi ki karimu?
niyama kariyãchi, tãhã kemane chãdimu?" VERSO 2 5 1
haridãsa thãkura—Haridãsa Thãkura; kahena—disse; ãmi ki karimu—que farei; ni-
yama kariyãchi—fiz um voto; tãhã—isso; kemane—como; chãdimu—abandonarei. araria «rH «rtíà istra ratfà«£ i
T R A D U Ç Ã O — H a r i d ã s a Thãkura disse: "Minha querida amiga, que posso fazer?
ificwl camtra «ufa ratfãca atfàsj* tw&l
Este foi o voto que fiz. Como, então, posso quebrá-lo?"
brahmãdi jiva, ãmi sabãre mohiluh
ekelã tomãre ãmi mohite nãriluh
VERSO 2 5 0 brahma-ãdi jiva—todas as entidades vivas, a começar com o Senhor Brahmã;
ara srtft i r a atra ^fà'«PW» i ãmi— eu; sabãre mohiluh—cativei todos; ekelã— somente; tomãre—tu; ãmi—eu; mohit
nãriluh—não consegui atrair.
<*itf»r- nnf s f f à c s «rw>rt« «ÍÜTPI cawwwi
T R A D U Ç Ã O — " P a r a não mencionar outros, antes cativei até a mente de Brahmã.
tabe nãri kahe tãhre kari' namaskãra Só falhei em atrair tua mente."
'ãmi—mãyã' karite ãilãna pariksã tomara
tabe—nessa altura; nãri—a mulher; tone—disse; tãhre—a Haridãsa Thãkura; kari' SIGNIFICADO—Começando pelo Senhor Brahmã e indo até à formiga insignifican-
namaskãra—prestando reverências; ãmi—eu; mãyã—a energia ilusória; karite—fazer; te, todos, sem exceção, sentem-se atraídos pela energia ilusória da Suprema Per-
ãilãna—vim; pariksã—teste; tomara—teu. sonalidade de Deus. Os semideuses, os seres humanos, os animais, os pássaros,
as feras, as árvores e as plantas, todos eles sentem atração pelo desejo sexual.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s prestar reverências a Haridãsa Thãkura, a mulher disse: "Sou E aí onde eles se deixam iludir por mãyã. Todos, homens ou mulheres, pensam
a energia ilusória da Suprema Personalidade de Deus. Vim aqui para te pôr à que são os desfrutadores da energia ilusória. Dessa maneira, todos ficam cativa-
prova." dos e ocupam-se em atividades materiais. Contudo, como Haridãsa Thãkura vivia
pensando na Suprema Personalidade de Deus e sempre estava ocupado em satis-
SIGNIFICADO—No Bhagavad-gitã ( 7 . 1 4 ) , o Senhor Krsna diz: fazer os sentidos do Senhor, bastou isso para que ele se livrasse do encanto de
mãyã. Isto prova na prática quão forte é o serviço devocional. Devido à sua plena
daivi hy esã gunamayi ocupação a serviço do Senhor, ele não podia ser induzido a desfrutar de mãyã.
mama mãyã duratyayã O veredicto dos éãstras é que o Vaisnava puro, ou devoto puro do Senhor, jamais
mãm eva ye prapadyante pensa em desfrutar do mundo material, cujo gozo máximo é a vida sexual. Ele
mãyãm etãm taranti te jamais pensa que é o desfrutador; ao invés disso, sempre quer que a Suprema
Personalidade de Deus desfrute dele. Portanto, conclui-se que a Suprema Perso-
"Esta Minha energia divina, que consiste nos três modos da natureza material, nalidade de Deus é eterna, transcendental, está além da percepção do gozo sen-
é difícil de se a transpor. Mas aqueles que se renderam a Mim podem atravessá-la sorial e além das qualidades materiais. Só ao abandonar o falso conceito de que
facilmente." Isto ficou comprovado na prática pelo comportamento de Haridãsa o corpo é o eu e sempre se considerar serva eterna de Krçna e dos Vaisnavas
Thãkura. Mãyã encanta o m u n d o inteiro. Na verdade, devido às atrações ofus- é que a entidade viva poderá superar a influência de mãyã (mãm eva ye prapadyante
cantes do mundo material, as pessoas esqueceram-se da meta última da vida. mãyãm etãm taranti te). A entidade viva pura, que, portanto, atinge a fase de anartha-
Mas esta atração deslumbrante, em especial a encantadora beleza de uma mulher, mvrtti, cessação de todas as coisas indesejáveis, nada tem a desfrutar no mundo
reserva-se a pessoas que não se renderam à Suprema Personalidade de Deus. material. Só alcança esta etapa quem realiza adequadamente as atividades de ser-
O Senhor diz que mãm eva ye prapadyante mãyãm etãm taranti te: "A energia ilusória viço devocional. SrUa Rüpa Gosvãmi escreve:
Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 3 Verso 256 As glórias de Srila Haridãsa Thãkura 277
276
nos levará à fase de tentarrr.o-nos associar com pessoas que são espiritualmente entidades vivas; preme—em amor extático; bhãse—flutuam; prthivi—o mundo intei-
elevadas. Na fase seguinte, somos iniciados por um mestre espiritual elevado, ro; haila—ficou; dhanyã—agradecido.
e, sob sua instrução, o devoto neófito inicia o processo de serviço devocional.
Realizando serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, livramo-nos T R A D U Ç Ã O — " A g o r a , devido à encarnação do Senhor Caitanya, há uma inun-
de todos os apegos materiais, alcançamos firmeza na auto-realização e adquiri- dação do néctar eterno do amor a Deus. Todas as entidades vivas estão flutuando
mos um gosto por ouvir sobre Sri Krsna, a Personalidade de Deus Absoluta." nesta inundação. O m u n d o inteiro sente-se agora agradecido ao Senhor."
(B.r.s. 1.4.15) Se alguém está executando verdadeiro serviço devocional, então
os anarthas, as coisas indesejáveis ligadas ao gozo material, automaticamente
desaparecerão. V E R S O 255
c a a ] « t c a , c a ! süs ç t a i
V E R S O S 252—253
C P t í N c « s ^ « t a atíàsí fàrçta n w n
« J à . - C«tata I
c « t a t a a ^ i t a - a ^ a a - a t a c ) II
4
11 e-vanyãya ye nã bhãse, sei jiva chãra
koti-kalpe kabhu tara nãhika nistãra
f é s « « caai» s r c s ? a i a t a cerca i e-vanyãya—nesta inundação; ye—qualquer pessoa que; nã bhãse—não flutue; sei—
$a»ata a i w f à ' ara carc« n ü essa; jiva—entidade viva; chãra—muito condenada; koti-kalpe—em milhões de
kalpas; kabhu—em tempo algum; tara—sua; nãhika—não há; nistãra—liberação.
mahã-bhãgavata tumi,—tomara darsane
tomara krsna-nãma-kírtana-éravane T R A D U Ç Ã O — " Q u a l q u e r pessoa que não flutue nesta inundação é muito conde-
nada. Por milhões de kalpas, semelhante pessoa não conseguirá libertar-se."
citta suddha haila, cãhe krsna-nãma laite
SIGNIFICADO—O kalpa é explicado no Bhagavad-gitã. Sahasra-yuga-paryantam ahar
krsna-nãma upadeéi' krpã kara mote
mahã-bhãgavata—o devoto supremo; tumi—tu; tomara darsane—ao ver-te; tomara— yad brahmano viduh. U m dia de Brahmã chama-se kalpa. Uma yuga, ou mahã-yuga,
consiste em 4.320.000 anos, e mil mahã-yugas formam um kalpa. O autor do Sri
teu; krsna-nãma—do santo nome de Krsna; kirtana—cantar; éravane— ouvindo; citta—
consciência; éuddha haila—purificou-se; cãhe— deseja; krsna-nãma laite—cantar o
Caitanya-caritãmrta diz que quem não tirar proveito do movimento para a cons-
ciência de Krsna de Sri Caitanya Mahaprabhu não conseguirá libertar-se por
santo nome do Senhor Krçna; krsna-nãma «podes':'—instruindo sobre o cantar do
milhões de tais kalpas.
mahã-mantra Hare Krsna; krpã kara—mostra misericórdia; mote—a mim.
não se refugia aos pés de lótus de Krsna cai (patanty adhah), mesmo estando libe-
T R A D U Ç Ã O — " O u t r o r a , recebi do Senhor Siva o santo nome do Senhor Rama,
rado. No entanto, o mahã-mantra Hare Krçna dá liberação e, ao mesmo tempo,
mas agora, devido à tua associação, estou imensamente ávida de cantar o santo
oferece abrigo aos pés de lótus de Krsna. Q u e m , após a liberação, refugia-se aos
nome do Senhor K r s n a . "
pés de lótus de Krçna desenvolve o seu ainda adormecido amor extático por Krsna.
Esta é a perfeição máxima da vida.
V E R S O 257
' « w m ' *rrass ç<íi»i asra caaata«*<n11 $s»>ita caa' « f ã cates ara mi 1
orates «tara rara c«taagri 11 11
mukti-hetuka tãraka haya 'rãma-nãma' krsna-nãma deha' tumi more kara dhanyã
'krsna-nãma' pãraka hanã kare prema-dãna ãmãre bhãsãya yaiche ei prema-vanyã
mukti-hetuka—a causa da liberação; tãraka—salvador; haya—é; rãma-nãma—o santo krsna nãma—o santo nome do Senhor Krçna; deha'—por favor, dá; tumi—tu;
nome do Senhor Rama; krsna-nãma—o santo nome do Senhor Krsna; pãraka—
more—a mim; kara dhanyã— faze afortunada; ãmãre—a mim; bhãsãya—faça flutuar;
aquilo que nos leva para o outro lado do oceano da ignorância; hanã—sendo; kare—
yaiche—de sorte que; ei—esta; prema-vanyã—inundação do amor extático pelo
dá; prema-dãna—a dádiva do amor a Krsna.
Senhor Krsna.
upadeéa pãnã mãyã calilã hanã prita krsna-nãma lahã nãce, prema-vanyãya bhãse
e-saba kathãte kãro nã janme pratita nãrada-prahlãdãdi ãse manusya-prakãée
upadeéa pãnã—obtendo essa instrução; mãyã—Mãyã; calilã— partiu; hanã prita— krsna-nãma—o santo nome do Senhor Krçna; lahã—cantando; nãce—dançam;
prema-vanyãya—na inundação do dilúvio do amor a Deus; bhãse—flutuam; nãrada—o
ficando muito satisfeita; e-saba kathãte—em todas essas narrações; kãro—de alguns;
sábio Nãrada; prahlãda-ãdi—e devotos como Prahlãda; ãse—vêm; manusya-prakãée—
nã—não; janme—há; pratita—fé.
como se fossem seres humanos.
TRADUÇÃO—Após Haridãsa Thãkura instruí-la dessa maneira, Mãyã partiu,
sentindo muito prazer. Infelizmente, algumas pessoas não acreditam nessas TRADUÇÃO—Todos eles, incluindo o grande sábio Nãrada e devotos como Prah-
narrações. lãda, vieram aqui como se fossem seres humanos, cantando juntos os santos
nomes do Senhor Krçna e dançando e flutuando na inundação do amor a Deus.
V E R S O 261
V E R S O 264
< S f € t « SsfàtfS asfà SstS«t %ígfít |
atsta a R C T sa f à i f t * a t a 11 u f i t - w f f à asfà' * * c « r a q j i çjfli i
V E R S O 262 TRADUÇÃO—A deusa da fortuna e outras, atraídas pelo amor a Krçna, também
desceram sob a forma de seres humanos e, com amor, saborearam o santo nome
fo>««ts«rra S F W S I Ç I *5*. « M I I do Senhor.
s r o - f i i - i i a * t f w ^ f i f t w wfànrt n n V E R S O 265
« i c ^ s a*l as«n, « t i r a a r a r a s e n 1
caitanyãvatãre krsna-preme lubdha hanã
« r s « r s ' a s r a i c a t i - a i « r f * * r * i 11 11
brab.ma-éiva-sanakãdi prthivite janmiyã
caitanya-avatãre—na encarnação de Sri Caitanya Mahaprabhu; krsna-preme—do
amor extático a Krçna; lubdha haiiã—ficando muito desejosos; brahmã—Senhor anyera kã kathã, ãpane vrajendra-nandana
Brahmã; eiva—Senhor Siva; sanaka-ãdi—os Kumãras e outros; prthivite—nesta Terra; avatari' karena prema-rasa ãsvãdana
janm iyã—nascendo. anyera kã kathã—que falar de outros; ãpane—em pessoa; vrajendra-nandana—Krsna,
o filho de Nanda Mahãrãja; avatari'—descendo; karena—realiza; prema-rasa ãsvãda-
TRADUÇÃO—Quando o Senhor Caitanya encarnou para inaugurar o movimento na—saboreando o néctar do amor a Krsna.
para a consciência de Krçna, mesmo personalidades como o Senhor Brahmã,
o Senhor Siva e os quatro Kumãras nasceram nesta Terra, sentindo-se cativados TRADUÇÃO—Se mesmo Krsna, o filho de Nanda Mahãrãja, vem em pessoa para
pelo amor extático ao Senhor Krsna. saborear o néctar do a m o r a Deus sob a forma do cantar de Hare Krçna, que
falar então de outros?
V E R S O 263 V E R S O 266
V E R S O 272
Sffil-aasrW-lw Hi «tM l
CAPÍTULO QUATRO
Sanãtana Gosvãmi
éri-rüpa-raghunãtha-pade yãra ãéa
caitanya-caritãmrta kahe krsnadãsa visita o S e n h o r e m J a g a n n ã t h a P u r i
éri-rüpa—Sríla Rüpa Gosvãmi; raghunãtha—Sríla Raghunãtha dãsa Gosvãmi;
pade—aos pés de lótus; yãra—cuja; ãsa—expectativa; caitanya-caritãmrta—o livro cha-
mado Caitanya-caritãmrta; kahe—descreve; krsna-dãsa—Sríla Krsnadãsa Kavirãja
Gosvãmi. Em seu Amrta-pravãha-bhãsya, Bhaktivinoda Thãkura resume o Quarto Capítu-
lo do Antya-lilã da seguinte maneira. Sozinho, Srila Sanãtana Gosvãmi veio de
TRADUÇÃO—Orando aos pés de lótus de Sri Rüpa e Srí Raghunãtha, desejando Mathurã a Jagannãtha Puri para ver o Senhor Caitanya. Banhando-se em água
sempre a misericórdia deles, eu, Krsnadãsa, narro o Srí Caitanya-caritãmrta, se- poluída e comendo muito pouco durante os dias em que percorreu a floresta de
guindo seus passos. Jhãrikhanda, ele desenvolveu uma doença que lhe causava pruridos no corpo.
Sofrendo imensamente com esta coceira, ele decidiu que, na presença de Sri
Caitanya Mahaprabhu, jogar-se-ia debaixo da roda do carro de Jagannãtha para,
/Veste ponto encerram-se os Significados Bhaktivedanta do Sri Caitanya-caritãmrta, assim, cometer suicídio.
Antya-lilã, Terceiro Capitulo, descrevendo as glórias de Srila Haridãsa Thãkura. Ao chegar a Jagannãtha Puri, Sanãtana Gosvãmi ficou durante certo tempo aos
cuidados de Haridãsa Thãkura, e Sri Caitanya Mahaprabhu ficou muito feliz em
vê-lo. O Senhor informou a Sanãtana Gosvãmi sobre a morte de Anupama, seu
irmão mais novo, o qual tinha muita fé nos pés de lótus do Senhor Rãmacandra.
Certo dia, Sri Caitanya Mahaprabhu disse a Sanãtana Gosvãmi: "Tua decisão
de cometer suicídio resulta do modo da ignorância. Não é cometendo suicídio
que se desenvolve amor a Deus. Já dedicaste a tua vida e o teu corpo ao Meu
serviço; portanto, teu corpo não te pertence e tampouco tens o direito de cometer
suicídio. Preciso executar muitos serviços devocionais através de teu corpo. Desejo
que pregues o culto do serviço devocional e que vás a Vrndãvana escavar os lu-
gares sagrados perdidos." Após dizer essas palavras, Sri Caitanya Mahaprabhu
partiu, e Haridãsa Thãkura e Sanãtana Gosvãmi conversaram muito sobre este
assunto.
Certo dia, Srí Caitanya Mahaprabhu mandou chamar Sanãtana Gosvãmi, pois
queria que este fosse a Yamesvara-{ofã. Sanãtana Gosvãmi, ao ir ter com o Senhor,
percorreu o caminho qüe margeia a praia. Quando Sri Caitanya Mahaprabhu
perguntou a Sanãtana Gosvãmi por qual caminho viera, Sanãtana respondeu:
'Muitos servos do Senhor Jagannãtha vêm e vão pelo caminho que dá para o
portão Sirhha-dvãra do templo de Jagannãtha. Portanto, não vim por este cami-
nho, mas, ao invés disso, vim pela praia." Sanãtana Gosvãmi não percebeu que,
devido ao calor da areia, havia bolhas de queimaduras em seus pés. Sri Caitanya
Mahaprabhu ficou satisfeito de ficar sabendo quão grande era o respeito que
Sanãtana Gosvãmi tinha pelo templo do Senhor Sri Jagannãtha.
Como, devido à sua doença, ele tinha feridas úmidas em seu corpo, Sanãtana
Gosvãmi costumava evitar o abraço de Srí Caitanya Mahaprabhu, mas, mesmo
285
286 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 4 Verso 4 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 287
assim, o Senhor abraçava-o à força. Isto deixava Sanãtana Gosvãmi muito triste, VERSO 2
e por isso ele consultou Jagadãnanda Pandita sobre o que deveria fazer. Jagadã-
nanda aconselhou-o a voltar para Vrndãvana após o festival dos carros de Jagan- ws srs S l b s a s i ws fàaitaai 1
nãtha, mas, ao tomar conhecimento desta instrução, Sri Caitanya Mahaprabhu w s t c a a e a r ara caYaaaiaaf n $,n
repreendeu Jagadãnanda Pandita e lembrou-o de que Sanãtana Gosvãmi era mais
antigo do que ele e também mais erudito. Sri Caitanya Mahaprabhu informou jaya jaya éri-caitanya jaya nityãnanda
a Sanãtana Gosvãmi que, como este era um devoto puro, o Senhor jamais sentir- jayãdvaita-candra jaya gaura-bhakta-vrnda
Se-ia incomodado com sua condição física. Por ser um sannyãsi, o Senhor não jaya jaya—todas as glórias; éri-caitanya—ao Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu;
considerava que um corpo fosse melhor do que o outro. O Senhor também jaya—todas as glórias; nityãnanda—a Nityãnanda Prabhu; jaya— todas as glórias;
informou-lhe que, assim como um pai, Ele estava mantendo Sanãtana e os outros advaíta-candra—a Sri Advaita Ãcãrya; jaya—todas as glórias; gaura-bhakta-vrnda—ao
devotos. Portanto, a secreção que escorria da pele pruriginosa de Sanãtana não devotos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu.
afetava nem um pouco o Senhor. Após falar com Sanãtana Gosvãmi dessa manei-
ra, o Senhor abraçou-o novamente, após o que Sanãtana Gosvãmi ficou curado
TRADUÇÃO—Todas as glórias ao Senhor Caitanya! Todas as glórias ao Senhor
de sua doença. O Senhor ordenou que Sanãtana Gosvãmi ficasse com Ele durante
Nityãnanda! Todas as glórias a Advaitacandra! E todas as glórias a todos os
aquele ano, e, no ano seguinte, após v e r o festival de Ratha-yãtrã, Sanãtana partiu
devotos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu!
de Puruçottama-ksetra e voltou para Vrndãvana.
Após encontrar-se com Sri Caitanya Mahaprabhu, Sri Rüpa Gosvãmi também VERSO 3
voltou para a Bengala, onde se demorou por um ano. Todo o dinheiro que ele
possuía, distribuiu-o para os seus parentes, para os brãhmanas e para os templos. f t a t & s i teca a t i ene? a c a caert i
Dessa maneira, retirou-se por completo e regressou a Vrndãvana para encontrar- a$s1 teca a a t a a sfNíWl « r t * > r l 1 1 « 1 1
se com Sanãtana Gosvãmi.
Após narrar estes incidentes, Krsnadãsa Kavirãja Gosvãmi faz uma lista dos nilãcala haite rüpa gaude yabe gelã
principais livros de Sanãtana Gosvãmi, Srila Rüpa Gosvãmi e Jiva Gosvãmi. mathurã haite sanãtana nilãcala ãilã
nilãcala haite—de Nilãcala (Jagannãtha Puri); rüpa—SrUa Rüpa Gosvãmi; gaude—
para a Bengala; yabe—quando; gelã— foi; mathurã haite—de Mathurã; sanãtana—
VERSO 1 Sanãtana Gosvãmi; nilãcala ãilã—veio a Jagannãtha Puri.
íartsaí*. »jas «ftaK âcaYa: S f c p f f w i 1 T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o Srila Rüpa Gosvãmi regressou de Jagannãtha Puri para a
<WTt<5laa*U'S5ie, wm scajs «tftval 11 > 11 Bengala, Sanãtana Gosvãmi foi de Mathurã a Jagannãtha Puri para ver Sri
Caitanya Mahaprabhu.
vrndãvanãt punah prãptam VERSO 4
éri-gaurah sri-sanãtanam
deha-pãtãd avan snehãt a H f ê r a a - s a t c a a t f t j í f l «acawii çfãrai i
suddham cakre pariksayã a b a l a r a , s * ^ s a ^ asfãal 1 1 8 1 1
vrnáãvanãt—de Vrndãvana; punah—de novo; prãptam—recebeu; éri-gaurah—o
Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; sri-sanãtanam—Srí Sanãtana Gosvãmi; deha- jhãrikhanda-vanapathe ãilã ekelã caliyã
pãtãt—de abandonar seu corpo; avan—protegendo; snehãt—por afeição; éuddham— kabhu upavãsa, kabhu carvana kariyã
puro; cakre—fez; pariksayã—por exame. jhãrikhanda—conhecida como Jhãrikhanda; vana-pathe—pelo caminho da floresta
da índia central; ãilã—veio; ekelã—sozinho; caliyã—caminhando; kabhu—às vezes;
upavãsa—jejuando; kabhu—às vezes; carvana kariyã—comendo.
TRADUÇÃO—Quando Sanãtana Gosvãmi regressou de Vrndãvana, Sri Caitanya
Mahaprabhu afetuosamente salvou-o de sua determinação de cometer suicídio. TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi caminhou sozinho, percorrendo o caminho da
Então, após pô-lo à prova, Sri Caitanya Mahaprabhu purificou-lhe o corpo. floresta de Jhãrikhanda, na índia central. Ora jejuava, ora comia.
288 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor
Verso 10 289
VERSO 5 VERSO 8
alífàiçí» wcia cwtci, « l a t i teca i ifâra-tsPKl» « t i $13 lfH-faf% I
itca tei> aii í c a itfjfèta n <? g if%-fiisci> it!ca cata itfà "tfàP II v II
jhãrikhandera jalera dose, upavãsa haite mandira-nikate éuni tãhra vãsã-sthiti
gãtre kandu haila, rasa pade khãjuyãite mandira-nikate yãite mora nãhi éakti
jhãrikhandera—no local conhecido como Jhãrikhanda; jalera—da água; dose—pelo mandira-nikate—perto do templo; éuni— ouço dizerem; tãhra—Sua; vãsã-sthiti—
defeito; upavãsa haite—pelo jejum; gãtre—no corpo; kandu—coceiras; haila—havia; residência; mandira-nikate—próxima ao templo; yãite—para ir; mora—minha; nãhi
rasa—secreção; pade—escorre; khãjuyãite—ao cocar. éakti—não há força.
TRADUÇÃO—Devido à água poluída em Jhãrikhanda e devido ao jejum, Sanãtana TRADUÇÃO—"Ouvi dizer que a residência de Sri Caitanya Mahaprabhu fica perto
Gosvãmi contraiu uma doença que fazia seu corpo cocar. Assim, ficou acometido do templo de Jagannãtha. Mas não terei força para me aproximar do templo."
de feridas pruriginosas das quais escorria uma secreção.
VERSO 9
VERSO 6
5
iWftPfS ciai 0& ^ta-wsBárrCT i
fite» %m lei, i>c?ii fàet* i
i t i *"i*fteci cata sc? «natcf n & n
'^ç-Bflfà, caç cita—«rapa «iiíit 11 * u
jagannãthera sevaka phere kãrya-anurodhe
nirveda ha-ila pathe, karena vicãra tãhra sparéa haile mora habe aparãdhe
'nica-jãti, deha mora—atyanta asara jagannãthera—do Senhor Jagannãtha; sevaka—diferentes servos; phere—locomo-
nirveda ha-ila—houve desapontamento; pathe—no caminho; karena vicãra—ele vem-se; kãrya-anurodhe—devido a diferentes deveres; tãhra—deles; sparéa—contato;
ponderou; nica-jãti—de casta inferior; deha mora—meu corpo; atyanta—totalmente; haile—se houver; mora—minha; habe—haverá; aparãdhe—ofensa.
asara—inútil ao serviço devocional.
T R A D U Ç Ã O — " O s servos do Senhor Jagannãtha estão sempre atarefados, cuidan-
TRADUÇÃO—Desapontado, Sanãtana Gosvãmi ponderou: "Sou de casta inferior, do de seus deveres, mas, se eles me tocarem, serei um ofensor."
e meu corpo é inútil ao serviço devocional."
VERSO 7 V E R S O 10
wistci @tm ara w«fi H »H%H «tc« sff <$% am «ti-"3fci ftçs i
iflçp «f«fa 1*1 qfâm itfàij 1 II ?si-ltf« sa *rfli iwfà i r ! c ? 11 i° n
jagannãthe gele tãhra daréana nã pãimu tãte yadi ei deha bhãla-sthãne diye
prabhura daréana sadã karite nãrimu duhkha-éãnti haya ãra sad-gati pãiye
jagannãthe—a Jagannãtha Puri; gele—quando eu for; tãnra—Sua; daréana—visita; tãte—portanto; yadi—se; ei—este; deha—corpo; bhãla-sthãne— num bom lugar;
nã pãimu—não obterei; prabhura daréana—vendo o Senhor Sri Caitanya Maha- diye—sacrifico; duhkha-éãnti—alívio da tristeza; haya—há; ãra—e; sat-gati—bom des
prabhu; sadã—sempre; karite—de fazer; nãrimu—não serei capaz. tino; pãiye—obtenho.
T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o eu for a Jagannãtha Puri, não poderei ver o Senhor Jagan- TRADUÇÃO—"Portanto, se eu sacrificar este corpo num bom lugar, minha tristeza
nãtha, e nem sempre serei capaz de ver S r i Caitanya M a h a p r a b h u . " será mitigada, e alcançarei um destino e l e v a d o . "
Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 16 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 291
290
V E R S O 11 V E R S O 14
T R A D U Ç Ã O — " D u r a n t e o festival de Ratha-yãtrã, quando o Senhor Jagannãtha TRADUÇÃO—Ele prestou seus respeitos aos pés d e lótus de Haridãsa Thãkura,
sair do templo, abandonarei este corpo, jogando-me debaixo da roda do Seu que, como já o conhecia, abraçou-o.
carro."
V E R S O 12 V E R S O 15
mahãprabhura ãge, ãra dekhi' jagannãtha mahaprabhu dekhite tãhra utkanthita mana
rathe deha chãdimu,—ei parama-purusãrtha' haridãsa kahe, — 'prabhu ãsibena ekhana'
mahãprabhura ãge—perante Sri Caitanya Mahaprabhu; ãra—e; dekhi' jagannãtha— mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; dekhite—para ver; tãhra—sua; utkanthi-
após ver o Senhor Jagannãtha; rathe— sob o carro; deha chãdimu—abandonarei este ta— ansiosa; mana—mente; haridãsa kahe—Haridãsa disse; prabhu—Srí Caitanya
corpo; ei—esta; parama-purusa-artha—a bênção máxima da vida. Mahaprabhu; ãsibena ekhana—virá aqui.
T R A D U Ç Ã O — " A p ó s ver o Senhor jagannãtha, já na presença de Sri Caitanya TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi estava muito ansioso para ver os pés de lótus
Mahaprabhu, abandonarei meu corpo sob a roda do carro. Esta será a bênção de Sri Caitanya Mahaprabhu. Por esse motivo, Haridãsa Thãkura disse: "O
máxima da minha v i d a . " Senhor estará vindo aqui muito em b r e v e . "
V E R S O 13 V E R S O 16
T R A D U Ç Ã O — T e n d o tomado esta decisão, Sanãtana Gosvãmi foi para Nilãcala, TRADUÇÃO—Nesse exato momento, Srí Caitanya Mahaprabhu, após visitar o
onde pediu informações às pessoas e aproximou-se da residência de Haridãsa templo de Jagannãtha e ver a oferenda de upala-bhoga [sucos matinais], junta-
mente com Seus outros devotos, veio ver Haridãsa Thãkura.
Thãkura.
Verso 22 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 293
292 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4
VERSO 20
V E R S O 17
"caíra « 1 5 * ! $ , « ç , *rca*i catara ira 1
fã' s* ca *tcv irem 5 ^ 1 1
«ura àWtfã «ma, «ira a-çaai ata 1" v 1
«^«ttfãfàsii çfãatcaca «fct*ÍPI 11 N
"more nã chuhiha, prabhu, padoh tomara pãya
prabhu dekhi' duhhe pade dandawt hanã eke nica-jãti adhama, ãra kandu-rasã gãya
prabhu âlingilã haridãsere uthãhã more—em mim; nã chuhiha—por favor, não toques; prabhu—meu Senhor; padoh—
prabhu dekhi'—vendo o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; duhhe—os dois; pade— prostro-me; tomara pãya—a Teus pés; cto—por um lado; nica-jãti—de casta inferior;
caíram; dandavat hanã—retos como varas; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; â/iri- adhama—o mais baixo da humanidade; ãra—e; kandu-rasã—uma doença com lesões
gilã—abraçou; haridãsere— Haridãsa Thãkura; uthãhã—após erguer. úmidas e pruriginosas; gãya—no corpo.
V E R S O 18
VERSO 21
afà<rta asra,-'aataa a»ca asr*ra' 1
aite.a>tca agarra «itfiaa tei 1
aataca cafa' 5a«.s5ts n 11 f£CÍR a*t*ea â«ica itfãet 1 1 5 5 1
haridãsa kahe, — 'sanãtana kare namaskãra' balãtkãre prabhu tãhre ãlihgana kaila
sanãtane dekhi' prabhu hailã camatkãra kandu-kleda mahãprabhura éri-ahge lãgilã
haridãsa tone—Haridãsa disse; sanãtana— Sanãtana Gosvãmi; kare namaskãra— balãtkãre—à força; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhre—a ele; ãlihgana kaila—
presta suas reverências; sanãtane dekhi'—ao ver Sanãtana Gosvãmi; prabhu—Sri
abraçou; kandu-kleda—a secreção que escorria das feridas; mahãprabhura—de Sri
Caitanya Mahaprabhu; hailã camatkãra—ficou muito surpreso.
Caitanya Mahaprabhu; s'rí—transcendental; unge—corpo; lãgilã—tocou.
V E R S O 19
V E R S O 22
aataca «rífàlf«ca «fÇ«if« raaii 1 aa «vara «l^ fàerfoil aataca 1
»rtre «tca aataa ^fàta «rtfàal a a aaraa c * a 1 aara sa«i a«aca 1 5 5 1
saba bhakta-gane prabhu milãilã sanãtane
sanãtane ãlihgite prabhu ãgu hailã sanãtana kailã sabãra carana vandanc
pãche bhãge sanãtana kahite lãgilã saba—todos; bhakta-gane— devotos; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; milãilã—
sanãtane— Sanãtana Gosvãmi; ãlihgite— para abraçar; prabhu—Sri Caitanya Maha- apresentou; sanãtane—a Sanãtana Gosvãmi; sanãtana—Sanãtana Gosvãmi; kailã—
prabhu; ãgu hailã—adiantou-Se; pãche— para trás; bhãge—corre; sanãtana—Sanãtana fez; sabãra—de todos eles; carana vandane—adoração aos pés de lótus.
Gosvãmi; kahite lãgilã—passou a falar.
T R A D U Ç Ã O — O Senhor apresentou todos os devotos a Sanãtana Gosvãmi, o qual
T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o Sri Caitanya Mahaprabhu adiantou-Se para abraçá-lo,
Prestou suas respeitosas reverências aos pés de lótus de todos eles.
Sanãtana retrocedeu e falou o seguinte.
Verso 28 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 295
294 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã,
VERSO 26
V E R S O 23
T O , -"Iti « i f a i w«ran i
#Ç i f i i l f»r«ra « í c a w f l i i
Iti « t a ctftcs c m , « i r a i » i 15> i
í i ç r a « l i s f i n sfirwti w w n II
prabhu kahe, — "ihãn rüpa chila daéa-mãsa
prabhu lahã vasilã pindãra upare bhakta-gana
ihãn haite gaude gelã, haila dina daéa
pindãra tale vasilã haridãsa sanãtana prabhu kahe—o Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu disse; ihãn—aqui; rüpa— Rüpa
prabhu lahã—com Sri Caitanya Mahaprabhu; vasilã—sentaram-se; pindãra upare— Gosvãmi; chila—esteve; daéa-mãsa—dez meses; M M haite—daqui; gaude gelã—partiu
sobre a plataforma elevada; bhakta-gana—todos os devotos; pindãra tale—abaix para a Bengala; haila—fez; dina—dias; daéa—dez.
da plataforma; vasilã—sentaram-se; haridãsa sanãtana—Haridãsa Thãkura e Sanãta
Gosvãmi.
TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu comunicou a Sanãtana Gosvãmi: "Sríla
Rüpa Gosvãmi esteve aqui durante dez meses. Ele partiu para a Bengala faz exata-
T R A D U Ç Ã O — O Senhor e Seus devotos sentaram-se numa plataforma elevada, e, mente dez d i a s . "
em um plano mais baixo, sentaram-se Haridãsa Thãkura e Sanãtana Gosvãmi.
VERSO 27
V E R S O 24
tarara « 1 * . « i m i t i a « i iwi-«itf% i
ç n a t í i i* t a ç *tc«i jwraci i
a t i fsn, a i * rei ara af%p n" * s n
ca* TOi,-'iai W CRFIS saci' N 58»
tomara bhãi anupamera haila gangã-prãpti
kuéala-vãrtã mahaprabhu puchena sanãtane Imãla chila, raghunãthe drdha tara bhakti"
tenha kahena, — 'parama mahgala dekhinu carane' tomara bhãi—teu irmão; anupamera—de Anupama; haila—estava; gangã-prãpti—
kuéala—sobre o bem-estar; i<ãrtã—notícias; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahá morte; bhãla chila—ele era um ótimo homem; raghu-nãthe—pelo Senhor Raghu-
prabhu; puchena—pergunta; sanãtane—a Sanãtana Gosvãmi; tenha kahena—el
nãtha (Senhor Rãmacandra); drdha—firme; tara bhakti—sua devoção.
disse; parama mahgala—tudo está auspicioso; dekhinu carane—vi Teus pés de lótus.
TRADUÇÃO—"Teu irmão Anupama morreu. Ele era um ótimo devoto, que tinha
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu perguntou a Sanãtana quão bem ele es-
firme convicção em Raghunãtha ISenhor Rãmacandra)."
tava. Sanãtana respondeu: " T u d o está auspicioso, pois vi Teus pés de lótus.'
V E R S O 28
VERSO 25
«rata* TO,— íVa*tl cita sn» i
u
V E R S O 29 V E R S O 32
hena varhéa ghrnã chãdi' kailã ahgikãra ãmi ãra rüpa—tara jyestha-sahodara
tomara krpãya vaihée mahgala ãmãra ãmã-donhã-sahge tenha rahe nirantara
hena—semelhante; vaméa—família; ghxnâ—aversão; chãdi'—abandonando; kailã— ãmi—eu; ãra—e; rüpa—Rüpa Gosvãmi; /ãra—seus; jyestha-sahodara—irmãos mais
fizeste; ahgikãra—aceitação; tomara—Tua; krpãya—pela misericórdia; vamse—na velhos; õmã-dohhã—nós dois; sahge—com; tenha—ele; rahe— permanece; nirantara—
família; mahgala—ventura; ãmãra—minha. o tempo todo.
T R A D U Ç Ã O — " M e u Senhor, sem aversão alguma por minha família, aceitaste-me T R A D U Ç Ã O — " R ü p a e eu somos seus irmãos mais velhos. Ele ficava conosco o
como Teu servo. É só por Tua misericórdia que existe boa fortuna em minha tempo t o d o . "
família."
V E R S O 30 V E R S O 33
T R A D U Ç Ã O — " D e s d e sua primeira infância, Anupama, meu irmão mais novo, T R A D U Ç Ã O — " E l e ouvia o Srimad-Bhãgavatam e ouvia-nos conversar sobre o
era um grande devoto de Raghunãtha (Senhor Rãmacandra), a quem adorava Senhor Krsna, e nós dois o examinávamos."
com muita determinação."
V E R S O 31 VERSO 34
T R A D U Ç Ã O — " E l e sempre cantava o santo nome de Raghunãtha e meditava nEle. T R A D U Ç Ã O — ' " Q u e r i d o Vallabha', dizíamos, 'por favor, presta atenção. O
Ficava o tempo todo ouvindo sobre as atividades do Senhor conforme relatadas Senhor Krsna é supremamente atrativo. Sua beleza, Sua doçura e Seus passa-
no Rãmãyana e cantava-as s e m p r e . " tempos de amor não conhecem limites.'"
298 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 40 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor
V E R S O 35 V E R S O 38
krsna-bhajana kara tumi ãmã-duhhãra sahge eta kahi' rãtri-kãle karena cintana
tina bhãi ekatra rahimu krsna-kathã-rahge" kemane chãdimu raghunãthera carana
krsna-bhajana—serviço devocional ao Senhor Krsna; kara—ocupa-te em; tumi—tu; eta kahi'—dizendo isso; rãtri-kãle—a noite; karena cintana—pôs-se a pensar; kema-
ãmã-duhhãra—nós dois; sahge—com; tina bhãi—três irmãos; ekatra—num lugar só; ne—como; chãdimu—abandonarei; raghu-nãthera carana—os pés de lótus do Senhor
rahimu—ficaremos; krsna-kathã—dos passatempos do Senhor Krsna; range—com Raghunãtha.
alegria.
TRADUÇÃO—"Após dizer isso, à noite ele pôs-se a pensar: 'Como poderei aban-
T R A D U Ç Ã O — ' " O c u p a - t e conosco no serviço devocional a Krsna. Nós, os três donar os pés de lótus do Senhor Raghunãtha?'"
irmãos, ficaremos juntos e desfrutaremos das conversas sobre os passatempos
do Senhor K r s n a . ' " V E R S O 39
V E R S O 36
a a a t f à i ^ a t a s>fà' c a ^ w t a a i i
« t o r a m a t a asfà «asra I « J T a s a s T c i « r r a i - g s r a t e i f a c a d a H «s> n
«ttat-sVra ciraca f > i fofa' casi aa 11 «ss» 11 saba rãtri krandana kari' kaila jãgarana
ei-mata bãra-bãra kahi dui-jana prãtah-kãle ãmâ-duhhãya kaila nivedana
ãmã-duhhãra gaurave kichu phiri' gela mana saba rãtri—noite adentro; krandana—chorando; kari'—fazendo; kaila jãgarana—per-
ei-mata—dessa maneira; fwra-íwra—repetidas vezes; faj/ii—falamos; dui-jana—duas maneceu acordado; prãtah-kãle—de manhã; ãmã-duhhàya—a nós dois; kaila—fez;
pessoas; ãmã-duhhãra—por nós dois; gaurave—devido ao respeito; kichu—um nivedana- apelo.
pouco; p/i/ri gela—voltou-se; mana—mente.
T R A D U Ç Ã O — " E l e ficou a noite inteira em claro e chorou. De manhã, veio até
T R A D U Ç Ã O — " N ó s dois falávamos assim com ele repetidas vezes, e, devido a
nós p. fez-nos o seguinte pedido."
esta persuasão e ao seu respeito por nós, sua mente voltou-se um pouco para
as nossas instruções."
V E R S O 37 V E R S O 40
V E R S O 41 V E R S O 44
T R A D U Ç Ã O — ' " P o r favor, sede ambos misericordiosos comigo e ordenai-me de TRADUÇÃO—"Meu querido Senhor, a família à qual concedes pelo menos uma
tal maneira que vida após vida eu possa servir aos pés de lótus do Senhor pequena misericórdia é sempre afortunada, pois tal misericórdia faz todas as
Raghunãtha.'" misérias desaparecer."
V E R S O 42 VERSO 45
T R A D U Ç Ã O — ' " É - m e impossível abandonar os pés de lótus do Senhor Raghu- T R A D U Ç Ã O — S n Caitanya Mahaprabhu disse: "Aconteceu algo parecido com
nãtha. Basta ao menos pensar em abandoná-los para que meu coração se parta.'" relação a Murãri Gupta. Eu o examinei antes, e sua determinação era bem seme-
lhante."
VERSO 43
VERSO 46
«ca «tffà-sfes «tca «ttfisri fca*^ i
'atç, ç ? « f « * c«tata'-asfà' « K < f à ^ ( n 8«« cal m, ca 11 stc« «i^a eal i
cal ca ii i t c s f i w - w i II 8i> ii
tabe ãmi-duhhe tare ãlihgana kailuh
'sãdhu, drdha-bhakti tomara'—kahi' prasamsiluh sei bhakta dhanyã, ye nã chãde prabhura carana
tabe— nessa altura; ãmi-duhhe— nós dois; tare—a ele; ãlihgana kailuh—abraçamos; sei prabhu dhanyã, ye nã chãde nija-jana
sãdhu—muito boa; drdha—muito determinada; bhakti—devoção; tomara—tua; kahi'— sei bhakta—aquele devoto; dhanyã—glorioso; ye—que; nã—não; chãde—abandona;
dizendo; prasamsiluh—nós elogiamos. prabhura carana—os pés de lótus do Senhor; sei prabhu—essa Personalidade de
Deus; dhanyã—gloriosa; ye—que; nã—não; chãde—abandona; nija-jana—Seu servo.
T R A D U Ç Ã O — " A o ouvir isso, nós dois abraçamo-lo e incentivamo-lo, dizendo:
'És um grande devoto santo, pois tua determinação no serviço devocional é fixa. TRADUÇÃO—"Glorioso é aquele devoto que não abandona o refúgio de seu
Dessa maneira, nós dois elogiamo-lo." Senhor, e glorioso é aquele Senhor que não abandona Seu s e r v o . "
302 Sri Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 4 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor
Verso 52 303
V E R S O 47 V E R S O 50
T R A D U Ç Ã O — " S e por acaso um servo cai e vai para algum outro lugar, glorioso TRADUÇÃO—Dizendo isso, ári Caitanya .Mahaprabhu !evantou-Se e partiu, e,
é aquele amo que o captura e o traz de volta, puxando-o pelo cabelo." por intermédio de Govinda, enviou prasãda para eles comerem.
V E R S O 48 V E R S O 51
ara««f«raci s « 1 3 1 « a l i 1 VERSO 52
s a r a i i r a r w i asa, ia a r a r i a 1" ss> 11
<s$% «itfi' <afafaa f a t i a ? l « r c a 1
krsna-bhakti-rase duhhe parama pradhãna l è c l f f c l , arararai ase* as««rci n «ü. II
krsna-rasa ãsvãdana kara, laha krsna-nãma"
krsna—ao Senhor Krçna; bhakti-rase—na doçura transcendental do serviço devo- prabhu ãsi' prati-dina milena dui-jane
cional; duhhe—vós ambos; parama pradhãna—muito peritos; krsna-rasa—o gosto ista-gosthi, krfna-kathã kahe kata-ksane
transcendental de Krçna; ãsvãdana—saboreando; /cara—fazei; /«/;« krsna-nãma— prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; ãs/'—vindo; prati-dina—todos 08 dias; milena
cantar do santo nome de Krsna. dui-jane—encontra-Se com os dois; ista-gosthi— conversa; krsna-kathã—tópicos sobre
o Senhor Krçna; kahe— fala; kata-ksane— por algum tempo.
T R A D U Ç Ã O — " V ó s dois entendeis muito bem as doçuras do serviço devocional
ao Senhor Krçna. Portanto, deveis ambos continuar saboreando o gosto por tais TRADUÇÃO—Todos os dias, ári Caitanya Mahaprabhu ia ali para encontrar-Se
atividades e cantando o mahã-mantra Hare K r ç n a . " com esses dois devotos resolutos e com eles falar um pouco sobre Krsna.
304 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 58 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 305
VERSO 53 VERSO 56
dii>i/fl prasãda pãya nitya jagi.nnãtha-mandire deha-tyãge krsna nã pãi, pãiye bhajane
tãhã ãni' nitya avaéya dena dchhãkãre krsna-prãptyera upãya kona nãhi bhakti' vine
divya—áe primeira classe; prasãda—prasãda; pãya—obtém; nitya—diariamente; deha-tyãge—abandonando o corpo; krsna—Senhor Krsna; nã pãi—não obtenho;
jagannãtha-mandire—no templo do Senhor Jagannãtha; tãhã ãni'—levando isto; pãiye—obtenho; bhajane—mediante o serviço devocional; krsna-prãptyera—para obter
nitya—todos os dias; avaéya—com certeza; dena—entrega; dohhãkãre—aos dois. o refúgio de Krsna; upãya—meio; kona—nenhum; nãhi— não há; bhakti vine—sem
serviço devocional.
TRADUÇÃO—As oferendas de prasãda no templo do Senhor Jagannãtha eram da
mais fina qualidade. Sri Caitanya Mahaprabhu pegava essa prasãda e levava-a T R A D U Ç Ã O — " F i c a sabendo que não é pelo simples fato de abandonar o corpo
aos dois devotos. que se obtém Krsna. Krsna deixa-Se conquistar pelo serviço devocional. Não
há qualquer outro meio de alcançá-lO."
VERSO 54
VERSO 57
1
V E R S O 61
T R A D U Ç Ã O — " E n q u a n t o não realizar serviço devocional, ninguém poderá des-
pertar seu amor latente por Krsna, e não há nenhum outro meio de alcançá-lO C«rtt « « « flCStCfl 5tC* Cf? 51I9C5 I
além do despertar desse amor a d o r m e c i d o . "
c«icr fãci, era «1 itea afaça 11 4 5 1 1
V E R S O 59
premi bhakta viyoge cãhe deha chãdite
1 1t1lf« fft CltCI"! Sj 1p.1I' 11 $%1 I preme krsna mile, seha nã pare marite
premi bhakta—um devoto apegado a Krsna com amor; viyoge—Com saudade;
i atutiKsiaitcit s f X c i t f â ^ i I «S I
cãhe—deseja; deha chãdite—abandonar o corpo; preme—com tal arnor extático; krsna
mile—ele encontra-se com Krsna; seha—semelhante devoto; nã pare marite—não
na sãdhayati mãni yogo pode morrer.
na sãhkhyam dharma uddhava
na svãdhyãyas tapas tyãgo
TRADUÇÃO—"Devido a sentir saudades de Krsna, às vezes, um devoto avançado
yathã bhaktir mamorjitã
deseja abandonar sua vida. Entretanto, com tal amor extático ele consegue a
na—jamais; sãdhayati—faz ficar satisfeito; mãm—a Mim; ycgah—o processo de
audiência de Krsna, e, nesse instante, não consegue abandonar seu c o r p o . "
controle; na—nem; sãhkhyam—o processo de obter conhecimento filosófico sobre
a Verdade Absoluta; dharmah—semelhante ocupação; uddhava—Meu querido
Uddhava; na—nem; svãdhyãyah—estudo dos Vedas; tapai)—austeridades; tyãgah— V E R S O 62
renúncia, aceitação de sannyãsa ou caridade; yathã— tanto quanto; bhaktih—serviço
devocional; mama—a Mim; ürjitã—desenvolvido. tfffjsrcts fãcutt i t ira 1 * 1 1
«Tca «psatat atetg «rtfi aa«i 1 1 4 5 . 1 1
T R A D U Ç Ã O — [ K r s n a , a Suprema Personalidade de Deus, disse:) "'Meu querido
Uddhava, nem por meio de astãhga-yoga [o sistema de yoga mística que visa
gãdhãnurãgera viyoga nã yãya sahana
ao controle dos sentidos], nem por meio do monismo impessoal ou de um estudo tãte anurãgi vãhche ãpana marana
analítico da Verdade Absoluta, nem mediante o estudo dos Vedas, nem através gãdha-anurãgera—daquele que tem apego profundo; viyoga—separação; nã—não;
de austeridades, caridade ou aceitação de sannyãsa, pode alguém satisfazer-Me yãya sahana—tolerada; tãte—sendo assim; anurãgi— um devoto muito apegado;
tanto quanto aquele que desenvolve imaculado serviço devocional a Mim.'" vãhche—deseja; ãpana marana—sua própria morte.
SIGNIFICADO—Este verso é do Srimad-Bhãgavatam (11.14.20). T R A D U Ç Ã O — " Q u e m nutre profundo amor por Krsna não tolera ficar longe do
Senhor. Sendo assim, esse devoto sempre deseja sua própria m o r t e . "
V E R S O 60
VERSO 63
cwajwfà «CTl-«rt-»rt«Ss-asta*1 I
1P11S 11115 «TC« 5S«1 i*« n i s t f B ^ t ç s f ^ ^ w asTtsi
deha-tyãgãdi tamo-dharma—-pãtaka-kãrana i t ç a i i f f f«fsiTO«taT%*i3£«J 1
sãdhaka nã pãya tãte krsnera carana I^J^Stf 1C51 *1'S1t>?'
deha-tyãga—abandonando o corpo material mediante o suicídio; ãdi—a começ
wsjti^i a ^ s ^ I f ^ s í f s : 9K 1 *>o 1
com; tamah-dharma—na plataforma do modo da ignorância; pãtaka-kãrana—caus"
de atividades pecaminosas; sãdhaka—o devoto; nã pãya—não obtém; tãte—com isto"
yasyãhgh ri-pahkaja-rajah-st\apanam mahãnto
krsnera carana—os pés de lótus de Krsna. vãhchanty umã-patir ivãtma-tamo 'pahatyai
yarhy ambujãksa na iabheya bhavat-prasãdam
T R A D U Ç Ã O — " A t i t u d e s como o suicídio só acarretam pecado. C o m semelhantes
jahyãm asün vrata-krsãh chata-janmabhih syãt
ações, o devoto jamais alcança abrigo aos pés de lótus de K r s n a . "
308 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 4 Verso 66 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 309
yasya—cujos; ahghri— dos pés; pahka-ja—lótus; rajah—na poeira; snapanam— T R A D U Ç Ã O — ' " Ó querido Krsna, com Teus olhares sorridentes e conversa me-
banhando-se; mahãntah—grandes personalidades; vãhchanti—desejam; umã-patih— lodiosa, despertaste um fogo de desejo luxurioso em nossos corações. Agora,
Senhor Siva; i r a - c o m o ; ãtma—pessoal; tamah—ignorância; apahatyai—extirpar; é Teu dever apagar esse fogo, derramando uma onda de néctar de Teus lábios
yarhi—quando; ambuja-aksa—ó pessoa de olhos de lótus; na labheya—eu não obtiver; sob a forma de beijos. Por favor, faze isto. Caso contrário, querido amigo, o
bhavat-prasãdam—-Tua misericórdia; jahyãm—abandonarei; asün—vida; vrata-kréãn— fogo que queima dentro de nossos corações reduzirá nossos corpos a cinzas,
reduzida por observar votos; sata-janmabhih—por centenas de nascimentos; syãt— devido à saudade que sentimos de Ti. Assim, através da meditação, exigiremos
se for possível. abrigo a Teus pés de lótus.'"
T R A D U Ç Ã O — ' " Ó pessoa de olhos de lótus, grandes personalidades como o SIGNIFICADO—Este verso (Bhãg. 10.29.35) foi falado pelas gopis quando elas, sob
Senhor Siva desejam banhar-se na poeira de Teus pés de lótus para extirpar a o luar do outono, sentiram-se atraídas pela vibração da flauta de Krsna. Enlou-
ignorância. Se eu não obtiver a misericórdia de Vossa Onipotência, observarei quecidas, todas elas foram ter com Krçna, porém, para aumentar-lhes o amor ex-
votos para reduzir a duração da minha vida, e assim abandonarei corpos por tático, Krçna deu-lhes instruções morais de que voltassem para casa. As gopis não
centenas de nascimentos, se dessa maneira me for possível obter Tua miseri- ligaram para essas instruções. Elas queriam ser beijadas por Krsna, pois chegaram
córdia.'" ali com desejos luxuriosos de dançarem com Ele.
TRADUÇÃO—"Uma pessoa nascida em família baixa não está desqualificada para viprãd dvisad-guna-yutãd aravinda-nãbha-
desempenhar serviço devocional ao Senhor Krsna, nem pelo simples fato de pãdãravinda-vimukhãt svapacam varistham
nascer em aristocrática família de brãhmanas fica alguém apto para o serviço manye tad-arpita-mano-vacane 'hitãrtha-
devocional." prãnam punãti sa kulam na tu bhürimãnah
VERSO 67 viprãt—do que um brãhmana; dvi-sat-guna-yutãt—que tem doze qualificações
bramínicas; aravinda-nãbha—do Senhor Visnu, que tem um umbigo semelhante
c a l «csf c a l a « , « r e v - f r a , ira i à flor de lótus; pãda-aravinda—aos pés de lótus; vimukhãt—do que uma pessoa des-
araj-ssrca atfà srtf%-f iffw-fãErta 11 *i II tituída de devoção; éva-pacam—um candãla, ou pessoa habituada a comer cães;
varistham—mais glorificado; manye—penso; tat-arpita—dedicadas a Ele; manah—
yei bhaje sei bada, abhakta—bina, chãra mente; vacane—palavras; ahita—atividades; artha—riqueza; prãnam—vida; punãti—
krsna-bhajane nãhi jãti-kulãdi-vicãra purifica; sah—ele; kulam—sua família; na tu—mas não; bhüri-mãnah—um brãhmana
yei bhaje—qualquer pessoa que adote o serviço devocional; sei—ela; bada—elevada; orgulhoso de possuir tais qualidades.
abhakta—não-devoto; hina chãra—muito condenado e abominável; krsna-bhajane—no
desempenho do serviço devocional; nãhi—não há; jãti—casta; kula—família; ãdi—e TRADUÇÃO—'"Talvez alguém nasça numa família de brãhmanas e tenha todas
assim por diante; vicãra—consideração de. as doze qualidades bramínicas, mas se, apesar de todas essas qualificações, ele
não se devotar aos pés de lótus do Senhor Krsna, cujo umbigo tem a forma de
TRADUÇÃO—"Qualquer pessoa que adote o serviço devocional é elevada, ao uma flor de lótus, ele não está no mesmo nível de um candãla que dedica sua
passo que um não-devoto sempre é condenado e abominável. Por isso, não se mente, palavras, atividades, riqueza e vida a serviço do Senhor. O simples fato
leva em consideração o status da família daquele que realiza serviço devocional." de nascer em família de brãhmanas ou de ter qualidades bramínicas não é sufi-
ciente. É preciso tornar-se um devoto puro do Senhor. Portanto, se um svapaca,
VERSO 68 ou candãla, for um devoto, ele libertará não apenas a si mesmo como também
a sua família inteira, ao passo que um brãhmana que não é devoto mas tem meras
fícaca «tras* »a1 TO « l a t a , i qualificações bramínicas não pode purificar sequer a si mesmo, isto para não
falar de purificar sua família.'"
*É*rra. * t f a « , «ara a® aifaata 11 «JW II
dinere adhika dayã kare bhagavãn SIGNIFICADO—Este verso é do Srimad-Bhãgavatam ( 7 . 9 . 9 ) .
kulina, pandita, dhanira bada abhimãna
dinere—aos humildes; adhika—mais; dayã—misericórdia; kare— mostra; bhagavãn— VERSO 70
a Suprema Personalidade de Deus; kulina—aristocrático; pandita—acadêmico eru-
dito; dhanira—do rico; bada abhimãna—muito orgulho. « s c a a atai ca9& aaraai « f ã * i
'arajcsta', 'aras' % « aca aatafà» n i > »
TRADUÇÃO—"Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, sempre é favorável às
pessoas humildes e mansas, porém, os aristocratas, os acadêmicos eruditos e bhajanera madhye éresfha nava-vidhã bhakti
os ricos vivem orgulhosos de suas posições." 'krsna-prema'', 'krsna' dite dhare mahã-sakti
bhajanera madhye—em executar serviço devocional; srestha—os melhores; nava-
V E R S O 69 vidhã bhakti— os nove métodos prescritos de serviço devocional; krsna-prema—amor
extático por Krsna; krsna—e Krsna; dite—de outorgar; dhare— possuem; mahã-sakti—
grande potência.
tfifpiriafaijip afaàa, i
VERSO 75 VERSO 78
T R A D U Ç Ã O — " S o u de nascimento baixo. Na verdade, sou o mais baixo. Sou T R A D U Ç Ã O — " T e u corpo é Meu principal instrumento para Eu realizar muitas
condenado, pois tenho todas as características de um homem pecaminoso. Que atividades essenciais. Por intermédio de teu corpo, executarei muitas tarefas."
adiantará Tu me manteres vivo?"
V E R S O 79
VERSO 76
SIGNIFICADO—êrl Caitanya Mahaprabhu desejava cumprir muitos propósitos por T R A D U Ç Ã O — " T e n h o que fazer todo este trabalho por intermédio de teu corpo,
meio dos esforços exegéticos de Srila Sanãtana Gosvãmi. Primeiro, para ensinar porém, queres abandoná-lo. Como posso tolerar isto?"
as pessoas como se tornarem devotos, executarem serviço devocional e desen-
volverem amor por Krçna, Sanãtana Gosvãmi compilou o livro chamado Brhad- VERSO 84
bhãgavatãmrta. Em segundo lugar, compilou o Hari-bhakti-vilãsa, no qual extraiu
dos preceitos das escrituras declarações autorizadas referentes ao comportamento « c a aat«a TO.—"C«farcas aa^tca i
Vaiçnava. Graças aos esforços de Sri Sanãtana Gosvãmi é que todos os locais c«tata a#ta aiwa cas ajã<c« ttca ? v-8 n
de peregrinação, perdidos na área de Vrndãvana, foram escavados. Ele estabele-
ceu Madana-mohana, a primeira Deidade na área de Vrndãvana, e, através de tabe sanãtana kahe,—"tomãke namaskãre
seu próprio comportamento, mostrou como se deve agir na ordem renunciada, tomara gambhira hrdaya ke bujhite pare?
em completa rendição ao serviço do Senhor. Também mediante seu próprio exem- tabe—a essa altura; sanãtana kahe—Sanãtana Gosvãmi disse; tomãke namaskãre—
plo, ensinou como as pessoas deveriam ficar em Vrndãvana para executar serviço ofereço-Te minhas respeitosas reverências; tomara—Teu; gambhira—profundo;
devocional. A principal missão de Sri Caitanya Mahaprabhu era pregar a cons-
hrdaya—coração; ke—quem; bujhite pare—pode compreender.
ciência de Krçna. Mathurã e Vrndãvana são as moradas do Senhor Krçna. Portan-
to, esses dois lugares são muito queridos a Srí Caitanya Mahaprabhu, e, por meio
TRADUÇÃO—A essa altura, Sanãtana Gosvãmi disse a Sri Caitanya Mahaprabhu:
de Sanãtana Gosvãmi, Ele desejava desenvolver as glórias desses dois lugares.
"Ofereço-Te minhas respeitosas reverências. Ninguém pode compreender as
profundas idéias que planejas dentro do Teu coração."
V E R S O 82 V E R S O 85
T R A D U Ç Ã O — " U m boneco de madeira canta e dança de acordo com a ordem do T R A D U Ç Ã O — " A q u e l e a quem se confia a propriedade de outrem não deve
titereiro, mas não sabe por que está dançando e cantando." distribuí-la nem usá-la para seus próprios objetivos. Portanto, dize-lhe que não
se envolva em semelhante atividade ilegal."
VERSO 86
VERSO 89
ire* cies * r a r « , ci tec* TO ««"ei i
afàwti TO,—"fiui « i f è i t i i>f% 1
fcTO 1tC5, C*H11515, e i * i t f ã WÍC1 II" V* II
c s t i r a i s r a c i a i^raica «1 i t r a 11 v-s> 11
yãre yaiche nãcão, se taiche kare nartane
kaiche nãce, kebã nãcãya, seha nãhi jãne" haridãsa kahe, — "mithyã abhimãna kari
yãre—quem quer que; yaiche— como; nãcão—fazes dançar; se—essa pessoa; tomara gambhira hrdaya bujhite nã pari
taiche— assim; kare nartane—dança; kaiche— como; nãce—dança; kebã nãcãya—quem haridãsa kahe— Haridãsa Thãkura replicou; mithyã—falsamente; abhimãna kari—
faz dançar; seha—ela; nãhi jãne—não sabe. orgulhamo-nos; tomara—Tua; gambhira— profunda; hrdaya—intenção; bujhite nã
pari—não podemos compreender.
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, da maneira como queres que alguém dance,
é assim que ele dança, só que ele não sabe por que está dançando nem quem TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura replicou: "Orgulhamo-nos falsamente de nossas
o está fazendo dançar." capacidades. Na realidade, não podemos compreender Tuas intenções profun-
V E R S O 87 das."
VERSO 91
V E R S O 88
parera sthãpya dravya keha nã khãya, vilãya etãdrsa tumi ihhãre kariyãcha ahgikãra
nisedhiha ihhãre,—yena nã kare anyãya" eta saubhãgya ihãn nã haya kãhãra"
parera—por outrem; sthãpya—para ser guardada; dravya—propriedade; keha etãdréa—semelhante; furai—Tu; ihhãre—a ele; kariyãcha ahgikãra—aceitaste; eta
khãya—ninguém utiliza; vilãya—distribui; nisedhiha—proíbe; ihhãre—a ele; yena— saubhãgya—tamanha fortuna; ihãn—a ele; nã haya—não é possível; kãhãra—para
ninguém mais.
de modo que; nã kare—e\e não faça; anyãya—algo ilegal.
322 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 97 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 323
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, já que tão insigne personalidade como Tu TRADUÇÃO—"Sri Caitanya Mahaprabhu aceitou teu corpo como Sua propriedade
aceitaste Sanãtana Gosvãmi, ele é imensamente afortunado; ninguém pode ser pessoal. Logo, ninguém pode equiparar-se a ti em boa fortuna."
tão afortunado quanto ele."
V E R S O 95
VERSO 92
fasr-caca ca *ta" ai i t c a a asfàca i
ara aat^tç « f ã ' s*çíra «rífawa i ca a*tá" asatara catai, caa abarca 11 a<t n
'aajr«!' asfaca «fò* ffttfl aaa n a * ii
nija-dehe ye kãrya nã pãrena karite
tabe mahaprabhu kari' dunhãre ãlihgana se kãrya karãibe tomã, seha mathurãte
'madhyãhna' karite uthi' karilã gamana nija-dehe—com Seu próprio corpo; ye kãn/a—qualquer atividade que; nã pãrena
tabe—então; mahaprabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; kari' dunhãre ãlihgana— karite—Ele não pode fazer; se kãrya—essas coisas; karãibe—Ele porá em ação; tomã—a
abraçando ambos; madhya-ahna karite—vara realizar Seus deveres do meio-dia; ti; seha—isto; mathurãte—em Mathurã.
uthi'—levantando-Se; karilã gamana—partiu.
T R A D U Ç Ã O — " O que Sri Caitanya Mahaprabhu não pode fazer com Seu próprio
TRADUÇÃO—Assim, Sri Caitanya Mahaprabhu abraçou tanto Haridãsa J h ã k u r a corpo, Ele deseja fazê-lo por intermédio de ti, e deseja fazê-lo em Mathurã."
quanto Sanãtana Gosvãmi, e, levantando-Se, partiu para realizar Seus deveres
do meio-dia. V E R S O 96
T R A D U Ç Ã O — " D e p r e e n d o das palavras de Sri Caitanya Mahaprabhu que Ele de- VERSO 9 9
seja que escrevas livros sobre a decisão conclusiva do serviço devocional e sobre
os princípios reguladores como definidos nas escrituras reveladas." aarara TO — "carai-aa c^al «itcs «xta i
aatarça ac«i «ja—astetajata, j &s> n
VERSO 9 8
a>tca" ai l i ffl»! I
•TNIl tffc jSHE «l^sT sanãtana kahe, — "tomã-sama kebã ache ãna
aitas-ajãcs wrai' c<ra aja" c a i n sv- o mahãprabhura gane tumi—mahã-bhãgyavãn!
sanãtana Mie—Sanãtana Gosvãmi disse; tomã-sama—como tu; kebã—quem; ache—
ãmãra ei deha prabhura kãrye nã lãgilã há; ãna—outro; mahãprabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; gane—dentre os
bhãrata-bhümite janmi' ei deha vyartha haila associados pessoais; tumi— tu; mahã-bhãgyavãn—o mais afortunado.
ãmãra—meu; ei—este; deha—corpo; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu;
kãrye—a serviço; nã lãgilã—não poderia ser utilizado; bhãrata-bhümite—na terra da T R A D U Ç Ã O — S a n ã t a n a Gosvãmi replicou: " Ó Haridãsa Thãkura, quem é igual
índia; janmi'—nascendo; ei deha—este corpo; vyartha haila—tornou-se inútil. a ti? És um dos associados de Sri Caitanya Mahaprabhu. Por isso, és o mais afor-
tunado."
T R A D U Ç Ã O — " M e u corpo não poderia ser utilizado a serviço de Sri Caitanya VERSO 1 0 0
Mahaprabhu. Portanto, embora tenha nascido na terra da índia, este corpo tem
sido inútil." «rasia-asia" «Ha— ata-«ratca i
cal fàsr-fií « I ^ T O I estala arca n i
S I G N I F I C A D O — P a r a maiores explicações sobre a importância de Bhãrata-bhümi,
pode-se consultar o Ãdi-lilã (9.41) bem como o Srimad-Bhãgavatam (5.19.19-27). avatãra-kãrya prabhura—nãma-pracãre
A característica especial de um nascimento na índia é que a pessoa nascida na sei nija-kãrya prabhu karena tomara dvãre
índia automaticamente torna-se consciente de Deus. Em todas as regiões da índia, avatãra-kãrya—missão da encarnação; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu;
e em especial nos lugares sagrados de peregrinação, mesmo um homem comum nãma-pracãre—propagar a importância do santo nome do Senhor; sei—esta; nija-
e inculto tem inclinação para a consciência de Krsna, e, tão logo vê u m a pessoa kãrya—missão de Sua vida; prabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; karena—realiza;
consciente de Krsna, presta-lhe suas reverências. A índia tem muitos rios sagrados, tomara dvãre—por teu intermédio.
como o Ganges, o Yamunã, o Narmadã, o Kãveri e o Krçnã, e basta banhar-se
nesses rios para que as pessoas libertem-se e tornem-se conscientes de Krsna.
T R A D U Ç Ã O — " A missão de Sri Caitanya Mahaprabhu, devido à qual Ele adveio
Por isso, Sri Caitanya Mahaprabhu diz:
como uma encarnação, é propagar a importância de se cantar o santo nome do
bhãrata-bhümite haila manusya-janma yãra Senhor. Agora, ao invés de fazer isso pessoalmente, Ele a está propagando por
janma sãrthaka kari' kara para-upakãra teu intermédio."
VERSO 1 0 1
Aquele que nasceu na terra de Bhãrata-bhümi, índia, deve tirar o máximo pro-
veito desse nascimento. Ele deve tornar-se plenamente versado no conhecimento «raia ara fàasw ata-açt3a i
dos Vedas e na cultura espiritual, e deve distribuir a experiência da consciência
de Krsna por todo o m u n d o . Mundo afora, as pessoas estão loucas por gozo dos
atra <wica ara atcaa af*al araa n II
sentidos, desperdiçando, assim, suas vidas humanas, com o risco de, na próxima
pratyaha kara tina-laksa nãma-sahkirtana
vida, tornarem-se animais ou coisa pior. Mediante o processo da consciência de
Deus, consciência de Krsna, a sociedade humana deve ser salva dessa civilização
sabãra ãge kara nãmera mahimã kathana
arriscada e do perigo do animalismo. O movimento para a consciência de Krçna
prati-aha—diariamente; kara—fazes; tina-laksa—300.000; nãma-sahkirtana—cantos
do santo nome; sabãra ãge—perante todos; kara—fazes; nãmera—do santo nome;
foi iniciado com este propósito. Por isso, homens imparciais, posicionados no
mais alto escalão, devem estudar os princípios do movimento para a consciência
mahimã kathana-discussão das glórias.
de Krçna e cooperar plenamente com este movimento, para salvar a sociedade
humana. T R A D U Ç Ã O — " M e u querido cavalheiro, cantas o santo nome 3 0 0 . 0 0 0 vezes por
13
e informas a todos sobre a importância desse c a n t a r . "
326 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 1 0 6 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 327
VERSO 1 0 2 VERSO 1 0 4
VERSO 1 0 3 VERSO 1 0 5
sakala—todos; vaisnava—devotos; yabe—quando; gauda-deée—à Bengala; gelã jyaistha-mãse—durante o mês de maio-junho; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu;
regressaram; sanãtana—Sanãtana Gosvãmi; mahãprabhura—de Sri Caitanya Maha- yameévara-totã—ao jardim do Senhor Siva, Yamesvara; ãilã—veio; bhakta-anurodhe—
prabhu; carane rahilã—ficou aos pés de lótus. a pedido dos devotos; tãhãh—ali; bhiksã ye karilã—tomou prasãda.
T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o , após o festival de Ratha-yãtrã, todos os outros devotos re- TRADUÇÃO—Naquele mês de maio-junho, Sri Caitanya Mahaprabhu foi ao
gressaram à Bengala, Sanãtana Gosvãmi ficou aos cuidados dos pés de lótus de jardim de Yameávara (Senhor Siva] e, a pedido dos devotos, tomou ali Sua
Sri Caitanya Mahaprabhu. prasãda.
V E R S O 114
V E R S O 117
ratswtarl-aitra « f ç a IOTC« rafai
1
fara-faca era^ara «rrara a t f a i 11 II ^•otír-fàvpplci aat«ca c a t i t a i i
« t Ç ramt5.ii, « r a «tara a t f ç i » » q n
dola-yãtrã-ãdi prabhura sahgete dekhila
dine-dine prabhu-sahge ãnanda bãdila madhyãhna-bhiksã-kãle sanãtane bolãilã
dola-yãtrã—o festival de Dola-yãtrã; ãdi—e outros; prabhura sahgete—com Sri prabhu bolãilã, tãhra ãnanda bãdila
Caitanya Mahaprabhu; dekhila—ele viu; dine-dine—dia após dia; prabhu-sahge—na madhya-ahna—ao meio-dia; bhiksã-kãie—k hora do almoço; sanãtane—Sanãtana
companhia de Sri Caitanya Mahaprabhu; ãnanda bãdila—seu prazer cresceu. Gosvãmi; bolãilã—Ele mandou chamar; prabhu bolãilã—o Senhor Sri Caitanya Maha-
prabhu chamou; tãhra—sua; ãnanda—felicidade; bãdila—aumentou.
TRADUÇÃO—Juntamente com Sri Caitanya Mahaprabhu, Sanãtana Gosvãmi
observou a cerimônia de Dola-yãtrã. Dessa maneira, seu prazer cresceu na com- TRADUÇÃO—Ao meio-dia, à hora do almoço, o Senhor mandou chamar Sanãtana
panhia do Senhor. Gosvãmi, que, por causa desse chamado, ficou ainda mais feliz.
V E R S O 115
V E R S O 118
,
& < r a i i a - a t c i a a t « a ara «itail i
atires? laja-araj^-rcs « f a - i a i
raoéatti « ^ « t r a i # t * i asfaii u n
C i a i c i l a t s a ffim iffl» II üv- n
pürve vaiéãkha-mãse sanãtana yabe ãilã
jyaistha-mãse prabhu tãhre pariksã karilã madhyãhne samudra-vãlu hahãche agni-sama
pürve—anteriormente; vaiéãkha-mãse—durante o mês de abril-maio; sanãtana— sei-pathe sanãtana karilã gamana
Sanãtana Gosvãmi; yabe—quando; ãilã—veio; jyaistha-mãse—no mês de maio- madhya-ahne—ao meio-dia; samudra-vãlu—a areia do litoral;' hahãche—era; agni-
junho; prabhu—Sn Caitanya Mahaprabhu; tãhre—a ele; pariksã karilã—testou. sama—quente como fogo; sei-pathe—por esse caminho; sanãtana—Sanãtana Go-
svãmi; karilã gamana—veio.
V E R S O 116 V E R S O 119
prabhu bolãhãche—o Senhor mandou chamar; ei— isto; ãnandita—feliz; mane— prabhu kahe—o Senhor perguntou; kon pathe—por que caminho; aila sanãtana—tu
dentro da mente; tapta-vãlukãte—na areia quente; pã— pés; pode—queimavam; vieste, Sanãtana; tenha kahe—ele respondeu; samudra-pathe—pelo caminho do
tãhã—isto; nãhi jãne—não pôde entender. litoral; karilun ãgamana—vim.
TRADUÇÃO—Dominado pela alegria de ter sido chamado pelo Senhor, Sanãtana TRADUÇÃO—Quando o Senhor perguntou: "Por que caminho vieste?" Sanãtana
Gosvãmi nem percebeu que seus pés queimavam na areia quente. Gosvãmi respondeu: "Vim pelo caminho do litoral."
V E R S O 120 V E R S O 123
TRADUÇÃO—Embora, devido ao calor, as solas de ambos os seus pés estivessem TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu disse: " P o r que vieste pela praia, onde
com bolhas, não obstante, ele foi até o local onde estava Srí Caitanya Maha- a areia é tão quente? Por que não vieste pelo caminho que passa em frente ao
prabhu. Ao chegar, viu que o Senhor, tendo almoçado, descansava. portão Simha-dvãra? Por ali é bem mais fresco."
sanãtana kahe, — "dukha bahuta nã pãiluh nem mesmo toquem em estranhos ou entrem nos aposentos das Deidades após
pãye vrana hahãche tãhã nã jãniluh terem sido tocados. Este é um item muito importante para quem faz adoração
sanãtana kahe— Sanãtana Gosvãmi replicou; dukha—dor; bahuta—muita; nã pãi- no templo.
luh—não senti; pãye—nas solas dos pés; vrana hahãche—havia bolhas; tãhã—isso;
V E R S O 128
nã jãniluh—eu nem sabia.
TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi replicou: "Não senti muita dor, tampouco per-
«fà'a5t«tf_1C11C^t1 1 t l l 1 I
cebi que, devido ao calor, havia bolhas." « $ *ÍP1 f t t a fãsg isfçca pttfitU u i** n
com muçulmanos, não entravam no templo, nem sequer passavam pelo caminho ti, caracteristicamente um devoto observa e protege a etiqueta Vaisnava.
em frente ao portão do templo. É costume na índia que os sacerdotes dos templos Manter a etiqueta Vaisnava é o ornamento do devoto."
336 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 136 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 337
maryãdã-langhane loka kare upahãsa bãra bãra nisedhena, tabu kare ãlihgana
iha-loka, para-loka—dui haya nãéa ahge rasa lãge, duhkha pãya sanãtana
maryãdã-langhane—ao transgredir os costumes da etiqueta; loka—as pessoas; kare bãra bãra—vezes e mais vezes; nisedhena—proíbe; tabu—mesmo assim; kare ãlihga-
upahãsa—zombam; iha-loka—este mundo; para-loka—o próximo mundo; dui—dois; na—Ele abraça; ahge—no corpo; rasa lãge—a secreção úmida toca; duhkha—tristeza;
haya nãéa—ficam destruídos. pãya—sente; sanãtana—Sanãtana Gosvãmi.
T R A D U Ç Ã O — " Q u e m transgride as leis da etiqueta sujeita-se a ser escarnecido TRADUÇÃO—Embora Sanãtana Gosvãmi houvesse proibido Srí Caitanya Maha-
pelas pessoas, sendo, portanto, aniquilado tanto neste mundo quanto no próxi- prabhu de abraçá-lo, mesmo assim o Senhor abraçou-o. Por isso. Seu corpo ficou
mo." lambuzado com a secreção úmida do corpo de Sanãtana, e Sanãtana ficou imensa-
mente atormentado.
VERSO 132 V E R S O 135
maryãdã rãkhile, tusta kaile mora maha ei-mate sevaka-prabhu duhhe ghara gelã
tumi aiche nã karile kare kon jana?" ãra dina jagadãnanda sanãtanere mililã
maryãdã rãkhile— porque observaste a etiqueta; tusta kaile—satisfizeste; mora ei-mate—dessa maneira; sevaka-prabhu—o servo e o amo; duhhe—ambos; ghara
mana—Minha mente; tumi—tu; aiche—dessa maneira; nã karile—sem fazer; kare— gelã— voltaram a seus respectivos lares; ãra dina—no dia seguinte; jagadãnanda—
faria; kon jana—quem. Jagadãnanda; sanãtanere mililã—encontrou-se com Sanãtana Gosvãmi.
TRADUÇÃO—"Observando a etiqueta, satisfizeste Minha mente. Que outra TRADUÇÃO—Assim, tanto o servo quanto o amo partiram para seus respectivos
pessoa além de ti daria esse exemplo?" lares. No dia seguinte, Jagadãnanda Pandita foi ter com Sanãtana Gosvãmi.
eta bali' prabhu tãhre ãlihgana kaila dui-jana vasi' krsna-kathã-gosthi kailã
tãhra kandu-rasã prabhura éri-ahge lãgilã partditere sanãtana duhkha nivedilã
eta bali'—dizendo isso; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhre—a ele; ãlihgana dui-jana vasi'—ambos sentando-se; krsna-kathã—tópicos sobre o Senhor Krsna;
kaila—abraçou; tãhra—sua; kandu-rasã—secreção úmida das lesões; prabhura—de gosthi— discussão; kailã—fizeram; partditere—a Jagadãnanda Pandita; sanãtana—
Sri Caitanya Mahaprabhu; éri-ahge lãgilã—lambuzou o corpo. Sanãtana Gosvãmi; duhkha nivedilã—revelou sua tristeza.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s dizer isso, Sri Caitanya Mahaprabhu abraçou Sanãtana TRADUÇÃO—Quando Jagadãnanda Pandita e Sanãtana Gosvãmi sentaram-se
Gosvãmi, e a secreção úmida que escorria das feridas contaminadas do corpo juntos e passaram a conversar sobre Krsna, Sanãtana Gosvãmi revelou a Jagadã-
de Sanãtana lambuzou o corpo do Senhor. nanda Pandita a causa de seu sofrimento.
338 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 142 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 339
V E R S O 137 V E R S O 140
T R A D U Ç Ã O — " E m b o r a eu O proíba de agir assim, sem embargo, Sri Caitanya TRADUÇÃO—Jagadãnanda Pandita disse: "O lugar mais adequado para residires
Mahaprabhu abraça-me, e por isso Seu corpo fica sujo com as secreções de é Vrndãvana. Após veres o festival de Ratha-yãtrã, poderás voltar para l á . "
minhas feridas contaminadas."
