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EGITO provisões deliciosas, cria todas as coisas

boas, é o senhor das nutrições agradáveis e


As origens da civilização egípcia datam de escolhidas. Ele produz a forragem para os
4.000 anos a.C. A população começou a se animais, provê os sacrifícios para todos os
concentrar no vale do rio Nilo, formando as deuses. Ele se apodera de dois países e os
primeiras aldeias (nomos), que mais tarde celeiros se enchem, os entrepostos
evoluíram para prósperas cidades agrícolas regurgitam, os bens dos pobres se
e depois se uniram formando o Alto Egito multiplicam; torna feliz cada um conforme
(ao sul) e o Baixo Egito (ao norte). O Egito seu desejo... Não se esculpem pedras nem
sempre dependeu do Nilo para sua estátuas em tua honra, nem se conhece o
formação e seu desenvolvimento. Seus lugar onde ele está. Entretanto, governas
habitantes travavam uma luta constante como um rei cujos decretos estão
para controlar as inundações periódicas estabelecidos pela terra inteira, por quem
desse rio, graças ao qual obtinham também são bebidas as lágrimas de todos os olhos e
grandes colheitas. Por volta de 3200 a.C., o que é pródigo de tuas bondades."
rei Menés (ou Narmer), do Alto Egito,
conquistou as cidades do Baixo Egito, "O Egito é uma dádiva do Nilo."
unificando todo o império. Floresceu então
a cultura egípcia, que deixou como legado Em síntese, pode-se dizer que a vida só se
grandes invenções, como a moeda, o tornou possível nas terras do Egito por
calendário agrícola, o arado, a escrita causa do grande rio Nilo. Anualmente, de
hieroglífica e a fabricação do papiro. Seu junho a novembro, chovia nas nascentes
esplendor manifestou-se em gigantescos deste, o que provocava inundações e o
templos e pirâmides e revelou-se na aumento do nível da água. Neste período as
filosofia, na arte e nas ciências. cheias arrastavam tudo que estivesse às
margens e, consequentemente, impedia a
O Rio Nilo agricultura.
No entanto, quando as águas voltavam ao
O Egito da Antigüidade dividia-se em duas nível normal, uma grossa camada de limo
terras: o Alto Egito, que corresponde ao sul fertilizante (húmus) era deixada sobre a
do país, e Baixo Egito, a região do Delta do terra, propiciando o cultivo de todos os
Nilo. Em cada porção o povo vivia de um tipos de cereais, frutas e outras culturas.
modo distinto, até porque o clima entre Desse modo, povos que antes foram
norte e sul era diferente. Portanto, o tipo de nômades logo se fixaram no vale do Nilo,
produtos cultivados também diferia. originando a próspera civilização egípcia.
Ao logo da história egípcia, porém, o povo SOCIEDADE
sempre falou a mesma língua, compartilhou
uma mesma visão do mundo, uma mesma No Egito Antigo observamos uma estrutura
estrutura institucional, entre outras coisas. bastante rígida, na qual a possibilidade de
Eles cultivavam a idéia de superioridade ascensão era mínima entre seus integrantes.
perante outros povos e lutavam para manter No topo dessa hierarquia estava o Faraó,
seus costumes e valores. governante máximo do Estado e adorado
como uma divindade viva descendente de
A melhor explicação para a importância do Amon-Rá. A função político-religiosa por
rio Nilo para os egípcios está escrita no ele ocupada imprimia uma natureza
hino, desenvolvido por eles ainda na teocrática ao governo egípcio. Para a
Antigüidade e também na célebre frase do população, a prosperidade material estava
filósofo e historiador grego Heródoto: intimamente ligada às festas e rituais feitos
"Salve, ó Nilo! Ó tu que manifestaste sobre em sua homenagem.
esta terra e vens em paz para dar vida ao Logo abaixo de seu sagrado governante, os
Egito. Regas a terra em toda a parte, deus sacerdotes compunham um primeiro e
dos grãos, senhor dos peixes, criador do restrito grupo social privilegiado. A função
trigo, produtor da cevada... Ele traz as de mediadores entre os deuses e os homens
lhes concedia enorme prestígio entre os radicalmente subalterna com relação aos
demais membros da sociedade egípcia. seus donos. Mais tolerantes aos estrangeiros
Responsáveis pelo equilíbrio das atividades que outros povos, os egípcios tinham o
religiosas, tomavam a tarefa de administrar costume de zelar pela condição de vida dos
todos os bens a serem ofertados pelos escravos postos sob o seu domínio.
deuses. Dessa forma, acabavam
acumulando uma expressiva quantidade de O Templo
bens materiais ao longo de sua vida.
Era uma construção monumental destinada
Muito próximos da condição privilegiada ao culto dos deuses. Ali também se
vivida pela classe sacerdotal, os membros prestavam homenagens aos faraós,
da nobreza eram originários da família do destacando seu poder sobrenatural. Seu
Faraó, dos líderes do Exército e dos altos intuito era impressionar o povo e, assim,
funcionários do governo. Logo em seguida, dominá-lo. Com suas muralhas, o templo
os escribas formavam um setor separava o mundo celestial do mundo
intermediário da sociedade egípcia. Em terreno, convertendo o faraó em
razão de sua formação escolar privilegiada, intermediário entre o povo e os deuses. No
em que aprendiam a escrita e a leitura dos templo, os valores religiosos e os
hieróglifos, eram remunerados para administrativos eram unidos. Com o tempo,
auxiliarem no desenvolvimento de várias os sacerdotes adquiriram um grande
atividades comerciais e administrativas. destaque econômico e político.

Elementos Arquitetônicos
Os comerciantes também tinham grande
importância para o desenvolvimento da Nos templos egípcios havia um esquema
economia egípcia ao promoverem a básico sempre repetido: uma avenida
circulação de riquezas entre seu povo e as externa de esfinges conduzia à porta
demais civilizações vizinhas. Graças à sua principal. Depois desta, havia um grande
ação, era possível o acesso a uma série de pátio que dava acesso à sala hipostila.
produtos, como a madeira, utilizada na Vinha, então, a sala dos sacerdotes. Atrás de
construção de embarcações e sarcófagos; o um segundo pátio localizava-se o santuário,
cobre e o estanho, metais úteis na onde ficava a imagem da divindade. A essa
fabricação de armamentos militares; e sala só tinham acesso o faraó e o sumo
ervas, geralmente empregadas na medicina sacerdote. Uma muralha rodeava todo o
e nos processos de mumificação. conjunto, isolando-o do exterior.

Compondo uma parcela menos privilegiada Atividades


da sociedade egípcia, temos os soldados,
camponeses e artesãos. Os soldados viviam No templo, o faraó e os sacerdotes rendiam
dos produtos recebidos em troca dos culto aos deuses. Para cuidar dos deuses, os
serviços por eles prestados e, em alguns sacerdotes varriam e lavavam o santuário. A
momentos da história egípcia, eram imagem da divindade era retirada e a ela se
recrutados entre povos estrangeiros. Os ofereciam comida e roupas; depois disso,
camponeses trabalhavam como servos nas era recolocada no lugar. Além disso, o
terras do Estado e recebiam pouco pela templo era uma grande unidade econômica:
função que exerciam. Da mesma forma, os controlava a atividade econômica da cidade,
artesãos tinham uma vida bastante simples mobilizando grande número de
e trabalhavam nas construções e oficinas funcionários e outros trabalhadores. Em seu
existentes no país. interior, havia escolas, oficinas e armazéns.

