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TEOLOGIA SISTEMÁTICA 3
João Ricardo de Souza Galheno

1- REFERÊNCIA
BEEKE, Joel R. e JONES Mark. Anthony Burgess e a intercessão de Cristo por nós.
In: Teologia Puritana: Doutrina para a vida. São Paulo: Vida Nova, 2016. Cap.24.

2- ANÁLISE GERAL
Anthony Burgess retrata nesse artigo a importância da intercessão de Cristo por nós.
Ele enfatiza que; “a oração mediadora de Cristo é o fundamento de toda a aceitação de nossas
orações”. Anthony Burgess (m.1664) foi um pastor e escritor puritano conhecido por sua piedade,
erudição e habilidade como pregador, professor e apologeta. Ele trabalhou como professor-bolsista
no Emmanuel College, na cidade de Cambridge. Depois, de 1635 a 1662. Foi pastor da igreja em
Sutton-Coldfield, no condado de Waewickshire. exerceu seu ministério em um período conturbado
na década 40 quando a Guerra Civil entre o rei e o Parlamento o obrigou a fugir e, depois com a
Assembléia de Westminster, em que desempenhou um papel importante ao ajudar na redação das
Normas de Westminster. Burgess voltou a Sutton-Coldfield em 1649 e serviu ali até que o Estatuto
da Uniformidade (1662) o depôs do pastorado da igreja oficial. Burgess se retirou para Tamworth, no
condado de Staffordshire, onde frequentou uma paróquia da igreja oficial até sua morte, dois anos
mais tarde. Ele pregou impressionantes 145 sermões sobre oração, sempre focando a pessoa de Jesus.
A oração de Cristo citada em João 17 tem importância especial, já que foi feita na
véspera de sua crucificação. O autor destaca que se tratam de palavras momentos antes da
crucificação. Cristo fala na expectativa de completar a missão que recebeu de Deus. Ele inicia a
oração, oferecendo sua obediência ao Pai, a qual, não é uma mera obediência, mas uma obediência
meritória. Assim sendo, a oração de Cristo se fundamenta em sua obra acabada de Mediador e Fiador,
o que significa que ele pagou a dívida de outros para satisfazer a justiça divina em favor deles.
Entender que a missão de Cristo foi reconciliar pecadores com Deus molda profundamente a maneira
que vemos sua oração e a aplicação dela em nós.
As intercessões do sumo sacerdote. Esta é uma oração especial, ela é a oração daquele
que foi designado por Deus para dar vida eterna a um grupo definido de pessoas. É a oração daquele
que declarou que, para que tenham vida eterna, os homens precisam conhecer não somente a Deus,
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mas também a Jesus Cristo por meio do evangelho. As orações do Mediador têm poder porque ele é
tanto Deus quanto homem.
Jesus Cristo ora a seu Pai: “Eu rogo por eles”. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles
que me deste, pois são teus. Cristo ora por aqueles que o Pai lhe deu. O povo de Cristo também é
chamado de suas ovelhas, algumas das quais são inimigas de Deus e são ovelhas apenas no que tange
ao propósito e à eleição. Outras são de fato colocadas na posse de Cristo, possuindo nova natureza, e
desse modo, tendo prerrogativa e direito a ele. Tanto aquelas ovelhas como estas estão cobertas pelas
orações mediadoras de Cristo, embora o segundo grupo esteja mais coberto. Assim como nosso
Senhor orou por suas ovelhas enquanto esteve na terra, da mesma forma continua a interceder por
elas no céu, embora agora num estado de exaltação e não com os clamores e lágrimas de seu estado
de humilhação. Todos os filhos de Deus têm direito aos frutos e aos benefícios da oração mediadora
de Cristo. Todos os crentes têm Cristo como seu advogado junto ao Pai. Cristo não abandonou seu
amor e afeição pelo bem de seu povo, mas vive para interceder por ele.
O autor menciona a posição exaltada de nosso intercessor, a respeito disso Burgess
escreve que Jesus traz o consolo a seus discípulos. A fonte de nosso consolo está nisso: que Cristo
foi para o Pai. Na posição celestial, Jesus Cristo ora por seu povo na condição de alguém autorizado
e designado para isso e bem acima de qualquer sacerdote terreno ordenado por Deus. As orações de
nosso Senhor se fundamentam na missão que recebeu do Pai e completou, a saber, sua obra acabada
de expiação. Nosso Senhor ora por aqueles por quem morreu, a fim de que aquilo que obteve para
seu povo fosse aplicado a eles. Orar por meio da mediação de Cristo. Portanto, precisamos nos
aproximar de Deus, crendo que Deus enviou Cristo como Mediador. A alma descansa em Cristo é a
única maneira de agradar a Deus. Essa fé em Cristo é tão aceitável a Deus quanto se nós mesmos
tivéssemos cumprido sua lei. A fé é aceitável a Deus porque ela é a graça mais esvaziadora. Ela nos
esvazia totalmente de nós mesmos. Deus se alegra com a humildade. Não há nada parecido que nos
humilhe tanto e tire de nós todo nosso aparente valor como a fé em Cristo, de maneira que confio
inteiramente nele para obter justiça, porque não tenho nada de mim mesmo. A fé é a única graça
adequada para receber Cristo e seus benefícios. A oração sem fé no Mediador não tem sentido.
A oração de Cristo como o modelo de homem piedoso. As orações de Cristo como
Mediador são feitas como orações humanas porque Deus, sendo onipotente e tendo autoridade
suprema, não pode orar. Cristo ora como homem com poder limitado, sujeito à lei de Deus, usando
como ato de adoração e como completo modelo ou exemplo de homem piedoso a ser seguido por
nós, os meios que Deus designou para buscar a graça para seu povo.
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A necessidade e os benefícios da oração. As nossas orações não servem ao mesmo