V E R S O 142
V E R S O 139
« i i a t a ç a c i t a , ü t í ç * fàwjta i « i ç a n t f t l w&ÜM c « t i i ' s i « t c a i
w i a t c i * «1 c » f i c a , <a ç : l « W a u v®& II arataci e u , « i t i i l g i i t l c a 11 Í S * i
aparãdha haya mora, nãhika nistãra prabhura ãjnã hahãche tomã' dui bhãye
jagannãtheha nã dekhiye,—e duhkha apara vrndãvane vaisa, tãhãh sarva-sukha pãiye
aparãdha—ofensa; haya—é; mora—minha; nãhika nistãra—não há salvação; jagan- prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; ãjnã—ordem; hahãche—foi; tomã'—vós;
nãtheha— também o Senhor Jagannãtha; nã dekhiye—não posso ver; e—isto; duhkha dui bhãye—aos dois irmãos; vpidãvane vaisa—estabelecei-vos em Vrndãvana; tãhãh—
apara—muita infelicidade. lá; sarva-sukha—toda a felicidade; pãiye—obtereis.
T R A D U Ç Ã O — " O propósito de tua vinda foi cumprido, pois viste os pés de lótus eta bali' duhhe nija-kãrye uthi' gelã
do Senhor. Portanto, após veres o Senhor Jagannãtha no carro do Ratha-yãtrã, ãra dina mahaprabhu milibãre ãilã
podes partir." eta bali'—conversando dessa maneira; duhhe—tanto Jagadãnanda Pandita quanto
Sanãtana Gosvãmi; nija-kãrye—para seus respectivos deveres; uthi'—levantando-
V E R S O 144 se; gelã—foram; ãra dina—no dia seguinte; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu;
milibãre ãilã—veio encontrar-Se com.
i i t « i TO,—"«ti ra*H « t r a i i
«Iti I t i , C l l Cita '«ifWS C f » P II" Í 8 8 II TRADUÇÃO—Após essa conversa, Sanãtana Gosvãmi e Jagadãnanda Pandita vol-
taram para seus respectivos deveres. No dia seguinte, Sri Caitanya Mahaprabhu
sanãtana kahe, — "bhãla kailã upadesa foi ver Haridãsa e Sanãtana Gosvãmi.
tãhãh yãba, sei mora 'prabhu-datta deéa'"
sanãtana kahe— Sanãtana Gosvãmi replicou; bhãla kailã upadeéa—deste-me bom V E R S O 146
conselho; tãhãh yãba—irei para lá; sei—esta; mora—minha; prabhu-datta—dada pelo
Senhor; deéa—residência. sfswti N ü l 99$* s a l arai 1
a f ã i t c i c a * i l «tf^ c « r a - « r t r â w i n Í S * 11
TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi replicou: "O conselho que me deste é muito
bom. Decerto irei para lá, pois este é o lugar que o Senhor me deu para eu haridãsa kailã prabhura carana vandana
morar." haridãée kailã prabhu prema-ãlihgana
haridãsa—Haridãsa Thãkura; kailã—fez; prabhura—do Senhor Sri Caitanya Maha-
SIGNIFICADO—As palavras prabhu-datta deéa são muito significativas. O culto de- prabhu; carana vandana—adoração aos pés de lótus; haridãse—a Haridãsa; kailã—fez;
vocional de Sri Caitanya Mahaprabhu não diz que devemos ficar sentados num prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; prema-ãlihgana—abraço em amor extático.
lugar, senão que devemos propagar o culto devocional por todo o mundo. O
Senhor incumbiu que, em Vrndãvana, Sanãtana Gosvãmi e Rüpa Gosvãmi esca- TRADUÇÃO—Haridãsa Thãkura prestou reverências aos pés de lótus de Sri
vassem e reformassem os lugares sagrados bem como estabelecessem o culto de Caitanya Mahaprabhu, e o Senhor abraçou-o em amor extático.
bhakti. Portanto, Sanãtana Gosvãmi e Rüpa Gosvãmi receberam Vrndãvana como
o lugar onde iriam morar. Do mesmo modo, todos que compõem a linha do culto V E R S O 147
devocional de Sri Caitanya Mahaprabhu devem aceitar as palavras do mestre es-
piritual e, assim, propagar o movimento para a consciência de Krçna. Devem ir ça cac« « T O - l a l t i TO i i t « i 1
a todos os lugares, a todas as partes do mundo, aceitando tais locais como prabhu-
s i ^ c a t i t s a t a a t a asfàras « r í f i a i 1 1 i 8 t n
datta deéa, os lugares que o mestre espiritual ou o Senhor Krçna lhes deram para
residir. O mestre espiritual é o representante do Senhor Krçna; logo, deduz-se
que, aquele que cumpriu as ordens do mestre espiritual, também cumpriu as
dura haite danda-paranãma kare sanãtana
prabhu bolãya bãra bãra karite ãlihgana
342 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 153 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 343
dura haite—a distância; danda-paranãma—prestando reverências em dandavats- dui jana lahã—levando os dois; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; vasilã—sentou-
kare—tez; sanãtana—Sanãtana Gosvãmi; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; bo- Se; pindãte—ao altar; nirvinna—avançado em renúncia; sanãtana—Sanãtana Go-
lãya—chama; bãra bãra—vezes e mais vezes; karite ãlihgana—a fim de abraçar. svãmi; lãgilã kahite—pôs-se a falar.
TRADUÇÃO—A distância, Sanãtana Gosvãmi prestou suas reverências em danda- TRADUÇÃO—Levando ambos consigo, o Senhor sentou-Se num lugar sagrado.
vats, mas, desejando abraçá-lo, Sri Caitanya Mahaprabhu chamava-o o tempo Então, Sanãtana Gosvãmi, que era avançado em renúncia, pôs-se a falar.
todo.
V E R S O 148 V E R S O 151
TRADUÇÃO—Receando cometer ofensas, Sanãtana Gosvãmi não se adiantou para T R A D U Ç Ã O — " V i m aqui buscando meu benefício", disse ele, "mas vejo que
encontrar-se com Srí Caitanya Mahaprabhu. No entanto, o Senhor resolveu ir aconteceu exatamente o contrário. Não sou qualificado para prestar serviço. Tudo
cumprimentá-lo. o que faço é cometer ofensas dia após dia."
V E R S O 149 V E R S O 152
TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi retrocedeu, mas, pegando-o à força, Sri Caitanya TRADUÇÃO—"Por natureza, sou de nascimento inferior. Sou um reservatório con-
Mahaprabhu abraçou-o. taminado o qual produz apenas atividades pecaminosas. Se me tocares, Senhor,
isto será uma grande ofensa de minha p a r t e . "
V E R S O 150
V E R S O 153
ara 91431 ei^ #wf1 fattsí ca i «tatca «itita arar a^-an-aa* sei i
fafãj] n t a i i t f i i l asfãca n II catita «rar i t c l , aa^-ii* $fi aci 11 » * n
dui jana lahã prabhu vasilã pindãte tãhãte ãmãra ahge kandu-rasã-rakta cale
nirvinna sanãtana lãgilã kahite tomara ahge lãge, tabu sparsaha tumi bale
344 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 4 Verso 159 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 345
tãhãte—ainda por cima; ãmãra—meu; ahge— no corpo; kandu-rasã—das lesões jagadãnanda-pandite ãmi yukti puchila
úmidas e inflamadas; rato—sangue; ca/e—escorre; tomara ahge lãge—tocam no Teu vrndãvana yãite tenha upadeéa dila"
corpo; tabu—mesmo assim; sparéaha—tocas; furai—Tu; bale—à força. jagadãnanda-pandite—a Jagadãnanda Pandita; ãmi—eu; yukti—conselho; puchila—
pedi; vrndãvana yãite—de ir para Vrndãvana; tenha—ele; upadeéa dila—deu ins-
T R A D U Ç Ã O — " A l é m do mais, escorre sangue das feridas infectadas em meu trução.
corpo, lambuzando Teu corpo com secreção úmida. Mas, mesmo assim, me tocas
à força." TRADUÇÃO—"Consultei Jagadãnanda Pandita para saber a sua opinião, e ele
também aconselhou-me a voltar para Vrndãvana."
V E R S O 154
V E R S O 157
arae,a " t f a c a sri m yn-cwtt i
«a* « t a t c a rata aca aaatct 11 ><?8 n <m « f à ' aataa^acaia-areca i
« r w a c a r ajns M»1 a=ca faa^tca u ias II
bibhatsa sparsite nã kara ghrnã-leée
ei aparãdhe mora habe sarva-nãse eta éuni' mahaprabhu sarosa-antare
bibhatsa—horrível; sparsite—de tocar; nã kara—não fazes; ghrnã-leée—sequer um jagadãnande kruddha hanã kare tiraskãre
pouquinho de aversão; ei aparãdhe—devido a esta ofensa; mora—minha; habe— eta éuni'—ouvindo isso; mahaprabhu—ári Caitanya Mahaprabhu; sa-rosa-antare—
haverá; sarva-nãée—perda de todas as coisas auspiciosas. com uma atitude de ira; jagadãnande—a Jagadãnanda Pandita; kruddha hanã—fi-
cando muito zangado; kare tirah-kãre—repreende.
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, não tens sequer um pingo de aversão de
tocar em meu corpo, que está numa condição horrível. Devido a esta minha TRADUÇÃO—Ao ouvir isso, ári Caitanya Mahaprabhu, muito irado, passou a re-
ofensa, todas as coisas auspiciosas serão afastadas de m i m . " preender Jagadãnanda Pandita.
V E R S O 155 V E R S O 158
vyavahare—em procedimentos habituais; parama-arthe—em assuntos espirituais- ãpanãra 'asaubhãgya' ãji haila jhãna
tumi—tu; tara—dele; guru-tulya—como um mestre espiritual; tomãre—a ti; upadeáe— jagate nãhi jagadãnanda-sama bhãgyavãn
ele aconselha; nã jãne—desconhece; ãpana-mülya—seu valor. ãpanãra—meu próprio; asaubhãgya—infortúnio; ãji—hoje; haila jhãna—posso com-
preender; jagate—neste mundo; nãhi—não há; jagadãnanda-sama—como Jagadã-
T R A D U Ç Ã O — " E m questões de avanço espiritual e mesmo em procedimentos nanda Pandita; bhãgyavãn—pessoa afortunada.
comuns, estás no mesmo nível que o mestre espiritual dele. Não obstante, des-
conhecendo até onde vai seu próprio valor, ele ousa aconselhar-te." TRADUÇÃO—"Posso também entender meu infortúnio. Neste mundo, ninguém
é tão afortunado quanto J a g a d ã n a n d a . "
V E R S O 160
V E R S O 163
«rrat? «*rwèl «fa—attatfaas « t á i
cstatra?" &ti0l—Wfâfáiiifag ¥N sr tarara) P0é «tPftoaHgqfaa i
catra f»r?rte caY*?^f%-faa-fàí*rari-?ra
ãmãra upadestã tumi—prãmãnika ãrya
tomãreha upadeáe—bãlaka kare aiche kãrya jagadãnande piyâo ãtmiyatã-sudhã-rasa
ãmãra—Meu; upadestã—conselheiro; tumi—tu; prãmãnika ãrya—pessoa autorizada; more piyão gaurava-stuti-nimba-niéindã-rasa
tomãreha—mesmo a ti; upadeáe—ele aconselha; bãlaka—menino; kare—faz; aiche—tal; jagadãnande—a Jagadãnanda Pandita; piyão—fazes beber; ãtmiyatã-sudhã-rasa—o
kãrya—atividade. néctar das relações afetuosas; more—a mim; piyão—fazes beber; gaurava-stuti—
orações lisonjeiras; nimba-nisindã-rasa—o suco da fruta nimba e da niáindã.
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Sanãtana, estás no nível do Meu conselheiro, pois
és uma pessoa autorizada. Jagã, porém, deseja aconselhar-te. Isto não é mais TRADUÇÃO—"Senhor, estás fazendo Jagadãnanda beber o néctar das relações
que o atrevimento de um menino travesso." afetuosas, ao passo que, oferecendo-me orações lisonjeiras, na verdade, me fazes
beber o suco amargo da nimba e da nisindã."
V E R S O 161
V E R S O 164
^ f ã ' aarsa fira «cfà' af^ra fim i
«rtfwa afàai caíra «riftirel-wra i
«srafftararci caYetaj wfftr ca «rrfài n S*s 11
cata «rstaj, f f ã - a s a «aataj" > * 8 1 1
suni' sanãtana pãye dhari' prabhure kahilã
"jagadãnandera saubhãgya ãji se jãnilã ãjiha nahila more ãtmiyatã-jhãna!
suni'—ouvindo; sanãtana—Sanãtana Gosvãmi; pãye dhari'—segurando os pés; mora abhãgya, tumi—svatantra bhagavãn!"
prabhure kahilã—pôs-se a dizer a Sri Caitanya Mahaprabhu; jagadãnandera—de ãjiha—mesmo até agora; nahila—não houve; more—a mim; ãtmiyatã-jhãna—
Jagadãnanda Pandita; saubhãgya—fortuna; ãji—agora; se—isso; jãnilã—compreendo. sentimento de que participo de Teus relacionamentos; mora abhãgya—minha
desventura; tumi—Tu; svatantra bhagavãn—a Suprema Personalidade de Deus
T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o viu Srí Caitanya Mahaprabhu castigando Jagadãnanda independente.
Pandita dessa maneira, Sanãtana Gosvãmi caiu aos pés do Senhor e disse: "Agora
posso entender a posição afortunada de J a g a d ã n a n d a . " T R A D U Ç Ã O — " P o r minha desventura, não me aceitaste como um participante de
Tuas relações íntimas. M a s és a Suprema Personalidade de Deus dotada de in-
V E R S O 162 dependência completa."
V E R S O 165
iiWflr* '«ic.JvreW «rtrw cm saía i
« f à ' aatefç fàsf afã&a cm\ aca i
"Stra acstfàra» fàsg araia isca 11 11
348 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 4 Verso 1 7 1 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 349
éuni' mahaprabhu kichu lajjita hailã mane ãmãkeha bujhãite tumi dhara éakti
tãhre santosite kichu balena vacane kata thãni bujhãhãcha vyavahãra-bhakii
éuni'—ouvindo; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; kichu—um tanto; lajjita— ãmãkeha—até a Mim; bujhãite—de convencer; fumi—tu; dhara—tens; éakti—poder;
acabrunhado; hailã—ficou; mane—dentro da mente; tãhre—a ele; santosite—para kata thãni—em quantos lugares; bujhãhãcha—tu convenceste; vyavahãra-bhakti—co
satisfazer; kichu—algumas; balena—disse; vacane—palavras. portamento corriqueiro bem como serviço devocional.
TRADUÇÃO—Ao ouvir isto, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou um tanto acabrunha- T R A D U Ç Ã O — " T e n s inclusive o poder de convencer a Mim. Em muitas ocasiões
do. Só para satisfazer Sanãtana Gosvãmi, Ele falou as seguintes palavras. já Me convenceste sobre o comportamento corriqueiro e sobre o serviço devo-
cional."
VERSO 1 6 6 VERSO 1 6 9
VERSO 1 6 8 VERSO 1 7 1
yadyapi kãhãra 'mamata' bahu-jane haya a Suprema Personalidade de Deus, esteja sempre feliz, e, devido a seu amor ex-
priti-svabhãve kãhãte kona bhãvodaya tático por Krsna, ele age de diversas maneiras. Os karmis pensam que o corpo
yadyapi—embora; kãhãra—de alguém; mamata—afeição; bahu-jane— por muitas material é um instrumento para o gozo material, e é por isso que trabalham com
pessoas; haya—haja; priti-svabhãve—segundo sua afeição; kãhãte—em alguém; todo o afinco. No entanto, o devoto não cultiva semelhantes desejos. O devoto
kona—algum; bhãva-udaya—despertar de amor extático. sempre está, de todo o coração, ocupado a serviço do Senhor, esquecido de con-
ceitos corpóreos e de atividades corpóreas. Diz-se que o corpo de um karmié mate-
T R A D U Ç Ã O — " E m b o r a alguém tenha afeição por muitas pessoas, diferentes rial porque o karmi, estando muito absorto em atividades materiais, vive ansioso
classes de amor extático despontam segundo a natureza das relações por ele por gozar dos confortos materiais, porém, deve-se aceitar como transcendental
estabelecidas." o corpo do devoto que, dando tudo de si, trabalha arduamente e ocupa-se em
pleno serviço ao Senhor só para ver Krsna satisfeito. A o passo que os karmis só
V E R S O 172 se interessam em satisfazer seus próprios sentidos, os devotos trabalham para
a satisfação do Senhor Supremo. Portanto, quem não consegue distinguir entre
cstata c a * f f t ara f r a » a - « r a i devoção e karma ordinário pode erroneamente considerar material o corpo de um
devoto puro. No entanto, aquele que sabe não comete semelhante erro. Os não-
curara e r a «itarca i t c a « r ç s - a a t a 1 1 1 * 11 devotos que colocam as atividades devocionais e as atividades materiais comuns
no mesmo nível são ofensores ao cantar do transcendental santo nome do Senhor.
tomara deha tumi kara bibhatsa-jnãna
O devoto puro sabe que o corpo de um devoto, por ser sempre transcendental,
tomara deha ãmãre lãge amrta-samãna é bastante adequado para prestar serviço ao Senhor.
tomara deha—teu corpo; tumi—tu; kara bibhatsa-jhãna—consideras horrível; tomara
deha—teu corpo; ãmãre—para Mim; lãge—parece; amrta-samãna—como se fosse feito O devoto na plataforma máxima de serviço devocional sempre considera hu-
de néctar. mildemente que não está prestando nenhum serviço devocional. Ele se julga in-
competente para o serviço devocional e pensa que seu corpo é material. Por outro
T R A D U Ç Ã O — " C o n s i d e r a s teu corpo perigoso e terrível, mas, para Mim, teu lado, aqueles conhecidos como sahajiyãs tolamente pensam que seus corpos mate-
corpo é como néctar." riais são transcendentais. Por causa disso, são sempre destituídos da companhia
de devotos puros, e, assim, não podem comportar-se como Vaiçnavas. Obser-
VERSO 173 vando os defeitos dos sahajiyãs, SrUa Bhaktivinoda Thãkura canta o seguinte em
seu livro Kalyãna-kalpa-taru:
**ttf*<ff o s t a r a ' « t w a<«^ a a 1
w t f r catara « t c a «tía^a-aja aa 11 »
ãmi ta' vaisnava, e-buddhi ha-ile,
aprãkrta-deha tomara 'prãkrta' kabhu naya amãrii nã haba ãmi
tathãpi tomara tãte prãkrta-buddhi haya pratisthãsã ãsi', hrdaya düsibe,
aprãkrta—transcendental; deha—corpo; tomara—teu; prãkrta—material; kabhu ha-iba niraya-gãmi
naya—nunca é; tathãpi—mesmo assim; tomara—teu; tãte— nisto; prãkrta-buddhi— nije éres\ha jãni', ucchistãdi-dãne,
conceito como material; haya—é. habe abhimãna bhãra
tãi éisya tava, thãkiyã sarvadã,
T R A D U Ç Ã O — " N a realidade, teu corpo é transcendental, e nunca material. Con- nã la-iba püjã kãra
tudo, pensas nele em termos de conceitos materiais."
Se eu pensar que sou um Vaiçnava, aguardarei ansiosamente que os outros me
SIGNIFICADO—Sríla Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura dá sua opinião sobre como Prestem respeitos. E se o desejo de fama e reputação poluir meu coração, com
uma pessoa ocupada em pleno serviço ao Senhor transforma seu corpo material certeza irei para o inferno. Ao dar aos outros os restos da minha comida, conside-
em um corpo transcendental. Ele diz: "O devoto puro, ocupado a serviço do rar-me-ei superior e serei sobrecarregado com o peso do falso orgulho. Portanto,
Senhor Krsna, não tem desejo algum de satisfazer seus próprios sentidos, de modo sempre permanecendo teu discípulo rendido, não aceitarei adoração de ninguém
que jamais aceita algo com este propósito. Tudo o que ele deseja é ver que Krsna, mais." Srila Krçnadãsa Kavirãja Gosvãmi escreve (Antya-lilã 20.28):
352 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 177 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 353
premera svabhãva—yãhãh premera sambandha na mente é real. Como a ilusão não é real, não há diferença alguma entre o que
sei mane, — 'krsne mora nãhi prema-gandha' pensamos ser b o m e o que pensamos ser m a u . Ao falarmos sobre a Verdade
Absoluta, tais especulações não p r o c e d e m . ' "
"Onde quer que se encontre u m a relação de amor a Deus, os sintomas naturais
são que o devoto não se considera devoto, mas vive pensando que não tem sequer SIGNIFICADO—Esta citação é do érimad-Bhãgavatam (11.28.4).
T R A D U Ç Ã O — ' " O sábio humilde, em virtude do conhecimento verdadeiro, vê com SIGNIFICADO—É dever de um sannyãsi, uma pessoa na ordem renunciada, ser
sempre equânime, e este também é o dever de um homem erudito e de um Vaisna-
equanimidade um brãhmana erudito e cortês, uma vaca, um elefante, um cão
va. Um Vaiçnava, um sannyãsi ou u m a pessoa culta não têm preconceito algum
e um comedor de c ã e s . ' "
sobre o mundo material; em outras palavras, não vêem nada material que seja
de importância. Não têm desejo de utilizar polpa de sândalo para satisfazer os
SIGNIFICADO—Esta citação é do Bhagavad-gitã (5.18).
sentidos, tampouco o gozo dos sentidos faz com que odeiem a lama. Aceitar ou
rejeitar coisas materiais está fora da alçada de um sannyãsi, de um Vaiçnava ou
VERSO 178
de uma pessoa erudita. O devoto avançado não tem desejo algum de desfrutar
ou de rejeitar algo. Seu único dever é aceitar tudo o que é favorável ao avanço
*rftfô»tír«9rcn TJJITI fãíatafàrat i
em consciência de Krçna. O Vaiçnava deve ser indiferente ao gozo e à renúncia
ü » Ç ^ T F j r o CTtò lICTtlllWísPa: I i 1b- I materiais, e sempre deve ansiar pela vida espiritual de prestação de serviço ao
Senhor.
jhãna-vijhãna-trptãtmã
kütastho vijitendriyah VERSO 180
yukta ity ucyate yogi
sama-lostrãéma-kãhcanah <ít srrft' catai aita asfàta ai aata i
jhãna— pelo conhecimento adquirido; vijhãna—conhecimento posto em prática; aal-ajà. asfà afà, tasf-aí ata n" II
frpfo—satisfeita; ãtmã—entidade viva; küta-sthah—fixa em sua posição constitucio-
nal; vijita—controlados; indriyah—cujos sentidos; yuktãh—em contato com o ei lãgi' tomã tyãga karite nã yuyãya
Supremo; iti—assim; ucyate—diz-se; yogi— um yogi; sama—iguais; lo$(ra—seixos; ghrnã-buddhi kari yadi, nija-dharma yãya"
asma—pedra; kãncanah—ouro. ei lãgi'— por essa razão; tomã—a ti; ryãga karite— rejeitar; nã yuyãya—não convém;
ghpw-buddhi kari—Eu encarasse com ódio; yadi—se; nija-dharma yãya—Eu Me des-
TRADUÇÃO—'"É considerado yogi perfeito aquele que se satisfaz completamente viaria de Meu dever.
com o conhecimento adquirido e posto em prática, que é sempre determinado
e fixo em sua posição espiritual, que controla os sentidos por completo e que T R A D U Ç Ã O — " P o r essa razão, não posso rejeitar-te. Se Eu te odiasse, desviar-
vê os seixos, as pedras e o ouro como estando no mesmo nível.'" Me-ia de Meu dever ocupacional."
VERSO 179
afãata a>w,—"«fç, ca a«f*nl aja i
<«a 'ata? «Jatai? atfà atfà «ttfa n 11
wtfà a'-aajtaT, «nata 'ir-çil' «rt i
haridãsa kahe, — "prabhu, ye kahilã tumi
v*p»tcv ca «nwn wta m • w i >ss> i ei 'bãhya pratãranã' nãhi mãni ãmi
ãmi ta'—sannyãsi, ãmãra 'sama-drsti' dharma haridãsa kahe—Haridãsa disse; prabhu—meu Senhor; ye—o que; kahilã—falaste;
candana-pahkete ãmãra jhãna haya 'sama' tumi—Tu; ei—isto; bãhya pratãranã—formalidade externa; nãhi mãni ãmi—não aceito.
ãmi—Eu; ta'—com certeza; sannyãsi—na ordem de vida renunciada; ãmãra—Meu;
sama-drsti—de colocar tudo na mesma plataforma; dharma—dever; candana-pahkete— TRADUÇÃO—Haridãsa disse: " M e u querido Senhor, o que falaste diz respeito
entre a polpa de sândalo e a lama; ãmãra—Meu; jhãna—conhecimento; haya—é; as formalidades externas. Não aceito isso."
sama—igual.
VERSO 182
T R A D U Ç Ã O — " C o m o pertenço à ordem renunciada, tenho por dever não fazer
quaisquer distinções, mas, ao invés disso, devo ser equânime. Devo ter a mesma
wtai-aa «mta ca asfàatí « j í f a t a i
visão cognitiva ao deparar-Me com a polpa de sândalo e com a lama imunda." f t a a a P a ^ a catata atatca «teta II" u
356 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 1 8 7 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 357
V E R S O 188 V E R S O 191
V E R S O 189
SIGNIFICADO—Sri Caitanya Mahaprabhu está tentando convencer Haridãsa
a t ^ w a - « t a f t t i atca «W - a ^ a t a a i Thãkura e Sanãtana Gosvãmi de que o devoto que dedica sua vida a serviço do
<stca «itmwa £«»n x.M a«a n n Senhor jamais está no conceito material. Porque vive servindo ao Senhor, seu
corpo é transcendental e pleno de bem-aventurança espiritual. Nunca se deve
vãsudeva—galat-kusthi, tãte ahga—kidã-maya considerar seu corpo c o m o material, assim como jamais se considera que o corpo
tare ãlihgana kailã hanã sadaya da Deidade adorada no templo é feito de pedra ou de madeira. Com efeito, sem
dúvida alguma, a Deidade é diretamente a Suprema Personalidade de Deus. Por-
vãsudeva—Vãsudeva; galat-kusthi— sofrendo de lepra; tãte— acima de tudo; anga—
tanto, os preceitos do Padma Purãna afirmam: arcyc vi$nau silãdhirgurusu nara-matir
o corpo; kidã-maya—cheio de vermes; tare—a ele; ãlihgana—abraço; kailã—fizeste;
hanã sa-daya—sendo misericordioso. vaisnave jãti-buddhih... yasya vã nãrakisah. A Deidade adorada no templo jamais
é pedra ou madeira. Analogamente, o corpo de um Vaiçnava totalmente integrado
no serviço ao Senhor jamais é tido c o m o pertencente aos modos materiais da
T R A D U Ç Ã O — " A b r a ç a s t e o leproso Vãsudeva, cujo corpo estava totalmente in-
natureza.
fectado por vermes. És tão bondoso que, não ligando para a condição dele,
abraçaste-o."
V E R S O 192
V E R S O 190
ft*tastci a ^ 3*ca • d i n w f a i
«itffirwal ca>srl ata a5*H*f-aa «W I c i t f tci atra a>ca «itiraa u n
a^ãica « 1 i t f à catata f i t a aaw 11" ÍS>° 11
diksã-kãle bhakta kare ãtma-samarpana
ãlihgiyã kailã tara kandarpa-sama ahga sei-kãle krsna tare kare ãtma-sama
bujhite nã pari tomara krpãra tarahga" diksã-kãle—no momento da iniciação; bhakta—o devoto; kare—faz; ãtma—de si
ãlihgiyã—abraçando; kailã—fizeste; tara—seu; kandarpa-sama—belo como Cupido; mesmo; samarpana—dedicação completa; sei-kãle— nesse momento; krsna—o Senhor
ahga—corpo; bujhite nã pari—não podemos entender; tomara—Tuas; krpãra tarahga— Krçna; tare—a ele; kare—faz; ãtma-sama—tão espiritual quanto Ele mesmo.
ondas de misericórdia.
TRADUÇÃO—"No momento da iniciação, quando o devoto rende-se por completo
T R A D U Ç Ã O — " A o abraçá-lo, tornaste o corpo dele tão belo quanto o de Cupido. ao serviço do Senhor, Krçna aceita-o como estando no mesmo nível que o próprio
Não podemos compreender as ondas da Tua misericórdia." Senhor S u p r e m o . "
360 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4 Verso 196 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 361
V E R S O 194 V E R S O 195
catvãraé candanasya tu
kuhkumasya trayas caikah e-vatsara tumi ihãn raha ãmã-sane
saéinah syãt catuhsamam vatsara rahi' tomãre ãmi pãthãimu vrndãvane
e-vatsara—este ano; tumi—tu; ihãn—aqui; raha—permanece; Ãmã-sane—comigo;
"Ao misturarem-se duas porções de almíscar, quatro porções de sândalo, três vatsara—ano; rahi'—permanecendo; tomãre—a ti; ãmi—Eu; pãthãimu vrndãvane—
porções de aguru, ou açafrão, e uma porção de cânfora, obtém-se um composto enviarei para Vrndãvana.
chamado catuhsama." O aroma de catuhsama é muito agradável. Também men-
ciona-se-o no Hari-bhakti-vilãsa (6.115). TRADUÇÃO—"Durante um ano, fica comigo em Jagannãtha Puri e, após isto,
enviar-te-ei para V r n d ã v a n a . "
V E R S O 198 V E R S O 201
vastutah prabhu yabe kailã ãlihgana eta bali' punah tãhre kailã ãlihgana
tãhra sparse gandha haila candanera sama kandu gela, ahga haila suvarnera sama
364 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 4 Verso 207 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 365
eta bali'—dizendo isso; punah—novamente; tãhre—a ele; kailã—fez; ãlihgana— kandu kari'—gerando as feridas inflamadas; pariksã—exame; karile—fizeste; sanã-
abraço; kandu gela—as lesões infectadas desapareceram; ahga—o corpo; haila—ficou; tane—a Sanãtana Gosvãmi; ei—isto; lilã—de passatempos; bhahgi— artimanha;
suvarnera sama—como ouro. tomara—Tua; keha nãhi jãne—ninguém conhece.
TRADUÇÃO—Após dizer isso, Sri Caitanya Mahaprabhu novamente abraçou TRADUÇÃO—Após assim provocares essas feridas infeccionadas, puseste Sanãtana
Sanãtana Gosvãmi. Assim, as lesões cutâneas de Sanãtana desapareceram de Gosvãmi à prova. Ninguém pode entender Teus passatempos transcendentais."
imediato, e todo o seu corpo parecia que era de ouro.
V E R S O 205
V E R S O 202
s f c a « t t f i f à a l « t § c f r l fãsrrara i
rafa' afàata a r a caii ç a « . * t a i «Tf? « « t asca 5*cS 5431 ( P t a a l l I H I
« t « r a a*raa, " 4 * « # t ra cstata n n
duhhe ãlihgiyã prabhu gelã nijãlaya
dekhi' haridãsa mane hailã camatkãra prabhura guna kahe duhhe hanã prema-maya
prabhure kahena, — "ei bhahgi ye tomara duhhe—ambos; ãlihgiyã—abraçando; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; gelã—
dekhi'—vendo; haridãsa—Haridãsa Thãkura; mane—na mente; hailã camatkãra— partiu; nija-ãlaya—para a Sua residência; prabhura guna—predicados de Sri Caitanya
ficou abismado; prabhure kahena—disse ao Senhor; ei—esta; bhahgi— atividade trans- Mahaprabhu; kahe—comentaram; duhhe—ambos; hanã—ficando; prema-maya—
cendental; ye—que; tomara—Tua. tomados de êxtase.
T R A D U Ç Ã O — A o ver a transformação, Haridãsa Thãkura, totalmente abismado, TRADUÇÃO—Após abraçar tanto Haridãsa Thãkura quanto Sanãtana Gosvãmi,
disse ao Senhor: "Este é Teu passatempo." Sri Caitanya Mahaprabhu regressou à Sua residência. Então, tanto Haridãsa
Thãkura quanto Sanãtana Gosvãmi, em grande amor extático, passaram a des-
V E R S O 203 crever os transcendentais predicados do Senhor.
dola-yãtrã dekhi' prabhu tãhre vidãya dilã ye-pathe, ye-grãma-nadi-saila, yãhãh yei lilã
vrndãvane ye karibena, saba sikhãilã balabhadra-bhatta-sthãne saba likhi' nilã
dola-yãtrã—o festival de Dola-yãtrã; dekhi'—vendo; prabhu—Sri Caitanya Maha- ye-pathe—o caminho pelo qual; ye—que; grama—aldeias; nadi— rios; éaila—colinas;
prabhu; tãhre—a ele; vidãya dilã—disse adeus; vrndãvane—em Vrndãvana; ye
yãhãh—onde; yei—os quais; lilã—passatempos; balabhadra-bhatta-sthãne—de Bala-
bhadra Bhatta; saba—tudo; likhi'—anotação; nilã—levou.
karibena—tudo o que ele faria; soba—tudo; êikhãilã— instruiu.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s verem o festival de Dola-yãtrã, Srí Caitanya Mahaprabhu TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi anotou de Balabhadra Bhattãcãrya todas as
instruiu totalmente Sanãtana Gosvãmi sobre o que fazer em Vrndãvana e des- aldeias, rios e colinas onde Srí Caitanya Mahaprabhu realizara Seus passatempos.
pediu-Se dele.
V E R S O 211
V E R S O 208
a*t««a «a«ac«i aatta fafèral i
ca-^rta fãst? t&fí * f a saca i caatca sfa' ara ca-^ra c«rfàal • n
«aarara fàca»frra*ti ai ara a«fca iu°m
mahãprabhura bhakta-gane sabãre miliyã
ye-kãle vidãya hailã prabhura carane sei-pathe cali' yãya se-sthãna dekhiyã
dui-janãra viccheda-dasã nã yãya varnane mahãprabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-gane—os devotos; sabãre—
ye-kãle—quando; vidãya—despedida; hailã—houve; prabhura carane—aos pés de todos; miliyã—encontrando-se com; sei-pathe—o caminho; cali' yãya—atravessou;
lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu; dui-janãra—ambos; viccheda-dasã—condição de se—aqueles; sthãna—lugares; dekhiyã—visitando.
separação; nã yãya varnane—não pode ser descrita.
TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi encontrou-se com todos os devotos de Srí
T R A D U Ç Ã O — A cena da despedida, quando Sanãtana Gosvãmi e Srí Caitanya Caitanya Mahaprabhu e, então, viajando pelo mesmo caminho, visitou os lugares
Mahaprabhu separaram-se um do outro, é tão comovente que não consigo des- por onde Sri Caitanya Mahaprabhu havia passado.
crevê-la aqui.
V E R S O 209 SIGNIFICADO—Em uma de suas canções (Saranãgati 31.3), Srila Bhaktivinoda
Thãkura escreve:
ca* aa-tca «fç ctal a,rataa i
ca*»rci aracs aa c?wrl aaraa u vs> n gaura ãmãra, ye saba sthãne,
karala bhramana range
yei vana-pathe prabhu gelã vrndãvana se-saba sthãna, heriba ãmi,
sei-pathe yãite mana kailã sanãtana pranayi-bhakata-sahge.
yei—o qual; vana-pathe—no caminho da floresta; prabhu—Sri Caitanya Maha-
prabhu; gelã vrndãvana—foi a Vrndãvana; sei-pathe—pelo mesmíssimo caminho; "Que eu visite todos os lugares sagrados ligados às lilãs do Senhor Caitanya e
yãite—ir; mana—mente; kailã—fez; sanãtana—Sanãtana Gosvãmi. de Seus devotos." O devoto deve assumir o compromisso de visitar todos os lu-
gares onde Sri Caitanya Mahaprabhu realizou Seus passatempos. Na verdade,
TRADUÇÃO—Sanãtana Gosvãmi decidiu ir para Vrndãvana pelo mesmíssimo os devotos puros de Sri Caitanya Mahaprabhu desejam ver inclusive os lugares
caminho da floresta que Srí Caitanya Mahaprabhu havia percorrido. que Ele simplesmente visitou por apenas algumas horas ou minutos.
V E R S O 210 V E R S O 212
O abrigo de seus pés de lótus?" Srila Rüpa Gosvãmi e Sanãtana Gosvãmi, ex-
fàir*»mt ati tenw«r»i-ii>«St' i
ministros diretamente encarregados do governo de Nawab Hussain Shah, eram, f9fft»ltf*H;«ft W1 feccv ertfã li II
também, chefes de família, mas, depois, tornaram-se gosvãmis. Gosvãmi, portanto,
siddhãnta-sãra grantha kailã 'daéama-tippanV
é aquele que cumpre a vontade de Sri Caitanya Mahaprabhu. O título "gosimmi"
não é uma herança adquirida; reserva-se-o àquela pessoa que tem domínio sobre
krsna-lilã-rasa-prema yãhã haite jãni
o gozo dos sentidos e que dedicou sua vida a cumprir a ordem de Sri Caitanya
siddhãnta-sãra—compreensão madura; grantha—livro; kailã— compilou; daéama-
Mahaprabhu. Portanto, após dedicarem suas vidas a serviço do Senhor, Srila
tippani— comentários sobre o Décimo Canto; krsna-lilã—de passatempos do Senhor
Krsna; rasa—das doçuras transcendentais; prema—amor extático; yãhã haite—a
Sanãtana Gosvãmi e Srila Rüpa Gosvãmi tornaram-se gosvãmis autênticos.
partir do qual; jãni—podemos entender.
V E R S O 218
TRADUÇÃO—Srila Sanãtana Gosvãmi escreveu a respeito do Décimo Canto um
comentário conhecido como Dasama-fippani, a partir do qual podemos entender
it«t"tiai i t f a sj«-'H«f ««tfaíTl i
os passatempos transcendentais e o amor extático do Senhor Krsna.
f*ftSCT f W P T l « M " l ffàsrl II *>v- n
V E R S O 221
nãnã-éãstra ãni' lupta-tirtha uddhãrilã
vrndãvane krsna-sevã prakãéa karilã <
tifl«í*M»i1i|*-al fcwi Uaw-ntsta i
r
nãnã-éãstra—diferentes categorias de escrituras reveladas; ãni— coligindo; iupta-
tirtha—os lugares sagrados perdidos; uddhãrilã—escavaram; vrndãvane—cm Vrndã- raa»caa f €<o iiréi «traça ira o m n
vana; krsna-sevã—serviço direto ao Senhor Krsna; prakãéa karilã—manifestaram. 'hari-bhakti-vilãsa'-grantha kailã vaisnava-ãcãra
vaisnavera kartavya yãhãh pãiye para
T R A D U Ç Ã O — S r í l a Rüpa Gosvãmi e Sanãtana G o s v ã m i coligiram muitas escri- hari-bhakti-vilãsa—chamado Hari-bhakti-vilãsa; grantha—livro; kailã—compilou;
turas reveladas, e, com base na evidência dessas escrituras, escavaram todos os vaisnava-ãcãra—o comportamento exemplar de um Vaisnava; vaisnavera—de um
lugares perdidos de peregrinação. Dessa maneira, estabeleceram templos para devoto; kartavya—dever; yãhãh—no qual; pãiye para—pode-se compreender até o
limite máximo.
a adoração ao Senhor Krsna.
VERSO 224
têm por hábito recusar a conclusão da compreensão Vaisnava pura. Como estão
muito apegados ao mundo e às atividades materiais, os karmis sempre tentam 1
, ,
« t a srçan«i ülaíi«- *i i*ta i VERSO 230
« t a 1$ a ç t * t f o « -sftactfatfaii a t i 11 ni l
'catim-s'»!' ara <$% ara cas«T i
tãhra laghu-bhrãtã—éri-vallabha-anupama as-cata-^rrírl-aa-ara caarar u n
tãhra putra mahã-pandita—jiva-gosãni nãma
tãhra—seu; laghu-bhrãtã—irmão mais novo; éri-vallabha-anupama—chamado Sri 'gopãla-campü' nãma grantha sara kaila
Vallabha ou Anupama; tãhra putra—seu filho; mahã-pandita—acadêmico muito eru- vraja-prema-lilã-rasa-sãra dekhãilã
dito; jiva-gosãni—Srila Jiva Gosvãmi; nãma—chamado. gopãla-campü—Gopãla-campü; nãma—chamado; grantha sara—a essência de toda
a literatura védica; kaila—fez; vraja—de Vrndãvana; prema—de amor; lilã—dos pas-
TRADUÇÃO—O filho de Sri Vallabha, ou Anupama, o irmão mais novo de Srila satempos; rasa—das doçuras; sara—essência; dekhãilã—manifestou.
Rüpa Gosvãmi, era o grande acadêmico erudito chamado Srila Jiva Gosvãmi.
TRADUÇÃO—Ele também compilou o livro chamado Gopãla-campü, que é a es-
V E R S O 228 sência de toda a literatura védica. Neste livro, ele descreve os amorosos inter-
câmbios e passatempos extáticos que Rãdhã e Krsna desfrutam em Vrndãvana.
M«ifV C « C T t " t t C S « I t í T l f*TPW !
V E R S O 231
c « * « f ã M i a 3«E fcasfl a w n n a
sarva tyãji' tenho pãche ãilã vrndãvana •a^ a«ac# ^ « c a t i - « a afastwa i
tenha bhakti-sãstra bahu kailã pracãrana s t f a w 4% c«cal frota asfà»i 11 n
sarva tyãji'—renunciando a tudo; tenho—ele (SrUa Jiva Gosvãmi); pãche—mais
tarde; ãilã vrndãvana—veio a Vrndãvana; tenha—ele; bhakti-sãstra—livros sobre o 'saf sandarbhe' krsna-prema-tattva prakãéila
!
serviço devocional; bahu—muitos; kailã— ez; pracãrana—propagação. cãri-laksa grantha tenho vistãra karilã
saf sandarbhe—no Sat-sandarbha; krsna-prema-tattva—a verdade sobre o transcen-
TRADUÇÃO—Após renunciar a tudo, Srila Jiva Gosvãmi dirigiu-se para Vrndã- dental amor a Krçna; prakãéila—ele manifestou; cãri-laksa grantha—400.000 versos;
vana. Mais tarde, ele também escreveu muitos livros sobre o serviço devocional tenho—ele; vistãra karilã—expandiu.
e expandiu o trabalho dc pregação.
TRADUÇÃO—No Sat-sandarbha, Srila Jiva Gosvãmi estabeleceu as verdades sobre
VERSO 229 o transcendental amor a Krsna. Dessa maneira, expandiu 400.000 versos em todos
°s seus livros.
' « t a a « - a a » # - i i t a c f i <sra:-ata i
V E R S O 232
«taaa-fãaitcsa «tal traça i r a 11 II
â?ra-cataTfa» cflVs b K « a t a i 5 f i a i i
"ohãgavata-sandarbha'-nãma kaila grantha-sãra
bhãgavata-siddhãntera tãhãh pãiye para fà«jta»i»«f-itfüíp «rfwi atfànl n I
Verso 237 Sanãtana Gosvãmi visita o Senhor 377
376 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4
VERSO 235
jiva-gosãni gauda haite mathurã calilã
nityãnanda-prabhu-thãni ãjnã mãgilã * t a « f l u í ! «it«5Ti, «ftwt-ajíi i t a a i l i
jiva-gosãni—Sripãda Jiva Gosvãmi; gauda haite—da Bengala; mathurã calilã—partiu
para Mathurã; nityãnanda-prabhu-thãhi—de Srila Nityãnanda Prabhu; ãjnã mãgilã— «rtai asfà' a s a a n *sf%»' «istfàarl 11 n
ele pediu a permissão.
tãhra ãjhãya ãilã, ãjhã-phala pãilã
éãstra kari' kata-kãla 'bhakti' pracãrilã
TRADUÇÃO—Desejando sair da Bengala e ir rumo a Mathurã, Jiva Gosvãmi pediu tãhra ãjhãya—por Sua ordem; ãilã—veio; ãjhã-phala—o resultado de Sua ordem;
permissão a árila Nityãnanda Prabhu. pãHã—obteve; éãstra kari'—compilando diversas escrituras; kata-kãla—por um longo
tempo; bhakti pracãrilã—pregou o serviço devocional.
V E R S O 233
TRADUÇÃO—Seguindo a ordem de Nityãnanda Prabhu, ele foi e, com efeito,
logrou o objetivo dessa ordem, pois, por um longo tempo, compilou muitos livros
« r ^ e U c a i « t a a t e i «ffàsri &a«i i e pregou o culto de bhakti como praticado em Vrndãvana.
í W - i W f s a - l I C T i CfH « r f fèwa II í.®® II
1 1
V E R S O 236
prabhu pritye tãhra mãthe dharilã carana
rüpa-sanãtana-sambandhe kailã ãlihgana 4 * f s a ^ a , «tlf aa*rta*ta i
5
V E R S O 234
V E R S O 237
«rtwl f w l i — $ f à a t a f w t a t i 1
ia* «' a s f à ^ *|as a a t « a - a * e a 1
c«tata a w i « r ^ f à a t r e a caaratca 11 v » 8 »
s i ^ a « t t a a «rifa a r a r a <33aea u v s i 11
ãjnã dilã, — "sighra tumi yãha vrndãvane
tomara varhée prabhu diyãchena sei-sthãne ei ta' kahiluh punah sanãtana-sahgame
ãjnã dilã—Ele deu ordens; sighra—muito em breve; tumi—tu; yãha—vai; vrndã- prabhura ãéaya jãni yãhãra éravane
vane—para Vrndãvana; tomara—tua; vamse— para a família; prabhu—o Senhor Srí ei ta' kahiluh—assim, acabo de descrever; punah—de novo; sanãtana-sahgame—o
encontro com Sanãtana Gosvãmi; prabhura ãéaya—o desejo do Senhor Sri Caitanya
Caitanya Mahaprabhu; diyãchena—deu; sei-sthãne— este local.
Mahaprabhu; jãni—posso compreender; yãhãra éravane—ouvindo o que.
TRADUÇÃO—O Senhor Nityãnanda Prabhu ordenou: "Sim, vai logo para Vrndã-
TRADUÇÃO—Assim, acabo de descrever o novo encontro que o Senhor teve com
vana. Sri Caitanya Mahaprabhu legou este local para a tua família, para o teu
Sanãtana Gosvãmi. Ouvindo isto, posso depreender qual o desejo do Senhor.
pai e tios, e, portanto, deves ir para lá imediatamente."
378 S r í Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 4
CAPÍTULO CINCO
V E R S O 238
caitanya-caritra ei—iksu-danda-sama
carvana karite haya rasa-ãsvãdana Em seu Amrta-pravãha-bhãsya, SrUa Bhaktivinoda Thãkura faz o seguinte resumo
caitanya-caritra—as características do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; ei—isto; do Quinto Capítulo. Pradyumna Misra, um residente de Sríha{ta, veio ver Sri
iksu-danda-sama—exatamente como cana-de-açúcar; carvana karite—mastigando; Caitanya Mahaprabhu para ouvi-iO falar sobre o Senhor Krçna e os passatempos
haya—há; rasa-ãsvãdana—um sabor de suco. dEste. Entretanto, o Senhor mandou que ele fosse falar com Sríla Rãmãnanda
Rãya. Srila Rãmãnanda Rãya dava aulas às moças dançarinas deva-dãsls, no templo,
T R A D U Ç Ã O — E s t a s características de Sri Caitanya Mahaprabhu são como cana- e, ao ficar sabendo disto, Pradyumna Misra voltou para Sri Caitanya Mahaprabhu.
de-açúcar, que podemos mastigar a fim de saborearmos o suco transcendental. No entanto, o Senhor descreveu em toda a sua riqueza o caráter de Srila Rãmã-
nanda Rãya. Então, Pradyumna Misra foi novamente ver Rãmãnanda Rãya, para
VERSO 239 dele ouvir sobre a verdade transcendental.
U m brãhmana da Bengala compôs um drama sobre as atividades de Sri Caitanya
®att-aasrta-»rw ata «fM i Mahaprabhu, e foi para Jagannãtha Puri com a intenção de mostrá-lo aos compa-
ceaspfêretsjs ase* ?a»ata II v®&« nheiros do Senhor. Ao ouvir o drama, Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, o secretário
de Srí Caitanya Mahaprabhu, detectou um vestígio de filosofia Mãyãvãda e fez
éri-rüpa-raghunãtha-pade yãra ãéa o autor ciente disto. Apesar de condenar o drama inteiro, não obstante, fazendo
caitanya-caritãmrta kahe krsnadãsa alusão a significados secundários observados no verso introdutório, Svarüpa
éri-rüpa—Sríla Rüpa Gosvãmi; raghunãtha—SrUa Raghunãtha dãsa Gosvãmi; Dãmodara satisfez c brãhmana. Dessa maneira, esse poeta brãhmana ficou imensa-
pade—aos pés de lótus de; yãra—cuja; ãéa—expectativa; caitanya-caritãmrta—o livro mente agradecido a Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, renunciou a seus laços fami-
chamado Caitanya-caritãmrta; kahe—descreve; krsna-dãsa—Srila Krsnadãsa Kavirãja liares e, ao lado dos associados de Sri Caitanya Mahaprabhu, ficou em Jagannãtha
Gosvãmi. Puri.
VERSO 1
T R A D U Ç Ã O — O r a n d o aos pés de lótus de Sri Rüpa e Sri Raghunãtha, desejando
sempre a misericórdia deles, eu, Krsnadãsa, narro o Sri Caitanya-caritãmrta, se-
guindo seus passos.
CT9t«fca fàactíla** C F s a - c a w a t e t c a u i n
379
380 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 5 Verso 7 Rãmãnanda Raya instrui Pradyumna Misra 381
VERSO 2
VERSO 5
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu replicou: "Nada sei sobre os tópicos dharmah—observância do sistema de varna e ãérama; su-anusthitah—executado
lacionados ao Senhor Krsna. Acho que só Rãmãnanda Rãya conhece-os, p apropriadamente; pumsãm—de homens; visvaksena-kathãsu—em conversas sobre
foi ele quem Me falou acerca desses íópicos." Visvaksena, ou Krsna; yah—que; na—não; utpãdayet—desperta; yadi—se; ratim—
gosto; érama—esforço; eva—sem dúvidas; hi—com certeza; kevalam—só.
VERSO 8
T R A D U Ç Ã O — ' " A pessoa que realiza com perfeição seus deveres regulamentares
« t c a J c a t a m apparai « f a c a a? aa i segundo o varna e o ãsrama mas não desenvolve seu latente apego a Krsna, ou
sfata»«!-it«t J T | ! ' am«| ^ n n não desperta seu gosto por ouvir e cantar sobre Krsna, com certeza esforça-se
em v ã o . " '
bhãgye tomara krsna-kathã éunite haya mana
rãmãnanda-pãsa yãi' karaha éravana SIGNIFICADO—Esta citação é do Srimad-Bhãgavatam (1.2.8).
bhãgye—por sorte; tomara—tua; krsna-kathã—tópicos sobre o Senhor Krsna; éu-
nite— para ouvir; haya mana—há uma inclinação; rãmãnanda-pãéa—a Rãmãnanda
Rãya; yã;'—indo; karaha éravana—ouve. VERSO 11
T R A D U Ç Ã O — " É tua boa fortuna estares inclinado a ouvir tópicos a respeito de a c a «Jsrja-fàaa c t a l aiataçara •arca i
Krsna. A melhor coisa que podes fazer é procurar Rãmãnanda Rãya e ouvi-lo arcaa c a a f « t c a a a r a X «traça i Ü D
falar sobre esses assuntos."
tabe pradyumna-miéra gelã rãmãnandera sthãne
VERSO 9 rãyera sevaka tãhre vasãilã ãsane
tabe—em seguida; pradyumna-miéra—chamado Pradyumna Misra; gelã—foi; rãmã-
?a»as a r a a # e s t a l a — a « « t a j a r a j
nandera sthãne—à casa de Rãmãnanda Rãya; rãyera sevaka—o servo de Rãmãnanda
a t a a p a r a t a a»fè, c a l « t a j a t a j i a » • Rãya; tãhre—a ele; vasãilã ãsane—deu um assento.
krçna-kathãya ruci tomara—bada bhãgyavãn TRADUÇÃO—Sendo assim aconselhado por Sri Caitanya Mahaprabhu, Pradyumna
yãra krsna-kathãya ruci, sei bhãgyavãn Misra dirigiu-se à casa de Rãmãnanda Rãya. Ao chegar, o servo de Rãmãnanda
krsna-kathãya—de conversar sobre Krsna; ruci—gosto; tomara—teu; bada bhãgya- Rãya deu-lhe um bom assento.
vãn—muito afortunado; yãra—de quem; krsna-kathãya—de ouvir sobre Krsna; ruci—
gosto; sei bhãgyavãn—ele é muito afortunado. V E R S O 12
TRADUÇÃO—"Percebo que desenvolveste um gosto por ouvir conversas a respeito <r«fa ai »rt<!»l f ã s t c a a r a !
de Krsna. Por isso, és extremamente afortunado. Não apenas tu, mas qualquer atcaa f i t s caaas «pfàcs n t f a a 11 ti
pessoa que tenha despertado esse gosto sois tidos como muito afortunados."
daréana nã pãnã miéra sevake puchila
VERSO 10 rãyera vrttãnta sevaka kahite lãgilã
daréana—audiência; nã—não; pãnã—conseguindo; raiara—Pradyumna Misra;
sa": a ^ S a : spar* ftaftw-ira. vi sevake—ao servo; puchila—perguntou; rãyera—de Rãmãnanda Rãya; vrttãnta—des-
c a M P r n i p t f T a f ã s aa (ã. cai?m i >• i crição; sevaka—o servo; kahite lãgilã—pôs-se a falar.
V E R S O 13 T R A D U Ç Ã O — " P o r favor, senta-te aqui e aguarda um pouco. Assim que ele vier,
executará qualquer ordem que lhe deres."
" g l C<fa-a>rUl Ç 3 l a a - ^ f t I
ç s j - f l p s tíêtPjgH, a s e i t r o n a i II i-e II V E R S O 16
T R A D U Ç Ã O — E m b o r a vestisse as duas mocinhas e decorasse-lhes os corpos com massageando-lhes os corpos com óleo para limpá-las por completo. Como Rãmã-
sua própria mão, ele permanecia inabalável. Assim é a mente de árila Rãmã- nanda Rãya sempre se colocava na posição de criada das gopis, seu ensaio com
nanda Rãya. as mocinhas, na realidade, estava na plataforma espiritual."
Como, ao servir às mocinhas, Rãmãnanda Rãya nem sequer cogitava em gozo
V E R S O 19 dos sentidos, mantinha a mente firme e o corpo imutável. Não devemos imitar
isso, nem alguma outra pessoa, além de Rãmãnanda Rãya, pode cultivar tal men-
t ,,
fiê-»tiat t--»tc í *a caca «Ta i talidade, como ári Caitanya Mahaprabhu explicará. Decerto que o exemplo de
ári Rãmãnanda Rãya é ímpar. O autor do Sri Caitanya-caritãmrta faz esta descrição
«t%"»w< «latacara csra » >s> i
porque quem desenvolve serviço devocional perfeito pode alcançar essa posição.
Não obstante, devemos compreender este assunto mui seriamente, jamais ten-
kãstha-pàsãna-sparáe haya yaiche bhãva
tando imitar semelhantes atividades.
taruní-sparée rãmãnandera taiche 'svabhãva'
kãstha—madeira; pãsãtta—pedra; sparse—tocando; naya—há; yaiche—como; bhãva—
posição mental; taruni-sparie—ao tocar as mocinhas; rãmãnandera—de Rãmãnanda V E R S O 21
Rãya; taiche— assim; svabhãva—natureza.
aat«iça wfeta. «aa a fàal i
T R A D U Ç Ã O — A o tocar as mocinhas, fazia-o como uma pessoa que toca madeira «tca atraíam «taafw-cala-ãlal ii II
ou pedra, pois seu corpo e mente não se deixavam influenciar.
mahãprabhura bhakta-ganera durgama mahimã
VERSO 20 tãhe rãmãnandera bhãva-bhakti-prema-simã
mahãprabhura—do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-ganera—dos devotos;
caaj-ajãj «UUlPUI a^caa caaa i durgama—difícil de entender; mahimã—grandeza; tãhe—a este respeito; rãmã-
arstfãas «H*T«TI a>caa «itcatai i Í,» » nandera—de Sri Rãmãnanda Rãya; bhãva-bhakti—de devoção extática; prema-simã—o
limite do amor a Krçna.
sevya-bujhi ãropiyã karena sevana
svãbhãvika dãsi-bhãva karena ãropana TRADUÇÃO—É muito difícil compreender a grandeza dos devotos de Srí Caitanya
sein/a-bujhi ãropiyã—considerando adorável; karena sevana—ocupa-se em serviço; Mahaprabhu. E, dentre eles, Srí Rãmãnanda Rãya é inigualável, pois mostrou
svãbhãvika—por sua posição natural; dãsi-bhãva—como uma criada; karena ãropana— como alguém pode espraiar, ao limite máximo, seu amor extático.
considera.
V E R S O 22
TRADUÇÃO—árila Rãmãnanda Rãya agia assim, pois assumia sua posição original
de criada das gopis. Portanto, embora externamente aparentasse ser um homem,
«ta cal slwca a«j fàit*«rl i
internamente, em sua posição espiritual original, considerava-se uma criada e ülc«a íf5 «isf wfèsrp farlsn n n
considerava que as duas mocinhas eram gopis.
tabe sei dui-jane nrtya sikhãilã
SIGNIFICADO—Em seu Amrta-pravãha-bhã$ya, árila Bhaktivinoda Thãkura escreve: gitera güdha artha abhinaya karãilã
"Sríla Rãmãnanda Rãya compôs um drama chamado Jagannãtha-vallabha-nãtaka, tabe—em seguida; sei—aquelas; dui-jane—duas mocinhas; nrtya-éikhãilã—orientou
e ensaiou duas jovens dançarinas e cantoras profissionais para demonstrar a ideo- como dançar; gitera—das canções; güdha artha—o profundo significado; abhinaya
logia do drama. Tais moças, chamadas deva-dãsis, ainda são utilizadas no templo karãilã—ensinou c o m o expressar mediante representações dramáticas.
de Jagannãtha, onde são chamadas de mãhãris. ári Rãmãnanda Rãya recorreu a
duas dessas moças, e, como a elas cabia fazer papéis de gopis, ele ensinou-as como
despertar pensamentos como os das gopis. Porque as gopis são personalidades T R A D U Ç Ã O — R ã m ã n a n d a Rãya orientou as duas mocinhas como dançar e como,
adoráveis, Rãmãnanda Rãya, que considerava as duas moças c o m o sendo gopís através de representações dramáticas, expressar o profundo significado de suas
e considerava-se a si mesmo c o m o sendo sua criada, ocupou-se a serviço delas, canções.
Verso 28 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Misra
388 én Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 5
VERSO 26
V E R S O 23
etfàfira ata iàcç f ata ataa i
aa»tar, a t f ã f , "fftfà-atraa *m»l i
cfia. srrra *£3! á?fa #tai « t a aa ? vs> u
ara raças 'eiíàsas f ca «ta-íía n "
prati-dina rãya aiche karãya sãdhana
sancãri, sãttvika, sthãyi-bhãvera laksana kon jãne ksudra jiva kãnhã tãhra mana?
mukhe netre abhinaya kare prakatana prati-dina—diariamente; rãya—Rãmãnanda Rãya; aiche—dessa maneira; karãya
sancãri—fugazes; sãttvika—naturais; sthãyi—de existência contínua; bhãvera—de sãdhana—ensina com regularidade; kon jãne—quem pode conhecer; ksudra jiva—
êxtases; laksana—sintomas; mukhe— nas expressões faciais; netre—no movimento
uma entidade viva insignificante; kãnhã—onde; tãhra—dele; mana—mente.
dos olhos; abhinaya—a representação dramática; kare prakatana—ele demonstra.
T R A D U Ç Ã O — " S u a mente é tão firme quanto madeira ou pedra. De fato, é ma- T R A D U Ç Ã O — " P o r é m , posso fazer uma suposição em termos das orientações dos
ravilhoso que, m e s m o ao tocar nessas mocinhas, sua mente jamais se altere." sãs trás. O Srimad-Bhãgavatam, a escritura védica, dá a evidência direta a este
respeito."
VERSO 42 VERSOS 4 5 - 4 6
T R A D U Ç Ã O — " A competência para tais atos é prerrogativa exclusiva de Rãmã- hrd-roga-kãma tãhra tat-kãle haya ksaya
nanda Rãya, pois posso entender que seu corpo não é material, mas transformou- tina-guna-ksobha nahe, 'mahã-dhira' haya
se por completo numa entidade espiritual." vraja-vadhü-sahge—na companhia das donzelas de Vrajabhümi; krsnera—do
Senhor Krsna; rãsa-ãdi-vilãsa—passatempos como a dança da rasa; yei—os quais;
VERSO 43 jana—pessoa; kahe— descreve; éune—ouve; kariyã viévãsa—com muita fé; hrt-roga—a
doença do coração; kãma—luxúria; tãhra—dela; tat-kãle—nesse instante; haya ksaya—
«raia »ic«a «ta esN «rica atai i anula-se; tina-guna—dos três modos da natureza material; ksobha—agitação; nahe—
« I f j wtfãatta «ria foHs «tf*, t i a n 8 « 11 não é; mahã-dhira—muito sóbria; haya—torna-se.
tãhhãra manera bhãva tenha jãne mãtra T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o alguém, com muita fé, ouve ou descreve os passatempos
tãhã jãnibãre ãra dvitiya nãhi pãtra do Senhor Krsna, tais como Sua dança da rasa com as gopis, a doença dos desejos
tãhhãra—sua; manera—da mente; bhãva—posição; tenha—ele; jãne—sabe; mãtra— luxuriosos em seu coração e a agitação provocada pelos três modos da natureza
apenas; tãhã jãnibãre—para compreender isto; ãra—outra; dvitiya—segunda; nãhi— material anulam-se de imediato, e ele se torna sóbrio e silencioso."
não existe; pãtra—pessoa apta.
S I G N I F I C A D O — E m relação a isto, SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura faz o
T R A D U Ç Ã O — " A p e n a s ele, e mais ninguém, pode compreender a posição de sua seguinte comentário: "Qualquer pessoa seriamente inclinada a ouvir, com muita
mente." fé e com a mente transcendental, espiritualmente inspirada, sobre os passatempos
da dança da rasa de Krsna, c o m o mencionados no Srimad-Bhãgavatam, livra-se de
VERSO 44 imediato dos desejos luxuriosos naturais, encontrados no coração de um materia-
lista."
f à n «tiarçcèi tf as asfà • w w * ' i Quando u m Vaiçnava puro fala sobre o Srimad-Bhãgavatam e outro Vaiçnava
fj|<etfla<5-*ttai—«t*tc« awt«i n 88 II puro ouve-o comentar o Srimad-Bhãgavatam, ambos vivem no mundo transcen-
dental, onde a contaminação dos modos materiais da natureza não pode atingi-los.
396 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 5
Verso 50 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Misra 397
ye éune—qualquer pessoa que ouça; ye pade—qualquer pessoa que recite; tãnra— T R A D U Ç Ã O — " T a m b é m fico ouvindo Rãmãnanda Raya conversar sobre Krsna.
dela; phala—o resultado; etãdréi— isso; sei—ela; bhãva-ãvista—sempre absorta em Se é teu desejo ouvir esses tópicos, vai novamente procurá-lo."
pensar em Krsna; yei seve—que serve; ahah-niéi—dia e noite; tãhra—seu; phala—
resultado; ki kahimu—que posso dizer; kahane nã yãya—é impossível expressar; VERSO 53
nitya-siddha—eternamente liberada; sei—semelhante pessoa; prãya-siddha—trans-
cendental; tãhra—seu; kãya—corpo. cata a t a l i a , - ' c a s a l • t ô & f f l catca i
c a t a r a " í t c a f q j f a i « f à a f a a c a II' t e I I
T R A D U Ç Ã O — " S e uma pessoa situada na plataforma transcendental, seguidora
dos passos de Srila Rüpa Gosvãmi, ouve e fala sobre a dança da rãsa-lilã de Krsna mora nãma la-iha, — 'feho pãthãilã more
e vive absorta em pensar em Krsna, ao mesmo tempo em que, dentro de sua tomara sthãne krsna-kathã éunibãra tare'
mente, serve ao Senhor dia e noite, que posso dizer no que isso vai dar? Isto mora—Meu; nãma—nome; la-iha—toma; feho—Ele; pãthãilã—mandou; more—a
tem tamanha importância espiritual que não pode ser expresso por palavras. Tal mim; tomara sthãne—de ti; krsna-kathã—conversas sobre Krsna; éunibãra tare—para
pessoa é um eterno e liberado companheiro do Senhor, e seu corpo é inteira- ouvir.
mente espiritualizado. Embora ele seja visível aos olhos materiais, está no nível
espiritual, e todas as suas atividades são espirituais. Pela vontade de Krsna, TRADUÇÃO—"Podes apresentar-te em Meu nome, dizendo: 'Ele me mandou aqui
entende-se que tal devoto possui um corpo espiritual." para eu ouvir enquanto falas sobre o Senhor K r s n a . " '
V E R S O 51 VERSO 54
rãgãnuga-mãrge jãni rãyera bhãjana éighra yãha, yãvat tenho ãchena sabhãte"
siddha-deha-tulya, tãte 'prãkrta' nahe mana eta éuni' pradyumna-miéra calilã turite
rãgãnuga-mãrge—no caminho do amor espontâneo a Krsna; jãni—podemos com- éighra yãha—vai depressa; yãvat—enquanto; tenho—ele; ãchena—está; sabhãte—no
preender; rãyera bhãjana—o serviço devocional de Rãmãnanda Rãya; siddha-deha— salão de reuniões; eta éuni'—ouvindo isto; pradyumna-miéra—Pradyumna Misra;
corpo espiritual; tulya—igual a; tãte—portanto; prãkrta—material; nahe—não é; calilã—foi; íurife—bem depressa.
mana—mente.
TRADUÇÃO—"Vai depressa, e aproveita enquanto ele está no salão de reuniões."
T R A D U Ç Ã O — " S r i l a Rãmãnanda Rãya está estabelecido no caminho do amor es- Tão logo ouviu isso, Pradyumna Miára partiu.
pontâneo a Deus. Logo, ele encontra-se em seu corpo espiritual, e sua mente
não se deixa afetar por coisas materiais." VERSO 55
ara-*tM c a a . ata « K f à f f à i i
V E R S O 52
'*it«Bl ara, ca « r i f a ' « r t a a a c a i ' i <t<t»
« r t f à a atra? t m « f ã $a»arai i rãya-pãéa gela, rãya pranati karilã
« f a c a |sçj aa a r a , «Ip a t a « a i n è* n 'ãjnã kara, ye lãgi' ãgamana haila'
rãya-pãéa—a Rãmãnanda Rãya; gela—ele foi; raya—Rãmãnanda Rãya; pranati
ãmiha rãyera sthãne éuni krsna-kathã karilã—prestou-lhe respeitos; ãjnã kara—por favor, ordena-me; ye lãgi'—com que
éunite icchã haya yadi, punah yãha tathã propósito; ãgamana haila—vieste.
ãmiha—Eu também; rãyera sthãne—de Rãmãnanda Rãya; éuni—ouço; krsna-kathã—
conversas sobre Krsna; éunite—de ouvir; icchã— desejo; haya—há; yadi—se; punah— TRADUÇÃO—Pradyumna Miára foi até Rãmãnanda Rãya, o qual lhe prestou res-
novamente; yãha—vai; tathã—lá. peitosas reverências e disse: " P o r favor, ordena-me. Que te traz aqui?"
400 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 5 Verso 61 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Miára 401
V E R S O 56 VERSO 59
f i a i fra,—'aaf.2iç»rrèraêTl catra i 1
«aa f fã «Tca UM fã ?ca afã^ti i
c a r i t a ° ? t r a ? a » f «ti « f à a t a a r a ' n « * n *ff f ai « f a c a Fia ?' fãcatca «tfèatl 11 <ts> n
miéra kahe, — 'mahaprabhu pãthãilã more eta kahi tare lahã nibhrte vasilã
tomara sthãne krsna-kathã éunibãra tare' 'ki kathã éunite cãha?' miérere puchila
miéra kahe—Pradyumna Misra disse; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; eta kahi—dizendo isso; tare—a ele; lanã—levando; nibhrte vasilã—sentou-se num
pãthãilã more—enviou-me; tomara sthãne—de ti; krsna-kathã—tópicos sobre o Senhor local isolado; ki kathã—que espécie de tópicos; sunife cãha—desejas ouvir; miérere
Krsna; éunibãra tare—para ouvir. puchila—perguntou a Pradyumna Miára.
TRADUÇÃO—Pradyumna Misra respondeu: "Sri Caitanya Mahaprabhu enviou- TRADUÇÃO—Dizendo isso, Srí Rãmãnanda Rãya levou Pradyumna Miára a um
me a ti para que eu pudesse te ouvir falar sobre o Senhor K r s n a . " local solitário e perguntou-lhe: "Que espécie de krsna-kathã desejas que eu fale?"
V E R S O 57 V E R S O 60
«fã' jpiiw ara c*ai centrara! i
caçai f c a , - ' c a f % r 1 fàstaaca i
asfàca aiffaal ff g í c a a a f ã r a iifit o
rafe f 11 gsca <$fà a» fàal «narra n«
éuni' rãmãnanda rãya hailã premãveée tenho kahe,—"ye kahilã vidyãnagare
kahite lãgilã kichu manera harise sei kathã krame tumi kahibã ãmãre
éuni'—ouvindo; rãmãnanda rãya—Rãmãnanda Rãya; hailã—ficou; prema-ãveée—
tenho kahe—ele respondeu; ye—que; kahilã—falaste; vidyã-nagare—em Vidyãnagara;
absorto em amor extático; kahite lãgilã—pôs-se a falar; kichu—algo; manera harise—
sei kathã—esses tópicos; krame— segundo a ordem; tumi— tu; kahibã—por favor, fala;
em prazer transcendental.
ãmãre—para mim.
T R A D U Ç Ã O — A o ouvir isso, Rãmãnanda Rãya, absorto em amor extático, pôs-se TRADUÇÃO—Pradyumna Miára respondeu: "Por favor, fala-me dos mesmos tó-
a falar cheio de prazer transcendental. picos por ti ventilados em Vidyãnagara."
V E R S O 58 V E R S O 61
" « r f a "erraria a s a j f a i 9 $ G £ « i t a a r t <«al i
«rrcaa tf asai, <§fà—sfaa « a r a è l i
* a 1 a * a ç f a t a j « r t f ã t t a C f t a l f <tv I I
«itfà a' r a ^ j f fà«l, a j a - c a t a ratrèl 11 11
"prabhura ãjhãya krsna-kathã éunite ãilã ethã ãnera ki kathã, tumi—prabhura upadestã . 1
TRADUÇÃO—"Seguindo a instrução de Sri Caitanya Mahaprabhu, vieste ouvir T R A D U Ç Ã O — " S e és instrutor mesmo de Srí Caitanya Mahaprabhu, que dizer
sobre Krsna. Esta é minha grande fortuna. De que outra forma conseguiria se- então de instruíres outros? Não passo de um brãhmana mendicante, e és meu
melhante oportunidade?" tutor."
Verso 67 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Miára 403
402 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 5
V E R S O 65
V E R S O 62
i » i catfal f « r a sfpt c s r o t w t i
«íei, an fa| «rifa «1 «rtfà i «rrarçrs srrfã, f t$1 srtfsm fwK»tCT n II
• f W cafã' ««ti *f%' ffãai «tltfã n" •H »
z>a/cfã srofã kahe éune duhhe premãveée
bná/a, manda—fcic/ia ãmi puchite nã jãni ãtma-smrti nãhi, kãhãh jãnibã dina-éese
'dina' dekhi' krpã kari' kahibã ãpani" vaktã—o orador; érotã—o ouvinte; kahe— fala; éune—ouve; duhhe—ambos; prema-
bhãla—bom; manda—mau; kichu—algo; ãmi—eu; puchite—perguntar; nã jãni—não ãveée—em amor extático; ãtma-smrti nãhi—não havia consciência corpórea; kãhãh—
sei; dina—muito pobre em conhecimento; dekhi'—vendo (a mim); krpã kari'—mui
onde; jãnibã—podem compreender; dina-éese—o final do dia.
misericordiosamente; kahibã—por favor; ãpani—por tua própria boa vontade.
T R A D U Ç Ã O — O orador e o ouvinte falavam e ouviam em amor extático. Sendo
T R A D U Ç Ã O — " N e m sei como fazer perguntas, pois desconheço o que é bom e assim, esqueceram-se de sua consciência corpórea. Como, então, iriam perceber
o que é mau. Vendo minha escassez de conhecimento, por favor, sé bondoso o dia expirar?
e d i/e o que é bom para m i m . "
V E R S O 66
V E R S O 63
cm>$ f % t , 'fãs toi « n a t a ' |
« r a I f f l W apca f faca ejffãal i « t i ata 3 p » f «tia f f%»n fàatti 11 *4> n
$ a » f «tHatfs-fjrçs ««tfãnl n H
sevaka kahilã, — 'dina haila avasãna'
fabe rãmãnanda krame kahite lãgilã tabe rãya kr$na-kathãra karilã viérãma
krsna-kathã-rasamrta-sindhu uthalilã sevaka kahilã—o servo informou; dina—o dia; haila avasãna—terminou; tabe—nessa
tabe—em seguida: rãmãnanda—Rãmãnanda Rãya; krame—aos poucos; kahite lã- altura; rãya—Rãmãnanda Rãya; krsna-kathãra—as conversas sobre Krçna; karilã
gilã—pôs-se a falar; krsna-kathã—dos tópicos sobre Krçna; rasãmrta-sindhu—o oceano viérãma—concluiu.
de doçuras transcendentais; uthalilã—ficou agitado.
T R A D U Ç Ã O — O servo informou-lhes: "O dia já terminou." Então, Rãmãnanda
T R A D U Ç Ã O — E m seguida, Rãmãnanda Rãya, aos poucos, pôs-se a falar de tópicos Rãya concluiu sua conversa sobre Krçna.
sobre Krsna. Dessa maneira, o oceano das doçuras transcendentais desses tópicos
ficou agitado. V E R S O 67
VERSO 68 VERSO 71
aca faal f à a t cm W*r, c«t«ra i arara»* ara-asai asfàrat ü aa i
a a r r a r c a rafara «rtaar « t ç g ça«t g ^ n ' a g $ ' a c a ata, ^ « f à ^ a a a » 1 1 1 1
ghare giyã misra kaila snãna, bhojana rãmãnanda rãya-kathã kahile nã haya
sandhyã-kãle dekhite ãila prabhura carana 'manusya' nahe rãya, krsna-bhakti-rasa-maya
ghare giyã—voltando para casa; misra—Pradyumna Misra; kaila—realizou; snãna— rãmãnanda rãya-kathã— as conversas de Rãmãnanda Rãya; kahile— descrever; nã
banho; bhojana—alimentando-se; sandhyã-kãle—h noite; dekhite—ver; ãila—veio; haya—não é possível; manusya—um ser humano comum; nahe—não é; rãya—Rãmã-
prabhura carana—os pés de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu. nanda Rãya; krsna-bhakti-rasa-maya—absorto no serviço devocional ao Senhor Krsna.
TRADUÇÃO—Pradyumna Miára disse: "Meu querido Senhor, fico extremamente cata a j a asai asçaa « n i c a c a t a s a 1
endividado a Ti, pois afogaste-me no nectáreo oceano das conversas sobre Krsna. race asara, ra-ra a s f à , - c a a f r o t a s 111* 11
Sn Caitanya-caritãmrta Verso 79 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Miára 407
406 Antya-lilã, 5
mora mukhe kathã kahena ãpane gauracandra hena 'rasa' pana more karãilã tumi
yaiche kahãya, taiche kahi,—yena vinã-yantra janme janme tomara pãya vikãilãha ãmi
mora mukhe—em minha boca; kathã— tópicos; kahena—fala; ãpane—pessoalmente; hena rasa—semelhantes doçuras transcendentais; pana—beber; more—a mim;
gaura-candm—o Senhor ôri Caitanya Mahaprabhu; yaiche kahãya—como Ele faz com karãilã tumi—provocaste; janme janme—vida após vida; tomara pãya—a Teus pés;
que eu fale; taiche kahi—assim falo; yena—tal qual; vinã-yantra—um instrumento vikãilãha ãmi— vendi-me.
de cordas chamado vinã.
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, fizeste-me beber este néctar transcendental
de krsna-kathã. Por isso, estou vendido a Teus pés de lótus, vida após vida."
T R A D U Ç Ã O — " ' T u d o o que falo são coisas proferidas pessoalmente pelo Senhor
Sri Caitanya Mahaprabhu. Como um instrumento de cordas, vibro tudo o que
Ele me faz falar.'" V E R S O 77
V E R S O 74 « t ç a s c a , - " a r a r a * » fàacaa a f ã i
artaat* f a i a a a p a caa wrtfà' u 1111
C*Tt? «JC* f*TS W l , 3>ía f a M a I
^ f ã f r c s cf «rtraca tf-aVri «"tara f <w i prabhu kahe, — "rãmãnanda vinayera khani
mora mukhe kahãya kathã, kare paracãra ãpanãra kathã para-munde dena ãni'
prthivite ke jãnihe e-lilã tãhhãra?' prabhu kahe—o Senhor respondeu; rãmãnanda—Rãmãnanda Rãya; vinayera khani—
mora mukhe—em minha boca; kahãya—faz com que fale; kathã—palavras; kare o tesouro da humildade; ãpanãra kathã—suas próprias palavras; para-munde—em
nome de outro; dena—confere; ãni'—trazendo.
paracãra—prega; prthivite— neste mundo; ke jãnibe—quem compreenderá; e-lilã—
este passatempo; tãhhãra—Seu.
TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu disse: "Rãmãnanda Rãya é a fonte de
toda a humildade. Por isso, ele atribuiu suas próprias palavras à inteligência
TRADUÇÃO—"'Desse modo, o Senhor, através de minha boca, fala com o intuito
de outrem."
de pregar o culto da consciência de Krsna. Dentro deste mundo, quem é capaz
de compreender este passatempo do S e n h o r ? " '
V E R S O 78
V E R S O 75
i t l W . a * tf a aas» ' a « t a ' aa 1
ca-aa « f à í , a r a » - a c a a a t a a i «afiara alfa «rftca » a a i " i t - 1
aaítfif-cacaa tf aa «1 aa c K t ü «<t* II
ye-saba sunilun, krsna-rasera sãgara mahãnubhavera ei sahaja 'svabhãva' haya
brahmãdi-devera e saba nã haya gocara ãpanãra guna nãhi ãpane kahãya"
ye-saba—tudo isso; sunilun—ouvi; krsna-rasera—do néctar do Senhor Krçna; sã- mahãnubhavera—daqueles que são avançados em percepção; ei—esta; sahaja—
natural; svabhãva—característica; haya—é; ãpanãra guna—suas próprias qualidades;
gara—o oceano; brahmã-ãdi-devera—dos semideuses, começando com o Senhor
Brahmã; e saba—tudo isso; nã haya gocara—não é possível compreender.
nãhi— não; ãpane—pessoalmente; kahãya—falam.