Não exercendo grande importância, os Economia


escravos formavam uma classe reduzida no
interior da sociedade egípcia. Em geral, A economia baseava-se na agricultura
estes escravos eram obtidos por meio das (trigo, cevada, linho, algodão, legumes,
conquistas militares. Curiosamente, esses frutas e papiro), na criação (bois, asnos,
não viviam uma condição social gansos, patos, cabras e carneiros), na
mineração (ouro, cobre e pedras preciosas) graças ao deslocamento de pequenas
e no artesanato. populações provenientes da Ásia Central e
de regiões montanhosas da Eurásia. Cerca
A mulher, a família e o Casamento no de um milênio mais tarde, os povos semitas
antigo Egito também habitaram essa mesma região. Já
nesse período, a Mesopotâmia possuía um
A visão da mulher institucionalizada no expressivo conjunto de cidades-Estado,
Antigo Egito aparece claramente em alguns como Nipur, Lagash, Uruk e Ur.
textos chamados de Instruções de
Sabedoria. Os escribas aconselhavam aos
Essas primeiras cidades são parte integrante
egípcios a se casarem cedo e terem muitos
da civilização sumeriana, tida como a
filhos, além de abordar o cuidado que um
primeira a surgir no espaço mesopotâmico.
homem deve ter com as mulheres estranhas
Dotadas de ampla autonomia política e
e belas.
religiosa, essas cidades viveram intensas
A Mumificação disputas militares em torno de regiões
férteis da Mesopotâmia. Nesse meio tempo,
A preocupação com a vida após a morte os semitas foram ocupando outras áreas
constitui característica essencial da cultura onde futuramente nasceriam novos centros
egípcia antiga, e refletiu-se na adoção de urbanos. Entre as cidades de origem semita,
práticas funerárias bastante incomuns, damos especial destaque a Acad, principal
como a mumificação - tida como a garantia centro da civilização acadiana.
da existência eterna. Conforme demonstram
claramente muitos registros, os antigos Nesse período de disputas e ocupações
egípcios sabiam que o corpo físico jamais podemos observar riquíssimas
iria renascer. Mas as partes etéreas que contribuições provenientes dos povos
formavam um ser humano, como o Ká - mesopotâmicos. Entre outros pontos,
comumente traduzido por “espírito” - podemos destacar a criação de uma ampla
precisavam se identificar por completo com rede comercial, códigos jurídicos, escolas,
o corpo ao qual pertenciam. Logo, este conhecimentos matemáticos (multiplicação
deveria ser preservado. A destruição do e divisão), princípios médicos, a
corpo acarretava a destruição das partes formulação da escrita cuneiforme e a
espirituais e, consequentemente, a perda da construção dos templos religiosos
vida eterna. O costume foi relacionado ao conhecidos como zigurates. Por volta de
culto do deus Osíris, a divindade mais 2350 a.C., os acadianos, liderados por
popular nos tempos faraônicos, senhor do Sargão, dominaram as populações
além-túmulo. sumerianas.

MESOPOTÂMIA Em 1900 a.C., a civilização amorita – povo


de origem semita – criou um extenso
A região entre os rios Tigre e Eufrates foi o império centralizado na cidade de
berço de diversas das civilizações Babilônia. Hamurábi (1728 – 1686 a.C.),
desenvolvidas ao longo da Antigüidade. O um dos principais reis desse império, foi
aparecimento de tantas culturas nessa responsável pela unificação de toda a
região é usualmente explicado pela Mesopotâmia e autor de um código de leis
fundamental importância dada aos regimes escritas conhecido como Código de
de cheias e vazantes que fertilizavam as Hamurábi. Esse conjunto de leis contava
terras da região. Ao longo desse processo, com cerca de 280 artigos e determinava
sumérios, assírios e acádios criaram vários diversas punições com base em critérios de
centros urbanos, travaram guerras e prestígio social.
promoveram uma intensa troca de valores e
costumes. Por volta de 1300 a.C. o Império
Babilônico entrou em decadência em
Segundo alguns estudos realizados, a resultado da expansão territorial dos
ocupação dessa parcela do Oriente Médio assírios. Contando com uma desenvolvida
aconteceu aproximadamente há 4000 a.C., estrutura militar, esse povo ficou conhecido
pela violência com que realizavam a em busca de alimento. Outro ponto de
conquista de outros povos. As principais importante destaque era o papel
conquistas militares do Império Assírio desempenhado pelo Estado no
aconteceram nos governos de Sargão II, desenvolvimento da agricultura na região.
Senaqueribe e Assurbanipal. Com o passar
do tempo, esse opulento império não O governo organizava a implantação de um
resistiu às revoltas dos povos por eles sistema de servidão coletiva responsável
mesmos dominados. pela administração das atividades agrícolas.
Além disso, o Estado era o responsável
No ano de 612 a.C., os caldeus direto pela condução de obras públicas
empreenderam uma vitoriosa campanha desenvolvidas com o objetivo primordial de
militar que deu fim à hegemonia dos ampliar as atividades agrícolas. Ao
assírios. A partir dessa conquista ficava contrário dos egípcios, os mesopotâmicos
registrada a formação do Segundo Império não abdicavam da propriedade das terras
Babilônico ou Neobabilônico. O auge desta em benefício do Estado. Todavia, os
nova hegemonia na Mesopotâmia ficou a trabalhadores agrícolas eram obrigados a
cargo do Imperador Nabucodonosor II. Em ceder parte de sua produção.
seu governo, importantes construções,
como a Torre de Babel e os Jardins Geralmente, os campos férteis eram
Suspensos, representaram o notável utilizados na plantação de trigo, cevada,
progresso material dessa civilização. centeio e para a criação de animais
domesticados. Com desenvolvimento das
Em 539 a.C., durante o processo de atividades agro-pastoris, os povos
formação do Império Persa, os babilônios mesopotâmicos foram capazes de acumular
foram subordinados aos exércitos excedentes responsáveis pela articulação
comandados pelo imperador Ciro II. Essa das primeiras atividades comerciais. A
conquista assinalou o fim das grandes facilidade de deslocamento no território
civilizações de origem mesopotâmica que mesopotâmico e a carência de produtos em
marcaram a história da Antigüidade certas regiões também contribuíram
Oriental. enormemente para a consolidação de uma
classe de mercadores.
ECONOMIA Diversas caravanas eram formadas com o
intuito de buscar matérias-primas como
A economia dos povos mesopotâmicos, pedras preciosas, marfim, cobre e estanho.
tendo grande semelhança com o Egito, era Ao longo de sua história, a Mesopotâmia se
sustentada pela produção agrícola obtida às transformou em um dos maiores centros
margens dos rios Tigre e Eufrates. No comerciais do Oriente, atraindo o interesse
entanto, a violência e irregularidade do de comerciantes da Ásia Menor e da região
sistema de cheias desses dois rios exigiam do Cáucaso. Com um padrão monetário
um esforço maior para que a exploração pouco desenvolvido, a grande maioria das
agrícola fosse viabilizada. Dessa forma, a negociações era feita a partir da troca de
tecnologia agrícola desses povos exigia a barras de ouro e prata.
elaboração de um sofisticado sistema de SOCIEDADE E CULTURA
irrigação e drenagem controlada pela
construção de diversos diques e barragens.
Os povos mesopotâmicos ficaram
Ao mesmo tempo, é importante salientar conhecidos pelas inúmeras cidades-Estado
que a disponibilidade de terras férteis na independentes que ocupavam a região dos
Mesopotâmia não era homogênea. Em rios Tigre e Eufrates. Em cada uma delas
contraste às férteis planícies meridionais, a havia a presença de uma autoridade real
porção norte do território possuía um solo responsável pelas principais decisões de
árido e extremamente acidentado. Esse cunho político e religioso. Mesmo estando
contraste motivava, por exemplo, muitos associados aos deuses, os reis
pastores assírios a invadirem terras ao sul mesopotâmicos não eram vistos como
divindades. Habitando suntuosos palácios e religiosos e militares tinham grande
tendo um amplo corpo de funcionários à destaque. Paralelamente, a cerâmica
sua disposição, a realeza compunha o topo também tinha grande destaque na criação de
da hierarquia social. utensílios e no registro de documentos
escritos.
Logo após o rei e seus familiares, a
pirâmide social dos povos mesopotâmicos RELIGIÃO E LITERATURA
contava com uma classe intermediária
integrada por nobres, guerreiros,
funcionários públicos e sacerdotes que No campo da religiosidade, a Mesopotâmia
desempenhavam importantes funções poder ser vista como um “grande caldeirão”
próximas à manutenção do Estado. A de crenças e divindades. Muitos desses
grande maioria da população era deuses possuíam forma humana (masculina
pertencente a uma classe de camponeses e ou feminina) e geralmente tinham suas
trabalhadores que prestavam serviço à características vinculadas a elementos da
comunidade. Dessa maneira, essas natureza ou corpos celestes. Em diversas
sociedades eram majoritariamente culturas poderíamos encontrar a presença
sustentadas por uma ampla classe de de divindades comumente adoradas como
homens livres. Shamash (deus do Sol e da justiça), Anu
(senhor dos céus), Sin (deusa da Lua) e
Entretanto, em algumas sociedades de Ishtar (deusa da guerra e do amor).
caráter iminentemente militarista, como no
caso dos assírios, havia a presença de uma O pensamento religioso dos povos
classe de escravos. Nas sociedades onde a mesopotâmicos tinha traço dualista,
questão da propriedade da terra não tinha admitindo a existência de deuses inclinados
um caráter rígido e centralizado, a presença para o bem e para o mal. Dessa maneira, a
de escravos era restrita, tendo em vista a magia, a adivinhação e a astrologia eram
disponibilidade de mão-de-obra oferecida utilizadas como meios de interação e
pelo sistema de servidão coletiva. Em conhecimento dos desígnios desse
certos casos, os escravos eram utilizados complexo conjunto de divindades. A prática
para a realização de tarefas mais exaustivas religiosa era estabelecida nos ambientes
e perigosas. públicos e privados, sendo os zigurates os
principais centros de adoração da
No campo científico, as culturas população.
mesopotâmicas tiveram destacado papel no
desenvolvimento da escrita com a criação Diversas culturas mesopotâmicas
de um sistema de caracteres cuneiformes. acreditavam na vida após a morte e, por
Com o progresso das atividades comerciais, isso, desenvolviam uma série de rituais
a álgebra teve grande desenvolvimento com funerários. Geralmente os mortos eram
a criação de operações matemáticas e enterrados com alguns de seus objetos
sistemas de pesos e medidas. pessoais e a tumba que abrigava o corpo
Paralelamente, o interesse pela Astronomia poderia indicar a condição financeira do
permitiu a distinção das estrelas e dos falecido. De acordo com algumas narrativas
planetas, e o desenvolvimento de um míticas, os mortos passavam o além-vida
calendário lunar com doze meses de em um mundo subterrâneo onde se
duração. alimentavam de pó para o resto de seus
dias.
No terreno das artes e da arquitetura os
mesopotâmicos ficaram conhecidos pela Influenciada pelos seus valores religiosos, a
construção de suntuosos palácios e templos, literatura mesopotâmica era repleta de
mais conhecidos como zigurates. A mitos que explicavam a origem dos deuses
escultura mesopotâmica era bastante e do mundo. A obra “O mito da criação”
simples, contando com imagens sem relata a origem do mundo graças aos feitos
expressão e uma representação minimalista de Marduk, uma das principais divindades
dos corpos. Na pintura, os temas cotidianos, dos babilônios. Na “Epopéia de Gilgamesh”
temos as desventuras do gigante que, em algumas lendas contidas nesse livro são
tempos remotos, teria controlado a cidade próximas às narrativas do Antigo
de Uruk. Segundo alguns estudiosos, Testamento.

