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HERMENÊUTICA JURÍDICA

LIÇÃO 3 - OS PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE HUMANA E O DA


PROPORCIONALIDADE

I . O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA

Com o advento da modernidade, os sistemas jurídicos ocidentais passaram a reconhecer o ser


humano como o centro e o fim do Direito.

Segundo kant, a pessoa é um fim em si mesmo, não podendo converter-se em instrumento


para a realização de um eventual interesse.

HISTÓRIA

1. Sua história. Apareceu na Declaração do direitos do homem e do cidadão (20 de


Agosto de 1789, fruto da Revolução Francesa. Aparece também na Declaração
Universal dos direitos Humanos ONU 1948, mas sua positivação constitucional só
ocorreu na Lei Fundamental Alemã 1949. A partir daí passou a ser exteriorizado como
princípio do constitucionalismo ocidental.
2. Ressalvando algumas singularidades as Constituições costumam contemplar a
afirmação da dignidade da pessoa humana como idéia antropológico-cultural e o
conceito de democracia como consequência no plano organizacional das instituições
político-sociais.
NEGAR A DEMOCRACIA É NEGAR A DIGNIDADE HUMANA
3. Na CF 1988 ela é fundamento do Estado Democrático de Deireito (vide Art.1º,III e
Art.170, Título VII

NATUREZA

O QUE É EXISTÊNCIA DIGNA ?

No plano semântico tem oscilado várias interpretações a) preservação da igualdade; b)


impedimento à degradação e coisificação da pessoa; c) garantia de um patamar material para
a subsistência do ser humano.

MÍNIMO EXISTENCIAL, QUE É ? QUAL A ABRANGÊNCIA DO CONTRATO SOCIAL ? DEVE O


ESTADO SER OBRIGADO A CONCRETIZAR A DIGNIDADE HUMANA? Visando fixar o verdadeiro
sentido do princípio da dignidade humana a hermenêutica distingue 4 dimensões.

1ª DIMENSÃO – ( vida, liberdade, igualdade, propriedade)

2ª DIMENSÃO – ( saúde, educação, assistência social, trabalho, moradia)


3ª DIMENSÃO – (proteção ao meio-ambiente, preservação ao patrimônio artístico, histórico e
cultural)

4ª DIMENSÃO – (paz, direitos minorias, acesso a novas tecnologias, proteção perante a


globalização)

RELAÇÃO COM HERMENÊUTICA

QUAL A RESPONSABILIDADE DO INTERPRETE ?

RESPOSTA: ESCOLHER AQUELA INTERPRETAÇÃO QUE MELHOR TUTELE A IDEIA DE EXISTÊNCIA


DIGNA, POIS A DIGNIDADE HUMANA É O FUNDAMENTO DE TODO O SISTEMA
CONSTITUCIONAL. É ELA QUE DÁ A DIREÇÃO AO INTERPRETE, É PARÂMETRO AXIOLÓGICO E
TELEOLÓGICO.

II – O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

O princípio da proporcionalidade é um parâmetro hermenêutico que orienta como uma norma


jurídica deve ser interpretada e aplicada.

É a técnica que serve para lidar com as dimensões da dignidade humana eventualmente em
conflito. Ela orienta a atividade de sopesamento de valores, iluminando a ponderação de
princípios jurídicos quando a subsunção é insuficiente, isto é, quando a operação meramente
formal ( interpretação positivista) não soluciona o conflito.

Valores fundamentais x tomada de decisões (casos difíceis)

Exemplo: liberdade de expressão x proteção dos valores éticos e sociais da pessoa ou da


família

Princípios da liberdade de expressão e informação x políticas públicas de proteção


da saúde

Liberdade religiosa (transfusão de sangue) x proteção da vida

Permite ao poder judiciário RESTRINGIR ALGUNS DIREITOS FUNDAMENTAIS, mas só quando


for imprescindível para a proteção dos interesses e valores mais relevantes para uma dada
coletividade humana. Visa o direito potencialmente mais justo.

PROCEDIMENTO;

1. Identificação das normas pertinentes, detecta as normas para a solução do caso e os


eventuais conflitos entre elas.
2. Examina os fatos relevantes e as circunstâncias concretas e sua relação com as normas
3. Examina em conjunto os diferentes grupos de normas e apura pesos que devem se
atribuídos aos diversos elementos em disputa e, qual o conjunto normativo que deve
preponderar no caso concreto.

Neste caso, o interprete pode invalidar atos legislativos, administrativos, jurisdicionais ou


privados nas hipóteses em que não haja adequação entre o fim perseguido e instrumento
empregado pela norma jurídica (adequação); a medida normativa não seja exigível ou
necessária, havendo meio alternativo menos gravoso para chegar ao mesmo resultado
(necessidade ou vedação de excesso); e não se manifeste o binômio custo-benefício, pois, o
que se perde com a medida normativa é de maior relevo do que aquilo que se ganha =
proporcionalidade “stricto-sensu”.

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