TRADUÇÃO—Existe ainda outra característica do Senhor Sri Caitanya Maha- De acordo com a filosofia de Sri Caitanya Mahaprabhu, yei kr$na-tattm-vettã,
prabhu. Ó devotos, ouvi atentamente como é que Ele manifesta Sua opulência sei 'guru' haya: qualquer pessoa que conheça a ciência de Krçna, não importa se
e características, embora elas sejam excepcionalmente profundas. ela é ou não um brãhmana ou sannyãsi, pode tornar-se um mestre espiritual. As
pessoas comuns não conseguem compreender a essência dos éãstras, tampouco
compreendem o caráter puro, o comportamento e as habilidades dos seguidores
VERSO 84 estritos dos princípios de Sri Caitanya Mahaprabhu. O movimento para a cons-
ciência de Krçna está criando Vaiçnavas puros e elevados, mesmo entre aquelas
a f f i f ã t i f w t / s r c a * f fêrca i t < s r M i pessoas que nasceram em famílias consideradas inferiores às famílias de éüdrãs.
fl5-»[af-*tai spcaa « t i a « i * t « r II v-8 II Isto prova que o Vaiçoava pode aparecer em qualquer família, como corroborado
pelo èrimad-Bhãgavatam (2.4.18):
sannyãsi pandita-ganera karite garoa nãéa
nica-éüdra-dvãrã karena dharmera prakãéa kirãta-hünãndhra-pulinda-pulkaéã
sannyãsi—pessoas na ordem renunciada; pandita-ganera—dos acadêmicos eru- ãbhira-éumbhã yavanãh khasãdayah
ditos; karite— para fazer; garva—orgulho; nãéa—aniquilando; nica—de nascimento ye 'nye ca pãpã yad-apãérayãérayãh
baixo; éüdra—um homem de quarta classe; dvãrã—por intermédio de; karena—faz; éudhyanti tasmai prabhavisnave namah
dharmera prakãéa—propagação dos verdadeiros princípios religiosos.
"Os kirãtas, os hünas, os ãndhras, os pulindas, os pulkasas, os ãbhiras, os
TRADUÇÃO—Para aniquilar o falso orgulho dos pretensos renunciantes e pseudo- sumbhas, os yavanas e a raça khasa, e mesmo outros que são viciados em atos
acadêmicos eruditos, Ele difunde os verdadeiros princípios religiosos, mesmo pecaminosos, podem se purificar ao se refugiarem nos devotos do Senhor, pois
por intermédio de um südra, ou homem de quarta classe, cujo nascimento é baixo. Ele é o poder supremo. Permiti-me oferecer-Lhe minhas respeitosas reverências."
Pela graça do Supremo Senhor Viçnu, a pessoa pode-se purificar por completo,
SIGNIFICADO—Um homem muito versado nos Vedãnta-sütras é conhecido como tornar-se pregadora da consciência de Krçna e ser o mestre espiritual do mundo
pandita, ou acadêmico erudito. De um modo geral, esta qualificação é atribuída inteiro. Este princípio é aceito em toda a literatura védica. Podemos citar éãstras
aos brãhmanas e aos sannyãsis. Sannyãsa, a ordem de vida renunciada, é a posição autorizados para provar isto, mostrando como uma pessoa de nascimento inferior
mais destacada a que pode chegar o brãhmana, um membro do mais elevado dos pode-se tornar um mestre espiritual do mundo inteiro. Sri Caitanya Mahaprabhu
quatro varnas (brãhmana, ksatriya, vaiéya e éüdra). Segundo a opinião pública, uma deve ser considerado a personalidade mais munificente, pois Ele distribui a ver-
pessoa nascida em família de brãhmanas, devidamente reformada pelos processos dadeira essência dos éãstras védicos a todo aquele que se qualifique ao se tornar
purificatórios e apropriadamente iniciada por um mestre espiritual, é considerada Seu servo sincero.
uma autoridade na literatura védica. Quando semelhante pessoa recebe a ordem
VERSO 85
de sannyãsa, ela ocupa a posição mais elevada. Depreende-se que o brãhmana é
o mestre espiritual dos outros três varnas, a saber, ksatriya, vaiéya e éüdra, e 'c«m', 'aa' f « aica f f à ' f * r i
presume-se que o sannyãsi é o mestre espiritual inclusive dos brãhmanas elevados. «rf*tfà « ç r a f à a - a * w ' o S t a f n w n
Em geral, os brãhmanas e os sannyãsis orgulham-se muito de suas posições espi- 'bhakti', 'prema', 'tattva' kahe rãye kari' 'vaktã'
rituais. Portanto, para acabar com seu falso orgulho, Sri Caitanya Mahaprabhu ãpani pradyumna-miéra-saha haya 'érotã'
pregou a consciência de Krçna, valendo-Se de Rãmãnanda Rãya, que não era nem bhakti—serviço devocional; prema—amor extático; tattva—verdade; kahe—Ele diz;
membro da ordem renunciada nem brãhmana de nascimento. Com efeito, Sri ra
yc—Rãmãnanda Rãya; kari'—fazendo; vaktã—o orador; ãpani—Ele próprio;
Rãmãnanda Rãya era um grhastha pertencente à classe éüdra, e, mesmo assim, pradyumna-miéra—Pradyumna Misra; saha—com; haya érotã—torna-Se o ouvinte.
Srí Caitanya Mahaprabhu fez com que ele fosse o mestre que deu instruções a
Pradyumna Misra, um brãhmana altamente qualificado, nascido em família de TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu pregou sobre o serviço devocional, o
brãhmanas. Mesmo o próprio Sri Caitanya Mahaprabhu, apesar de pertencer à amor extático e a Verdade Absoluta, fazendo de Rãmãnanda Rãya, um grhastha
ordem renunciada, recebeu instruções de Sri Rãmãnanda Rãya. Dessa maneira,
nascido em família baixa, o orador. Então, o próprio Sri Caitanya Mahaprabhu,
através de Sri Rãmãnanda Rãya, Sri Caitanya Mahaprabhu manifestou Sua opu-
° brãhmana-sannyãsi elevado, e Pradyumna Misra, o brãhmana purificado,
lência. Esta é a importância especial deste incidente.
tornaram-se os ouvintes de Rãmãnanda Rãya.
Verso 88 Rãmãnanda Raya instrui Pradyumna Miára 413
Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 5
V E R S O 87
SIGNIFICADO—Em seu Amrta-pravaha-bhãsya, Srila Bhaktivinoda Thãkura diz que
os sannyãsis na linha de Sahkarãcãrya vivem pensando que já realizaram todos Slst-ariri acsa csm-sa-efrerl i
os deveres dos brãhmanas e que, além disso, tendo compreendido a essência do
Cf yfâçs »tíc?[ •st#ra cinsmn c«i*rl ? n 11
Vedãnta-sütra e tendo-se tornado sannyãsis, são os mestres espirituais naturais de
toda a sociedade. Da mesma forma, aqueles que nasceram em famílias de brãh-
manas pensam que, como executam as cerimônias ritualísticas recomendadas nos érl-rüpa-dvãrã vrajera prema-rasa-lilã
Vedas e seguem os princípios do smrfi, somente eles podem se tornar mestres espi- ke bujhite pare gambhira caitanyera khelã?
rituais da sociedade. Estes elevadíssimos brãhmanas acham que quem não provém érl-rüpa-dvãrã—através de Sri Rüpa Gosvãmi; vrajera—de Vrndãvana; prema-rasa-
de família de brãhmanas não pode se tornar um mestre espiritual e ensinar sobre lilã—descrição do amor extático e dos passatempos; ke—quem; bujhite pare—pode
a Verdade Absoluta. Para acabar com o orgulho desses brãhmanas de nascimento compreender; gambhira—profundas; caitanyera khelã—as atividades de Sri Caitanya
e desses sannyãsis Mãyãvãdis, Sri Caitanya Mahaprabhu fez ver que uma pessoa Mahaprabhu.
como Rãmãnanda Rãya, embora nascido em família de éüdrãs e situado no grhastha-
ãérama, pode tornar-se o mestre espiritual de personalidades muito destacadas TRADUÇÃO—Através de Sríla Rüpa Gosvãmi, o Senhor também demonstrou na
como o próprio Senhor e Pradyumna Misra. Este é o princípio do culto Vaisnava, íntegra o amor extático e os passatempos transcendentais de Vrndãvana. Consi-
como evidenciado nos ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu. A pessoa que derando tudo isso, q u e m pode compreender os planos profundos do Senhor Srí
sabe o que é espiritual e o que é material e que está firmemente estabelecida na Caitanya Mahaprabhu?
posição espiritual pode-se tornar um jagad-guru, o mestre espiritual do mundo
inteiro. U m a pessoa não pode tornar-se jagad-guru pelo simples fato de ostentar VERSO 88
ser jagad-guru, embora desconheça tudo o que se exige de alguém para ele se tornar
jagad-guru. Mesmo pessoas que jamais entendem o que é ser um jagad-guru e nunca
conversam com outras pessoas tornam-se sannyãsis arrogantes e declaram-se jagad- fãwít* « t a t ç e s trc? i P i ^f f à ^ u w n
gurus. Srí Caitanya Mahaprabhu não gostava muito disto. Qualquer pessoa que
conheça a ciência de Krsna e que esteja plenamente qualificada na vida espiritual érí-caitanya-lílã ei—amrtera sindhu
pode tornar-se jagad-guru. Assim, Sri Caitanya Mahaprabhu pessoalmente rece- trijagat bhãsãite pare yãra eka bindu
beu lições de Sri Rãmãnanda Rãya, além de mandar que Pradyumna Misra, um érí-caitanya-lílã—atividades transcendentais de Sri Caitanya Mahaprabhu; ei—
brãhmana qualificado, fosse tomar lições dele. essas; amrtera sindhu—o oceano de néctar; tri-jagat—os três mundos; bhãsãite—de
inundar; pãre—é capaz; yãra—do qual; eka bindu—uma gota.
V E R S O 86
doçuras transcendentais como sendo de primeiro grau, segundo grau ou terceiro TRADUÇÃO—Bhagavãn Ãcãrya sugeriu a Svarüpa Dãmodara Gosvãmi: " U m
grau. Quando as doze doçuras — tais como neutralidade, servidão e amizade — brãhmana respeitável preparou um drama sobre Sri Caitanya Mahaprabhu e que
caracterizam-se por êxtases de sthãyi-bhãva, vibhãva e anubhãva adversos, são conhe- parece excepcionalmente bem composto."
cidas como uparasas, subdoçuras. Quando as sete doçuras transcendentais indi-
retas e a doçura insípida de neutralidade são produzidas por devotos com atitudes V E R S O 100
não diretamente relacionadas a Krsna e ao serviço devocional em amor extático,
são descritas como anurasas, doçuras de imitação. Se Krçna e os inimigos que ali- $fa « a , ifa catata aa atca i
»Jitc«ft
mentam sentimentos de oposição por Ele são respectivamente o objeto e os repo-
ites ast-a^ca aca fataa^aaac*! n >« u
sitórios da doçura de riso, os sentimentos resultantes chamam-se aparasas, doçuras
entrechocantes. Pessoas que sabem como distinguir uma doçura da outra às vezes ãdau tumi éuna, yadi tomara mana mane
aceitam algumas doçuras transcendentais superpostas (rasãbhãsa) como rasos, de- pãche mahãprabhure tabe karãimu éravane
vido a que são prazerosas e saborosas. Srila Visvanãtha Cakravarti Thãkura diz ãdau—a princípio; furai—tu; éuna—ouve; yadi—se; tomara mana mãne—t\i aceitas;
que paraspara-vairayor yadi yogas tadã rasãbhãsah: "Quando duas doçuras transcen- pãche—em seguida; mahãprabhure—Sri Caitanya Mahaprabhu; tabe—então; karãimu
dentais conflitantes sobrepõem-se, elas produzem rasãbhãsa, ou uma sobreposição éravane—pedirei que ouça.
de doçuras transcendentais."
TRADUÇÃO—"Primeiro, ouve-o, e, se for aceitável para a tua mente, pedirei então
que Sri Caitanya Mahaprabhu ouça-o."
V E R S O 98
V E R S O 101
• m a «r*j> f*sg wtcfl atfà « c a i
4* aatwl a j f f fãaicç faact I st-» aarf a s c a , - " ^ 'cfltt' »taa-««ria i
ca-ca «tia « f a c a aeçi ®*tí» catara mo n
ataeva prabhu kichu ãge nãhi éune
ei maryãdã prabhu kariyãche niyame svarüpa kahe, — "tumi 'gopa' parama-udãra
ataeva—portanto; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; kichu—nada; ãge—de an- ye-se éãstra éunite icchã upaje tomara
temão; nãhi éune— não ouve; ei maryãdã—esta etiqueta; prabhu—Sri Caitanya Maha- svarüpa kahe—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi disse; tumi— tu; gopa—vaqueirinho;
prabhu; kariyãche niyame—transformou em princípio regulamentar. parama-udãra—muito liberal; ye-se éãstra—qualquer coisa composta sob a forma de
escritura; éunite—de ouvir; icchã—desejo; upaje—desperta; tomara—teu.
TRADUÇÃO—Portanto, Sri Caitanya Mahaprabhu não ouvia nada sem que Svarüpa TRADUÇÃO—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi redargüiu: "Querido Bhagavãn Ãcãrya,
Dãmodara Gosvãmi primeiro ouvisse. O Senhor transformou esta etiqueta num és um vaqueirinho muito liberal. Às vezes, surge dentro de ti o desejo de ouvir
princípio regulamentar. qualquer espécie de poesia."
V E R S O 99 V E R S O 102
svarüpera thãni ãcãrya kailã nivedana 'yadvã-tadvã' kavira vãkye haya 'rasãbhãsa'
eka vipra prabhura nãtaka kariyãche uttama siddhãnta-viruddha éunite nã haya ullãsa
svarüpera thãni—diante de Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; ãcãrya—Bhagavãn yadvã-tadvã kavira—de qualquer dito poeta; vãkye—nas palavras; haya- há; rasa-
Ãcãrya; kailã—fez; nivedana—sugestão; eka vipra— um brãhmana; prabhura—de Sri ãbhãsa—sobreposição de doçuras transcendentais; siddhãnta-viruddha—contrárias
Caitanya Mahaprabhu; nãtaka—drama; kariyãche—compôs; uttama—muito belo. a compreensão conclusiva; éunite—de ouvir; nã—não; haya—há; ullãsa—alegria.
420 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 5 Verso 107 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Miára 421
TRADUÇÃO—"Nos escritos dos ditos poetas há em geral a possibilidade de sobre- viéese—especialmente; durgama—muitíssimo difíceis; ei—estes; caitanya-vihãra—os
posição de doçuras transcendentais. Quando, portanto, as doçuras vão de en- passatempos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu.
contro à compreensão conclusiva, ninguém gosta de ouvir semelhante poesia."
T R A D U Ç Ã O — " U m poeta que não conhece os princípios que regem a gramática,
SIGNIFICADO—Yadvã-tadvã kavi refere-se a qualquer pessoa que escreve poesia sem que não é familiarizado com os recursos metafóricos, especialmente aqueles em-
saber como fazer isto. Escrever poesia, em especial poesia relacionada à conclusão pregados em drama, e que não sabe como apresentar os passatempos do Senhor
Vaiçnava, é tarefa difícil. Se alguém escreve poesia sem o devido conhecimento, Krçna, está condenado. Além do mais, os passatempos de Sri Caitanya Maha-
há toda a possibilidade de as doçuras sobrepor-se. Ocorrendo isto, nenhum prabhu são caracteristicamente difíceis de se os entender."
Vaisnava culto ou avançado gostará de ouvir tal coisa.
VERSO 106
V E R S O 103
9*yèTttlt, cflraatal ca ajca a«f« i
'aa', 'aarara' ata atfâas fãsTa i
cata-twaw ara aa «rpt-aa n n
afa»faat«-fà«jj atfà ma i r a n >•« i
krsna-lílã, gaura-lilã se kare varnana
'rasa', 'rasãbhãsa' yãra nãhika vicãra gaura-pãda-padma yãhra haya prãna-dhana
bhakti-siddhãnta-sindhu nãhi pãya para krsna-lilã—os passatempos do Senhor Krçna; gaura-lilã—os passatempos do
rasa—doçuras transcendentais; rasa-ãbhãsa—sobreposição de doçuras trans- Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; se—ele; kare varnana—descreve; gaura-pãda-
cendentais; yãra—de quem; nãhika vicãra—não há consideração alguma; bhakti- padma—os pés de lótus do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; yãhra—cujos; haya—
siddhãnta-sindhu—o oceano de conclusões sobre o serviço devocional; nãhi—não; são; prãna-dhana—a vida e alma.
pãya—atinge; para—o limite.
T R A D U Ç Ã O — " Q u e m aceitou os pés de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu como
T R A D U Ç Ã O — " U m falso poeta que não tem conhecimento algum das doçuras
sua vida e alma pode descrever os passatempos do Senhor Krçna ou os passatempos
transcendentais e da sobreposição de doçuras transcendentais não pode cruzar
do Senhor Srí Caitanya M a h a p r a b h u . "
o oceano das conclusões do serviço devocional."
V E R S O 107
V E R S O S 104—105
attaj-asfãa ffãa «faca aa 'aW i
'ajtaRM* atfà srtca, ai atca 'mn\f i fàw«-*atarra-at>fj «faca aa '?a' n > i a
•atfeastei*Tta'-wta atfàf atara n > ° 8 1 grãmya-kavira kavitva éunite haya 'duhkha'
a>a»*Ttêii afaça ai sftca caa sta i vidagdha-ãtmiya-vãkya éunite haya 'sukha'
facaca s.aa <s* foasj-fàata I >•« I grãmya-kavira—de um poeta que escreve poesia relacionada a homens e mu-
lheres; kavitva—poesia; éunite—ouvir; haya—há; duhkha—infelicidade; vidagdha-
ãtmiya—de um devoto inteiramente absorto em amor extático; vãkya—as palavras;
'vyãkarana' nãhi jãne, nã jãne 'alahkãra' éunite—ouvir; haya—há; sukha—felicidade.
'nãtakãlahkãra'-jhãna nãhika yãhãra
T R A D U Ç Ã O — " O u v i r a poesia de alguém desprovido de qualquer conhecimento
krsna-lilã varnitenã jãne sei chãra! transcendental e que escreve sobre os relacionamentos entre homem e mulher,
viéese durgama ei caitanya-vihãra simplesmente causa infelicidade, ao passo que ouvir as palavras de um devoto
vyãkarana—gramática; nãhi jãne—não conhece; nã jãne—desconhece; alahkãra- inteiramente absorto em amor extático causa muita felicidade."
recursos metafóricos; nãtaka-alahkãra—dos recursos metafóricos do drama; jhãna—
conhecimento; nãhika—não há; yãhãra—de quem; krsna-lilã—os passatempos do
SIGNIFICADO—Grãmya-kavi refere-se a um poeta ou escritor do nível dos autores
Senhor Krçna; varnite—descrever; nã jãne—não sabe; sei—ele; chãra—condenado;
de romances e outras obras de ficção que tudo o que fazem é escrever sobre os
Verso 112 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Miára 423
422 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 5
T R A D U Ç Ã O — " A Suprema Personalidade de Deus assumiu uma tez dourada e "Assim como a alma corporifiçada passa continuamente, neste corpo, da infância,
tornou-Se a alma do corpo chamado Senhor Jagannãtha, cujos olhos de lótus à juventude, à velhice, do mesmo modo, após a morte, a alma passa para outro
desabrochantes abrem-se em toda a amplitude. Dessa maneira, Ele apareceu em corpo. A alma auto-realizada não se confunde com essa mudança." Para o ser
Jagannãtha Puri e deu vida à matéria bruta. Que este Senhor, Srí Krsna Caitanya- vivo comum, absorto na existência material, há uma divisão ou distinção entre
deva, outorgue-vos toda a boa fortuna." o corpo e o dono do corpo. Contudo, na existência espiritual não há tal distinção,
pois o corpo é o proprietário em si, e o proprietário é o corpo em si. Na existência
V E R S O 113 espiritual, tudo é espiritual. Por isso, não há distinção alguma entre o corpo e
OtPf « f ã ' naturf «farra T t i t w I seu proprietário.
• w t f c ? , - ' ^ cut* f « ?)t«tTrc*' I I i v » I I
VERSO 115
V E R S O 116
b i a S h C f l l n t f » - T Í l f t H l f t H II 1 1 8 II
kavi kahe,—''jagannãtha—sundara-éarira
caitanya-gosãhi—éariri mahã-dhira
kavi kahe—o poeta disse; jagannãtha—o Senhor Jagannãtha; sundara-éarira—corpo éuniyã sabãra haila ãnandita-mana
belíssimo; caitanya-gosãhi—Sri Caitanya Mahaprabhu; éariri— proprietário do corpo; duhkha pãnã svarüpa kahe sakrodha vacana
mahã-dhira—muito grave. éuniyã—ouvindo; sabãra—de todos eles; haila—houve; ãnandita-mana—muita feli-
cidade na mente; duhkha pãnã—ficando triste; svarüpa kahe—Svarüpa Dãmodara
T R A D U Ç Ã O — O poeta disse: "O Senhor Jagannãtha é um corpo belíssimo, e Srí Gosvãmi pôs-se a falar; sa-krodha vacana—palavras iradas.
Caitanya Mahaprabhu, que é excepcionalmente grave, é o proprietário desse
corpo."
T R A D U Ç Ã O — A o ouvirem isto, todos os presentes ficaram imensamente felizes.
Mas Svarüpa Dãmodara, que foi o único a ficar muito triste, pôs-se a falar com
SIGNIHCADO—Sariri refere-se à pessoa que possui o éarira, ou corpo. Como afirma muita ira.
o Bhagavad-gitã ( 2 . 1 3 ) :
VERSO 117
dehino 'smin yathã dehe
kaumãram yauvanam jarã
tathã dehãntara-prãptir
dhiras tatra na muhyati «I a' esta * f f ç * f ã a n II i
426 Sri Caitanya-caritãmrta Verso 119 Rãmãnanda Raya instrui Pradyumna Misra 427
Antya-lilã, 5
püma-ãnanda—bem-aventurança transcendental completa; cit-svarüpa—a iden- tidades vivas são como centelhas de fogo, e Sua Onipotência, a Suprema Perso-
tidade espiritual; jagannãtha-rãya—o Senhor Jagannãtha; tãhre—a Ele; kaili—fizeste; nalidade de Deus, é considerado o grande fogo original. Quando ouvimos este
jada—inerte; naévara—perecível; prãkrta—material; kãya—possuindo um corpo. éruti-vãkya, ou mensagem dos Vedas, devemos entender a diferença entre o
Supremo Senhor Krçna e as entidades vivas. No entanto, quem está sob o con-
trole da energia externa não pode entender essa diferença. Semelhante pessoa
T R A D U Ç Ã O — " O Senhor Jagannãtha é inteiramente espiritual e pleno de bem-
não pode compreender que a Pessoa Suprema é o grande fogo original, ao passo
aventurança transcendental, porém, comparaste-O a um embotado corpo des-
que as entidades vivas são apenas pequenas partes fragmentárias dessa Suprema
trutível, composto da energia externa e inerte do Senhor."
Personalidade de Deus. C o m o Krçna diz no Bhagavad-gitã (15.7):
mamaivãméo jiva-loke
SIGNIFICADO—Quem pensa que a forma do Senhor Jagannãtha é um ídolo feito jíva-bhütah sanãtanah
de madeira imediatamente traz infortúnio à sua vida. Segundo a orientação do manah sasthãnindriyãni
Padma Purãna: arcye visnau éilã-dhih...yasya vã nãraki sah. Assim, ao pensar que prakrti-sthãni karsati
o corpo do Senhor Jagannãtha é feito de matéria e ao distinguir entre o corpo
e a alma do Senhor Jagannãtha, a pessoa está condenada, pois torna-se um "As entidades vivas deste mundo condicionado são Minhas eternas partes frag-
ofensor. O devoto puro, conhecedor da ciência da consciência de Krçna, não faz mentárias. Devido à vida condicionada, elas, recorrendo aos seis sentidos que
distinção alguma entre o Senhor Jagannãtha e o corpo do Senhor. Ele sabe que incluem a mente, empreendem uma árdua luta."
os dois são idênticos, assim como o Senhor Krçna e Sua alma são a mesma coisa. Há diferença entre o corpo e a alma do ser vivo enclausurado na existência ma-
Quando, através do serviço devocional realizado na plataforma espiritual, purifi- terial, mas, c o m o Sri Caitanya Mahaprabhu e o Senhor Jagannãtha não possuem
camos os olhos, podemos ver que o Senhor Jagannãtha e Seu corpo são inteira- corpos materiais, não há distinção alguma entre Seus corpos e Suas almas. Na
mente espirituais. Portanto, o devoto avançado não vê que a Deidade adorável plataforma espiritual, o corpo e a alma são idênticos; não há qualquer distinção
tem uma alma dentro de um corpo no mesmo estilo de um ser humano comum. entre eles. C o m o afirma o Srimad-Bhãgavatam (1.11.38):
Não há distinção alguma entre o corpo e a alma do Senhor Jagannãtha, pois o
Senhor Jagannãtha é sac-cid-ãnanda-vigraha, assim como o corpo de Krçna é sac- etad iéanam iéasya
cid-ãnanda-vigraha. Na realidade, não há diferença alguma entre o Senhor Jagan- prakrti-stho 'pi tad-gunaih
nãtha e Sri Caitanya Mahaprabhu, mas o ignorante poeta bengali aplicou uma na yujyate sadãtma-sthair
distinção material ao corpo do Senhor Srí Jagannãtha.
yathã buddhis tad-ãérayã
428 Sri Caitanya-caritãmrta Verso 121 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Misra 429
Antya-lilã, 5
"Esta é a divindade da Suprema Personalidade de Deus. Ele não Se deixa in- V E R S O 121
fluenciar pelas qualidades da natureza material, muito embora esteja em contato
com elas. De modo semelhante, as qualidades materiais não podem influenciar
«fta tf f ffãaíw -tm '«lati' i
os devotos que se refugiam no Senhor." Sua Onipotência, Krsna, a Suprema &*-<xW-&si •r-nra JNfçpj 'wtaPT i ^ II
Personalidade de Deus, não Se deixa influenciar pelos três modos da natureza
material. Na verdade, a influência da energia externa também não polui Seus de- ãra eka kariyãcha parama 'pramãda'!
votos, pois estes ocupam-se a serviço de Sua Onipotência. Mesmo o próprio corpo deha-dehi-bheda iévare kaile 'aparãdha'!
do devoto espiritualiza-se, assim como uma barra de ferro colocada no fogo adquire ãra eka—outro; kariyãcha—fizeste; parama—o supremo; pramãda—ilusão; deha-deh
as mesmas qualidades do fogo, pois fica ignescente e logo queima qualquer coisa bheda—a distinção entre o corpo e a alma; Iévare—em Sua Onipotência; kaile—fi-
em que toque. Portanto, o poeta bengali cometeu uma séria ofensa ao tratar o zeste; aparãdha—uma ofensa.
corpo do Senhor Jagannãtha e o Senhor Jagannãtha, a Suprema Personalidade
de Deus, como duas entidades diferentes, um, material e o outro, espiritual, como T R A D U Ç Ã O — " E s t á s na mais completa ilusão, pois distinguiste entre o corpo e
se o Senhor fosse um ser vivo comum. O Senhor é sempre o amo da energia a alma de Sua Onipotência [o Senhor Jagannãtha ou Srí Caitanya Mahaprabhu |.
material; por isso, Ele não está marcado para ficar encoberto pela energia material, Isto é uma grande ofensa."
como acontece a uma entidade viva comum.
SIGNIFICADO—Tão logo alguém vê diferença entre o corpo e a alma da Suprema
V E R S O 120 Personalidade de Deus, ele converte-se num ofensor. Porque as entidades vivas
no mundo material em geral estão cobertas por corpos materiais, o corpo e a alma
al-fctfes mfíiia trlfà aflfã i de um ser humano c o m u m jamais são idênticos. O Senhor Supremo outorga os
frutos das nossas atividades, pois Ele é o Senhor dos resultados da ação fruitiva.
« r a a a s i r á «ia ^1 ftfã i H° ii
Ele também é a causa de todas as causas, e é o amo da energia material. Por isso,
Ele é supremo. Contudo, um ser vivo comum, em sua condição material, recebe
dui-thãni aparãdhe pãibi durgati!
os resultados de suas próprias atividades fruitivas, e por isso cai sob a influência
atattva-jna 'tattva' varne, tara ei riti! destas. Mesmo na fase liberada de identificação brahma-bhüta, ele presta serviços
dui-thãhi—a ambos; aparãdhe—pela ofensa; pãibi—receberás; durgati—destino in- à Sua Onipotência. Dessa maneira, existem distinções entre um ser humano
fernal; a-tattva-jha—aquele que não tem conhecimento da Verdade Absoluta; tattva
comum e o Senhor Supremo. Os karmis e os jnãnls que ignoram estas distinções
varne— descreve a Verdade Absoluta; tara—seu; ei—este; riti—destino. são ofensores aos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus.
TRADUÇÃO—Svarüpa Dãmodara prosseguiu: "Porque cometeste uma ofensa Um ser humano c o m u m está propenso a ser subjugado pela energia material,
contra o Senhor Jagannãtha e Sri Caitanya Mahaprabhu, receberás um destino ao passo que Sua Onipotência, a Suprema Personalidade de Deus — Srí Caitanya
infernal. Não sabes como descrever a Verdade Absoluta, mas, mesmo assim, Mahaprabhu, o Senhor Krsna ou o Senhor Jagannãtha — sempre é o amo da ener-
tentaste fazer isso. Por isso, deves ser condenado." gia material, e, portanto, jamais está sujeito à influência desta. Sua Onipotência,
a Suprema Personalidade de Deus, tem uma identidade espiritual ilimitada, que
SIGNIFICADO—Pelos cálculos de Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, o poeta brãhmana jamais é interrompida, ao passo que a consciência da entidade viva é limitada
da Bengala era um ofensor, pois, embora não tivesse conhecimento da Verdade e fragmentada. As entidades vivas são eternamente porções fragmentárias da Su-
Absoluta, não obstante, tentara descrevê-lA. O poeta bengali ofendera tanto Sri prema Personalidade de Deus (mamaivãméo jlva-loke jiva-bhütah sanãtanah). Não
Caitanya Mahaprabhu quanto o Senhor Jagannãtha. Ao fazer uma distinção entre se deve pensar que na vida condicionada elas estão cobertas pela energia material,
o corpo e a alma do Senhor Jagannãtha e ao dar a entender que o Senhor Srí mas tornam-se unas com a Suprema Personalidade de Deus ao livrarem-se da
Caitanya Mahaprabhu era diferente do Senhor Jagannãtha, cometera ofensas a influência da energia material. Tal idéia é uma ofensa.
ambos. A-tattva-jna refere-se àquele que não conhece a Verdade Absoluta ou àquele Segundo as ponderações dos tolos Mãyãvãdis, ao aparecer no mundo mate-
que adora seu próprio corpo como sendo a Suprema Personalidade de Deus. Se rial, a Suprema Personalidade de Deus aceita um corpo material. No entanto,
um ahahgrahopãsaka-mãyãvãdi, uma pessoa ocupada em atividades fruitivas ou uma o Vaiçnava sabe muito bem que, para Krsna, para o Senhor Jagannãtha ou para
pessoa cujo único interesse é o gozo dos sentidos, descreve a Verdade Absoluta, Sri Caitanya Mahaprabhu — diferentemente do que acontece aos seres humanos
imediatamente ela se torna ofensora. comuns —, não há distinção alguma entre o corpo e a alma. Mesmo no mundo
430 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 5 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Misra 431
Verso 1 2 5
material, Sua Onipotência mantém Sua identidade espiritual; por isso, mesmo material. Devemos saber perfeitamente bem que não há diferença alguma entre
em Seu corpo infantil, o Senhor Krsna manifestou todas as opulências. Não há o corpo e a alma da Suprema Personalidade de Deus. Quem vê diferença entre
distinção alguma entre o corpo e a alma de Krsna; quer Ele esteja em Seu corpo Seu corpo e Sua alma imediatamente fica condicionado à natureza material. Como
infantil, quer em Seu corpo juvenil, Ele sempre é idêntico a Seu corpo. Embora faz essas distinções, uma pessoa no mundo material chama-se baddha-jiva, alma
Krçna apareça como um ser humano comum, Ele nunca Se submete às regras condicionada.
e regulações do mundo material. Ele é svarãt, ou dotado de completa indepen-
dência. Ele pode aparecer no mundo material, mas, ao contrário da conclusão
VERSO 123
ofensiva da escola Mãyãvãda, Seu corpo não é material. A este respeito, podemos
novamente consultar o supramencionado verso do Srimad-Bhãgavatam ( 1 . 1 1 . 3 8 ) : "CT^-CWfç-fiapítTW fàat« *f5«. I" » V » I
''deha-dehi-vibhãgo 'yam
etad iéanam iiasya neévare vidyate kvacit"
prakrti-stho 'pi tad-gunaih deha—do corpo; dehi—do corporificado; vibhãgah--distinção; ayam—isto; na—não;
na yujyate sadãtma-sthair iévare—na Suprema Personalidade de Deus; vidyate—existe; kvacit—em tempo
yathã buddhis tad-ãérayã algum.
A Pessoa Suprema tem um eterno corpo espiritual. Q u e m tenta ver diferenças t r a d u ç ã o — " ' J a m a i s há qualquer distinção entre o corpo e a alma da Suprema
entre o corpo e a alma da Suprema Personalidade de Deus comete uma grande Personalidade de Deus."'
ofensa.
VERSO 122 s i g n i f i c a d o — E s t a citação, que está incluída no Laghu-bhãgavatãmrla ( 1 . 5 . 3 4 2 ) , é
do Kürma Purãna.
i M c n atfà «f caa-c<»fà-c«a i
W t , c*ç,—ffcataar, « t f * * fàpsw II >n i VERSOS 1 2 4 — 1 2 5
amor por Krsna. Às vezes, as pessoas vão ver dramas profissionais e oferecem SIGNIFICADO—Deve ficar bem claro a este respeito que os seguidores do método
alimento e dinheiro aos atores, que são muito hábeis em arrecadar prontamente de serviço devocional de Sri Caitanya Mahaprabhu são companheiros eternos da
estas oferendas. O resultado é que os membros da audiência permanecem na Suprema Personalidade de Deus e perfeitos conhecedores da Verdade Absoluta.
mesma posição de grham andha-küpam, afeição familiar, sem despertar seu amor Aquele que seguir de imediato os princípios de Sri Caitanya Mahaprabhu,
por Krsna. associando-se com Seus devotos, verá arrancados do coração os desejos luxuriosos
O Srimad-Bhãgavatam (7.5.30) diz que matir na krsne paratah svato vã mitho de gozo material. Então, tornar-se-á capaz de compreender o significado do Srimad-
'bhipadyeta grha-vratãnãm: os grhavratas, aqueles que estão determinados a conti- Bhãgavatam e o propósito de escutá-lo. De outra forma, tal compreensão é impos-
nuar seguindo o modo de vida materialista, jamais despertarão seu amor latente sível.
por Krçna, pois só ouvem o Bhãgavatam para solidificar sua posição na vida familiar VERSO 1 3 3
e serem felizes nos relacionamentos familiares e no sexo. Condenando esse mé-
todo de se ouvir o Bhãgavatam recitado por profissionais, Svarüpa Dãmodara Go- « w s *víf»<5j c a t i t a a l r a i f e i i
svãmi diz que yãha, bhãgavata pada vaisnavera sthãne: "Se queres entender o Srimad- s c u a a a l - ^ r a i a f * k l fsrôa n i « « 1 1
Bhãgavatam, deves aproximar-te de um Vaiçnava auto-realizado." Devemos a todo
custo evitar ouvir o Bhãgavatam sendo falado por um Mãyãvãdí ou outro não- tabeta pãnditya tomara ha-ibe saphala
devoto, que simplesmente realizam um malabarismo gramatical de palavras para, krsnera svarüpa-lilã varnibã nirmala
então, distorcer o significado do texto, pegar o dinheiro das pessoas inocentes tabeta—só então; pãnditya—erudição; tomara—tua; ha-ibe— tornar-se-á; sa-phala—
e, assim, manter o povo na escuridão. exitosa; krsnera—do Senhor Krsna; svarüpa-lilã—os passatempos transcendentais;
Svarüpa Dãmodara Gosvãmi condena estritamente o comportamento dos ma- varnibã— descreverás; nirmala—sem contaminação material.
terialistas, que, na aparência, ouvem o Srimad-Bhãgavatam. Ao invés de despertar
o verdadeiro amor por Krçna, tais ouvintes do Bhãgavatam tornam-se cada vez T R A D U Ç Ã O — " T u a erudição só será exitosa se seguires os princípios de Srí
mais apegados aos assuntos familiares e à vida sexual (yan maithunãdi-grhamedhi- Caitanya Mahaprabhu e de Seus devotos. Então serás capaz de, sem nenhuma
sukham hi tuccham). Devemos ouvir o Srimad-Bhãgavatam sendo recitado por uma contaminação material, escrever sobre os passatempos transcendentais de Krsna."
pessoa que não tenha vínculo com as atividades materiais, ou, em outras palavras,
por um Vaiçnava paramahamsa, aquele que atingiu a fase máxima de sannyãsa. É VERSO 1 3 4
claro que isto não é possível para quem não se refugia aos pés de lótus de Sri
Caitanya Mahaprabhu. O Srimad-Bhãgavatam só é compreensível para aquele que •£% CSflf f firais «flvjpl u r a í l |
segue os passos de Srí Caitanya Mahaprabhu.
c a i a r a a w a r a « i r á sfçrs «rrca ' c W m * 8 i i
VERSO 1 3 2 ei sloka kariyãcha pãnã santosa
tomara hrdayera arthe duhhãya lãge 'dosa'
ei sloka—este verso; kariyãcha—compuseste; pãnã santosa—obtendo satisfação;
<sra<5 srtfàsjl f à f l j r ^ J p p - a í w 11 n tomara hrdayera—de teu coração; arthe—pelo significado; duhhãya—a ambos; lãge
dosa—há uma ofensa.
caitanyera bhakta-ganera nitya kara 'sahga'
tabeta jãnibã siddhãnta-samudra-tarahga TRADUÇÃO—"Compuseste este verso introdutório para a tua grande satisfação,
caitanyera—do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-ganera—dos devotos; porém, o significado por ti expresso está eivado de ofensas tanto ao Senhor Jagan-
nitya—regularmente; kara—faze; sahga—associação; tabela—só então; jãnibã—com- nãtha quanto a Sri Caitanya M a h a p r a b h u . "
preenderás; siddhãnta-samudra-tarahga—as ondas do oceano do serviço devocional.
VERSO 1 3 5
V E R S O 136
VERSO 137
TRADUÇÃO—"[O Senhor Indra disse:] 'Esse Krsna, que não passa de um ser hu-
mano comum, é tagarela, infantil, cínico e ignorante, embora considere-Se muito
culto. Ao aceitá-lO, os vaqueiros de Vrndãvana ofenderam-me. Isto não foi muito
interessante para m i m . ' "
V E R S O 138
m ws*—£W iicstírta i
J M - I C P
V E R S O 139
? a *&[,—"*&•& ç c m f ftitfs f w T i
« t ? ! ira iiasr iscai aii ii > * & II
indra bale, — "muni krsnera kariyãchi nindana"
tãra-i mukhe sarasvati karena stavana
mdra bale—Indra diz; muni—eu; krsnera—do Senhor Krsna; kariyãchi—fiz; «fu-
lana—repreensão e difamação; tarã-i mukhe—de sua boca; sarasvati—mãe Sarasvati,
a deusa da sabedoria; karena stavana—oferece orações.
'z>ãcã/a kahiye— 'veda-pravartaka' dhanyã TRADUÇÃO—"Pode-se usar a palavra 'pandita-mãni' para indicar que Krsna é
'bãlisa'—tathãpi 'éisu-prãya' garva-sünya honrado mesmo pelos acadêmicos eruditos. Não obstante, devido à afeição por
vãcãla—tagarela; kahiye— digo; veda-pravartaka—aquele que pode falar com a auto- Seus devotos, Krsna aparece como um ser humano comum, podendo, assim,
ridade dos Vedas; dhanyã—glorioso; bãlisa—infantil; tathãpi—mesmo assim; s'is'«- ser chamado de ' m a r t y a ' . "
prãya—como uma criança; garva-sünya—sem orgulho. VERSO 143
T R A D U Ç Ã O — " A palavra 'vãcãla' é utilizada para se referir à pessoa que pode mm% asta, - " ? a « - * j a « a - w í a i
falar segundo a autoridade védica, e a palavra 'bãlisa' significa 'inocente'. Apesar e s t a a c a «1 ajãia., " a t f à a f a * " II is-® n
de ter sido Krsna quem falou o conhecimento védico, mesmo assim, Ele sempre
Se apresenta como um menino inocente e simples." jarãsandha kahe, —' 'krsna—purusa-adhama
tora sahge nã yujhimu, "yãhi bandhu-han"
VERSO 141 jarãsandha kahe—Jarãsandha diz; krsna—Krsna; purusa-adhama—o mais baixo dos
seres humanos; tora sahge—contigo; nã yujhimu—não lutarei; yãhi—pois; bandhu-
a « a n « t c a ' « l a a p - ^ - a t a ara i han—matador de Teus próprios parentes.
arai bscs *ra> ' f à w ' atfà-caaa msiii
TRADUÇÃO—"O demônio Jarãsandha invectivou Krsna, dizendo: 'És o mais baixo
vandyãbhãve 'anamra'—' stabdha'-sabde kaya dos seres humanos. Não lutarei contigo, pois mataste Teus próprios parentes.'"
yãhã haite anya 'vijha' nãhi—se 'ajha' haya
vandya-abhãve—porque não há nenhuma outra pessoa a quem se ofereçam re- SIGNIFICADO—Neste verso, mãe Sarasvati também oferece orações a Krçna. A pa-
verências; anamra—aquele que não presta reverências; stabdha-sabde—pela palavra lavra purusa-adhama refere-se à Personalidade de Deus, abaixo de quem estão co-
stabdha ("cínico"); kaya—diz; yãhã haife—mais do que; anya—outro; ui/nu—acadê- locadas todas as outras pessoas, ou, e m outras palavras, purusa-uttama, o melhor
mico erudito; nãhi—não é; se—Ele; ajha—aquele para quem nada é desconhecido; de todos os seres vivos. De modo semelhante, a palavra bandhu-han significa " o
haya—é. matador de mãyã". No estado de vida condicionada, relacionamo-nos intimamente
com mãyã como se ela fosse uma amiga, mas, ao entrarmos em contato com Krsna,
T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o não há nenhuma outra pessoa para receber reverências, livramo-nos deste equívoco.
pode-se chamar alguém de 'anamra', ou aquele que não presta reverências a VERSO 144
ninguém. É este o significado da palavra 'stabdha'. E, por não se encontrar
ninguém que seja mais erudito do que Krsna, pode se chamá-lO de 'ajna', dando atai « c s « I - Ü l a r a a a a t - ' « « a ' i
a entender que nada Lhe é desconhecido." c a l aa ' « j a r a f r a ' — a a a s t a aa II 188 n
'panditera mãnya-pãtra—haya 'pandita-mãni' T R A D U Ç Ã O — " M ã e Sarasvati pega 'purusãdhama' e usa como 'purusottama',
tathãpi bhakta-vãtsalye 'manusya' abhimãni aquele a quem todos os homens estão subordinados."
Verso 150 Rãmãnanda Rãya instrui Pradyumna Misra 443
Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 5
T R A D U Ç Ã O — " D e s s a maneira, apesar de, segundo tua versão, teu verso ser blas-
V E R S O 145
femo, mãe Sarasvati aproveitou-se dele para oferecer orações ao Senhor."
'arcai a a t t a ' — « t c « «afàwi ' a f ' aa i
V E R S O 148
'wfàsl-ataas'—'afaaj-aca as?i 11i8<? 11
V E R S O 147 V E R S O 150
T R A D U Ç Ã O — " O desejo supremo de libertar o mundo inteiro converge em ambos T R A D U Ç Ã O — " N o entanto, Srí Caitanya Mahaprabhu move-Se de uma a outra
e, por essa razão, Eles são a mesma coisa." região, pessoalmente ou através de Seu representante. Dessa maneira, como o
Brahman móvel, Ele liberta todas as pessoas aprisionadas ao mundo."
V E R S O 151
V E R S O 154
if9T i w f t catraa f f k a $«fii i
V E R S O 153 V E R S O 156
TRADUÇÃO—Ao ouvir esta explicação apropriada de Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, ei ta' kahiluh—dessa maneira, acabo de descrever; pradyumna-miéra-vivarana—a
o poeta bengali caiu aos pés de todos os devotos e, com uma palha em sua boca, narração descritiva de Pradyumna Misra; prabhura ãjhãya—sob a ordem de Sri
refugiou-se neles. Caitanya Mahaprabhu; kaila—fez; krsna-kathãra éravana—audição de conversas
sobre tópicos relacionados a Krçna.
V E R S O 157
TRADUÇÃO—Dessa maneira, acabo de fazer a narração relacionada a Pradyumna
«ta aa «tca afjrtoi* fcasai i Misra e de como, seguindo a ordem de Sri Caitanya Mahaprabhu, ele escutou
« t a ««t asfà' a a t « f t a f à a t a a l n SM n as conversas sobre Krsna faladas por Rãmãnanda Rãya.
449
450 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 5 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 451
tanto Svarüpa Dãmodara Gosvãmi quanto Sri Caitanya Mahaprabhu. Certo dia, VERSO 3
Sri Caitanya Mahaprabhu pegou à força um pouco daquela mesma comida, aben-
çoando assim a renúncia de Raghunãtha dãsa Gosvãmi. tfç»T3 c * h m WM-1CW I
ãtsrt&raí « t u 9?l»n fz* w t « i - a r a i -a i
VERSO 1
ei-mata gauracandra bhakta-gana-sahge
nilãcale nãnã lilã kare nãnã-rahge
çit-swí; ^ ç r a ^ m - ei-mata—dessa maneira; gauracandra—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-
gana-sahge—com Seus associados; nilãcale—em Nilãcala (Jagannãtha Puri); nãnã—
diversos; lilã— passatempos; kare—realiza; nãnã-rahge—em muitas variedades de
prazeres transcendentais.
S l s u r a s a i i . " « t r a i II i II
TRADUÇÃO—Dessa maneira, o Senhor Gauracandra, juntamente com Seus as-
krpã-gunair yah kugrhãndha-küpãd sociados, realizou diversos passatempos em Jagannãtha Puri, em muitas varie-
uddhrtya bhahgyã raghunãtha-dãsam dades de prazeres transcendentais.
nyasya svarúpe vidadhe 'ntarahgath
éri-krsna-caitanyam amum prapadye
VERSO 4
krpü-gunaih—pelas cordas da misericórdia imotivada; yah—quem; ku-grha—da
repugnante vida familiar; andha-küpãt—do poço escuro; uddhrtya—tendo levantado; i w f a « n s r a *n-raratfl a r a r a i
bhahgyã—por um artifício; raghunãtha-dãsam—Raghunãtha dãsa Gosvãmi; nyasya— i t f c r a ai a r a t»ra * r a s - $ s a - « r a n 8 ti
entregando; svarüpe—a Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; vidadhe—tez; antarahgam—
um de Seus associados pessoais; éri-krsna-caitanyam—ao Senhor Sri Krsna Caitanya yadyapi antare krsna-viyoga bãdhaye
Mahaprabhu; amum—a Ele; prapadye—ofereço minhas reverências. bãhire nã prakãéaya bhakta-duhkha-bhaye
T R A D U Ç Ã O — C o m as cordas de Sua misericórdia imotivada, ári Krsna Caitanya yadyapi—embora; antare—dentro do coração; krsna-viyoga—separação de Krsna;
Mahaprabhu valeu-Se de um artifício para libertar Raghunãtha dãsa Gosvãmi bãdhye—obstrui; bãhire—externamente; nã prakãéaya—não manifesta; bhakta-duhkha-
do escuro poço da repugnante vida familiar. Ele converteu Raghunãtha dãsa Go- bhaye— temendo a tristeza dos devotos.
svãmi em um de Seus associados pessoais, colocando-o aos cuidados de Svarüpa
Dãmodara Gosvãmi. A Ele ofereço minhas reverências. TRADUÇÃO—Embora sentisse dores de separação de Krsna, Srí Caitanya Maha-
prabhu não deixava ninguém perceber esses sentimentos, pois temia que Seus
VERSO 2 devotos ficassem tristes.
VERSO 5
ws ws Sirasg ®i fãsrra»* i
$«.in» f à * ç - a : i i r a i t f à a r a i
« r a ra ra^Tj « ç a i « f i n i r a i <t i
jaya jaya éri-caitanya, jaya nityãnanda
jayãdvaita-candra, jaya gaura-bhakta-vrnda utkata viraha-duhkha yabe bãhirãya
jaya jaya—todas as glórias; éri-caitanya—ao Senhor Caitanya; jaya—todas as tabe ye vaikalya prabhura varnana nã yãya
glórias; nityãnanda—ao Senhor Nityãnanda; jaya—todas as glórias; advaita-candra—a utkata—intensa; viraha-duhkha—tristeza de separação; yabe—quando; bãhirãya—
Advaita Ãcãrya; jaya—todas as glórias; gaura-bhakta-vrnda—aos devotos do Senhor manifesta-se; tabe— nesse momento; ye—que; vaikalya—transformações; prabhura—
Caitanya Mahaprabhu. do Senhor; varnana nã yãya—não se podem descrever.
TRADUÇÃO—Todas as glórias ao Senhor Caitanya Mahaprabhu! Todas as glórias TRADUÇÃO—E impossível a alguém descrever as transformações pelas quais o
ao Senhor Nityãnanda! Todas as glórias a á r i Advaita Ãcãrya! E todas as glórias Senhor passou ao manifestar intensa tristeza devido à saudade que sentia de
a todos os devotos do Senhor ári Caitanya Mahaprabhu! Krsna.
452 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 11 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 453
« r e t a i ç a ^ t l asfà' i t c a fàftaal li MB II
r a ^ r a i « c s « f f «rrW,-aréi aca nraal i
« f U t t a çfãatta sucata a*fàai n i* n
pürve éântipure raghunãtha yabe ãilã
mahaprabhu krpã kari' tãhre éikhãilã 'mathurã haite prabhu ãilã',—vãrtã yabe pãilã
pürve—antes; éântipure—a Sãntipura; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; yabe ãilã— prabhu-pãéa calibãre udyoga karilã
quando ele veio; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; krpã kari'—mostrando mathurã haite—de Mathurã; prabhu ãilã—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu
voltou; vãrtã—mensagem; yabe pãilã—quando recebeu; prabhu-pãéa—a Sri Caitanya
misericórdia imotivada; tãnre éikhãilã—deu-lhe lições.
Mahaprabhu; calibãre—para ir; udyoga karilã—esforçou-se.
TRADUÇÃO—Quando Raghunãtha dãsa, durante sua vida familiar, foi ter com TRADUÇÃO—Ao receber a mensagem de que o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu
Sri Caitanya Mahaprabhu em Sãntipura, o Senhor, por Sua misericórdia imoti- tinha regressado de Mathurã, Raghunãtha dãsa fez tudo o que pôde para ir até
vada, deu-lhe instruções valiosas. aos pés de lótus do Senhor.
456 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 22 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 457
TRADUÇÃO—Nessa época, um oficial muçulmano coletava os impostos de aw-aca casfaaa fàal ®#tca «rtfàti i
Saptagrãma. faaajwta l a i a a , aaarcaca atfàw n 5° II
SIGNIFICADO—Antigamente, quando o governo muçulmano exercia o poder, a rãja-ghare kaiphiyat diyã ujire ãnila
pessoa designada como coletor de impostos cobrava as taxas dos zamindares, hiranya-dãsa palãila, raghunãthere bãndhila
ou latifundiários, locais. Ele então arrecadava um quarto da coleta para si, como rãja-ghare—ao tesouro do governo; kaiphiyat diyã—mandando um relato confi-
lucro, e o restante entregava ao tesouro do governo. dencial; ujire ãnila—trouxe o ministro encarregado; hiranya-dãsa palãila—Hiranya
dãsa fugiu; raghunãthere bãndhila—prendeu Raghunãtha dãsa.
V E R S O 18
TRADUÇÃO—Após enviar um relatório confidencial ao tesouro do governo, o
l
fàa«ij<?ta f i a aa>afâ' a*fàai i caudhuri convocou o ministro encarregado. O chaudhuri chegou, ansioso por
«ia «ifàfra ciei, aca ca csfãai n iv- n prender Hiranya dãsa, mas este não se encontrava em casa. Por isso, o caudhuri
prendeu Raghunãtha dãsa.
hiranya-dãsa muluka nila 'makrari' kariyã V E R S O 21
tara adhikãra gela, mare se dekhiyã
hiranya-dãsa—o tio de Raghunãtha dãsa Gosvãmi; muluka nila—encarregou-se « f a m a aaaica a>aca ««.'aai i
da região; makrari kariyã—mediante algum acordo; tara adhikãra gela—o caudhuri 'att-c»iitca « t a ' , aca itaai amai 1 5 1 1 1
muçulmano perdeu sua posição; mare se dekhiyã—ficou com muita inveja de
Hiranya dãsa. prati-dina raghunãthe karaye bhartsana
'bãpa-jyefhãre ãna', nahe pãibã yãtanã
TRADUÇÃO—Quando Hiranya dãsa, o tio de Raghunãtha dãsa, fez com o governo prati-dina—diariamente; raghunãthe— Raghunãtha dãsa; karaye bhartsana—casti-
um acordo para coletar impostos, o caudhuri muçulmano, ou coletor de impostos, gava; bãpa-jyethãre ãna—traze teu pai e o irmão mais velho deste; nahe—caso con-
tendo perdido sua posição, ficou se mordendo de inveja dele. trário; pãibã yãtanã—serás punido.
marite ãnaye yadi dekhe-raghunãthe a que em geral comem carne e bebem vinho. De qualquer forma, através de evidên-
mana phiri' yãya, tabe nã pare marite cias históricas consideram-se os kãyasthas como sendo muito inteligentes. Assim,
marite—para bater; ãnaye—traz; yadi—quando; dekhe—vê; raghunãthe—Raghu- o caudhuri muçulmano estava com medo de Raghunãtha dãsa, pois este pertencia
nãtha dãsa; mana—sua mente; phiri' yãya—muda; tabe— nesse momento; nã pare à comunidade kãyastha.
marite—não podia bater. V E R S O 24
TRADUÇÃO—O caudhuri queria espancá-lo, mas, assim que via o rosto de Raghu- ara aaata f>f fèfaat anra i
nãtha, mudava de idéia e não conseguia bater nele. ra»fà asfãai a>» cal aro-tra u $ . 8 1 1
VERSO 23 tabe raghunãtha kichu cintilã upãya
vinati kariyã kahe sei mleccha-pãya
fâratra asm-araj «rcra ^ ! tabe—então; raghunãtha—Raghunãtha dãsa Gosvãmi; kichu—algum; cintilã—pen-
, r
çra ara 'flw , atraca aa? « w i a I I sava em; upãya—meio; vinati kariyã—com muita humildade; kahe—diz; sei mleccha—
daquele caudhuri muçulmano; pãya—aos pés.
viéese kãyastha-buddhye antare kare àara
mukhe tarje garje, marite sabhãya antara TRADUÇÃO—Enquanto isso transcorria, Raghunãtha dãsa arquitetava um plano
viéese—especificamente; kãyastha-buddhye—considerado como um kãyastha; para escapar. Então, com muita humildade, ele apresentou o seguinte pedido
antare—dentro de seu coração; kare ãara—fica temeroso; mukhe—com sua boca; aos pés do caudhuri muçulmano.
tarje garje—ameaça; marite—bater; sa-bhaya—temeroso; antara—no coração.
V E R S O 25
T R A D U Ç Ã O — N a verdade, o caudhuri tinha medo de Raghunãtha dãsa, pois
"«riara f»tai, raròi aa carro sl a t i i
Raghunãtha dãsa pertencia à comunidade kãyastha. Embora o agredisse verbal-
mente, o caudhuri tinha medo de espancá-lo. « t l - a t l r a cataai -aaa ^5 a f a t l a *<? a
"ãmãra pitã, jyethã haya tomara dui bhãi
SIGNIFICADO—Raghunãtha dãsa pertencia a uma aristocrática família da comu- bhãi-bhãiye tomara kahiha kara sarvadãi
nidade kãyastha. Ele tinha substancial influência junto ao povo local, e por isso, ãmãra pitã—meu pai; jye(hã—e seu irmão mais velho; haya—são; tomara—teus;
o caudhuri, ou ministro, tinha medo de espancá-lo. Superficialmente, valendo-se dui bhãi—dois irmãos; bhãi-bhãiye—entre irmão e irmão; tomara—todos vós; kalaha
de palavras ameaçadoras, ele castigava Raghunãtha dãsa, mas não lhe batia. Os kara—discutis; sarvadãi—sempre.
membros da comunidade kãyastha na índia são em geral muito inteligentes e hábeis
em negócios aclministrativos. Tradicionalmente, a maioria deles eram funcionários T R A D U Ç Ã O — " M e u caro senhor, tanto meu pai como o irmão mais velho dele
do governo. Foram inclusive citados por Yãjnavalkya, conforme referência de ôrila são teus irmãos. Todos os irmãos sempre estão discutindo por causa de alguma
Bhaktivinoda Thãkura em seu Amrta-pravãha-bhãsya: coisa."
V E R S O 26
cã\a-taskara-durvrttair
mahã-sãhasikãdibhih a^a*ra, a^eiife-lara ati i
pidyamãnã prajã rakset f t f n »|a: faa « t l alai tfa>-&tftf3 a a
kãyasthaié ca viéestah
kabhu kalaha, kabhu priti—ihãra niécaya nãi
Este verso deixa-nos com a impressão de que os funcionários governamentais, kãli punah tina bhãi ha-ibã eka-thãhi
pertencentes à comunidade kãyastha, às vezes puniam os cidadãos, e, desse modo, kabhu—às vezes; kalaha—brigam; kabhu—às vezes; priti—comportamento amigá-
era dever do rei proteger as pessoas em geral das atrocidades dos kãyasthas. Na vel e muito íntimo; ihãra—dessas coisas; niécaya nãi—não há certeza; kãli—no dia
Bengala, a comunidade kãyastha é quase tão honrada quanto a comunidade de seguinte; punah—novamente; tina bhãi— três irmãos; ha-ibã— estarão; eka-thãni—
brãhmanas, mas, no interior da índia, os kãyasthas são considerados éüdrãs devido num lugar.
460 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 6 Verso 32 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 461
T R A D U Ç Ã O — " À s vezes, os irmãos brigam entre si e, outras vezes, têm relações TRADUÇÃO—Ao ouvir a voz suplicante de Raghunãtha dãsa, o coração do muçul-
amistosas. Ninguém sabe quando é que tais mudanças ocorrerão. Assim, tenho mano sensibilizou-se. Ele começou a chorar, e as lágrimas rolaram por sua barba.
certeza de que, embora hoje estejais brigando, amanhã todos vós estareis senta-
dos juntos, pacificamente." V E R S O 30
V E R S O 27 CÍWI a e a , - « « i t f à òm « J à - c a t a "Jas' i
«rtíà cite f*i«ta, bizs estata ama* i affHf çfs-tta. estai' asfà' <CT a a n" * ° n
«itfà cstata tisTj, « f a «trata irapp n v i » mleccha bale,—"ãji haite tumi—mora 'putra'
ãji chãdãimu tomã' kari' eka sütra"
ãmi yaiche pitara, taiche tomara bãlaka mleccha bale—o muçulmano disse; ãji haite—deste dia em diante; tumi—tu; mora
ãmi tomara pãlya, tumi ãmãra pãlaka putra— meu filho; ãji—hoje; chãdãimu tomã'—libertar-te-ei; kari' eka sütra—de algum
ãmi—eu; yaiche—assim como; pitara—de meu pai; taiche—de modo semelhante; jeito.
tomara—teu; bãlaka—filho; ãmi—eu; tomara—tua; pãlya—pessoa que deve ser man-
tida; tumi—tu; ãmãra—meu; pãlaka—tutor. TRADUÇÃO—O caudhuri muçulmano disse a Raghunãtha dãsa: " A partir deste
dia, és meu filho. Hoje darei um jeito de libertar-te."
T R A D U Ç Ã O — " A s s i m como eu sou filho de meu pai, também sou teu filho.
Dependo de ti, e és meu tutor."
V E R S O 31
V E R S O 28
«farta f fàal a a a t t a srtçtaar i
tm a<*Pl 1 t c « w a «tfçps ai a^ata I Üfò anâ' aaatta asfàes ertfàar u «i n
4
f f à a t a i s srta fàarr%'-arra if *v II
ujire kahiyã raghunãthe chãdãila
pãlaka hanã pãlyere tãdite nã yuyãya priti kari' raghunãthe kahite lãgilã
tumi sarva-éãstra jãna 'jindã-pira'-prãya" ujire—ao ministro; kahiyã—falando; raghunãthe chãdãila—libertou Raghunãtha
pãlaka hanã—sendo um tutor; pãlyere—a pessoa que é mantida; fãdífe—punir; dãsa; priti kari'—com muita afeição; raghunãthe—a Raghunãtha dãsa; kahite lãgilã—
nã yuyãya—não é bom; fumi—tu; sarva-éãstra—todas as escrituras; jãna—conheces; começou a dizer.
jindã-pira—um santo vivo; prãya—tal qual.
TRADUÇÃO—Após informar ao ministro, o caudhuri libertou Raghunãtha dãsa
T R A D U Ç Ã O — " U m tutor punir a pessoa que ele mantém não é muito bom. És e, em seguida, cheio de afeição, começou a falar para ele.
entendido em todas as escrituras. Na verdade, és como um santo vivo."
V E R S O 29 V E R S O 32
T R A D U Ç Ã O — " O irmão mais velho de teu pai é pouco inteligente", disse ele. "Ele TRADUÇÃO—Dessa maneira, Raghunãtha dãsa passou um ano vivendo tal qual
tem 800.000 moedas, mas, como também sou um sócio, ele deveria dar-me uma um negociante de primeira classe, mas, no ano seguinte, novamente decidiu sair
parte disto." de casa.
V E R S O 36
V E R S O 33
atoa «f$' tfcasai efàal ->MM i
ata fj3f, c«rata csnfctca falira «rtatta i ga bac« f»t«i <$tca «itfaei afàal n II
ca-acs « r a aa a*a*a, « t a f à ^ «Tca II «•o n ráfre uthi' eAreiã calilã palãhã
yãha tumi, tomara jyethãre milãha ãmãre dura haite pitã tãhre ãnila dhariyã
ye-mate bhãla haya karuna, bhãra diluh tãhre rãtre—à noite; uthi'—levantando-se; ekelã—sozinho; calilã—partiu; palãhã—fu-
yãha—vai; tumi—tu; tomara—teu; jyefhãre—o irmão mais velho de teu pai; milãha gindo; dura haite—de um lugar distante; pitã—seu pai; tãhre—a ele; ãnila—trouxe
de volta; dhariyã— pegando.
ãmãre—arranja um encontro comigo; ye-mate—qualquer que seja; bhãla—bom;
haya—é; karuna—que ele faça; bhãra diluh tãhre—dependerei por completo dele.
TRADUÇÃO—Certa noite, levantando-se sozinho, ele partiu, mas, quando já ia
TRADUÇÃO—"Agora vai e arranja um encontro entre mim e teu tio. Que ele faça bem longe, seu pai capturou-o e trouxe-o de volta.
o que mais lhe aprouver. Dependerei por completo da decisão que ele tomar."
V E R S O 37
VERSO 34
isaacs arca arca »rara, afã' «rrca i
aaata »atfa' «ca cmfa* raafaet i «ca « t a arai a*ca « r a f»t«i aca II -01 11
OTO-afà^ aa tei-aa a t « c a i n « 8 n
ei-mate bãre bãre palãya, dhari' ãne
raghunãtha ãsi' tabe jyethãre milãilã tabe tãhra mãtã kahe tãhra pitã sane
mleccha-sahita vasa kaila—saba santa haila ei-mate—dessa maneira; bãre bãre—repetidas vezes; palãya—foge; dhari' ãne—trá-lo
raghunãtha—Raghunãtha dãsa; ãsi'—vindo; tabe—então; jyethãre milãilã—provi- de volta; tabe—então; tãhra mãtã—sua mãe; kahe—tala; tãhra pitã sane—com seu pai.
denciou um encontro entre o caudhuri e o irmão mais velho de seu pai; mleccha-
sahita—com o muçulmano; vasa kaila—resolveu; suba—tudo; Santa haila—ficou TRADUÇÃO—Este episódio passou a ocorrer quase todos os dias. Raghunãtha
pacífico. fugia de casa e seu pai trazia-o de volta. Então, a mãe de Raghunãtha dãsa falou
ao pai deste.
TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa providenciou o encontro entre seu tio e o caudhuri. V E R S O 38
Ele resolveu o problema e tudo transcorreu pacificamente.
"*tai 'ai«»i' aaa, aara araa arfãiaf i
VERSO 35 «ra f<t«i a*ca «Tca fàfán a<#l II n
taaas aaatcaa a«.acaas et*! i "putra 'bãlula' ha-ila, ihãya rãkhaha bãndhiyã"
tãhra pitã kahe tare nirvinna hanã
fàira a%aca isrtacs aa cm \\ - « « 1 1 putra—filho; bãtula ha-ila—enlouqueceu; ihãya—a ele; rãkhaha bãndhiyã—mantém
ei-mata raghunãthera vatsareka gela preso por cordas; tãhra pitã—seu pai; kahe—diz; tare—a ela; nirvinna hanã— sentindo-
se muito triste.
dvitiya vatsare palãite mana kaila
ei-mata—dessa maneira; raghunãthera—de Raghunãtha dãsa; vatsareka—um ano;
gela—passou; dvitiya vatsare—no ano seguinte; palãite—sair de casa; mana kaila— TRADUÇÃO—"Nosso filho está louco", disse ela. "Mantém-no preso por cordas."
decidiu. Seu pai, sentindo-se muito triste, disse-lhe o seguinte.
464 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 44 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 465
V E R S O 39 VERSO 42
TRADUÇÃO—"Raghunãtha dãsa, nosso filho, tem as mesmas opulências de Indra, TRADUÇÃO—Então, Raghunãtha dãsa ponderou algo em sua mente, e, no dia
o rei dos céus, e sua esposa é tão bela quanto um anjo. Não obstante, sua mente seguinte, foi encontrar-se com Nityãnanda Gosãni.
não se prendeu a nada disso."
V E R S O 43
VERSO 40
»ttfàçifi>-attra «tra>ri « t « a wa«ii i
( f f e a U i r a <$fra a t f à a l r a i C S ? # t « i T a i w i r a «rta a e s f i 118-» u
s f m r s l f*t<5l a t r a '<st5i«' *mrlr,« H s« u
pãnihãti-grãme pãilã prabhura daraéana
dadira bandhane tãnre rãkhibã ke-mate? kirtaniyã sevaka sahge ãra bahu-jana
janma-dãtã pitã nãre 'prãrabdha' khandãite pãnihãti-grãme—na aldeia conhecida como Pãnihãti; pãilã—obteve; prabhura dara-
dadira bandhane—por laços de cordas; tãhre—a ele; rãkhibã— manterás; ke-mate— éana—a audiência de Nityãnanda Prabhu; kirtaniyã sevaka—executores de sahkirtana
como; janma-dãtã pitã—o pai que gera o filho; «are—não é capaz; prãrabdha—a reação e servos; sahge—com; ãra—e; bahu-jana—muitas outras pessoas.
às atividades anteriores; khandãite—de anular.
TRADUÇÃO—Na aldeia de Pãnihãti, Raghunãtha dãsa conseguiu uma audiência
T R A D U Ç Ã O — " C o m o , então, poderíamos manter esse rapaz em casa, amarrado com Nityãnanda Prabhu, que Se fazia acompanhar de muitos executores de
em cordas? Nem mesmo o pai tem o poder de anular as reações das atividades kirtana, servos e outras pessoas.
passadas de algum filho s e u . "
V E R S O 44
V E R S O 41
a w t f t r a f^-1^91 f » t « t a « i r a i
foaaiÇ&Ha f <tl ç t f t f r a t * 5 t r a I a f i a t r a i - r a i ra^ i d t i a a ^ a ii 88 n
frssaieçaa ' i f f f i ' Cf a t r a r a » t t r a f n 81 n
gangã-tire vrksa-müle pindãra upare
caitanya-candrera krpã hahãche ihhãre vasiyãchena—yena ko(i süryodaya kare
caitanya-candrera 'bãtula' ke rãkhite pare?" gangã-tire—às margens do Ganges; vrksa-müle—debaixo de uma árvore; pindãra
caitanya-candrera—do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; krpã—misericórdia; upare—sobre uma pedra; vasiyãchena—estava sentado; yena—como se; kotisürya—
hahãche ihhãre—foi-lhe outorgada; caitanya-candrera—do Senhor Sri Caitanya Maha- centenas de milhares de sóis; udaya kare—nascem.
prabhu; bãtula—louco; ke—quem; rãkhite pare—pode manter.
TRADUÇÃO—Sentado numa pedra, sob uma árvore às margens do Ganges, o
T R A D U Ç Ã O — " O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu deu Sua plena misericórdia Senhor Nityãnanda parecia tão refulgente quanto centenas e milhares de sóis
a ele. Quem pode prender em casa semelhante louco de Caitanyacandra?" nascentes.
466 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 50 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 467
V E R S O 45 V E R S O 48
T R A D U Ç Ã O — A o ouvir isto, o Senhor Nityãnanda Prabhu disse: " É s um ladrão. TRADUÇÃO—"És exatamente como um ladrão, pois, ao invés de te aproximares,
Agora vens Me ver. Vem cá, vem cá. Hoje castigar-te-ei!" ficas num lugar distante. Agora que te capturei, vou punir-te."
468 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 6 Verso 56 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 469
VERSO 51 V E R S O 54
T R A D U Ç Ã O — " F a z e um festival e alimenta todos os Meus companheiros com T R A D U Ç Ã O — T ã o logo tomaram conhecimento de que estava sendo promovido
iogurte e arroz frito." Ao ouvir isso, Raghunãtha dãsa ficou imensamente sa- um festival, todas as classes de brãhmanas e outros cavalheiros começaram a
tisfeito. chegar. Dessa maneira, havia inúmeras pessoas.
V E R S O 52 VERSO 55
TRADUÇÃO—Imediatamente, Raghunãtha dãsa enviou seus próprios homens à TRADUÇÃO—Ao ver a multidão crescer, Raghunãtha dãsa deu um jeito de conse-
aldeia para comprar todas as espécies de comestíveis e trazê-los consigo. guir mais mantimentos de outras aldeias. Ele trouxe também cerca de duzentos
a quatrocentos grandes potes de barro, redondos.
V E R S O 53
V E R S O 56
fasl, afà, g « , i w r , «rrs f ã f i , « w l i as as «A^foasl «rtataX «fia i r e s i
ia orai <ertit<ípl cstfàcas a f à n i i « « II •ais fàat ta^ertfà' f s s l ftstjta s r e s n««. n
rida, dadhí, dugdha, sandeéa, ãra cini, kalã bada bada mrt-kundikã ãnãila pãhca sãte
saba dravya ãnãhã caudike dharilã eka vipra prabhu lãgi' cidã bhijãya tãte
cidã—arroz frito; dadhi—iogurte; dugdha—leite; sandeéa—doces; ãra—e; cini— bada bada—grandes, grandes; mrt-kundikã—potes de barro; ãnãila—deu um jeito
açúcar; kalã—banana; saba—todos; dravya—ingredientes; ãnãhã—fazendo com que de trazerem; pãíica safe—cinco ou sete; eka vipra—um brãhmana; prabhu lãgi'—para
trouxessem; cau-dike—por toda a volta; dharilã— manteve. Nityãnanda Prabhu; cidã—o arroz frito; bhijãya—embebeu; fãfe—naqueles.
V E R S O 57 V E R S O 60
ifl^frrRw «^-$t« fèsi f«srt<íPi i çasal-sica a« «rça fã»ac*i.
WBfà Wts»l f Ri, fcfà, awrl fàal n si II a<s a<? citas afà»f1 a^lt-asca n i>°
eka-thãni tapta-dugdhe cidã bhijãnã cabutarã-upare yata prabhura nija-gane
ardheka chânila dadhi, cini, kalã diyã
eka-thãni—num lugar; tapta-dugdhe—no leite quente; cida—o arroz frito; bhijãnã— bada bada loka vasilã mandali-racane
mergulhando; ardheka—metade dele; chãnila—misturou-se; dadhi— iogurte; cini—
cabutarã-upare—na plataforma elevada; yata—todos; prabhura nija-gane—associa-
dos muito íntimos do Senhor; bada bada loka—grandes, grandes pessoas; vasilã—
açúcar; kalã—bananas; diyã— introduzindo.
sentaram-se; mandali-racane—em um círculo.
T R A D U Ç Ã O — E m um canto, o arroz frito foi mergulhado no leite quente de cada TRADUÇÃO—Nesta plataforma, todos os mais importantes companheiros de Sri
um dos grandes potes. Então, misturou-se a metade do arroz com iogurte, açúcar Nityãnanda Prabhu, bem como outros homens importantes, sentaram-se forman-
e bananas. do um círculo em torno do Senhor.
V E R S O 58
V E R S O 61
«ris «teia* aatas-srara stfãa i
5 WHTl, ffefà, f5, a^já <5tra fãfST II II ata»ra, saRrtaat, ara-aawa i
ãra ardheka ghanãvrta-dugdhete chãnila ajgíft» araaraa, aatfãa, *3a««ra n *s n
cãhpã-kalã, cini, ghrta, karpüra tãte dila rãmadãsa, sundarãnanda, dãsa-gadãdhara
ãra ardheka—a outra metade; ghana-ãvxta—condensado; dugdhete—no leite; c/iã- murãri, kamalãkara, sadãéiva, purandara
m/a—misturou-se; cãhpã-kalã—um tipo especial de banana; rim—açúcar; ghrta— rãmadãsa—Rãmadãsa; sundarãnanda—Sundarãnanda; dãsa-gadãdhara—Gadãdhara
manteiga clarificada, ghi; karpüra—cânfora; fãfe dila—jogados dentro disto. dãsa; murãri—Murãri; kamalãkara—Kamalãkara; sadãêiva—Sadãsiva; purandara—
Purandara.
TRADUÇÃO—Misturou-se a outra metade com leite condensado e um tipo especial
de banana conhecida como cãhpã-kalã. Então, acrescentou-se açúcar, manteiga TRADUÇÃO—Dentre eles estavam Rãmadãsa, Sundarãnanda, Gadãdhara dãsa,
clarificada e cânfora. Murãri, Kamalãkara, Sadãsiva e Purandara.
V E R S O 59
V E R S O 65
V E R S O 63
st ftqrftvl nfi «cie* ft»! i
Üstai ifin i*, C ^ P fca -««ti ? * « I I tf Cf t*fffl> «uca tftftvi tei II II
uddhãrana datta ãdi yata nija-gana dui dui mrt-kundikã sabãra ãge dila
upare vasilã saba, ke kare ganana? eke dugdha-cidã, ãre dadhi<idã kaila
uddhãrana daria—Uddhãrana Datta; ãdi—e outras pessoas do mesmo quilate; yafa dui dui—de dois em dois; mrt-kundikã—potes de barro; sabãra ãge—diante de
nija-gana—todos os associados pessoais; upare—acima; vasilã—sentados; saba— todos; dila—oferecidos; eke—em um; dugdha-cidã— arroz frito com leite condensado;
todos; ke—quem; kare ganana—pode contar. ãre—no outro; dadhi-cidã—arroz frito com iogurte; kaila—colocados.
T R A D U Ç Ã O — D o mesmo modo, Uddhãrana Datta Thãkura e muitos outros com- T R A D U Ç Ã O — C a d a pessoa recebeu dois potes de barro. Num deles, colocou-se
panheiros pessoais do Senhor, juntamente com Nityãnanda Prabhu, sentaram-se arroz frito e leite condensado, e no outro, arroz frito e iogurte.
na plataforma elevada. Ninguém podia determinar quantos havia ao todo.
V E R S O 66
SIGNIFICADO—Em seu Anubhãsya, SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura descre- «ii? i« citf 11 csís?i-«mci I
ve os devotos mencionados nesta passagem. Para maiores informações, podem-se iflll, «11 «1 55 t«tC1 II II
consultar as seguintes referências do Ãdi-lila. Rãmadãsa — Décimo Capítulo, versos
116 e 118; e Décimo Primeiro Capítulo, versos 13 e 16. Sundarãnanda — 11.23. ãra yata loka saba cotarã-talãne
Gadãdhara dãsa — 10.53, 11.13-14 e 11.17. O Murãri mencionado não é Murãri mandali-bandhe vasilã, tara nã haya ganane
Gupta. Seu nome completo é Murãri Caitanya dãsa, e ele é um companheiro ãra—outras; yata—tantas quantas; loka—pessoas; saba—todas; cotarã-talãne—na
pessoal de Nityãnanda Prabhu. Por isso, deve-se consultar o Décimo Primeiro base da plataforma; mandali-bandhe—em grupos; vasilã—sentaram-se; tara—delas;
Capítulo, verso 20. Kamalãkara — 11.24. Sadãáiva — 11.38. Purandara —11.28. nã haya ganane—não havia como fazer a contagem.
Dhananjaya — 11.31. Jagadisa — 11.30. Parameávara — 11.29. Maheáa —11.32.
Gauridãsa — 11.26. Hoda Krsnadãsa — 11.47. Uddhãrana Datta Thãkura —11.41. TRADUÇÃO—Todas as outras pessoas sentaram-se em grupos ao redor da plata-
forma. Ninguém podia contar quantas pessoas havia ali.
V E R S O 64 V E R S O 67
éuni' pandita bhattãcãrya yata vipra ãilã ekeka janãre dui dui holnã dila
mãnya kari' prabhu sabãre upare vasãilã dadhi-cidã dugdha-cidã, duite bhijãila
éuni'—ouvindo; pandita bhattãcãrya—acadêmicos eruditos e sacerdotes; yafa— ekeka janãre—para cada um deles; dui dui—de dois em dois; holnã dila—fornece-
todos; vipra—brãhmanas; ãilã—vieram; mãnya kari'—honrando; prabhu—o Senhor ram-se potes de barro; dadhi-cidã—arroz frito com iogurte; dugdha<idã—arroz frito
Nityãnanda Prabhu; sabãre—a todos eles; upare vasãilã—deu um assento elevado. com leite condensado; duite— nos dois potes; bhijãila—foram mergulhados.