ATIVIDADES

1. A domesticação de animais e o cultivo suficiente para sobreviver em


das plantas caracterizaram uma qualquer parte da Terra.
mudança profunda na história do
homem. Tal evento é conhecido como 3. De acordo com o egiptólogo Paul
Revolução Agrícola ou Neolítica. Johnson, “não se pode supor que a
Podemos afirmar como conseqüência religião tinha sido um fator retardativo
da citada Revolução: na evolução da civilização egípcia.
Muito pelo contrário: ela foi seu
a) O fim da necessidade dos grupos impulso cultural mais importante.”
humanos de viverem como Sendo assim, assinale a alternativa que
nômades. não é um reflexo direto da importância
b) A desestabilização da teia alimentar da religião no Egito Antigo.
na natureza, uma vez que o homem
passou da qualidade de caça à de A) As grandes pirâmides.
caçador. B) A prática da mumificação.
c) A formação dos primeiros conflitos C) O caráter pacífico do povo egípcio.
tribais. D) O poder teocrático exercido pelo
d) O fim da pré-história. Faraó.

2. “O Egito é uma dádiva do Nilo.” Esta


afirmação foi feita pelo grego Heródoto 4. A prática da agricultura e a criação
de Halicarnasso quando esteve no de rebanhos implicaram alterações nas
Egito, ainda, antes de Cristo. Assinale a sociedades neolíticas. Nesse contexto, em
alternativa que melhor representa a diversas comunidades do Oriente Próximo,
afirmação de Heródoto. identifica-se, entre outras transformações,
o(a)
a) O rio Nilo foi um castigo dos
deuses, pois muitos egípcios A) desenvolvimento de Impérios
morreram devido as enchentes caracterizados pelo afastamento das
provocadas pela repentina elevação tradições mítico-religiosas em favor de
do nível de suas águas, o que um pensamento racional e naturalista.
acontecia com certa freqüência. B) ampliação das atividades lucrativas,
b) Se não existisse o rio Nilo cortando como, por exemplo, o comércio
o deserto que faz parte do Egito, realizado pelos estrangeiros e seus
não haveria possibilidade de uma escravos nos domínios das diversas
civilização se desenvolver naquela cidades.
localidade. C) surgimento de uma prática política
c) A presença do rio Nilo foi descentralizadora, que permitiu o livre
importante porque sem ele não desenvolvimento econômico das
haveria possibilidade alguma dos diferentes regiões ocupadas.
grupos humanos se alimentarem. D) diferenciação social baseada na
d) O Egito poderia existir sem o rio riqueza e no poder, com o surgimento
Nilo, pois os grupos humanos já do Estado, instrumento de controle e
tinham avançado culturalmente o apropriação dos recursos naturais.

SBJT. Seria, no mínimo, ousado, afirmar qual é a Civilização é mais antiga da humanidade: a
dúvida paira entre Egito e Mesopotâmia. Entretanto, muitas semelhanças e diferenças existiam
entre essas duas civilizações. Escreva um texto comparando o Egito Antigo e a Mesopotâmia
ressaltando suas SEMELHANÇAS.
origem semita, pertencente ao mesmo grupo do
aramaico e de outras línguas mesopotâmicas.