propósito da oração de Cristo, ou seja, não são para mérito ou mediação. Nossas orações têm outros
objetivos, como elevar Deus, ou seja, exaltá-lo como o Deus a quem oramos; rebaixar-nos, ou seja,
humilhar-nos; vivificar-nos na graça ou estimular nossas almas à fé, à esperança e ao amor ativos;
dar-nos comunhão santa com ele; e mostrar nossa obediência à sua ordem. É errado e pecaminoso o
homem orar achando que pode mudar a mente de Deus e leva-lo a mudar sua vontade. Deus é imutável
e invariável. Nossas orações não tem mérito. Não fazem por merecer nada da parte de Deus.
A forma celestial de oração. Todas as orações devem proceder de um coração espiritual
e celestial. Até mesmo a definição de oração é elevar toda a mente e a alma a Deus. Orar é um
exercício bem mais difícil e exaltado do que a maioria das pessoas imagina. Não é falar rapidamente
umas poucas palavras tal qual um papagaio. A intercessão pelos santos e pelo mundo. Nosso dever é
orar por nós mesmos e também por outros, assim como fez nosso Senhor. Cristo nos chama a ser
intercessores. A doutrina da eleição não é obstáculo para orar pela conversão de pecadores. Devemos
orar pela conversão de em particular, sem nos importar quão ímpia seja, pois não podemos discernir
quem foi e quem não foi dado pelo Pai a Cristo. A oração de Cristo nos encoraja em particular a orar
por aqueles que pertencem a Cristo.
Burgess recomenda que assim como Cristo fez (Jo 14 1-4) argumentos santos sejam
levados até a Deus. Ele afirma que a melhor oração é argumentativa. Pois muitas palavras sem
argumentos são como corpos sem nervos. O texto é encerrado afirmando a certeza que todo cristão
deve ter todas as orações sinceras conduzirão os crentes de volta a Cristo.

3. Crítica da obra
O texto é muito claro e objetivo neste artigo Burgess; enriquece e aponta princípios
valiosos para um cristão que busca ter uma vida devocional que agrade a Deus. Seus argumentos são
totalmente bíblicos e cristocêntrico. Um dos fatos que me chamou a atenção é que ele usa
profundidade na interpretação dos textos bíblicos para mostrar a importância da oração.

3.1 Aplicação
Prático.
Precisamos aprender fundamentar todas as nossas orações e todas as nossas ações na
Bíblia. Orar de acordo com a vontade de Deus (1 João 5.14) significa simplesmente fazer orações de
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acordo com sua palavra. Pois é assim que alimentamos nossos corações, quando externamos a palavra
de Deus em nossas orações isso fortalece nossa vida e fé.
Analítico.
Pessoalmente sou instruído e edificado pelos ensinos bíblicos que aqui nos é
apresentado, pelas respostas claras e objetivas a estes sérios desvios de muitas igrejas atuais, a saber
o misticismo e a ignorâncias das Escrituras; esta obra traz consigo um perfeito direcionamento no que
é orar. Muitos confundem oração com repetições, outros acreditam que o determinismo deve ser
inserido em suas petições e outros ainda negligenciam a sua importância. A grande questão é que
muitos esquecem que orar é falar com nosso Pai, aquele que nos criou e nos conhece, que é tão
grandioso.
Bíblico.
As Escrituras revelam que durante a sua vida aqui na terra, Cristo, em alta voz e com
lágrimas, fez orações e súplicas a Deus. Constantemente Jesus estava em comunhão com Deus em
oração. Jesus se retirava para orar, passava a noite em oração ou quando estava reunido com seus
discípulos. Isso levou os próprios discípulos a pedirem que Ele os ensinasse a orar.

Pastoral.
A oração nos leva a estar em comunhão com Deus. Vejo a oração como um meio de
gerar em nossas vidas uma maior intimidade com o Pai. Se trata de uma maneira onde nosso amor é
mostrado. Assim como Cristo estava em constate comunhão devemos também ter essa atitude e
aplicar em nossas vidas e ensinar nossa família, igreja e amigos o quão fundamental é possuir uma
vida dedicada a oração.

3- Melhores citações
“Ele afirma que a melhor oração é argumentativa. Pois muitas palavras sem
argumentos são como corpos sem nervos. Consolo conclusivo: as orações de Cristo são eficazes.”
(página 554).
“Ter a capacidade de chamar Deus de Pai é algo tão importante que é preciso que o
Espirito de adoção nos leve a isso”. (página 555).
“Orar é uma adoração tão solene de Deus que exige que dela participe o homem todo;
a parte intelectual, todo nosso discernimento, inventividade e memória, bem como todo o coração,
vontade e sentimento”. (página 556)
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Percentual de leitura da obra


Declaro que realizei toda a leitura da obra requerida como nota oficial da disciplina de
Teologia Sistemática 3.

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