VERSO 68 V E R S O 71
tona kona vipra upare sthãna nã pãnã hena-kãle ãilã tathã rãghava pandita
dui holnãya cidã bhijãya gangã-tire giyã hãsite lãgilã dekhi' hanã vismita
kona tona—alguns; vipra—brãhmanas; upare—na plataforma; sthãna nã pãnã—não hena-kãle—nessa altura; ãilã—chegou; tathã—ali; rãghava pan4ita—o grande aca-
conseguindo um lugar; dui holnãya—em dois potes de barro; cidã bhijãya—mer- dêmico chamado Rãghava Pandita; rtãsife lãgilã—pôs-se a rir; dekhi'—ao ver; hanã
gulham arroz frito; gangã-tire—às margens do Ganges; giyã—indo. vismita—ficando espantado.
TRADUÇÃO—Alguns brãhmanas, não encontrando espaço na plataforma, pega- TRADUÇÃO—Foi então que Rãghava Pandita chegou ali. Ao ver a situação, pôs-se
ram seus dois potes de barro e dirigiram-se às margens do Ganges onde embe- a rir com muita surpresa.
beram seu arroz frito.
VERSO 72
VERSO 69
fã-aasf? aíata« «tara «ilfai i
«Ica ata ai «tMíii «lia a*« «a i « f ç i «rtdt fãai w H c i a"tfc f>a n u
wca arffà' ffft-fesi spaca «a*t n II
ni-sakdi nãnã-mata prasãda ãnila
tire sthãna nã pãnã ãra kata jana prabhure ãge diyã bhakta-gane bãhti dila
jale nãmi' dadhi-cidã karaye bhaksana ni-sakdi—alimento cozido no ghi; nãnã-mata—diversas espécies; prasãda—restos
tire— na margem; sthãna—lugar; nã pãnã—não conseguindo; ãra—outras; kata— do alimento do Senhor; ãnila—ele trouxe; prabhure ãge—perante o Senhor Nityã-
algumas; jana—pessoas; jale nãmi'—entrando na água; dadhi-cidã—iogurte e arroz nanda; diyã—colocando; bhakta-gane—a todos os devotos; bãhti dila—distribuiu.
frito; karaye bhaksana—puseram-se a comer.
TRADUÇÃO—Ele trouxe muitas outras espécies de alimentos cozidos no ghí e ofe-
T R A D U Ç Ã O — O u t r o s , que nem sequer conseguiram um lugar na margem do recidos ao Senhor. Primeiro, colocou essa prasãda diante do Senhor Nityãnanda,
Ganges, adentraram o rio e puseram-se a comer suas duas classes de arroz frito. e então distribuiu-a para os devotos.
V E R S O 70 V E R S O 73
TRADUÇÃO—Portanto, alguns sentaram-se na plataforma, outros, na base da pla- TRADUÇÃO—Rãghava Pandita disse ao Senhor Nityãnanda: " E m prol de Ti,
taforma e mais outros, na margem do Ganges, e os vinte homens que serviam Senhor, acabo de oferecer alimento à Deidade, mas participas de um festival
a comida supriam dois potes a cada uma das pessoas ali presentes. aqui, de sorte que o alimento ainda está lá, intacto."
476 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 79 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 477
VERSO 7 4 VERSO 7 7
prabhu kahe, —"e-dravya dine kariye bhojana sakala-lokera cidã puma yabe ha-ila
rãtrye tomara ghare prasãda karimu bhaksana dhyãne tabe prabhu mahãprabhure ãnila
prabhu kahe—o Senhor Nityãnanda Prabhu disse; e-dravya—esta comida; dine— sakala-lokera—de todos; cidã—arroz frito; pürna—completo; yabe—quando; ha-ila—
durante o dia; kariye bhojana—deixa Eu comer; rãtrye—à noite; tomara ghare—em estava; dhyãne—em meditação; fabe—nessa altura; prabhu—o Senhor Nityãnanda
tua casa; prasãda—a prasãda; karimu bhaksana—comerei. Prabhu; mahãprabhure ãnila—trouxe Sri Caitanya Mahaprabhu.
TRADUÇÃO—O Senhor Nityãnanda retorquiu: "Deixa Eu comer toda esta refeição TRADUÇÃO—Após terem todos recebido seu arroz frito, o Senhor Nityãnanda
aqui durante o dia, e à noite comerei em tua c a s a . " Prabhu, em meditação, trouxe o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu.
VERSO 7 5 VERSO 7 8
gopa-jãti ãmi bahu gopa-gana sahge mahaprabhu ãilã dekhi' nitãi uthilã
ãmi sukha pãi ei pulina-bhojana-rahge" tãhre lahã sabãra cidã dekhite lãgilã
gopa-jãti—pertencente à comunidade de vaqueirinhos; ãmi—Eu; bahu—muitos; mahaprabhu—-Sri Caitanya Mahaprabhu; ãilã—veio; dekhi'—ao ver; nitãi—o
gopa-gana—vaqueirinhos; sahge—com; ãmi—Eu; sukha pãi—fico muito feliz; ei—isto; Senhor Nityãnanda; uthilã—levantou-Se; fõnre lahã—com Ele; sabãra—de todos;
pulina—à margem do rio; bhojana-rahge—no prazer de comer. cidã—arroz frito; dekhite lãgilã—puseram-Se a ver.
TRADUÇÃO—"Pertenço à comunidade dos vaqueirinhos, e por isso estou sempre TRADUÇÃO—Quando á r i Caitanya Mahaprabhu chegou, o Senhor Nityãnanda
acompanhado de muitos companheiros vaqueiros. Fico feliz quando, juntos, Prabhu levantou-Se. Então, Eles viram como os outros desfrutavam do arroz frito,
participamos dum piquenique como este, comendo na areia às margens do rio." misturado com iogurte e leite condensado.
VERSO 7 6 VERSO 7 9
ataca aat-wi ga ^ c a « a i * > r l i
aas*r aj-fta, cafjafa festa «aa* <£& alta i
a t a a f à f à a f ã « i « t t « fãswiaarl n «
a a t a f f a ara r a a a # ' t f à a t a n i » n
rãghave vasãhã dui kundí deoyãilã
rãghava dvividha cidã tãte bhijãila sakala kundira, holnãra cidãra eka eka grãsa
rãghave—Rãghava Pandita; vasãhã—fazendo c o m que se sentasse; dui—dois; mahãprabhura mukhe dena kari' parihãsa
kundí— potes de barro; deoyãilã—providenciou que se lhe entregassem; rãghava— sakala kundira—de todos os potes; holnãra—dos potes gigantescos; cidãra—de arroz
Rãghava Pandita; dvi-vidha—duas categorias; cidã—arroz frito; tãte—neles; bhijãila— frito; eka eka grãsa—um punhado; mahãprabhura mukhe—dentro da boca de Srí
mergulhado. Caitanya Mahaprabhu; dena—coloca; kari' parihãsa—fazendo uma brincadeira.
TRADUÇÃO—Fazendo com que Rãghava Pandita se sentasse, o Senhor Nityã- T R A D U Ç Ã O — C o m o divertimento, o Senhor Nityãnanda Prabhu pegava de cada
nanda também providenciou que se lhe entregassem dois potes. Havia duas pote um punhado de arroz frito e empurrava-o na boca de á r i Caitanya Maha-
categorias de arroz frito neles mergulhado. prabhu.
478 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 85 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 479
VERSO 80 V E R S O 83
T R A D U Ç Ã O — T a m b é m sorrindo, Srí Caitanya Mahaprabhu pegou um punhado T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , Nityãnanda Prabhu sorriu e sentou-Se. À Sua direita, Ele
de comida, empurrou-a para dentro da boca do Senhor Nityãnanda e ria à medida conservava quatro potes de arroz frito que não fora feito do arroz cozido.
que fazia o Senhor Nityãnanda comê-la.
VERSO 84
V E R S O 81
«rt*ra fàal aatatfca « t t i aatàsrl i
•saas fàsra a_ç-a aa>sj aísrat i $à « i a «ca Í551 araes itfàsrt II t-a u
araram aa raca rawã aasca II b-i II
ãsana diyã mahãprabhure tãhãh vasãilã
ei-mata nitãi bule sakala mandale dui bhãi tabe cidã khãite lãgilã
dãndãhã rahga dekhe vaisnava sakale ãsana diyã—oferecendo um assento; mahãprabhure—a Sri Caitanya Mahaprabhu;
ei-mata—dessa maneira; nifãí bule—o S e n h o r Nityãnanda passeava; sakala tãhãh—ali; vasãilã—fez sentar-Se; dui bhãi—os dois irmãos; tabe—nessa altura; cidã—
mandale—por todos os grupos; dãndãhã—de pé; rahga dekhe—vêem a brincadeira; arroz frito; khãite lãgilã—passaram a comer.
vaisnava sakale—todos os Vaisnavas.
TRADUÇÃO—Oferecendo um lugar a Sri Caitanya Mahaprabhu, o Senhor Nityã-
TRADUÇÃO—Dessa maneira, o Senhor Nityãnanda passeava por todos os grupos nanda fê-lO sentar-Se. Então, juntos, os dois irmãos passaram a comer arroz frito.
de comensais, e todos os Vaisnavas ali acomodados ficavam vendo a diversão.
V E R S O 85
VERSO 82
W fajriyã bedãya, —ihã keha nãhi jãne dekhi' nityãnanda-prabhu ãnandita hailã
mahãprabhura daréana pãya kona bhãgyavãne kata kata bhãvãveéa prakãéa karilã
ki kariyã—o que fazia; bedãya—perambula; ihã—isto; keha nãhi jãne—ninguém dekhi'—vendo; nityãnanda-prabhu—o Senhor Nityãnanda Prabhu; ãnandita hailã—
podia entender; mahãprabhura daréana pãya—vêem Sri Caitanya Mahaprabhu; kona ficou muito feliz; kata kata—demasiado; bhãva-ãveéa—amor extático; prakãéa karilã—
bhãgyavãne—alguns homens afortunados. manifestou.
T R A D U Ç Ã O — N i n g u é m podia compreender o que Nityãnanda Prabhu fazia en- T R A D U Ç Ã O — A o ver o Senhor Caitanya Mahaprabhu comendo a Seu lado, o
quanto perambulava. Entretanto, alguns que eram muito afortunados puderam Senhor Nityãnanda Prabhu ficou muito feliz e manifestou diferentes variedades
de amor extático.
ver que o Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu também estava presente.
480 Sri Caitanya-caritãmrta Verso 91 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 481
Antya-lilã, 6
V E R S O 86 V E R S O 89
T R A D U Ç Ã O — O Senhor Nityãnanda Prabhu ordenou: "Todos comei, cantando T R A D U Ç Ã O — Q u e m pode compreender a influência e a misericórdia do Senhor
o santo nome de Hari." Imediatamente os santos nomes "Hari, Hari" retumbaram, Nityãnanda Prabhu? Ele é tão poderoso que induz o Senhor Sri Caitanya Maha-
enchendo o universo inteiro. prabhu a vir até à margem do Ganges para comer arroz frito.
V E R S O 87
VERSO 90
'afã' 'afã' afôr | C P Í arara ra>ts?a i
^fèra-rasrafa aara a a i raa«i n v-s n % t a « t a t f à c t m c«ratfàè \m\ i
aatátoa raaai-ifèra' « r a ra*rl u &• n
'hari' 'hari' bali' vaisnava karaye bhojana
pulina-bhojana sabãra ha-ila smarana éri-rãmadãsãdi gopa premãvista hailã
hari hari bali'—cantando Hari, Hari; vaisnava—todos os Vaiçnavas; karaye bhojana— gangã-tire 'yamunã-pulina' jhãna kailã
comem; pulina-bhojana—comendo à margem do Yamunã; sabãra ha-ila smarana— éri-rãmadãsa-ãdi—encabeçados por Sri Rãmadãsa; gopa—os vaqueirinhos; prema-
todos puderam lembrar-se. ãvísta hailã—ficaram absortos em amor extático; gahgã-tire—a margem do rio
Ganges; yamunã-pulina—a margem do rio Yamunã; jhãna kailã—pensaram.
TRADUÇÃO—Enquanto cantavam os santos nomes "Hari, Hari" e comiam, todos
os Vaiçnavas lembraram-se de como Krçna e Balarãma, à margem do Yamunã, TRADUÇÃO—Todos os devotos íntimos que eram vaqueirinhos, encabeçados por
comiam com Seus companheiros, os vaqueirinhos. Sri Rãmadãsa, ficaram absortos em amor extático. Pensavam que a margem do
Ganges era a margem do Y a m u n ã .
V E R S O 88
V E R S O 91
fàsjrara a a j í « f $ - $ 4 r i j forra i
aaratraa «tct.i 4 3 cawri « I É Í M É 11 w « arateaa *sfà' tarfã arai-atra caos i
fàçt, afã, arara, a*ai artfaat rafãc<5 II si H
nityãnanda mahaprabhu—krpãlu, udãra
raghunãthera bhãgye eta kailã ahgikãra mahotsava éuni' pasãri nãnã-grãma haite
nityãnanda mahaprabhu—o Senhor Nityãnanda Prabhu e o Senhor Sri Caitanya cidã, dadhi, sandeéa, kalã ãnila vecite
Mahaprabhu; krpãlu—misericordiosos; udãra—liberais; raghunãthera bhãgye—vela mahotsava suni'—ouvindo sobre esse festival; pasãri—os comerciantes; nãnã-
grande fortuna de Raghunãtha dãsa; eta—tudo isso; kailã ahgikãra—Eles aceitaram. grãma— diversas aldeias; haite—de; cidã— arroz frito; dadhi—iogurte; sandeéa—doces;
kalã—bananas; ãnila—trouxeram; vecite—para vender.
T R A D U Ç Ã O — S r i Caitanya Mahaprabhu e o Senhor Nityãnanda Prabhu são ex-
tremamente misericordiosos e liberais. Foi boa fortuna de Raghunãtha dãsa que T R A D U Ç Ã O — A o ficarem sabendo sobre o festival, os comerciantes de muitas
Eles tenham aceitado toda essa experiência. outras aldeias chegaram ali para vender arroz frito, iogurte, doces e banana.
482 Sn Caitanya-caritãmrta Verso 97 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 483
Antya-lilã, 6
V E R S O 92 VERSO 95
«rs aaj Bi^jsi wtàci, aa ifn asfà' era i «rra f%i fRrert «sacia fsa i
5
sra aai sjfn fàal ststca itsara n a% n airci-arci asfà' fa« ia «cs fàa 11 &<t n
yata dravya latia ãise, saba mülya kari' laya ãra tina kundikãya avaéesa chila
tara dravya mülya diyã tãhãre khãoyãya grãse-grãse kari' vipra saba bhakte dila
yata dravya—todos os víveres; lahã—trazendo; ãise—vêm; saba—tudo; mülya kari' ãra—outros; tina kundikãya—em três potes; avaéesa chila—havia comida sobrando;
laya—Raghunãtha comprava; fãra dravya—de sua mercadoria; mülya diyã—dando grãse-grãse—aos punhados; kari'—dando; vipra—um brãhmana; saba bhakte—a todos
o preço; tãhãre khãoyãya—alimentava-os. os devotos; dila—entregou.
TRADUÇÃO—À medida que chegavam, trazendo todas as espécies de víveres, TRADUÇÃO—Ainda havia comida sobrando nos três outros potes grandes do
Raghunãtha dãsa comprava-lhes tudo. Pagava-lhes a mercadoria, e, mais tarde, Senhor Nityãnanda, e um brãhmana distribuiu-a para todos os devotos, dando
alimentava-os com a mesmíssima comida. um punhado para cada um.
V E R S O 93 VERSO 96
cangas cwfàra WTT»! a « JT5 SFL | ^iferl fàal iffà' «ç-aca fã»! i
cià ftf I» afã, issii asfài < 8 * F « I II Ni n 5iw «atfàal «ffa iate» ceifai 11 s>* li
kautuka dekhite ãila yata yata jana puspa-mãlã vipra ãni' prabhu-gale dila
sei cidã, dadhi, kalã karilã bhaksana candana ãniyã prabhura sarvãhge lepila
kautuka—essas diversões; dekhite—para ver; ãifa—chegavam; yato yafu jana—todas puspa-mãlã—uma guirlanda de flores; vipra—um brãhmana; ãni'—trazendo; prabhu-
as espécies de homens; sei—eles; cidã—arroz frito; dadhi—iogurte; kalã—bananas; gale—no pescoço do Senhor Nityãnanda Prabhu; dila—colocou; candana ãniyã—
karilã bhaksana—comiam. trazendo polpa de sândalo; prabhura—do Senhor Nityãnanda Prabhu; sarvãhge
lepila—passou por todo o corpo.
TRADUÇÃO—Qualquer pessoa que viesse ver esses divertimentos a se desenrolar
era, também, alimentada com arroz frito, iogurte e bananas. TRADUÇÃO—Então, um brãhmana trouxe uma guirlanda de flores, colocou a guir-
landa no pescoço de Nityãnanda Prabhu e passou polpa de sândalo por todo
V E R S O 94 o Seu corpo.
V E R S O 97
cvrsra asfà' fàsjtm «IIBII teu i
atfà asíFta «npM í^tW fàn 11 as u caaas çfrm I < Í J » 1 assa ii<«l i
atfial arfàai «^ a*aca sai 11 si II
bhojana kari' nityãnanda ãcamana kailã
cãri kundira avaéesa raghunãthe dilã sevaka tãmbüla lahã kare samarpana
bhojana kari'—após terminar de comer; nityãnanda—Nityãnanda Prabhu; ãcamana hãsiyã hãsiyã prabhu karaye carvana
kailã—lavando as mãos e a boca; cãri kundira—dos quatro potes; avaéesa—todo o sevaka—servo; tãmbüla—nozes de bétel; lahã—trazendo; kare samarpana—oferece;
resto de comida; raghunãthe dilã—deu a Raghunãtha dãsa. hãsiyã hãsiyã—sorrindo; prabhu—o Senhor Nityãnanda Prabhu; karaye carvana—
mastiga.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s terminar de comer, o Senhor Nityãnanda Prabhu lavou as T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o um servo trouxe nozes de bétel e ofereceu-as ao Senhor
mãos e a boca e deu a Raghunãtha dãsa tudo o que ainda restava nos quatro potes. Nityãnanda, o Senhor, sorrindo, mastigou-as.
484 -Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 103 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 485
V E R S O 98 V E R S O 101
1 t 1 1 - 5 ^ l ^ t ' í ? T C11 d T t f è l |
! etÇfiatti i f à fài-c*ti cm i
« f f . « N IIPPira A\fc f w i n II a t i a - i f r â r a « r a f i « i yftfàm u 1 = 1 1
mãlã-candana-tãmbüla sesa ye ãchilã prabhu viérãma kailã, yadi dina-éesa haila
éri-haste prabhu tãhã sabãkãre bãhti' dila rãghava-mandire tabe kirtana ãrambhila
mãlã-candana-tãmbüla—as guirlandas de flores, a polpa de sândalo e as nozes de prabhu—Nityãnanda Prabhu; viérãma kailã— descansou; yadi—quando; dina-éesa
bétel; sesa ye ãchilã—todas que sobraram; érí-haste—com Sua própria mão; prabhu— haila—o dia terminou; rãghava-mandire—ao templo de Rãghava Pandita; tabe—nesse
Nityãnanda Prabhu; fãhã—isso; sabãkãre—para todos; íwwíi' di7a—distribuiu. momento; kirtana ãrambhila—iniciou o canto congregacional do santo nome.
T R A D U Ç Ã O — C o m Suas próprias mãos, o Senhor Nityãnanda Prabhu distribuiu TRADUÇÃO—Nityãnanda Prabhu descansou o resto do dia e, ao término do dia,
para todos os devotos todas as guirlandas de flores, polpa de sândalo e nozes Ele foi para o templo de Rãghava Pandita onde deu inicio ao canto congregacional
de bétel que sobraram. do santo nome do Senhor.
V E R S O 102
VERSO 99
na mmm fmfím*sn 1
«itifàra t g p w « J p ' r a i ' »ti<a»i i C*(P f s j TO srf«. « f i t a 1 1 S m
« a t i n a * H W •rrttil í f í N l ii s* n
bhakta saba nãcãhã nityãnanda-rãya
ãnandita raghunãtha prabhura 'sesa' pãnã éese nrtya kare preme jagat bhãsãya
ãpanãra gana-saha khãilã bãhfiyã bhakta saba—todos os devotos; nãcãhã— fazendo dançar; nityãnanda-rãya—o
ãnandita—estando muito feliz; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; prabhura sesa pãnã— Senhor Nityãnanda Prabhu; éese— no final; nrfya kare—passou a dançar; preme—
após receber os restos deixados pelo Senhor Nityãnanda Prabhu; ãpanãra gana— com amor extático; jagat bhãsãya—inundou o mundo inteiro.
seus próprios companheiros; saha—com; khãilã—comeu; bãhfiyã—distribuindo.
TRADUÇÃO—O Senhor Nityãnanda Prabhu primeiro incentivou que todos os de-
TRADUÇÃO—Após receber os restos da comida deixados pelo Senhor Nityãnanda votos dançassem, e, por fim, Ele m e s m o passou a dançar, inundando assim o
Prabhu, Raghunãtha dãsa, que estava imensamente feliz, comeu um pouco e mundo inteiro com a m o r extático.
distribuiu o restante entre seus próprios companheiros.
V E R S O 103
V E R S O 100
i ç t a r ç ^ t a wfâm <ta*ti 1
il ** * f i § ? fà»j1*iÈ«<M f ã ç t ? i i r a f i s i n » * cara, 11 rara «t»«ri 111»« 11
'fi«1-*fãrarate1l'-1tci Ijtfò 1t*t II i»" II
mahaprabhu tãhra nrtya karena daraéana
ei ta' kahiluh nityãnandera vihãra sabe nityãnanda dekhe, nã dekhe anya-jana
'cidã-dadhi-mahotsava'-nãme khyãti yãra mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhra—Sua; nrfya—dança; karena daraéa-
ei ta'—dessa maneira; kahiluh—acabo de descrever; nityãnandera vihãra—os pas- na—vê; sabe—todos; nityãnanda dekhe—Nityãnanda Prabhu vê; nã dekhe—não vêem;
satempos do Senhor Nityãnanda Prabhu; cidã-dadhi-mahotsava—o festival em que anya-jana—as outras pessoas.
se comia arroz frito e iogurte; nãme—denominado; khyãti—a fama; yãra—do qual.
T R A D U Ç Ã O — O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu observava a dança do Senhor
TRADUÇÃO—Assim, acabo de descrever os passatempos do Senhor Nityãnanda Nityãnanda Prabhu. Além de Nityãnanda Prabhu, nenhuma outra pessoa podia
Prabhu relacionados ao célebre festival do arroz frito e do iogurte. perceber isso.
486 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 487
Verso 109
T R A D U Ç Ã O — C o m o acontece com a dança de Sri Caitanya Mahaprabhu, nada TRADUÇÃO—O Senhor Nityãnanda Prabhu sentou-Se para jantar juntamente com
dentro dos três mundos pode-se comparar à dança do Senhor Nityãnanda Prabhu. Seus associados pessoais, e, à Sua direita, reservou um assento para Sri Caitanya
Mahaprabhu.
V E R S O 105 V E R S O 108
*pm siisft carai afàaica f i c a i i ç t a t ^ *0V p S " f i c a a f i i i
s r ç i « i f « i t t c i cjrl tçss cwfàatca II Í ° « I I
cwfi' a t a c a a i c i «itara a t f l i II >°t»- n
nrtyera mãdhuri kebã varnibãre pare mahaprabhu ãsi' sei ãsane vasila
mahaprabhu ãise yei nrtya dekhibãre dekhi' rãghavera mane ãnanda bãdila
nrtyera mãdhuri—a doçura da dança; kebã—quem; varnibãre pare—pode descrever; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; ãsi'—vindo; sei ãsane—naquele assento;
mahaprabhu ãise—Sri Caitanya Mahaprabhu vem; yei—esta; nrtya—dança; dekhi- vasila—sentou-Se; dekhi'—vendo; rãghavera mane—na mente de Rãghava Pandita;
bãre—ver. ãnanda—grande felicidade; bãdila—aumentou.
TRADUÇÃO—Ninguém pode descrever adequadamente a doçura da dança do TRADUÇÃO—Chegando ali, Sri Caitanya Mahaprabhu sentou-Se em Seu lugar.
Senhor Nityãnanda. O próprio Sri Caitanya Mahaprabhu vem apreciá-la. Ao ver isso, Rãghava Pandita sentiu sua felicidade crescer.
TRADUÇÃO—Após a dança, e após o Senhor Nityãnanda descansar, Rãghava TRADUÇÃO—Rãghava Pandita trouxe a prasãda perante os dois irmãos, e em se-
Pandita pediu que o Senhor jantasse. guida distribuiu prasãda para todos os outros Vaisnavas.
488 Sri Caitanya-caritãmrta Verso 1 1 5 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 489
Anrya-ldã, 6
T R A D U Ç Ã O — H a v i a muitas variedades de bolo, arroz doce e requintado arroz TRADUÇÃO—Todos os dias, Sri Caitanya Mahaprabhu comia na casa de Rãghava
cozido que superavam o sabor do néctar. T a m b é m havia muitas espécies de Pandita. Às vezes, dava a Rãghava Pandita a oportunidade de vê-lO.
legumes.
VERSO 1 1 4
VERSO 111
$1 « f i c a ataa «stíà' t f à c a c a i
ataa-fcta?caa « W W « r ç c « a a t a i a a asfà' a t s a t a , a i a c a m a c a c a I I » 8 I I
a a t s i ^ a t a l "files « i t l c a ata ata irsss II
dui bhãire rãghava ãni' pariveée
rãghava-thãkurera prasãda amrtera sara yatna kari' khãoyãya, nã rahe avaéese
mahaprabhu yãhã khãite ãise bãra bãra dui bhãire—aos dois irmãos; rãghava—Rãghava Pandita; ãra'—trazendo; pariveée—
rãghava-thãkurera—de Rãghava Pandita; prasãda—comida oferecida à Deidade; distribuía; yatna kari'—com muito carinho; khãoyãya—alimentava-Os; nã rahe
amrtera sara—a essência do néctar; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; yãhã—a avaéese—não havia sobras.
qual; khãite—para comer; ãise—vinha; bãra bãra—repetidas vezes.
TRADUÇÃO—Rãghava Pandita trazia a prasãda e distribuía-a para os dois irmãos,
T R A D U Ç Ã O — O alimento preparado e oferecido à Deidade por Rãghava Pandita alimentando-Os com muito carinho. Eles comiam tudo, e, portanto, não sobrava
era como a essência do néctar. Sri Caitanya Mahaprabhu não Se cansava de ir nada.
até lá para tomar semelhante prasãda.
VERSO 1 1 5
VERSO 112
as« « t a l a wtca, caa atfà «rifa i
*tta> asfà' a t a i aca c « f ã K a t a i a t a c a a a c a a t c « a t a i - i t f a t ^ l n ii<t II
a a t « r § a i r f a ' c « N *M*> a t s a II n
feafa upahãra ãne, hena nãhi jãni
pãka kari' rãghava yabe bhoga lãgãya rãghavera ghare rãndhe rãàhã-thãkurãni
mahãprabhura lãgi' bhoga prthak bãdaya kata upahãra—muitas oferendas; ãne—traz; hena—isso; nãhi jãni—-não consigo
pãka kari'—após cozinhar; rãghava—Rãghava Pandita; yabe—quando; bhoga lã- entender; rãghavera ghare—na casa de Rãghava Pandita; rãndhe—cozinha; rãdhã-
gãya— oferece alimento à Deidade; mahãprabhura lãgi'—para o Senhor Sri Caitanya thãkurãni— Srimatí Rãdhãrãni, a mãe suprema.
Mahaprabhu; bhoga—oferenda; prthak—a parte; bãdaya—providencia.
T R A D U Ç Ã O — E l e trazia tantas oferendas que ninguém podia enumerá-las na ín-
T R A D U Ç Ã O — A o oferecer alimento à Deidade após cozinhar, Rãghava Pandita tegra. Na verdade, era um fato que Rãdhãrãni, a mãe suprema, cozinhava pes-
fazia uma oferenda à parte para Sri Caitanya Mahaprabhu. soalmente na casa de Rãghava Pandita.
490 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa
Verso 121
V E R S O 116 V E R S O 119
TRADUÇÃO—Srimatí Rãdhãrãni recebeu de Durvãsã Muni a bênção de que tudo TRADUÇÃO—Todos os devotos tomaram prasãda, até ficarem completamente sa-
o que Ela cozinhasse seria mais doce que o néctar. Esta é a característica especial ciados. Em seguida, cantando o santo nome de Hari, eles levantaram-se e lavaram
de Sua arte de cozinhar. as mãos e a boca.
V E R S O 117
V E R S O 120
=gíif% «lara—ataja? ara i
gà sral «tfüwi ac*sra -«sita ti üa n c«taa asfà' aà «tà. c^al «traia i
atai wtfà' «taraart araj-eraa H > V I I
sugandhi sundara prasãda—mãdhuryera sara
dui bhãi tãhã khãhã santosa apara bhojana kari' dui bhãi kailã ãcamana
su-ganáhi—aromáüca; sundara—bela; prasãda—comida; mãdhuryera sara—a essên- rãghava ãni' parãilã mãlya-candana
cia de toda a doçura; dui bhãi—os dois irmãos; tãhã—isto; khãhã—comendo; santosa bhojana kari'—após comer; dui bhãi—os dois irmãos; kailã ãcamana—lavaram as
apara—muitíssimo felizes. mãos e a boca; rãghava—Rãghava Pandita; ãm'—trazendo; parãilã—decorou-Os
com; mãlya-candana—guirlandas de flores e polpa de sândalo.
TRADUÇÃO—Aromática e agradável de se ver, a comida era a essência de toda
a doçura. Portanto, os dois irmãos, Sri Caitanya Mahaprabhu e o Senhor Nityã- TRADUÇÃO—Após comerem, os dois irmãos lavaram as mãos e a boca. Então,
nanda Prabhu, comeram com muita satisfação. Rãghava Pandita, trazendo guirlandas de flores e polpa de sândalo, decorou-Os.
V E R S O 118 V E R S O 121
T R A D U Ç Ã O — T o d o s os devotos ali presentes pediram que Raghunãtha dãsa se TRADUÇÃO—Rãghava Pandita ofereceu-Lhes nozes de bétel e adorou-Lhes os pés
sentasse para tomar prasãda, mas Rãghava Pandita disse-lhes: "Ele tomará de lótus. Ele também distribuiu nozes de bétel, guirlandas de flores e polpa
prasãda mais t a r d e . " de sândalo para os devotos.
492 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 127 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 493
V E R S O 122 V E R S O 125
rãghavera krpã raghunãthera upare sarvatra 'vyãpaka' prabhura sadã sarvatra vasa
dui bhãiera avaéista pãtra dilã tãhre ihãte saméaya yãra, sei yãya nãéa
rãghavera—áe Rãghava Pandita; krpã—misericórdia; raghunãthera upare—a Raghu- sarvatra—em toda parte; vyãpaka—penetrante; prabhura—da Suprema Personali-
nãtha dãsa; dui bhãiera—dos dois irmãos; avaéista—os restos de comida; pãtra—os dade de Deus; sadã—sempre; sarvatra—em toda parte; vasa—residência; ihãte—
pratos; dilã tãhre—ofereceu-lhe. sobre isso; saméaya—dúvida; yãra—de quem; sei—ele; yãya nãéa—é aniquilado.
TRADUÇÃO—Rãghava Pandita, sendo muito misericordioso para com Raghunãtha TRADUÇÃO—A Suprema Personalidade de Deus é onipenetrante, e, por isso,
dãsa, ofereceu-lhe os pratos com os restos de comida deixados pelos dois irmãos. reside em toda parte. Qualquer pessoa que duvide disso será aniquilada.
V E R S O 123 V E R S O 126
kahilã, — "caitanya gosãni kariyãchena bhojana prãte nityãnanda prabhu gahgã-snãna kariyã
tãhra éesa pãile, tomara khandila bandhana" sei vrksa-müle vasilã nija-gana lahã
kahilã—ele disse; caitanya gosãni—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; kariyãchena prãte—de manhã; nityãnanda prabhu—o Senhor Nityãnanda Prabhu; gahgã-snãna—
bhojana—comeu; fãrira sesa—Seus restos; pãile—se aceitares; tomara—teu; khandila— banho no Ganges; kariyã—após fazer; sei vrksa-müle—sob aquela árvore; vasilã—
cessará; bandhana—cativeiro. sentou-Se; nija-gana lahã—com Seus companheiros.
TRADUÇÃO—Ele disse: "O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu comeu este alimen- T R A D U Ç Ã O — D e manhã, após banhar-Se no Ganges, Nityãnanda Prabhu trouxe
to. Se aceitares estes restos de comida, livrar-te-ás do cativeiro de tua família." Seus companheiros e sentou-Se com eles debaixo da mesma árvore sob a qual
havia sentado antes.
V E R S O 124
V E R S O 127
«««-fsc^ «a«-ítcç aa) «ra^ta i
fÇ ai^, a s a «aata, n II aaaf«i « u f a ' £ T C I I s a i aaia i
a t a a i R s s - a t a l c f i l facada n >vi II
bhakta-citte bhakta-grhe sadã avasthãna
kabhu gupta, kabhu vyakta, svatantra bhagavãn raghunãtha ãsi' kailã carana vandana
bhakta-citte—no coração de um devoto; bhakta-grhe—na casa de um devoto; sadã rãghava-pandita-àvãrã kailã nivedana
avasthãna—sempre reside; kabhu gupta—às vezes, não detectado; kabhu vyakta—às raghunãtha—Raghunãtha dãsa; ãsi'—vindo; kailã carana vandana—adorou Seus
vezes, manifesto; svatantra—totalmente independente; bhagavãn—a Suprema pés de lótus; rãghava-pandita-dvãrã—por meio de Rãghava Pandita; kailã nivedana—
Personalidade de Deus. manifestou seu desejo.
V E R S O 128 V E R S O 131
V E R S O 129 V E R S O 132
araa 5 * 1 cai 51»» nfàatca era i •ICTMJ ?Jl fàtaaa asfàc« asfà «a i
í c a s a? « r c « asç fiai «a 11 n catca 'cesaj' çm' cáutfop 5 * 1 iwa 11 n
ayogya mui nivedana karite kari bhaya
vãmana hanã yena cãnda dharibãre cãya more 'caitanya' deha' gosãni hanã sadaya
aneka yatna kainu, tãte kabhu siddha naya ayogya—indigno; mui—eu; nivedana karite—de manifestar meus desejos; kari
vãmana hanã—sendo um anão; yena—como se; cãnda—a lua; dharibãre—agarrar; bhaya—estou com medo; more—a mim; caitanya deha'—por favor, dá o refúgio do
cãya—deseja; aneka yatna—muitas tentativas; kainu—fiz; tãte— nisto; kabhu siddha Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; gosãni—ó meu Senhor; hanã sa-daya—sendo
naya—não fui bem sucedido. misericordioso.
TRADUÇÃO—"Como um anão que deseja agarrar a lua, eu, muitas vezes, fiz tudo T R A D U Ç Ã O — " E m b o r a eu não o mereça e tenha muito medo de apresentar este
o que pude, mas nunca fui bem sucedido." pedido, mesmo assim, peço-Te, Senhor, que sejas especialmente misericordioso
para comigo, concedendo-me refúgio aos pés de lótus de Sri Caitanya Maha-
V E R S O 130 prabhu."
V E R S O 133
asara *tii5 «rifa aatfà stfsal i Cita arca 1? afã' asa? «rara 1
f»tsi, a r s i - s t caica ataca arfàrai n u 'fàfáca c&sai t í s - a s a «it^aíra 11" iéé 11
yata-bãra palãi ãmi grhãdi chãdiyã mora mãthe pada dhari' karaha prasãda
pitã, mãtã—dui more rãkhaye bãndhiyã nirvighne caitanya pãha—kara ãsirvãda"
yata-bãra—tantas vezes quantas; palãi—vou embora; Ãmi—eu; grha-ãdi chãdiyã— mora mãthe—sobre minha cabeça; pada dhari'—mantendo Teus pés; karaha
abandonando meu relacionamento com o lar; pitã mãtã—pai e mãe; dui—ambos; prasãda—abençoa-me; nirvighne—sem dificuldades; caitanya pãha—possa eu con-
more—a mim; rãkhaye bãndhiyã—mantêm preso. seguir o abrigo de Sri Caitanya Mahaprabhu; kara ãsirvãda—concede esta bênção.
VERSO 1 3 4 T R A D U Ç Ã O — " S e aquele que experimenta a fragráncia dos pés de lótus do Senhor
Krçna não vê muita coisa no padrão de felicidade disponível em Brahmaloka,
S$F*' çffi,' «frjç (2|^ JJ5) <©5»*tÇ«l | o planeta mais elevado, que falar da mera felicidade celestial?"
" l a i a í à a a g l - l f f l S à - I C I II i * 8 II VERSO 1 3 7
sum' hãsi' kahe prabhu saba bhakta-gane
' 'ihãra visaya-sukha—indra-sukha-sama cai ««jata.wta^sta, ^ Ü T W « f t - y n : i
suni'—ouvindo; «ãsi'—sorrindo; kahe—diz; prabhu—o Senhor Nityãnanda « M i a£aa v r à f J P i ^ i i f w N a i n w i «
Prabhu; saba bhakta-gane—a todos os devotos; ihãra—de Raghunãtha dãsa; visaya-
sukha—felicidade material; indra-sukha—felicidade material de Indra, o rei dos céus; yo dustyajãn dãra-sutãn
sama—igual à. suhrd-rãjyam hrdi-sprsah
jahau yuvaiva malavad
T R A D U Ç Ã O — A o ouvir esta súplica de Raghunãtha dãsa, o Senhor Nityãnanda
uttama-éloka-lãlasah
sorriu e falou para todos os devotos: "O nível de felicidade material de Raghu- yah—que (Bharata Mahãrãja); dustyajãn—difícil de abandonar; dãra-sutãn—esposa
nãtha dãsa é igual ao de Indra, o rei dos céus." e filhos; suhrt—amigos; rãjyam—reino; hrdi-sprsah—queridos do fundo do coração;
jahau—abandonou; yuvã—jovem; eva—na ocasião; malavat—como excremento;
uttama-sloka-lãlasah—sentindo-se atraído pelas transcendentais qualidades, pas-
VERSO 1 3 5
satempos e convívio da Suprema Personalidade de Deus.
C 5 « g - f *tíC3 CI5 a t f à B t a I
TRADUÇÃO—'"Aqueles que procuram obter o favor do Senhor Krçna, a Suprema
a c a « r t ^ a l á m—*|j«ás c s s a i - s a c i n sm II
Personalidade de Deus, oferecem-Lhe orações sublimes e poéticas. Portanto, Ele
é conhecido como Uttama-sloka. Desejando ardentemente ficar com o Senhor
caitanya-krpãte seha nãhi bhãya mane
Krçna, o rei Bharata, embora no vigor da juventude, abandonou sua atraentíssima
sabe ãsirvãda kara—pãuka caitanya-carane
esposa, seus filhos afetuosos, seus amados amigos e seu reino opulento, da
caitanya-krpãte—pela misericórdia do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; seha—a
mesma forma como alguém se desfaz das fezes logo após defecar."'
semelhante padrão de felicidade material; nãhi bhãya—ele não dá muito valor;
mane—na mente; sabe—todos vós; ãéirvãda kara—dai a bênção; pãuka—de que ele
consiga; caitanya-carane—refúgio aos pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu. S I G N I F I C A D O — E s t e verso é do Srimad-Bhãgavatam ( 5 . 1 4 . 4 3 ) .
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Raghunãtha dãsa", disse Ele, "desde o momento TRADUÇÃO—"Sri Caitanya Mahaprabhu aceitar-te-á e colocar-te-á sob os cuidados
em que promoveste a festa às margens do Ganges, ári Caitanya Mahaprabhu de Svarüpa Dãmodara, Seu secretário. Destarte, converter-te-ás num dos servos
veio aqui só para mostrar-te Sua misericórdia." internos mais íntimos e conseguirás o refúgio de Srí Caitanya M a h a p r a b h u . "
V E R S O 140 V E R S O 143
T R A D U Ç Ã O — " P o r Sua misericórdia imotivada, Ele comeu o arroz frito e o leite. T R A D U Ç Ã O — " E s t a n d o seguro de tudo isso, volta para a tua própria casa. Muito
Então, após ver a dança dos devotos à noite, Ele jantou." em breve, obterás sem dificuldade alguma o abrigo do Senhor Sri Caitanya Maha-
prabhu."
V E R S O 141 V E R S O 144
toma uddhãrite gaura ãilã ãpane saba bhakta-dvãre tãhre ãéirvãda karãilã
chufila tomara yata vighnãdi-bandhane tãh-sabãra carana raghunãtha vandilã
tomã—a ti; uddhãrite—para libertar; gaura—Gaurahari, o Senhor Sri Caitanya saba—todos; bhakta-dvãre— pelos devotos; tãhre ãéirvãda karãilã—fê-lo ser aben-
Mahaprabhu; ãilã ãpane—veio pessoalmente; chutila—acabaram-se; tomara—teus; çoado; tãh-sabãra—de todos eles; carana—os pés de lótus; raghunãtha—Raghunãtha
yata—todas as classes de; vighna-ãdi-bandhane—obstáculos que aprisionam. dãsa; vandilã—adorou.
T R A D U Ç Ã O — " O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu, Gaurahari, veio aqui pes- T R A D U Ç Ã O — O Senhor Nityãnanda fez questão de que todos os devotos aben-
soalmente para libertar-te. Agora, fica certo de que todos os empecilhos que te çoassem Raghunãtha dãsa, ao que este prestou seus respeitos aos pés de lótus
aprisionavam estão solucionados." de todos eles.
500 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 150 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 501
V E R S O 145 V E R S O 148
V E R S O 146 V E R S O 149
i R p asfà' «t« qjffl, catai c«1U-atc« I «rcaa> 'atatw' fài1 «tca atlatca i
fã?os fãii «tça «talara atos n i s * II «ca »|as aasrta f c a t f à o s c a II iss> u
yukti kari' éata mudrã, sonã tolã-sãte aneka 'prasãda' dilã pathe khãibãre
nibhrte dilã prabhura bhãndãrira hãte tabe punah raghunãtha kahe panditere
yukti kari'—após consulta; éata mudrã—cem moedas; sonã—de ouro; tolã-sãte— aneka prasãda—muita prasãda; dilã—entregou; paffte khãibãre—vara comer a cami-
cerca de sete foZãs (cerca de setenta gramas); nibhrte— secretamente; dilã—colocou; nho; fabe—então; punah—novamente; raghunãtha kahe—Raghunãtha dãsa disse;
prabhura—do Senhor Nityãnanda Prabhu; bhãndãrira—do tesoureiro; hãte—na mão. panditere—a Rãghava Pandita.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s consultar Rãghava Pandita, ele secretamente colocou cem TRADUÇÃO—Ele deu a Raghunãtha dãsa u m a grande quantidade de prasãda para
moedas de ouro e cerca de sete tolas de ouro na mão do tesoureiro de Nityãnanda que ele a comesse enquanto ia para casa. Então, novamente, Raghunãtha dãsa
Prabhu. falou para Rãghava Pandita.
V E R S O 147
fàsr-aca atcaa tca «ca fàcafàal 1 1 " Í S I u " * t « a aca a« aats, $ « j , «rtfate sra i
<3{ão« atfàca «affà aata aa«i n J « ° II
fãrire nisedhilã, —"prabhure ebe nã kahibã
nija-ghare yãbena yabe tabe nivedibã" "prabhura sahge yata mahãnta, bhrtya, ãérita jana
tãhre—a ele; nisedhilã—proibiu; prabhure—ao Senhor Nityãnanda Prabhu; ebe— püjite cãhiye ãmi sabãra carana
agora; nã kahibã—não fales; nija-ghare—para a Sua casa; yãbena—voltar; yabe— prabhura sahge—com o Senhor Nityãnanda Prabhu; yata—todos; mahãnta—
quando; tabe—então; nivedibã—por favor, informa-Lhe. grandes devotos; bhrtya—servos; ãérita jana—pessoas subservientes; püjite—para
adorar; cãhiye—desejo; ãmi—eu; sabãra carana—os pés de lótus de todos eles.
TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa advertiu ao tesoureiro: " P o r enquanto, não fales
sobre isto com o Senhor Nityãnanda Prabhu, mas, quando Ele voltar para casa,
por favor, informa-Lhe sobre este presente." T R A D U Ç Ã O — " D e s e j o dar dinheiro", disse ele, "só para adorar os pés de lótus
de todos os grandes devotos, servos e subservos do Senhor Nityãnanda Prabhu."
502 Sri Caitanya-caritãmrta Verso 156 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 503
Antya-lilã, 6
V E R S O 151 V E R S O 154
bisa, panca-daéa, bãra, daéa, pança haya tãhra pada-dhüli lanã svagrhe ãilã
mudrã deha' vicãri' yãra yata yogya haya nityãnanda-krpã pãnã krtãrtha mãnilã
biéa—vinte; panca-daéa—quinze; bãra—doze; daéa—dez; pahca—cinco; haya—são; tãhra—seus; pada-dhüli—a poeira dos pés; lanã—pegando; sva-grhe ãilã—voltou
mudrã—moedas; deha'—dá; vicãri'—considerando; yãra—de quem; yata—tanto para a sua casa; nityãnanda-krpã—a misericórdia do Senhor Nityãnanda Prabhu;
quanto; yogya haya—for conveniente. pãnã—obtendo; krtãrtha mãnilã—sentia-se imensamente agradecido.
TRADUÇÃO—"Conforme aches conveniente, dá vinte, quinze, doze, dez ou cinco TRADUÇÃO—Após pegar a poeira dos pés de Rãghava Pandita, Raghunãtha dãsa
moedas a cada um deles." voltou para a sua casa, sentindo-se imensamente agradecido ao Senhor Nityã-
nanda Prabhu devido a ter recebido Sua bênção misericordiosa.
V E R S O 152
V E R S O 155
aa caai asfàal araa-tra fàari i
ata arca a<a araa fãfè caaràm n > « . n caa cacs «aenca ai a>caa aaa 1
atfàca gíítaacl a i * l ascaa «taa 11 i<t<? n
saba lekhã kariyã rãghava-pãéa dilã
yãhra nãme yata rãghava cithi lekhãilã sei haite abhyantare nã karena gamana-
saba—tudo; lekhã kariyã—escrevendo; rãghava-pãéa dilã—entregou a Rãghava bãhire durgã-mandape yãhã karena éayana
Pandita; yãhra nãme—em cujo nome; yata—tanto quanto; rãghava—Rãghava sei haite—a partir de então; abhyantare—aos compartimentos internos; nã karena
Pandita; cithi—uma lista; lekhãilã—escreveu. gamana—não ia; bãhire—do lado de fora; durgã-mandape— ao lugar onde se realizava
adoração a Durgã; yãhã—indo; karena éayana—ele dorme.
TRADUÇÃO—Raghunãta dãsa redigiu um relatório da quantia a ser dada e
apresentou-o a Rãghava Pandita, que, então, fez uma lista do dinheiro que T R A D U Ç Ã O — A partir de então, não mais entrou na seção interna da casa. Ao
caberia a cada devoto. invés disso, dormia na Durgã-mandapa [o local onde mãe Durgã era adorada).
V E R S O 153 V E R S O 156
eka-éata mudrã ãra sonã tolã-dvaya tãhhã jãgi' rahe saba raksaka-gana
panditera ãge dila kariyã vinaya palãite karena nãnã upãya cintana
eka-éata mudrã—cem moedas; ãra—e; sonã—ouro; tolã-dvaya—duas tolas; panditera tãhhã— ali; jãgi'— mantendo-se despertos; rahe—permanecem; saba—todos;
ãge—diante de Rãghava Pandita; dila—apresentou; kariyã vinaya—com muita raksaka-gana—os vigias; palãite—de ir embora; karena—faz; nãnã—diversos; upãy
humildade. meios; cintana—pensando em.
VERSO 157 Durgã; kariyãchena éayane—dormia; danda-cãri—quatro dandas (noventa e seis mi-
nutos); rãtri—noite; yabe—quando; ãçhe avaéesa—faltavam; yadunandana-ãcãrya—o
CfWfcei GlfoSOTW11? I
sacerdote chamado Yadunandana Ãcãrya; tabe—então; karilã praveéa—entrou.
•atfpi rafics í W e r a r «pftul « N u n >« o
TRADUÇÃO—Assim, Raghunãtha dãsa pensou profundamente em como dar um
hena-kãle gauda-deéera saba bhakta-gana jeito de escapar, e, certa noite, enquanto dormia na Durgã-mandapa, o sacerdote
prabhure dekhite nilãcale karilã gamana Yadunandana Ãcãrya entrou na casa quando faltavam apenas quatro dandas para
hena-kãle—nessa ocasião; gauda-deéera—da Bengala; saba—todos; bhakta-gana—de- a noite expirar.
votos; prabhure—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; dekhite—para ver; nilãcale—a
V E R S O 161
Jagannãtha Puri; karilã gamana—iam.
irsrai-trrafl ras m '«rçsjtrs' i
TRADUÇÃO—Nessa ocasião, todos os devotos da Bengala iam a Jagannãtha Puri, aasrrwa W raíral m '^ratfà«' n I * Í «
para ver o Senhor Caitanya Mahaprabhu.
vãsudeva-dattera tenha haya 'anugrhita'
V E R S O 158 raghunãthera 'guru' tenho haya 'purohita'
vãsudeva-dattera—de Vãsudeva Datta; tenha—ele; haya anugrhíta^recebeu a mise-
<$i-i?t?t i c i aa,«w i r l r a n t t r a i ricórdia; raghunãthera—de Raghunãtha dãsa; guru—o mestre espiritual; tenho—ele;
alfa* « i f S *w, «afã* aal »rc<s II n haya—era; purohita—o sacerdote.
tãh-sabãra sahge raghunãtha yãite nã pare TRADUÇÃO—Yadunandana Ãcãrya era o sacerdote e mestre espiritual de Raghu-
prasiddhã prakatã sahga, tabahin dharã pade nãtha dãsa. Embora nascido em família de brãhmanas, ele aceitara a misericórdia
tãh-sabãra—todos eles; sahge—com; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; yãife nã pare— de Vãsudeva Datta.
não podia ir; prasiddhã—famoso; prakatã—conhecido; sahga—grupo; tabahin—ime-
diatamente; dharã pade—seria pego.
SIGNIFICADO—Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura comenta que, embora os
ateus que se desviaram da ordem de Sri Advaita Ãcãrya se apresentem como
TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa viu-se impossibilitado de acompanhá-los, pois seguidores de Advaita Ãcãrya, não aceitam que êrí Caitanya Mahaprabhu é Krçna,
eles eram tão famosos que ele seria pego imediatamente. a Suprema Personalidade de Deus. Yadunandana Ãcãrya, um dos mais íntimos
seguidores de Sri Caitanya Mahaprabhu, era discípulo iniciado de Advaita Ãcãrya.
VERSOS 159—160 Ele não estava poluído por distinções sentimentais que dividiam os Vaiçnavas
segundo o nascimento. Portanto, embora Vãsudeva Datta não tivesse nascido em
tf t i « fàf%c5 rara tf f fwra i família de brãhmartas, Yadunandana Ãcãrya aceitou-o como seu mestre espiritual.
i t f à r a raftiarat f f ã a t r a i «fura n s«s» i
VERSO 162
«ro-ptfã a t f à i r a « r f r a «tirafi i
i S i H i i - « r t 5 t * í « r a ffàefl « t r a « t n » «iras-^rrerraa r a f e : 'f»ra « m f i
v r r e t i - i w w i i t r a - r a « » '«tt«in' 11 n
ei-mata cintite daive eka-dine
bãhire devi-mandape kariyãchena éayane advaita-ãcãryera tenha 'éisya antarahga'
ãcãrya-ãjhãte mane—caitanya 'prãna-dhana'_
danda-cãri rãtri yabe ache avaéesa advaita-ãcãryera—de Advaita Ãcãrya; tenha—Yadunandana Ãcãrya; éisya—discí-
yadunandana-ãcãrya tabe karilã praveéa pulo; antarahga—muito íntimo; ãcãrya-ãjhãte—pela ordem de Advaita Ãcãrya;
ei-mata—dessa maneira; cintite—enquanto ele pensava; daive—por acaso; eka- mane—ele aceitou; caitanya prãna-dhana—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu como
dine—certo dia; bãhire—do lado de fora da casa; devi-mandape—na plataforma de sua vida e alma.
506 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-hlã, 6 Verso 168 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 507
TRADUÇÃO—Yadunandana Ãcãrya fora oficialmente iniciado por Advaita Ãcãrya. TRADUÇÃO—Yadunandana Ãcãrya pediu a Raghunãtha dasa: "Por favor, indu-
Assim, ele considerava o Senhor Caitanya sua vida e alma. zeo brãhmana a reassumir o serviço, pois não há nenhum outro brãhmana para
fazê-lo."
V E R S O 163
V E R S O 166
«urra, « m f i H c«*ral ira ftatfell I
aiiti itfi' «ra cf«m u II a« * t V srçitra n * f | s f w i i
*KW* n c n a t c a f i a m •fff»rl n n
ahgane ãsiyã tenho yabe dãndãilã
raghunãtha ãsi' tabe dandavat kailã efa fcflhi' raghunãthe lahã calilã
ahgane—no pátio; ãsiyã—entrando; tenho—Yadunandana Ãcãrya; yabe—quando; raksaka saba éesa-rãtre nidrãya padilã
dãndãilã—levantou-se; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; ãsi'—vindo; tabe—nesse ins- eta kahi'—dizendo isso; raghunãthe lahã—levando Raghunãtha dãsa; calilã—ele
tante; dandavat kailã— ofereceu seus respeitos, prostrando-se. saiu; raksaka saba—todos os vigias; éesa-rãtre— no fim da noite; nidrãya padilã—caíram
no sono.
T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o Yadunandana Ãcãrya entrou na casa de Raghunãtha dãsa
e ficou de pé no pátio, Raghunãtha dãsa foi até lá e prostrou-se para oferecer TRADUÇÃO—Após dizer isso, Yadunandana Ãcãrya levou Raghunãtha dãsa con-
suas reverências. sigo e saiu. Naquele momento, todos os vigias dormiam profundamente, pois
a noite chegava ao fim.
V E R S O 164
V E R S O 167
« n «a* r t í i n it?rai c i n f r a i
c m <erf?iT«, « i r a i i f i i t * « r a o ><i>8 II vmxM i* tçra ^ f ã » r t c « i
«ftps «fara» ?*ra srai c i t i r a « > w n
tãhra eka éisya tãhra thãkurera sevã kare
sevã chãdiyãche, tare sãdhibãra tare ãcãryera ghara ihãra pürva-diéãte
tãhra—seu; eka—um; éisya—discípulo; tãhra—seu; thãkurera—a Deidade; senã— kahite éunite duhhe cale sei pathe
serviço; kare—faz; sevã chãdiyãche—ele abandonou esse serviço; fãre—a ele; sãdhibãra ãcãryera ghara—a casa de Yadunandana Ãcãrya; ihãra—deste; pürva-diéãte—a leste;
tare—convencer. kahite—conversando; éunite—ouvindo; duhhe— ambos; cale—seguem; sei pathe—
naquele caminho.
T R A D U Ç Ã O — U m dos discípulos de Yadunandana Ãcãrya estivera adorando a
Deidade, mas abandonara este serviço. Yadunandana Ãcãrya desejava que TRADUÇÃO—A casa de Yadunandana Ãcãrya ficava a leste da casa de Raghunãtha
Raghunãtha dãsa convencesse o discípulo a reassumir aquele serviço. dãsa. Yadunandana Ãcãrya e Raghunãtha dãsa conversavam enquanto iam rumo
àquela casa.
V E R S O 165 V E R S O 168
raghunãthe kahe, — " f ã r e karaha sãdhana ardha-pathe raghunãtha kahe gurura carane
sevã yena kare, ãra nãhika brãhmana" "ãmi sei vipre sãdhi' pãthãimu tomã sthãne
raghunãthe kahe—ele disse a Raghunãtha dãsa; fãre—a ele; karaha sãdhana—induze ardha-pathe—na metade do caminho; raghunãtha kahe—Raghunãtha dãsa disse;
a aceitar o serviço; sevã—serviço; yena—esse; kare—ele faz; ãra—outro; nãhika— gurura carane—aos pés de lótus de seu mestre espiritual; ãmi—eu; sei—esse; vipre—
não há; brãhmana—brãhmana. brãhmana; sãdhi'—convencendo; pãthãimu—enviarei; fomã sthãne—à tua casa.
Verso 174 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 509
508 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6
V E R S O 172
V E R S O 169
pahca-daéa-kroéa—cerca de cinqüenta quilômetros; patha cali'—caminhando na tenha kahe—ele disse; ãjnã mãgi'—pedindo minha permissão; gelã—foi; nija ghara—
trilha; gelã—ia; eka-dine—em um dia; sandhyã-kãle—à noite; rahilã—permanecia; eka para a sua casa; palãila raghunãtha—Raghunãtha dãsa foi embora; uthilã—surgiu;
gopera—áe um leiteiro; bãthãne—no estábulo. kolãhala—um som tonitruante.
T R A D U Ç Ã O — E l e caminhava cerca de cinqüenta quilômetros, por dia, e à noite TRADUÇÃO—Yadunandana Ãcãrya disse: "Ele já me pediu permissão para voltar
descansava no estábulo de um leiteiro. para c a s a . " Assim, surgiu um som tonitruante à medida que todos gritavam:
"Agora, Raghunãtha foi e m b o r a ! "
V E R S O 175
V E R S O 178
« l a t ã i rafa' c a t i s« <atfà' fwatl i
c a a 5« *fta f f à ' *tfàai afãati u w n t t a f f s l a*ra,-"catosa a i w a « i i
« ^ - • a t r a ã W ç t a a>fãu a a a n i ^ v II
upavãsi dekhi' gopa dugdha ãni' dilã
sei dugdha pana kari' padiyã rahilã tãhra pitã kahe, —"gaudera saba bhakta-gana
upavãsi— jejuando; dekhi'—vendo; gopa—o leiteiro; dugdha—leite; ãni'—trazendo; prabhu-sthãne nilãcale karilã gamana
dilã—dava; sei dugdha—esse leite; pana kari'—bebendo; padiyã—deitado; rahilã— tãhra—seu; pitã—pai; kahe—disse; gaudera—da Bengala; saba—todos; bhakta-gatia
ficava. os devotos; prabhu-sthãne—à casa de Srí Caitanya Mahaprabhu; nilãcale—em
Jagannãtha Puri; karilã gamana—foram.
TRADUÇÃO—Ao ver que Raghunãtha dãsa jejuava, o leiteiro dava-lhe algum leite.
Raghunãtha dãsa bebia o leite e deitava-se para dormir ali àquela noite. T R A D U Ç Ã O — O pai de Raghunãtha dãsa disse: "Sei que todos os devotos da
Bengala foram a Jagannãtha Puri para ver o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu."
V E R S O 176
V E R S O 179
<«ai i r a caia> ia-?* t t r a ai raf«r*i i
<$n w f t r a af$1 * t f « a a faai 11 m n caa-aca laata caa «tat^l i
R a s?a a t a , <stra « l a a «rfãrn H " Í I S n
efftã tãhra sevaka raksaka tãhre nã dekhiyã
tãhra guru-pãée vãrtã puchilena giyã sei-sahge raghunãtha gela palãhã
ethã—ali, em sua casa; tãhra—seu; sevaka—servo; raksaka—vigia; tãhre—a ele; nã daéa jana yãha, tare ãnaha dhariyã"
dekhiyã—não vendo; tãhra guru-pãáe—de seu mestre espiritual; vãrtã—notícia; sei-sahge—com eles; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; gela palãhã—fugiu; daéa jana—
puchilena—perguntaram; giyã—indo. dez homens; yãha—ide; tare—a ele; ãnaha—trazei; dhariyã—pegando.
TRADUÇÃO—Na casa de Raghunãtha dãsa, o servo e o vigia, notando a sua falta, T R A D U Ç Ã O — " R a g h u n ã t h a dãsa fugiu com eles. Dez homens devem imediata-
imediatamente foram até seu mestre espiritual, Yadunandana Ãcãrya, para mente ir capturá-lo e trazê-lo de volta."
perguntar-lhe sobre ele.
V E R S O 177 V E R S O 180
tenha kahe, 'ãjnã mãgi' gelã nija-ghara' éivãnande patn dila vinaya kariyã
'palãila raghunãtha'—uthilã kolãhala 'ãmãra putrere tumi dibã bãhudiyã'
Verso 185 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 513
512 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 6
éivãnande—a Sivãnanda Sena; p a í n - u m a carta; dila—mandou; vinaya kariyã— bãhudiyã—regressando; sei—aqueles; daéa jana—dez homens; ãila ghara—voltaram
para casa; fãrira—seus; mãtã-pitã—mãe e pai;
ha-ila—ficaram; cintita—cheios de
com muita humildade; ãmãra putrere— meu filho; tumi—tu; dibã—por favor, entrega;
ansiedade; antara—no íntimo.
bãh udiyã—de volvendo.
T R A D U Ç Ã O — O pai de Raghunãtha dãsa escreveu uma carta a Sivãnanda Sena, T R A D U Ç Ã O — O s dez homens voltaram para casa, e o pai e a mãe de Raghunãtha
dãsa ficaram cheios de ansiedade.
pedindo-lhe humildemente: "Por favor, devolve meu filho."
V E R S O 184
V E R S O 181
jhãnkarã paryanta gela sei daéa jane ethã raghunãtha-dãsa prabhãte uthiyã
jhãhkarãte pãila giyã vaisnavera gane pürva-mukha chãdi' cale daksina-mukha hanã
ethã—aqui; raghunãtha-dãsa—Raghunãtha dãsa; prabhãte—de manhã cedo;
jhãnkarã paryanta—ao local conhecido como Jhãnkarã; gela—foram; sei daéa jane— uthiyã—levantando-se; pürva-mukha—direção leste; chãdi'—deixando; cale—co-
aqueles dez homens; jhãhkarãte—em Jhãnkarã; pãila—deram com; giyã—indo;
meçou a marchar; daksina-mukha—olhando para o sul; hanã—ficando.
vaisnavera gane—o grupo de Vaisnavas.
T R A D U Ç Ã O — E m Jhãnkarã, os dez homens deram com o grupo de Vaisnavas que
TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa, que descansara na casa do leiteiro, levantou-se
iam para Nilãcala.
de manhã cedo. Ao invés de ir para o leste, voltou-se para o sul e seguiu em
frente.
V E R S O 182
V E R S O 183
bhaksana apeksã nãhi, samasta divasa gamana svarúpãdi-saha gosãni ãchena vasiyã
ksudhã nãhi bãdhe, caitanya-carana-prãptye mana hena-kãle raghunãtha milila ãsiyã
bhaksana apeksã nãhi—não se importava com alimentação; samasta divasa—o dia svarupa-ãdi-saha—na companhia de devotos, liderados por Svarüpa Dãmodara;
inteiro; gamana—viajando; ksudhã—fome; nãhi bãdhe—não era um obstáculo; gosãni—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; ãchena vasiyã—estava sentado; hena-
caitanya-carana—os pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu; prãptye—em obter; kãle—nessa altura; mghunãtha—Raghunãtha dãsa; milila—encontrou; ãsiyã—vindo.
mana—mente.
TRADUÇÃO—Quando Raghunãtha dãsa encontrou-se com Sri Caitanya Maha-
T R A D U Ç Ã O — N ã o se importando com alimentação, ele viajava o dia inteiro. A prabhu, o Senhor estava sentado com Seus companheiros, liderados por Svarüpa
fome não era obstáculo algum, pois sua mente estava fixa em obter refugio aos Dãmodara.
pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu. V E R S O 190
i t i c i l fiem, «Tca a t e i fiw «rt«l n JV-I i ahganete dure rahi' karena pranipãta
mukunda-datta kahe, — 'ei ãila raghunãtha'
kaWiu carvana, kabhu randhana, kabhu dugdha-pãna ahganete—no pátio; dure rahi'—mantendo-se n u m lugar distante; karena prani-
yabe yei mile, tãhe rãkhe nija prãna pãta—prestou suas reverências; mukunda-datta kahe— Mukunda Datta disse; ei—
kabhu carvana—às vezes, mastigando; kabhu randhana—às vezes, cozinhando; isto; ãila—chegou; raghunãtha—Raghunãtha dãsa.
kabhu dugdha-pãna—às vezes, bebendo leite; yabe—quando; yei—quem quer que;
mile—encontra; tãhe—dessa maneira; rãkhe— mantém; nija prãna—sua vida. TRADUÇÃO—Ficando em um lugar distante, no pátio, ele caiu, prestando reve-
rências. Então, Mukunda Datta disse: " L á está Raghunãtha."
T R A D U Ç Ã O — À s vezes, mastigava grãos fritos, às vezes, cozinhava, e, às vezes,
bebia leite. Dessa maneira, recorrendo a qualquer coisa que lhe fosse acessível, V E R S O 191
mantinha-se vivo aonde quer que ele fosse.
«rç>a-caa.-wta.i',c«c*iafàusa«i i
V E R S O 188 f c f S ' # g arita ê t c a c*»rt « i t f è w i « m u
i i ? fwci efà' c i n i S V W W I I i
prabhu kahena, — 'ãisa', tenho dharilã carana
lei f ò i f w i ira *fa»n c « i w i « J W • ufhi' prabhu krpãya tãhre kailã ãlihgana
bãra dine cali' gelã sri-purusottama prabhu kahena—o Senhor disse; flisu—vem cá; tenho— ele; dharilã carana—agarrou
pathe tina-dina mãtra karilã bhojana Seus pés de lótus; uím'—levantando-Se; prabhu—o Senhor; krpãya—por miseri-
bãra dine—por doze dias; cali'—viajando; gelã—alcançou; sri-purusottama—jagan- córdia; tãhre—a ele; kailã ãlihgana—abraçou.
nãtha Puri, ou Nilãcala, a residência de Purusottama; r«f/ie—no caminho; tina-
dina—por três dias; mãtra—apenas; karilã bhojana—ele comeu. TRADUÇÃO—Nem bem ouviu estas palavras, ári Caitanya Mahaprabhu deu boas-
vindas a Raghunãtha dãsa. "Vem cá", disse Ele. Então, Raghunãtha dãsa agarrou
09
T R A D U Ç Ã O — E m doze dias, ele chegou a Jagannãtha Puri, mas, durante pés de lótus do Senhor, mas, levantando-Se, o Senhor, por Sua misericórdia
sua viagem, comeu apenas por três dias. «motivada, abraçou-o.
516 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 195 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 517
V E R S O 192 conseguem livrar-se disso. O grhavrata, ou seja, a pessoa que decidiu viver num
lar confortável, embora, na realidade, isso seja miserável, está numa posição con-
aatfifã aa « c ^ a ua«i afàwl i denada. Só a misericórdia de Krçna é que nos pode salvar dessa miséria. Sem
arç-asii cwfà' tca f i í t l W fcsiíl«« a misericórdia de Krçna, ninguém consegue sair do imundo enredamento da vida
materialista. Não é às suas próprias custas que a insignificante entidade viva con-
svarüpãdi saba bhaktera carana vandilã segue livrar-se de sua posição materialista; ela só pode abandoná-la se receber
prabhu-krpã dekhi' sabe ãlihgana kailã a misericórdia especial de Krçna. O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu sabia muito
svarüpa-ãdi—encabeçados por Svarüpa Dãmodara; saba bhaktera—de todos os bem que Raghunãtha dãsa já estava liberado. Não obstante, sublinhou que a vida
devotos; carana vandilã—ofereceu orações aos pés de lótus; prabhu-krpã—a miseri- de conforto material de Raghunãtha dãsa, que era filho de um homem muito rico
córdia do Senhor Caitanya; dekhi'—ao verem; sabe—todos eles; ãlihgana kailã— e tinha uma esposa muito bela e muitos servos para auxiliá-lo, era como uma
abraçaram. vala de excremento. Dessa maneira, o Senhor indicou especificamente que homens
comuns, que são muito felizes com os confortos materiais e a vida familiar, não
TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa ofereceu orações aos pés de lótus de todos os estão em uma posição melhor do que vermes no excremento.
devotos, encabeçados por Svarüpa Dãmodara Gosvãmi. Ao ver a misericórdia
especial que Srí Caitanya Mahaprabhu outorgara a Raghunãtha dãsa, eles V E R S O 194
abraçaram-no também.
a a a t a a c a a-ca,—'aja» a t f à srtíà i
V E R S O 193 «a i * t l astf%5T « r f a l , - «$ «rtfà a l f a «' i a s 11
<2fç asca,—"arajjpfl afèfô aal « e s i
raghunãtha mane kahe, — 'krsna nãhi jãni
cstalca a * í M fàaa-fàél-itá cacs |" ss.« n tava krpã kãdila ãmã,—ei ãmi mãni'
raghunãtha—Raghunãtha dãsa; mane kahe—respondeu mentalmente; krsna—o
prabhu kahe, — "krsna-krpã balistha sabã haite Senhor Krçna; nãhi jãni—não conheço; tava—Tua; krpã—misericórdia; kãdila—liber-
tomãre kãdila visaya-visfhã-garta haite" tou; ama—a mim; ei—isto; ãmi mãni—aceito.
prabhu kahe—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu disse; krsna-krpã—a misericórdia
do Senhor Krçna; balistha—mais poderosa; sabã haite—do que qualquer outra coisa;
TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa respondeu mentalmente: "Não sei quem é Krçna.
tomãre—a ti; kãdila—Ele libertou; visaya—do gozo material; visfhã—de excremento; Tudo o que sei é que Tua misericórdia, ó meu Senhor, salvou-me de minha vida
garia—a fossa; haite—de. familiar."
V E R S O 195
T R A D U Ç Ã O — O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu disse: "A misericórdia do
Senhor Krsna é mais forte do que qualquer outra coisa. Por isso, o Senhor « f Ç a s ç * a , - " c « t a t a r*t<5l-c<srj&l ç| arca |
libertou-te do poço da vida materialista, que é como um buraco dentro do qual
sapafé-aatat a t a '«rtsri' asfà' arca ti m i
as pessoas defecam."
prabhu kahena, — "tomara pitã-jyethã dui jane
SIGNIFICADO—De acordo com a lei do karma, todos destinam-se a sofrer ou des-
cakravarti-sambandhe hãma 'ã/ã' kari' mane
frutar segundo um determinado padrão material, mas a misericórdia do Senhor
prabhu kahena—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu disse; tomara—teus; pitã-
Krsna é tão poderosa que o Senhor pode mudar todas as reações do nosso karma,
lyethã—pai e o irmão mais velho deste; dui jane—ambos; cakravarti-sambandhe—
ou atividades fruitivas, passado. O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu especifica-
devido a um relacionamento com Nílãmbara Cakravarti; hãma—eu; ãjã kari'—como
mente pôs em relevo a misericórdia do Senhor Krçna. Essa misericórdia é mais
Meus avós; mane—considero.
poderosa do que qualquer outra coisa, pois salvou Raghunãtha dãsa do forte cati-
veiro da vida materialista, a qual o Senhor comparou a um buraco onde as pessoas
TRADUÇÃO—O Senhor prosseguiu: "Tanto teu pai quanto seu irmão mais velho
defecam. Sri Caitanya Mahaprabhu deu Seu veredicto de que aqueles que se
em relação de fraternidade com Meu avô, Nílãmbara Cakravarti. Por isso,
aferram à vida materialista são como vermes que vivem no excremento mas não considero-os Meus a v ó s . "
518 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 198 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 519
SIGNIFICADO—Nílãmbara Cakravarti, o avô de Srí Caitanya Mahaprabhu, tinha posição feliz. O gozo dos sentidos ata essa pessoa a tal ponto que ela não consegue
uma relação muito íntima com o pai e o tio de Raghunãtha dãsa. Nílãmbara se ver livre dele, exatamente como um verme no excremento não consegue sair
Cakravarti costumava chamá-los de irmãos mais novos, pois ambos eram muito do excremento. Do ponto de vista espiritual, a pessoa que está absorta no gozo
devotados aos brãhmanas e eram cavalheiros muito respeitáveis. Analogamente, material é exatamente como um verme no excremento. Embora, aos olhos das
eles costumavam chamá-lo de Dãdã Cakravartí, tratando-o como um irmão brãh- almas liberadas, tal posição seja completamente miserável, o desfrutador mate-
mana mais velho. Entretanto, Raghunãtha dãsa era quase da mesma idade que rialista fica imensamente apegado a ela.
0 Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu. Em geral, o neto pode fazer gracejos de seu
avô. Por isso, Sri Caitanva Mahaprabhu aproveitou-Se do relacionamento exis- VERSO 198
tente entre Seu avô e o pai e tio de Raghunãtha dãsa para, assim, falar de maneira
espirituosa. njft a^ti ^c? araict? aat? i
'«sabás?' acç, ac? 'c?a»ca? «li?' n >s*-»
V E R S O 196
yadyapi brahmanya kare brãhmanera sahãya
c a l i l a a c a c s tstçspt a t a i 'éuddha-vaisnava' nahe, haye 'vaisnavera prãya'
«raia? « r t ? «rtfà asi? »tf?ara n Í S * n yadyapi—embora; brahmanya kare—dêem caridade aos brãhmanas; brãhmanera
cakrai'artira duhe haya bhrãtr-rüpa dãsa sahãya—grandes colaboradores dos brãhmanas; éuddha-vaisnava—Vaisnavas puros;
ataeva tare ãmi kari parihãsa nahe—não; haye—são; vaisnavera prãya—quase Vaisnavas.
cakravartira—de Nílãmbara Cakravartí; duhe—ambos; haya—são; bhrãtr-rüpa
dãsa—servos como irmãos mais novos; ataeva—por isso; tare—a eles; ãmi—Eu; kari
parihãsa—digo algo galhofando. TRADUÇÃO—"Embora teu pai e teu tio sejam caridosos com os brãhmanas e lhes
prestem muita ajuda, mesmo assim, não são Vaisnavas puros. Contudo, eles
T R A D U Ç Ã O — " J á que teu pai e seu irmão mais velho são irmãos mais novos de são quase Vaisnavas."
Nílãmbara Cakravarti, posso fazer chacota com eles dessa maneira."
SIGNIFICADO—Como SrUa Bhaktivinoda Thãkura afirma em seu Amrta-pravãha-
V E R S O 197 bhãsya, algumas pessoas, em geral, homens muito ricos, vestem-se de Vaisnavas
e dão caridade aos brãhmanas. Estão também apegados à adoração à Deidade,
estar? aw-caníri -f?a?lâèi-ac«* #rfl i porém, devido a seu apego ao gozo material, não conseguem ser Vaisnavas puros.
gi <pf?' arca fàa?-fâca? ast%?l n n Anyãbhilãsitã-éünyam jhãna-karmãdy-anãvrtam. O Vaiçnava puro não deseja gozo
material. Esta é a qualificação básica de um Vaiçnava puro. Existem homens, es-
tomara bâpa-jyethã—visaya-visthã-gartera kidã pecialmente homens ricos, que, com regularidade, adoram a Deidade, dão cari-
sukha kari' mane visaya-visera mahã-pidã dades aos brãhmanas e, sob todos os aspectos, são piedosos, mas não conseguem
tomara—teu; bãpa—pai; jyethã—seu irmão mais velho; visaya—de gozo material; ser Vaiçnavas puros. A despeito de sua exibição externa de Vaisnavismo e de
visthã—excremento; gartera—do poço; ki4ã—vermes; sukha kari'—como felicidade; caridade, no íntimo, desejam desfrutar de um padrão superior de vida material.
mane—eles consideram; visaya—de gozo material; visem—do veneno; mahã-pidã—-a Hiranya dãsa e Govardhana, respectivamente o pai e o tio de Raghunãtha dãsa,
grande doença. eram muito caridosos com os brãhmanas. Na verdade, os brãhmanas do distrito
de Gaudíya praticamente dependiam deles. Portanto, eram aceitos como cava-
lheiros muito piedosos. Contudo, aos olhos do povo em geral, eles se faziam
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Raghunãtha dãsa, teu pai e seu irmão mais velho
passar por Vaiçnavas, embora, do ponto de vista puramente espiritual, fossem
são exatamente como vermes no excremento no poço do gozo material, pois a
seres humanos comuns, e não Vaiçnavas puros. Verdadeiros Vaiçnavas conside-
grande doença do veneno do gozo material é o que eles consideram ser felici-
ravam-nos quase Vaisnavas, e não Vaiçnavas puros. Em outras palavras, eles eram
dade."
kanistha-adhikãris, pois ignoravam os elevados princípios de regulação Vaiçnava.
Não obstante, não se os podiam chamar de visayis, ou cegos desfrutadores
S I G N I F I C A D O — A o apegar-se ao gozo material, o homem apega-se a muitas con- materialistas.
dições miseráveis, mas, não obstante, aceita sua posição condenada como uma
520 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa
Verso 202 521
VERSO 199 TRADUÇÃO—"Por Sua vontade espontânea, o Senhor Krsna libertou-te de tal vida
materialista condenada. Portanto, não se podem descrever na íntegra as glórias
wttrât faiosa leta-arça srçl-«w i da misericórdia imotivada do Senhor K r s n a . "
c r i as«í fim, ates aa «a-an II ÍSS> II
S I G N I F I C A D O — O Brahma-samhitã (5.54) diz que karmãni nirdahati kintu ca bhakti-
tathãpi visayera svabhãva—kare mahã-andha bhãjãm. O Senhor Krsna é tão misericordioso que pode parar a reação kármica
sei karma karãya, yãte haya bhava-bandha de Seu devoto. Todos — desde o pequeno inseto chamado indra-gopa até Indra,
tathãpi—mesmo assim; visayera svabhãva—a potência do gozo material; kare mahã- o rei dos céus — estão presos às reações das atividades fruitivas.
andha—deixa a pessoa totalmente cega; se karma karãya—faz ela agir de tal maneira;
yãte—pela qual; haya—há; bhava-bandha—a prisão de nascimentos e mortes. yas tv indra-gopam athavendram aho sva-karma-
bandhãnurüpa-phala-bhãjanam ãtanoti
T R A D U Ç Ã O — " A q u e l e s que são apegados à vida materialista e são cegos à vida karmãni nirdahati kintu ca bhakti-bhãjãm
espiritual agem de tal maneira que suas ações e reações correspondentes prendem- govindam ãdi-purusam tam aham bhajãmi
nos a repetidos nascimentos e mortes."
Todos, quer um inseto, quer o rei dos céus, estão enredados e presos nas ações
SIGNIFICADO—Como o Bhagavad-gitã (3.9) afirma claramente, yajhãrthãt karmano e reações de seu karma. Contudo, ao converter-se em devoto puro, livre dos de-
'nyatra loko 'yam karma-bandhanah: se alguém não age como um devoto puro, todos sejos materiais e do cativeiro de karma, jhãna e yoga, a pessoa, pela misericórdia
os atos por ele realizados produzirão reações que o prendem a estas ações (karma- imotivada de Krçna, livra-se das ações e reações materiais. Ninguém pode ex-
bandhanah). O Srimad-Bhãgavatam (5.5.4) afirma: pressar suficiente gratidão a Krçna por estar livre do modo de vida materialista.
ei raghunãthe—esse Raghunãtha dãsa; ãmi—Eu; sahpinu tomãre—confio a ti; svarüpa kahe, — 'mahãprabhura ye ãjnã haila'
putra—filho; bhrtya—servo; rüpe—como; tumi— tu (Svarüpa Dãmodara Gosvãmi); eta kahi' raghunãthe punah ãlihgila
kara ahgikãre— por favor, aceita. svarüpa kahe— Svarüpa Dãmodara disse; mahãprabhura—de Srí Caitanya Maha-
prabhu; ye—qualquer; ãjnã—ordem; haila—há; eta kahi'—dizendo isso; raghunãthe—
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Svarüpa", disse Ele, "confio-te esse Raghunãtha Raghunãtha dãsa; punah—novamente; ãlihgila—ele abraçou.
dãsa. Por favor, aceita-o como teu filho ou servo."