Teria sido Jacó, mais tarde chamado


A CIVILIZAÇÃO DOS HEBREUS Israel, o chefe da ocupação da Palestina no
século XVII a.C., para uns, ou no século XIV
Localização Geográfica da Palestina e a.C., para outros. Nessa época, algumas tribos
as Fontes da História dos Hebreus israelitas, junto com outros hebreus vitimados
pela fome, partiram para o Egito, onde foram
escravizados pelo Estado. Por volta de 1350
A Palestina era uma estreita faixa de terra a.C., liderados por Moisés, teriam se retirados
banhada pelo rio Jordão e localizada a sudeste do Egito através da abertura no Mar
do atual Líbano. A principal fonte da história Vermelho.Nesse período de êxodo, os hebreus
antiga dos hebreus é a Bíblia, porém ela não possuíam seu sistema religioso monoteísta.
relata fielmente os acontecimentos, pois sua
preocupação volta-se muito mais para a unidade
e identidade de um povo do que para um Ao regressarem do Egito, encontraram
acontecimento narrado. suas terras ocupadas pelos cananeus e tiveram
que lutar pela sua posse, já que haviam
abandonado o nomadismo durante sua
A Bíblia reflete a concepção mitológica permanência no Egito. Essa conquista foi lenta,
dos hebreus. Como mito ela reflete o permitindo a miscigenação entre israelitas e
pensamento de um povo e como documento cananeus, que falavam línguas semelhantes.
histórico ela permite acompanhar a evolução Durante esse período, os hebreus
dos mitos e a concepção de mundo dos hebreus, desenvolveram um sistema tribal, onde a
fazendo referências a costumes e padrões de propriedade privada dos bens de produção
comportamento. As outras fontes históricas são inexistia.
as obras de Flávio Josefo e de Filo, que
fornecem informações sobre o período da
dispersão dos judeus e de sua adaptação pelo Mais tarde, os filisteus se apoderaram
mundo romano. Todas as fontes, porém, devem da costa meridional da palestina e durante quase
ser comparadas com os achados arqueológicos. um século os israelitas lutaram contra eles. Foi
nessa época que se formou a monarquia
hebraica.
A Origem dos Hebreus
Características da Monarquia Hebraica
Segundo Gênesis, Abraão nasceu em
Ur, cidade caldéia da Mesopotâmia, e recebeu A monarquia iniciou-se com Saul, mas
do Senhor a ordem de abandonar seu povo e se foi seu sucessor Davi, que conseguiu atrair as
estabelecer na terra de Canaã (terra prometida). tribos do sul para seu reino. No reinado de Davi
Isso teria ocorrido por volta de 2000 a.C. e seus e mais tarde de Salomão, seu filho, a monarquia
descendentes teriam se multiplicado e formado atingiu seu apogeu, sem jamais poder ser
o povo israelita. O mito explicativo da origem comparada, entretanto, aos grandes impérios
de um povo, a partir de um ancestral comum, é egípcio ou babilônico. A organização do Estado
bastante desenvolvido em sociedades primitivas tornou-se mais complexa, e os antigos chefes de
nômades e pastoris, como a dos primitivos clãs, de gens e mesmo os chefes guerreiros
hebreus. transformaram-se na aristocracia, que enriquecia
com o comércio de caravanas e com a
apropriação das terras dos camponeses
Nesse estágio, os israelitas, portadores endividados. As construções de grandes templos
de uma economia nômade e pastoril, viviam em levavam ao aumento de impostos e de trabalhos
clãs ( famílias extensas), compostos pelo excedentes que os camponeses deviam ao
patriarca de cada clã, o poder e o prestígio eram Estado, o que tornava cada vez mais difícil à
personificados pelo patriarca, e os laços vida das camadas populares. Por outro lado, a
interclãnicos eram frouxos. Hoje, temos várias construção dos templos e a instauração de uma
evidências da origem mesopotâmica do povo camada de sacerdotes, portadores de certos
hebreu, tais como a semelhança entre mitos direitos inacessíveis ao povo, acabavam com os
mesopotâmicos e mitos hebreus (mito do aspectos mais livres da religião, criando uma
dilúvio, por exemplo) e a semelhança estreita dependência entre o povo e o poder
lingüística, pois o hebreu é uma língua de político.
Por volta de 935 a.C., as dez tribos do derivado da palavra semita kena'ani,
norte revoltaram-se contra o rei Roboão, "mercador".
sucessor de Salomão, e formaram o reino
independente de Israel, enquanto as duas tribos Os fenícios chegaram às costas
do sul formaram o reino de Judá. O reino de libanesas por volta de 3000 a.C. Sua origem é
Israel, enfraquecido pelas revoltas internas e obscura, mas sabe-se que eram semitas,
pelas constantes guerras com Judá, foi procedentes provavelmente do golfo Pérsico.
dominado em 723 a.C. pelos assírios. O reino de No começo, estiveram divididos em pequenos
Judá foi conquistado pelos caldeus, liderados estados locais, dominados às vezes pelos
por Nabucodonosor, em 586 a.C., e os judeus impérios da Mesopotâmia e do Egito. Apesar de
foram levados como escravos para a Babilônia. submetidos, os fenícios conseguiram
desenvolver uma florescente atividade
A Diáspora dos Judeus econômica que lhes permitiu, com o passar do
tempo, transformar-se numa das potências
Os judeus recobraram certa comerciais hegemônicas do mundo banhado
independência quando os persas, sob o comando pelo Mediterrâneo.
de Ciro, conquistaram a Babilônia. No ano de
333 a.C., Alexandre, o Grande, da Macedônia, A dependência dos primeiros fenícios
dominou todo o oriente Médio, mas aos poucos, em relação ao poderio egípcio iniciou-se com a
depois de longas lutas, os judeus consolidaram IV dinastia, e é notada pela grande quantidade
sua independência. de objetos de influência egípcia encontrados nas
escavações arqueológicas. No século XIV a.C.,
Com a expansão do império romano, a civilização grega de Micenas fez seu
essa região passou a ser dominada por Roma. aparecimento na Fenícia, com o estabelecimento
Mesmo dominados os judeus mantiveram uma de comerciantes em Tiro, Sídon, Biblo e Árado.
autonomia relativa até o ano 70 de nossa era. As invasões dos chamados povos do mar
Nesse ano, os romanos tentaram construir um significaram uma grande mudança para o
templo para Júpiter, em Jerusalém, o que mundo mediterrâneo: os filisteus se instalaram
ocasionou a rebelião do povo judeu. O na Fenícia, enquanto Egito e Creta começavam
esmagamento dessa rebelião provocou sua fuga a decair como potências.
para diversas partes do mundo. A partir desse
momento deixou de existir um Estado judeu até Dessa forma, a Fenícia estava
o ano de 1948. Essa dispersão dos judeus pelo preparada no século XIII a.C. para iniciar a sua
mundo é conhecida como diáspora. expansão marítima. A cidade de Tiro assumiu o
papel hegemônico na região. Em pouco tempo,
seus habitantes controlaram todas as rotas
comerciais do interior, comercializando
FENÍCIOS principalmente madeira de cedro, azeite e
perfumes. Quando dominaram o comércio na
área, iniciaram a expansão pelo Mediterrâneo,
onde fundaram muitas colônias e feitorias. Os
Os fenícios assimilaram as culturas do fenícios escalaram primeiro em Chipre, ilha
Egito e da Mesopotâmia e as estenderam por com a qual há muito mantinham contato.
todo o Mediterrâneo, do Oriente Médio até as
costas orientais da península ibérica. O maior
legado que deixaram foi um alfabeto do qual Se estabeleceram em Cício ou Kítion
derivam os caracteres gregos e latinos. (Larnaca). A faixa costeira da Anatólia também
Chamou-se Fenícia à antiga região que se conheceu a presença fenícia, embora lá não se
estendia pelo território do que mais tarde seria o tenham estabelecido colônias permanentes. No
Líbano e por parte da Síria e da Palestina, sul da Palestina, sob domínio judeu desde o fim
habitada por um povo de artesãos, navegadores do século XI a.C., assentaram-se colônias
e comerciantes. comerciais estáveis, assim como no Egito,
sobretudo no delta do Nilo.
O Mediterrâneo ocidental foi, no entanto, a
Biblo (futura Jubayl), Sídon (Saída), região de maior atração para os fenícios, que
Tiro (Sur), Bérito (Beirute) e Árado foram as mantiveram relações econômicas com Creta,
suas cidades principais. O nome Fenícia deriva mas a presença dos gregos os induziu a
do grego Phoiníke ("país da púrpura" ou, dirigirem-se mais a oeste, chegando à Sicília,
segundo alguns, "terra das palmeiras"). Na onde fundaram Mócia (Mótya), Panormo
Bíblia, parte da região recebe o nome de Canaã, (Panormum) e Solos (Sóloi).
No norte da África, os fenícios tinham-
se estabelecido em Útica no século XII a.C. e Segundo Heródoto e outros historiadores gregos
fundaram outros núcleos no século IX a.C., da antiguidade, o nome Pérsia deriva de Perseu,
entre os quais Cartago. Na península ibérica, antepassado mitológico dos soberanos daquela
Gades (Cádiz), fundada no século XII a.C., foi o região. A civilização persa conheceu grande
porto principal dos fenícios, que ali adquiriam esplendor com a dinastia aquemênida, que
minerais e outros produtos do interior. Na ilha manteve longa disputa com as cidades gregas
de Malta, a Fenícia impôs seu controle no pela hegemonia na Anatólia e no Mediterrâneo
século VIII a.C., e a partir de Cartago fez o oriental. O território central da civilização persa
mesmo em relação a Ibiza no século VI a.C. foi o planalto do Irã, entre o mar Cáspio e o
golfo Pérsico, um dos grandes focos de
O esplendor econômico e cultural da civilização do rio Indo e da Mesopotâmia.
Fenícia viu-se ameaçado a partir do século IX Desde tempos ancestrais, sucessivos grupos
