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Nº1: Alteração regime simplificado OE 2018
Para rendimentos até 27.360 € não há qualquer alteração relativamente ao passado recente,
aplicando-se normalmente o coeficiente de 0,75 ou o coeficiente de 0,35 aos rendimentos
obtidos em 2018 pelas profissões ditas liberais e demais prestadores de serviços constantes da
tabela anexa ao CIRS (art.º 151º) e às atividades de alojamento local.1
A aplicação destes coeficientes não é mais do que a Autoridade Tributária presumir que os
profissionais liberais e os empresários em nome individual têm custos de funcionamento de 25%
e 65% do rendimento obtido, respetivamente. Esta presunção dispensa os contribuintes de
apresentarem qualquer tipo de comprovativo de realização de encargos e daqui resultou o
nome de regime simplificado.
Na verdade, para rendimentos até ao valor atrás indicado, nada se irá alterar e manter-se-á a
mesma lógica de apuramento do rendimento tributável e dispensa de apresentação de
comprovativos de realização de despesa.
Exemplo 1
Profissão: advogado
Encargos com a atividade: 1.600 € (Segurança social: 500 €; material de escritório: 100 €; renda:
1000 €)
Neste exemplo, para além da simplicidade percebe-se que este contribuinte é beneficiado pela
aplicação do coeficiente pois, se fosse considerado o valor real das suas despesas, teria um
rendimento tributável de 25.400 € (27.000 – 1.600).
Até 2017, a lógica de funcionamento do regime simplificado era esta para todos os
contribuintes, independentemente do valor de rendimento bruto obtido, variando apenas o
coeficiente aplicável, conforme exposto.
1
Art.º 31 do CIRS.
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SOFIGEST – CONTABILIDADE & GESTÃO
Com OE de 2018, esta lógica simplificada só se mantém para os rendimentos até 27.360 €. A
partir deste montante, os contribuintes têm que justificar 15% do valor dos rendimentos obtidos
em despesas.
Por exemplo, um contribuinte com rendimentos de 35.000 € tem que ter comprovativos de
despesas de 5.250 € (35.000 €×0.15).
✓ Dedução específica de 4 104 euros ou valor de encargos com a segurança social (considera-
se o valor que for superior);
✓ 25% das seguintes despesas de utilização mista (profissional e pessoal). Quando este tipo de
despesas diz respeito apenas à atividade, são consideradas em 100%:
➢ 25% de 1,5% do valor patrimonial tributário (VPT) dos imóveis afetos à atividade
empresarial ou profissional. Caso se trate de imóvel de alojamento local, pode deduzir
4% do VPT;
Exemplo 2:
Profissão: Advogado
Limpeza: 500 €;
EDP: 200 €;
Proposta de resolução:
4.104 € (SS) + 100 + 500 + 200 +600 = 5.504 €; como o valor de encargos com a segurança social
é inferior à dedução específica, consideramos esta última para calcular total o valor das
despesas.
4º Comparar o valor das despesas que o contribuinte está obrigado a justificar com aquelas que
realmente realizou:
6.750 € > 5.504 €; neste exemplo, o contribuinte tem um valor inferior aos 15% necessários,
sendo obrigado a corrigir o rendimento tributável obtido no primeiro passo:
Exemplo 3
Vamos considerar os mesmos dados do exemplo anterior, com exceção das seguintes
alterações:
Renda de imóvel mantém-se em 600 € mas passa a ser de utilização mista. Sabe-se que o valor
patrimonial do imóvel é de 100.000 €.
O 1º e 2º passos de resolução são iguais. Sabemos que o valor inicial do rendimento tributável
é de 33.750 € e 15% do rendimento é de 6.750 €.
Renda do imóvel, sendo de utilização mista só podemos considerar 25% de 1,5% do VTP, ou seja:
Outra diferença para o exemplo anterior, é que vamos considerar o valor indicado da segurança
social já que neste caso é superior à dedução específica.
Também neste exemplo temos um valor de despesas efetivas inferior ao valor necessário para
obter a aplicação direta do coeficiente do regime simplificado. Teremos novamente que
proceder á correção do rendimento tributável.
Ainda subsistem dúvidas como tudo isto será articulado entre o e-Fatura e o portal das finanças
mas a Autoridade Tributária irá proceder a esclarecimentos ao longo do ano sobre os
procedimentos a seguir. Para já, será aconselhável que os contribuintes guardem os
documentos de despesas e façam corretamente a afetação à atividade no e-fatura.
Para finalizar deixa-se a indicação que neste breve guia não foram consideradas implicações em
termos de cálculos para os sujeitos passivos de IVA, assunto também a ser esclarecido
posteriormente pela AT.