TRADUÇÃO—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi aceitou Raghunãtha dãsa, dizendo:
"ári Caitanya Mahaprabhu, tudo o que ordenas é aceito." Então, abraçou nova-
V E R S O 203
mente Raghunãtha dãsa.
f « a ' a a a W - a t a aa «certa ac«l i V E R S O 206
«aascta aa^'-- «ttfàf c a c « l a t a «tca « V - e a
C6«cs>a «««116,1511 a*fàc« ai *rtfa i
fina 'raghunãtha'-nãma haya ãmãra gane
'svarüpera raghu'—ãji haite ihãra nãme" catfãçarca asca aaatca «ral ana' n »
tina raghunãtha—três Raghunãthas; nãma—chamados; haya—são; ãmãra gane—
dentre Meus associados; svarüpera raghu—o Raghunãtha de Svarüpa Dãmodara; caitanyera bhakta-vãtsalya kahite nã pari
ãji haite—de hoje em diante; ihãra—deste; nãme—o nome. govindere kahe raghunãthe dayã kari'
caitanyera—do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-vãtsalya—afeição pelos
devotos; kahite nã pari—não posso descrever adequadamente; govindere—a
T R A D U Ç Ã O — " A g o r a há três Raghunãthas entre os Meus associados. De hoje em
Govinda; kahe—Ele disse; raghunãthe—vara com Raghunãtha dãsa; dayã kari'—
diante, esse Raghunãtha passa a ser conhecido como o Raghu de Svarüpa
sendo muito misericordioso.
Dãmodara."
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , á r i Caitanya Mahaprabhu disse a Raghunãtha dãsa: "Vai TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa tomou seu banho de mar e viu o Senhor Jagan-
banhar-te no mar. Então, vê o Senhor Jagannãtha no templo e volta aqui para nãtha. Então, regressou a Govinda, o servo pessoal de ári Caitanya Mahaprabhu.
tomar tua refeição."
V E R S O 209 VERSO 212
4« afa' «i^ imãs «fãcs sfòai i «rça «rafiè ira curara ire* ra«ai i
fJjrflWrt*! 1? «SC^Cí flfàerl II li «rrafras 3 * 1 aasiti «rara ira>i a *h u
eta bali' prabhu madhyãhna karite uthilã prabhura avaéista pãtra govinda tãhre dilã
raghunãtha-dãsa saba bhaktere mililã ãnandita hanã raghunãtha prasãda pãilã
eta bali'—após dizer isso; prabhu—ári Caitanya Mahaprabhu; madhyãhna karite— prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; avaéista pãtra—um prato com restos de
para realizar Seus deveres do meio-dia; uthilã—levantou-Se; raghunãtha-dãsa— comida; govinda—o servo pessoal do Senhor; tãhre—a ele; dilã— ofereceu; ãnandita
Raghunãtha dãsa; suba—todos; bhaktere—devotos; mililã—congratulou. hanã—ficando muito feliz; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; prasãda pãilã—aceitou
a prasãda.
TRADUÇÃO—Após dizer isto, ári Caitanya Mahaprabhu levantou-Se e foi realizar
Seus deveres do meio-dia, e Raghunãtha congratulou-se com todos os devotos TRADUÇÃO—Govinda ofereceu-lhe um prato com os restos de comida deixados
ali presentes. por Sri Caitanya Mahaprabhu, ao que Raghunãtha dãsa, cheio de felicidade,
V E R S O 210 aceitou a prasãda.
V E R S O 213
aasrrci <st$a ?H cafà, vjmm i
a a i s ata cia wt-aati i
farras a<«»l ?>ca «"ra «laj-awçii II n
catfàra «rara irca ran ia» fãci 11 11
raghunãthe prabhura krpã dekhi, bhakta-gana
vismita hanã kare tãhra bhãgya-praéamsana ei-mata rahe tenha svarüpa-carane
raghunãthe—para com Raghunãtha dãsa; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; govinda prasãda tãhre dila pança dine
krpã—misericórdia; dekhi—vendo; bhakta-gana—todos os devotos; vismita—tomados ei-mata—dessa maneira; rahe—permaneceu; tenha—ele; svarüpa-carane—sob a pro-
de admiração; «uno—ficando; kare—fazem; tãhra—sua; bhãgya—fortuna; praéam- teção de Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; govinda—o servo pessoal de Sri Caitanya
sana—louvor. Mahaprabhu; prasãda—os restos da comida de Sri Caitanya Mahaprabhu; fãrire—a
ele; dila—deu; pança dine—por cinco dias.
T R A D U Ç Ã O — A o verem a misericórdia imotivada de ári Caitanya Mahaprabhu
para com Raghunãtha dãsa, todos os devotos, tomados de admiração, louvaram TRADUÇÃO—Raghunãtha dãsa ficou aos cuidados de Svarüpa Dãmodara Go-
sua boa fortuna. svãmi, e, por cinco dias, Govinda forneceu-lhe os restos da comida de ári
V E R S O 211 Caitanya Mahaprabhu.
V E R S O 214
aarara 1102 aram «ti ^rati i «rta trâi caos «•^-«wraf cifãal i
waati cwfa' catfira-li*t «"taarl n n fi^aarca atsi aca fwra mfãai 11 11
526 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 220 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 527
T R A D U Ç Ã O — A partir do sexto dia, Raghunãtha dãsa ficava de pé no portão co- TRADUÇÃO—Dessa maneira, é um costume bem antigo que um devoto que não
nhecido como Simha-dvãra, e ali, após a cerimônia de puçpa-anjali, na qual dispõe de nenhum outro meio de subsistência fique de pé no portão Simha-dvãra
oferecem-se flores ao Senhor, mendigava doações. para receber doações dos servos.
V E R S O 215 V E R S O 218
infira a*caa raasa ata-afrsa i
waatraa is—-*PNN «N* i
asssrat «caa waata traaa 11 n
cwl alfa' arcai asca sjcacs aa* 11 *>« o
sarva-dina karena vaisnava nãma-sahkirtana
jagannãthera sevaka yata—'visayira gana' svacchande karena jagannãtha daraéana
sevã sãri' rãtrye kare grhete gamana sarva-dina—o dia inteiro; karena—realiza; vaisnava—um Vaisnava; nãma-sahki
jagannãthera—do Senhor jagannãtha; sevaka—servos; yata—todos; visayira gana— na—o cantar do santo nome do Senhor; svacchande—com total liberdade; karena—
de um modo geral, conhecidos como visayis; sevã sãri'—após terminar seu serviço; faz; jagannãtha daraéana—-visão do Senhor Jagannãtha.
rãtrye—a noite; kare—fazem; grhete gamana—retorno para casa.
TRADUÇÃO—Assim, um Vaisnava completamente dependente fica o dia todo can-
T R A D U Ç Ã O — À noite, após terminar seus deveres prescritos, os vários servos do tando o santo nome do Senhor e tem plena liberdade de ver o Senhor Jagannãtha.
Senhor Jagannãtha, conhecidos como visayis, voltam para casa.
V E R S O 219
V E R S O 216
casa 5Ci3 atfa' ata, caal fãsg *rta i
pRaatta «ratai rança ra fàal I casa ates fafi srtfã' fàçaatca aa n ^ Í S »
latfaa ktfàps «ta caa a^fi à? «fàal n o* i
keha chatre mãgi' khãya, yebã kichu pãya
simha-dvãre annãrthi vaisnave dekhiyã keha rãtre bhiksã lãgi' simha-dvãre raya
pasãrira thãni anna dena krpã ta' kariyã keha—alguns; chatre— nas barracas de esmola; mãgi"—mendigando; khãya—
simha-dvãre—no portão Sirhha; anna-arthi— necessitando de alguns víveres; comem; yeba—qualquer; kichu—pouco; pãya—que recebam; keha—alguns; rãtre—à
vaisnave—Vaisnavas; dekhiyã—vendo; pasãrira thãni—dos comerciantes; anna dena— noite; bhiksã lãgi'—para pedir esmolas; simha-dvãre raya—ficam no portão conhecido
como Simha-dvara.
entrega alguns mantimentos; krpã ta' kariyã—por misericórdia.
TRADUÇÃO—Caso vejam um Vaisnava de pé, esmolando no Simha-dvãra, eles, TRADUÇÃO—É costume que alguns Vaisnavas esmolem nas barracas de caridade
por misericórdia, providenciam para que os comerciantes lhe dêem algo para e comam tudo o que lhes dêem, ao passo que outros ficam, durante a noite, de
comer. Pé no portão Simha-dvãra, pedindo esmolas dos servos.
V E R S O 217
V E R S O 220
mahãprabhura bhakta-ganera vairãgya pradhãna éuni' tusta hanã prabhu kahite lãgilã
yãhã dekhi' prita hana gaura-bhagavãn "bhãla kaila, vairãgira dharma ãcarilã
mahãprabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-ganera—dos devotos; vairã- éuni'—ouvindo; tusta hanã—ficando muito satisfeito; prabhu—o Senhor Sri
gya—renúncia; pradhãna—o princípio básico; yãhã dekhi'—vendo a qual; prita hana— Caitanya Mahaprabhu; kahite lãgilã—pôs-Se a dizer; bhãla kaila—ele fez muito bem;
fica satisfeito; gaura-bhagavãn—Sri Caitanya Mahaprabhu, a Suprema Personalidade vairãgira—de uma pessoa na ordem renunciada; dharma—os princípios; ãcarilã—
de Deus. ele cumpriu.
T R A D U Ç Ã O — A renúncia é o princípio básico que permeia as vidas dos devotos TRADUÇÃO—Ao ouvir isto, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou imensamente satis-
de Sri Caitanya Mahaprabhu. Ao ver essa renúncia, Sri Caitanya Mahaprabhu, feito. "Raghunãtha dãsa fez muito bem", disse Ele. "Ele agiu adequadamente
a Suprema Personalidade de Deus, fica extremamente satisfeito. para uma pessoa na ordem renunciada."
O Vaisnava que é um próspero chefe de família não pode viver como a pessoa V E R S O 226
que está na ordem de vida renunciada que se refugia totalmente no santo nome.
Semelhante chefe de família deve cantar o santo nome de Krsna de manhã, ao c a a r â r a aisi—*wl s r n - > t # t é i i
meio-dia e à noite. Então, será capaz de transpor a ignorância. No entanto, devotos 4 t « - ^ « i - a j p i « l a - ^ a i I I *A4 n
puros na ordem renunciada, que se rendem por completo aos pés de lótus de
Krçna, devem, com muita fé e amor, cantar o santo nome do Senhor, sempre vairãgira krtya—sadã nãma-sahkirtana
pensando nos pés de lótus de Krsna. Eles não devem ter nenhuma outra ocupação sãka-patra-phala-müle udara-bharana
que não seja o cantar do santo nome do Senhor. No Bhakti-stmdarbha, Sríla Jiva vairãgira—de uma pessoa na ordem renunciada; krtya—dever; sadã—sempre;
Gosvãmi diz: nãma-sahkirtana—cantar do santo nome do Senhor; sãka—legumes; patra—folhas;
phala—frutas; müle—com raízes; udara-bharana—enchendo o estômago.
yadyapi éri-bhãgavata-mate pahca-rãtrãdivad-arcana-mãrgasyãvaéyakatvam nãsti, tad
vinãpi saranãpattyãdinãm ekatarenãpi purusãrtha-siddher abhihitatvât. T R A D U Ç Ã O — " O dever de uma pessoa na ordem renunciada é sempre cantar o
mantra Hare Krsna. Ela deve satisfazer seu estômago apenas com aqueles le-
VERSO 224 gumes, folhas, frutas e raízes que lhe são disponíveis."
V E R S O 230 T R A D U Ç Ã O — " ' N ã o conheço meu dever nem a meta de minha vida. Portanto,
por favor, instrui-me diretamente de Tua boca transcendental."'
« t « a «rica ««tirara «1 « r a a a a t a i
aa\a-carfã*»-aial « a r a f à a - i t ^ n n V E R S O 233
V E R S O 231
V E R S O 234
«r$3 «rica a n f rârafaii «ira faca i
a a a t a fàrawa «fifB trara u n ' a r a í - r a p r a ' - ^ f à a !*ara "atra i
«rrfà «« atfà srtfà, a*cai as srtca II * . « 8 u
prabhura ãge svarüpa nivedilã ãra dine
raghunãtha nivedaya prabhura carane 'sãdhya'-'sãdhana'-tattva éikha inhãra sthãne
prabhura ãge—diante de Sri Caitanya Mahaprabhu; svarüpa—Svarüpa Dãmodara ãmi tata nãhi jãni, inho yata jãne
Gosvãmi; nivedilã—submeteu à apreciação; ãra dine—no dia seguinte; raghunãtha sãdhya—dever; sãdhana—como executá-lo; tattva—verdade; éikha—aprende; inhãra
nivedaya—Raghunãtha dãsa indaga; prabhura carane—aos pés de lótus do Senhor sthãne—dele; ãmi—Eu; tata—tanto; nãhi jãni—não sei; inho—ele; yata—tanto quanto;
Sri Caitanya Mahaprabhu. jane—sabe.
534 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 239 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 535
TRADUÇÃO—"Podes aprender com ele qual é o teu dever e como desempenhá-lo. T R A D U Ç Ã O — " N ã o contes com honra, mas oferece aos outros todo o respeito.
Ele sabe bem mais do que E u . " Canta sempre o santo nome do Senhor Krçna, e, dentro de tua mente, fica em
Vrndãvana para prestar serviço a Rãdhã e K r ç n a . "
VERSO 235
<5«rrf*t «TrSTfl Wtsits «rari aff aa i SIGNIFICADO—Em seu Amrta-pravãha-bhãsya, SrUa Bhaktivinoda Thãkura diz que,
«"tala a í c « i « c a « f ã s fã*5a n *-a<t 11 ao casarem-se, um h o m e m e uma mulher procriam filhos e, assim, enredam-se
em vida familiar. Conversas a respeito de tal vida familiar chamam-se grãmya-
tathãpi ãmãra ãjhãya sraddhã yadi haya kathã. A pessoa na ordem renunciada nunca se dá ao trabalho de ouvir ou falar
ãmãra ei vãkye tabe kariha niécaya sobre estes assuntos. Ela não deve comer pratos saborosos, uma vez que isto não
tathãpi—mesmo assim; ãmãra ãjhãya—em Minha instrução; éraddhã—íé; yadi—se; é adequado a uma pessoa na ordem renunciada. Ela deve mostrar todo o respeito
haya—houver; ãmãra—Minhas; ei—estas; vãkye—pelas palavras; tabe—então; kariha aos outros, mas não deve esperar respeito para si mesma. Dessa maneira, ela
niécaya—podes determinar. deve cantar o santo nome do Senhor e pensar em como servir Rãdhã e Krçna
em Vrndãvana.
T R A D U Ç Ã O — " N ã o obstante, se, com fé e amor, desejas receber Minhas instru-
ções, podes, a partir das seguintes palavras, determinar teus deveres." VERSO 238
VERSO 237
fltffH ^ c s i «tarfsa afç^i i
«ratfàaí i R d W «li41?: »nri çfa: l" *Ü I
« w t i t i i * w *>s»si ? a m i a i f l sfca i
acsr atat*aj-c*iai i i a c i « f a c a » n trnãd api sunicena
taror iva sahisnunã
amãni manada hanã krsna-nãma sadã la'be amãninã mãnadena
vraje rãdhã-krsna-sevã mãnase karibe kirtaniyah sadã harih"
amãni—não contando com respeito algum; mãna-da—prestando respeito aos trnãt api—do que palha pisoteada; sunicena—sendo mais baixo; taroh—do que
outros; hanã—torhando-te; krsna-nãma—o santo nome do Senhor; sadã—sempre; uma árvore; iva—na verdade; sahisnunã—com mais tolerância; amãninã—sem ficar
la'be— deves cantar; vraje—em Vrndãvana; rãdhã-krsna-sevã—serviço a Rãdhã e arrogante com falso orgulho; mãnadena—oferecendo respeito a todos; kirtaniyah—
Krçna; mãnase—dentro da mente; karibe—deves fazer. para ser cantado; sadã—sempre; harih—o santo nome do Senhor.
Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 6 Verso 245 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 537
T R A D U Ç Ã O — " A q u e l e que se considera inferior à palha, que é mais tolerante que hena-kãle ãilã saba gaudera bhakta-gana
uma árvore e que não espera honra pessoal mas está sempre disposto a oferecer pürvavat prabhu sabãya karilã milana
respeito aos outros pode mui facilmente cantar sempre o santo nome do Senhor." hena-kãle—nesse momento; ãilã—vieram; saba—todos; gaudera bhakta-gana—
devotos da Bengala; pürva-vat—-como antes; prabhu—Srí Caitanya Mahaprabhu;
VERSO 240 sabãya—cada um deles; karilã milana—recebeu.
TRADUÇÃO—Nesse momento, todos os devotos da Bengala chegaram, e, como
I Ç t S r Ç . tem «ira « I V e n f i W M S ^ 8 » II antes, ári Caitanya Mahaprabhu recebeu-os com muito sentimento.
•yit >wp%i <Stra asscia -atra i TRADUÇÃO—Como fizera anteriormente, Ele limpou o templo de Gundicã e
'matHfiM* « r a aairafii ara II w n promoveu para os devotos um banquete no jardim.
raghunãtha-dãsa—Raghunãtha dãsa; yabe—quando; sabãre mililã—encontrou-se cãri mãsa—por quatro meses; rahi'—permanecendo; bhakta-gana—todos os de-
com todos os devotos; advaita-ãcãrya—Advaita Ãcãrya; tãhre—a ele; bahu—muita; votos; gaude gelã—voltaram para a Bengala; éuni'—ouvindo; raghunãthera pitã—o
krpã— misericórdia; kailã—tez. pai de Raghunãtha dãsa; manusya—um homem; pãthãilã—enviou.
TRADUÇÃO—Quando Raghunãtha dãsa encontrou-se com todos os devotos, TRADUÇÃO—Quando todos os devotos da Bengala voltaram para casa após
Advaita Ãcãrya mostrou-lhe muita misericórdia. demorarem-se em Jagannãtha Puri por quatro meses, o pai de Raghunãtha dãsa
ficou sabendo da chegada deles e, por isso, enviou um homem até Sivãnanda
V E R S O 246 Sena.
V E R S O 249
fa<t1«*K1* «"lOI « W l f%«flr1 I
estai C*TT5 carira f»i<si ttfcr**T «n w i » * 8 * ra 1 9 9 faipwr-rarara «Jjiw i
* n t « ç a i r r a <s& 'raatíÜ' GffiW»*sa> •
éivãnanda-sena tãhre kahena vivarana
tomã laite tomara pitã pãthãilã daéa jana se manusya éivãnanda-senere puchila
éivãnanda-sena—Sivãnanda Sena; tãhre—a ele; kahena—diz; vivarana—descrição; "mahãprabhura sthãne eka 'vairãgi' dekhila
tomã laite—para levar-te; tomara pitã—teu pai; pãthãilã—enviou; ãasa jana—dez se manusya—esse mensageiro; éivãnanda-senere—de Sivãnanda Sena; puchila—
homens. indagou; mahãprabhura sthãne—na casa de Srí Caitanya Mahaprabhu; eka vairãgi—
uma pessoa na ordem renunciada; dekhila—viste.
T R A D U Ç Ã O — E l e também encontrou-se com Sivãnanda Sena, que o informou:
"Teu pai enviou dez homens para levar-te embora." TRADUÇÃO—Esse homem perguntou a Sivãnanda Sena: "Viste alguém que,
pertencente à ordem renunciada, hospedou-se na residência de Srí Caitanya
V E R S O 247 Mahaprabhu?"
V E R S O 250
estaria tifriara» láft *rtfrtíi ratra i
atirai * * s s <?stii n »it<«»i c«t*r i r a II * 8 1 II ctt?«fra? t a ra?«i, i t i - ' a i i t i ' i
«terfera; i f ã s i «rira estila i t i
tomãre pãthãite patri pãthãilã more
jhãnkarã ha-ite tomã nã pãnã gela ghare govardhanera putra tenho, nãma—'raghunãtha'
tomãre—a ti; pãthãite—para mandar de volta; patri— carta; pãthãilã more—enviou- nilãcale paricaya ache tomara sãtha?"
me; jhãnkarã ha-ite—de Jhãnkarã; tomã—a ti; nã pãha—não conseguindo; gela ghare— govardhanera—de Govardhana; putm—o filho; tenho—ele; nãma—chamado; raghu-
voltaram para casa. nãtha—Raghunãtha dãsa; nilãcale—em Nilãcala; paricaya ache—há contato; tomara
sãtha—contigo.
TRADUÇÃO—"Ele escreveu-me uma carta, pedindo-me que te mandasse de voi.
mas, como aqueles dez homens não obtinham nenhuma informação sobre TRADUÇÃO—"Trata-se de Raghunãtha dãsa, filho de Govardhana Majumadãra.
partiram de Jhãnkarã e foram para casa." Por acaso, te encontraste com ele em Nilãcala?"
V E R S O 248 V E R S O 251
sivãnanda kahe—Sivãnanda Sena respondeu; tenho—ele; haya—está; prabhura parama—suprema; vairãgya—renúncia; tara—sua; nãhi—não; bhaksya—comendo;
sthãne—com o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; parama vikhyãta—muito famoso; paridhãna—vestindo-se; yaiche taiche—de alguma forma; ãhãra kari'—comendo;
tenho—ele; kebã—quem; nãhi jãne—não conhece. rãkhaye parãna—mantém a vida.
TRADUÇÃO—Sivãnanda Sena respondeu: "Sim, cavalheiro. Raghunãtha dãsa está T R A D U Ç Ã O — " E l e está na ordem suprema de vida renunciada. Na verdade, ele
com Sri Caitanya Mahaprabhu e é um homem muito famoso. Quem não o não se importa com o comer ou o vestir-se. De alguma forma, ele consegue comer
conhece?" e, assim, mantém sua vida."
V E R S O 252 V E R S O 255
svarüpera sthãne tare kariyãchena samarpana daéa-danda rãtri gele 'puspãhjali' dekhiyã
prabhura bhakta-ganera tenho haya prãna-sama simha-dvãre khãdã haya ãhãra lãgiyã
svarüpera sthãne—a Svarüpa Dãmodara; tare—a ele; kariyãchena samarpana—o daéa-danda—dez dandas (240 minutos); rãtri—noite; gele—tendo ido; puspãhjali—a
Senhor Caitanya encarregou de; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta- realização de puspãhjali; dekhiyã—avós ver; simha-dvãre—no portão Simha-dvãra;
ganera—de todos os devotos; tenho—ele; haya—é; prãna—a vida; sama—como. khãdã haya—fica de pé; ãhãra lãgiyã—para conseguir alguma esmola para comer.
T R A D U Ç Ã O — " S r i Caitanya Mahaprabhu colocou-o aos cuidados de Svarüpa TRADUÇÃO—-"Após passarem-se dez dandas [quatro horas) da noite e após ter
Dãmodara. Raghunãtha dãsa tornou-se tal qual a vida de todos os devotos do assistido à realização de puspãhjali, Raghunãtha dãsa fica postado ao portão
Senhor." Simha-dvãra e pede algumas esmolas para c o m e r . "
V E R S O 253
V E R S O 256
atfâ-iâa « c a c « c a l » t a - a # l « a i
a>«iaia atfà 5tc« <2i§a ea«i H ;><r* n c « a afã cm, « c a « a c a « * W i
a f « t a r a , « ^ « a c a aa«i II"><N> II
rãtri-dhm kare tenho nãma-sahkirtana
ksana-mãtra nãhi chãde prabhura carana keha yadi deya, tabe karaye bhaksana
rãtri-dina—todos os dias e noites; kare—realiza; tenho—ele; nãma-sahkirtana—cantar kabhu upavãsa, kabhu karaye carvana"
do mantra Hare Krsna; ksana-mãtra—nem sequer por um momento; nãhi chãde—não keha—alguém; yadi—caso; deya—ofereça; tabe—então; karaye bhaksana—ele come;
abandona; prabhura carana—os pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu. kabhu—ás vezes; upavãsa—jejuando; kabhu—às vezes; karaye carvana—ele mastiga
T R A D U Ç Ã O — " E l e canta o mahã-mantra Hare Krsna dia e noite sem parar. Ele T R A D U Ç Ã O — " E l e come se alguém lhe dá algo para comer. Às vezes, jejua, e,
nunca abandona o refúgio de Sri Caitanya Mahaprabhu, nem sequer por um outras vezes, mastiga grãos fritos."
momento."
V E R S O 254 V E R S O 257
parama vairãgya tara, nãhi bhaksya-paridhãna eta éuni' sei manusya govardhana-sthãne
yaiche taiche ãhãra kari' rãkhaye parãna kahilã giyã saba raghunãtha-vivarane
542 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-hlã, 6 Verso 263 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 543
eta éuni'—ouvindo isto; se; manusya—aquele mensageiro; govardhana-sthãne éivãnanda kahe— Sivãnanda Sena disse; tumi—vós; saba—todos; yãife nariba—não
a Govardhana Majumadãra; kahilã—falou; giyã—indo; saba—tudo; raghunãtha- podeis ir; ãmi yãi—eu for; yabe—quando; ãmãra sahge—comigo; yãibã—heis.
vivarane—a descrição de Raghunãtha dãsa.
TRADUÇÃO—Sivãnanda Sena informou-lhes: "Não podeis ir diretamente a Jagan-
TRADUÇÃO—Após ouvir isto, o mensageiro retornou até Govardhana Majuma- nãtha Puri. Mas, quando eu for para lá, podereis acompanhar-me."
dãra e participou-lhe tudo sobre Raghunãtha dãsa.
V E R S O 261
VERSO 258
<ac? i a iiç, i c ? «rifa i a i r f è i i j
« s f i ' <5*ts a i s l f » t « l g s f i s I « C l C 5 T 1 1 l a r a r c i I C T * w t IfJJI I I
«ja-iifuw n t i t í c s n te*\ n *0b- II
ebe ghara yãha, yabe ãmi saba calimu
éuni' tãhra mãtã pitã duhkhita ha-ila tabe tomã sabãkãre sahge lanã yãmu
putra-thãhi dravya-manusya pãthãite mana kaila gfe_agora; ghara yãha—ide para casa; yabe—quando; ãmi—nós; saba—todos;
éuni'—ouvindo; tãhra—seus; mãfã pitã—pai e mãe; duhkhita ha-ila—ficaram muito calimu—formos; fabe—então; fomã sabãkãre—todos vós; sange—com; lahã—levando;
tristes; putra-thãhi—a seu filho; dravya-manusya—artigos e homens; pãthãite— yãmu—irei.
mandar; mana kaila—decidiram.
TRADUÇÃO—"Agora, voltai para casa. Quando todos nós formos, levar-vos-ei
T R A D U Ç Ã O — A o ouvirem a descrição de como é que Raghunãtha dãsa compor- todos vós comigo."
tava-se na ordem renunciada, seu pai e mãe ficaram muito tristes. Por isso,
visando ao seu conforto, decidiram enviar-lhe alguns homens com mantimentos. VERSO 262
ãcãryo yadunandanah sumadhurah éri-vãsudeva-priyas T R A D U Ç Ã O — " P o r ele ser muito agradável a todos os devotos, Raghunãtha dãsa
tac-chisyo raghunãtha ity adhigunah prãnãdhiko mãdrsãm Gosvãmi facilmente tornou-se como a fértil terra da boa fortuna, onde ficou
éri-caitanya-krpãtireka-satata-snigdhah svarüpãnugo adequado plantar a semente do Senhor Caitanya Mahaprabhu. Ao mesmo tempo
vairãgyaika-nidhir na kasya vidito nilãcale tisthatãm em que era semeada, a semente brotou, produzindo uma inigualável árvore de
ãcãryah yadunandanah—Yadunandana Ãcãrya; su-madhurah—muito bem- amor por ári Caitanya Mahaprabhu, a qual produzia frutos."
comportado; éri-vãsudeva-priyah—muito querido de Sri Vãsudeva Datta Thãkura;
tat-éisyah—seu discípulo; raghunãthah—Raghunãtha dãsa; ifi—assim; adhigunah— SIGNIFICADO—Este é o verso seguinte do Sri Caitanya-candrodaya-nãtaka ( 1 0 . 4 ) .
tão qualificado; prãna-adhikah—mais querido do que a vida; mã-dréãm—de, como
eu, todos os devotos de Sri Caitanya Mahaprabhu; éri-caitanya-krpã—pela mise- VERSO 2 6 5
ricórdia de Sri Caitanya Mahaprabhu; atireka—excesso; satata-snigdhah—sempre
agradável; svarüpa-anugah—seguindo os passos de Svarüpa Dãmodara; vairãgya— Prctiw cacs cit isra «feri i
de renúncia; eka-nidhih—o oceano; no—não; kasya—por quem; viditah—conhecido; « t f t * c*rÍÊwt <3tl« afàeri II *><t ii
nilãcale—em Jagannãtha Puri; tisthatãm—daqueles que permaneciam.
éivãnanda yaiche sei manusye kahilã
T R A D U Ç Ã O — " R a g h u n ã t h a dãsa é um discípulo de Yadunandana Ãcãrya, que é karnapüra sei-rüpe éloka varnilã
muito cortês e extremamente querido de Vãsudeva Datta, um residente de éivãnanda—éivãnanda Sena; yaiche—como; sei— ao; manusye—mensageiro; kahi-
Kãncanapallí. Graças às qualidades transcendentais de Raghunãtha dãsa, todos lã—disse; karnapüra—o grande poeta Kavi-karnapüra; sei rüpe—dessa maneira; éloka
nós, devotos de ári Caitanya Mahaprabhu, queremos-lhe mais do que nossas varnilã—compôs versos.
próprias vidas. Como foi favorecido pela abundante misericórdia de ári Caitanya
Mahaprabhu, ele é sempre agradável. Vividamente fornecendo à ordem renun- TRADUÇÃO—Nestes versos, o grande poeta Kavi-karnapüra dá a mesma infor-
ciada um exemplo superior, esse queridíssimo seguidor de Svarüpa Dãmodara mação que Sivãnanda Sena transmitiu ao mensageiro do pai de Raghunãtha dãsa.
Gosvãmi é o oceano da renúncia. Quem, dentre os residentes de Nilãcala [Jagan-
nãtha Puri], não o conhece muito b e m ? " VERSO 2 6 6
sei vipra—aquele brãhmana; bhrtya—os servos; cãri-éata mudrã—quatrocentas dui nimantrane—esses dois convites; lãge—custam; kaudi asta-pana—(AO kaudis;
moedas; tona—trazendo; nilãcale—em Jagannãtha Puri; raghunãthe—com Raghu- brãhmana-bhrtya-thãhi—do brãhmana e do servo; karena—faz; eteka—esse tanto;
nãtha dãsa; mililã—encontraram-se; ãsiyã—vindo. grahana—aceitando.
TRADUÇÃO—Durante sua viagem a Jagannãtha Puri, os servos e o brãhmana le- TRADUÇÃO—As despesas dessas duas ocasiões orçavam em 640 kaudis. Portanto,
vavam consigo quatrocentas moedas. Lá, encontraram-se com Raghunãtha dãsa. ele tirava esta quantia do servo e do brãhmana.
V E R S O 268 V E R S O 271
V E R S O 269 V E R S O 272
tabe raghunãtha kari' aneka yatana mãsa-dui yabe raghunãtha nã kare nimantrana
mãse dui-dina kailã prabhura nimantrana svarüpe puchila tabe éacira nandana
tabe—nessa época; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; kari' aneka yatana—com muito mãsa-dui—por dois meses; yabe—quando; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; nã kare
carinho; mãse—a cada mês; dui-dina—dois dias; kailã—fazia; prabhura nimantrana— nimantrana—não convida; svarüpe puchila—indagou a Svarüpa Dãmodara; tabe—
convite ao Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu. nessa altura; éacira nandana—Sri Caitanya Mahaprabhu, o filho de mãe Saci.
TRADUÇÃO—Nessa época, Raghunãtha dãsa, mui atenciosamente, convidava Sri TRADUÇÃO—Quando já fazia dois meses seguidos que Raghunãtha dãsa deixara
Caitanya Mahaprabhu à sua casa durante dois dias de cada mês. de convidar o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu, o Senhor, o filho de mãe Saci,
indagou a Svarüpa Dãmodara.
V E R S O 270 V E R S O 273
raghu—Raghunãtha dãsa; kene— por que; ãmãya—a Mim; nimantrana—convite; material, e não o verdadeiro benefício decorrente de prestarmos serviço ao Vaiçnava
chãdi' dila—parou; svarüpa kahe—Svarüpa Dãmodara respondeu; mane— mental- puro. Por isso, devemos procurar servir a Suprema Personalidade de Deus,
mente; kichu—algo; vicãra karilã—ele pensou. endendo-nos inteiramente a Seus pés de lótus. Quem emprega a serviço do
r
T R A D U Ç Ã O — ' " D e v i d o aos bens que recebo de pessoas materialistas é que tenho SIGNIFICADO—Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura diz que pessoas avançadas
condições de convidar á r i Caitanya Mahaprabhu. Sei que a mente do Senhor em conhecimento, mas apegadas ao gozo material, que, devido às posses mate-
não se satisfaz com isso.'" riais, ao fato de terem nascido em elevada família aristocrática e à educação, são
vaidosas, podem apresentar um exibicionismo barato de serviço devocional à
V E R S O 275 Deidade e também oferecer prasãda aos Vaiçnavas. Contudo, devido à ignorância,
não podem compreender que, como têm as mentes poluídas com objetos mate-
cata fè^ ajaj aacs ai aa f M a i riais, nem o Senhor Krçna, a Suprema Personalidade de Deus, nem os Vaiçnavas
«na. fàroci cwfà,—'«fà4i'-ars *a n *.<»« 11 aceitam essas oferendas. Receber dinheiro de tais pessoas materialistas para ofe-
recer alimento à Deidade ou aos Vaiçnavas não é aceito por um Vaiçnava puro.
mora citta dravya la-ite nã haya nirmala Isto traz infelicidade aos materialistas, pois eles estão totalmente absortos no con-
ei nimantrane dekhi, — 'pratisthã'-mãtra phala ceito corpóreo de vida. Portanto, eles às vezes voltam-se contra os Vaiçnavas.
mora citta—minha consciência; dravya la-ite—de aceitar os bens; nã haya—-não
é; nirmala—pura; ei nimantrane—com esse convite; dekhi—vejo; pratisthã—reputação;
mãtra—apenas; phala—o resultado. V E R S O 277
T R A D U Ç Ã O — ' " M i n h a consciência é impura, pois aceito todos estes bens de «5 fàeífãai fàia«t çrfy f w r i
pessoas que só estão interessadas em dinheiro. Portanto, com essa espécie de oü? aaratf atfi' aíãcs mtTm 11 w n
convite só consigo alguma reputação material.'"
eta vicãriyã nimantrana chãdi' dila"
SIGNIFICADO—SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura sublinha que as pessoas suni' mahaprabhu hãsi' balite lãgilã
que estão sob o conceito corpóreo de vida chamam-se materialistas. Se aceitamos eta vicãriyã—considerando isso; nimantrana—convite; chãdi' dila—parou; éuni'-
as oferendas de tais pessoas, colocamo-las perante o Senhor e convidamos os °uvindo; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; hãsi'—sorrindo; balite lãgila-
Vaiçnavas para compartilhar da prasãda, essa tentativa só nos dará boa reputação começou a dizer.
550 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 281 O encontro do Senhor com Raghunãtha dasa 551
TRADUÇÃO—"Considerando todos esses pontos", Svarüpa Dãmodara concluiu, T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o alguém aceita o convite formulado por uma pessoa con-
"ele parou de Te convidar." Ao ouvir isso, Sri Caitanya Mahaprabhu sorriu e taminada pelo modo material da paixão, tanto a pessoa que oferece o alimento
falou o seguinte. quanto a pessoa que o aceita contaminam-se mentalmente."
VERSO 278
SIGNIFICADO—Srila Bhaktivinoda Thãkura diz que existem três variedades de
"fàafh* «w aiaca afsra aa i« i convites — aqueles no modo da bondade, aqueles no modo da paixão e aqueles
no modo da ignorância. O convite feito por um devoto puro está no modo da
afãa «ra caca «ca «ca»? "aa»! i n bondade, o convite de uma pessoa que, embora piedosa, tem apegos materiais,
"visayira anna khãile malina haya mana está no modo da paixão, e o convite formulado por uma pessoa que é material-
malina mana haile nahe krsnera smarana mente muito pecaminosa está no modo da ignorância.
visayira—de pessoas materialistas; anna—alimento; khãile—se alguém come;
malina—contaminada; haya mana—a mente torna-se; malina—contaminada; mana
haile—quando a mente toma-se; nahe—não é; krsnera—do Senhor Krsna; smarana— V E R S O 280
lembrança.
a*ata acerca «atfà m fW fãa i
T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o alguém come alimento oferecido por um materialista, sua «W cser-ertfasl «vfifà eifçfàai fky* n
mente fica contaminada, e, com a mente contaminada, ele não consegue pensar
em Krsna apropriadamente." inhãra sahkoce ãmi eta dina nila
bhãla haila—jãniyã ãpani chãdi dila"
SIGNIFICADO—Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura sugere que tanto as ihhãm sahkoce—devido à sua avidez; ãmi—Eu; eta dina—durante tantos dias; nila—
pessoas materialmente inclinadas quanto os sahajiyãs, ou ditos Vaisnavas que vêem aceitei; bhãla haila—é muito bom; jãniyã—sabendo; ãpani—automaticamente; chãdi
tudo com muita informalidade, são visayis, ou materialistas. Comer alimentos ofe- dila—ele abandonou.
recidos por eles traz contaminação, e, devido a essa contaminação, mesmo um
devoto sério torna-se como um materialista. Existem seis classes de associação T R A D U Ç Ã O — " D e v i d o à avidez de Raghunãtha dãsa, aceitei seu convite por
— dar caridade, aceitar caridade, aceitar alimento, oferecer alimento, conversar muitos dias. É muito bom que, sabendo disto, Raghunãtha dãsa agora automa-
confidencialmente e indagar confidencialmente. Devemos ter todo o cuidado de ticamente abandonou esta prática."
evitar tanto a companhia dos sahajiyãs, às vezes chamados de Vaiçnavas, quanto
dos não-Vaiçnavas, ou avaisnavas. A companhia deles transforma em gozo dos V E R S O 281
sentidos o transcendental serviço devocional ao Senhor Krçna, e, quando o gozo
dos sentidos penetra a mente de um devoto, ele fica contaminado. A pessoa mate- ««fãc« aa«ia fadara sffçal i
rialista que busca o gozo dos sentidos não consegue pensar em Krçna apropriada-
mente.
sca ais' atfaai atscs «na« «fant n u
VERSO 279 kata dine raghunãtha simha-dvãra chãdila
chatre yãi' mãgiyã khãite ãrambha karilã
fâafta ws aa 'aiaa' faaw i kata dine—após alguns dias; raghunãtha—Raghunãtha dãsa; simha-dvãra chãdila—
'Vsi, cetwi—s* ata afãa aa 1*111 via 11 deixou de ficar postado ao portão conhecido como Simha-dvãra; chatre yãi'—indo
a uma barraca de doações; mãgiyã—mendigando; khãite—a comer; ãrambha karilã—
visayira anna haya 'rãjasa' nimantrana passou.
dãtã, bhoktã—duhhãra malina haya mana
visayira—oferecido por homens materialistas; «una—alimento; haya—está; rãjasa—
no modo da paixão; nimantrana—convite; dãtã—a pessoa que oferece; bhoktã—a TRADUÇÃO—Após alguns dias, Raghunãtha dãsa deixou de ficar postado próximo
pessoa que aceita tal oferecimento; duhhãra—de ambas; malina—contaminada; haya ao portão Simha-dvãra, e, ao invés disso, passou a comer as esmolas que pedia
mana—a mente fica. em uma barraca de distribuição gratuita de alimento.
552 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 2 8 6 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 553
VERSO 2 8 2 TRADUÇÃO—Ao ouvir essa notícia, Sri Caitanya Mahaprabhu disse: "Ele fez
muito bem ao não mais se postar ao portão Simha-dvãra. Semelhante pedido
catíàra-*it»t « f ã ' «teça w i « i de doações lembra o comportamento de uma prostituta."
VERSO 2 8 5
govinda-pãéa éuni' prabhu puchena svarüpere
'raghu bhiksã lãgi' thãda kene nahe simha-dvãre'?
govinda-pãéa—de Govinda; suni'—ouvindo; prabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; u n s : i IWBPK a p a f a . a w í f n a itmfe,
puchena svarüpere— perguntou a Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; raghu—Raghunãtha i f t s f o ç « J t f à II «
dãsa; bhiksã lãgi'—para mendigar; thãda kene nahe—por que não fica postado; simha-
dvãre—ao portão Simha-dvãra. kim artham ayam ãgacchati, ayam dãsyati, anena dattam ayam
aparah. samety ayam dãsyati, anenãpi na dattam
TRADUÇÃO—Quando Govinda transmitiu-Lhe essa notícia, á r i Caitanya Maha- anyah samesyati, sa dãsyati ity ãdi.
prabhu perguntou a Svarüpa Dãmodara: "Por que Raghunãtha dãsa não mais kim artham—por que; ayam—essa pessoa; ãgacchati—está vindo; ayam—essa
fica postado ao portão Simha-dvãra para pedir esmolas?" pessoa; dãsyati— dará; anena—por essa pessoa; dattam—dado; ayam—isto; aparah—
outra; sameti—aproxima-se; ayam—essa pessoa; dãsyati—dará; anena—por essa
VERSO 283 pessoa; api— também; nu—não; dattam—dado; anyah—outra; samesyati—aproxi-
mar-se-á; sah—ela; dãsyati—dará; iti— assim; ãdi—e assim por diante.
V E R S O 287 V E R S O 290
efa bali' tãnre punah prasãda karilã dui apürva-vastu pãnã prabhu tusta hailã
'govardhanera éilã', 'guhjã-mãlã' tãhre dilã smaranera kãle gale pare guhjã-mãlã
eta bali'—dizendo isso; tãhre—a ele; punah—novamente; prasãda karilã—deu algo dui—duas; apürva-vastu—coisas incomuns; pãnã—recebendo; prabhu—o Senhor
em misericórdia; govardhanera éilã—uma pedra da Colina de Govardhana; guhjã- ári Caitanya Mahaprabhu; tusta hailã—ficou muito feliz; smaranera kãle—no mo-
mãlã—uma guirlanda de conchinhas; fãrire dilã—entregou-lhe. mento de lembrar-Se (enquanto cantava Hare Krçna); gale— no pescoço; pare—usa;
guhjã-mãlã—a guirlanda de conchinhas.
TRADUÇÃO—Após dizer isso, Sri Caitanya Mahaprabhu novamente outorgou Sua
misericórdia a Raghunãtha dãsa, dando-lhe um pedaço de pedra da Colina de TRADUÇÃO—Ao receber estes dois artigos incomuns, Sri Caitanya Mahaprabhu
Govardhana e uma guirlanda de conchinhas. ficou extremamente feliz. Enquanto cantava, colocava a guirlanda ao redor de
Seu pescoço.
V E R S O 288 V E R S O 291
V E R S O 289 V E R S O 292
raawrar saà f*t*rl f%c® f a a r ç a i
•rrctf tfwi <s«mr*n, c*rwftf»t»rl i
f a s r í r a « r a a «r^- '*a3-«raraa' 1 1 ^ S Í . I I
g à i<g sffsalçp «rtcst « i r f à ' ím\ 11 »
netra-jale sei éilã bhije nirantara
pãréve gãhthã guhjã-mãlã, govardhana-éilã éilãre kahena prabhu—'krsna-kalevara'
dui vastu mahãprabhura ãge ãni' dilã netra-jale—pelas lágrimas de Seus olhos; sei—aquela; éilã—pedra; bhije—per-
pãréve—por um lado; gãhthã—ensartadas; guhjã-mãlã—a guirlanda de conchinhas; manece úmida; nirantara—sempre; éilãre—a pedra; kahena—diz; prabhu—Sri
govardhana-éilã—a pedra de Govardhana; dui vastu—duas coisas; mahãprabhura Caitanya Mahaprabhu; krsna-kalevara—o corpo do Senhor Krsna.
ãge—diante de Sri Caitanya Mahaprabhu; ãni' dilã—apresentou.
TRADUÇÃO—A pedra de Govardhana sempre ficava úmida com as lágrimas de
TRADUÇÃO—Ele presenteou estes dois itens — a guirlanda de conchas e a pedra Seus olhos, ári Caitanya Mahaprabhu dizia: "Esta pedra é diretamente o corpo
da Colina de Govardhana — a á r i Caitanya Mahaprabhu. do Senhor K r s n a . "
556 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 297 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 557
V E R S O 293 ser humano comum, ou que um Vaiçnava puro que prega o culto de bhakti por
todo o mundo é membro de uma determinada casta ou divisão material da socie-
d a i s f3.rae.jn! fãsri-iran afâ»ri i dade é considerado um nãraki, um candidato à vida infernal. Ao dizer que a
« è a ^ i f»m-irai aaatca f ã a i » i govardhana-éilã, a pedra proveniente de Govardhana, não é diferente do corpo
de Sri Krçna, a Suprema Personalidade de Deus, Sri Caitanya Mahaprabhu indire-
ei-mata tina-vatsara éilã-mãlã dharilã tamente aconselhou a tais pessoas tolas que ninguém deve invejar um Vaiçnava
tusta hanã éilã-mãlã raghunãthe dilã pertencente a uma casta ou seita diferentes. Deve-se aceitar o Vaiçnava como
ei-mata—dessa maneira; tina-vatsara—por três anos; éilã-mãlã—a pedra e a guir- transcendental. Dessa maneira, a pessoa pode salvar-se; caso contrário, ela com
landa de conchas; dharilã—Ele conservou; tusta hanã—ao ficar muito feliz; éilã- certeza esbarrará com uma vida infernal.
mãlã—a pedra e a guirlanda; raghunãthe—a Raghunãtha dãsa; dilã—Ele entregou.
V E R S O 295
TRADUÇÃO—Durante três anos, Ele conservou consigo a pedra e a guirlanda.
Então, imensamente satisfeito com o comportamento de Raghunãtha dãsa, o <Â f*t*rra «a « f à i t f à « «Sjra t
Senhor entregou-lhe ambas. «ifÈara ItCa «TI «1JC«ll«H II *»<t II
V E R S O 294
ei éilãra kara tumi sãttvika püjana
« T f « c a , — f t a f j cr,»»? fãaw i acirãt pãbe tumi krsna-prema-dhana
a*ata ciai «a f f ã «tirai «rraia n *.s>8 D ei éilãra—dessa pedra; kara—faze; tumi—tu; sãttvika püjana—adoração como um
brãhmana perfeito, ou adoração no modo da bondade; acirãt—muito em breve;
prabhu kahe,—"ei stiã írrsnera vigraha pãbe tumi—obterás; krsna-prema—amor extático por Krçna; dhana—riqueza.
inhãra sevã kara tumi kariyã ãgraha
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu disse; ei éilã—essa pedra; krsnera vigraha— TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu prosseguiu: "Sê como um brãhmana per-
a forma do Senhor Krçna; inhãra—disso; sewl— adoração; kara—faze; tumi—tu; feito e, no modo da bondade, adora esta pedra, pois, com essa adoração, não
kariyã ãgraha—com muita dedicação. há dúvidas de que, logo, logo, obterás amor extático por K r ç n a . "
TRADUÇÃO—Assim, depois que já fazia algum tempo que Raghunãtha dãsa TRADUÇÃO—Ao receber a pedra e a guirlanda de conchas de Sri Caitanya Maha-
adorava a govardhana-silã, certo dia, Svarüpa Dãmodara falou-lhe o seguinte. prabhu, Raghunãtha dãsa pôde entender a intenção do Senhor. Dessa maneira,
ponderou o seguinte.
V E R S O 304
VERSO 307
"«lè-caníça atal-arata ira n » f * i I
•SfW asfà' t>OT, Cia. 11 ll" « " 8 II «fim f%i cititfa» iif*r«Ti 'wmfoe i
*»t1t9Ti fòfl fà«Tl 'lTfàls1-6?ra' II" *<"í II
"asta-kaudira khãjã-sandeía kara samarpana
sraddhã kari' dile, sei amrtera sama "éilã diyã gosãni samarpilã 'govardhane'
asta-kaudira—no valor de oito kaudis; khãjã-sandeéa—doces khãjã e sandeéa; kara guhjã-mãlã diyã dilã 'rãdhikã-carane'
samarpana—oferece; éraddhã kari'—com fé e amor; dile—se ofereceres; sei—isto; éilã diyã—oferecendo esta pedra; gosãni—Sri Caitanya Mahaprabhu; samarpilã—
amrtera sama—tal qual néctar. ofereceu; govardhane—um lugar perto da Colina de Govardhana; gunjã-mãlã diyã—
por oferecer a guirlanda de conchinhas; dilã—ofereceu; rãdhikã-carane—refúgio aos
T R A D U Ç Ã O — ' O f e r e c e à pedra de Govardhana o equivalente a oito kaudis de pés de lótus de Srimatí Rãdhãrãni.
doces de primeira classe conhecidos como khãjã e sandeéa. Se os ofereceres com
fé e amor, eles serão tal qual néctar." T R A D U Ç Ã O — " A o oferecer-me a govardhana-silã, Sri Caitanya Mahaprabhu ofe-
receu-me um lugar perto da Colina de Govardhana, e, ao oferecer-me a guirlanda
V E R S O 305 de conchas, Ele ofereceu-me refúgio aos pés de lótus de Srimatí Rãdhãrãni."
« r a «lè-ra^fla atsrl « r a n * f t i
a ^ - w t s r t a catfàai «tal *fra aatata n «»<t n VERSO 308
tabe asta-kaudira khãjã kare samarpana
svarüpa-ãjnãya govinda tãhã kare samãdhãna «itarat aaatraa it»j fiara*! i
tabe—então; asta-kaudira—que custam oito kaudis; khãjã—os doces chamados khãjã; atraíra cafàrara caWtw-RM II *°v- n
kare samarpana—oferece; svarüpa-ãjnãya—por ordem de Svarüpa Dãmodara; go-
vinda—o servo pessoal de Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhã— isto; kare samãdhãna— ãnande raghunãthera bãhya vismarana
providencia. kãya-mane sevilena gaurãhga-carana
ãnande—em bem-aventurança transcendental; raghunãthera—de Raghunãtha
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , Raghunãtha dãsa passou a oferecer os dispendiosos doces dãsa; bãhya vismarana—esquecendo-se de todas as coisas externas; kãya-mane—com
conhecidos como khãjã, que Govinda, seguindo a ordem de Svarüpa Dãmodara, a mente e o corpo; sevilena—servia; gaurãhga-carana—os pés de lótus de Sri Caitanya
fornecia. Mahaprabhu.
562 Sn Caitanya-caritãmrta Verso 313 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 563
Antya-lilã, 6
V E R S O 310 TRADUÇÃO—Ele jamais tocava em nada para usar, exceto um pequeno tecido
surrado e um lençol remendado. Dessa maneira, ele cumpria mui estritamente
ato? a t « « i « a ata «t«a-raac«l i a ordem de ári Caitanya Mahaprabhu.
«ifata-fãafl atfà «ro caa «ca c«ta faca iv®i° <;ra '
SIGNIFICADO—Devemos observar o princípio de cumprir com rigor a ordem do
sãde safa prahara yãya kirtana-smarane mestre espiritual. O mestre espiritual dá diferentes ordens «(.diferentes pessoas.
ãhâra-nidrã cãri danda seha nahe kona dine Por exemplo, Sri Caitanya Mahaprabhu ordenou que Jiva Gosvãmi, Rüpa Gosvãmi
sãde sãta prahara—7,5 praharas (uma prahara é igual a três horas); yãya—são gastas; e Sanãtana Gosvãmi pregassem, e ordenou que Raghunãtha dãsa Gosvãmi se-
kirtana-smarane—no cantar do mahã-mantra Hare Krçna e em lembrar os pés de guisse estritamente as regras e regulações da ordem renunciada. Todos os seis
lótus de ári Krçna; ãhãra-nidrã—comer e dormir; cãri danda—quatro dandas (uma Gosvãmis seguiram à risca as instruções de Sri Caitanya Mahaprabhu. Este é o
danda é igual a vinte e quatro minutos); seha—isso; nahe—não é; kona dine—alguns princípio para progredirmos em serviço devocional. Após receber uma ordem do
dias. mestre espiritual, a pessoa deve tentar executá-la estritamente. Este é o caminho
do sucesso.
TRADUÇÃO—Dentro das vinte e quatro horas, Raghunãtha dãsa passava mais de V E R S O 313
vinte e duas horas cantando o mahã-mantra Hare Krçna e lembrando-se dos pés «tt«l-aa>l atfà' caal «caa « * « t i
de lótus do Senhor. Ele reservava apenas uma hora e meia para comer e dormir,
e, em alguns dias, mesmo isso lhe era impossível.
«tal araul « i t t a t c « « c a fàcaa-aaa II » y e n
564 éri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 318 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 565
prãna-raksã lãgi' yebã karena bhaksana prasãda-anna—alimento de Jagannãtha; pasãrira—dos mercadores; yata—tanto
tãhã khãhã ãpanãke kahe nirveda-vacana quanto; nã vikãya— não é vendido; dui-tina dina—dois ou três dias; haile—após;
prãna-raksã lãgi'—para manter a vida; yebã— tudo o que; karena bhaksana—comia; bhãta—o arroz; sadi' yãya—decompõe-se.
tãhã Maná—comendo o que; ãpanãke—a si mesmo; kahe—dizia; nirveda-vacana—
palavras de repreensão. TRADUÇÃO—A prasãda do Senhor Jagannãtha é vendida pelos mercadores, e
aquilo que não é vendido decompõe-se após dois ou três dias.
TRADUÇÃO—Comia apenas o suficiente para manter-se vivo, e, ao comer,
repreendia-se da seguinte maneira. VERSO 316
prasãdãnna pasãrira yata nã vikãya bhitarera drdha yei mãji bhata paya
dui-tina dina haile bhãta sadi' yãya lavana diyã raghunãtha sei anna khãya
566 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 6 Verso 324 O encontro do Senhor com Raghunãtha dãsa 567
bhitarera—interna; drdha—a porção mais dura; yei—que; mãji—o interior; bhãta— govindera mukhe-da boca de Govinda; prabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; se
arroz; pãya—ele pega; lavana diyã—com um pouco de sal; raghunãtha—Raghunãtha vãrta—essa notícia; éunilã—ouviu; ãra dina—no dia seguinte; ãsi'—vindo; prabhu—
dãsa Gosvãmi; sei anna—esse arroz; khãya—come. Srí Caitanya Mahaprabhu; kahite lãgilã—pôs-Se a dizer.
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , colocava sal na porção interna do arroz, que é muito dura, T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o , por intermédio da boca de Govinda, ficou sabendo dessa
e comia-a. notícia, Srí Caitanya Mahaprabhu, já no dia seguinte, foi até lá e falou o que
segue.
V E R S O 319
V E R S O 322
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eka-dina svarüpa tãhã karite dekhila
kãnhã vastu khão sabe, more nã deha' kene?'
hãsiyã tãhãra kichu mãgiyã khãilã
eka-dina—certo dia; svarüpa—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; tãhã—isto; karite— eta bali' eka grãsa karilã bhaksane
kãnhã—que; vastu—coisas; khão— comes; sobe—tudo; more—a Mim; nã deha' kene—
fazendo; dekhila—viu; hãsiyã—sorrindo; tãhãra—daquilo; kichu—um pouco; mãgiyã
por que não dás; eta bali'—dizendo isso; eka grãsa—um bocado; karilã bhaksane—
khãilã—ele pediu e comeu. comeu.
T R A D U Ç Ã O — C e r t o dia, Svarüpa Dãmodara viu as atividades de Raghunãtha T R A D U Ç Ã O — " Q u e coisas deliciosas estás comendo? Por que não Me dás nada?"
dãsa. Assim, sorrindo, pediu uma pequena porção dessa comida e comeu-a. Dizendo isso, Ele pegou um bocado à força e pôs-Se a comer.
V E R S O 320 V E R S O 323
TRADUÇÃO—Svarüpa Dãmodara disse: "Todos os dias, comes semelhante néctar, T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o Srí Caitanya Mahaprabhu pegava outro punhado de co-
porém, nunca o ofereces a nós. Onde está tua grandeza de caráter?" mida, Svarüpa Dãmodara segurou-O pela mão e disse: "Isto não Te convém."
Dessa maneira, ele, à força, tirou a comida dali.
V E R S O 321 V E R S O 324
prabhu bale—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu disse; niti-niti—dia após dia; «Htsajtçrat f a s i r â 6 c a r a « f a f a a n
nãnã prasãda—diversas variedades de prasãda; khãi—Eu como; aiche svãda—sabor
tão delicioso; ara—outro; tona—nenhum; prasãde—nos restos do alimento do
ac*r1 cu c a r a i r a i s a « ?ap II ^i
Senhor Jagannãtha; nã pãi—não obtenho.
mahã-sampad-dãvãd api patitam uddhrtya krpayã
T R A D U Ç Ã O — á r i Caitanya Mahaprabhu disse: "É claro que todos os dias como svarüpe yah sviye kujanam api mãm nyasya muditah
diversas variedades de prasãda, mas jamais provei piasãda tão saborosa quanto uro-guhiã-hãram priyam api ca govardhana-éilãm
esta que Raghunãtha está comendo." dadau me gaurãhgo hrdaya udayan mãni madayati
mahã-sampat—àe profusa opulência material; dãvãt—de um fogo na floresta; api—
V E R S O 325 embora; patitam—caído; uddhrtya—libertando; krpayã—por misericórdia; svarüpe—a
Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; yah—aquele que (o Senhor ári Caitanya Maha-
dfcre astsiç «tal atai « c a i prabhu); sviye—Seu companheiro pessoal; ku-janam—pessoa baixa; api—embora;
aaatca? caataj ctfã' icsra «raca n I mãm—a mim; nyasya—tendo libertado; muditah—satisfeito; urah—do peito; gufíjã-
hãram—a guirlanda de conchas; priyam—queridas; api—embora; ca—e; govardhana-
ei-mata mahaprabhu nãnã lilã kare éilãm—uma pedra da Colina de Govardhana; dadau—entregou; me—a mim;
raghunãthera vairãgya dekhi' santosa antare gaurãhgah—o Senhor Gaurãhga; hrdaye—em meu coração; udayan—manifestando-
ei-mata—dessa maneira; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; nãnã lílã— Se; mãm—a mim; madayati—deixa louco.
muitos passatempos; kare—realiza; raghunãthera—de Raghunãtha dãsa; vairãgya—
renúncia; dekhi'—ao ver; santosa antare—satisfeito no íntimo. TRADUÇÃO—"Embora eu seja uma alma caída, o mais baixo dos homens, ári
Caitanya Mahaprabhu, com Sua misericórdia, libertou-me do fogo ardente da
TRADUÇÃO—Assim, ári Caitanya Mahaprabhu realizou muitos passatempos em floresta da grande opulência material. Ele sentiu muito prazer em me entregar
Jagannãtha Puri. Ao ver as rigorosas penitências a que Raghunãtha dãsa se a Svarüpa Dãmodara, Seu companheiro pessoal. O Senhor também deu-me a
submetia na ordem de vida renunciada, o Senhor ficou imensamente satisfeito. guirlanda de conchinhas que usava em Seu pescoço e a pedra da Colina de
Govardhana, embora Ele lhes quisesse muito. Esse mesmo Senhor ári Caitanya
V E R S O 326 Mahaprabhu desponta dentro de meu coração e me faz ficar louco por E l e . "
«ipra-Sara s(l aas<í«mt* i SIGNIFICADO—Este verso é do Sri Gaurãhga-stava-kalpavrksa (11), escrito por Raghu-
'ca\ata3aaraíca>' «raatcga «rata l « nãtha dãsa Gosvãmi.
CAPÍTULO SETE
V E R S O 329
1
âam-aaata-icfl ata •ãW i O e n c o n t r o de
fcasaafãatfs «ca f a w i i n «*s> n Srí Caitanya M a h a p r a b h u c o m Vallabha Bhatta
árí-rüpa-raghunãtha-pade yãra ãéa,
caitanya-caritãmrta kahe krsnadãsa
éri-rüpa—SrUa Rüpa Gosvãmi; raghunãtha—Srila Raghunãtha dãsa Gosvãmi;
pade—aos pés de lótus de; yãra—cuja; asa—expectativa; caitanya-caritãmrta—o livro Em seu Amrta-praiwha-bhãsya, Sríla Bhaktivinoda Thãkura dá o seguinte resumo
chamado Caitanya-caritãmrta; kahe—descreve; krsnadãsa—Srila Krsnadãsa Kavirãja do Sétimo Capítulo. Neste capítulo, descreve-se o encontro do Senhor Sri Caitanya
Gosvãmi. Mahaprabhu com Vallabha Bhatta. Houve uma troca de gracejos entre essas duas
personalidades, e, por fim, Sri Caitanya Mahaprabhu corrigiu Vallabha Bhatta
T R A D U Ç Ã O — O r a n d o aos pés de lótus de Sri Rüpa e Sri Raghunãtha, desejando e concordou em aceitar-lhe o convite. Antes disso, Srí Caitanya Mahaprabhu
sempre a misericórdia deles, eu, Krsnadãsa, narro o Sri Caitanya-caritãmrta, se- notara que Vallabha Bhatta era muito apegado a Gadãdhara Pandita. Por isso,
guindo seus passos. fingiu estar insatisfeito com Gadãdhara Pandita. Mais tarde, quando Vallabha
Bhatfa ficou intimamente ligado ao Senhor, Este aconselhou-o a aceitar as instru-
ções de Gadãdhara Pandita. Assim, o Senhor expressou Seus sentimentos de amor
por Gadãdhara Pandita.
Neste ponto encerram-se os Significados Bhaktivedanta do Sri Caitanya-caritãmrta,
Antya-lilã, Sexto Capítulo, descrevendo o encontro do Senhor Caitanya com Raghunãtha VERSO 1
dãsa Gosvãmi.
fcsaiÊíHtc^tswíWfacsi «cs? i
caati «PiffRtcai t i i c s f ^ w i r i «cie. IIÍII
caitanya-caranãmbhoja-
makaranda-liho bhaje
yesãm prasãda-mãtrena
pãmaro 'py amaro bhavet
caitanya—de Srí Caitanya Mahaprabhu; carana-ambhoja—aos pés de lótus; ma-
karanda—o mel; lihah—àqueles ocupados em lamber; bhaje—ofereço minhas re-
verências; yesãm—de quem; prasãda-mãtrena—através da simples misericórdia;
pãmarah—uma alma caída; api—mesmo; amarah—liberada; bhavet—torna-se.
m m âlbsai m fàsjííw i
watbraaa m chagara n*«
jaya jaya éri-caitanya jaya nityãnanda
jayãdvaita-candra jaya gaura-bhakta-vrnda
571
572 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 573
Verso
TRADUÇÃO—Todas as glórias a Sri Caitanya Mahaprabhu! Todas as glórias ãsiyã vandilã bhatta prabhura carane
Nityãnanda Prabhu! Todas as glórias a Advaitacandra! E todas as glórias aos prabhu 'bhãgavata-buddhye' kailã ãlingane
devotos do Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu! ãsiyã-vindo; vandilã—prestou reverências; bhatta—Vallabha Bhatta; prabhura
„ g _ a o s pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu; prabhu—Sri Caitanya Maha-
C Í ) m
T R A D U Ç Ã O — N o ano seguinte, todos os devotos da Bengala foram visitar Sri mãnya kari' prabhu tare nikate vasãilã
Caitanya Mahaprabhu, e, como anteriormente, o Senhor recebeu-os a todos, sem vinaya kariyã bhatta kahite lãgilã
exceção. mãnya kari'—com muito respeito; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; fãre—dEle;
nikate—perto; vasãilã—tez sentar-se; vinaya kariyã—com muita humildade; bhatta—
VERSO 4 Vallabha Bhatta; kahite lãgilã—pôs-se a falar.
^saas fàara «i«a «««ai «wi1 TRADUÇÃO—Com muito respeito, Sri Caitanya Mahaprabhu mandou que
csa^rta i í t s - ^ fàfèia «itfàai n 8 1 1 Vallabha Bhatta se sentasse perto dEle. Então, mui humildemente, Vallabha
Bhatta pôs-se a falar.
ei-mata vilãsa prabhura bhakta-gana lahã
hena-kãle vallabha-bhatta milila ãsiyã VERSO 7
ei-mata—dessa maneira; vilãsa—passatempos; prabhura—de Sri Caitanya Maha-
prabhu; bhakta-gana lahã—com Seus devotos; hena-kãle— nessa ocasião; vallabha- "aífàa acataa estai' cafàifta i
bhatta—o acadêmico muito erudito, chamado Vallabha Bhatta; milila—encontrou; <sráat«t *3«ftem, estatea u 1 n
ãsiyã—vindo.
"bahu-dina manoratha tomã' dekhibãre
TRADUÇÃO—Dessa maneira, Sri Caitanya Mahaprabhu realizou Seus passatem- jagannãtha pürna kailã, dekhiluh tomãre
pos com Seus devotos. Foi então que um acadêmico erudito chamado Vallabha bahu-dina—já faz muito tempo; manoratha—meu desejo; tomã' dekhibãre—de Te
Bhatta foi a Jagannãtha Puri para encontrar-se com o Senhor.
V e
r ; jagannãtha—o Senhor Jagannãtha; pürna kailã—satisfez; dekhiluh tomãre—eu
Te vi.
SIGNIFICADO—Para a descrição de Vallabha Bhatta, pode-se consultar o Madhya- TRADUÇÀO—"Já faz muito tempo", disse ele, "que desejo Te ver, meu Senhor.
lilã, Décimo Nono Capítulo, verso 6 1 .
A
g o r a o Senhor Jagannãtha satisfez este desejo; tanto é que estou Te vendo."
574 Sri Caitanya-caritãmrta Verso 1 2 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 575
Antya-lílâ, 7
VERSO 8 T R A D U Ç Ã O — ' " S e para purificar imediatamente sua casa inteira basta que a
soa lembre de personalidades elevadas, que dizer então se ela as vê dire-
se
c a t a t a a«fa c a *fta c i a « t a n t a , i tamente, toca-lhes os pés de lótus, lava-lhes os pés ou oferece-lhes assentos?"'
c « t a t c « c w f a c a , - c a a ata«te. « a a t a j i v i
SIGNIFICADO—Esta citação é do Srimad-Bhãgavatam (1.19.33).
tomara daréana ye pãya sei bhãgyavãn
tomãke dekhiye,—yena sãksãt bhagavãn V E R S O 11
tomara daréana—Tua audiência; ye pãya—qualquer pessoa que obtenha; sei—ela-
«fã^tc^ra a>a3«ta-a«itáa i
bhãgyavãn—muito afortunada; tomãke dekhiye—eu Te vejo; yena—como se; sãksãt
bhagavãn—diretamente a Suprema Personalidade de Deus. «a3-*tfà« fàal aca «ra «iaía ti Ü II
T R A D U Ç Ã O — " A q u e l e que recebe Tua audiência é deveras afortunado, pois és kali-kãlera dharma—krsna-nãma-sahkirtana
a própria Suprema Personalidade de Deus." krsna-éakti vinã nahe tara pravartana
kali-kãlera—desta era de Kali; dharma—o dever; krsna-nãma-sahkirtana—cantar do
santo nome do Senhor Krsna; krsna-éakti vinã— sem o Senhor Krçna delegar po-
VERSO 9 deres; nahe—não é; tara—disto; pravartana—propagação.
c s t a t c a ca "sa«i « c a , ca aa «tfàai i T R A D U Ç Ã O — " O sistema religioso fundamental na era de Kali é o cantar dos
santos nomes de Krsna. Só pode propagar o movimento de sahkirtana aquela
a a c a i f à i a a c a , — a r a f« f à f ã a ? n a i
pessoa a quem Krsna delega poderes."
tomãre ye smarana kare, se haya pavitra
daréane pavitra habe,—;f«e ki vicitra? V E R S O 12
tomãre—de Ti; ye—qualquer pessoa que; smarana kahe—se lembra; se—ela; haya—
torna-se; pavitra—purificada; daréane—ao ver; pavitra—purificada; habe—ficará; «tal «aítasTl « J à , - ia* «'«lata' i
ithe—nisto; ki vicitra—qual o espanto. «a»"tf% ta « J ã , — a c a atfà «tia n n
TRADUÇÃO—"Se, ao se lembrar de Ti a pessoa se purifica, que há de espantoso tãhã pravartãilã tumi,—ei ta 'pramãna'
no fato de ela se purificar ao Te v e r ? " krsna-éakti dhara tumi,—ithe nãhi ãna
tãhã—isto; pravartãilã—propagaste; tumi—Tu; ei—isto; ta—com certeza; pramãna—
evidência; krsna-éakti— energia de Krçna; dhara—apresentas; /uwii—Tu; iffte nãhi
V E R S O 10 ãna—não há dúvidas quanto a isto.
"Na Dvãpara-yuga só satisfazia Krsna, ou Viçnu, quem, segundo o sistema de prema—de amor extático por Krçna; parakãéa—manifestação; nane—não pode ser;
pãhcarãtriki, fazia adorações opulentas, mas, na era de Kali, podemos satisfazer krsna-éakti vine—sem o poder de Krçna; krsna—o Senhor Krçna; da—O único; prema-
e adorar Hari, a Suprema Personalidade de Deus, com o simples cantar de Seu dãtã—outorgador de prema; éãstra-pramãne—o veredicto de todas as escrituras
santo nome." Srila Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura explica que só pode reveladas.
tomar-se o mestre espiritual do mundo inteiro (jagad-guru) aquele que é direta-
mente dotado de poder pela misericórdia imotivada de Krsna. Ninguém pode-se TRADUÇÃO—"Quem não recebe poder especial de Krçna não pode manifestar
converter em ãcãrya mediante a simples especulação mental. O verdadeiro ãcãrya, amor extático por Krçna, pois Krçna é o único que dá amor extático. É este o
ao pregar os santos nomes do Senhor por todo o mundo, apresenta Krçna a todos. veredicto de todas as escrituras reveladas."
Dessa maneira, as almas condicionadas, purificadas através do cantar dos santos
nomes, libertam-se do fogo ardente da existência material. Sendo assim, o benefí- VERSO 1 5
cio espiritual torna-se cada vez mais pleno, como a lua crescente no céu. O ver-
dadeiro ãcãrya, o mestre espiritual do mundo inteiro, deve ser considerado como a a r o w laa: •jwaars* l a c s í w r t : i
sendo uma encarnação da misericórdia de Krçna. Na verdade, ele pessoalmente
fa»HW c a i ai * r e í a f ã c a l c a i s i f c i* >« i
está abraçando Krçna. Por isso, ele é o mestre espiritual de todos os varnas
(brãhmana, ksatriya, vaiéya e éüdra) e de todos os ãéramas (brahmacarya, grhastha, santv avatãra bahavah
vãnaprastha e sannyãsa). Já que ele é tido como o devoto mais avançado, chama-se-o puskara-nãbhasya sarmto-bhadrãh
de paramahamsa-thãkura. Thãkura é um título honorífico oferecido ao paramahariisa. krsnãd anyah ko vã latãsv
Portanto, aquele que age como um ãcãrya, apresentando diretamente o Senhor api premado bhavati"
Krçna ao propagar Seu nome e Sua fama, também deve ser chamado de para- santu—que haja; avatãrãh—encarnações; bahavah—muitas; puskara-nãbhasya—do
mahamsa-thãkura. Senhor, de cujo umbigo nasce uma flor de lótus; sarvatah-bhadrãh—completamente
auspiciosas; krsnãt—do que o Senhor Krçna; anyah—outras; kah vã—que com muita
possibilidade; latãsu—às almas rendidas; api—também; prema-dah—-aquele que ou-
VERSO 1 3
torga o amor; bhavati—é.
wat<5 a«fà»!l ffà «uati etftw I
caa ffSTal c a * « U C - S c a « T C T II V® II TRADUÇÃO—"'Pode ser que haja muitas auspiciosíssimas encarnações da Per-
sonalidade de Deus, mas, além do Senhor Krçna, quem é que pode outorgar
jagate karilã tumi krsna-nãma prakãée às almas rendidas o amor a Deus?'"
yei tomã dekhe, sei krsna-preme bhãse
jagate—pelo mundo inteiro; karilã—fizeste; fumi—Tu; krsna-nãma prakãée—mani- SIGNIFICADO—Este verso, escrito por Bilvamangala Thãkura, encontra-se no
festação do santo nome do Senhor Krçna; yei—qualquer pessoa que; tomã dekhe—Te Laghu-bhãgavatãmrta ( 1 . 5 . 3 7 ) .
veja; sei—ela; krsna-preme—em amor extático por Krçna; bhãse— flutua.
TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu replicou: "Meu querido Vallabha Bhatta TRADUÇÃO—"Ele é uma personalidade tão marcante que, por Sua misericórdia,
és um acadêmico erudito. Por favor, ouve o que tenho a dizer. Sou um sannyãsi de n v e r t e r ao serviço devocional a Krsna mesmo os comedores de carne
CO
da escola Mãyãvãda. Logo, não tenho nenhuma condição de saber o que é krsna- (nuecchasj. Portanto, quem pode calcular o poder de Seu Vaisnavismo?"
bhakti."
V E R S O 17 SIGNIFICADO—É extremamente difícil converter um mleccha, ou comedor de carne,
ern devoto do Senhor Krsna. Por isso, qualquer pessoa que consiga fazer isso
situa-se no mais elevado nível de Vaiçnavismo.
s*ta aca MMfa aa aaa f*rôa 11 11
VERSO 20
advaitãcãrya-gosãhi— 'sãksãt iévara'
tãnra sahge ãmãra mana ha-ila nirmala f«sjta««i-«i??«—'apare, iaaa' i
advaita-ãcãrya-gosãhi— Advaita Ãcãrya; sãksãt Iévara—diretamente a Suprema Per- «tcatarfOT as «ascatcaa ataa n v 11
sonalidade de Deus; tãnra sange—mediante Sua associação; ãmãra—Minha; mana—
mente; ha-ila—tornou-se; nirmala—purificada. nityãnanda-avadhüta— 'sãksãt Iévara'
bhãvonmãde matta krsna-premera sãgara
T R A D U Ç Ã O — " N ã o obstante, Minha mente purificou-se, pois associei-Me com nityãnanda—do Senhor Nityãnanda; avadhüta—paramahamsa; sãksãt Iévara—dire
Advaita Ãcãrya, que é diretamente a Suprema Personalidade de Deus." tamente a Suprema Personalidade de Deus; bhâva-unmãde—pela loucura do amor
extático; matta—tomado, embriagado; krsna-premera—do amor a Krsna; sãgara—o
V E R S O 18 oceano.
acatai ipwzm atfà ata aa i TRADUÇÃO—"O Senhor Nityãnanda Prabhu, o avadhüta, também é diretamente
l
*fs<fli «iws-«rtarê' «ta ata 11 iw-11 a Suprema Personalidade de Deus. Ele está sempre intoxicado com a loucura
do amor extático. Na verdade, Ele é o oceano do amor a K r s n a . "
sarva-éãstre krsna-bhaktye nãhi yãhra sama
ataeva ' aàvaita-ãcãrya' tãnra nãma VERSO 21
sarva-éãstre—em todas as escrituras reveladas; krsna-bhaktye—no serviço devo-
as aaa-casl « l í F r ê - a t a c s t a i
cional ao Senhor Krsna; nãhi—não é; yãhra—de quem; sama—igual; ataeva—por
isso; advaita—sem competidor; ãcãrya—ãcãrya; tãhra nãma—Seu nome. a s a a c a w a a j s a » « t a a c « t « a n o 11
tenha dekhãilã more bhakti-yoga-pãra SIGNIFICADO—Purusãrtha ("a meta da vida") geralmente refere-se à religião, ao
tãhra prasãde jãniluh 'krsna-bhakti-yoga' sara desenvolvimento econômico, ao gozo dos sentidos e, por fim, à liberação. Con-
tenha—ele; dekhãilã—mostrou; more—a Mim; bhakti-yoga—do serviço devocional; tudo, acima dessas quatro classes de purusãrthas, o amor a Deus prevalece em
para—o limite; tãhra prasãde—por sua misericórdia; jãniluh—Eu compreendi; krsna- uma posição suprema. Ele é chamado de parama-purusãrtha (a suprema meta da
bhakti—de serviço devocional ao Senhor Krsna; yoga—do sistema de yoga; sara—a vida) ou purusãrtha-éiromani (o mais elevado dentre todos os purusãrthas). O Senhor
essência. Krçna é adorado mediante o serviço devocional regulado, mas a perfeição máxima
do serviço devocional é o amor espontâneo por Deus.
T R A D U Ç Ã O — " S ã r v a b h a u m a Bhattãcãrya mostrou-Me o limite do serviço devo-
cional. Só por sua misericórdia é que compreendi que o serviço devocional a V E R S O 25
Krsna é a essência de toda a yoga mística."
ira, ?te,ien, « i r a <ra ^ r a i
VERSO 23 * f i , m, ^a*, *rari, -rauara' irara n *<? u
iriPW-ira « H - l t H «fwfl* I dãsya, sakhya, vãtsalya, ãra ye érhgãra
C$5 STRt*5rl—f*P -"srsç « l a t a , li *® li dãsa, sakhã, guru, kãntã, — 'ãsraya' yãhãra
dãsya—servidão; sakhya—amizade; vãtsalya—amor parental; ãra—e; ye—isso;
rãmãnanda-rãya krsna-rasera 'nidhãna' érhgãra—amor conjugai; dãsa—o servo; sakhã— amigo; guru—superior; kãntã—
tenha jãnãilã—krsna—svayaih bhagavãn amante; ãsraya—o repositório; yãhãra—dos quais.
rãmãnanda-rãya—Sríla Rãmãnanda Rãya; krsna-rasera—das doçuras transcenden-
tais do serviço devocional a Krsna; nidhãna—a mina; tenha—ele; jãnãilã— deu ins-
truções; krsna—o Senhor Krçna; svayam—Ele; bhagavãn—a Suprema Personalidade T R A D U Ç Ã O — " O servo, o amigo, o superior e a amante conjugai são os reposi-
de Deus. tórios das doçuras transcendentais chamadas dãsya, sakhya, vãtsalya e srhgãra."