a.C., quando a Assíria, que precisava de uma étnicos estabeleceram-se na região. Ao longo do
saída para o mar a fim de fortalecer sua posição terceiro e do segundo milênios anteriores à era
política no Oriente Médio, começou a cristã foram formados os reinos dos guti, dos
introduzir-se na região. O rei assírio cassitas e dos elamitas, entre outros.
Assurbanipal estendeu sua influência a Tiro,
Sídon e Biblo, cidades às quais impôs pesados No segundo milênio surgiram também
tributos. as primeiras tribos indo-européias,
provavelmente originárias das planícies do sul
A dominação assíria obrigou as cidades da Rússia, e no início do primeiro milênio
fenícias a firmarem uma aliança: em meados do ocorreu a segunda chegada de povos indo-
século VIII a.C., Tiro e Sídon se uniram para europeus procedentes da Transoxiana e do
enfrentar os assírios, aos quais opuseram tenaz Cáucaso, entre os quais estavam os medos e os
resistência; mas, apesar desses esforços de persas. Os dois grupos são mencionados pela
independência, a Assíria manteve sua primeira vez em inscrições da época do rei
hegemonia. Os egípcios, também submetidos à assírio Salmanasar III, por volta do ano 835 a.C.
influência assíria, estabeleceram um pacto
defensivo com Tiro no início do século VII a.C., Entre os séculos IX e VII a.C. ocorreu
mas foram vencidos. No fim desse século, o estabelecimento, em solo iraniano, de povos
Nabucodonosor II impôs a hegemonia da citas chegados através do Cáucaso. Acredita-se
Babilônia no Oriente Médio. que os citas já tivessem se diluído entre os
povos árias quando surgiu a figura de Ciaxares,
O rei babilônico conquistou a região da que levou os medos ao auge de seu poderio. Rei
Palestina e, depois de longo assédio, submeteu dos medos entre 625 e 585 a.C., Ciaxares
Tiro em 573 a.C. A Pérsia substituiu a Babilônia reorganizou o exército com a adoção de
em 539 a.C. como poder hegemônico. A partir unidades de arqueiros montados e, depois de
de então, Sídon passou a ter supremacia sobre as unir suas forças às da Babilônia, enfrentou o
outras cidades fenícias e colaborou com o poder hegemônico da região, o da Assíria, cuja
império persa contra os gregos, seus principais capital, Nínive, foi destruída em 612. Medos e
inimigos na disputa do controle comercial do babilônios dividiram entre si o império assírio.
Mediterrâneo. Os persas incluíram a Fenícia em
sua quinta satrapia (província), junto com a Astíages, reinou de 585 a 550 a.C.,
Palestina e Chipre. Sídon procurou então uma herdou do pai um extenso domínio, que
aproximação com os gregos, cuja influência compreendia a planície do Irã e grande parte da
cultural se acentuou na Fenícia. Anatólia. Dinastia aquemênida. O rei persa Ciro
o Grande, da dinastia aquemênida, rebelou-se
No século IV, o macedônio Alexandre contra a hegemonia do império medo e em 550
o Grande irrompeu na Fenícia; mais uma vez, a.C. derrotou Astíages, apoderou-se de todo o
Tiro foi a cidade que apresentou a resistência país e em seguida empreendeu a expansão de
mais forte. Esgotada por anos de lutas seus domínios. A parte ocidental da Anatólia era
contínuas, caiu em poder de Alexandre em 322 ocupada pelo reino da Lídia, ao qual estavam
a.C. Depois da derrota, toda a Fenícia foi submetidas as colônias gregas da costa da
tomada pelos gregos. Finalmente, Roma Anatólia.
incorporou a região a seus domínios, como parte
da província da Síria, em 64 a.C. Uma hábil campanha do soberano
persa, que enganou o rei lídio Creso com uma
PERSAS falsa operação de retirada, teve como resultado
sua captura, em 546 a.C. A ocupação da Lídia se Império arsácida. O estado parto,
completou mais tarde com a tomada das cidades fundado por Ársaces I, procurou, desde seu
gregas, as quais, à exceção de Mileto, resistiram início, restabelecer a tradição aquemênida.
durante vários anos. A ambição de Ciro voltou- Mitrídates I, que governou entre 171 e 138 a.C.,
se então para a conquista da Babilônia, a engrandeceu o reino parta à custa dos
poderosa cidade que dominava a Mesopotâmia. selêucidas, aos quais arrebatou os territórios do
Ciro tirou proveito da impopularidade do rei Irã e da Babilônia. A partir de 140 a.C., os
babilônio Nabonido e apresentou-se como eleito soberanos arsácidas adotaram o título de rei dos
pelos deuses da cidade para reger seu destino, e, reis, que tinha sido empregado pelos
apoiado pela casta sacerdotal, dominou-a imperadores aquemênidas. O domínio parta
facilmente em 539 a.C. estendeu-se das margens do Eufrates às do Indo.
Roma, que pretendia reconstruir o mítico
Sucedeu a Ciro o Grande seu filho império de Alexandre o Grande tentou várias
Cambises II, que em seu reinado, de 529 a 522 vezes subjugar o império arsácida.
a.C., empreendeu a conquista do Egito, então
governado pelo faraó Ahmés II, da XXVI Finalmente, o imperador romano
dinastia. Ahmés tentou defender suas fronteiras Augusto concluiu, no ano 20 a.C., um tratado de
com a ajuda de mercenários gregos, mas, traído paz com o arsácida Fraates IV, que fixava o rio
por estes, abriu as portas do Egito a Cambises, Eufrates como fronteira entre os dois impérios.
que cruzou o Sinai e destroçou o exército de A paz durou pouco mais de um século, durante
Psamético III, sucessor de Ahmés, na batalha de o qual o comércio de caravanas, que unia China
Pelusa. A capital egípcia, Mênfis, caiu em poder e Índia a Roma, através da Pérsia, registrou
dos persas e o faraó foi aprisionado e deportado. extraordinário desenvolvimento.
Do Egito, Cambises tentou levar a cabo a
conquista de Cartago, o poderoso império
comercial do Mediterrâneo ocidental, mas a
frota fenícia negou-se a colaborar com a
campanha, o que a inviabilizou. Ao retornar de
uma vitoriosa expedição à Núbia, o exército
persa foi dizimado pela fome. Enquanto isso, Os Gregos: Das Origens Às Guerras Médicas
um impostor, fazendo-se passar por irmão de
Cambises, apoderou-se da parte oriental do A Geografia
império. Cambises morreu quando descia o Nilo
com o resto de suas tropas. Situada na Europa Meridional, entre os
mares Jônio, Egeu e Mediterrâneo, a Grécia é
Reino selêucida. Depois da morte de um país montanhoso, em cuja costa existem
Alexandre, ocorrida na Babilônia em 323 a.C., o muitos golfos e enseadas. A pobreza do solo, o
enorme império por ele conquistado foi dividido litoral recortado, com muitas ilhas, contribuiu
entre seus generais. Seleuco I subiu ao poder na para que os gregos se tornassem excelentes
Síria, na Pérsia, na Mesopotâmia e no noroeste navegadores, lançando-os à conquista de outras
do subcontinente indiano, mas a dinastia regiões mais produtivas.
selêucida, por ele fundada, não conseguiu
manter um controle eficaz sobre tão vasta área, O Povo
que ficou reduzida com a separação da região
do Indo. Os gregos chamavam a Grécia de
Hélade e a si de helenos. Na verdade a
Em 247 a.C., a província de Pártia civilização grega resultou numa mistura de
tornou-se independente, e o soberano Ársaces diversos povos.
fundou uma dinastia que com o tempo haveria
de reinar sobre a Pérsia. O mais destacado dos Por volta do segundo milênio a.C., a
imperadores selêucidas foi Antíoco III o ilha de Creta, graças ao seu comércio marítimo
Grande, que reinou de 223 a 187 a.C. e estendeu possuía uma civilização bastante adiantada. Em
os limites do império a leste e a oeste. Em sua torno de 1400 a.C., a sociedade cretense foi
expansão para a Anatólia, ele entrou em conflito conquistada pelos aqueus, que haviam se
com Roma. Depois da derrota sofrida em estabelecido na Grécia Continental. O
Magnésia frente aos romanos, em 190 a.C., o predomínio da civilização micênica (por ser
império selêucida, pressionado em sua parte Micena a principal cidade dos aqueus), durou
ocidental por Roma e na oriental pelo reino dos até 1100 a.C., quando os dórios, que conheciam
partas, foi progressivamente se decompondo. e utilizavam o ferro, penetraram na Grécia.
Os invasores provocaram a fuga das A cidade de Esparta localizava-se na
populações que se dispersaram pelas ilhas do região da Lacônia, numa zona montanhosa, por
Egeu e costas da Ásia Menor. A invasão dórica onde corre o rio Eurotas.
provocou a decadência das artes e paralisou o
comércio. Somente nas regiões colonizadas O Povo
pelos jônios preservou-se a cultura grega.
O povo descendia dos dórios, que
A Grécia Primitiva conquistaram a região subjugando e
escravizando os aqueus que ali viviam.
A Ilíada e a Odisséia, poemas atribuídos a
Homero, nos fornecem muitos conhecimentos A Política
sobre a Grécia primitiva. Ao se ler a Ilíada e a
Odisséia chega-se às seguintes conclusões: Esparta era governada por dois reis (um
deles comandava as tropas em guerra e o outro
 a sociedade grega do Período permanecia em Esparta). A autoridade dos reis
Homérico era constituída por uma era limitada pela Gerúsia (Conselho dos
ampla comunidade, onde seus Anciãos), cujos membros não podiam ter menos
membros eram ligados por laços de de 60 anos de idade. Existia ainda o Conselho
parentesco; dos Éforos, em número de cinco, eleitos pelo
 a terra era propriedade comum; povo para um mandato de um ano. Os éforos
tinham grandes poderes, podendo julgar até os
 inexistia a divisão em classes sociais; reis. Por último existia a Apela (Assembléia do
Povo), formada pelos espartanos com mais de
30 anos. Não discutia as resoluções, porém tinha
 o poder era exercido pelo mais velho
o direito de aprová-las ou recusá-las.
dos membros do clã: o páter.

As Classes Sociais
No final do período homérico, o aumento
populacional e a falta de terras acabaram
desagregando a comunidade primitiva. As terras A sociedade espartana estava dividida
coletivas foram divididas pelo páter entre seus em três classes sociais: espartanos, periecos e
parentes mais próximos, surgindo dessa forma à hilotas. Os espartanos formavam a classe
propriedade privada e as classes sociais. dominante. Dedicavam-se exclusivamente à
Dessa forma, de um lado formou-se uma política e à guerra, estando proibidos de se
poderosa aristocracia que possuía as melhores dedicarem à agricultura e ao comércio. Os
terras e controlava o poder político, do outro periecos (os da periferia) faziam parte da
lado os despossuídos que passaram a trabalhar população livre, ocupando-se do artesanato,
para os aristocratas ou se dedicaram ao comércio e agricultura. Vigiados pelos
comércio e ao artesanato. Outros ainda espartanos eram obrigados a pagar pesados
acabaram emigrando para novas terras. tributos. Os hilotas eram escravos dos Estado
espartano e levavam uma vida miserável.
A Formação da Pólis
A Educação
Pólis é uma palavra grega que podemos
traduzir por Cidade-Estado. Assim como os Quando nascia uma criança espartana,
fenícios, os gregos não chegaram a formar um esta era examinada pelos anciãos que
reino unificado, permanecendo divididos em sacrificavam as fracas e os que tivessem
cidades independentes. As cidades eram defeitos físicos. As fortes, que poderiam tornar-
construídas próximas da costa, sendo cercadas se bons guerreiros, eram entregues a suas mães.
por uma fortaleza (Acrópole) destinada a Dos 7 aos 30 anos as crianças espartanas
proteger a população. estudavam em escolas especiais onde o se
dedicavam a toda sorte da exércitos militares.
Esparta: Uma Cidade Conservadora e
Militarista A dura educação fez do soldado
espartano o mais corajoso e bem preparado da
Grécia. Uma mãe espartana ao se despedir do
A Geografia.
filho que partia para a guerra, dizia-lhe
simplesmente ao entregar-lhe o escudo: "volta
com ele ou sobre ele" ou seja, ou volte como
vencedor ou morra como herói. Ao contrário Micíades surpreenderam o poderoso exército
dos atenienses, os espartanos falavam pouco, persa, obtendo uma retumbante vitória.
daí o termo "laconismo" (derivado da Lacônia)
significa brevidade. A vitória dos gregos se explica pelo
fato de os persas possuíram um exército
Atenas: O Berço da Democracia numeroso, mas de péssima qualidade. Mal
comandados, com soldados de diversas
A Geografia nacionalidades, mercenários sem coragem, com
vestimentas pesadas e pouca mobilidade, os
A Ática é uma região montanhosa, persas não conseguiram resistir ao aguerrido
afastada da grande via de comunicação entre a exército grego, que combatia com armas leves,
Grécia Central e o Peloponeso. A pobreza pouca vestimenta, tendo com isso grande
lançaram os atenienses ao mar, tornando-os mobilidade. Acrescenta-se que os gregos
hábeis comerciantes. lutavam em prol da liberdade enquanto os
persas nem sabiam por que lutavam.
O Estado e a Sociedade
Em 480 a.C., Xerxes filho de Dario,
atacou novamente os gregos, com poderoso
Os Jônios, que viviam na Ática, exército e uma grande esquadra. Os gregos, sob
fundaram várias comunidades, das quais a que a liderança de Temístocles, se prepararam para
mais se destinguiu foi Atenas. Nos primeiros repelir o invasor. As primeiras operações
tempos de sua história, Atenas foi governada terrestres foram desastrosas para os gregos. Para
por um rei (chamado Basileu) que era chefe tentar impedir a invasão da Grécia, o rei de
supremo, juiz e sacerdote. O rei era auxiliado Esparta, Leônidas, se colocou com seu exército
por um conselho de aristocratas que se chamava no desfiladeiro das Termópilas, a fim de impedir
Areópago. Nesta fase a sociedade ateniense a passagem dos persas.
estava assim dividida:
Na batalha de Salamina foi decidida a
 eupátridas (bem nascidos) formavam sorte da guerra. Termístocles comandava a frota
a aristocracia dos grandes proprietários grega e propositalmente procurou combater os
de terras. persas no estreito de Salamina, pois este era o
 metecos eram estrangeiros livres, mas local adequado para bater os pesados navios
que não possuíam direitos políticos. persas. "A batalha começou ao amanhecer. Os
navios gregos, que eram mais leves, caíram
 escravos estes eram obtidos através da sobre a frota persa, que se compunha de barcos
guerra (prisioneiros de guerra), do pesados. Para os barcos persas o estreito era
comércio e da escravidão por dívida. insuficiente: encalharam nos bancos de areia e
afundaram. Ao cair a noite, terminou a batalha
A Guerra Contra os Persas com a vitória dos gregos". Em 479 a.C. os
persas foram definitivamente derrotados na
batalha de Platéia. Em 448 a.C. pelo Tratado de
A causa da guerra foi o expansionismo persa
Susa, os persas reconheceram a hegemonia
que começou a colocar em risco os interesses
grega no mar Egeu e prometeram não mais
dos cidadãos gregos. Esta guerra entre os gregos
atacar as cidades gregas e suas colônias.
e persas também ficou conhecida como Guerras
Médicas. Os persas haviam conquistado
diversas cidades gregas (Eretna, Quíos, Éfeso e O Apogeu de Atenas
Mileto). A rebelião das cidades gregas –
comandadas por Mileto e auxiliadas por Atenas A vitória dos gregos sobre os persas
desencadeou as Guerras Médicas. deu a Atenas a hegemonia sobre as cidades
gregas. Para se defender dos persas, os gregos
Dario I, rei dos persas mandou um organizaram-se numa Liga Marítima: a
poderoso exército, sob comando de Mardônio, Confederação ou liga de Delos (a sede ficava na
atacar a Grécia. A situação dos atenienses era ilha de Delos). Para manter a Liga cada cidade
crítica, pois apenas a cidade de Platéia havia contribuía, com navios, soldados e ouro. A
mandado uma pequena guarnição como reforço. administração cabia ao ateniense Aristides, que
Os persas marcharam certos da vitória, porém idealizara esta aliança defensiva. Com o passar
na batalha de Maratona, em 490 a.C., os do tempo Atenas tornara-se a cidade
atenienses comandados pelo inteligente hegemônica, tirando proveito político e
econômico da liga de Delos. Com os recursos da
Liga, Atenas foi reconstruída e embelezada, venceram os espartanos na batalha de Leuctras,
tornando-se uma poderosa força marítima e dando início ao curto predomínio tebano. Os
comercial. campos devastados e o comércio parado eram o
saldo das constantes guerras entre as cidades
Péricles gregas. Esta instabilidade enfraqueceu Atenas,
Esparta e Tebas, facilitando as coisas para
O apogeu da democracia escravista grega Felipe II da Macedônia conquistar a Grécia.
ocorreu no governo do culto e talentoso
Péricles. Durante o seu governo, artistas, Roma – A Civilização Romana
escritores e filósofos eram incentivados e
protegidos por esse amante da cultura. Em seu Monarquia:
tempo foram construídos edifícios famosos, dos
quais o mais célebre foi o Partenon, templo Início da organização político-social
dedicado à deusa Atenéia.
Por volta do século VII a.C., os
etruscos impuseram seu domínio aos iatliotas, e
Os Gregos: Suas Guerras e Sua Cultura a aldeia romana acabou-se por tornar uma
cidade. Ao adquirir características de cidade,
A Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.) Roma iniciou um processo de organização
político-social que resultou na Monarquia.
Na Grécia surgiram duas poderosas
forças: a Liga Terrestre do Peloponeso, Política: as instituições
liderada por Esparta, e a Liga Marítima
encabeçada por Atenas. Enquanto Atenas Durante a monarquia, Roma foi governada por
protegia os regimes democráticos (à moda rei, Senado e Assembléia Curial. O rei era juiz,
grega), Esparta apoiava as oligarquias. A guerra chefe militar e religioso. No desempenho de
começou em 431 a.C., quando Corinto, solicitou usas funções, submetia-se a fiscalização da
auxílio espartano para luta contra Atenas. Assembléia Curial e do Senado. São conhecidos
sete reis romanos: Rômulo, Numa Pompílio,
Diante da negativa ateniense de Túlio Hostílio, Anco Márcio, Tarquínio Prisco
renunciar a seus domínios sobre os Estados que (o Antigo), Sérvio Túlio e Tarquínio ( o
participavam da Liga Marítima, o exército Soberbo). Provavelmente deve ter existidos
espartano invadiu a Ática, provocando outros reis porém não há comprovação histórica.
devastações e a conseqüente ruína dos Dos reis citados acima quatro eram italiotas e os
camponeses. três últimos eram etruscos.

Atenas. Bloqueada por terra, pelo O senado era um conselho formado por
exército espartano, e por mar, pela esquadra de cidadãos idosos, responsáveis pela chefia das
Corinto, os atenienses foram vencidos na grandes famílias (genos).As principais funções
batalha de Egos Potamos. do Senado eram: propor novas leis e fiscalizar
as ações dos reis. A Assembléia Curial
O Predomínio de Esparta compunha-se de cidadãos agrupados em cúrias.
Seus membros eram soldados em condições de
A Guerra do Peloponeso pôs fim ao servir o exército. A Assembléia tinha como
imperialismo ateniense e deu uma certa principais funções: eleger altos funcionários,
tranqüilidade à Pérsia que recuperou a Jônia e aprovar ou rejeitar leis, aclamar o rei.
passou a tirar proveito do dividido mundo
grego. O curto período de predomínio espartano Sociedade: a divisão de classes
(404 a 371 a.C.), demonstrou ser extremamente
opressivo. Regimes oligárquicos, mantidos pela A sociedade romana estava dividida na
força das armas foram instaurados na maioria seguintes categorias:
das cidades gregas. O predomínio espartano,
começou a chegar ao fim quando estes entraram Patrícios: eram os cidadãos romanos, grandes
em conflito com os persas. proprietários de terras, rebanhos e escravos.
Desfrutavam de direitos políticos e podiam
Atenas, com o apoio dos persas, desempenhar funções públicas no exército, na
começou a se reerguer, porém foram os tebanos, religião, na justiça, na administração;
comandados pelo inteligente Epaminondas, que
Clientes: homens livres que se associavam aos Conflitos entre Patrícios e Plebeus
patrícios, prestando-lhes diversos serviços
pessoais em troca de auxílio econômico e Embora os plebeus constituíssem a
proteção social; maioria da população, eles não tinham direito de
participar das decisões políticas. Tinham
Plebeus: homens livres que se dedicavam ao deveres a cumprir: lutar no exército, pagar
comércio, ao artesanato e ao trabalho agrícola. A impostos etc. A segurança de Roma dependia de
plebe representava a maioria da população um exército forte e numeroso. Os plebeus eram
romana, sendo constituída de imigrantes vindos, indispensáveis na formação do exército, uma
sobretudo, de regiões conquistadas pelos vez que constituíam a maior parte da população.
romanos. Durante o período monárquico, os
plebeus não tinham direitos de cidadão, isto é, Conscientes disso e cansados de tanta
não podiam exercer cargos públicos nem exploração, os plebeus recusaram-se a servir o
participar da Assembléia Curial; exército, o que representou duro golpe na
estrutura militar de Roma. Iniciaram uma longa
Escravos: eram, em sua maioria, prisioneiros de luta politíca contra os patrícios, que perdurou
guerra. Trabalhavam nas mais diversas por mais de um século. Lutaram para conquistar
atividades, como serviços domésticos e direitos, como o de participar de decisões
trabalhos agrícolas. Desempenhavam funções de políticas, exercer cargos da magistratura ou
capatazes, professores, artesãos etc. O escravo casar-se com patrícios.
era considerado bem material, propriedade do
senhor, que tinha o direito de castigá-lo, vendê- Conquistas da Plebe
lo, alugar seus serviços, decidir sobre sua vida
ou morte. Para retornar ao serviço militar, os
plebeus fizeram várias exigências aos patrícios e
conquistaram direitos. Entre eles encontrava-se
Passagem para República a criação de um comício da plebe, presidido por
um tribuno da plebe. A pessoa do tribuno da
Apesar dos progressos que Roma vinha plebe seria inviolável, pessoa protegida contra
alcançando com a Monarquia, no reinado de qualquer violência ou ação da justiça. Ela teria
Tarquínio as famílias romanas poderosas (os também poderes especiais para cancelar
patrícios) ficaram insatisfeitas com as medidas quaisquer decisões do governo que
adotadas por esse rei etrusco em favor dos prejudicassem os interesses da plebe. Outras
plebeus. Para controlar diretamente o poder em importantes conquistas obtidas pela plebe
Roma, os patrícios, que formavam o Senado, foram:
rebelaram-se contra o rei, expulsando-o
estabelecendo uma nova organização política: a  Lei das Doze Tábuas (450 a.C) – Juízes
República. especiais ( decênviros) decretariam leis
escritas válidas para patrícios e plebeus.
Embora o conteúdo dessas leis fosse
favorável aos patrícios, o código escrito
República: serviu para dar clareza às normas, evitando
arbitrariedades;
Novas instituições políticas e expansão militar:  Lei Canuléia (445 a.C.) – autorizava o
casamento entre patrícios e plebeus. Mas na
prática só os plebeus ricos conseguiam
Com a instalação da Republica, os
casar-se com patrícios.
patrícios organizaram uma estrutura social e
administrativa que lhes permitia exercer
domínio sobre Roma e desfrutar os privilégios  Eleição dos magistrados plebeus (362 a.C.)
do poder. Os patrícios controlavam quase a – os plebeus conseguiram, lentamente, Ter
totalidade dos altos cargos da República. Esses acesso a diversas magistraturas romanas.
cargos eram exercidos por dois cônsules e Em 336 a.C., elegeu-se o primeiro cônsul
outros importantes magistrados. Na chefia da plebeu, era a mais alta magistratura;
República os cônsules eram auxiliados pelo
Senado, composto por trezentos destacados  Proibição da escravidão por dívidas – por
cidadãos romanos. Havia, ainda, a Assembléia volta de 366 a.C. foi decretada uma lei que
dos Cidadãos, manobrada pelos ricos patrícios. proibia a escravização de romanos por
dívidas ( muitos plebeus haviam se tornado
escravos dos patrícios por causa de do padrão e do estilo de vida romano refletia-se
dívidas). Em 326 a.C., a escravidão de na construção das casas, no vestuários e na
romanos foi definitivamente abolida. alimentação das classes dominantes. Mas o luxo
e a riqueza eram privilégios de uma minoria de
As diversas conquistas da plebe, entretanto, patrícios e plebeus ricos.
não beneficiaram igualmente a todos os
membros da plebe. Os cargos políticos e os No plano cultural, as conquistas
privilégios ficaram concentradas nas mãos da militares colocaram os romanos em contato com
nobreza plebéia, que passou a desprezar o a cultura de outras civilizações. Nesse sentido,
homem pobre da plebe da mesma maneira que deve-se destacar a grande influência dos gregos
um elevado patrício. sobre os romanos.

A sociedade também sofreu


Conquistas Militares e expansão territorial transformações. Os ricos nobres romanos, em
geral pertencentes ao Senado, tornaram-se
A luta política entre patrícios e plebeus donos de grandes latifúndios, que eram
não chegou a desestabilizar o poder republicano. cultivados pelos escravos. Obrigados a servir no
Prova disso é que a República romana expandiu exército romano, muitos plebeus regressaram a
notavelmente seu território através de várias Itália de tal modo empobrecidos que, para
conquistas militares. As primeiras evidências da sobreviver, passaram a vender seus bens. Sem
expansão militar consistiram no domínio terras, inúmeros camponeses plebeus emigraram
completo da península itálica. Mais tarde, para a cidade, engrossando a massa de
tiveram inicio as guerras contra Cartago ( cidade desocupados pobres e famintos.
no norte da África), conhecidas como Guerras
Púnicas* . Posteriormente veio a expansão pelo Crise e fim da Republica
mundo antigo.
O aumento da massa de plebues pobres
 Guerras Púnicas ( 264-146 a.C.) – a e miseráveis ornava cada vez mais tensa a
principal causa das guerras púnicas foi situação social e política de Roma. A sociedade
disputa pelo controle comercial do dividia-se em dois grandes pólos. De um lado, o
Mediterrâneo. Quando os romanos povo e seus líderes, que reivindicavam reformas
completaram o processo de conquistas da sociais urgentes. De outro a nobreza e grandes
península Itálica, Cartago era uma próspera proprietários rurais.
cidade comercial que possuía colônias no
norte da África, na Sicília, na Sardenha e na A reforma de Graco
Córsega. Era, portanto, uma forte
concorrente dos romanos . Para impor sua Diante do clima de tensão, os irmãos
hegemonia comercial e militar na região do Tibério e Caio Graco, que eram tributos da
Mediterrâneo, os romanos precisavam plebe, tentaram promover uma reforma social
derrotar Cartago. Após batalhas violentas, (133-132 a.C.) para melhorar as condições de
desgastantes e com duras perdas, os vida da massa plebéia. Entre outras medidas,
romanos conseguiram arrasar Cartago em propuseram a distribuição de terras entre
146 a.C. camponeses plebeus e limitações ao crescimento
 Expansão pelo mundo antigo – eliminando dos latifúndios. Sofreram então forte oposição
a rival ( Cartago), os romanos abriram do Senado romano. Acabaram sendo
caminho para a dominação de regiões do assassinados a nmando dos nobres, que se
Mediterrâneo ocidental (Macedônia, sentiram ameaçados pelo apoio popular que os
Grécia, Ásia Menor). O mar mediterrâneo irmãos vinham recebendo. Fracassadas as
foi inteiramente controlado pelos romanos reformas sociais dos irmãos Graco, a política, a
que o chamavam de mare nostrum ( nosso economia e a sociedade romanas entraram num
mar). período de grande instabilidade.

Conseqüências das conquistas militares A transição para o império

As conquistas militares acabaram Com o agravamento da crise, tradicionais


levando a Roma a riqueza dos países instituições foram questionadas, e um clima de
dominados. O estilo de vida romano, antes desordem e agitação foi tomando conta da vida
simples e modesto, evoluiu em direção ao das cidades. Diversos chefes militares entraram,
luxuoso, ao requintado, ao exótico. A elevação
sucessivamente, em luta pelo poder, marcando o Alto Império ( 27 a.C.-235 d.C):
processo de transição para o império. Entre os
principais acontecimentos desse processo O alto império foi a fase de maior
destacam-se: esplendor desse período. Durante o longo
governo de Otávio Augusto ( 27 a.C.-14 d.C.),
 Em 107 a.C., o general Caio Mário tornou- uma série de reformas sociais administrativas
se cônsul. Reformou o exército, instituindo foi realizada. Roma ganhou em prosperidade
o pagamento de salário (soldo) para os econômica. O imenso império passou a
soldados. desfrutar um período de paz e segurança,
 Em 82 a.C., o general Cornélio Sila, conhecido como Pax Romana. Após a morte de
representando a nobreza, derrotou Caio Otavio Augusto, o trono romano foi ocupado
Mário e instituiu um governo ditatorial. por vários imperadores, que podem ser
agrupados em quatro dinastias:
Em 79 a.C., Sila foi forçado a deixar o
poder devido a seu estilo antipopular de  Dinastia dos Julios-Claudius (14-68) –
governo, pois a situação social estava Tibério, Calígula, Claudio e Nero;
incontrolável.  Dinastia dos Flávios (69-96) –Vespasiano e
Domiciano;
 Em 60 a.C.estabeleceu-se o Primeiro
Triunvirato*, formado por Crasso, Julio  Dinastia dos Antoninos (96-192) – Nerva,
César e Pompeu para governar Roma. Trajano, Adriano, Marco Arélio, Antinino
Pouco tempo depois de assumir o poder, Pio e Cômodo.
Crasso foi assassinado. Surgiu, então, séria
rivalidade entre Pompeu e Julio César.  Dinastia dos Severos (193-235) – Sétimo,
César saiu vitorioso e tornou-se ditador Severo, Caracala, Macrino, Heliogábalo e
supremo de Roma.Promoveu, durante o seu Severo Alexandre.
governo, diversas reformas sociais para
controlar a situação. Em 44 a.C. foi
Baixo Império (235-476)
assassinado por uma conspiração
organizada por membros do Senado.
 Em 43 a.C., estabeleceu-se o Segundo O baixo império corresponde à fase final do
Triunvirado, composto por Marco Antonio, período imperial. Costuma ser subdividido em:
Otávio e Lépido. O poder foi dividido entre
os três: Lépido ficou com os territórios  Baixo Império pagão (235-305) – período
africanos, mas depois foi forçado a retirar- em que dominava as religiões não-cristãs.
se da politíca; Otávio ficou responsável Destacou-se o reinado de Diocleciano, que
pelos territórios ocidentais; e Marco dividiu o governo do enorme império entre
Antonio assumiu o controle dos territórios quatro imperadores (tetrarquia) para
do Oriente. Surgiu intensa rivalidade entre facilitar a administração. Esse sistema de
Otavio e Marco Antonio, que se apaixonara governo, entretanto não se consolidou.
pela rainha Cleópatra, do Egito. Declarando  Baixo Império Cristão (306-476) – nesse
ao Senado que Marco Antonio pretendia período, destacou-se o reinado de
formar um império no Oriente, Otavio Constantino, que através do Edito de Milão,
conseguiu o apoio dos romanos para concedeu liberdade religiosa aos cristãos.
derrota-lo. Assim, tornou-se o grande Consciente dos problemas de Roma,
senhor de Roma. constantino decidiu mudar a capital do
império para a parte oriental. Para isso
Império: remodelou a antiga Bizâncio ( cidade
fundada pelos gregos) e fundou
Constantinopla, que significava "cidade de
Apogeu e queda de Roma:
Constantino"
A partir de 27 a.C. Otávio foi acumulando
poderes e títulos, entre eles o de augusto*, e o
de imperador. Otávio Augusto tornou-se, na
prática, rei absoluto de Roma . Mas não assumiu Crise do Império
oficialmente o título de rei e permitiu que as
instituições republicanas (Senado, Comício O Baixo Império foi sendo corroído por
Centurial e Tribal etc.) continuasse existindo na uma longa crise social, econômica e política.
aparência.
Entre os fatores que contribuíram para essa Roma; e Império Romano do Oriente, com sede
crise, destacam-se: em Constantinopla. A finalidade dessa divisão
era fortalecer cada uma das partes do império
 Elevados gastos públicos para sustentar a para vencer a ameaça das invasões Bárbaras.
imensa estrutura administrativa e militar; Entretanto, o Império Romano do Ocidente não
 Aumento dos impostor para custear as teve organização interna para resistir aos
despesas do exército e da burocracia sucessivos ataques dos povos bárbaros.
administrativa;
Os bárbaros tinham exército
 Crescimento do número de miseráveis entre eficientes, que contavam com soldados
a plebe, os comerciantes e os camponeses; guerreiros, coesão interna das tropas e
boas armas metálicas.Apesar de rudes,
 Desordens sociais e políticas provocadas os bárbaros exibiam ideal e vigor.
por rebeliões tanto das massas internas
Roma, por sua vez, mostrava-se
quanto dos povos submetidos.
corrompida pela discórdia, pela
Agravando ainda mais essa situação social indisciplina no exército e pela falta de
e econômica , os romanos tiveram de enfrentar a entusiasmo das populações miseráveis.
pressão dos povos bárbaros*. Chegou um É por isso que cerca de quinhentos mil
momento em que os romanos perceberam que bárbaros conseguiram desestabilizar o
os soldados encarregados de defender Roma um império com mais de oitenta
vinham dos próprios povos contra os quais eles
(romanos) combatiam. milhões de pessoas. Em 476, o ultimo
imperador de Roma, Romulo Augusto,
Divisão e Declínio do Império e Invasão foi deposto por Odocro, rei do hérulos,
Bárbara um dos povos bárbaros. Quanto ao
Império Romano do Oriente, embora
Com a morte de Teodósio, em 395, o com transformações, sobreviveu até
grande império Romano foi dividido em: 1453, ano em que os turcos
Império Romano do Ocidente, com sede em
conquistaram Constantinopla.

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