éuddha-bhãve—em consciência pura; sakhã—amigo; kare—faz; skandhe—no ombro- comuns, que estão sob as garras da energia externa; nara-dãrakena—com aquele
ãrohana—subindo; éuddha-bhãve—em consciência pura; vraja-iévari—a rainha de que parece um menino deste mundo material; sãkam—com amizade; vijahruh—
Vraja; karena bandhana—amarra. divertiam-se; krta-punya-punjãh—aqueles que acumularam uma grande quantidade
de atividades piedosas.
T R A D U Ç Ã O — " N a pura consciência de Krsna, um amigo monta no ombro de
Krsna.. e mãe Yasodã amarra o Senhor." TRADUÇÃO—'"Aqueles que se dedicam à auto-realização, apreciando a reful-
gência Brahman do Senhor, e aqueles que se ocupam em serviço devocional,
SIGNIFICADO—Suddha-bhãva, consciência pura, não depende de compreendermos aceitando a Suprema Personalidade de Deus como o seu amo, bem como aqueles
as opulências do Senhor. Mesmo sem conhecer tais opulências, o devoto em que estão sob as garras de mãyã, considerando o Senhor como uma pessoa
éuddha-bhãva sente-se inclinado a amar Krsna como se Este fora seu amigo ou filho. comum, não podem entender que certas personalidades elevadas — após
acumularem uma grande quantidade de atividades piedosas — estão agora, como
vaqueirinhos, divertindo-se amigavelmente com o Senhor."'
VERSO 31
'rara m', 'erra *tis',- ^ s ' « « ' 11 i SIGNIFICADO—Este verso é do Srimad-Bhãgavatam (10.12.11).
do Senhor; brahmã—da refulgência impessoal; sukha—pela felicidade; anubhütya— Suprema Personalidade de D e u s . ' "
quem é realizado; dãsyam—a atitude de servidão; gatãnãm—daqueles que aceitaram,
para-daivatena—que é a suprema Deidade adorável; mãyã-ãéritãnãm—para pessoas SIGNIFICADO—Este verso é do Srimad-Bhãgavatam (10.8.45).
586 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7 Verso 39 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 587
nandah kim akarod brahman TRADUÇÃO—"Rãmãnanda Rãya conhece muito bem as doçuras transcendentais.
áreya evam mahodayam Ele vive absorto na felicidade do amor extático por Krsna. Foi ele quem Me
yasodã vã mahã-bhãgã instruiu tudo isso."
papau yasyãh stanam harih V E R S O 37
nandah—Nanda Mahãrãja; kim—que; akarot—realizou; brahman—ó brãhmana;
éreyah—atividades auspiciosas; evam—assim; mahã-udayam—elevando-se a tal po- «aa «1 ata aial«r.ar? «W? i
sição sublime de pai de Krsna; yasodã—mãe Yasodã; yã—ou; mahã-bhãgã— muito ata-«tatcw wtfã^ aca? '«a' «t? u n
afortunada; papau—bebeu; yasyãh—cujos; stanam—os seios; harih—a Suprema Per-
sonalidade de Deus. kahana nã yãya rãmãnandera prabhãva
rãya-prasãde jãniluh vrajera 'éuddha' bhãva
T R A D U Ç Ã O — ' " Ó brãhmana, que atividades piedosas Nanda Mahãrãja realizou kahana nã yãya—não se pode descrever; rãmãnandera prabhãva—a influência de
para receber Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, como seu filho? E que Rãmãnanda Rãya; rãya—de Rãmãnanda Rãya; prasãde— pela misericórdia; jãniluh—
atividades piedosas realizou mãe Yaáodã que levaram Krsna, a Suprema Perso- compreendi; vrajera—dos habitantes de Vraja; éuddha bhãva—amor imaculado.
nalidade de Deus, a chamá-la de " m ã e " e a sugar-lhe os seios?'"
T R A D U Ç Ã O — " É impossível descrever a influência e o conhecimento de Rãmã-
SIGNIFICADO—Este verso é do êrimad-Bhãgavatam (10.8.46). nanda Rãya, pois foi apenas graças à sua misericórdia que compreendi o amor
imaculado dos residentes de V r n d ã v a n a . "
V E R S O 35
V E R S O 38
Jhrt cfàca* '«ca?' «ca wia I
«raií? JHí sacs 'c*?a'-«Pi «*f« n «t n atear* ?-a**t- 'ctfVf afsaia. i
àt? aca cai aw-i«r?-?a-síf« n «b-1
aiévarya dekhileha 'éuddhera' nahe aiévarya-jhãna
ataeva aiévan/a ha-ite 'kevala'-bhãva pradhãna dãmodara-svarüpa— 'prema-rasa' mürtimãn
aiévarya—opulência; dekhileha—mesmo após ver; éuddhera—de um devoto puro; yãhra sahge haila vraja-madhura-rasa-jhãna
nahe— não é; aiévarya-jhãna—conhecimento de opulência; ataeva—portanto; aiévarya dãmodara-svarüpa—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; prema-rasa—as doçuras trans-
ha-ite—do que compreender a opulência; kevala-bhãva—emoção pura; pradhãna— cendentais do amor extático; mürtimãn—personificadas; yãhra sahge—através de
mais proeminente. cuja companhia; haila—houve; vraja—de Vraja; madhura-rasa—da doçura do amor
conjugai; jhãna—conhecimento.
T R A D U Ç Ã O — " M e s m o que veja a opulência de Krsna, o devoto puro não a quer
para si. Portanto, ter consciência pura e superior a ter consciência da opulência TRADUÇÃO—"Svarüpa Dãmodara personifica a doçura transcendental do amor
do Senhor." extático. Por ter-Me associado com ele, pude compreender a doçura transcen-
VERSO 36 dental do amor conjugai de Vrndãvana."
T R A D U Ç Ã O — " O amor imaculado das gopis e de Srimatí Rãdhãrãni não tem ves- T R A D U Ç Ã O — " O b c e c a d a s pelo amor puro, sem conhecer as opulências de Krsna,
tígio algum de luxúria material. O critério desse amor transcendental é que seu às vezes, as gopís repreendiam-nO. Este é um sintoma de amor extático p u r o . "
único propósito é satisfazer K r s n a . "
V E R S O 42
V E R S O 40
ifã|fãff^!çpffl7«c?rfrf55.Ts
â l « P "ffo: fiSS " í t i f ? «*t"i^ i f % « ? CTffls: f w s f f ã f a H 8? II
sarva-uttama—acima de tudo; bhãjana—serviço devocional; d—este; sarva-bhahi— aiévarya-jhãna haite—do que o amor transcendental em opulência; kevalã-bhãva—
todas as espécies de bhakti; jini'—conquistando; ataeva—por isso; krsna kahe—o amor puro; pradhãna—mais proeminente; prthivite—na superfície do mundo; bhakta
Senhor Krsna diz; ãmi—Eu; tomara—vosso; mi— devedor. nãhi—não há nenhum devoto; uddhava-samãna—como Uddhava.
t r a d u ç ã o — " O amor conjugai das gopis é o serviço devocional mais elevado, t r a d u ç ã o — " C o m p l e t a m e n t e distinto do amor a Krsna em opulência, o amor
superando todos os outros métodos de bhakti. Por isso, o Senhor Krsna vê-Se puro por Krsna está no nível mais elevado. Na superfície do mundo não há
íorçado a dizer: 'Minhas queridas gopís, não posso vos recompensar. Na verdade, nenhum devoto maior do que U d d h a v a . "
estou sempre endividado c o n v o s c o . " '
V E R S O 46
V E R S O 44
csç ira »rai|9t « e u sjt«ra 1
a m m ? t ransniip i s c r a i r a t r a i * «a m fiww 118i> 11
a i T ^ f s p fã^dfTtw i: i
tenha yãhra pada-dhüli karena prãrthana
1111í»«ra ^ r / s i ç " f y i T :
svarüpera sahge pãiluh e saba éiksana
« a : afsiPjs 11511188 11 tenha—ele; yãhra—cuja; pada-dhüli—poeira dos pés de lótus; karena prãrthana—
deseja; svarüpera sahge—de Svarüpa Dãmodara; pãiluh—recebi; e saba—todas essas;
na pãraye 'ham niravadya-samyujãm éik$ana—instruções.
sva-sãdhu-krtyam vibudhãyusãpi vah
yã mãbhajan durjaya-geha-érhkhalãh t r a d u ç ã o — " U d d h a v a deseja colocar sobre sua cabeça a poeira dos pés de lótus
samvrécya tad vah pratiyãtu sãdhunã das gopís. Aprendi com Svarüpa Dãmodara sobre todos esses transcendentais
na—não; pãraye—sou capaz de fazer; aham—Eu; niravadya-samyujãm—àquelas que romances amorosos do Senhor K r s n a . "
estão completamente livres da falsidade; sva-sãdhu-krtyam—recompensa adequada;
vibudha-ãyusã—com uma vida tão longa quanto a dos semideuses; api—embora;
vah—a vós; yãh—que; mã—a Mim; abhajan—adorastes; durjaya-geha-érhkhalah—os
VERSO 47
grilhões da vida familiar, que são difíceis de superar; samvrécya—cortando; fflf—
isto; vah—de vós; pratiyãtu—que seja devolvido; sãdhunã—pela própria atividade iTiracai M i m j ç i i m ? r
boa. 3*rtiw fàifn wicsrfírara. i
11 rç«m awiiTíit» f f f i
t r a d u ç ã o — " ' Ó gopis, nem mesmo no transcurso de uma vida de Brahmã
julgar-Me-ia capaz de saldar essa Minha dívida para com vosso imaculado ser- c s ^ f r r a i H »f%f%raiítjfs[ n M t
viço. Vossa ligação comigo está além de quaisquer críticas. Adorastes-Me, rom-
pendo com todos os laços domésticos, que são difíceis de abandonar. Portanto, ãsãm aho carana-renu-jusãm aham syãth
por favor, deixai que vossos próprios atos gloriosos sejam vossa recompensa. vrndãvane kim api gulma-latausadhinãm
yã dustyajam svajanam ãrya-patham ca hitvã
s i g n i f i c a d o — E s t a citação é do Srimad-Bhãgavatam (10.32.22). bhejur mukunda-padavim érutibhir vimrgyãm
asam—das gopis; aho—oh\; carana-renu—a poeira dos pés de lótus; jusãm—dedi-
VERSO 45 cado a; aham syãm—que eu me torne; vrndãvane—em Vrndãvana; kim api—qualquer
um; gulma-latã-ausadhinãm—dentre os arbustos, trepadeiras e ervas; yã—aqueles
JM-síii« c s d^l-sra-arara 1 que; dustyajam—muito difícil de abandonar; sva-janam—membros familiares; ãrya-
•[flftCS Itfà &9R-11T1 II 8« II patham—o caminho da castidade; ca—e; hitvã—abandonando; bhejuh—adoraram;
aiévarya-jhãna haite kevalã-bhãva—pradhãna mukunda-padavim—os pés de lótus de Mukunda, Krçna; érutibhih—mediante os
prthivite bhakta nãhi uddhava-samãna vedas; vimrgyãm—para se buscar por.
592 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7 Verso 5 3 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 593
T R A D U Ç Ã O — " ' A s gopis de Vrndãvana abandonaram a companhia de seus ma- T R A D U Ç Ã O — " A p r e n d i de Haridãsa Thãkura sobre as glórias do santo nome do
ridos, filhos e outros membros familiares, os quais são muito difíceis de se aban- Senhor, e, graças à sua misericórdia, compreendi essas glórias."
donar, e renegaram o caminho da castidade só para refugiarem-se aos pés de
lótus de Mukunda, Krsna, a quem devemos buscar valendo-nos do conhecimento VERSOS 5 0 — 5 2
védico. Oh! que eu seja bastante afortunado para tornar-me um dos arbustos,
trepadeiras ou ervas em Vrndãvana, pois as gopis pisam neles e abençoam-nos «rraría* «rrstiTsfi «tfws-itiPia i
com a poeira de seus pés de l ó t u s . ' " i W » , itciln, iva, acapia • « . •
^fNi. ç j % arcou, »jatfà i
Srimad-Bhãgamtam (10.47.61). Quando
S I G N I F I C A D O — Uddhava falou este verso do
ira i<5 w í i circ<? «lasfã' 11 (ti n
Krsna enviou-o para verificar a condição das gopis em Vrndãvana, Uddhava,
demorando-se alguns meses por lá, ficou na companhia delas e sempre conver- 5u-«ti-c«ti tem W1C<5 atara i
sava com elas sobre Krsna. Embora isto satisfizesse plenamente as gopis e outros ura i t i *i>«f«« ei «tnra"ii <t* n
residentes de Vrajabhümi, Vrndãvana, Uddhava notou quão magoadas as gopís
sentiam-se devido à ausência de Krçna. Seus corações estavam tão perturbados ãcãryaratna ãcãryanidhi pandita-gadãdhara
que, às vezes, suas mentes desconcertavam-se. Ao observar a devoção e o amor jagadãnanda, dãmodara, éahkara, vakreévara
imaculados das gopis por Krsna, Uddhava desejou converter-se numa trepadeira,
numa grama ou numa erva em Vrndãvana, para que, de vez em quando, as gopís kãélévara, mukunda, vãsudeva, murãri
passassem por cima dele e então ele recebesse sobre sua cabeça a poeira dos pés ãra yata bhakta-gana gaude-avatari'
de lótus das gopís.
krsna-nãma-prema kailã jagate pracãra
V E R S O 48 ihhã sabãra sahge krsna-bhakti ye ãmãra"
ãcãryaratna—Ãcãryaratna; ãcãryanidhi—Ãcãryanidhi; pandita-gadãdhara—Gadã-
,
«fà*ri-&ffa-i5Teti?<5-«t i'ri i dhara Pandita; jagadãnanda—Jagadãnanda; dãmodara—Dãmodara; éahkara—San-
«rr« fwi m c$ç fèaw «ta II 8b- n kara; vakreévara—Vakresvara; kãéiéiwra—Kãsísvara; mukunda—Mukunda; vãsudam—
Vãsudeva; murãri—Murãri; ãra—e; yata—tantos quantos; bhakta-gana—devotos;
haridãsa-thãkura—mahã-bhãgavata-pradhãna gaude— na Bengala; avatari'—tendo descido; krsna-nãma—o santo nome do Senhor
Krçna; prema—amor extático por Krçna; kailã— fizeram; jagate—por todo o mundo;
prati dina laya tenha tina-laksa nãma pracãra—pregação; ihhã sabãm—de todos eles; sange—pela associação; krsna-bhakti—
haridãsa-thãkura—Haridãsa Thãkura; mahã-bhãgavata-pradhãna—o mais elevado serviço devocional a Krçna; ye—que; ãmãra—Meu.
de todos os devotos puros; prati dina—todos os dias; laya—canta; tenha—ele; tina-
laksa nãma—300.000 santos nomes do Senhor.
T R A D U Ç Ã O — " Ã c ã r y a r a t n a , Ãcãryanidhi, Gadãdhara Pandita, Jagadãnanda,
T R A D U Ç Ã O — " H a r i d ã s a Thãkura, o preceptor do santo nome, é um dos devotos Dãmodara, Sankara, Vakreávara, Kãsísvara, Mukunda, Vãsudeva, Murãri e
mais elevados. Todos os dias, ele canta 3 0 0 . 0 0 0 santos nomes do Senhor." muitos outros devotos desceram na Bengala a fim de pregar para todos as glórias
dos santos nomes de Krçna e o valor de se amá-lO. Aprendi com eles o signifi-
VERSO 49 cado do serviço devocional a K r s n a . "
bhattera hrdaye—no coração de Vallabha Bhatta; drdha—fixo; abhimãna—orgulho- bhattera manete ei chila dirgha garoa
jãni'—compreendendo; bhahgi kari'—fazendo uma sugestão; mahaprabhu—Sri prabhura vacana suni' se ha-ila kharva
Caitanya Mahaprabhu; kahe—falou; eta vãni—-essas palavras. bhattera manete—na mente de Vallabha Bhatta; ei—isto; chila—existia; dirgha—há
muito tempo; garva—orgulho; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; vacana—as
TRADUÇÃO—Sabendo que o coração de Vallabha Bhatta estava cheio de orgulho palavras; éuni'—ao ouvir; se—isto; ha-ila—foi; kharva—desfeito.
Sri Caitanya Mahaprabhu falou essas palavras, sugerindo como podemos apren-
der sobre o serviço devocional. TRADUÇÃO—Há muito tempo que tal orgulho existia na mente de Vallabha
Bhatta, mas, à medida que ouvia a pregação de Sri Caitanya Mahaprabhu, seu
SIGNIFICADO—Vallabha Bhafta orgulhava-se muito de seu conhecimento sobre orgulho desfazia-se.
o serviço devocional, e por isso desejava falar sobre o Senhor Sri Caitanya Maha- VERSO 56
prabhu, sem compreender a posição do Senhor. Por conseguinte, o Senhor
insinuou-lhe de muitas maneiras que, se quisesse saber o que é realmente serviço « r ç i 351 fcnwsi «SMtl ufa i
devocional, Vallabha Bhatta teria que aprender com todos os devotos que o Senhor « q j i çsçi c a a «*i-i?-rci c i f i i t i 11 «* n
mencionou, a começar com Advaita Ãcãrya, o Senhor Nityãnanda, Sãrvabhauma
Bhattãcãrya e Rãmãnanda Rãya. Como Svarüpa Dãmodara dissera, se alguém prabhura mukhe vaisnavatã éuniyã sabãra
deseja aprender o significado do Srimad-Bhãgamtam, deve receber os ensinamentos bhattera icchã haila tãhsabãre dekhibãra
de uma alma realizada. Ninguém deve orgulhosamente pensar que mediante a prabhura mukhe—da boca de Sri Caitanya Mahaprabhu; vaisnavatã—o padrão de
simples leitura de livros irá compreender o transcendental serviço amoroso ao Vaiçnavismo; suniyã sabãra—ouvindo de todos os devotos; bhattera—de Vallabha
Senhor. Devemo-nos tornar servos dos Vaisnavas. Como Narottama dãsa Bhatta; icchã— desejo; haila—era; tãhsabãre—todos eles; dekhibãra—de ver.
Thãkura confirma, chãdiyã vaisnava-sevã nistãra pãyeche kebã: só pode estabelecer-se
numa posição transcendental aquele que serve mui fielmente a um Vaiçnava puro. TRADUÇÃO—Ao ouvir da boca de Sri Caitanya Mahaprabhu sobre o Vaiçnavismo
Devemos aceitar um guru Vaisnava (ãdau gurv-ãérayam), e, então, devemos gradual- puro de todos esses devotos, Vallabha Bhatta imediatamente desejou vê-los.
mente aprender através de perguntas e respostas o que é puro serviço devocional
a Krsna. A isto chama-se de sistema de paramparã. VERSO 57
*t*.-"ifl i ? c ? m * w c^ti, r a t e i ?
V E R S O 54
cas-Piemc? i r e \ ! # 1 - i ? t ? wféi ? <ti«
"*itfi c i ' c m f . - s f ^ f à a f Q i ? srtfi i
«rffi ci « • f i i s - w f &gi i t i t f i f as n bhatta kahe, — "e saba vaisnava rahe kon sthãne?
kon prakãre pãimu ihãhsabãra daréane?
"ãmi se 'vaisnava',—bhaktisiddhãnta saba jãni bhatta kahe— Vallabha Bhatta disse; e saba vaisnava—todos esses Vaiçnavas; rahe—
ãmi se bhãgavata-artha uttama vãkhãni" vivem; kon sthãne—onde; kon prakãre—como; pãimu—conseguirei; ihãhsabãra
ãmi—eu; se—esse; vaisnava—Vaiçnava; bhaktisiddhãnta—conclusões sobre o ser- daréane—ver todos esses Vaiçnavas.
viço devocional; saba—tudo; jãni—eu sei; ãmi—eu; se—isso; bhãgavata-artha—signi-
ficado do Bhãgavatam; uttama—muito bem; vãkhãni—posso explicar. TRADUÇÃO—Vallabha Bhatta disse: "Onde vivem todos esses Vaisnavas, e como
posso vê-los?"
T R A D U Ç Ã O — " S o u um grande Vaiçnava. Tendo aprendido todas as conclusões V E R S O 58
da filosofia Vaiçnava, posso compreender o significado do Srimad-Bhãgavatam
e explicá-lo muito b e m . " « ( « ^ « . - " c i r a estos, c * ? c i i r a r c i i
V E R S O 55 i? «rffiata? m t a r i c i f i i t c i n 11
«q?i icics ia* fVf ftá n'i prabhu kahe, — "keha gaude, keha deéantare
saba ãsiyãche ratha-yãtrã dekhibãre
SfÇ5 161 «fV Cl 5?9T H'II 6<t II
596 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta
Verso 64 597
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu respondeu; keha gaude—alguns na Ben- ãra dina—no dia seguinte; saba vaisnava—todos os Vaisnavas; prabhu-sthãne—à
gala; keha—alguns; deéa-antare—em outros estados; saba—todos; ãsiyãche—vieram; residência de Srí Caitanya Mahaprabhu; ãilã— vieram; sabã-sane—a todos eles;
ratha-yãtrã dekhibãre—ver o festival dos carros do Senhor Jagannãtha. mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; bhatte milãilã—apresentou Vallabha Bhatta.
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu respondeu: "Embora alguns deles morem T R A D U Ç Ã O — N o dia seguinte, quando todos os Vaisnavas vieram visitar Srí
na Bengala e alguns em outros estados, todos eles vieram aqui, para ver o festival Caitanya Mahaprabhu em Sua casa, o Senhor apresentou Vallabha Bhatta a todos
de Ratha-yãtrã." eles.
VERSO 59 V E R S O 62
VERSO 61 VERSO 64
«ria fã* i ? c n » i « i ç - T r c i «rtail i
i u r s w i »jft-ic«r larí^ra ai i
m - i ç i i ç t s r ^ s q j fierraai i *>«
liiiífírc?' caca i? «fãcs c « t w i II 4>8 II
ara dina saba vaisnava prabhu-sthãne ãilã paramãnanda puri-sahge sannyãsira gana
sabã-sane mahaprabhu bhatte milãilã eka-dike vaise saba karite bhojana
Verso 70 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 599
598 Sri Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 7
V E R S O 68
^ « T P w r r a - l i o í «asm i
T O A l a t - a ç ?fà*ri, "«itca-lfc» w n i 11 n i«»t, w*mi% vjflrtjb «mi i
advaita, nityãnanda-rãya—pãréve dui-jana *tfàta»ra f c a , « B i u m « T C T W I n *v- u
madhye mahaprabhu vasilã, ãge-pãche bhakta-gana svarüpa, jagadãnanda, kãsísvara, éahkara
advaita—Advaita Ãcãrya; nityãnanda-rãya—o Senhor Nityãnanda; pãréve—nos
lados; dui-jana—duas personalidades; madhye— no meio; mahaprabhu vasilã—èri
pariveéana kare, ãra rãghava, dãmodara
Caitanya Mahaprabhu sentou-Se; ãge—diante; pãche—atrás; bhakta-gana—todos os svarüpa—Svarüpa; jagadãnanda—Jagadãnanda; kãéisvam—Kãsísvara; éahkam—San
devotos. kara; pariveéana kare—distribuem; ãra—e; rãghava dãmodara—Rãghava e Dãmodara.
VERSO 66
sratsWw a * « - « § a« «iprra>i i
ciftosa w as ?sfac« «1 »tff% i «rç-ia mitfàti afã* 11 *s u
« w c i i f à a l ia a<#i i t f à i t f à ti II mahã-prasãda vallabha-bhatta bahu ãnãila
prabhu-saha sannyãsi-gana bhojane vasila
gaudera bhakta yata kahite nã pari mahã-prasãda—alimento oferecido a Sri Jagannãtha; vallabha-bhaüa—Vallabha
ahgane vasilã saba hanã sãri sãri Bhatta; bahu—uma grande quantidade; ãnãila—trouxe; prabhu-saha—com Srí
gaudera—da Bengala; bhakta yata—todos os devotos; kahite—de mencionar; nã Caitanya Mahaprabhu; sannyãsi-gana—todos os sannyãsis; bhojane vasila—sentaram-
pari—sou incapaz; ahgane— no pátio; vasilã—sentaram-se; saba—todos; hanã— fi- se para tomar a prasãda.
cando; sãn sãri—em filas.
V E R S O 67
VERSO 70
dekhi'—vendo; valldbha-bhattera—de Vallabha Bhatta; haila camatkãra—houve eta mata—dessa maneira; ratha-yãtrã—o festival dos carros; sakale—todo; dekhila—
admiração; ãnande vihvala—tomado de felicidade transcendental; nãhi—não houve; viu; prabhura caritre—pelo caráter de Sri Caitanya Mahaprabhu; bhattera—de
ãpana-sãmbhãla—manutenção de sua posição normal. Vallabha Bhatta; camatkãra haila—houve admiração.
T R A D U Ç Ã O — A o ver tudo isso, Vallabha Bhatta ficou completamente atônito. TRADUÇÃO—Desse modo, Vallabha Bhatta presenciou o festival dos carros. Ele
Tomado de bem-aventurança transcendental, ele desconcertou-se. ficou simplesmente admirado com as características de Sri Caitanya Mahaprabhu.
VERSO 77 V E R S O 80
TRADUÇÃO—Então, Sri Caitanya Mahaprabhu parou a dança dos outros, e, como TRADUÇÃO—Certo dia, depois que o festival tinha acabado, Vallabha Bhatta foi
fizera antes, Ele mesmo pôs-Se a dançar. até à casa do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu, a cujos pés de lótus apresentou
um pedido.
V E R S O 78
V E R S O 81
« T f * cirni" c i f i «rra c«icitii i
Ml «' Itfte. ¥** «0f? *^*1 fí"6? « ^ I " « N a r . « a Spfl fà>g asfàstffe f â i i i
« r r l s i i ç t e f ^ i f i * c ? i arai f vi n
prabhura saundarya dekhi ãra premodaya
'ei ta' sãksãt krsna' bhattera ha-ila niécaya "bhãgavatera tikã kichu kariyãchi likhana
prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; saundarya—a beleza; dekhi—vendo; ãra— ãpane mahaprabhu yadi karena éravana"
também; prema-udaya—despontar de amor extático; ei—isto; ta'—com certeza; bhãgavatera—sobre o Srimad-Bhãgavatam; tikã—comentário; kichu—algum; kari-
sãksãt—diretamente; krsna—o Senhor Krsna; bhattera—de Vallabha Bhatta; ha-ila— yãchi likhana—escrevi; ãpane—Tu; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; yadi—se;
foi; niécaya—certeza. karena éravana—ouvirias.
T R A D U Ç Ã O — A o ver a beleza de Sri Caitanya Mahaprabhu e o despontar de Seu TRADUÇÃO—"Escrevi um comentário sobre o Srimad-Bhãgavatam", disse ele.
amor extático, Vallabha Bhatta concluiu: "Sem dúvida alguma, eis aqui o Senhor "Faria Vossa Onipotência a gentileza de ouvi-lo?"
Krsna."
V E R S O 79 V E R S O 82
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu respondeu; bhãgavata-artha—o significado prabhu kahe—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu replicou; krsna-nãmera—do
do Srimad-Bhãgavatam; bujhite nã pari—não posso compreender; bhãgavata-artha—o santo nome de Krsna; bahu artha—muitos significados; nã mãni—não aceito; éyãma-
significado do Srimad-Bhãgavatam; éunite—para ouvir; ãmi nahi adhikãri— não sou sundara—Syãmasundara; yaéodã-nandana—Yasodãnandana; ei-mãtra—apenas isto;
a pessoa adequada.
jãni—Eu sei.
T R A D U Ç Ã O — O Senhor respondeu: "Não compreendo o significado do Srimad- T R A D U Ç Ã O — O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu replicou: "Não aceito muitos
Bhãgavatam. Na verdade, não sou a pessoa adequada para ouvir esse significado." diferentes significados do santo nome de Krsna. Tudo o que sei é que o Senhor
Krsna é chamado Syãmasundara e Yasodãnandana, e isto é bastante."
V E R S O 83
V E R S O 86
afã' u < n i t a «faca <s*c«i i 1
wlqWwftft iqçilfrawm
^«rri-irrji <j«f cata «» atfã-fwca n v-« n
ypsTcii «rçfãfo iaHfa-fàfsK« d ih» •
zwsi" krsna-nãma mãtra kariye grahane
sahkhyã-nãma pürna mora nahe rãtri-dine tamãla-éyãmala-tvisi
vasi'—sentado; krsna-nãma—o santo nome do Senhor Krsna; mãtra—simples- éri-yaéodã-stanandhaye
mente; kariye grahane—Eu canto; sahkhyã-nãma—um número fixo de voltas; pürna— kr$na-nãmno rüdhir iti
completo; mora—Meu; nahe— não é; rãtri-dine—dia e noite adentro. sarva-éãstra-vinirnayah
tamãla-éyãmala-tvisi—cuja tez é azul-escura, lembrando uma árvore tamãla; éri-
T R A D U Ç Ã O — " T u d o o que faço é ficar sentado, tentando cantar o santo nome de yaéodã-stanam-dhaye—que suga os seios de mãe Yasodã; krsna-nãmnah—do nome
Krsna, e, apesar de cantar dia e noite adentro, não obstante, não consigo com- de Krsna; rüdhih—o significado principal; iti— assim; san>a-éãstra—de todas as es-
crituras reveladas; vinirnayah—a conclusão.
pletar o número de voltas que devo cantar."
V E R S O 84 T R A D U Ç Ã O — " ' O único significado do santo nome de Krsna é que Ele é azul-
escuro como uma árvore tamãla e que Ele é o filho de mãe Yaáodã. É esta a
«!J "sasatcsra wf-aTfiJtc« i conclusão de todas as escrituras reveladas.'"
fausta bsatfa <st*i f ã s «tac«i f t-81
SIGNIFICADO—Este verso é do Nãma-kaumudi.
bhatta kahe, "krsna-nãmera artha-vyãkhyãne
vistãra kairãchi, tãhã karaha éravane" V E R S O 87
bhatta kahe— Vallabha Bhatta disse; krsna-nãmera—do santo nome de Krsna; artha- ma. wf «rifa uta arffàta fwffa i
vyãkhyãne—descrição do significado; vistãra—mui elaboradamente; kairãchi—fiz;
tãhã— isto; karaha éravane—por favor, escuta. «ita »r^wit«f cata atfà «ifãasta u" n 11
TRADUÇÃO—Vallabha Bhatta disse: "Tentei descrever elaboradamente o signi- ei artha ãmi mãtra jãniye nirdhãra
ficado do santo nome de Krsna. Por favor, ouve a explicação." ãra sarva-arthe mora nãhi adhikãra"
ri artha—esse significado; Ãmi—Eu; mãtra—unicamente; jãniye—conheço; nir-
V E R S O 85
dhãra—conclusão; ora—outros; sarva—todos; arthe— significados; mora—Minha;
nãhi— nao é; adhikãra—capacidade de compreender.
'•aresta' •acitwtsww»—<í*»rta « r f à « w n TR
* D,J
Ç Ã o — " C o n h e ç o de maneira conclusiva esses dois nomes, Syãmasundara
asodãnandana. Não compreendo quaisquer outros significados, tampouco
prabhu kahe,—"krsna-nãmera bahu artha nã mãni
enho a capacidade de compreendê-los."
"éyãma-sundara' 'yaéodã-nandana,'—ei-mãtra jãni
606 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7
Verso 9 3 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 607
VERSO 9 0
VERSO 9 3
«ca « | ciai tfoa-càtatfapa f c t f a » i
e i » a<fà' asca,—"fi^ estará «tal i
srtii ac« ü l f « asfà' asca «itai-afa n *• u
<gfà « t i « f ã ' ata «itita wtaa II a * n
fafre bhatta gelã pandita-gosãhira thãni
dainya kari' kahe, — "niluh tomara éarana
nãnã mate priti kari' kare ãsã-yãi tumi krpã kari' rãkha ãmãra jivana
tabe—em seguida; bhaüa—Vallabha Bhatta; gelã—foi; pandita-gosãhira thãni—até dainya kari'—com muita humildade; kahe—disse; niluh—aceitei; tomara éarana—o
Gadãdhara Pandita Gosãni; nãnã mate—de diversas maneiras; priti kari'—mostran- teu refúgio; tumi—tu; krpã kari'—sendo misericordioso; rãkha—mantém; ãmãra
do afeição; kare ãsã-yãi—vai e vem. jivana—minha vida.
Verso 98 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 609
608 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7
com certeza não ficaria zangado. Contudo, os Vaiçnavas que sempre estavam com yei—o que quer que; kichu—qualquer; kare—faz; bhatta—Vallabha Bhatta; sid-
Sri Caitanya Mahaprabhu talvez não entendessem o que era que Gadãdhara dhãnta— conclusão; sthãpana—estabelecendo; sunitei—ouvindo; ãcãrya— Advaita
Pandita sentia no mais recôndito de sua consciência e poderiam acusá-lo de ter-se Ãcãrya; tãhã—isto; karena khandana—refutava.
comprometido com Vallabha Bhatta, a despeito de este ter sido rejeitado por Sri
Caitanya Mahaprabhu. Gadãdhara Pandita Gosãni pensava seriamente dessa TRADUÇÃO—Todas as conclusões sofregamente apresentadas por Vallabha Bhatta
maneira. eram refutadas por personalidades tais como Advaita Ãcãrya.
V E R S O 99
V E R S O 102
T®f»t fàarca l f à c « a ütfll fas C a U i
<5«ttf>t atça i«i « t c a « c a ««la-cara u 11 «rfstatfw-«irci « | aca aca ata i
ar«r5*a-acai c a « a c a a « « r a n s-%. n
yadyapi vicãre panditera nãhi kichu dosa
tathãpi prabhura gana tãhre kare pranaya-rosa ãcãryãdi-ãge bhafta yabe yabe yãya
yadyapi—embora; vicãre—conclusivamente; panditera—de Gadãdhara Pandita; rãjahamsa-madhi/e yena rahe baka-prãya
nãhi kichu dosa—não houvesse falta alguma; tathãpi—mesmo assim; prabhura gana— ãcãrya-ãdi-ãge— diante de Advaita Ãcãrya e de outros; bhatta—Vallabha Bhatta;
associados de Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhre—contra ele; kare pranaya-rosa— yabe yabe—sempre que; yãya—vai; rãja-hariisa-madhye—numa sociedade de cisnes
demonstraram ira afetiva. brancos; yena—como; rahe—ficasse; baka-prãya—como um pato.
TRADUÇÃO—Embora Gadãdhara Pandita não estivesse nem um pouco errado, TRADUÇÃO—Sempre que Vallabha Bhatta adentrava a assembléia dos devotos,
por afeição, alguns dos devotos de Srí Caitanya Mahaprabhu demonstraram ira encabeçada por Advaita Ãcãrya, ele parecia um pato na sociedade de cisnes brancos.
contra ele.
VERSO 100 V E R S O 103
< a « f > « «8 « g c n « r r s t c a c a i
« « j ç a i r « - « | «rtaci « ç - a t c a i
" * T a - ' « « f « ' ' i f « ' « f ã ' a T « c a «catca 11
'«wanatfV « t a « c a «itstatfw-tc n i - I
TRADUÇÃO—Todos os dias, Vallabha Bhatta ia à casa de Sri Caitanya Maha- TRADUÇÃO—Certo dia, Vallabha Bhatta disse a Advaita Ãcãrya: "Toda entidade
prabhu para ocupar-se em discussões desnecessárias com Advaita Ãcãrya e outras viva é fêmea [prakrti 1, e considera Krçna como seu esposo [pati]."
grandes personalidades, tais como Svarüpa Dãmodara.
V E R S O 101 V E R S O 104
yei kichu kare bhatta 'siddhãnta' sthãpana pati-vratã hanã patira nãma nãhi laya
sunitei ãcãrya tãhã karena khandana tomara krsna-nãma-laha,—kon dharma haya?"
612 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7 Verso 111 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 613
pati-vratã—devotada ao esposo; hanã—sendo; patim—do esposo; nãma—nome; patira ãjnã,—nirantara tãhra nãma la-ite
nãhi laya—não pronuncia; tomara—todos vós; krsna-nãma-laha—cantais o nome de patira ãjnã pati-vratã nã pare lahghite
Krçna; kon—que; dharma—princípio religioso; haya—é este. patira ãjnã—a ordem do esposo; nirantara—sempre; tãhra— Seu; nãma—nome;
la-ite—cantar; patira ãjnã—a ordem do esposo; pati-vratã— uma esposa casta e de-
T R A D U Ç Ã O — " É dever da esposa casta, devotada a seu esposo, jamais pronun- votada; nã pare lahghite—não pode renegar.
ciar o nome deste, mas todos vós cantais o nome de Krçna. Como pode ser isso
chamado de princípio religioso?" T R A D U Ç Ã O — " A ordem de Krçna é de que cantemos o Seu nome o tempo todo.
Portanto, aquela que é casta e segue Krsna, seu esposo, deve cantar o nome do
VERSO 105 Senhor, pois não pode recusar-se a obedecer ao esposo."
"nitya ãmãra ei sabhãya haya kaksã-pãta T R A D U Ç Ã O — " E m meu comentário sobre o Srimad-Bhãgavatam", disse ele,
eka-dina upare yadi haya mora vãt "refutei as explicações de Sndhara Svãml. Não consigo aceitar suas explicações."
T R A D U Ç Ã O — N o dia seguinte, ao chegar à assembléia de Sri Caitanya Maha- T R A D U Ç Ã O — S r i Caitanya Mahaprabhu respondeu, dando um sorriso: "Na
prabhu, ele sentou-se após prestar reverências ao Senhor e, com muito orgulho, Minha opinião, aquela que não aceita o svãmi [esposo] como autoridade não
disse algo. passa de uma prostituta."
"bhãgavate svãmira vyãkhyãna kairãchi khandana eta kahi' mahaprabhu mauna dharilã
la-ite nã pari tãhra vyãkhyãna-vacana éuniyã sabãra mane santosa ha-ilã
616 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lüã, 7 Verso 121 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 617
eta kahi'—dizendo isto; mahaprabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; mauna dharilã— a Colina de Govardhana à guisa de guarda-chuva, salvando, assim, os residentes
ficou muito grave; éuniyã—ouvindo; sabãra—de todos os devotos; mane—na mente; de Vrndãvana. Dessa maneira, Krçna provou que, diante de Sua própria onipo-
santosa ha-ilã—houve muita satisfação. tência, o poder de Indra era muito insignificante.
TRADUÇÃO—Após dizer isto, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou muito grave. Todos V E R S O 119
os devotos ali presentes sentiram muito prazer ao ouvir esta declaração.
«ta» «fta fàw- fàe5'
,
'«tf**' asfà' a t t a i
V E R S O 117 t < g t â f f P b ftos. « a t o s a a t a mis.»
waes* f * « •ufa' cfta-«ii*ta i opta jiva nija-'hite' 'ahita' kari' mane
« r o c a a i f à a w srrcia « t a t a ii m n garva cürna haile, pãche ughãde nayane
ajha jiva—a entidade viva ignorante; nija-hite—seu benefício pessoal; ahita kari'
jagatera hita lãgi' gaura-avatãra mane—considera uma perda; garva cürna haile— quando o orgulho é extirpado;
antarera abhimãna jãnena tãhãra pãche— em seguida; ughãde nayane—os olhos abrem-se.
jagatera—do mundo inteiro; hita lãgi'—para o benefício; gaura-avatãra—a encar-
nação de Sri Caitanya Mahaprabhu; antarera abhimãna—orgulho interno; jãnena— TRADUÇÃO—Um ser vivo ignorante não reconhece o seu verdadeiro lucro. Devido
compreende; tãhãra—seu. à ignorância e ao orgulho material, ele às vezes considera que o lucro é perda,
mas, quando seu orgulho é extirpado, ele pode então ver seu verdadeiro benefício.
T R A D U Ç Ã O — S r í Caitanya Mahaprabhu adveio como uma encarnação para o
benefício do mundo inteiro. Portanto, conhecia muito bem a mente de Vallabha V E R S O 120
Bhatta.
aca «itfà' ateai « t fèfirc* a t f a a i
V E R S O 118 « t a t c a c i r c a a a i - « a i c*n n i v * «
T R A D U Ç Ã O — " E l e , juntamente com Seus outros devotos, aceitou meu convite, amara—meu; hita—benefício; karena—faz; iho—isto; ãmi—eu; mãni—considero;
e foi bondoso comigo. Por que agora, aqui em Jagannãtha Puri, Ele mudou tanto?" duhkha—infelicidade; krsnera upare— Krsna; kaila—fez; yena—como; indra—Indra;
mahã-mürkha—o grande tolo.
V E R S O 122
T R A D U Ç Ã O — " N a realidade, Ele está agindo para o meu benefício, embora eu
'«tfa fsrrV,-<aç. aa'-"ja> a** Vara fN i interprete como insultos Suas ações. Isto é exatamente como o incidente no qual
«raa-asta»—^cai m a l a fã* n H% i o Senhor Krsna, para corrigir Indra, derrotou esse grande tolo arrogante."
tumi—Tu; Isvara—a Suprema Personalidade de Deus; nija-ucita—exatamente aparãdha kainu, ksama, la-inu éarana
adequada à Tua posição; krpã—misericórdia; ye—isto; karilã—mostraste; apamãna krpã kari' mora mãthe àharaha carana"
kari'—insultando; sarva—todo; garva—orgulho; khandãilã—acabaste com. aparãdha kainu—cometi ofensas; ksama—por favor, perdoa; la-inu éarana—tomei
refugio; krpã kari'—sendo misericordioso; mora mãthe—sobre minha cabeça; dharaha
T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Senhor, és a Suprema Personalidade de Deus. carana—por favor, coloca Teus pés de lótus.
Visando a acabar com o meu falso orgulho, insultaste-me e, assim, mostraste
misericórdia para comigo, o que convém muito bem à Tua posição." TRADUÇÃO—"Meu querido Senhor, cometi ofensas. Por favor, perdoa-me. Busco
refugio em Ti. Por favor, tem misericórdia de mim e coloca Teus pés de lótus
VERSO 128 sobre a minha cabeça."
VERSO 131
«itra- «ra», 'fàtf-ratw atfà '«raatca' i
aa <raa *f%»i •wtici II i*v n « J f í fB&r*^fà 't%s' raafstaa*' i
V E R S O 141
V E R S O 138
aai-tfàjs srça fàasa caal i
«8 « W , - " l f à &m ç a e r j csfüB l
a a t a ç «tca « c a «Pia aaai • isi n
l í a r f à l *fca; c a t a a t a ' r a a s t a" 1 * V II
bhatta kahe, — "yadi more ha-ilã prasanna svagana-sahita prabhura nimantrana kailã
eka-dina punah mora mana' nimantrana" mahaprabhu tare tabe prasanna ha-ilã
sva-gana-sahita—com Seus associados; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu;
bhatta kahe—Vallabha Bhatta disse; yadi—se; more—comigo; ha-ilã prasanna—estás nimantrana—convite; kailã—tez; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; fãre—co
satisfeito; eka-dina—um dia; punah—outra vez; mora—meu; mana'—aceita; niman-
ele; fabe—então; prasanna ha-ilã—ficou muito satisfeito.
trana— convite.
TRADUÇÃO—Quando Vallabha Bhatta convidou Sn Caitanya Mahaprabhu jun-
TRADUÇÃO—Vallabha Bhatta Ãcãrya pediu a Sri Caitanya Mahaprabhu: "Se
tamente com Seus associados, o Senhor ficou muito satisfeito com ele.
estás realmente satisfeito comigo, por favor, aceita meu convite outra vez."
V E R S O 142
VERSO 139
w a a p ^ i f w a a «5 at? « t a i
®rç « ^ « f & í T t wae, « t f a c * i
a « r e t a l - « l t a @m ' a t a j - a ^ p j . ' 1 1 1 8 * 11
a t f à c » r a f i P H r t , « t c a 9 « ! fàc<5 II >*S> II
T R A D U Ç Ã O — O amor puro e extático de Gadãdhara Pandita por Sri Caitanya ^ ç X c a i ara» ara •ffãafa caa i
Mahaprabhu também era muito profundo. Tal amor era como o de Rukminídeví, «9fà' a»f%ifta atra ata «trata n > 8 i n
que sempre era especialmente submissa a Krçna.
pürve yena krsna yadi parihãsa kaila
VERSO 1 4 5 éuni' rukminira mane trãsa upajila
pürve—anteriormente; yena—como; krsna—o Senhor Krçna; yadi—quando; pari-
«ta «Wa-Cata C f f i t C S «tÇp *6Çt a a I hãsa kaila—faz uma brincadeira; éuni'—ouvindo; rukminira mane—na mente de
Rukminídeví; frasa—temor; upajila—surgiu.
vàaa-wfca « P t cara a t f à « « r a r a 11 > 8 » n
tãnra pranaya-rosa dekhite prabhura icchã haya TRADUÇÃO—Anteriormente, na krsna-lilã, quando o Senhor Krsna desejou
aiévarya-jhãne tãhra rosa nãhi upajaya divertir-Se com Rukminídeví, esta levou Suas palavras a sério, e o medo des-
tãhra—sua; pranaya-rosa—ira afetiva; dekhite—de ver; prabhura—de Sri Caitanya pontou dentro de sua mente.
Mahaprabhu; icchã haya—há um desejo; aiévarya-jhãne— devido ao conhecimento
das opulências; tãhra—sua; rosa—ira; nãhi—não; upajaya—é desperta. VERSO 1 4 8
panditera sane tara mana phiri' gela tumi ye ãmãra thãni kara ãgamana
kiéora-gopãla-upãsanãya mana dila tãhãtei prabhu more dena olãhana"
panditera sane—na companhia de Gadãdhara Pandita; tara—sua; mana—mente; tumi—tu; ye—isto; ãmãra thãni—a mim; tora ãgamana—vens; tãhãtei—por causa
phiri' gela—converteu-se; kiéora-gopãla—de Krsna como um rapazinho; upãsanãya—à disso; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; more—a mim; dena—dá; olãhana—punição
adoração; mana dila—entregou sua mente. com palavras.
T R A D U Ç Ã O — N a companhia de Gadãdhara Pandita, sua mente converteu-se, e T R A D U Ç Ã O — " M e u querido Vallabha Bhatta, teres vindo me procurar não cairá
ele passou a dedicá-la a adorar Kisora-gopãla, a saber, Krsna como um rapazinho. no agrado de Srí Caitanya Mahaprabhu. Por isso, Ele às vezes fala, castiga ndo-
me."
V E R S O 150 VERSOS 153—154
TRADUÇÃO—Vallabha Bhatta desejava ser iniciado por Gadãdhara Pandita, mas nimantranera dine pandite bolãilã
este recusou-se, dizendo: "Não estou capacitado para agir como mestre espiritual." svarüpa, jagadãnanda, govinde pãthãilã
ei-mata—dessa maneira; bhattera—de Vallabha Bhatta; katheka dina—alguns dias;
V E R S O 151 gela—passaram-se; sese—enfim; yadi—quando; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu;
tare—com ele; su-prasanna haila—ficou muito satisfeito; nimantranera dine—no dia
« r i f a - *ta«ai, «tata « f ç - caraaa i do convite; pandite bolãilã—mandou chamar Gadãdhara Pandita; svarüpa—Svarüpa
ira « P a i fàal « t f à al aa ' a « s ' n n Dãmodara; jagadãnanda—Jagadãnanda Pandita; govinde—Govinda; pãthãilã—enviou.
ãmi—paraíantra, ãmãra prabhu—gauracandra TRADUÇÃO—Passaram-se alguns dias, e quando por fim Sri Caitanya Maha-
tãhra ãjnã vinã ãmi nã ha-i 'svatantra' prabhu ficou satisfeito com Vallabha Bhatta e aceitou-lhe o convite, mandou
ãmi—eu; paratantra—dependente; ãmãra prabhu—meu Senhor; gauracandra—o que Svarüpa Dãmodara, Jagadãnanda Pandita e Govinda fossem chamar Gadã-
Senhor Srí Caitanya Mahaprabhu; tãhra—Sua; ãjnã—ordem; vinã—sem; ãmi—eu; dhara Pandita.
nã—não; ha-i— sou; svatantra—independente.
V E R S O 155
T R A D U Ç Ã O — " S o u completamente dependente. M e u Senhor é Gauracandra, Sri
Caitanya Mahaprabhu. N ã o posso fazer nada independentemente, sem Sua «tca tfaesca aatt « c * a aaa i
ordem." "t?lfà«c« « t ç c«tatca tbsul « c w n i í «
V E R S O 152 pathe panditere svarüpa kahena vacana
"pariksite prabhu tomãre kailã upeksana
« f ã ca «tata frtféu «a « t a a a i pathe—a caminho; panditere—a Gadãdhara Pandita; svarüpa—Svarüpa Dãmodara;
«tares*, « r ç carca era rç»rt*a u" H nena vacana—disse algumas palavras; pariksite—para testar; prabhu—o Senhor
n Caitanya Mahaprabhu; tomãre—a ti; kailã upeksana—rejeitou.
630 èri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 7 Verso 161 O encontro do Senhor com Vallabha Bhatta 631
T R A D U Ç Ã O — A caminho, Svarüpa Dãmodara disse a Gadãdhara Pandita: "Sri TRADUÇÃO—"Posso tolerar tudo o que Ele disser, colocando isso sobre minha
Caitanya Mahaprabhu desejava testar-te. Por isso, Ele te rejeitou." cabeça. Ele automaticamente será misericordioso comigo, após considerar meus
defeitos e minhas virtudes."
V E R S O 156
V E R S O 159
<gfà cf CÜ «tf*r ftca sri fwiil W t f » i ?
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CSPfSl arfirfll «fça 5?TC«| <-tf%*ri || íôs, ||
funil kene ãsi' tãnre nã dilã olãhana?
bhita-prãya hanã kãhhe karilã sahana?" efa bali' pandita prabhura sthãne ãilã
tumi—tu; kene—por que; ãsi'—vindo; tãhre—a Ele; nã dilã—não deste; olãhana— rodana kariyã prabhura carane padilã
castigo; bhita-prãya—como se amedrontado; hanã—estando; kãhhe—por que; /cariíã eta bali'—dizendo isso; pandita—Gadãdhara Pandita; prabhum sthãne—a Sri Caitanya
sahana—agüentaste. Mahaprabhu; ãilã—veio; rodana kariyã—chorando; prabhura—de Sri Caitanya Maha-
prabhu; carane—aos pés de lótus; padilã—caiu.
TRADUÇÃO—"Por que não retaliaste, censurando-O? Por que ficaste amedrontado
e agüentaste-Lhe as críticas?" TRADUÇÃO—Após dizer isso, Gadãdhara Pandita foi ter com Sri Caitanya Maha-
prabhu e, chorando, caiu aos pés de lótus do Senhor.
V E R S O 157
t f ò s « c a s i . - a í ç ^ i aiw-t^rcTPrM i V E R S O 160
«r? *rcsi « f à , — « r i » t f t arfà n >«i n
Iht, srrfàai « r ç t e a l «rrfswsi i
pandita kahena,—prabhu svatantra sarvajha-éiromani mu» «Slt<fl3l « « S I Jlira || y j , , ||
tãhra sane 'hatha' kari,—bhãla nãhi mãni
pandita kahena—Gadãdhara Pandita disse; prabhu—o Senhor Sri Caitanya Maha- ísaf hãsiyã prabhu kailã ãlingana
prabhu; svatantra—independente; sarvajha-éiromani—o melhor dos oniscientes; sabãre éunãhã kahena madhura vacana
falira sane—com Ele; hatha kari—se converso num nível de igualdade; bhãla—bom; isat hãsiyã—sorrindo discretamente; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; kailã
nãhi mãni—não penso que seja. ãlihgana—abraçou; sabãre—todos os outros; éunãhã—fazendo com que ouvissem;
kahena—pôs-Se a falar; madhura vacana—palavras doces.
TRADUÇÃO—Gadãdhara Pandita disse: "O Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu tem
completa independência. Ele é a mais elevada personalidade onisciente. Não TRADUÇÃO—Sorrindo discretamente, o Senhor abraçou-o e falou doces palavras
me ficaria bem conversar com Ele de igual para igual." para que os outros também ouvissem.
V E R S O 158 V E R S O 161
T R A D U Ç Ã O — " S ó estava querendo provocar-te", disse o Senhor, "mas não te TRADUÇÃO—Ninguém pode dizer o quanto o Senhor é misericordioso com
sentiste provocado. Na verdade, não falaste nada que fosse acrimonioso. Ao invés Gadãdhara Pandita, mas as pessoas conhecem o Senhor como Gadãira Gaura,
disso, toleraste t u d o . " "o Senhor Gaurãhga de Gadãdhara Pandita."
V E R S O 162
V E R S O 165
«rrata «WTCS estará aa «1 afãai i
•sp aaa«tta «rratoa ftfa»rl II es«*j«r«a «fiai ca afãros ttcs ?
^«ffrrta aca awta m «rs atca n n
ãmãra bhangite tomara mana nã calilã
sudrdha sarala-bhãve ãmãre kinilã" caitanya-prabhura lilã ke bujhite pare?
ãmãra bhangite—com Minhas artimanhas; tomara mana—tua mente; nã calilã—não eka-lilãya vahe gahgãra éata éata dhãre
ficou perturbada; sudrdha—firme; sarala-bhãve—com simplicidade; ãmãre—a Mim; caitanya-prabhura lilã—os passatempos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; ke—
kinilã—conquistaste. quem; bujhite pare—pode compreender; eka-lilãya—em uma atividade; vahe—fluem;
gahgãra—do Ganges; safa safa dhãre—centenas e milhares de ramificações.
T R A D U Ç Ã O — " T u a mente não se deixou perturbar com Minhas artimanhas. Pelo
contrário, permaneceste fixo em tua simplicidade. Dessa maneira, conquistaste- TRADUÇÃO—Ninguém pode compreender os passatempos de Srí Caitanya Maha-
Me." prabhu. Eles são como o Ganges, pois centenas e milhares de ramificações emanam
V E R S O 163 mesmo de u m a única de Suas atividades.
T R A D U Ç Ã O — O Senhor purificou Vallabha Bhatta, limpando-o da lama do falso dina-antare—noutro dia; pandita—Gadãdhara Pandita; kaila prabhura nimantrana—
orgulho. Com tais atividades, o Senhor também instruiu outros. convidou Sri Caitanya Mahaprabhu; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; tãhãh—
lá; bhiksã kaila—tomou prasãda; lahã nija-gana—com Seus associados pessoais.
VERSO 168
TRADUÇÃO—Noutra ocasião, Gadãdhara Pandita convidou Sri Caitanya Maha-
«roca '«rçam', aíw «fia' i prabhu para jantar. O Senhor, juntamente com Seus associados pessoais, tomou
ata7t«f cia m, eaa «w ata 11 i*t- n prasãda na casa de Gadãdhara Pandita.
antare 'anugraha,' bãhye 'upeksãra prãya' SIGNIFICADO—SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura comenta que o Senhor Sri
bãhyãrtha yei laya, sei nãéa yãya Caitanya Mahaprabhu agiu como um benquerente muito misericordioso para com
antare—dentro do coração; anugraha—misericórdia; bãhye—externamente; upe- Vallabha Bhatta, externamente rejeitando-o de muitas maneiras para purificá-lo
ksãra prãya—como rejeição; bãhya-artha—o significado externo; yei—qualquer pessoa de seu falso orgulho de ser classificado como um acadêmico erudito. Gadãdhara
que; laya—aceita; sei—ela; nãéa yãya—aniquila-se. Pandita, por ter se associado com Vallabha Bhatta, foi, durante alguns dias, negli-
genciado pelo Senhor. Na realidade, Ele não estava nem um pouco insatisfeito
TRADUÇÃO—Na realidade, Sri Caitanya Mahaprabhu sempre era misericordioso com Gadãdhara Pandita. Na verdade, como Gadãdhara Pandita é a potência
de coração, mas, às vezes, externamente renegava Seus devotos. Contudo, não pessoal do Senhor Caitanya Mahaprabhu, não há possibilidade alguma de o
nos devemos preocupar com Sua característica externa, pois se assim o fizermos Senhor ficar insatisfeito com ele. Todavia, a pessoa que se deixa facilmente atrair
seremos aniquilados. pelas aparências não pode compreender o profundo significado destes relaciona-
mentos de Sri Caitanya Mahaprabhu. Portanto, quem desrespeita Gadãdhara
Pandita decerto que será aniquilado.
V E R S O 169
V E R S O 170 V E R S O 172
4
fàiraca *tfts« cm «r?a fàia ! i 4? «' a^raa^ an«-«c|g fàia i
*p| «ttí f%*pi tei 1431 f«wfl*i n n° i atata «saci tra ciVacsiina II Í < R II
dinãntare pandita kaila prabhura nimantrana ei ta' kahiluh vallabha-bhattera milana
prabhu tãhãh bhiksã kaila lahã nija-gana yãhãra éravane pãya gaura-prema-dhana
636 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 7
Neste ponto encerram-se os Significados Bhaktivedanta do Sri Caitanya-caritãmrta, tam vande krsna-caitanyam
Antya-lilã, Sétimo Capítulo, descrevendo o encontro de Vallabha Bhatta com Srí Caitanya rãmacand ra-pu ri-bhayãt
Mahaprabhu. laukikãhãratah svam yo
bhiksãnnani samakocayat
tam—a Ele; vande—ofereço minhas respeitosas reverências; krsna-caitanyam—o
Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; rãmacandra-puri-bhayãt—com medo dt Rãma-
candra Puri; laukika—habitual; ãhãratah—da alimentação; svam—Sua própria; yah—
que; bhiksã-annam—quantidade de comida; samakocayat—reduziu.
VERSO 2
VERSO 3
ifVrrsci f-ta a>«c«Praat8r n 11
paramõnanda-puri kaila carana vandana de Krçna. Mesmo os sannyãsis Mãyãvãdis, dizendo om namo bhãgavate nãrãyana
ou namo nãrãyana, costumam lembrar-se de Nãrãyana, que também é Krçna.
puri-gosãni kaila tãnre drdha ãlihgana
Assim, cabe ao sannyãsi lembrar-se de Krçna. Segundo o smrti-éãstra, o sannyãsi
paramãnanda-puri— Paramãnanda Puri; kaila—fez; carana—aos pés; vandana—
não oferece reverências nem bênçãos a ninguém. Diz-se que sannyãsi nirãéir nir-
prestando reverências; puri-gosãni—Rãmacandra Puri; kaila—tez; tãhre—a ele;
drdha—forte; ãlihgana—abraço. namaskriyah: o sannyãsi não deve oferecer bênçãos nem reverências a ninguém.
bhiksã kari'—após terminar o almoço; kahe puri—Rãmacandra Puri começou a suni—ouvir dizer; caitanya-gana—os seguidores de Sri Caitanya Mahaprabhu;
falar; suna, jagadãnanda—meu querido Jagadãnanda, por favor, escuta; avaéesa kare bahuta bhaksana—comem mais do que o necessário; satya—verdadeira; sei
prasãda—a prasãda restante; fumi—tu; karaha bhaksana—come. vãkya—esta afirmação; sãksãt—diretamente; dekhiluh—acabo de ver; ekhana—agora.
TRADUÇÃO—Após terminar a refeição, Rãmacandra Puri propôs: "Meu querido T R A D U Ç Ã O — " O u v i dizer", comentou ele, "que os seguidores de Sri Caitanya
Jagadãnanda, por favor, presta atenção. Come o alimento que sobrou." Mahaprabhu comem mais do que o necessário. Agora vejo diretamente que isso
é verdade."
V E R S O 13
V E R S O 16
«rtaia atirai «"tca afã' apeataai i
«tf «tca «rtata a* fã' «tfàcaaa fcawi« v©« agjtãTca <«« at^at-ípl « c a «tf ata i
caat ?t a<flH 4* ara, caattaja alfa "era* n"s*n
ãgraha kariyã tãnre vasi' khãoyãilã
ãpane ãgraha kari' pariveéana kaila sannyãsire eta khãoyãhã kare dharma nãéa
ãgraha kariyã—com muita sofreguidão; tãhre vasi'—fazendo-o sentar-se; khãoyãilã— vairãgi hanã eta khãya, vairãgyera nãhi 'bhãsa'"
alimentou; ãpane—pessoalmente; ãgraha kari'—com muita sofreguidão; pariveéana
sannyãsire—a um sannyãsi; eta—tanto; khãoyãhã—alimento; kare dharma nãéa—
kaila—administrou a prasãda. destrói os princípios reguladores; vairãgi hanã—estando na ordem renunciada;
ria—tanto; khãya—come; vairãgyera nãhi bhãsa—não há vestígio algum de renúncia.
TRADUÇÃO—Com muita sofreguidão, Rãmacandra Puri fez com que Jagadãnanda
Pandita se sentasse e pessoalmente serviu-lhe a prasãda. T R A D U Ç Ã O — " D a r muita comida a um sannyãsi vai de encontro aos seus prin-
cípios reguladores, pois, quando um sannyãsi come demais, sua renúncia é
V E R S O 14 destruída."
V E R S O 17
«itata asfàal **JjB 'Jas af-safaa i
«rtçaa casca fãart «fàcs i t f t i n ÍS n <*fc«' w t a <$ta «rtata «fàal i
f»tca fàari asca, «rica a $ « »*t«at#j u is n
ãgraha kariyã punah punah khãoyãilã
ãcamana kaile nindã karite lãgilã ri ta' svabhãva tãhra ãgraha kariyã
ãgraha kariyã—com avidez; punah punah—vezes e mais vezes; khãoyãilã—alimen- piche nindã kare, ãge bahuta khãoyãhã
tou; ãcamana kaile—quando lavara as mãos e a boca; nindã karite lãgilã—começou ei—esta; ta'—decerto; sva-bhãva—característica; tãhra—sua; ãgraha kariyã—com
a criticar. muita avidez; piche—em seguida; nindã tore—critica; ãge—a princípio; bahuta—
muito; khãoyãhã—alimentando.
TRADUÇÃO—Incentivando-o vezes e mais vezes, Rãmacandra Puri alimentou-o
suntuosamente, mas bastou Jagadãnanda lavar as mãos e a boca para que Rãma- TRADUÇÃO—A característica de Rãmacandra Puri era que, primeiro ele induzia
candra Puri começasse a criticá-lo. alguém a comer mais do que o necessário, e então criticava-o.
V E R S O 15 V E R S O 18
"éuni, caitanya-gana kare bahuta bhaksana pürve yabe mãdhavendra karena antardhãna
'satya' sei vãkya,—sãksãt dekhiluh ekhana rãmacandra-puri tabe ãilã tãhra sthãna
644 Sn Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 8 Verso 23 Rãmacandra P u n critica o Senhor 645
purve—antes; yabe—quando; mãdhavendra—Mãdhavendra Puri; karena antar- tumi—tu; pürna-brahma-ãnanda—pleno de bem-aventurança transcendental;
dhãna—estava prestes a morrer; rãmacandra-puri— Rãmacandra Puri; tabe—nessa toraba smarana—deves lembrar-te; brahma-vit hanã—tendo plena consciência do
altura; ãilã—veio; tãhra sthãna—à sua casa. Brahman; tone—por que; karaha rodana—choras.
T R A D U Ç Ã O — A n t e s , quando Mãdhavendra Puri estava no ocaso da vida, Rãma- T R A D U Ç Ã O — " S e estás em plena bem-aventurança transcendental", disse ele,
candra Puri foi até à sua residência. "deves agora lembrar-te apenas do Brahman. Por que choras?"
Estas referências são de escrituras reveladas autorizadas. Se alguém ofende seu TRADUÇÃO—lavara Puri, o mestre espiritual de Srí Caitanya Mahaprabhu, rea-
mestre espiritual ou a Suprema Personalidade de Deus, cai à plataforma material lizou serviço a Mãdhavendra Puri, limpando-lhe as fezes e a urina, usando as
para entregar-se à mera especulação. próprias mãos.
VERSO 29
V E R S O 27
fàarça fww « a t a *aat i
f*Wtt, araKfterl sppftf iPSÈPt ii Jts ii
ta'catas fswrl «ca, fwrcs t % É n stfl l
nirantara krsna-nãma karãya smarana
suska-brahma-jhãni, nãhi krsnera 'sambandha' krsna-nãma, krsna-lilã sunãya anuksana
sarva loka nindã kare, nindãte nirhandha nirantara—sempre; krsna-nãma—o ^ o m e do Senhor Krçna; karãya smarana—
éuska— insípido; brahma-jhdni— filósofo impersonalista; nãhi—não há; krsnera— lembrou; krsna-nãma—o santo nome de Krsna; krsna-lilã— passatempos de Krçna;
com o Senhor Krsna; sambandha—relacionamento; sarva—todas; loka—pessoas; sunãya anuksana—sempre fazia ouvir.
nindã kare—critica; nindãte nirbandha—fixo em blasfemar.
TRADUÇÃO—ísvara Puri sempre cantava o santo nome e os passatempos do
TRADUÇÃO—Aquele que se apega ao conhecimento especulativo insípido não Senhor Krçna para Mãdhavendra Puri ouvir. Dessa maneira, contribuiu para
tem relacionamento algum com Krsna. Tudo o que ele faz é criticar os Vaisnavas. que, à hora da morte, Mãdhavendra Puri se lembrasse do santo nome e dos
Dessa maneira, ele se estabelece como um criticador. passatempos do Senhor Krçna.
V E R S O 30
SIGNIFICADO—SrUa Bhaktisiddhãnta Sarasvati Thãkura explica e m seu Anubhãsya
que a palavra nirbandha dá a entender que Rãmacandra Puri tinha um firme desejo <5>è Ç<ÍPI 'jat ifca c«*ri «flSiim i
de criticar os outros. Os impersonalistas Mãyãvãdis, que não têm relacionamento aa f*mi-'«tai estata aS«ceiaa*!'«>®. n
algum com Krçna, que não c o n s e g u e m adotar o serviço devocional e que passam
o tempo todo envolvidos em debates materiais na tentativa de compreender o tusta hanã puri tãhre kailã ãlihgana
Brahman consideram o serviço devocional a Krçna como sendo karma-kãnda, ou vara dilã—'krsne tomara ha-uka prema-dhana'
atividades fruitivas. Na opinião deles, o serviço devocional a Krçna não passa tusta hanã—estando satisfeito; puri— Mãdhavendra Puri; tãhre—a ele; kailã ãlih-
de mais u m meio de se alcançar dharma, artha, kãma e moksa. Portanto, criticam gana— abraçou; vara dilã—deu a bênção; krsne—a Krçna; tomara—teu; ha-uka—que
os devotos, dizendo que estes se ocupam em atividades materiais. Acham que haja; prema-dhana—a riqueza do amor.
o serviço devocional é mãyã e q u e Krçna, ou Visnu, também é mãyã. Portanto,
são chamados de Mãyãvãdis. Tal mentalidade brota na pessoa que ofende Krsna TRADUÇÃO—Satisfeito com ísvara Puri, Mãdhavendra Puri abraçou-o e deu-lhe
e Seus devotos. a bênção de que ele seria um grande devoto e amante de Krçna.
VERSO 28 V E R S O 31
TRADUÇÃO—Dessa maneira, ísvara Puri tornou-se igual a um oceano de amor ayi dma-dayãrdra natha he
extático por Krsna, ao passo que Rãmacandra Puri converteu-se num especulador mathurã-nãtha kadãvalokyase
árido, criticador de todo mundo. hrdayam tvad-aloka-kãtaram
dayita bhrãmyati kim karomy aham
VERSO 3 2 ayi—ó meu Senhor; dina—para com os pobres; dayã-ãrdra—compassivo; nãtha—ó
amo; he—ó; mathurã-nãtha—o Senhor de Mathurã; tadã—quando; avalokyase—le
wsara-fãarcaa Itff i verei; hrdayam—meu coração; fwf—de Ti; aloka—sem a visão; kãtaram—muito pe-
s**roi fanan w f l w c n ** n saroso; dayita—ó amadíssimo; bhrãmyati—fica dominado; kim—que; karomi—farei;
aham—eu.
mahad-anugraha-nigrahera 'sãksi' dui-jane
ei dui-dvãre éikhãilã jaga-jane T R A D U Ç Ã O — " Ó meu Senhor! Ó amo misericordiosíssimo! Ó Senhor de Mathurã!
mahat—áe uma personalidade importante; anugraha-da bênção; nigrahera—do Quando Te verei novamente? Porque não Te vejo, meu coração agitado perdeu
castigo; sãk?i— dando evidência; dui-jane—duas pessoas; ei dui-dvãre—mediante o equilíbrio. Ó amadíssimo, que devo fazer a g o r a ? "
esses dois; éikhãilã—instruiu; jaga-jane—as pessoas do mundo.
VERSO 35
TRADUÇÃO—ísvara Puri recebeu a bênção de Mãdhavendra Puri, ao passo que
Rãmacandra Puri recebeu a repreensão dele. Portanto, essas duas personalidades, 4 5 cslfcas « j p c a j j j « c a f c l w t i
ísvara Puri e Rãmacandra Puri, exemplificam a bênção e a punição de uma grande ?r,a»a f à a c a « c « / a « t a f à c t a n «<t n
personalidade. Ao apresentar esses dois exemplos, Mãdhavendra Puri instruiu
o mundo inteiro. ei éloke krsna-prema kare upadeéa
VERSO 3 3 krsnera virahe bhaktera bhãva-viéesa
ei éloke— neste verso; krsna-prema—amor a Krçna; kare upadeéa—instrui; krsnera
« m w m « c a a asfà' c a r a « r * i virahe—sentindo saudades de Krçna; bhaktera—do devoto; bhãva-viéesa—situação
4 * C J I 1 » " t f s ' d c a l Cisa * i g « f í * t l i « o transcendental.
jagad-guru mãdhavendra kari' prema dana TRADUÇÃO—Neste verso, Mãdhavendra Puri instrui como alcançar amor extá-
ei éloka padi' tenho kaila antardhãna tico por Krçna. Ao sentirmos saudades de Krçna, situamo-nos na plataforma
jagat-guru—o mestre espiritual do mundo inteiro; mãdhavendra—Mãdhavendra espiritual.
Puri; kari' prema dana—dando amor extático por Krçna como caridade; ei éloka VERSO 36
padi'—recitando este verso; tenho—ele; kaila antardhãna—partiu deste mundo
material. « j f a f t a s c a t * H asfà' e v i l c a i a i ? a i
VERSO 40
VERSO 37
«raa faaica aica ca^fis atfa i a i
«natci afà"£ t j f M i m f i M fàata i
a^ar*Vaa, carfà"* ara fea a a n 8-»
caa «ai * 5 C * . caa a? « t a ) a 1 * | « * s n
prabhura nimantrane lãge kaudi cãri pana
prastãve kahiluh puri-gosãhira niryãna
yei ihã éune, sei bada bhãgyavãn kabhu kãélévara, govinda khãna tina jana
prabhura—de Srí Caitanya Mahaprabhu; nimantrane— para convidar; lãge—são
prastãve—circunstancialmente; kahiluh—acabo de descrever; puri-gosãhira—de necessárias; kaudi cãri pana—quatro vezes oitenta conchinhas; kabhu kãélévara—às
Mãdhavendra Puri; niryãna—o desaparecimento; yei—qualquer pessoa que; ihã—
vezes, Kãsíávara; govinda—o servo pessoal de Sri Caitanya Mahaprabhu; khãna—
isto; éune—ouça; sei—ela; bada bhãgyavãn—muito afortunada. comem; tina jana—três pessoas.
V E R S O 43 V E R S O 46
T R A D U Ç Ã O — E m geral, as formigas giram por aqui, por ali e por toda parte, mas
"rãtrãv atra aiksavam ãsit, tena Rãmacandra Puri, procurando defeitos imaginários, criticou Sri Caitanya Maha-
pipilikãh sancaranti aho! viraktãnâm prabhu, alegando que em Seu aposento havia doces.
sannyãsinâm iyam indriya-lãlaseti
bruvann utthãya gatah." V E R S O 52
rãtrau—à noite; atra—aqui; aiksavam—açúcar-cande; ãsíf—estava; tena—por isso;
pipilikãh—formigas; sancaranti— giram; aho—ai de mim; viraktãnâm—renunciados; •jfà' «tal «rça at*tç-«3 aca i
sannyãsinâm—de sannyãsis; iyam—isto; indriya—aos sentidos; lãlasa—apego; iti— catfac«í canaMM fã*! a*caa aaca ii a
assim; bruvan—falando; utthãya—levantando-se; gatah—partiu.
éuni' tãhã prabhura sahkoca-bhaya mane
T R A D U Ç Ã O — " N a noite passada, havia açúcar-cande por aqui", disse ele. "Por govinde bolãha kichu kahena vacane
isso as formigas estão girando por aí. Ai de mim, como este sannyãsi está apegado éuni'—ouvindo; fãhã—isso; prabhura—de Sri Caitanya; sahkoca—dúvida; bhaya—
ao gozo dos sentidos!" Após falar isso, levantou-se e partiu. medo; mane—na mente; govinde bolãha—mandando chamar Govinda; kichu—al-
gumas; kahena—falou; vacane— palavras.
VERSO 50
« « ^ " • f a f a f«w1 casartaa « a a i TRADUÇÃO—Após ouvir essa censura, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou receoso
e apreensivo. Portanto, mandou chamar Govinda e deu-lhe a seguinte instrução.
i«ca ap»t«. « f a e a a '«fãre' fà«aa n <t° «
prabhu paramparãya nindã kairãchena éravana V E R S O 53
ebe sãksãt éunilena 'kalpita' nindana
prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; paramparãya—por falatório; nindã—blasfêmia; "a»tr% cac« R l f l «rara i«ia « ' fãaa i
kairãchena éravana—ouvira; ebe—agora; sãksãt—diretamente; éunilena—Ele ouviu; f^rsteasteaa a* estâ, ^raa^ta aj»a it «t-s n
kalpita—imaginária; nindana—blasfêmia.
"ãji haite bhiksã ãmãra ei ta' niyama
T R A D U Ç Ã O — á r i Caitanya Mahaprabhu ouvira os boatos da blasfêmia de Rãma- pindã-bhogera eka caufhi, pãhca-gandãra vyahjana
candra Puri. Dessa vez, Ele ouvia diretamente suas acusações caprichosas. ãji haite—de hoje em diante; bhiksã ãmãra—Minha aceitação de prasãda; ei—esta;
ta'—com certeza; niyama—a regra; pindã-bhogera—da prasãda do Senhor Jagannãtha
SIGNIFICADO—Rãmacandra Puri não pôde encontrar nenhum defeito no caráter eka caufhi—um quarto de um prato; pãhca-gandãra vyahjana—legumes que custam
de Sri Caitanya Mahaprabhu, pois Este situa-Se na posição transcendental como cinco gandãs (uma gandã é igual a quatro kaudis).
a Suprema Personalidade de Deus. Em geral, encontram-se formigas em toda
parte, mas, ao ver formigas na casa do Senhor, Rãmacandra Puri teve certeza T R A D U Ç Ã O — " D e hoje em diante, será regra que Eu aceitarei apenas um quarto
de que elas deviam estar ali porque Sri Caitanya Mahaprabhu estivera comendo de um prato da prasãda do Senhor Jagannãtha e o equivalente a cinco gandãs
doces. Assim, descobriu falhas imaginárias no Senhor, e então partiu. de legumes.
V E R S O 54
V E R S O 51
aai aa « f ã * « r a f « i ai «ifãal i
a a w a f^rôtfàaíi aaa ca«ta i
« « f ã * wrfãea «atai 4*1 ai cfàai n" te»
«rates «a* «it<a»i cwta m i a l « •
Verso 60 Rãmacandra Puri critica o Senhor 659
658 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 8
ihã ba-i adhika ãra kichu nã ãnibã sei-dina eka-vipra kaila nimantrana
adhika ãnile ãmã ethã nã dekhibã" eka-cauthi bhãta, pãhca-gandãra vyahjana
ihã ba-i—exceto isso; adhika—mais; «ra—extra; kichu—coisa alguma; nã ãnibã—não ei-mãtra govinda kaila ahgikãra
tragas; adhika ãnile—se for trazido mais; ãmã—a Mim; ethã—aqui; nã dekhibã—não
mãthãya ghã mãre vipra, kare hãhãkãra
verás. sei-dina—naquele dia; eka-vipra—um brãhmana; kaila nimantrana—convidou; ek
cauthi bhãta—um quarto de um pote de arroz; pãhca-gandãra vyahjana—iegumes
T R A D U Ç Ã O — " S e trouxeres mais do que isso, nunca mais Me verás por a q u i . "
no valor de apenas cinco gandãs; ei-mãtra—apenas isso; govinda—o servo do Senhor
Caitanya Mahaprabhu; kaila ahgikãra—aceitou; mãthãya—em sua cabeça; ghã mãre—
V E R S O 55 bateu; vipra—o brãhmana; kare hãhã-kãra—pôs-se a dizer: "ai de mim, ai de mim".
TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu prestou Suas reverências a Rãmacandra T R A D U Ç Ã O — " U m sannyãsi come tanto quanto for necessário para manter seu
Puri, adorando-lhe os pés. Então, sorrindo, Rãmacandra Puri falou ao Senhor. corpo, mas não se entrega ao gozo material dos sentidos. Dessa maneira, o
sannyãsi torna-se perfeito em seu avanço espiritual em conhecimento."
Verso 72 Rãmacandra Puri critica o Senhor 663
662 Sri Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 8
V E R S O S 67—68
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu disse; ajna—ignorante; bãlaka—menino;
mui—Eu; éisya tomara—teu discípulo; more—a Mim; éiksã deha'—estás instruindo;
ei—esta; bhãgya ãmãra— Minha grande fortuna.
a t a r í c a n f n catraPifa a c a a t a a W N i
1 <5lfWi5t»<?> aTflC^I «1 S\\'a. t W II
TRADUÇÃO—Então, Srí Caitanya Mahaprabhu expôs humildemente: "Sou tal
qual um menino ignorante e Me coloco como teu discípulo. É Minha grande
Tçaaracaw* calcai «afe ç:TÇl I " «•*» I fortuna que estejas Me instruindo."
VERSO 70
nãtyaénato 'pi yogo 'sti
na caikãntam anaénatah <em « f ã * a t a ç » ^ f t «f§' caai i
na cãtisvapna-éílasya
jãgrato noiva cãrjuna « « • a a ««ftaa » c a , -*tft catatfa» «fàtri 11
T R A D U Ç Ã O — " ' M e u querido Arjuna, não pode realizar yoga mística quem come
ãra dina bhakta-gana-saha paramãnanda-puri
mais do que o necessário ou jejua desnecessariamente, dorme e sonha demais
prabhu-pãée nivedilã dainya-vinaya kari'
ou não dorme o suficiente. A pessoa deve comer e gozar dos sentidos tanto quanto ãra dina—no dia seguinte; bhakta-gana-saha—com os outros devotos; paramãnanda-
necessário, ela deve esforçar-se adequadamente para executar seus deveres e deve puri—Paramãnanda Puri; prabhu-pãée— perante Srí Caitanya Mahaprabhu; nive-
regular seu sono e sua vigília. Assim, executando a yoga mística, ela pode-se dilã—apresentaram; dainya-vinaya kari'—com muita humildade e submissão.
livrar das aflições materiais.'"
TRADUÇÃO—No dia seguinte, com muita humildade e submissão, Paramãnanda
Puri e outros devotos aproximaram-se de Srí Caitanya Mahaprabhu.
SIGNIFICADO—Esta citação é do Bhagavad-gitã (6.16-17).
V E R S O 72
V E R S O 69
» c a > — " « « a t a » a$ ' f i a ' csTata i " a i a w j j h aa t a a ^ M w t a i
cates fã*»l c**'»-<ii*. « i a j «tata i" *s n «ta carca «a stf«' f»ai aca »rt« ? s*. i
"rãmacandra-puri haya ninduka-svabhãva
prabhu kahe, — "ajna bãlaka mui 'éisya' tomara tara bole anna chãdi' kibã habe lãbha?
more éiksã deha',—ei bhãgya ãmãra"
Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 8
Verso 78 Rãmacandra Puri critica o Senhor 665
é por natureza um mau criticador. Se, por causa de suas palavras, deixares de tender; tomara— teu; kichu nãhi bhãsa—não há avanço algum.
comer, qual será a vantagem?"
T R A D U Ç Ã O — " ' A l é m disso, ao induzires os sannyãsis a comerem demais,
VERSO 73 estragas-lhes os princípios religiosos. Portanto, posso entender que não tens
avanço a l g u m . ' "
a*ra,-iciè «rara »ira>»i i
ci sri ira, «tca « í f t t t i wtto *r?r*l»i« i V E R S O 76
para-svabhãva-karmãni VERSO 80
na praéamsen na garhayet •píaacíPfotT a a t â f ã a t a P i « i
viévam ekãtmakam paéyan
prakrtyã pumsena ca pürva-parayor madhye para-vidhir balavãn
para-svabhãva-karmãni—as características ou as atividades de outrem; na—não; pürva-parayoh—a anterior e a posterior; madhye—entre; para-vidhih—a regra pos-
terior; balavãn—mais proeminente.
praéamset—devemos elogiar; na—não; garhayet— devemos criticar; viévam—o uni-
verso; eka-ãtmakam—como um; paéyan—vendo; prakrtyã—por natureza; purusena—
pela entidade viva; ca—e. T R A D U Ç Ã O — " ' E n t r e a primeira e a segunda regra, esta é mais importante."'
T R A D U Ç Ã O — ' " T o d o s devem saber que, devido ao encontro da natureza material SIGNIFICADO—Este verso é dos textos nyãyas.
com a entidade viva, o universo age com uniformidade. Sendo assim, ninguém
deve nem elogiar nem criticar as características ou as atividades de outrem."' V E R S O 81
tara madhye pürva-vidhi 'praéamsã' chãdiyã T R A D U Ç Ã O — " M e s m o onde existem centenas de boas qualidades, um criticador
para-vidhi 'nindã' kare 'balistha' jãniyã não vê nada disso. Pelo contrário, usa de artifícios para detectar algum defeito
tara madhye—entre as duas; pürva-vidhi—a regra anterior; praéamsã—elogio; chã- nessas virtudes."
diyã—abstendo-se do; para-vidhi—a outra regra; nindã—críticas; kare— faz; balistha V E R S O 82
jãniyã—sabendo ser a mais proeminente.
í*arta a«ta ati »rsc« s1 jjata i
TRADUÇÃO—"Das duas regras, Rãmacandra Puri obedece à primeira, abstendo-se «fífH aifàca f»g Wtespl »fía 11 n n
de elogiar, mas, embora saiba que a segunda é mais proeminente, negligencia-a
e critica os outros." inhãra svabhãva ihãn karite nã yuyãya
tathãpi kahiye kichu marma-duhkha pãya
SIGNIFICADO—O verso mencionado do Srimad-Bhãgavatam dá dois preceitos. O inhãra sva-bhãva—suas características; ihãn—aqui; karite nã yuyãya—ninguém deve
primeiro, chamado pürva-vidhi, determina que não devemos elogiar, e o segundo, seguir; tathãpi—mesmo assim; kahiye—digo; kichu—algo; marma-duhkha—infelici-
para-vidhi, estabelece que não devemos criticar. Como ficará claro no verso se- dade dentro do coração; pãya—obtemos.
guinte, o preceito que proíbe o elogio é menos importante do que aquele que
proíbe a blasfêmia. Devemos cuidadosamente observar o para-vidhi, embora pos- TRADUÇÃO—"Portanto, ninguém deve seguir os princípios de Rãmacandra Puri.
samos negligenciar o pürva-vidhi. Dessa maneira, o p eceito em si é que podemos
r
Não obstante, tenho algo a dizer contra ele, pois ele está deixando nossos corações
elogiar, mas nunca devemos criticar. Isto chama-se élesokti, ou uma declaração magoados."
que contém dois significados. Contudo, Rãmacandra Puri agia exatamente da V E R S O 83
maneira oposta, pois negligenciava o para-vidhi mas observava estritamente o
pürva-vidhi. Como evitava seguir o princípio que proíbe fazer críticas, Rãmacandra *Vfa aecsi cfXfi. «s* «jtf «a ?
Puri quebrava ambas as regras. 'jaae. fsPiapt stMV-tata cata «ta i* v* ti
Verso 89 Rãmacandra Puri critica o Senhor 669
668 èri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 8
fabe sabe meii' prabhure bahu yatna kailã
inhãra vacane kene anna tyãga kara? sabãra ãgrahe prabhu ardheka rãkhilã
pürvavat nimantrana mana',—sabãra bola dhara" tabe—em seguida; sabe meii'—quando todos os devotos vieram juntos; prabhure—a
inhãra vacane—mediante suas palavras; kene— por que; anna—alimentação; tyãga Sri Caitanya Mahaprabhu; bahu yatna kailã— pediram com fervor; sabãra ãgrahe—
kara—abandonas; pürva-vat—como antes; nimantrana mana'—por favor, aceita o devido à ansiedade de todos eles; prabhu—Srí Caitanya Mahaprabhu; ardheka
convite; sabãra—áe todos; bola—as palavras; dhara—aceita. rãkhilã—aceitou a metade.
T R A D U Ç Ã O — " P o r que, tomando por base as críticas de Rãmacandra Puri, aban- TRADUÇÃO—Quando todos pediram mui fervorosamente que Srí Caitanya Maha-
donaste Teus hábitos alimentares adequados? Por favor, continua aceitando con- prabhu aceitasse uma refeição completa, mesmo assim, Ele recusou. Ao invés
vites como antes. É isto o que todos nós pedimos." disso, reagiu ao pedido deles, aceitando a metade do que costumava comer.
V E R S O 84 V E R S O 87
"íca ctw •tftw ara cara ? í S i SP?*M Calf? TiCl «Pfl falarei I
tf «K« C*C*rt, t r l f*Wl C r U T b-8 II ^ S?SH c«ra»i, «ff feiwci II v i n
prabhu kahe, — "sabe kene purire kara rosa? dui-pana kaudi lãge prabhura nimantrane
'sahaja' dharma kahe tenho, tãnra kibã dosa? kabhu dui-jana bhoktã, kabhu tina-jane
prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu replicou; sabe—todos vós; kene—por que; dui-pana kaudi—duas panas de kaudis [160 conchinhas); lãge—custa; prabhura
purire—com Rãmacandra Puri; kara rosa—estais zangados; sahaja—naturais; dharma— nimantrane—para convidar Sri Caitanya Mahaprabhu; kabhu—as vezes; dui-jana—
princípios religiosos; kahe—fala; tenho—ele; tãnra—dele; kibã—que; ãosa—falha. dois homens; bhoktã—comendo; kabhu—às vezes; tina-jane—três homens.
T R A D U Ç Ã O — á r i Caitanya Mahaprabhu replicou: "Por que todos vós estais zan- T R A D U Ç Ã O — O preço do alimento necessário para convidar Sri Caitanya Maha-
gados com Rãmacandra Puri? Ele está expondo os princípios naturais da vida prabhu orçava em duas panas de kaudis (160 conchas], e este alimento era aceito
de sannyãsa. Por que o estais acusando?" por dois e, às vezes, três homens.
V E R S O 85 VERSO 88
«C^WT* fl«t »lt> *C11 f l W I
ara. ij*»I fw»ai-iii«*ifc,—w«re «wra i
« I M - f g U "t*c« »rfcl c*Af« **>M n w II
ifes tf,-«tw arfics « r a i a i i a Iti u" v<t n
abhojyãnna vipra yadi karena nimantrana
yati hanã jihvã-lãmpatya—atyanta anyãya prasãda-mülya la-ite lãge kaudi dui-pana
yatira dharma,—prãna rãkhite ãhãra-mãtra khãya" abhojya-anna vipra—um brãhmana em cuja residência não se pode aceitar um
yati hanã— sendo um sannyãsi; jihvã-lãmpatya—viver satisfazendo a língua; atyanta convite; yadi—se; karena nimantrana—ele convida; prasãda-mülya—o preço da prasãda;
anyãya—ofensa atroz; yatira dharma—o princípio religioso de um sannyãsi; prãna la-ite—a pagar; lãge—custa; kaudi dui-pana—duas panas de kauãis.
rãkhite—para manter a vida; ãhãra—comida; mãtra—apenas; khãya—come.
TRADUÇÃO—Quando um brãhmana em cujo lar não se poderia aceitar um convite
T R A D U Ç Ã O — " P a r a um sannyãsi é uma grande ofensa ficar o tempo todo satis- convidava o Senhor, ele pagava duas panas de conchas para adquirir a prasãda.
fazendo a língua. O dever de um sannyãsi é comer apenas o necessário para
manter-se vivo." VERSO 89
V E R S O 86
CBtwiti f ã * ifà faiara « e i i
« c i i c i cirai' «rajca a* a* c ' 1 1 1
u r a mun*H*K>fa i l f l M « w > i> f * l « « i r a ' «rrci, f > i "tr* *jca íca n v-s i
670 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 8 Verso 95 Rãmacandra Puri critica o Senhor 671
bhojyãnna vipra yadi nimantrana kare bhakta-gane—a Seus devotos; sukha dite—vara dar felicidade; prabhura—de Srí
kichu 'prasãda' ãne, kichu pãka kare ghare Caitanya Mahaprabhu; avatãra—encarnação; yãhãh yaiche yogya—como era ade-
bhojya-anna vipra—um brãhmana em cuja residência poder-se-ia aceitar um con- quado de acordo com o t e m p o e as circunstâncias; tãhãh karena vyavahãra—Ele
vite; yadi—se; nimantrana kare—convida; kichu—alguma; prasãda—prasãda; ãne—traz; comportava-Se dessa maneira.
kichu—alguma; pãka kare—cozinha; ghare—em casa.
TRADUÇÃO—Na realidade, Sri Caitanya Mahaprabhu adveio para dar felicidade
TRADUÇÃO—Ao convidá-lO, um brãhmana em cujo lar poder-se-ia aceitar um aos devotos. Dessa maneira, Ele comportava-Se da maneira adequada ao tempo
convite adquiria parte da prasãda e cozinhava o restante em casa. e às circunstâncias.
V E R S O S 90—91 VERSO 93
us«ra« a P i R f ^ f t * r r a i 5 c i i
VERSO 99
fwi » « ira' c f r i " S W « f r i t e i n s > * I I
ei-mata rãmacandra-puri nilãcale «a» *mm tem, «foi m «ra i
dina kata rahi' gelã 'tirtha' karibãre ajrci iNi»t*í"j mpmzM cfcira I a» ll
ei-mata—dessa maneira; rãmacandra-puri— Rãmacandra Puri; nilãcale—em Jagan-
nãtha Puri; dina kata—por alguns dias; rahi'—permanecendo; gelã—partiu; firfhu guru upeksã kaile, aiche phala haya
karibãre—para visitar lugares sagrados. krame iévara-paryanta aparãdhe thekaya
guru upeksã kaile—se o mestre espiritual de alguém o rejeita; aiche—tal; phala—
T R A D U Ç Ã O — D e s s a maneira, Rãmacandra Puri demorou-se alguns dias em Nilã- resultado; haya—há; krame—pouco a pouco; iévara-paryanta—até o ponto da
cala [Jagannãtha Puri]. Então, partiu para visitar diversos lugares sagrados de Suprema Personalidade de Deus; aparãdhe thekaya—comete ofensas.
peregrinação.
T R A D U Ç Ã O — á r i Caitanya Mahaprabhu não levou em conta as ofensas de Rãma- T R A D U Ç Ã O — O r a n d o aos pés de lótus de Sri Rüpa e Srí Raghunãtha, desejando
candra Puri, pois o Senhor tinha-o como o Seu mestre espiritual. Contudo, o sempre a misericórdia deles, eu, Krsnadãsa, narro o Sri Caitanya-caritãmrta,
caráter de Rãmacandra Puri mostrou o que acarreta ofender o mestre espiritual. seguindo seus passos.
VERSO 101
cb'«*vffl<*.—cia wsjcsa «já i Neste ponto encerram-se os Significados Bhaktivedanta do Srí Caitanya-caritãmrta.
Antya-lilã, Oitavo Capitulo, descrevendo como, temendo as críticas de Rãmacandra P
« f à c s «faca aca ataca i | i n i ° s « o Senhor reduziu Sua alimentação.
caitanya-caritra—yena amrtera pura
éunite éravane mane lãgaye madhura
caitanya-caritra—o caráter de Sri Caitanya Mahaprabhu; yena—como se; amrtera
pára—pleno de néctar; éunite— ouvindo; éravane—ao ouvido; mane—à mente;
lãgaye—sensação; madhura—agradável.
T R A D U Ç Ã O — O caráter de ári Caitanya Mahaprabhu é pleno de néctar. Ouvir
sobre ele é agradável ao ouvido e à mente.
VERSO 102
VERSO 103
A l i b e r a ç ã o de G o p í n a t h a P a t t a n ã y a k a
VERSO 1
« ^ P f ¥ ^ » M « t t * n camwri i
aganya-dhanya-caitanya-
ganãnãm prema-vanyayâ
ninye 'dhanya-jana-svãnta-
maruh iaívad anüpatãm
aganya—inúmeros; dhanyã—gloriosos; caitanya-ganãnãm—dos associados de Sri
Caitanya Mahaprabhu; prema-vanyayâ—pela inundação do amor extático; ninye—foi
trazido; adhanya-jana—de pessoas desventuradas; svãnta-maruh—o deserto do co-
ração; éaévat—sempre; anüpatãm—ao estado de ficar cheio de água.
VERSO 2
677
678 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 Verso 8 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka 679
TRADUÇÃO—Todas as glórias a ári Krsna Caitanya Mahaprabhu, a encarnação TRADUÇÃO—Srí Caitanya Mahaprabhu sempre sentia ondas de saudades de
mais misericordiosa! Todas as glórias ao Senhor Nityãnanda, cujo coração é Krsna, tanto externa quanto internamente. Sua mente e corpo agitavam-se com
sempre compassivo! diversas transformações espirituais.
VERSO 3
VERSO 6
srcicwisrô Bfa m « f a l a ? i
faca a^i-àsTísi, waaia-»aaa i
srfl c a t a d a » ! a a a t a a 1 1 « 1 1
ateai ata-aara-aca aa-«tat«ra n * |
jayãdvaitãcãrya jaya jaya dayãmaya
jaya gaura-bhakta-gana saba rasamaya dine nrtya-kirtana, jagannãtha-daraéana
jaya—todas as glórias; advaita-ãcãrya—a Advaita Ãcãrya; jaya jaya—todas as rãtrye rãya-svarüpa-sane rasa-ãsvãdana
glórias; dayã-maya—misericordioso; jaya—todas as glórias; gaura-bhakta-gana—aos dine—durante o dia; nrtya-kirtana—dança e canto; jagannãtha-daraéana—vendo
devotos de Sri Caitanya Mahaprabhu; sarva—todos; rasa-maya—tomados de bem- o Senhor Jagannãtha; rãtrye— à noite; rãya-svarüpa-sane—com Rãmãnanda Rãya
aventurança transcendental. e Svarüpa Dãmodara; rasa-ãsvãdana—saboreando bem-aventurança transcendental.
TRADUÇÃO—Todas as glórias a Advaita Ãcãrya, que é muito misericordioso! TRADUÇÃO—Durante o dia, Ele cantava, dançava e via o Senhor Jagannãtha no
Todas as glórias aos devotos de ári Caitanya Mahaprabhu, que estão sempre templo. À noite, saboreava bem-aventurança transcendental, na companhia de
tomados de bem-aventurança transcendental! Rãmãnanda Rãya e Svarüpa Dãmodara.
VERSO 4 VERSO 7
fawacsa catas « t f à ' «caa aaaa i
(ífcas a a t s f ç w a i - a c a ' i caa caca, c*ia *tta ap»c«J*i-aa«i i
âVtt&c*! ata a*caa ap^ctfaacw n 81
trijagatera loka ãsi' karena daraéana
ei-mata mahaprabhu bhakta-gana-sahge yei dekhe, sei pãya krsiia-prema-dhana
nilãcale vasa karena krsna-prema-rahge tri-jagatera—dos três mundos; loka—pessoas; ãsi'—vindo; karena daraéana—visi-
ei-mata—dessa maneira; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-gana- tavam; yei dekhe—qualquer pessoa que visse; sei pãya—recebia; krsna-prema-dhana—o
sahge—juntamente com Seus devotos; nilãcale—em Jagannãtha Puri; vasa karena— tesouro transcendental do amor extático por Krçna.
reside; krsna-prema-rahge—dominado pelo amor extático ao Senhor Krçna.
T R A D U Ç Ã O — A s pessoas dos três mundos costumavam vir visitar Srí Caitanya
TRADUÇÃO—Dessa maneira, Sri Caitanya Mahaprabhu viveu em Nilãcala Mahaprabhu. Todo aquele que O via recebia o tesouro transcendental do amor
(Jagannãtha Puril com Seus devotos pessoais, sempre absorto em amor extático a Krsna.
por Krçna. VERSO 8
VERSO 5
arcara caca caa-aara^fasaa i
« a ^ - a t f â c a ap*taa*-«aw i aarnrstcaa as çwsi fàaaa n v n
atat-"Jtca i j t a a « t f * aa « t a «w 11 «u
manusyera veée deva-gandharva-kinnara
antare-bãhire krsna-viraha-tarahga sapta-pãtãlera yata daitya visadhara
nãnã-bhãve vyãkula prabhura mana ãra ahga manusyera veée—disfarçados de seres humanos; deva-gandharva-kinnara—os semi-
antare-bãhire—interna e externamente; krsna-viraha-tarahga—as ondas de sauda- deuses, os Gandharvas e os Kinnaras; sapta-pãtãlera—dos sete sistemas planetários
des de Krçna; nãnã-bhãve—com diversos êxtases; vyãkula—agitavam-se; prabhura— inferiores; yata—todas as classes de; daitya—demônios; visa-dhara—entidades vivas
de Sri Caitanya Mahaprabhu; mana ãra ahga—mente e corpo. serpentiformes.
680 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lHã, 9 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka
Verso 12 681
TRADUÇÃO—Os habitantes dos sete sistemas planetários superiores — inclusive Bali Mahãrãja foi o neto de Prahlãda Mahãrãja. O filho de Prahlãda Mahãrãja
os semideuses, os Gandharvas e os Kinnaras — e os habitantes dos sete sistemas foi Virocana, cujo filho ficou conhecido como Bali. Aparecendo como Vãmana
planetários inferiores [Pãtãlaloka], inclusive os demônios e as entidades vivas e pedindo a Bali Mahãrãja três passos de terra, o Senhor tomou posse de todos
serpentiformes, todos, disfarçados de seres humanos, visitavam Sri Caitanya os três mundos. Assim, Bali Mahãrãja converteu-se num grande devoto do Senhor
Mahaprabhu. Vãmana. Bali Mahãrãja teve cem filhos, dos quais Mahãrãja Bãna era o mais velho
VERSO 9 e o mais famoso.
Vyãsadeva foi o filho do grande sábio Parãáara. É também conhecido como
taitrci aaacíi caca *ro ara i Sãtyavateya e Krsna-dvaipãyana Bãdarãyana Muni. Como uma das autoridades
a W - C I P H "*TfV TO «TÇa W f l d s> l dos Vedas, ele, por conveniência, deu ao Veda original quatro divisões — Sãma,
Yajur, Rg e Atharva. Ele é autor de dezoito Purãnas bem como da tese teosófica
sapta-dvipe nava-khande vaise yata jana Brahma-sütra e do comentário natural desta, a saber, o Srimad-Bhãgavatam. Pertence
nãnã-veée ãsi' kare prabhura daraéana à Brahma-sampradãya e é diretamente um discípulo de Nãrada Muni.
sapta-dvipe— nas sete ilhas; nava-khande—nos nove khandas; vaise—residem; yata Sukadeva Gosvãmi é filho de Vyãsadeva. Ele era um brahmacãri com plena cons-
jana—todas as pessoas; nãnã-veée—em diferentes trajes; ãsi'—vindo; kare prabhura ciência da percepção do Brahman, porém, mais tarde, converteu-se num grande
daraéana—visitavam Sri Caitanya Mahaprabhu. devoto do Senhor Krsna. Ele narrou o Srimad-Bhãgavatam para Mahãrãja Parikçit.
V E R S O 15
T R A D U Ç Ã O — T o d a s as classes de pessoas vinham ver o Senhor, e, ao verem-nO,
ficavam tomadas de amor extático por Krsna. Dessa maneira, Srí Caitanya Maha- i i w t estila c i i » « i i i r a - í t i i
prabhu passava Seus dias e Suas noites.
« t i ' j a s - c s w i c u c » i i f i c « >jiti n b
V E R S O 13
savamse tomara sevaka—bhavãnanda-rãya
tãhra putra—tomara sevake rãkhite yuyãya
lOTfàsi c*it* « t f à ' ca^ta fàCTfS*", i sa-vamée—com sua família; tomara—Vosso; sevaka—servo; bhavãnanda-rãya—
cif^tircici 'a? srfaf 5ic«r n n Bhavãnanda Rãya; fãíira putra—seu filho; tomara sevake—Vosso servo; rãkhite—
proteger; yuyãya—é totalmente justo.
eka-dina loka ãsi' prabhure nivedilã
gopinãthere 'bada jãnã' cãhge cadãila TRADUÇÃO—"Bhavãnanda Rãya e sua família inteira são Vossos servos. Por isso,
eka-dina—certo dia; loka—pessoas; ãsi'—vindo; prabhure—a Sri Caitanya Maha- é totalmente justo que Vós salveis o filho de Bhavãnanda R ã y a . "
prabhu; nivedilã—informaram; gopinãthere—Gopínatha Pattanãyaka; bada jãnã—o
filho mais velho do rei Pratãparudra; cãhge cadãila—foi erguido sobre a cãhga.
V E R S O 16
V E R S O 14
V E R S O 17
<3ttTi « i »fff«' « t c i fctci "stfãrcra i " c i t % w - * t | * t r ? * - atni«i»-«ià i
« Ç n H « e i » ici, « e i ti^Tfici n i 8 »
i i V r a ws cM i w f i i f t II >1 n
tale khadga pãti' tare upare dãribe "gopinãtha-pattanãyaka—rãmãnanda-bhãi
prabhu raksã karena yabe, tabe nistãribe sarva-kãla haya tenha rãja-visayi
tale—embaixo; khadga—espadas; pãti'—afixando; tare—a ele; upare—sobre; dãribe— gopinãtha-pattanãyaka—Gopínatha Pattanãyaka; rãmãnanda-bhãi—um irmão de
ele lançará; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; rafcsã karena—protegerá; yabe—
Rãmãnanda Rãya; sarva-kãla—sempre; haya—é; tenha—e\e; rãja-visayi— tesoureiro
quando; tabe—então; nistãribe—ele salvar-se-á.
do rei.
V E R S O 18 V E R S O 21
V E R S O 27
V E R S O 24
«afã' at»»ja-aci capta $iran i
caa arar*íÇ3rs vera, dítii ra<ara i
aterra frrfàw ara' aç srfatfã a>faa 11 *i i
toaa'a£a traíra afe-sfo sra n *8 u
éuni' rãjaputra-mane krodha upajila
Sfl rãja-putrera svabhãva,—grivã phirãya rãjãra thãni yãi' bahu lãgãni karilã
ürdhva-mukhe bãra-bãra iti-uti cãya éuni'—ouvindo; rãja-putra—do príncipe; mane—na mente; krodha—ira; upajila—
sei rãja-putrera—desse príncipe; sva-bhãva—característica; grivã phirãya—vira seu surgiu; rãjãra thãni—perante o rei; yãi '—apresentando-se; bahu lãgãni karilã—fez
pescoço; ürdhva-mukhe—com seu rosto voltado para o céu; bãra-bãra—repetidas
muitas alegações falsas.
vezes; iti-uti—aqui e ali; cãya—olha.
T R A D U Ç Ã O — " A o ouvir esta crítica, o príncipe ficou muito irado. Apresentando-
T R A D U Ç Ã O — " E s s e príncipe tinha um cacoete pessoal de virar seu pescoço e en- se perante o rei, fez algumas falsas acusações contra Gopinãtha Pattanãyaka."
carar o céu, olhando daqui para ali repetidas vezes."
V E R S O 28
VERSO 25
"cirçf? arfã fwçi iaa, cisra aar asfà' i
«tca tarai asfà' *ca aaa' is^ra i B
«tan c * af»,—'ate* B^Í-ÍPI aa ca>W HHI
aran ?*ti » c a « t e * «a arf* ire» u n
"kaudi nãhi dibe ei, bedãya chadma kari'
tare nindã kari' kahe sagarva vacane ãjnã deha yadi, — 'cãhge cadãhã la-i kaudi'
rãjã krpã kare tãte bhaya nãhi mane kaudi—o dinheiro; nãhi dibe—não pagará; ei—esse homem; bedãya—vagueia;
tare—a ele; nindã kari'—criticando; kahe—disse; sa-garva vacane— palavras cheias chadma kari'—sob algum pretexto; ãjnã deha yadi—se ordenares; cãhge cadãhã—
de orgulho; rãjã—o rei; krpã kare—era muito bondoso com ele; tãte—por isso; bhaya erguendo-o sobre a cãhga; la-i kaudi—conseguirei o dinheiro.
nãhi mane— não tinha medo.
T R A D U Ç Ã O — " ' E s s e Gopinãtha Pattanãyaka', disse, 'não está interessado em
TRADUÇÃO—"Gopinãtha Pattanãyaka criticou o príncipe. Ele não tinha medo pagar o dinheiro que deve. Ao invés disso, ele está esbanjando-o sob algum
do príncipe, pois o rei era muito bondoso com ele." pretexto. Se decretares uma ordem, posso colocá-lo na cãhga e, assim, adquirir
o dinheiro."'
V E R S O 29
V E R S O 26
atan aca-"caa «rat, caa ara ara i
catai <sfrai ai tarara fecaa^atfã ata i
'«fira
ca fctrea caítf? *fra, asa ca fcitati" ?.s> i
«tps catsta a*n atfc « f a p s H ajrra n' i
rãjã bale, — "yei bhãla, sei kara yãya
'ãmãra ghodã grivã nã phirãya ürdhve nãhi cãya ye upãye kaudi pãi, kara se upãya"
tãte ghodãra mülya ghãti karite nã yuyãya' rãjã bale—o rei disse; yei bhãla—tudo o que for melhor; sei kara—faze isto; yãya—
ãmãra ghodã—meus cavalos; grivã—o pescoço; nã phirãya—não viram; ürdhve— indo; ye upãye—por quaisquer meios; kaudi pãi—posso reaver o nosso dinheiro;
para cima; nãhi cãya—não olham; tãte—por causa disso; ghodãra mülya—o preço kara—faze; se upãya—tais métodos.
do cavalo; ghãfi karite— reduzir; nã yuyãya—não convém.
T R A D U Ç Ã O — " O rei replicou: 'Podes adotar qualquer medida que achares
melhor. Qualquer método através do qual puderes de alguma forma reaver o
T R A D U Ç Ã O — " G o p í n a t h a Pattanãyaka disse: 'Meus cavalos jamais viram seus dinheiro será b o m . ' "
pescoços e olham para cima. Por isso, não se lhes deve reduzir o p r e ç o . ' "
688 Sri Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 9 Verso 35 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 689
VERSO 30 V E R S O 33
T R A D U Ç Ã O — " A s s i m , o príncipe voltou, ergueu Gopinãtha Pattanãyaka sobre T R A D U Ç Ã O — " Q u e m é inteligente que realize serviço para o governo, e, após
a plataforma da cãhga e espalhou espadas debaixo para atirá-lo sobre elas." pagar o governo, pode gastar todo o dinheiro que s o b r a r . "
V E R S O 31 V E R S O 34
TRADUÇÃO—Após ouvir esta explicação, Sri Caitanya Mahaprabhu replicou com TRADUÇÃO—Nessa altura, chegando ali apressadamente, outra pessoa trouxe a
ira afetiva: "Gopinãtha Pattanãyaka não quer pagar as dívidas ao r e i " , disse notícia de que Vãnínãtha Rãya e sua família inteira foram capturados.
o Senhor. "Onde então está a falha do rei em puni-lo?"
V E R S O 35
V E R S O 32
« t f asca,—"at«n « t t c a caata apu «aaa i
atar-fàeita^tfã' ata, atfà atw-«a i «tfa—fàa«« aaital, «tca fàs » t à a f *» i
afàt-at^atca fàal a>ca atai ara u -o* n
prabhu kahe, — "rãjã ãpane lekhãra dravya la-iba
rãja-bilãt sãdhi' khãya, nãhi rãja-bhaya ãmi—virakta sannyãsi, tãhe ki kariba?"
dãri-nãtuyãre diyã kare nãnã vyaya prabhu kahe—o S e n h o r Srí Caitanya Mahaprabhu disse; rãjã—o rei; ãpane—pes-
rãja-bilãt—o dinheiro devido ao rei; sãdhi'—coletando; khãya—ele utiliza; nãhi soalmente; lekhãra dravya—dívidas do balanço apropriado; la-iba—assumirá; ãmi—
rãja-bhaya—sem medo do rei; dãri-nãtuyãre—às dançarinas; diyã—dando; kare— Eu; virakta sannyãsi—um sannyãsi renunciado; fãhe—quanto a isso; ki kariha—que
posso fazer.
faz; nãnã—diversos; vyaya—gastos.
TRADUÇÃO—"Gopinãtha Pattanãyaka está encarregado de coletar o dinheiro em T R A D U Ç Ã O — S r i Caitanya Mahaprabhu disse: "O próprio rei deve reaver as
nome do governo, mas ele desvia-o. N ã o temendo o rei, ele gasta o dinheiro dívidas. Sou apenas um sannyãsi, um membro da ordem renunciada. Que posso
para ver as dançarinas." fazer?"
690 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 9 Verso 41 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka 691
V E R S O 36 VERSO 39
TRADUÇÃO—Então, todos os devotos, liderados por Svarüpa Dãmodara Gosvãmi, TRADUÇÃO—"Na vossa opinião, Eu deveria ir ao palácio do rei e estender Minha
caíram aos pés de lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu e fizeram o seguinte pedido. roupa para pedir-lhe dinheiro."
V E R S O 37 V E R S O 40
TRADUÇÃO—"Todos os membros da família de Rãmãnanda Rãya são Teus servos T R A D U Ç Ã O — " É claro que um sannyãsi ou um brãhmana pode mendigar um
eternos. Agora, eles estão em perigo. Não é justo que sejas tão indiferente com máximo de cinco gandãs, mas por que dever-se-ia dar-lhe a soma exorbitante
eles." de 200.000 kãhanas de conchas?"
V E R S O 38 V E R S O 41
«fã' aat«tç asca acapta ase» i caaatca «ata cata «ataat «rt*l i
"catca «twl caa' aca, at« atwitca i «v-11 ac«aa «íca cat^ítea fàc«c* «tfãal 18i i
suni' mahaprabhu kahe sakrodha vacane hena-kãle ãra loka ãila dhãhã
"more ãjnã deha' sabe, yãha rãja-sthãne! khadegara upare gopinãthe diteche dãnyã
éuni'—ouvindo; mahaprabhu—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; kahe—diz; sa- hena-kãle—nessa altura; ãra—outra; loka—pessoa; ãila—veio; dhãhã—correndo;
krodha vacane— palavras de ira; more—a Mim; ãjnã deha'—ordenais; sabe—todos; khadegara upare—sobre as espadas; gopinãthe— Gopinãtha; diteche dãriyã—eles estão
yãha—irei; rãja-sthãne—a residência do rei. jogando.
TRADUÇÃO—Após ouvir isso, Sri Caitanya Mahaprabhu falou com uma atitude TRADUÇÃO—Então, chegou outra pessoa com a notícia de que Gopinãtha já es-
irada. "Desejais dar-Me a ordem de que Eu vá ter com o r e i ? " disse Ele. tava pronto para ser jogado sobre as pontas das espadas.
Verso 47 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 693
692 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9
V E R S O 45
V E R S O 42
ç t l ifl IffStÇ <ÍCS1S IsfÇíTl I
«fà' «fçs 11 atçot *rci «rçn I
sifiçfi-ftaí iti?' iPffci isfãii n 8<t u
«tÇ »cn. -"«rtfi fèfi>, «tu cies fVg m •
ihãn yadi mahaprabhu eteka kahilã
suni' prabhura gana prabhure kare anunaya
prabhu kahe, — "ãmi bhiksuka, ãmã haite kichu naya haricandana-pãtra yãi' rãjãre kahilã
éuni'—ouvindo; prabhura gana—os devotos do Senhor; prabhure kare anunaya— ihãn—aqui; yadi—quando; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; eteka kahilã—
falou dessa maneira; haricandana-pãtra—o funcionário chamado Haricandana Pãtra;
imploraram ao Senhor; prabhu kahe—o Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu disse;
ãmi bhiksuka—sou um mendicante; ãmã haite kichu naya—não Me é possível fazer yãi'—indo; rãjãre kahilã—informou ao rei.
coisa alguma.
TRADUÇÃO—Quando ári Caitanya Mahaprabhu argumentou nestes termos, um
funcionário chamado Haricandana Pãtra foi ter com o rei e falou com ele.
tradução—Ao ouvirem esta notícia, todos os devotos novamente apelaram para
o Senhor, mas Este replicou: "Sou um mendicante. É-Me impossível fazer alguma
V E R S O 46
coisa quanto a isto."
5
T R A D U Ç Ã O — " S e r i a melhor pegar os cavalos pelo preço justo e deixá-lo aos 'arai caa' atai atca - « i r a »tf**i 1
TRADUÇÃO—Surpreso, o rei respondeu: "Não sabia nada disto. Por que dever-
V E R S O 53
se-ia tirar-lhe a vida? Só quero que ele pague o dinheiro."
'arca arca fã^, « t a ^« fog Tf fã i
V E R S O 50
«fàstca « t a na.-fàt afãc« i t f à ?' <?<©»
«jfà arà' asa « f t i a<aatata i
araj caos « t à t a , « t a aca « t a « t a ii"<t° n 'krame krame dimu, ãra yata kichu pari
avicãre prãna laha,—ki balite pari?'
Iumi yãi' kara tãhãh sarva samãdhãna krame krame—pouco a pouco; dimu—pagarei; ãra—mais; yata—tanto quanto;
dravya yaiche ãise, ãra rahe tara prãna" kichu—qualquer; pari—eu possa; avicãre—sem levar em conta; prãna laha—tirais
tumi—tu; yãi'—indo; kara—faze; tãhãh—lá; sarva samãdhãna—todos os ajustes; minha vida; ki balite pari—que posso dizer.
dravya—bens; yaiche—de modo que; ãise—venham; âra—e; rahe— mantenha-se;
tara—sua; prãna—vida. T R A D U Ç Ã O — " N a medida do possível, pagarei o restante. Contudo, sem levar
nada em conta, quase tirastes-me a vida. Que posso dizer?"
T R A D U Ç Ã O — " V a i até lá e endireita tudo. Só quero o pagamento, não sua vida."
V E R S O 54
VERSO 51
«ca afàara» « t f à ' »f tca asfàar i aat«f i a i asfà' «ca aa capai aaat i
arca cac« cat%sfca %s atara»» ti «» « t a arcara ajfit asfà' aca irira»» n as n
Verso 60 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 697
696 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9
yathãrtha mülya kari' tabe saba ghodã la-ila sahkhyã lãgi' dui-hãte angulíte lekhã
ãra àravyera muddati kari' ghare pãthãilã sahasrãdi pürna haile, ahge kãte rekhã"
yathã-artha mülya kari'—calculando o preço adequado; tabe—então; saba—todos; sahkhyã lãgi'—para contagem; dui-hãte—nas duas mãos; angulíte—nos dedos;
ghodã—cavalos; la-ila—pegou; ãra dravyera—do restante; muddati kari'—marcando lekhã— marcando; sahasra-ãdi—mil vezes; pürna haile—terminando; ahge—no corpo;
uma data para o pagamento; ghare pãthãilã—mandou para casa.
kãfe rekhã—faz uma marca.
T R A D U Ç Ã O — " E l e contava com os dedos de ambas as mãos o número de recita-
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , o governo pegou todos os cavalos por um preço justo,
ções, e, após cantar mil vezes, fazia uma marca em seu corpo."
marcou-se uma data para o pagamento do restante da dívida e Gopinãtha
Pattanãyaka foi solto.
VERSO 58
V E R S O 55
ajfif iw«ijí i * » n t a i « t i r a i
ia«rt « ç c i a i ç c * c i a * i
"atíliti fà« «for, i c i itfãrai « r f â i r" <?*« ca ^f*fc5 «rrca ciTcis f ' l i wn i «
ethã prabhu sei manusyere praéna kaila éuni' mahaprabhu ha-ilã parama ãnanda
"vãnínãtha ki kare, yabe bãndhiyã ãnila?" ke bujhite pare gaurera krpã-chanda-bandha?
ethã—nesse ponto; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; sei manusyere—à pessoa éuni'—ouvindo; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; ha-ilã—ficou; parama
que trouxe a mensagem; praéna kaila—perguntou; vãnínãtha ki kare—que Vãninãtha
ãnanda—muito satisfeito; ke bujhite pare—quem pode compreender; gaurera—do
Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu; krpã-chanda-bandha—misericórdia para com Seu
fazia; yabe—quando; bãndhiyã ãnila—foi capturado e levado para lá.
devoto.
"ihãn rahite nãri, yãmu ãlãlanãtha rãjã gopinãthe yadi cãhge cadãila
nãnã upadrava ihãn, nã pãi soyãtha" cãri-bãre loke ãsi' more jãnãilã
ihãn rahite nãri—não posso ficar aqui; yãmu ãlãlanãtha—irei para Ãlãlanãtha; rãjã—o rei; gopinãthe—Gopinãtha; yadi—quando; cãhge—sobre a cãhga; cadãila—
nana—diversas; upadrava—perturbações; ihãn—aqui; nã pãi—não posso obter; ergueu; cãri-bãre—quatro vezes; loke—mensageiros; ãsi'—vindo; more—a Mim;
soyãtha—sossego. jãtiãila—informaram.
T R A D U Ç Ã O — " N ã o agüento mais ficar por aqui", disse o Senhor. "Irei para T R A D U Ç Ã O — " Q u a n d o o rei colocou Gopinãtha Pattanãyaka na cãhga, recebi
Ãlãlanãtha. Esse lugar está cheio de perturbações e não tenho sossego algum." quatro notificações sobre o incidente."
V E R S O 61 V E R S O 64
TRADUÇÃO—"Todos os membros da família de Bhavãnanda Rãya trabalham para T R A D U Ç Ã O — " C o m o sannyãsi pedinte, um mendicante, desejo viver sozinho
o governo, mas aplicam o dinheiro do governo de diversas maneiras." num lugar solitário, mas essa gente vem Me informar sobre a sua infelicidade
só para trazer-Me distúrbios."
V E R S O 62
atwi caT%rrca afã etca F s t à a i SIGNIFICADO—Decerto que a Suprema Personalidade de Deus protegerá o devoto
sttaatca cuca* « t f à ' cate* «rtaiaja i i que, acidentalmente, comete uma atividade pecaminosa. Como o Senhor diz no
Bhagavad-gitã (9.30-31):
Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lila, 9 Verso 68 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 701
700
api cet sudurâcãro kãéi-miéra kahe—Kãáí Miára disse; prabhura—de Srí Caitanya Mahaprabhu; dhariyã
bhajate mãm ananya-bhãk carane—abraçando os pés de lótus; tumi—Tu; kene—por que; ei vãte—com essas
conversas; ksobha kara—ficar agitado; mane—mentalmente.
sãdhur eva sa mantavyah
samyag vyavasito hi sah
T R A D U Ç Ã O — K ã á í Miára agarrou os pés de lótus do Senhor e disse: "Por que
deverias Te agitar com essas coisas?"
ksiprath bhavati dharmãtmõ
éaévac-chãntim nigacchati
kaunteya pratijãnihi V E R S O 68
na me bhaktah pratwéyati aiTT*?t fãaw csws ir|-»iç» jht* ?
"Mesmo que alguém cometa as atividades mais abomináveis, se estiver ocupado TPWIfK «Ttflt' CST*rl «CW, £ T * t wf*i-«r* n 1
em serviço devocional, deve ser considerado como santo, pois está situado na
posição correta. Ele logo se corrige e adquire paz duradoura. Ó filho de Kunti,
sannyãsi virakta tomara kã-sane sambandha?
declara sem subterfúgios que Meu devoto jamais perecerá." Contudo, se um de- vyavahãra lãgi' tomã bhaje, sei jhãna-andha
voto, ou um pseudo-devoto, vive deliberadamente cometendo atividades peca-
sannyãsi—um sannyãsi; virakta—aquele que abandonou todos os laços com todos;
minosas, pensando que Krçna irá protegê-lo, é aí onde ele vai se dar mal. Portanto,
tomara—Teu; kã-sane—com quem; sambandha—relacionamento; vyavahãra lãgi'—com
algum propósito material; tomã bhaje—Te adora; sei—ele; jhãna-andha— não tem
Sri Caitanya Mahaprabhu diz que kãli ke rãkhibe, yadi nã dibe rãja-dhana? — "Hoje,
conhecimento de nada.
Jagannãtha salvou Gopinãtha Pattanãyaka de ser morto pelo rei, mas, se ele
persistir em cometer a mesma ofensa, quem o protegerá?" Por conseguinte, Srí
T R A D U Ç Ã O — " É s um sannyãsi renunciado. Que laços ainda tens? Quem Te adora
Caitanya Mahaprabhu avisa a todos esses tipos de devotos tolos que Jagannãtha
em busca de ganhos materiais não tem conhecimento de n a d a . "
não os protegerá caso persistam em cometer ofensas.
livros religiosos, fazem tudo com o mesmo objetivo, a saber, como um meio de
no gozo de seus próprios sentidos (bhukti mukti siddhi kâmi), algumas desejam
subsistência para manterem suas esposas e filhos. Há toda a possibilidade de que
extrair até a última gota de prazer do mundo material, outras buscam liberar-se elas recitem profissionalmente o Bhãgavatam ou outras escrituras, adorem a
e fundir-se na existência do Brahman, e ainda outras almejam realizar mágica por Deidade no templo e iniciem discípulos. Fazendo um exibicionismo de parafernália
meio de poderes místicos, e, dessa maneira, converter-se em encarnações de Deus. devocional, irão sugar o dinheiro público e aplicá-lo no tratamento da doença de
Tudo Isso vai de encontro aos princípios do serviço devocional. Devemo-nos livrar algum membro familiar ou parente próximo. Às vezes, elas convertem-se em
de todos os desejos materiais. O desejo do impersonalista de fundir-se na exis- bãbãjls, ou saem coletando dinheiro sob o pretexto de adorarem os pobres, a quem
tência do Brahman também é material, pois tal impersonalista também quer sa- chamam de daridra-nãrãyanas, ou investem esse dinheiro na sua ascenção social
tisfazer seus sentidos fundindo-se na existência de Krsna, ao invés de servir aos e política. Assim, armam uma rede de esquemas comerciais para coletar dinheiro
pés de lótus de Krsna. Mesmo que consiga fundir-se na refulgência do Brahman, para o gozo dos sentidos, enganando as pessoas em geral, que nada sabem sobre
semelhante pessoa cai outra vez na existência material. Como afirma o Srimad- serviço devocional puro. Semelhantes enganadores não compreendem que quem
Bhãgavatam (10.2.32): presta serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus pode elevar-se à
posição de servo eterno do Senhor, posição esta superior inclusive à de Brahmã
ãruhya kxcchrena param padam tatah e outros semideuses. Infelizmente, os tolos não têm suficiente massa cinzenta
patanty adho nãdrta-yusmad-ahghrayah para compreender o eterno prazer do serviço devocional.
V E R S O 72 V E R S O 75
CStata tíai-aptl a<fi>TCÍ etatca I caa ' « « « « • ' , ca cetal e c a estai alfa' 1
aca atfà' ata, 'fim' -*«f atfà f c a « a * » «Tttata ça-s:ca aa ceta-cetft' a s« a
tomara carana-krpã hahãche tãhãre sei 'éuddha-bhakta', ye tomã bhaje tomã lãgi'
chatre mãgi' khãya, 'visaya' sparéa nãhi kare ãpanãra sukha-duhkhe haya bhoga-bhogi'
tomara carana—de Teus pés de lótus; krpã—a misericórdia; hahãche—foi; tãhãre— sei—ele; éuddha-bhakta—um devoto puro; ye—que; tomã bhaje—Te adora; tomã
para com ele; chatre—dos centros de distribuição de alimento; mãgi'—esmolando; lãgi'—para a Tua satisfação; ãpanãra sukha-duhkhe— para felicidade e sofrimento
khãya—ele come; visaya—dinheiro; sparéa nãhi kare—não toca em. pessoais; haya—é; bhoga-bhogi— aquele que deseja desfrutar deste mundo material.
T R A D U Ç Ã O — " E n t r e t a n t o , c o m o havia recebido a misericórdia de Teus pés de T R A D U Ç Ã O — " G o p i n ã t h a Pattanãyaka é um devoto puro que Te adora com o
lótus, ele nem sequer aceitou o dinheiro de seu pai. Ao invés disso, comia as único propósito de Te ver satisfeito. Ele não está interessado em sua felicidade
esmolas que recebia dos centros de distribuição de alimento." ou sofrimento pessoais, pois reserva-se isto aos materialistas."
V E R S O 73
V E R S O 76
atatacara « r a cat%rta-aat»ra i
catai f c a c e taaa-ataji,eta asai m i « i cetata w s « - n i arca, «cw « w i
«fèat». faca ttea cetata aaa i «
rãmãnandera bhãi gopinãtha-mahãéaya
tomã haite visaya-vãhchã, tara icchã naya tomara anukampã cãhe, bhaje anuksana
rãmãnandera—de Rãmãnanda; bhãi—irmão; gopinãtha—Gopinãtha Pattanãyaka; acirãt mile tãhre tomara carana
mahãéaya—um ilustre cavalheiro; tomã haite—de Ti; visaya-vãhchã—desejo de pro- tomara—Tua; anukampã—misericórdia; cãhe—deseja; bhaje anuksana—ocupa-se em
veito material; tara icchã—seu desejo; naya—não é. serviço devocional vinte e quatro horas por dia; acirãt—muito em breve; mile—
encontram; fãrire—a ele; tomara carana—Teus pés de lótus.
T R A D U Ç Ã O — " G o p i n ã t h a Pattanãyaka é um cavalheiro educado. Ele não deseja
obter benefícios materiais de T i . " T R A D U Ç Ã O — " Q u e m , vinte e quatro horas por dia, ocupa-se em Teu serviço
devocional, desejando apenas a Tua misericórdia, muito em breve alcançará o
V E R S O 74 abrigo de Teus pés de lótus."
iW1 <çfã afã' aa, c*ca afca «mamata ? ««tapeara inas «taça fraca i
ca catai ai « T c a faaffa tps a sv- a
v
a« fà« aca c*a S»»»carcjca a w-i a
pratãparudrera eka ãchaye niyame
ethã tumi iwsf raha, kene yãbe ãlãlanãtha?
yata dina rahe tenha éri-purusottame
keha tomã nã éunãbe visayira x<ãt
pratãparudrera—do rei Pratãparudra; eka—um; ãchaye—é; niyame—um dever
ethã—aqui; tumi—Tu; iwsi'—residindo; mha—por favor, fica; kene— por que; í/ãhe— regular; yata dina—enquanto; rahe— permanecia; tenha—ele; éri-purusottame—em
irás; ãlãlanãtha—para Ãlãlanãtha; keha tomã nã éunãbe— ninguém Te informará; Jagannãtha Puri.
visayira vãt—sobre os assuntos de pessoas materialistas.
T R A D U Ç Ã O — " P o r favor, fica aqui em Jagannãtha Puri. Por que razão deverias TRADUÇÃO—Durante toda a sua permanência em Puru$ottama, sua capital, o rei
Pratãparudra realizava um dever regular.
ir para Ãlãlanãtha? De agora em diante, não se permitirá que ninguém desejoso
de resolver assuntos materiais se aproxime de T i . "
VERSO 82
V E R S O 79 fàsi? «rtfà' aca fàcasa ar» aataa i
afã ai catara «tca atfàcs aa aa i waata-ca^ra asca fèai» oaaa a n, a
«alfàr ca atfãa. caà asfãca awa a" as a
nitya ãsi' kare miérera pada sarhvãhana
yadi vã tomara tare rãkhite haya mana
jagannãtha-sevãra kare bhiyãna éravana
ãji ye rãkhilã, sei karibe raksana"
nitya ãsi'—vindo diariamente; kare—realiza; miérera—de Kãái Misra; pada—os pés;
yadi vã—se de alguma forma; tomara—Tua; fãre—a ele; rãkhite— proteger; haya—é; samvãhana—massagem; jagannãtha-sevãra—do serviço ao Senhor Jagannãtha; kare—
mana—mente; ãji—hoje; ye— aquele que; rákhila—protegeu; sei—Ele; karibe raksana— faz; bhiyãna—arranjos; éravana—ouvindo.
dará proteção.
TRADUÇÃO—Ele vinha diariamente à casa de Kãáí Miára para massagear-lhe os
T R A D U Ç Ã O — P o r fim, Kãáí Miára disse ao Senhor: "Se desejas dar proteção a
pés de lótus. O rei também ficava ouvindo à medida que ele descrevia a opu-
Gopinãtha, então o Senhor Jagannãtha, que o protegeu hoje, também protegê-lo-á lência do serviço ao Senhor Jagannãtha.
no futuro."
Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 Verso 88 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka
708 709
V E R S O 83 V E R S O 86
rã/ã miérera carana yabe capite lãgilã "gopinãtha-pa((anãyake yabe cãhge cadãila
tabe miéra tãnre kichu bhangite kahilã tara sevaka saba ãsi' prabhure kahilã
rãjã—o rei; miérera—áe Kãáí Miára; carana—os pés de lótus; yabe—quando; capite gopinãtha-pattanãyake—Gopinãtha Pattanãyaka; yabe—quando; cãhge—sobre a
cãhga; cadãila—eles colocaram; tara sevaka—seus servos; saba—todos; ãsi'—vindo;
lãgilã—começou a comprimir; tabe—nessa oportunidade; miéra—Kãáí Miára; tãhre—
prabhure kahilã—informaram a éri Caitanya Mahaprabhu.
a ele; kichu—algo; bhangite— mediante uma insinuação; kahilã— informou.
TRADUÇÃO—Quando o rei começou a comprimir-lhe os pés de lótus, Kãáí Miára TRADUÇÃO—"Quando Gopinãtha Pattanãyaka foi colocado sobre a cãhga", disse
ele, "todos os seus servos foram informar a ári Caitanya Mahaprabhu."
lançou no ar algumas insinuações.
V E R S O 84 V E R S O 87
"deva, éuna ãra eka aparúpa vãt! éuniyã ksobhita haila mahãprabhura mana
mahaprabhu ksetra chãdi' yãbena ãlãlanãtha!" krodhe gopinãthe kailã bahuta bhartsana
éuniyã—ouvindo; ksobhita haila—abalou-se; mahãprabhura mana—a mente de Sri
deva—meu querido rei; suna—ouve; ãra—outra; eka—uma; aparúpa—incomum;
Caitanya Mahaprabhu; krodhe— irado; gopinãthe—a Gopinãtha Pattanãyaka; kailã—
vãt—notícia; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; ksetra chãdi'—deixando Jagan-
tez; bahuta bhartsana—muito castigo.
nãtha Puri; yãbena—irá; ãlãlanãtha—para Ãlãlanãtha.
TRADUÇÃO—"Meu querido rei", disse ele, "por favor, ouve uma notícia incomum. TRADUÇÃO—"Ao ouvir isto, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou com o coração muito
magoado, e, irado, Ele castigou Gopinãtha Pattanãyaka."
á r i Caitanya Mahaprabhu quer deixar Jagannãtha Puri e ir para Ãlãlanãtha."
V E R S O 88
V E R S O 85
TRADUÇÃO-Ao ficar sabendo que ári Caitanya Mahaprabhu estava indo para T R A D U Ç Ã O - " ' P o r q u e vive louco em busca de gozo dos sentidos', disse o
penhor, 'ele age como um servo do governo mas a renda do governo gasta-a em
Ãlãlanãtha, o rei ficou muito triste e indagou qual o motivo. Então, Kaái Miára
diversas atividades pecaminosas.'"
fê-lo ciente de todos os pormenores.
710 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 9
Verso 94 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 711
VERSO 89
V E R S O 92
VERSO 90
V E R S O 93
T R A D U Ç Ã O — ' " O rei quis que se lhe pagassem a dívida e não quis impor
TRADUÇÃO—Ao ouvir todos esses pormenores, o rei Pratãparudra sentiu imensa
nenhuma punição. Por isso, decerto o rei é muito religioso. M a s Gopinãtha
dor em sua mente. "Esquecerei toda a dívida de Gopinãtha Pattanãyaka", disse
Pattanãyaka é um grande embusteiro.'" ele, "se, com isso, ári Caitanya Mahaprabhu ficar aqui em Jagannãtha P u r i . "
Verso 100 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka
éri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 713
712
V E R S O 98
V E R S O 95
I M TO,-"«rei « t r a ? : i i r f ã fiei i
« « i a f ã fitei inra i
5TCW 6 S 1 , 1 C ? 1 « t u , - V f f l «1 W f f T O I B V I
c^tfrffciiTifa-wt* * n «ra n i i
rãjã kahe, — "fãre ãmi duhkha nãhi diye
eka-ksana prabhura yadi pãiye daraéana
cãhge cadã, khadge dãrã,—ãmi nã jãniye
koti-cintãmani-lãbha nahe tara sama
rãjã kahe—o rei replicou; tare—a ele; ãmi—eu; duhkha—infelicidade; nãhi diye—
eka-ksana—por um momento; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; yadi—se;
não tenho desejo algum de causar; cãhge cadã—a elevação à cãhga; khadge— sobre
pãiye—eu conseguisse; daraéana—uma audiência; koti-cintãmani-lãbha—obter milhões
as espadas; dãrã—o lançamento; ãmi— eu; nã jãniye—não sabia.
de pedras cintãmani; nahe—não é; fára sama—igual a isso.
TRADUÇÃO—O rei replicou: "Não tenho desejo algum de causar dor a Gopinãtha
T R A D U Ç Ã O — " S e , por mínima que seja, eu conseguisse uma audiência com o
Pattanãyaka e à sua família, nem estava sabendo que ele tinha sido colocado
Senhor á r i Caitanya Mahaprabhu, não ligaria ao lucro de milhões de pedras na cãhga para ser atirado sobre as espadas e, então, morrer."
cintãmani."
V E R S O 99
V E R S O 96
•jpuiivi i M i i c a i c*m tfmtn i
P f t * l l t l 1Wt«f (A ? í « n * «fHH T
cnk « r e i c i i t i n f i m arti i * » i
« t i r a r a n TO*1 affjwcw o" >* i
purusottama-jãnãre tenha kaila parihãsa
fon chãra padãrtha ei dui-laksa kahana?
sei 'jãnã' tare dekhãilã mithyã trãsa
prãna-rãjya karon prabhu-pade nirmanchana"
purusottama-jãnãre—a Purusottama Jãnã, o príncipe; ferina—ele; kaila parihãsa—fez
kon—que; chãra—pequeno; padãrtha—assunto; eí—este; dui-laksa kahana—200.000 uma troça; sei jãnã—esse príncipe; fãre—a ele; dekhãilã—mostrou; mithyã—falso;
kãhanas; prãna—vida; rãjya—reino; karon—faço; prabhu-pade— aos pés de lótus de trãsa—susto.
Sri Caitanya Mahaprabhu; nirmanchana—sacrificando.
T R A D U Ç Ã O — " E l e zombou de Purusottama Jãnã. Por isso, como punição, o prín-
T R A D U Ç Ã O — " N ã o me importo com esta pequena quantia de 200.000 kãhanas.
cipe tentou dar-lhe um susto."
Se, na verdade, eu sacrificaria tudo aos pés de lótus do Senhor, incluindo minha
vida e meu reino, por que, então, não renunciaria a isto?"
V E R S O 100
VERSO 97
ffà iti, «TO i t n n « f V |
fiar TO, "cVtf? « t f ^ u , - m «rfB ni «fjt « r a t e i i t H " j ti cVif% n" «
«rai 5:1 *tti>—«A »n i t i m » " *i • fumi yãha, prabhure rãkhaha yatna kari'
ei mui tãhãre chãdinu saba kaudi"
miém kahe, "kaudi chãdibã,—nahe prabhura mana
tumi—tu; yãha—vai; prabhure—Sú Caitanya Mahaprabhu; rãkhaha—mantém;
tãrã duhkha pãya,—eí nã yãya sahana"
yatna kari'—com muita atenção; ei mui—quanto a mim; tãhãre—a ele; chãdinu—eu
miéra kahe—Kãáí Miára disse; kaudi chãdibã—abandonares o dinheiro; nahe— não
abandono; saba kaudi—todas as dívidas.
é; prabhura mana—o desejo de Sri Caitanya Mahaprabhu; tãrã—eles; duhkha pãya—
obtêm infelicidade; ei—isto; nã yãya sahana—é intolerável.
T R A D U Ç Ã O — " V a i pessoalmente até Sri Caitanya Mahaprabhu e, com toda a
atenção, procura mantê-lO aqui em Jagannãtha Puri. Eximirei Gopinãtha Pat-
TRADUÇÃO—Kãáí Miára sugeriu ao rei: "Não é desejo do Senhor que dispenses
tanãyaka de todas as suas dívidas."
o pagamento. Ele só está infeliz porque toda a família está em apuros."
Antya-lilã, 9 Verso 106 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka
714 án Caitanya-caritãmrta
V E R S O 104
V E R S O 101
fia TO, "cVtfi «nfèai,—TO «ffa «ca i <ÍS afã' facat aaifà' atai aca caai i
càtf? «rffroí <*«jaratfàt. spa arca n"io i car%<tca 'as «tara' <stfà>ai wifiai n >«8 •
eta bali' miére namaskari' rãjã ghare gelã
miéra kahe, "kaudi chãdibã,—nahe prabhura mane
gopinãthe 'bada jãnãya' dãkiyã ãnilã
kaudi chãdite prabhu kadãcit duhkha mane"
eta bali'—dizendo isso; miére namaskari'—após prestar reverências a Kãáí Miára;
miéra kahe—Kãái Miára disse; kaudi chãdibã—perdoarás todas as dívidas; nahe—
rãjã—o rei; ghare gelã—voltou a seu palácio; gopinãthe—Gopinãtha Pattanãyaka;
não é; prabhura mane—o pensamento de Sri Caitanya Mahaprabhu; kaudi chãdite—se
bada jãnãya—o príncipe mais velho; dãkiyã ãnilã—convocou.
perdoares todas as dívidas; prabhu—Srí Caitanya Mahaprabhu; kadãcit—decerto;
duhkha mane— ficará sentido.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s prestar reverências a Kãái Miára, o rei voltou a seu palácio
e convocou tanto Gopinãtha quanto o príncipe mais velho.
TRADUÇÃO—Kãáí Miára disse: "Eximir Gopinãtha Pattanãyaka de todas as suas
dívidas não fará o Senhor feliz, pois não é isto o que Ele q u e r . "
V E R S O 105
V E R S O 102 arai TO,-"aa ca>Yf? ceratca atf軣 i
atwt TO, "cítff tifaj-iUrt ai «afiai i caa aiaarrirl aes *ttfe cetatca <s' fài£ iwi
a r o cata fita «f ai,-aai «rtaraai i i rãjã kahe, — "saba kaudi tomãre chãdiluh
sei mãlajãthyã danda pata tomãre ta' diluh
rãjã kahe, "kaudi chãdimu,—ihã nã kahibã
rãjã kahe—o rei disse; saba—todo; kaudi—dinheiro; tomãre—a ti; chãdiluh—perdôo;
sahaje mora priya tã'râ,—ihã jãnãibã sei mãlajãthyã danda pata—a região chamada Mãlajãthyã Dandapãta; tomãre—a ti;
rãjã kahe—o rei disse; kaudi chãdimu—perdoarei todas as dívidas; ihã—isso; nã ta'—decerto; diluh—dou.
kahibã—não reveles; sahaje— por natureza; mora priya—meus queridos amigos;
fã'rã—eles; ihã—isto; jãnãibã—que Ele saiba.
TRADUÇÃO—O rei disse a Gopinãtha Pattanãyaka: "Estás isento de todo o di-
nheiro que deves ao tesouro, e estás novamente encarregado de coletar os
T R A D U Ç Ã O — O rei disse: "Absolverei Gopinãtha Pattanãyaka de todas as suas
impostos da região conhecida como Mãlajãthyã Dandapãta."
dívidas, mas não reveles isto ao Senhor. Simplesmente, torna-O ciente de que,
por natureza, todos os membros familiares de Bhavãnanda Rãya e Gopinãtha
V E R S O 106
Pattanãyaka são meus queridos amigos."
«ara ata Jfca ai atas aiaraa i
V E R S O 103
«atfw cace fà«í errata fà««i asa u"*»* i
«5ata«a-ara-«atara ^-afaaj i
eta *taac«i «atira aacwa: <Srs pf i ãra bãra aiche nã khãiha rãja-dhana
ãji haite diluh tomãya dviguna vartana"
bhavananda-rãya—ãmãra püjya-garvita
ãra bãra—outra vez; aiche—como esta; nã khãiha—não desvies; rãja-dhana—renda
tãnra putra-gane ãmãra sahajei prita"
do governo; ãji haite—de hoje em diante; diluh—concedo; tomãya—a ti; dvi-guna
bhavãnanda rãya—Bhavãnanda Rãya; ãmãra—por mim; püjya—digno de adoração; vartana—o dobro do salário.
garvita—e de respeitos; tãhra—seus; putra-gane—aos filhos; ãmãra—minha; sahajei—
natural; prita—afeição.
T R A D U Ç Ã O — " N ã o voltes a desviar a verba do governo. Caso aches teu salário
TRADUÇÃO—"Bhavãnanda Rãya é digno de minha adoração e respeito. Por isso,
insuficiente, a partir de agora ele será duplicado."
tenho sempre afeição natural por seus filhos."
716 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 Verso 112 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 717
V E R S O 107 V E R S O 110
eta bali' 'neta-dhatT' tare parãilã fajrtãri cãhge cadãhã laya dhana-prãna!
"prabhu-ãjnã lanã yãha, vidãya tomã dila" kãhãh saba chãdi' sei rãjyãdi-pradãna!
eta bali'—dizendo isso; neta-dhafi— manto de seda; tare parãilã—colocou nele; kãhãh—por um lado; cãhge—sobre a cãhga; cadãhã—elevando; laya— tira; dhana—
prabhu-ãjriã lahã—após pedir permissão a Sri Caitanya Mahaprabhu; yãha—vai; riqueza; prãna—vida; kãhãh—por outro lado; saba—tudo; chãdi'—perdoando; sei—
vidãya—até logo; tomã—a ti; dila—dou. ele; rãjya-ãdi-pradãna—concedendo o mesmo posto governamental e assim por
diante.
TRADUÇÃO—Após dizer isso, o rei designou-o, oferecendo-lhe um manto de
seda para ele colocar sobre o corpo. "Vai até ári Caitanya Mahaprabhu", disse TRADUÇÃO—Gopinãtha Pattanãyaka foi colocado sobre a cãhga para ser morto,
ele. "Após pedir permissão a Ele, vai para a tua casa. Despeço-me de ti. Agora e todo o seu dinheiro foi confiscado, mas, no final, suas dívidas foram dispen-
podes i r . " sadas, e ele foi designado para cobrar impostos na mesma região.
V E R S O 108
VERSO 115
SIGNIFICADO—Ao ouvir os pormenores da desventurada condenação de Gopi-
5 nãtha Pattanãyaka, o rei foi induzido a perdoar-lhe a dívida, em especial porque
ca asfàce tf ca c f c a a »ap*»t awta ? sentia que Sri Caitanya Mahaprabhu estava muito magoado com este incidente.
aan-faa «rtfà ata ai «tia « « « r a n * O Senhor não gostou da idéia de que o dinheiro do qual Gopinãtha Pattanãyaka
foi
ke kahite pare gaurera ãécarya svabhãva? isento era uma contribuição indireta para Ele. Por isso, Ele imediatamente
brahmã-éiva ãdi yãhra nã pãya antarbhãva protestou.
720 Sn Caitanya-caritámrta Antya-líla, 9 Verso 122 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 721
V E R S O 123 V E R S O 126
gopinãtha ei-mata 'visaya' kariyã tãhhã lãgi' dravya chãdi'—ihã mãt jãne
dui-cãri-laksa kahana rahe ta' khãhã 'sahajei mora priti haya tãhã-sane'"
gopinãtha—Gopinãtha; ei-mata—dessa maneira; visaya kariyã— fazendo negócios; tãhhã lãgi'—por eles; dravya chãdi'—isentei a dívida; ihã—isto; mãf jãne—Ele não
dui-cãri-laksa kahana—duzentas a quatrocentas mil kãhanas; rahe ta' khãhã—gasta sabe; sahajei—por natureza; mora priti—minha afeição; haya—é; tãhã-sane—para com
como melhor lhe convém. todos eles.
T R A D U Ç Ã O — ' " T e n d o sido indicado como coletor, Gopinãtha, da mesma manei- T R A D U Ç Ã O — ' " G r a ç a s ao meu relacionamento íntimo com eles, absolvi Gopi-
ra, também em geral gasta de duzentas a quatrocentas mil kãhanas como melhor nãtha Pattanãyaka de todas as suas dívidas. Sri Caitanya Mahaprabhu não está
lhe c o n v é m . " ' sabendo desse fato. Tudo o que fiz deve-se ao meu relacionamento íntimo com
a família de Bhavãnanda R ã y a . ' "
V E R S O 124
V E R S O 127
5
f à f era» fã ! ii ci> H i f à fàsta i
*«rrif^f«Fs «nSrcsj3:1tiit* (t^Nti ii II
«•jfiit irarra r i u <a«gi «rrara i
CWTOT «fitai «11 i r a «irara 11 *v, n
kichu deya, kichu nã deya, nã kari vicãra
'jãnã'-sahita apritye duhkha pãila ei-bãra éuniyã rãjãra vinaya prabhura ãnanda
kichu—algumas; deya—ele paga; kichu—outras; nã deya—não paga; nã kari vicãra— hena-kãle ãilã tathã rãya bhavãnanda
não levo em consideração; jãnã sahita—com o príncipe; apritye—devido a alguma éuniyã— ouvindo; rãjãra—do rei; vinaya—confissão; prabhura ãnanda—Sri Caitanya
animosidade; duhkha pãila—obteve tanta dificuldade; ei-bãra—dessa vez. Mahaprabhu ficou muito feliz; hena-kãle—nessa altura; ãilã—chegou; tathã—ali;
rãya bhavãnanda—Bhavãnanda Rãya.
T R A D U Ç Ã O — " ' G o p i n ã t h a Pattanãyaka arrecadava algumas e pagava um pouco,
gastando isso a seu bel-prazer, mas eu não levava isso muito a sério. Contudo, T R A D U Ç Ã O — T e n d o ouvido de Kãái Miára todas essas declarações atinentes à
dessa vez ele entrou em apuros devido a um desentendimento com o príncipe."' mentalidade do rei, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou muito feliz. Nessa altura,
Bhavãnanda Rãya também chegou ali.
V E R S O 125
V E R S O 128
trprl' t ü fcwl,—!*H l 3 | 1tf«S Wttfl l 1 * * i » r a r a . t f 5 wtfi' tf%5Ti 6?CT 1
«Bitiwt *ta.-ici «iram ircii u II ®frt<fp1 «fçinra ci*n «Hrfàwci n n
'jãnã' eta kailã,—ihã mui nãhi jãnon pahca-putra-sahite ãsi' padilã carane
bhavãnandera putra-sabe ãtma-sama mãnoh uthãhã prabhu tãhre kailã ãlingane
jãnã—o príncipe; eta—isso; kailã—fez; ihã—isto; mui—eu; nãhi jãnon—não sabia; pahca-putra-sahite—com cinco filhos; ãsi'—vindo; padilã carane—caiu aos pés de
bhavãnandera putra—os filhos de Bhavãnanda Rãya; sabe—todos; ãtma-sama mãnoh— lótus de Sri Caitanya Mahaprabhu; uthãhã—levantando-o; prabhu—Sri Caitanya
considerei como meus parentes. Mahaprabhu; fãrire—a ele; kailã ãlingane—abraçou.
T R A D U Ç Ã O — " 'O príncipe criou esta situação sem o meu conhecimento, mas na TRADUÇÃO—Juntamente com seus cinco filhos, Bhavãnanda Rãya caiu aos pés
verdade considero todos os filhos de Bhavãnanda Rãya como meus parentes.'" de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu, que o ergueu e abraçou-o.
Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 Verso 134 A liberação de Gopinãtha Pattanãyaka 725
724
V E R S O 129 V E R S O 132
4
TRADUÇÃO—Dessa maneira, Rãmãnanda Rãya, todos os seus irmãos e o pai TRADUÇÃO—Gopinãtha Pattanãyaka, com a cabeça coberta com o manto de seda,
deles encontraram-se com Srí Caitanya Mahaprabhu. Então, Bhavãnanda Raya caiu aos pés de lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu e descreveu em minúcias a
misericórdia do rei para com ele.
começou a falar.
V E R S O 130 V E R S O 133
"tomara kihkara ei saba mora kula "bãki-kaudi bãda, ãra dviguna vartana kailã
e vipade rãkhi' prabhu, punah nilã mula punah 'visaya' diyã 'neta-dhalT parãilã
tomara kinkara—Teus servos; ei saba—todos esses; mora kula—minha família; e bãkirkaudi bãda—perdoando o saldo devedor; ãra—e; dvi-guna—dobro; vartana
kailã—fez o salário; punah—de novo; visaya diyã—dando o posto; neta-dhatl-parãilã—
vipade—nesse grande perigo; rãkhi'—salvando; prabhu—meu Senhor; punah—nova-
decorou com o manto de seda.
mente; nilã mula—compraste.
T R A D U Ç Ã O — " T o d o s esses membros da minha família", disse ele, "são Teus T R A D U Ç Ã O — " O rei perdoou-me do saldo devedor", disse ele. "Ele designou-me
servos eternos. Salvaste-nos desse grande perigo. Portanto, compraste-nos pelo novamente para o meu antigo posto, honrando-me com este manto de seda, e
duplicou o meu salário."
devido p r e ç o . "
V E R S O 131 V E R S O 134
T R A D U Ç Ã O — " A g o r a demonstraste Teu amor por Teus devotos, assim como, no T R A D U Ç Ã O — " F u i erguido sobre a cãhga para ser morto, mas, pelo contrário, fui
passado, salvaste os cinco Pãndavas de um grande perigo." honrado com este manto de seda. Tudo isto é misericórdia T u a . "
726 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-líla, 9 Verso 139 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka 727
VERSO 1 3 5 SIGNIFICADO—O simples fato de meditarmos nos pés de lótus de Srí Caitanya
Mahaprabhu pode-nos outorgar a perfeição máxima da vida. Em geral, as pessoas
IFtOTI « 1 C 1 O S t l t l SV\ « 0 t 1 0**3^ I estão preocupadas com os quatro princípios religiosos, a saber, religião, opulência
material, gozo dos sentidos e liberação. Contudo, como revela o Srimad-Bhãgavatam
çi«t-TRii-<2f»5tci aal ü t l * t t * » f II v«* ti (dharmah projjhita-kaitavo 'trã), o sucesso logrado nessas quatro classes de con-
cãhgera upare tomara carana dhyãna kailuh quistas materiais e espirituais não representa os verdadeiros resultados do serviço
carana-smarana-prabhãve ei phala pãiluh devocional. O verdadeiro resultado do serviço devocional é, em todas as circuns-
cãhgera upare—sobre a cãhga; tomara carana—em Teus pés de lótus; dhyãna kailuh— tâncias, desenvolvermos realmente nosso ainda adormecido amor por Krçna. Pela
meditei; carana-smarana-prabhãve—pelo poder de lembrar Teus pés de lótus; ei misericórdia de Sri Caitanya Mahaprabhu, Gopinãtha Pattanãyaka pôde compreen-
phala—esses resultados; pãiluh—recebi. der que os benefícios materiais que alcançara não eram o resultado final de se
meditar em Seus pés de lótus. O verdadeiro resultado vem quando desapegamo-
TRADUÇÃO—"Sobre a cãhga, comecei a meditar em Teus pés de lótus, e o poder nos das opulências materiais. Portanto, Gopinãtha Pattanãyaka orou ao Senhor
para que pudesse ter esse desapego.
dessa lembrança produziu todos esses resultados."
V E R S O 136 V E R S O 138
TRADUÇÃO—"Tomadas de admiração por tudo o que se passou comigo, as pessoas T R A D U Ç Ã O — " T u a verdadeira misericórdia foi outorgada a Rãmãnanda Rãya e
estão glorificando a grandeza da Tua misericórdia." Vãninãtha Rãya, pois tornaste-os desapegados de toda a opulência material. Acho
que não fui favorecido com essa misericórdia."
V E R S O 137
V E R S O 139
r>« o s t i t a «sacia í c a 'iinwf i
«M sptl i«i, c-tftitfaj, asta 'fim' i
' a w r m t i ' a f o - a t e s 'fim' 5*?9i II s«fl n
fàfiii a**, cites 'fim' 11 ia 11" «
kintu tomara smaranera nahe ei 'mukhya-phala' éuddha krpã kara, gosãni, ghucãha 'visaya'
'phalãbhãsa' ei,—yãte 'visaya' cahcala nirvinna ha-inu, mote 'visaya' nã haya"
kintu—mas; tomara—Tua; smaranera—da lembrança; nahe—não; ri—este; mukhya- éuddha krpã—misericórdia pura; kara—por favor, concede; gosãni—meu Senhor;
phala—resultado principal; phala-ãbhãsa—um vislumbre do resultado; ei—isto; yãte— ghucãha visaya—deixa-me ficar livre de todas essas opulências materiais; nirvinna—
porque; visaya—opulência material; cahcala—inconstante. desapegado; ha-inu—tornei-me; mote visaya nã haya—)á não me interesso em opu-
lências materiais.
TRADUÇÃO—"Entretanto, meu Senhor, não são estes os resultados principais de T R A D U Ç Ã O — " P o r favor, concede-me Tua misericórdia pura, de modo que eu
meditar em Teus pés de lótus. A opulência material é muito inconstante. Sendo também possa me tornar um renunciado. Não mais estou interessado em gozo
assim, ela é um mero vislumbre do resultado de Tua misericórdia." material."
728 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 Verso 1 4 4 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka
VERSO 1 4 0 VERSO 1 4 2
asad-vyaya nã kariha,—yãte dui-loka yãya" TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu abraçou-os a todos e despediu-Se deles.
Então, todos os devotos levantaram-se e saíram, cantando bem alto o santo nome
eta bali' sabãkãre dilena vidãya
de Hari.
asat-vyaya nã kariha—não gasteis e m atividades pecaminosas; yãte—por causa
das quais; dui-loka yãya—perdemos esta vida e a próxima; eta bali'—dizendo isso; V E R S O 147
sabãkãre—a todos eles; dilena vidãya—disse adeus.
«rça 3 * M e f i ' I I Í S cm e i e ^ t a 1
T R A D U Ç Ã O — " N ã o gasteis um vintém em atividades pecaminosas por causa das «tatal ajãics «íca a i « a ajiata II *8i u
quais saireis perdendo tanto nesta vida quanto na próxima." Após dizer isso,
ári Caitanya Mahaprabhu despediu-Se deles. prabhura krpã dekhi' sabãra haila camatkãra
tãhãra bujhite nãre prabhura vyavahãra
VERSO 145 prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; krpã—misericórdia; dekhi'—vendo; sabãra
haila camatkãra—todos ficaram tomados de admiração; tãhãra—eles; bujhite nãre—
atcaa íca « t « a '$ «íi-fàié' ^Tm i não conseguiram entender; prabhura vyavahãra—o comportamento de Sri Caitanya
Mahaprabhu.
^ate.Tso"-'®*! i t c « ir«« cm II i8« II
rãyera ghare prabhura 'krpã-vivarta' kahilã TRADUÇÃO—Ao verem a misericórdia extraordinária que o Senhor concedeu à
bhakta-vãtsalya-guna yãte vyakta haila família de Bhavãnanda Rãya, todos ficaram tomados de admiração. Eles não con-
rãyera—de Bhavãnanda Rãya; ghare—no lar; prabhura—de Sri Caitanya Maha- seguiam entender o comportamento de á r i Caitanya Mahaprabhu.
prabhu; krpã-vivarta—misericórdia parecendo c o m outra coisa; kahilã—falou-se;
bhakta-vãtsalya-guna—a qualidade de ser muito afetuoso com os devotos; yãte—na VERSO 148
qual; vyakta haila—foi revelada.
«tal íca afà ?»fi a-fàcs itfà*r i
TRADUÇÃO—Dessa maneira, a família de Bhavãnanda Rãya comentou sobre a ' i t i f tec« fàsR a w - e t ç «ca isfàai 11 n
misericórdia de ári Caitanya Mahaprabhu. Essa misericórdia foi claramente
demonstrada, embora parecesse ser algo diferente. tãrã sabe yadi krpã karite sãdhila
'ãmã' haite kichu nahe—prabhu tabe kahilã
S I G N I F I C A D O — O avanço em conhecimento espiritual não visa às melhorias ma- tãrã—eles; sabe—todos; yadi—quando; krpã karite—-para mostrar misericórdia;
teriais, mas Sri Caitanya Mahaprabhu aconselhou Gopinãtha Pattanãyaka a como sãdhila—pediram; ãmã haite kichu nahe—não posso fazer nada; prabhu—o Senhor
utilizar a opulência material sem incorrer em reações à vida pecaminosa. Através Caitanya; tabe—então; kahilã—redargüiu.
desse conselho, ficava-se c o m a impressão de que o Senhor estimulou Gopinãtha
Pattanãyaka a incrementai sua condição material. Entretanto, não foi isto o que TRADUÇÃO—De fato, quando todos os devotos pediram que o Senhor outorgasse
o S e n h o r fez. De fato, isto foi uma simples manifestação de Sua grande afeição Sua misericórdia a Gopinãtha Pattanãyaka, o Senhor redargüira que nada podia
para com S e u devoto. fazer.
V E R S O 146
SIGNIFICADO—A pessoa pecaminosa perde tanto a oportunidade de avanço es-
JRT9 itfiifwal * f ç fàita aca fw«*i11 piritual quanto a possibilidade de opulência material. Q u e m desfruta do mundo
sfãaafã asfà' n « « « « f ê ' CPTI II n material em busca de gozo dos sentidos é com certeza um condenado. O avanço
em opulência material não é misericórdia direta da Suprema Personalidade de
sabãya ãlihgiyã prabhu vidãya yabe dilã Deus; não obstante, denota a misericórdia indireta do Senhor, pois mesmo uma
hari-dhvani kari' saba bhakta uthi' gelã pessoa muito apegada à prosperidade material pode gradualmente tornar-se de-
sabãya—todos eles; ãlihgiyã—abraçando; prabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; sapegada e elevar-se à plataforma espiritual. Então, ela poderá oferecer serviço
vidãya—adeus; yabe dilã—quando Ele deu; hari-dhvani kari'—cantando o santo nome ^condicional e purificado ao S e n h o r . A o dizer que ãmã haite kichu nahe ( " N ã o
de Hari; saba bhakta—todos os devotos; uthi'—levantando-se; gelã—partiram. Me compete fazer n a d a " ) , Sri Caitanya Mahaprabhu estabeleceu o exemplo ideal
732 Sn Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 9 Verso 153 A liberação de Gopínatha Pattanãyaka 733
a ser dado por quem está na ordem renunciada. Se um sannyãsi defende os inte- caitanya-caritra—comportamento do Senhor Caitanya; ri—isto; parama gambhira—
resses de um visayi, uma pessoa ocupada em atividades materiais, seu caráter muito grave; sei bujhe—compreende; tãhra pade—aos Seus pés de lótus; yãhra—cuja;
será criticado. A pessoa na ordem renunciada não deve interessar-se em atividades mana—mente; dhira—sóbria.
materiais, mas se, por afeição a alguém em particular, ela assim o faz, deve-se
considerar isto como sendo sua misericórdia especial. TRADUÇÃO—As intenções de Srí Caitanya Mahaprabhu são tão profundas que
só pode compreendê-las quem tem fé plena no serviço aos pés de lótus do Senhor.
VERSO 149
VERSO 152
c a r ô l a t c a a raati, « a t a i W a - f a c a a i
«tata a#»r—«Ttea » i a j a c a cm i is* i caa. I t i « c a «Pj>a ar*aso-ai*t»t i
c«a«f%* »tta, <$ra f i t a ata ata 11 >«, 11
gopinãthera nindã, ãra ãpana-nirveda
ei-mãtra kahilã—ihãra nã bujhibe bheda yei ihãn éune prabhura vãtsalya-prakãéa
gopinãthera nindã—o castigo de Gopinãtha Pattanãyaka; ãra—e; ãpana-nirveda— prema-bhakti pãya, tãhra vipada yãya nãéa
Sua impassibilidade; ei—isto; mãtra—simplesmente; kahilã—acabo de descrever; yei—aquele que; ihãn—isto; éune—ouve; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu;
ihãra—disso; nã bujhibe bheda—ninguém pode compreender a profundidade do vãtsalya-prakãéa—manifestação da afeição especial; prema-bhakti—serviço devocional
significado. amoroso; pãya—alcança; tãhra—sua; vipada—condição de vida perigosa; yãya nãéa—
é destruída.
TRADUÇÃO—Acabo simplesmente de descrever o castigo de Gopinãtha Patta-
nãyaka e a impassibilidade de Srí Caitanya Mahaprabhu. Porém, o significado TRADUÇÃO—Quer compreenda-o ou não, quem ouve este incidente a respeito
profundo desse comportamento é muito difícil de compreender. das atividades de Gopinãtha Pattanãyaka e da misericórdia imotivada que o
Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu lhe concedeu, com certeza será promovido à
VERSO 150 plataforma do amor extático pelo Senhor e não contará mais com perigo algum.
Sri Caitanya M a h a p r a b h u
aceita prasãda dos devotos
V E R S O 1
IÇNf ®?1»è6<5»JR f J í l í â W T r W l I
cw Cfsrtf»t aièi ««rara» afni n > n
vande éri-krsna-caitanyam
bhaktãnugraha-kãtaram
yena kenãpi santustam
bhakta-dattena éraddhãya
735
736 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 10 Verso 7 O Senhor Caitanya aceita prasãda 737
jaya jaya gauracandra jaya nityãnanda yadyapi prabhura ãjnã gaude rahite
jayãdvaita-candra jaya gaura-bhakta-vrnda tathãpi nityãnanda preme calilã dekhite
jaya jaya—todas as glórias; gauracandra—a Sri Caitanya Mahaprabhu; jaya—todas yadyapi—embora; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; ãjnã—ordem; gaude
as glórias; nityãnanda—ao Senhor Nityãnanda; jaya—todas as glórias; advaita- rahite—de ficar na Bengala; tathãpi—mesmo assim; nityãnanda—o Senhor Nityã-
candra—a Advaita Ãcãrya; jaya—todas as glórias; gaura-bhakta-vrnda—aos devotos nanda; preme—em amor extático; calilã—foi; dekhite—ver.
do Senhor Gaurãhga.
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu ordenara ao Senhor Nityãnanda que fi-
T R A D U Ç Ã O — T o d a s as glórias a Sri Caitanya Mahaprabhu! Todas as glórias ao casse na Bengala, mas, apesar disso, o Senhor Nityãnanda, impelido pelo amor
Senhor Nityãnanda Prabhu! Todas as glórias a Advaitacandra! Todas as glórias extático, também foi vê-lO.
a todos os devotos do Senhor Caitanya!
VERSO 6
VERSO 3
«rararcia » w a < & 'rafa' i r f à i r e i i
atraca ia «i^ca esíàcs i t r a «rtsji «rei' <sra ic«ra f t a c a n * n
lai-iracra íca ífaraci aiacs H <© u
anurãgera laksana ei, — 'vidhi' nãhi mane
varsãntare saba bhakta prabhure dekhite tãnra ãjnã bhãhge tãhra sahgera kãrane
parama-ãnande sabe nilãcala yãite anurãgera—de verdadeira afeição; laksana—sintoma; ei—esta; vidhi—a regulação;
varsa-antare—no ano seguinte; saba bhakta—todos os devotos; prabhure dekhite— nãhi mane— não se importa com; tãhra—Sua; ãjnã—ordem; bhãhge— renega; tãhra—
para verem Sri Caitanya Mahaprabhu; parama-ãnande—com imensa felicidade; Sua; sahgera—associação; kãrane—com o propósito de.
sabe—todos eles; nilãcala yãite— para irem a Jagannãtha Puri, Nüãcala.
TRADUÇÃO—Na verdade, é sintoma de verdadeira afeição que, não dando im-
T R A D U Ç Ã O — N o ano seguinte, todos os devotos ficaram muito satisfeitos de ir portância aos princípios reguladores, a pessoa transgride a ordem da Suprema
a Jagannãtha Puri INílãcala) para verem Sri Caitanya Mahaprabhu. Personalidade de Deus, só para associar-se com Ele.
VERSO 4 VERSO 7
wcTOitFfí^cititfii» - n ^ i a t i U i
arei citn i a i t a e s c i t ^ c a «riwi fwrt i
i t s t i a a , «atfftafifà, Sm wira 191 s i
<sra i t w l «BrfV « r a i c w ei afãarl n i n
r
738 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 10 Verso 13 O Senhor Caitanya aceita prasãda 739
rase yaiche ghara yãite gopire ãjnã dilã suklãmbara, nrsiriihãnanda ãra yata jana
tãhra ãjnã bhahgi' tãhra sahge se rahilã sabãi calilã, nãma nã yãya likhana
rase—por ocasião da dança da rasa; yaiche—enquanto; ghara yãite—voltar para vãsudeva-datta—Vãsudeva Datta; murãri-gupta—Murãri Gupta; gahgãdãsa—
casa; gopire—as gopis; ãjnã dilã—o Senhor Krçna mandou; tãhra—Sua; ãjha—ordem; Gahgãdãsa; érimãn-sena—Srímãn Sena; êrimãn-pandita—èrimãn Pandita; akihcana
bhahgi'—transgredindo; tãhra sahge—na companhia dEle; se—elas; rahilã—man- krsnadãsa—Akincana Krçnadãsa; murãri—Murãri Gupta; garuda-pandita—Caruda
Pandita; buddhimanta-khãhna—Buddhimanta Khãn; sahjaya-purusottama—San)aya
tiveram-se.
Puruçottama; pandita-bhagavãn—Bhagavãn Pandita; iuklãmbara—Suklãmbara;
V E R S O 13
*j*ifà, t s p s - l f o s , ^ f i T O - t o i
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rãghava-pandita cale jhãli sãjãiyã
mfe efàmt, «tW»it «rli faf»«" II damayanti yata dravya diyãche kariyã
rãghava-pandita—Rãghava Pandita; caie—vai; jhãli sãjãiyã—após preparar seus
vãsudeva-datta, murãri-gupta, gahgãdãsa sacos de comida; damayanti— sua irmã; yata dravya—todos os víveres; diyãche
érimãn-sena, srimãn-pandita, akihcana krsnadãsa kariyã—cozinhou e preparou.
murãri, garuda-pandita, buddhimanta-khãhna TRADUÇÃO—Rãghava Pandita levava sacos cheios de comida mui diligentemente
sahjaya-purusottama, pandita-bhagavãn Preparada por Damayanti, sua irmã.
740 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 10 Verso 19 O Senhor Caitanya aceita prasãda 741
V E R S O 14 V E R S O 17
«tastat aaisrçeaaata m i
V E R S O S 15—16 ^as«i i r « l a s w P a c s a a w *tta II ^ II
ãmra-kãéandi, ãdã-kãéandi jhãla-kãéandi nãma TRADUÇÃO—Já que é a Suprema Personalidade de Deus, Sri Caitanya Maha-
nembu-ãdã ãmra-koli vividha vidhãna prabhu assimila o propósito de tudo. Ele aceitou a afeição de Damayanti por
Ele, e por isso extraía imenso prazer mesmo das folhas amargas secas de sukutã
ãmsi, ãma-khanda, tailãmra, ãma-sattã e do kãsandi [um condimento amargo].
yatna kari' gundã kari' purãna sukutã
ãmra-kãsandi—ãmra-kãéanài; ãdã-kãsandi—ãdã-kãsandi; jhãla-kãéandi—jhãla-kãéandi;
nãma—chamados; nembu-ãdã—uma preparação feita com lima e gengibre; ãmra- VERSO 19
koli—ãmra-koli; vividha vidhãna—diversas preparações; ãmsi—ãmsi; ama-khanda—
ãma-khanda; tailãmra—manga mergulhada em óleo de mostarda; ãma-satta—ãma- 'aW-a^fài a a a € t asca «tça *tta i
sattã; yatna kari'—com muito carinho; gundã kari'—fazendo sob a forma de pó; s a K ^ t w c a « a c a asç '«ata' *M ata n n
purãna sukutã—vegetais amargos secos tais c o m o melão amargo.
'manusya'-buddhi damayanti kare prabhura pãya
guru-bhojane udare kabhu 'ãma' hanã yãya
T R A D U Ç Ã O — S ã o estes os nomes de alguns picles e condimentos trazidos por manusya-buddhi—considerando um ser h u m a n o comum; damayanti—a irmã de
Rãghava Pandita: ãmra-kãáandi, ãdã-kãáandi, jhãla-kãsandi, nembu-ãdã, ãmra- Rãghava Pandita; kare—faz; prabhura pãya—aos pés de lótus de Sri Caitanya Maha-
koli, ãmsi, ãma-khanda, tailãmra e ãma-sattã. C o m muito carinho, Damayanti prabhu; guru-bhojane—comendo demais; udare— no abdômen; kabhu—às vezes;
também fez vegetais amargos secos em pó. ama—muco; hanã yãya—há.
742 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, 1 0 O Senhor Caitanya aceita prasãda
Verso 23 743
TRADUÇÃO—Devido ao seu amor natural por Sri Caitanya Mahaprabhu, Dama- priyena—veia amante; sahgrathya—após fazer; vipaksa-sannidhau—r\a presença de
yanti considerava o Senhor um ser humano comum. Por isso, ela achava que, um grupo opositor; upãhitãm—colocou; vaksasi— no peito; pivara-stani— tendo seios
ao comer demais, Ele acabaria adoecendo e Seu abdômen ficaria cheio de muco. empinados; srajam—uma guirlanda; na—não; kãcit—algum amado; vijahau—rejei-
tou; jala-ãvilãm—enlameada; vasanti— reside; hi—porque; premni—no amor; gunãh—
SIGNIFICADO—Devido ao amor puro, os devotos de Krçna em Goloka Vrndãvana, qualidades; na—náo; vastuni—nas coisas materiais.
Vrajabhümi, amavam Krçna como se Ele fosse um ser humano comum igual a
eles. No entanto, mesmo que considerassem Krçna como um deles, seu amor T R A D U Ç Ã O — " U m a querida amante fez uma guirlanda e, na presença de suas
por Krçna não conhecia limiteç. Analogamente, devido ao amor extremo, devotos co-esposas, colocou-a no pescoço de seu amado. Ela possuía seios empinados
como Rãghava Pandita e sua irmã Damayanti viam Sri Caitanya Mahaprabhu como e era muito bela, e, embora a guirlanda estivesse suja de lama, ela não a rejei-
um ser humano, mas o amor que sentiam por Ele era ilimitado. Ao comer em tou, pois o valor dessa guirlanda não dependia de coisas materiais, senão que
demasia, o ser humano comum fica vulnerável à doença chamada amla-pitta, que do a m o r . "
resulta da indigestão caracterizada pela acidez gástrica. Damayanti achou que Sri
Caitanya Mahaprabhu arriscar-Se-ia a ser acometido de tal condição.
SIGNIFICADO—Este verso é do Kirãtãrjuniya de Bhãravi.
V E R S O 22
VERSO 20
a l í i l - c i T í i i r i «^sf S « 1 * f i n i
"3*J?5l 1tlC9I cfo. «Iti 55X115 1t»t I
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ifll c a ? 1C1 «tf?' «Ifl «Rtl II í.» li
dhaniyã-mauharira tandula gundã kariyã
sukutã khãile sei ãma ha-ibeka nãéa nãdu bãndhiyãche cini-pãka kariyã
ei sneha mane bhãvi' prabhura ullãsa dhaniyã—de sementes de coentro; mauharíra—de sementes de erva-doce; fandu-
sukutã khãile—ao comer o sukutã; sei «ma—aquele muco; ha-ibeka nãéa—será des- la—grãos; gundã kariyã— moendo até formar pó; nãdu bãndhiyãche—transformou
feito; ei—esta; sneha—afeição; mane—na mente; bhãvi'—pensando em; prabhura—de em laddus; cini-pãka kariyã—cozinhando com açúcar.
éri Caitanya Mahaprabhu; ullãsa—alegria.
TRADUÇÃO—Damayanti pisou as sementes de coentro e de erva-doce e cozinhou-
TRADUÇÃO—Devido à afeição sincera, ela achou que, se o Senhor comesse este as com açúcar, fazendo docinhos sob a forma de bolinhas.
sukutã, Ele ficaria curado de Sua doença. Considerando esses pensamentos afe-
tivos de Damayanti, o Senhor ficou muito satisfeito. VERSO 23
«fèis «rr?, «iti «itifàrça? i
^ « j i * j i « j ; a l f a ' i c s j l ^ « I ^ f %51 II II
V E R S O 21
VERSO 24 VERSO 2 7
T R A D U Ç Ã O — E l a preparou centenas de variedades de condimentos e de picles. T R A D U Ç Ã O — F e z arroz simples a partir de um excelente arroz áãli não cozido e
Ela também fez koli-sunthi, koli-cürna, koli-khanda e muitas outras preparações. encheu um grande saco feito de pano novo.
Quantas deveria eu especificar?
VERSO 2 8
VERSO 2 5
w i fà«t ««i,iifà' ic«c« «tf%a11
itfàcassi-ifj üt<s. «ata its iwwi i fèfà-trcií i1«^cawii as*játfi fàal n *y II
f è a ^ f f t i s f à a u a f f ã s r l w u *,<t n
kateka cidã hudum kari' ghrtete bhãjiyã
nãrikela-khanda nãdu, ãra nãdu gahgã-jala cini-pãke nãdu kailã karpürãdi diyã
cira-sthãyi khanda-vikãra karilã sakala kateka cidã—um pouco do arroz simples; hudum tan"—transformando em arroz
nãrikela-khanda nãdu—bolinhas doces feitas de coco em pó; ãra—e; nãdu gahgã- inflado; ghrtete bhãjiyã— fritando no ghi; cini-pãke—cozinhando em calda de açúcar;
jala—uma bolinha doce branca como a água do Ganges; cira-sthãyi— duradouras; nãdu kailã—deu o formato de bolas; karpüra-ãdi diyã— misturando.com cânfora e
khanda-vikãra—diversas formas de doces de açúcar-cande; karilã—fez; sakala—tudo. outros ingredientes.
TRADUÇÃO—Ela fez muitos docinhos com o formato de bolas. Alguns eram feitos TRADUÇÃO—Transformou um pouco do arroz simples em arroz inflado, fritou-o
de coco em pó, e outros eram brancos como a água do Ganges. Dessa maneira, no ghi, cozinhou-o em calda de açúcar, misturou um pouco de cânfora e fez bolas
ela fez muitas variedades de confeitos duradouros. de arroz.
VERSO 26 VERSOS 2 9 - ^ 3 0
T R A D U Ç Ã O — E l a fez queijos duradouros, muitas variedades de doces com leite karpüra, maricá, lavahga, elãci, rasavãsa
e creme, e muitas outras variedades de preparações, tais como amrta-karpüra. cürna diyã nãdu kailã parama suvãsa
Verso 35 O Senhor Caitanya aceita prasãda
746 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-hla, 10
VERSO 33
éãli-dhãnyera kha-i—arroz tostado de fina qualidade; punah—novamente; ghrteie
bhãjiyã—fritando no ghi; cini-pãka—cozinhando na calda de açúcar, ukhdã—chamado a s f e « «1 srtfã ara iHCM a t a U I
ukhdã; kailã—fez; karpüra-ãdi diyã—misturando com cânfora.
pimenta-do-reino; lavahga—cravos; elãci—cardamomo; rasa-vãsa—e outros tempe- vàos *W m i l içasappta n >®« n
ros; cürna—ao pó; diyã— adicionando; nãdu—doces em formato de bola; kailã—fez;
kahite nã jãni nãma e-janme yãhãra
parama su-vãsa—muito saborosos. aiche nãnã bhaksya-dravya sahasra-prakãra
kahite nã jãni—não consigo falar; nãma—os nomes; e-janme—nesta vida; yãhãra—
TRADUÇÃO—Pulverizou grãos fritos de fino arroz, embebeu o pó no ghi e cozi-
dos quais; aiche—semelhantes; nãnã—muitos; bhaksya-dravya—comestíveis; sahasra-
nhou isto numa solução de açúcar. Então, adicionou cânfora, pimenta-do-reino,
prakãra— centenas e milhares de variedades.
cravos, cardamomo e outros temperos, e deu-lhe o formato de bolas que eram
muito saborosas e aromáticas.
TRADUÇÃO—Mesmo ao longo de uma vida inteira eu não conseguiria mencionar
os nomes de todas essas preparações maravilhosas. Damayanti fez centenas e
V E R S O 31
milhares de diferentes variedades.
«itfii-ffcsa «fe *t*u ac«c» <stfsra1 i
V E R S O 34
ftfà-ipp S a j s t \m\ a s f a l t a fàat 11 »
atacaa «rtwi, «jta f t w a i a f t i
éãli-dhãnyera kha-i punah ghrtete bhãjiyã
cini-pãka ukhdã kailã karpürãdi diyã ç* çta st^ps caç l a a - w f è 11 « 8 n
éãli-dhãnyera kha-i—arroz tostado de fina qualidade; punah—novamente; ghrtete rãghavera ãjnã, ãra karena damayanti
bhãjiyã—fritando no ghi; cini-pãka—cozinhando na calda de açúcar; ukhdã—chamado duhhãra prabhute sneha parama-bhakati
ukhdã; kailã—fez; karpüra-ãdi diyã—misturando cânfora. rãghavera ãjnã—a ordem de Rãghava Pandita; ãra—e; karena—executa; damayanti—
Damayanti; duhhãra—de ambos; prabhute—a Srí Caitanya Mahaprabhu; sneha—
TRADUÇÃO—Pegou arroz tostado de fina qualidade, fritou-o no ghi, cozinhou-o afeição; parama-bhakati—serviço devocional avançadíssimo.
numa solução de açúcar, misturou um pouco de cânfora, fazendo, assim, uma
preparação chamada ukhdã ou mudki.
TRADUÇÃO—Damayanti fez todas essas preparações seguindo a ordem de seu
irmão Rãghava Pandita. Ambos tinham afeição ilimitada por Srí Caitanya Maha-
V E R S O 32
prabhu e eram avançados em serviço devocional.
V E R S O 35
fàfà-ftcas awjátfà fitai ars^assi 11 n
tai-af%asi «srtf*V acates çtfãai i
phutkalãi cürna kari' ghrte bhãjãila •artf? asfàal fàan flaifíaj fàal i «<t n
cini-pãke karpürãdi diyã nãdu kaila gahgã-mrttikã ãni' vastrete chãniyã
phutkalãi—ervilhas fundidas fritas no ghie embebidas na calda de açúcar; cürna pãhpadi kariyã dilã gandha-dravya diyã
kari'—transformando num pó; ghrte bhãjãila—fritas no ghi; cini-pãke— cozinhando gahgã-mrttikã—areia do rio Ganges; ãni'—trazendo; vastrete—através de um pano;
com açúcar; karpüra-ãdi—cânfora e outros ingredientes; diyã—adicionando; nãdu chãniyã—pressionando; pãhpadi kariyã dilã—deu o formato de bolinhas; gandha-
kaila—fez bolinhas doces. dravya diyã— misturando com ingredientes aromáticos.
VERSO 36 V E R S O 39
VERSO 37 VERSO 40
V E R S O 42 V E R S O 45
« v i l t c « Htfaf « í f l 5 T O l
•meara w i 'cttfãra' csM»tF5 sf«ii i
«frí^l « i ç i i r c i c*wti «itfètTO n 8<t n
TO 11 « « « t i 9W1 II 8* n
narendrera jale 'govinda' naukãte cadiyã bhakta-gana pade ãsi' prabhura carane
jala-kridã kare saba bhakta-gana lanã uthãhã prabhu sabãre kailã ãlingane
narendrera jale—nas águas do lago conhecido como Narendra-sarovara; govinda— bhakta-gana—os devotos; pade—caíram; ãsi'—vindo; prabhura carane—aos pés de
o Senhor Govinda; naukãte cadiyã—subindo em um barco; jala-kridã tare—manifesta lótus de Srí Caitanya Mahaprabhu; uthãhã—erguendo-os; prabhu—Sri Caitanya
Seus passatempos aquáticos; saba bhakta-gana—todos os devotos; lahã—levando. Mahaprabhu; sabãre—todos eles; kailã ãlingane—abraçou.
V E R S O 48 VERSO 51
T R A D U Ç Ã O — O canto e os brados dos Vaisnavas Gaudiyâs combinaram-se e T R A D U Ç Ã O — N ã o há razão alguma de, aqui, descrever-se outra vez as atividades
criaram uma vibração sonora estrondosa que encheu o universo inteiro. do Senhor. Seria simplesmente repetitivo e aumentaria o tamanho deste livro.
V E R S O 49 VERSO 52
$£gp cal «r*i#5l «f ri-araraa i SIGNIFICADO—Nesta passagem, a Deidade referida como Govinda é a vijaya-
'cessrawW raitra' ast%srrciii a«ra 11 o-11 vigraha no templo de Jagannãtha. Quando há necessidade de levar Jagannãtha
a algum lugar, leva-se a vijaya-vigraha, pois o corpo de Jagannãtha é muito pesado.
prabhura ei jala-kridã dãsa-vrndãvana A vijaya-vigraha no templo de Jagannãtha é conhecida como Govinda. Para os
'caitanya-mahgale' vistãri' kariyãchena varnana passatempos no Narendra-sarovara, foi levada a vijaya-vigraha no lugar do Senhor
prabhura—de Srí Caitanya Mahaprabhu; ei—essas; jala-kridã—atividades na água; Jagannãtha.
dãsa-vrndãvana—Vrndãvana dãsa Thãkura; caitanya-mahgale—em seu livro Caitanya- V E R S O 53
mahgala, agora conhecido como Caitanya-bhãgavata; vistãri'—descrevendo em por-
menores; kariyãchena varnana—narra. «wt»ti CfpV t?s tâsf-arra "ttsri i
«rara «tratai «VACT ttssra^ri n <M>«
T R A D U Ç Ã O — E m seu Caitanya-mahgala (agora conhecido como Caitanya-bhãga-
vata], Vrndãvana dãsa Thãkura faz uma descrição pormenorizada das atividades jagannãtha dekhi' punah nija-ghare ãilã
que o Senhor realizou na água. prasãda ãnãhã bhakta-gane khãoyãilã
754 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 10 Verso 5 8 O Senhor Caitanya aceita prasãda 755
jagannãtha dekhi'—após ver o Senhor Jagannãtha; punah—de novo; nija-ghare— pürva-vatsarera jhãli ãjãda kariyã
à Sua residência; ãilã—voltou; prasãda—prasãda; ãnãhã— fazendo com que trouxes- dravya bharibãre rãkhe anya grhe lahã
sem; bhakta-gane khãoyãilã—alimentou os devotos. pürva-vatsarera—do ano anterior; jhãli—sacos; ãjãda kariyã—esvaziando; dravya
bharibãre—para encher com produtos; rãkhe— guarda; anya grhe—a outro cômodo;
T R A D U Ç Ã O — A o voltar à Sua residência após visitar o templo de Jagannãtha, Sri lahã— levando.
Caitanya Mahaprabhu pediu uma grande quantidade de prasãda do Senhor
Jagannãtha; em seguida, o Senhor Caitanya distribuiu-a entre Seus devotos para TRADUÇÃO—Govinda esvaziou por completo os sacos do ano anterior e guardou-
que estes pudessem comer suntuosamente. os em outra sala para enchê-los com outros artigos.
VERSO 5 4
VERSO 5 7
tâciiSi iai «wi wi tem I
fàsr f i w « J l ^ l t l t i l l t l ^tfrfeeTl 11 48 II « r a f ã i i $ t a ) ^ fis?*t*i ?wpi i
5fMari'cific5ti « t e u ratei i t e P l n 11
ista-gosthi sabã lahã kata-ksana kailã
nija nija pürva-vãsãya sabãya pãthãilã ãra dina mahaprabhu nija-gana lahã
ista-gosthi— conversa sobre assuntos espirituais; sabã lahã—levando todos os de- jagannãtha dekhilena éayyotthãne yãhã
votos; kata-ksana—por algum tempo; kailã—fez; nija nija—respectivas; pürva- ãra dina—no dia seguinte; mahaprabhu—-Sri Caitanya Mahaprabhu; nija-gana
vãsãya—para as residências anteriores; sabãya—todos; pãthãilã—Ele mandou. lahã—acompanhado de Seus devotos pessoais; jagannãtha dekhilena—viu o Senhor
Jagannãtha; sayyã-utthãne—cedinho, na hora de levantar-Se da cama; yãhã—indo.
TRADUÇÃO—Após conversar com todos os devotos por algum tempo, Sri Caitanya
Mahaprabhu pediu-lhes que ocupassem as residências individuais em que
haviam ficado no ano que passou. T R A D U Ç Ã O — N o dia seguinte, á r i Caitanya Mahaprabhu, juntamente com Seus
devotos pessoais, foi ver o Senhor Jagannãtha na hora em que o Senhor Jagan-
VERSO 5 5 nãtha acordava de manhã cedinho.
«rfèt l l f à ü f l I
C1tfl»1-fctfü£>3 I t l l VERSO 5 8
cetsri-ijcc.it mM f f f i l C M t f i i i l f i s f i II««II
Ciçl-ittíi i t Ü « r t n asfierl i
govinda-thãhi rãghava jhãli samarpilã it^-iasliti «ei artes enfiai n <tv II
bhojana-grhera kone jhãli govinda rãkhilã
govinda-thãhi—a cargo de Govinda; rãghava—Rãghava Pandita; jhãli—os jhãlis, be4ã-sahkirtana tãhãh ãrambha karilã
os sacos de comestíveis; samarpilã—entregou; bhojana-grhera—da sala de jantar; sãta-sampradãya tabe gaite lãgilã
kone—no canto; jhãli—os sacos; govinda—Govinda; rãkhilã— guardou. bedã-sankirtana—canto congregacional envolvente; tãhãh—ali; ãrambha karilã—
começou; sãta-sampradãya—sete grupos; tabe—em seguida; gaite lãgilã—iniciaram
TRADUÇÃO—Rãghava Pandita entregou a Govinda os sacos de comestíveis, e este o canto.
guardou-os num canto da sala de jantar.
T R A D U Ç Ã O — A p ó s ver o Senhor Jagannãtha, ári Caitanya Mahaprabhu começou
VERSO 5 6 Seu sahkirtana envolvente. Ele formou sete grupos, que, então, puseram-se a
cantar.
^ i e . 1 C 1 1 4 \ f m wtsrt? i s f i i l l
S I G N I F I C A D O — P a r a a explicação do bedã-sankirtana, pode-se consultar o Madhya-
a r o «fãitci itci «i» ^re 5f<ípi II <r& II lilã, Décimo Primeiro Capítulo, versos 2 1 5 - 2 3 8 .
756 Sri Caitanya-caritãmrta Antya-líla, 10 Verso 65 O Senhor Caitanya aceita prasãda 757
ei-mata kata-ksana karãilã kirtana jagamohana—a sala de kirtana conhecida como Jagamohana; pari—em; mundã—
ãpane nãcite tabe prabhura haila mana minha cabeça; yãu—que ela seja oferecida.
ei-mata—dessa maneira; kata-ksana—por algum tempo; karãilã kirtana—tez com
que se realizasse kirtana; ãpane—pessoalmente; nãcite—dançar; tabe—então; prabhura T R A D U Ç Ã O — " Q u e minha cabeça caia aos pés de Jagannãtha na sala de kirtana
haila mana—Sri Caitanya Mahaprabhu desejou. conhecida como J a g a m o h a n a . "
TRADUÇÃO—Dessa maneira, o Senhor fez com que se realizasse durante algum VERSO 69
tempo o canto congregacional, e então Ele mesmo ficou com desejo de dançar.
<at *tw f s j tii-«itcit«i I
V E R S O 66 lapftai cErtfàcf « j ç a cs|si-5fw « t c i n n
«ÉHPiWB f t i , I t W t l I ei pade nrtya karena parama-ãveée
i t u iç.tr,«)iícic«t itr.5 caYi-iti « « • * » saba-loka caudike prabhura prema-jale bhãse
ei pade—impelidas por essa linha; nrtya karena—dançam; parama-ãveée—com
sãta-dike sãta-sampradãya gãya, bãjãya grande amor extático; saba-loka—todas as pessoas; cau-dike—em todas as quatro
madhye mahã-premãvese nãce gaura-rãya direções; prabhura—de Srí Caitanya Mahaprabhu; prema-jale—nas lágrimas do
sãta-dike—em sete direções; sãta-sampradãya—os sete grupos; gãya—cantam; bã- amor; bhãse—flutuam.
jãya—tocam as mrdahgas; madhye—no centro; mahã-premãveêe— cheio de amor ex-
tático por Krsna; nãce—dança; gaura-rãya—Srí Caitanya Mahaprabhu. TRADUÇÃO—Simplesmente devido a essa linha, Srí Caitanya Mahaprabhu dan-
çava com amor imensamente extático. As pessoas à Sua volta flutuavam na água
TRADUÇÃO—Os sete grupos puseram-se a dançar e a bater seus tambores em sete de Suas lágrimas.
direções, e, no centro, Srí Caitanya Mahaprabhu pôs-Se a dançar cheio de amor VERSO 70
extático.
'cneC w «íç> ®ate <$f9rcrt I
V E R S O 67 çfàttffà TO í i t f «rficm «ifjrai mo ii
prabhu—o Senhor; padi'—caindo; murcha yãya—ficou inconsciente; svãsa nãhi— eka eka—cada um; danta—dente; yena—como se; prthak prthak— separadamente;
não havia respiração alguma; ãra—e; ãcambite—de repente; uthe—levanta-Se; nade—balança; aiche—como isto; nade—balançam; danta—os dentes; yena—como
prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; kariyã hunkãra—fazendo um som muito alto. se; bhüme—no chão; khasi'—soltando-se; pade—caem.
T R A D U Ç Ã O — O Senhor, inconsciente, caiu ao solo, sem sequer respirar. Então, TRADUÇÃO—Todos os Seus dentes tremiam, e era como se cada um estivesse se-
de repente, levantou-Se, fazendo um som muito alto. parado dos demais. Na verdade, parecia que estavam a ponto de cair no chão.
V E R S O 72 V E R S O 75
T R A D U Ç Ã O — O s pelos de Seu corpo não paravam de ficar arrepiados, lembran- TRADUÇÃO—Sua bem-aventurança transcendental crescia a cada momento. Por-
do os espinhos de uma árvore simula. Às vezes, Seu corpo inchava e, às vezes, tanto, até por volta do meio da tarde a dança continuava.
ficava delgado e magro.
VERSO 76
V E R S O 73
ai eateai Safàa «<ta»i-ataa 1
<sff% cata-fca 93 «fcai, acsaiaa i ai eatas t t i f ã » i e*a-«rw-ai 1 1 1 * 11
>mt' ' a a ' *»tfà' '13; - aaai 15a 11 <»•©«
saba lokera uthalilã ãnanda-sãgara
prati roma-küpe haya prasveda, raktodgama saba loka pãsarilã deha-ãtma-ghara
'jaja' 'gaga' 'pari' 'mumu'—gadgada vacana saba lokera—de todas as pessoas; uthalilã—transbordou; ãnanda-sãgara—o oceano
prati roma-küpe—em cada poro; haya—havia; prasveda—transpiração; rakta- de bem-aventurança transcendental; saba loka—todas as pessoas; pãsarilã—esque-
udgama—sangue em profusão; jaja gaga pari mumu—os sons "jaja gaga pari mumu"; ceram-se de; deha—corpos; ãtma—mentes; ghara—lares.
gadgada—balbuciantes; vacana—palavras.
T R A D U Ç Ã O — O oceano de bem-aventurança transcendental transbordou, e todos
TRADUÇÃO—Ele sangrava e transpirava por cada poro de Seu corpo. Sua voz os que estavam ali presentes esqueceram-se de seus corpos, mentes e lares.
balbuciava. Incapaz de dizer a linha corretamente, Ele só pronunciava: "jaja
gaga pari m u m u . "
V E R S O 74 V E R S O 77
tabe—nessa altura; nityãnanda—o Senhor Nityãnanda; prabhu—o Senhor; srjilã bhakta-érama—o cansaço dos devotos; jani'—reconhecendo; kailã—realizou; kirtana
upãya—divisou; krame-krame— pouco a pouco; kirtaniyã—os cantores; rãkhilã— samãpana—encerramento do cantar; sabã lahã asi'—acompanhado de todos; kailã—
parou; sabãya—todos. fez; samudre—no mar; snapana—banho.
T R A D U Ç Ã O — E n t ã o , o Senhor Nityãnanda divisou um meio de parar o kirtana. TRADUÇÃO—Reconhecendo o fato de que os devotos estavam cansados, Sri
Ele pouco a pouco parou todos os cantores. Caitanya Mahaprabhu parou o canto congregacional. Então, acompanhado de
todos, Ele tomou banho de mar.
VERSO 78
V E R S O 81
*«c*ta a c a ata 4* aaaata i
aa&»ta a c a caa ata II i v » aa H Í P I « f ç c*en «rala c e t s M i
aatca fãata fã»n asfãc« aaa n vi u
svarüpera sahge mãtra eka sampradãya
svarüpera sahge seha manda-svara gãya saba lahã prabhu kailã prasãda bhojana
svarüpera sahge—com Svarüpa Dãmodara; mãtra—apenas; eka—um; sampradãya— sabãre vidãya dilã karite éayana
grupo; svarüpera sahge—com Svarüpa Dãmodara; seha—eles; manda-svara—mui sua- saba lanã—com todos eles; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; kailã—realizou;
vemente; gãya—cantavam. prasãda bhojana—aceitação de prasãda; sabãre—a todos; vidãya dilã—deu adeus; karite
éayana—para descansarem.
TRADUÇÃO—Assim, restou apenas um grupo cantando com Svarüpa Dãmodara,
e eles cantavam mui suavemente. T R A D U Ç Ã O — E m seguida, ári Caitanya Mahaprabhu tomou prasãda com todos
eles, e, após isso, pediu que voltassem para suas casas e descansassem.
V E R S O 79
V E R S O 82
i^rart*»t «tfà, «fea fàsf atw caai i
«ca f*rsTf«w l a t a saa «rtataai ii •»&« f f r a t a atta iscai «rt*tca aaa i
catfàat «rífial asca fta-aataa n v*. n
kolãhala nãhi, prabhura kichu bãhya haila
tabe nityãnanda sabãra érama jãnãilã gambhirãra dvãre karena ãpane éayana
kolãhala—som estrondoso; nãhi—não havia; prabhura—de Sri Caitanya Maha- govinda ãsiyã kare pãda-samvãhana
prabhu; kichu—alguma; bãhya—consciência externa; haila— houve; tabe—nesse mo- gambhirãra dvãre—na porta do Gambhira, o pequeno cômodo dentro do quarto;
mento; nityãnanda—o Senhor Nityãnanda; sabãra—de todos eles; érama—fadiga; karena—faz; ãpane—pessoalmente; éayana—deitando-Se; govinda—Govinda, Seu
jãnãilã—informou. servo pessoal; ãsiyã—vindo; kare—realiza; pãda-samvãhana—massagem das pernas.
T R A D U Ç Ã O — A o acabar o som estrondoso, Sri Caitanya Mahaprabhu voltou a Si, TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu deitou-Se na porta do Gambhira, ao que
ao que Nityãnanda Prabhu fê-lO ciente do cansaço dos cantores e dançarinos. Govinda apresentou-se para massagear-Lhe as pernas.
V E R S O 80 V E R S O S 83—84
T R A D U Ç Ã O — " P o r favor, vira um pouco de lado para que eu possa passar e entrar
no quarto." Contudo, o Senhor retrucou: "Não tenho forças para mover Meu TRADUÇÃO—Então, Govinda estendeu o manto do Senhor sobre o corpo dEste
e
corpo." » dessa maneira, entrou no quarto, saltando sobre Ele.
Srí Caitanya-caritãmrta Verso 95 O Senhor Caitanya aceita prasãda 767
766 Antya-lilã, lfj
VERSO 90 V E R S O 93
tfW-aara« Cl »!, ^ - • | » F t f a * I
5
caía faan fcfcíi caca ai ca*n «tata atàcs ?'
af*-a«fc« «fça tfãara caa n a.» 11 catfàra «ca-ratca «aarl, atàcs atfà *tc«t' II n
pãda-samvãhana kaila, kafi-prstha cãpila mora nidrã haile kene nã gelã prasãda khãite?'
madhüra-mardane prabhura pariérama gela govinda kahe—'dvãre éuilã, yãite nãhi pathe'
pãda-samvãhana—massagem das pernas; kaila—realizou; kati—cintura; pr$tha— mora nidrã haile—quando Eu caí no sono; kene—por que; nã gelã— não foste; pra-
costas; cãpila—comprimiu; madhüra-mardane—mediante pressão suave; prabhura— sãda khãite—tomar tua refeição; govinda kahe— Govinda disse; dvãre—a porta; éuilã—
de Srí Caitanya Mahaprabhu; pariérama—fadiga; gela—foi embora. estavas bloqueando; yãite—para ir; nãhi pathe—não há passagem.
T R A D U Ç Ã O — G o v i n d a massageou as pernas do Senhor como de costume. Com T R A D U Ç Ã O — " P o r que não foste tomar tua refeição após Eu ter caído no s o n o ? "
muita suavidade, ele comprimiu a cintura e as costas do Senhor e, assim, todo perguntou o Senhor. Govinda respondeu: "Estavas deitado, impedindo a pas-
o cansaço do Senhor foi embora. sagem, e não havia nenhuma maneira de eu s a i r . "
VERSO 91
VERSO 94
•sei fàarl cm aça, cürfiw stci «w i
i«-sa aa. «r*ja tem faarl-ara n si II «raji asca,-'fwsca «ca «rtàm caraça ?
tecw casca «rata b»!C* "1 tem aaca ?' &8 n
sukhe nidrã haila prabhura, govinda cape ahga
danda-dui ba-i prabhura hailã nidrã-bhahga prabhu kahe, — 'bhitare tabe ãilã kemane?
sukhe— muito bem; nidrã haila prabhura—èri Caitanya Mahaprabhu dormiu; taiche kene prasãda laite nã kailã gamane?'
govinda—Govinda; cape ahga—comprimia o corpo; danda-dui bãi—após cerca de prabhu kahe—èri Caitanya Mahaprabhu disse; bhitare—para dentro; tabe—então;
quarenta e cinco minutos; prabhura—de Srí Caitanya Mahaprabhu; hailã—houve; ãilã—vieste; kemane—como; taiche—da mesma maneira; fcene—poi que; prasãda laite—
tomar prasãda; nã kailã gamane—não foste.
tüdrã-bhanga—interrupção do sono.
T R A D U Ç Ã O — À medida que Govinda massageava-Lhe o corpo, o Senhor, durante T R A D U Ç Ã O — O Senhor perguntou: " C o m o entraste no quarto? Por que não te
cerca de quarenta e cinco minutos, teve um sono reparador e, após esse intervalo, valeste do mesmo recurso para sair e tomar teu a l m o ç o ? "
Ele acordou.
V E R S O 95
V E R S O 92
catfàcra cafaal «rçi ac* a g i Wl i catfara ase* «tca - "«itara 'ciai' ca 'fàaa' i
raitraf traça itfWH «rtfs»i 1 » «ráara a«as, fàsal aaca* aaa II s><t II
govinde dekhiyã prabhu bale kruddha hanã govinda kahe mane—"ãmãra 'sevã' se 'niyama'
'ãji kene eta-ksana ãchis vasiyã? aparãdha ha-uka, kibã narake gamana
govinde dekhiyã—ao ver Govinda; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; bate—disse; govinda kahe— Govinda disse; mune—dentro de sua mente; ãmãra sevã—meu ser-
viço; se niyama—esta é a regulação; aparãdha ha-uka—que haja ofensas; kibã—ou;
kruddha hahã—com u m temperamento de zanga; õ/í—hoje; kene—por que;
ksana—por tanto tempo; ãchis—esnveste; vasiyã—sentado. narake—para o inferno; gamana—indo.
TRADUÇÃO—Ao ver Govinda sentado a Seu lado, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou
um pouco zangado. " P o r que ficaste tanto tempo sentado aqui hoje?" o Senhor TRADUÇÃO—Govinda replicou mentalmente: "Meu dever é servir, mesmo que,
Para isso, tenha de cometer ofensas ou de ir para o inferno."
perguntou.
768 Srí Caitanya-caritãmrta Antya-lilã, írj Verso 100 O Senhor Caitanya aceita prasãda 769
V E R S O 96 V E R S O 99
T R A D U Ç Ã O — " P o u c o se me dá cometer centenas e milhares de ofensas se, assim, T R A D U Ç Ã O — N ã o havia c o m o ir. De que jeito ele poderia sair? Ao pensar em
posso servir ao Senhor, mas tenho o maior medo de cometer sequer um vislumbre passar por cima do corpo do Senhor, considerou que cometeria uma grande
de uma ofensa para, com isso, satisfazer meus interesses." ofensa.
V E R S O 100
V E R S O 97
i*4111 STB «fwlPB-I^R 1*1 I
iS« 1 1 1 C 1 1>fV CttPpl * f * W i
« M c i «ifàni, « t i «<ai i i R N I I n baseai 3»MI wrcs ãfc n m • i
ei saba haya bhakti-éãstra-süksma marma
eta saba mane kari' govinda rahilã caitanyera krpãya jãne ei saba dharma
prabhu ye puchila, tara uttara nã dilã ei saba—todos estes; haya—são; bhakti-éãstra—do sistema do serviço devocional;
eta saba—tudo isso; mane kari'—mentalizando; govinda rahilã—Govinda ficou süksma marma—princípios mais delicados; caitanyera krpãya—pela misericórdia de
calado; prabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; ye—o que; puchilã—perguntou; f ã r a - a Sri Caitanya Mahaprabhu; jãne—podem-se entender; ei saba—todos estes; dharma—
isto; uttara—resposta; nã dilã—não deu. princípios de serviço devocional.
TRADUÇÃO—Pensando dessa maneira, Govinda ficou calado, e, portanto, não TRADUÇÃO—Estes são alguns dos mais delicados pontos da etiqueta em serviço
respondeu à pergunta do Senhor. devocional. Só pode compreender esses princípios aquele que recebeu a mise-
ricórdia de Sri Caitanya Mahaprabhu.
V E R S O 98
SIGNIFICADO—Os karmis, ou trabalhadores fruitivos, não conseguem entender as
« r a w « i ç a f i a m i t i « t i w «rtcs i conclusões mais delicadas do serviço devocional, pois só aceitam seu valor ritualís-
c i f i i m « n c i f i ' »rtfi*n nfHci i *v- i hco, sem compreender como o serviço devocional satisfaz a Suprema Personalida-
de de Deus. Os karmis vêem nas formalidades um meio de se avançar em religião,
pratyaha prabhura nidrãya yãna prasãda la-ite desenvolvimento econômico, satisfação sensorial e liberação. Embora estes sejam
se divasera érama dekhi' lãgilã capite meros resultados materiais obtidos por aquele que segue os princípios religiosos,
prati-aha—diariamente; prabhura nidrãya—quando o Senhor adormecia; yãna—ele os fcarmís consideram-nos como sendo tudo. Tais atividades ritualísticas chamam-se
vai; prasãda la-ite—almoçar; se divasera—daquele dia; érama—a fadiga; dekhi'—per- karma. Os karmis que, sem nenhuma determinação, adotam o serviço devocional
cebendo; /ãgiZa capite— pôs-se a massagear. e que, por isso, permanecem na plataforma de atividades materiais são chamados
Prãkrta-sahajiyãs. Eles não podem compreender como o serviço devocional puro
TRADUÇÃO—Costumeiramente, Govinda ia almoçar tão logo o Senhor adormecia. realizado em amor conjugai e parental, pois só mediante a misericórdia especial
No entanto, naquele dia, ao perceber a fadiga do Senhor, Govinda continuou 9,ue Sri Caitanya Mahaprabhu outorga aos devotos puros é que se pode com-
preender isto.
massageando-Lhe o corpo.
770 Srí Caitanya-carítâmrta Antya-lilã, 10 Verso 106 O Senhor Caitanya aceita prasãda 771
V E R S O 101 V E R S O 104
T R A D U Ç Ã O — O Senhor interessa-Se muito em manifestar as qualidades elevadas T R A D U Ç Ã O — O Senhor dançou e cantou e, a seguir, desfrutou de um piquenique
de Seus devotos, e é por isso que Ele arquitetou este incidente. no jardim, como o fizera anteriormente.
V E R S O 102 V E R S O 105
V E R S O 103 ç t f i i t i a i j i ifçsrl i i « « « i i i
srertèit « i t f i i r a i tem i i » n 11 }«*> n
içtsfç "Wl fi«?*H i
ifltsra
«ftiFi-ífwi tem vtm, iWi n i cãri-mãsa varsãya rahilã saba bhakta-gana
janmãstami ãdi yãtrã kailã daraéana
ei-mata mahaprabhu lahã nija-gana cãn-mãsa—por quatro meses; varsãya—da estação das chuvas; rahilã—permane-
gundicã-grhera kailã ksãlana, mãrjana ceram; saba bhakta-gana—todos os devotos; janmãstami ãdi yãtrã—festivais tais como
ei-mata—dessa maneira; mahaprabhu—Sri Caitanya Mahaprabhu; lahã nija-gana—a cerimônia de nascimento do Senhor Krsna; kailã daraéana—observaram.
acompanhado de Seus associados pessoais; gundicã-grhera—do templo de Gund» ' ca
V E R S O 107 V E R S O 110
V E R S O 113 V E R S O 116
asiti f > i asfà' catfà«a a*ca aa»« i «fÇ a**,—'«rtfãawl' s:a #tca are» ?
«na fãs sfçc? ^ca fãcaá-aaa» Í V » •
caral fãs fàatcs» «tal «ira* isarca I * J J « II
Jcãrtãri kichu fcahi' govinda kare vahcanã prabhu kahe, — 'ãdi-vasyã' duhkha kãhhe mane?
ãra dina prabhure kahe nirveda-vacana kebã ki diyãche, tãhã ãnaha ekhãne'
kãhãh—para alguém; kichu—algo; kahi'—dizendo; govinda—Govinda; kare van- prabhu kahe—o Senhor respondeu; ãdi-vasyã—tu que moras comigo há tanto
cana—dizia mentiras; ãra dina—certo dia; prabhure—a Srí Caitanya Mahaprabhu; tempo; duhkha kãhhe mane—por que estás triste com isso; kebã ki diyãche— tudo o
kahe— disse; niryeda-iwcaria—uma afirmação de desapontamento. que te entregaram; tãhã—tudo isso; ãnaha ekhãne—traze aqui.
TRADUÇÃO—Quando os devotos lhe perguntavam, Govinda tinha de mentir para T R A D U Ç Ã O — á r i Caitanya Mahaprabhu respondeu: "Por que essa tua tristeza
eles. Portanto, certo dia, estando muito desapontado, ele dirigiu-se ao Senhor. insensata? Traze-Me tudo que te d e r a m . "
ãcãryera—de Advaita Ãcãrya; ei—estas; paida— preparação de coco; pãnã—arroz vãsudeva-dattera—de Vãsudeva Datta; ei—estas; murãri-guptera—de Murãri Gupta;
doce; sara-püpi— bolos feitos com creme; ei—estes; amrta-gutikã— docinhos; manda— ãra—e; buddhimanta-khãhnera—de Buddhimanta Khãn; ei—estas; vividha prakãra—de
uma espécie de bolinha doce; karpüra-küpi— um pote de cânfora. diferentes variedades.
T R A D U Ç Ã O — " E s t a s preparações — paida, arroz doce, bolos feitos com creme e T R A D U Ç Ã O — "E Vãsudeva Datta, Murãri Gupta e Buddhimanta Khãn deram
também amrta-gutikã, manda c um pote de cânfora — foram dadas por Advaita todas estas variedades de alimentos."
Ãcãrya."
V E R S O 122
V E R S O 119
Slata^-caa, Slat*t»i%s, «vtsiaaraa 1
§lafa-*tflsc«a ^a «ícaa* «rata i %1-aara W 4$ a>aa cewa 11 11
f*tii, ttral, «fwai* •nr-fsfsi «na n II
érimãn-sena, érimãn-pandita, ãcãrya-nandana
érivãsa-panditera ei aneka prakãra tãh-sabãra datta ei karaha bhojana
pithã, pãnã, amrta-mandã padma-cini ãra érimãn-sena—Sivãnanda Sena; érimãn-pandita—Srímãn Pandita; ãcãrya-nandana—
érivãsa-panditera—de Srivãsa Pandita; ei—estas; aneka prakãra—muitas variedades; Ãcãrya Nandana; tãh-sabãra—de todos eles; datta—dados; eí—estes; kamha bhojana—
pithã—bolos; pãnã—creme; amrta-mandã—outra espécie de docinho; padma-cini— por favor, come.
padma-cini; ãra—e.
T R A D U Ç Ã O — " E s t e s são os presentes dados por Srímãn Sena, Srímãn Pandita e
T R A D U Ç Ã O — " E agora seguem variedades de preparações — bolos, creme, amrta- Ãcãrya Nandana. Por favor, come todo esse alimento."
mandã e padma-cini — dadas por Srivãsa Pandita."
V E R S O 123
V E R S O 120
a^taattcaa <«* «uca ç«a as 1
«itaiaacsa <ía aa «tala i a^atã^t careca «1% caa «a n" 11
•rtafaTãfàa «ícaa* *wta n II
kulina-grãmera ei ãge dekha yata
ãcãryaratnera ei saba upahãra khanda-vãsi lokera ei dekha tata"
ãcãryanidhira ei, aneka prakãra kulina-grãmera—dos residentes de Kulína-grãma; ei— estas; ãge—diante de; dekha—
ãcãryaratnera—de Candrasekhara; ei—estes; saba—todos; upahãra—presentes; vê; yata—todas; khanda-vãsi lokera—dos residentes de Khanda; ei—estas; dekha—vê;
ãcãryanidhira—de Ãcãryanidhi; ei—estas; aneka prakãra—de diferentes variedades. tata—tantas.
T R A D U Ç Ã O — " E s t e s são os diversos presentes de Ãcãryaratna, e estas outras TRADUÇÃO—"Aqui estão as preparações feitas pelos habitantes de Kulína-grãma,
variedades de presentes são de Ãcãryanidhi." e estas foram feitas pelos habitantes de K h a n d a . "
V E R S O 121 V E R S O 124
aiche—dessa maneira; sabãra nãma—o nome de todos; lanã—levando; prabhura TRADUÇÃO—Dentro de pouquíssimo tempo, Sri Caitanya Mahaprabhu comeu
ãge—perante o Senhor; dhare—ele coloca; santusta hanã—ficando muito satisfeito; uma quantidade suficiente para alimentar cem pessoas. Então, Ele perguntou
prabhu—o Senhor; saba—tudo; bhojana kare—pôs-Se a comer. a Govinda: "Restou ainda alguma coisa?"
V E R S O 127 V E R S O 130
TRADUÇÃO—Ele provou um pouco do conteúdo de cada um e elogiou o sabor Às vezes, Ele o comia durante o almoço e, às vezes, à noite, mas sempre pensava
e o aroma de todos eles. que, como Seus devotos ofereceram-no com muito amor e afeição, era Seu dever
comê-lo.
VERSO 131
VERSO 1 3 3
fcncff «ca «ira aifwi afaai i
cstsra-iitOT a a l »»fàcac»í «Wt<«H n « «feri aateiç ««^«l-ac* i
9tf$n ctraiàsTl $a»arai-ac»r n >*« 11
vatsareka tare ãra rãkhilã dhariyã
bhojana-kãle svarüpa pariveée khasãnã ei-mata mahaprabhu bhakta-gana-sahge
vatsareka—um ano; tare— por; ãra—restante; rãfchi/ã dhariyã—guardou na des- cãturmãsya gohãilã krsna-kathã-rahge
pensa; bhojana-kãle— na hora do almoço; sua rupa—Svarüpa Dãmodara Gosvãmi; ei-mata—dessa maneira; mahaprabhu—èri Caitanya Mahaprabhu; bhakta-gana-
pariveée—administrava; khasãnã—tirando pouco a pouco. sahge—com Seus devotos pessoais; cãturmãsya gohãilã—passou os quatro meses
da estação das chuvas; krsna-kathã-rahge—na felicidade de conversar sobre Krsna.
TRADUÇÃO—Todas as variedades de prasãda restante foram guardadas para
serem comidas ao longo do ano. Quando ári Caitanya Mahaprabhu almoçava, TRADUÇÃO—Assim, Sri Caitanya Mahaprabhu passou todo o período de Cãtur-
Svarüpa Dãmodara Gosvãmi servia-a aos pouquinhos. mãsya [os quatro meses da estação das chuvas] mergulhado na felicidade de
conversar sobre Krsna com Seus devotos.
VERSO 132
VERSO 134
^ffârátCPI t > s f i w «*icat*t I
«c«ra arara arai «ffí * B W «icetfl i s * m «caj «cij «irarátra fera f*rai«i i
«Xi «r« arc« «tra rafai ara»« II i*8 II
kahhu rãtri-kãle kichu karena upayoga
bhaktera éraddhãra dravya avaéya karena upabhoga madhye madhye ãcãryãdi kare nimantrana
kabhu—às vezes; rãtri-kãle—à noite; kichu—um pouco; karena upayoga—utilizava; ghare bhãta rãndhe ãra vividha vyahjana
bhaktera—dos devotos; éraddhãra—com té e amor; dravya—preparações; avaéya— madhye madhye—periodicamente; ãcãrya-ãdi—Advaita Ãcãrya e outros; kare niman-
decerto; karena upabhoga—desfruta. trana— convidam; ghare—em casa; bhãta—arroz; rãndhe—cozinham; ãra—e; vividha
vyahjana—muitas variedades de legumes.
TRADUÇÃO—Às vezes, ári Caitanya Mahaprabhu pegava um pouquinho à noite.
Decerto o Senhor gosta das preparações que Seus devotos fazem com fé e amor. TRADUÇÃO—De vez em quando, Advaita Ãcãrya e outros convidavam Srí
Caitanya Mahaprabhu para saborear arroz e muitas variedades de legumes
SIGNIFICADO—Krsna fica muito satisfeito com Seus devotos e com suas oferendas. caseiros.
Por isso, o Senhor diz no Bhagavad-gitã ( 9 . 2 6 ) : VERSOS 1 3 5 — 1 3 6
V E R S O 139
éãka dui-cãri, ãra sukutãra jhola
nimba-vãrtãki, ãra bhrsta-patola «ttartaa, «tatiTifà, ««ai, atia i
maricera jhãla—uma preparação picante feita com pimenta-do-reino; ãra—bem
como; madhurãmla—uma preparação doce e azeda; ãra—também; ãdã—gengibre;
S a t i - « t t f ã i« V9, fiai ii n i-®s> ti
lavana—preparações salgadas; lembu—lima; dugdha—leite; dadhi—iogurte; khanda- ãcãryaratna, ãcãryanidhi, nandana, rãghava
sãra—queijo; éãka dui-cãri—duas a quatro categorias de espinafre; ãra—e; sukutãra érivãsa-ãdi yata bhakta, vipra saba
jhola—uma sopa feita de melão amargo; nimba-vãrtãki—berinjela misturada com ãcãryaratna—Ãcãryaratna; ãcãryanidhi—Ãcãryanidhi; nandana—Nandana Ãcãrya;
folhas de nimba; ãra—e; bhrsta-patola—patola frita. rãghava—Rãghava Pandita; érivãsa-ãdi—encabeçados por Srivãsa; yafa bhakta—todos
devotos; vipra saba—todos brãhmanas.
T R A D U Ç Ã O — E l e s ofereciam preparações picantes feitas com pimenta-do-reino,
preparações doces e azedas, gengibre, preparações salgadas, limas, leite, iogurte,
TRADUÇÃO—Devotos como Ãcãryaratna, Ãcãryanidhi, Nandana Ãcãrya, Rãghava
queijo, duas ou quatro categorias de espinafre, sopa feita com melão amargo,
Pandita e Srivãsa e r a m todos da casta de brãhmanas.
berinjela misturada com folhas de nimba e patola frita.
V E R S O S 140—141
V E R S O 137
Jagannãtha, e então convidavam Sri Caitanya Mahaprabhu, ao passo que, ao con- caitanya-dãsa—Caitanya dãsa; nãma—nome; éuni'—ouvindo; kahe gaura-raya—Sri
vidarem o Senhor, Ãcãryaratna, Ãcãryanidhi e outros, que eram brãhmanas de Caitanya Mahaprabhu disse; kibã—que; nãma—nome; dharãhãcha—deste; bujhana
casta, cozinhavam em casa. Caitanya Mahaprabhu observava a etiqueta vigente nã yãya—não se pode entender.
na sociedade de então, aceitando, assim, somente a prasãda cozida pelos membros
da casta de brãhmanas, mas, por princípio, aceitava convites de Seus devotos, inde- T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o o Senhor ouviu que o seu nome era Caitanya dãsa, disse:
pendentemente do fato de serem eles brãhmanas de casta. "Que espécie de nome lhe deste? É muito difícil de entender."
V E R S O 142 V E R S O 145
TRADUÇÃO—Ouvi agora sobre o convite que Sivãnanda Sena fez ao Senhor. Seu TRADUÇÃO—Sivãnanda Sena replicou: "Ele recebeu o nome que apareceu de
filho mais velho chamava-se Caitanya dãsa. dentro de m i m . " Então, convidou Srí Caitanya Mahaprabhu para almoçar.
V E R S O 143 V E R S O 146
T R A D U Ç Ã O — Q u a n d o Sivãnanda trouxe seu filho Caitanya dãsa para apresentar TRADUÇÃO—Sivãnanda Sena comprara muitos restos caros de alimento do
ao Senhor, Srí Caitanya Mahaprabhu perguntou qual o seu nome. Senhor Jagannãtha. Ele trouxe isto e ofereceu-o a Sri Caitanya Mahaprabhu, que
Se sentou para aceitar a prasãda com Seus associados.
V E R S O 144 V E R S O 147
'caitanya-dãsa' nãma éuni' kahe gaura-rãya éivãnandera gaurave prabhu karilã bhojana
'kibã nãma dharãhãcha, bujhana nã yãya' ati-guru-bhojane prabhura prasanna nahe mana
Srí Caitanya-carítâmrta Verso 152 O Senhor Caitanya aceita prasãda 787
786 Antya-lilã, 10
V E R S O 148
prabhu kahe, — "ei bãlaka ãmãra mata jãne
santusta ha-ilãh ãmi ihãra nimantrane"
«rra twi c a w a f i c**n fSwww i prabhu kahe—Sri Caitanya Mahaprabhu disse; ei bãlaka—este rapaz; ãmãra mata—
Minha mente; jãne—pode compreender; santusta ha-ilãn—fico muito satisfeito;
« r « a ' w f t è ' ^fã' «ufàn.1 n » i n i 8 v n ãmi—Eu; ihãra nimantrane—pelo seu convite.
ãra dina caitanya-dãsa kailã nimantrana
TRADUÇÃO—Sri Caitanya Mahaprabhu disse: "Este rapaz conhece Minha mente.
prabhura 'abhista' bujhi' ãnilã vyanjana Por isso, fico muito satisfeito de aceitar-lhe o convite."
ãra dina—no dia seguinte; caitanya-dãsa—o filho de Sivãnanda Sena; kailã niman-
trana—convidou; prabhura—de Sri Caitanya Mahaprabhu; abhista—desejo; bujhi'— V E R S O 151
compreendendo; ãnilã vyanjana—comprou diferentes categorias de legumes.
<m afã' afã-spa asfãtl csfwi i
T R A D U Ç Ã O — N o dia seguinte, Caitanya dãsa, o filho de Sivãnanda Sena, convi-
c;5«awtcica fã«m «fB*jè-«tsri II Í S J II
dou o Senhor. No entanto, Ele pôde compreender a mente do Senhor, e por isso
providenciou outra espécie de refeição.
efa bali' dadhi-bhãta karilã bhojana
V E R S O 149
caitanya-dãsere dilã ucchista-bhãjana
eta bali'—dizendo isso; dadhi-bhãta—iogurte com arroz; karilã bhojana—comeu;
lfà, C r ç . " t a f l T f l , 9111 I
caitanya-dãsere—a Caitanya dãsa; dilã—Ele ofereceu; ucchista-bhãjana—os restos de
Sua comida.
"írflwft" cafial « ç a « t i a c**i 11 • >8a n
TRADUÇÃO—Após dizer isso, o Senhor comeu o arroz misturado com iogurte e
dadhi, lembu, ãdã, ãra phula-badã, lavana
os restos de Sua comida ofereceu-os a Caitanya dãsa.
sãmagrí dekhiyã prabhura prasanna haila mana
dadhi—iogurte; lembu—lima; ãdã—gengibre; ãra—e; phula-badã—bolo macio feito V E R S O 152
de dflhí; lavana—sal; sãmagrí dekhiyã—vendo esses ingredientes; prabhura—de Sri
Caitanya Mahaprabhu; prasanna—satisfeita; haila—ficou; mana—a mente. atraiti « H n f i n e i ira i
TRADUÇÃO—Ele ofereceu iogurte, limas, gengibre, badã macia e sal. Ao ver todos casn casti caa»i 'fãai' itfà i r a 11 n
esses arranjos, Sri Caitanya Mahaprabhu ficou muito satisfeito.
cãri-mãsa ei-mata nimantrane yãya
kona kona vaisnava 'divasa' nãhi pãya
cãri-mãsa—por quatro meses; ei-mata—dessa maneira; nimantrane yãya—Sri
SIGNIFICADO—Pela graça de Sri Caitanya Mahaprabhu, Caitanya dãsa entendeu
Caitanya Mahaprabhu aceita convites; kona kona vaisnava—alguns devotos Vaiç-
a mente do Senhor. Por isso, ele providenciou alimento que anulasse os efeitos
navas; divasa—dia; nãhi pãya—não puderam conseguir.
da refeição pesada que o Senhor comera no dia anterior.
788 Sr» Caitanya-carítâmrta Antya-líla, 1 0 Verso 158 O Senhor Caitanya aceita prasãda
V E R S O 159
quanto a mente. A pessoa que experimenta o néctar destas atividades é com cer-
teza muito afortunada.
<sta acaj atacaa aiifã-fãaat i
<sta i c o •tfàtjii-ijaj-asaa 11 ><rs> I V E R S O 162
V E R S O 161
795
796 O Autor
Bhãrati-vrtti, 85.
Hari-bhakti-sudhodaya, 252.
T
798 Srí Caitanya-carítâmrta Referências 799
Lalita-mãdhava (Rüpa Gosvãmi), 29, 51, 76, 77, 80, 81, 87, 89.
Manu-samhitã, 147.
Nãma-kaumudi, 605.
Nãrãyana-samhitã, 575.
êrimad-Bhãgavatam, 6, 3 6 , 1 9 7 , 204, 221, 245, 248, 249, 263, 278, 306, 311, 312, 313,
314, 353, 360, 383, 395, 396, 427, 430, 432, 435, 439, 497, 520, 564, 575, 582, 583,
589, 590, 592, 647, 666, 702, 706, 727.
Glossário
A
Ãcãrya—mestre espiritual que ensina por seu exemplo.
Acintya-bhedãbheda-tattva—doutrina de "igualdade e diferença simultâneas"
do Senhor Caitanya, que estabelece a inconcebível existência simultânea da
Verdade Absoluta tanto pessoal quanto impessoal.
Ahahgrahopãsaka-mãyãvãdi—pessoa ocupada em atividades fruitivas ou inte-
ressada apenas em gozo dos sentidos.
Aisvarya-jnãna-yukta—emoção com uma compreensão das opulências completas
do Senhor.
Ajna—descrição de Krçna indicando que nada é desconhecido para Ele.
Ãmãní—alimento que não é oferecido ao Senhor Jagannãtha.
Ãmukha—termo técnico para introdução do drama; sofre cinco outras classifi-
cações.
Anamra—aquele que não oferece reverências a ninguém.
Anartha-nivrtti—cessar com tudo o que é indesejável.
Antarahga-sevã—serviço executado no corpo espiritual.
Antya-lilã—os passatempos finais de Caitanya.
Anurasa—imitação de doçuras transcendentais.
Aparasa—oposição de doçuras transcendentais.
Arcã-mürti—a deidade adorável do Senhor Visnu.
Artha—desenvolvimento econômico.
Aruna, jóias—os rubis que decoram a flauta de Krsna.
Asamskrtãh—não regenerado.
Ãsramas—as quatro ordens de vida espiritual — brahmãcãrya, grhastha, vanaprãstha
e sannyãsa.
Astãhga-yoga—o sistema de yoga mística para controlar os sentidos.
Asura—demônio.
Ãtapa-cãula—arroz branco.
A-tattva-jna—aquele que não tem conhecimento da Verdade Absoluta ou que
adora a seu próprio corpo como sendo a Suprema Personalidade de Deus.
Avatãra—(literalmente, aquele que descende); encarnação do Senhor que des-
cende do mundo espiritual ao universo material com uma missão particular
descrita nas escrituras.
Ãvesa-avatâras—encarnações ou seres vivos dotados de poder.
B
Bãbãji—ordem renunciada além de sannyãsa na qual se canta e se lê.
Baddha-jha—alma condicionada que faz distinção entre o corpo e a alma do
Senhor.
Bãla-gopãla—a criança Krsna.
Bãliáa—inocente, como um jovem rapaz.
801
802 Sri Caitanya-caritãmrta Glossário 803
Bandhu-ham—o matador de mãyã. Gosvãmi—aquele que controla o gozo dos sentidos e dedica-se ao serviço a
Bhagavãn—um nome de Krsna que significa aquele que possui todas as opulências. Caitanya.
Bhajanãnandi—o devoto que sempre se ocupa em atividades devocionais mas Govardhana-áilã—uma pedra da Colina de Govardhana em Vrndãvana que é
não prega. adorada como sendo o próprio Krsna.
Bhãva—o estado de êxtase transcendental experimentado após afeição transcen- Grãmya-kathã—conversa relativa a vida familiar.
dental. Grãmya-kavi—alguém que escreve apenas sobre o relacionamento entre homem
Brahma-bhüta—fase de compreensão na qual a pessoa se torna satisfatoriamente e mulher.
ciente de que ela não é o corpo. Grham andhaküpam—afeição familiar.
Brahmãcãrya—vida estudantil de celibato e estudos sob a orientação de um mestre Grhastha—chefe de família que segue as regras de vida santa.
espiritual. Grhavrata—aquele que é apegado a viver num lar confortável embora este seja,
Brahmaloka—o planeta mais elevado do universo, de fato, miserável.
Brahman—o aspecto impessoal todo-penetrante de Krsna. Gundicã-mãrjana—limpar e lavar o templo de Gundicã.
Brahmãnanda—prazer obtido com a liberação impessoal. Guru—mestre espiritual.
Brãhmanas—a classe de homens inteligentes.
I
C
Impessoal, monismo—a filosofia de que tudo é um, e que a Verdade Absoluta
Candãla—comedores de cães. não é uma pessoa.
Catuhsama—mistura de polpa de sândalo, cânfora, aguru e almíscar. Indra—o rei do céu.
Cãturmãsya—quatro meses da estação das chuvas durante os quais os sannyãsis Indra-nila—as jóias que decoram a flauta de Krsna.
não viajam.
J
D -
Jagad-guru—o mestre espiritual do mundo inteiro.
Daksina—oferenda feita pelo discípulo ao mestre espiritual no momento da
Jiva—a entidade viva.
iniciação.
Jhãna—conhecimento.
Dãsya-rasa—relação amorosa com Krsna em servidão.
Jnãní—transcendentalista interessado em especulação filosófica.
Deva-dásís—mãhãris, dançarinas e cantoras profissionais treinadas para represen-
tar a ideologia vaisnava.
Dharma—religiosidade.
Kali-yuga—a era das desavenças, a quarta e última era no ciclo de uma mahã-yuga.
Dharma-dhvají—aquele que aceita sannyãsa mas se deixa agitar pelos sentidos.
Kalpa—um dia de Brahmã.
Kãma—luxúria.
G
Kãma-lekha—trocas de cartas entre um rapaz e uma moça a respeito do despertar
Gadãdhara-prãnanãtha—o Senhor Caitanya, a vida e alma de Gadãdhara Pandita. de seu apego mútuo.
Gadãira Gaura—Senhor Caitanya, o Senhor Gauranga de Gadãdhara Pandita. Kanistha-adhikãri—a mais baixa classe de devotos.
Gandharvas—cantores celestiais. Karma—trabalho fruitivo pelo qual uma pessoa deve aceitar boas ou más reações.
Gaura-gopãla, mantra—mantra composto de quatro sílabas: rã-dhã-krs-na. Karma-bandanah—escravidão às reações de atividades fruitivas.
Gaura, mantra—Gau-ra-ariga. Karma-kãnda—a seção dos Vedas referente ao trabalho fruitivo.
Ghara-bhãta—arroz preparado em casa, não oferecido ao Senhor Jagannãtha no Karmis—trabalhadores fruitivos.
templo. Kaudis—pequenas conchas.
Ghata-patiyã—filosofia Mãyãvãda que não faz distinções afirmando que tudo é Kevala—emoção pura, não contaminada.
igual. Kevalãdvaita-vãdis—filósofos Mãyãvãdis.
Gosãni—preceptor ou ãcãrya. Khãjã—tipo de doce refinado.
Gosthyãnandi—o devoto que é perito em atividades devocionais e que também Khasãdayah—nascimento baixo.
é um pregador. Kisora-gopãla—Krsna como um jovem rapaz.
804 Srí Caitanya-caritãmrta Glossário
U
Udghãtyaka—o aparecimento do ator de um drama, no qual ele apresenta-se
dançando.
Upala-bhoga—oferenda matinal feita à Deidade.
Uparasa—doçuras inferiores.
Uttama-sToka—nome de Krçna indicativo de que ele é glorificado por orações
sublimes.
V
Vãcãla—pessoa que fala de acordo com a autoridade védica.
Vaikuntha—o reino espiritual.
Vairãgi—pessoa na ordem renunciada da vida.
Vairãgya—renúncia.
C u i a do alfabeto e da pronúncia em bengali
Vogais
«ja «rfj « u n T
^ r líle ai o ^èau
Consoantes
£ai C í° C \au
809
810 Sri Caitanya-caritãmrta índice alfabético
Os exemplos seguintes mostram a maneira como se escrevem Este índice alfabético indica o número do capítulo e o número do verso respecti-
vamente. Por exemplo: 3 . 3 3 (Terceiro Capítulo, Verso 3 3 ) .
as vogais quando acompanhadas de consoantes:
kl ^ ku ^ kü A Ãlãlanãtha
Caitanya M a h a p r a b h u p e d e p e r m i s s ã o a
Ãcãrya
P a r a m ã n a n d a Puri para ir para,
prega o culto de bhakti por t o d o o m u n d o ,
* k r fkr C^ke Wkai C^tko kau 3.223 2.132
Alegria
ivja: m e s t r e espiritual
Ãcãryanidhi e x p e r i m e n t a d a na doçura dos p a s s a t e m p o s
Vogais d e Krsna, 5.47
descendeu na Bengala, 7 . 5 0 - 5 2
Alimento
Ãcàryaratna
o c u s t o do alimento de Caitanya, 8 . 8 7
d e s c e n d e u na Bengala. 7 . 5 0 - 5 2
torna-se transcendental q u a n d o oferecido,
a—fonema intermediário entre o o e th—como o th no inglês light-heart. Advaita à c ã r y a
1.92
a. d—como o d no falar caipira em abraçou Rüpa G o s v ã m i , 1.207
Alimentos
associado c o m Haridãsa T h ã k u r a , 3 . 2 1 6 - 2 2 2
i—como o a longo em lata. tarde. como diretamente o Senhor Supremo. 7.17 c o m e r d o c e s afeta o controle d o s sentidos,
i, I—como o i nas palavras adido ou dh—como o dh no inglês red-hot. como encarnação do Senhor Supremo, 6.88 8.44
c o m o o c e a n o d e misericórdia, 5 . 3 d e a c o r d o c o m o s m o d o s d a natureza, 1.92
abrigo. n—como o n no falar caipira em
dançou no c a r r o do (estivai, 7 . 7 3 - 7 4 no m o d o da b o n d a d e . 1.92
u, O—como o u em acudir. carneiro. decidido a lazer Krsna d e s c e n d e r , 3 . 2 2 4 Alma
r—como o r n o falar caipira em carta. t—como o t em teto. e n c o n t r o u - S e c o m Haridãsa T h ã k u r a . 3.214 alcança a origem do G a n g e s na hora da
th—como o th no inglês light-heart estabeleceu p a d r ã o para Vaisnava sampra- morte, 1.37
T—como no inglês reed.
dãya. 3.223 c o m o não diferente do c o r p o espiritual.
e—como o e em pena; r a r a m e n t e (linguo-dental). falsos s e g u i d o r e s de, 6.161 5.119-123
como o e em sete. d—como o d em devoto ficou atrás, e s p e r a n d o pela c h e g a d a de poeta bengali fez distinção entre o c o r p o de
dh—como o dh no inglês red-hot J a g a n n ã t h a e, 5.120-121
ai—como o ai em pai. Caitanya, 2 . 4 5
Almas condicionadas
o—como o o em goma. (linguo-dental). guiou os devotos de Bengala para jagannãtha
c o m o amigas de mãyã. 5 . 1 4 3
n—como o n em nada. Puri. 10.4
au—como o au em causa. induziu Krsna a d e s c e n d e r , 8 . 4 c o m o infelizes, 3 . 1 2 6
r h — ( a n u s v ã r a ) como o m em bem. p—como o p em puro. mostrou respeito a Haridãsa Thãkura, 3 . 2 1 5 c o m o servas da energia material, 5 . 1 2 5
ph—como o ph no inglês up-hill. não assustado com a cultura bramínica e cos- divisão entre c o r p o e alma para as, 5 . 1 1 4 , 1 2 2
h—(pisaria) - (aspiração): ah, som de não r e c o n h e c e m seu g a n h o atual, 7 . 1 1 9
b—como o b em boi. tumes, 2.221
arrá; ih, som de irri. ofereceu água do G a n g e s e folhas de tulasi, purificadas por cantar os santos nomes, 7.12
n — ( c a n d r a - b i n d u ) como o n em encher. bh—como o bh no inglês rub-hard. Amor
3.224
m—como o m em mãe. qualidades de. 7 . 1 8
propósito do a m o r puro é satisfazer Krsna
k—como o ca em cativo. 7.39
y—como o j no inglês jaw. s e m p r e m e d i t a n d o na s a l v a ç ã o d a s almas
kh—como o kh no inglês Eckhart. R ã m ã n a n d a Rãya incessantemente absorto
y—como o i em alfaiate, caídas, 3.251
g—como o g em antigo. em, 7.36
tomou prasãda c o m Caitanya, 7 . 6 5
r—como o r em caro. Vallabha Bhatta argüiu c o m , 7 . 1 0 0 - 1 0 5
A m o r a Deus
gh—como o gh no inglês dig-hard.
1—como o 1 em luz. Y a d u n a n d a n a à c ã r y a foi iniciado por. 6.162 alguém que v é Caitanya recebe, 9 . 7
n—como o n em ângulo. Afeição C a i t a n y a d o m i n a d o pelo extático, 1.82
v—como o b em bola ou o u em
c—como titia no falar carioca. características das e m o ç õ e s descritas, 1.148
quando. pelos devotos, c a u s a o a p a r e c i m e n t o de
c o m o verdadeiro resultado do serviço devo-
ch—como o ch no inglês staunch- Krsna a p a r e n t e m e n t e c o m o u m
cional, 9 . 1 3 7
s, ç—como o x em xadrez. ser h u m a n o c o m u m , 5 142
heart. extático, descrito no Vidagdha-mãdhava, 1.126
A|ãmila instruções sobre c o m o alcançar, 8 . 3 4
j—como o dj em adjetivo. s—como o s em sol. salvo pelos s a n t o s n o m e s . 3 . 6 4 ísvara Puri c o m o o c e a n o de extático, 8.31
jh—como o geh no inglês hedgehog. h—som aspirado semelhante ao falar Akíncana K r s n a d ã s a Nityãnanda s e m p r e intoxicado c o m , 7 . 2 0
n - c o m o o nh em lenha. carioca em Rio, ou como no inglês foi a ( a g a n n ã t h a Puri. 10.11 o u v i n d o sobre Caitanya, desperta-se extáti-
Ãlãlanãtha co, 8.102
t—como o t no falar caipira em carta. home.
Caitanya desejou ir para, 9 60
811
812 Sn Caitanya-caritãmrta índice alfabético 813
COMUNIDADFS RURAIS: