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VIII SEMINÁRIO NACIONAL DE

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7

CP 06

História da educação de deficiente auditivo e deficiente visual

Ana Priscila Borges Bermejo


UEPA
anapriscila_2007@yahoo.com.br
Mônica Suelen Ferreira de Moraes
UEPA
monicasuelen@yahoo.com.br

Resumo
Ao se tratar de inclusão, nos deparamos sempre com a idéia de inserção de algo ou alguém novo ou
diferente, a um processo em andamento. A educação inclusiva não é um processo fácil na prática, embora
educadores, familiares e comunidade em geral, busquem uma escola de melhor qualidade para todos. Faz-se
necessário que haja uma nova postura pedagógica frente à relação aprendizagem/desenvolvimento, visando
uma maior compreensão sobre as dificuldades na aprendizagem. Este artigo teve seu início a partir da
criação de nossa monografia que ainda está em desenvolvimento. Trata-se de um levantamento histórico
sobre a Educação Inclusiva; no entanto o artigo será direcionado somente a história da Educação Especial de
deficiente auditivo e deficiente visual. Pesquisamos o processo, o desenvolvimento histórico pelo qual se
deu a educação de forma geral no mundo e especificamente no Brasil. O estudo baseou-se em levantamento
bibliográfico e se mostra útil por ser uma forma de esclarecimento de como o propósito da inclusão não é
recente, que ainda há muitas lacunas em seu desenvolvimento e de que se faz necessária uma
conscientização social para que as mesmas sejam preenchidas. Serão enfatizados os métodos utilizados no,
sendo estes o uso da linguagem de sinais e o braile, com intuído de inserir (o aprendizado) e auxiliar na
educação da pessoa com deficiência. Citamos algumas instituições que contribuíram historicamente para a
Educação Especial. Este trabalho torna-se relevante aos profissionais da Educação, por abordar o assunto de
forma vinculada à sua história, evidenciando o processo sociocultural vinculado ao processo de formação
das idéias que norteiam a inclusão social, proporcionando assim um material teórico para pesquisas na área.
Percebemos que para um efetivo processo de educação inclusiva há a necessidade de que toda a comunidade
escolar e a sociedade, assim como os poderes públicos encarem tal processo como uma necessidade urgente,
pela melhoria da qualidade de ensino e pela igualdade de oportunidades.

Palavras-chaves: História, Educação Especial, Brasil.

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE DEFICIENTE AUDITIVO E DEFICIENTE VISUAL


Ana Priscila Borges Bermejo
Licencianda UEPA
anapriscila_2007@yahoo.com.br
Mônica Suelen Ferreira de Moraes
Licencianda UEPA
monicasuelen@yahoo.com.br

Introdução

Atualmente, ao se deparar com um aluno que apresenta deficiência a escola tende a aconselhar a
procura de outra escola, uma ‘especial’ adaptada e de maior familiaridade para este aluno. Quando ocorre de
esse aluno estar em uma escola de ensino regular, os professores alegam a falta de preparo e capacitação
para lidar com essa situação. Esta polêmica está cada vez mais presente no interior das escolas em
decorrência dos direitos conquistados e homologados em um razoável aparato legal (SÁ, 1999). Mas, a
legislação, por si só, embora de relevância inquestionável, não garante a mudança de postura, a
materialização de recursos e o compromisso efetivo com o exercício de cidadania e a educação de qualidade
para todos.
A educação inclusiva no Brasil tem se mostrado ainda frágil, pois a realidade e o suporte necessário
para que ela possa existir no país, está em processo de desenvolvimento, representando uma remota
realidade ou simplesmente uma utopia, diante de escolas e de sociedades excludentes.
Segundo Glat:

“....o fato de que a política de integração escolar, na prática, não funciona, porque, entre outros
fatores, o professor da classe regular não está preparado para receber o aluno especial. Logo, se
quisermos considerar uma proposta ainda mais radical, como a da escola inclusiva, é pré-requisito
que os professores sejam, efetivamente, capacitados para transformar sua prática educativa. Sem tal
ação, que não se resume a curso ou seminário isolado, e sim a uma capacitação e acompanhamento
contínuo, este debate não sairá da esfera da própria educação especial e a escola inclusiva nada mais
será do que mais uma utopia” (GLAT, 1998 apud SILVA, 2000).

Este artigo tem por objetivo relatar o processo pelo qual a educação inclusiva percorreu no período
histórico do Brasil, ligados a deficiência auditiva e visual. Sabe-se que a história desse processo da inclusão
se iniciou no século XIX e, que o desenvolvimento se deu pela iniciativa particular isolada e políticas
públicas (BUENO, 1993).

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Deficiência Auditiva

O método dos sinais teve seu inicio com o abade Charles M. Eppée em 1770, em Paris, entretanto a
primeira obra impressa sobre educação de deficiente partiu do autor Jean-Paul Bonet em 1620, sua obra teve
o título de Redação das Letras e Arte de Ensinar os Mudos a Falar (MAZZOTA, 2005).
Como afirma Matos (2003), o surgimento do método dos sinais, criado pelo abade Charles M.
Eppée, influenciou o inglês Thomas Braidwood (1715-1806) e o alemão Samuel Heinecke (1729-1790),
estes inventaram o chamado método oral, significa que os “surdos-mudos” iriam aprender a ler e falar em
resposta a leitura labial, ou seja, proveniente do movimento dos lábios.
No entanto, alguns países como a Bélgica, a Alemanha e o Canadá, não concordaram com a
utilização de dois métodos para o ensino de “surdo-mudo”, pois alguns optaram pelo uso da linguagem
falada, e os outros pela utilização do método combinado em que haveria uma junção dos dois métodos, o de
sinais e o falado (CASTRO; CARVALHO, 2005).
No Brasil o método adotado foi o método combinado, defendido pelo Instituto Nacional de
Educação de Surdos – INES, fundado pelo francês Hernest Huet1. A partir desse momento deu-se a criação
da língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, que tem em sua essência a língua de sinais francesa junto à prática
já adotada por várias localidades (GERIR, 2004).

1
Surdo aos 12 anos fundou Instituto Nacional de Surdos-mudos (INSM), o atualmente conhecido como Instituto Nacional de
Educação de Surdos (INES), com o apoio do imperador D. Pedro II.
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Ernest Huert, professor e diretor do Instituto de Bourges, chegou ao Rio de Janeiro em 1855, obteve
o apoio do Imperador D. Pedro II para a criação de uma escola de “surdos-mudos” no Brasil. Em 1957, pela
Lei n° 3.198, de 6 de julho, esta escola passou a chamar-se Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES.
Em 1925, foi sugerido que a escola criasse oficinas profissionalizantes para o indivíduo surdo.
Posteriormente foi criado um externato feminino, onde era oferecidas oficinas de bordado e costura.
O Instituto Santa Terezinha fundado em 15 de abril de 1929 em Campinas – SP, teve sua origem
devido a duas freiras que visitaram o instituto Bourg-la-Reine, em Paris (França); no principio o instituto era
um internato feminino, porém em 1970 passou a ser externato feminino e masculino.
Em 1951, foi elaborado um curso para a formação de professores para atuar no ensino de individuo
surdo.
O Instituto Educacional São Paulo foi fundado em 18 de outubro de 1954, é uma instituição
particular e sem fins lucrativos. Em 1965 criou a primeira turma de curso ginasial.
Em 2004 e 2005, foi autorizado pelo decreto n° 5.159 o instituto INES A ministrar a educação
superior, sendo também aprovado o primeiro curso de nível superior bilíngüe que seria de LIBRAS e
Português.

Pelo decreto 5.626 em novembro de 2005, a LIBRAS foi declarada a língua oficial no

Brasil. O decreto determina que as instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino

federal, estadual, municipal e do Distrito Federal deverão implementar as medidas para

assegurar atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com deficiência

auditiva2.

2
Decreto Federal n 5.626, de 22 de dezembro de 2005: regulamenta a lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a
Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o artigo 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

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Deficiência Visual

Valentin Haüy teve uma contribuição muito importante para criação de método que iria

auxiliar no processo da educação do indivíduo cego, pois Haüy já utilizava “letras em relevo para

o ensino de cegos” (MAZZOTTA, 2005).

Como mencionado por MAZZOTTA (2005), em 1819, Charles Barbier um oficial do

exército francês, julgou que um processo de escrita idealizado por ele para transmissão de

mensagem, no campo de batalha à noite, seria muito útil aos professores e alunos, logo foi

utilizada pelos alunos no Instituto Nacional dos Jovens Cegos.

No entanto, em 1829 um francês que estudava no instituto, “[...] que era cego, conheceu o

sistema, passou a utilizá-lo e logo depois o modificou, passando de um grupo de 12 pontos para

um grupo de apenas 6 pontos, formado por duas colunas com três pontos cada. O agrupamento

de seis pontos possibilita a constituição de 63 símbolos diferentes que servem para representar

caracteres na literatura, na matemática, na informática e na música. O sistema foi inventado em

1825 e até hoje é utilizado em todo o mundo.”(MAZZOTTA, 2005).

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“No Brasil, José Álvares de Azevedo conhecido, fpoi o idealizador da escola de cegos no país. Este
brasileiro nascido cego teve a oportunidade de estudar no Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris, em
1844. [...] foi o primeiro cego que exerceu a função de professor no Brasil ajudando outros cegos a saírem
do analfabetismo. Dentre seus alunos, ensinou a filha do médico da corte imperial e conseguiu aproximar-se
de D. Pedro II. Conquistou o Imperador com suas idéias e, em 1854, fundou-se o ‘Imperial do Instituto dos
Meninos Cegos’.” (PUC-Rio)
Porém em 17 de maio de 1890, no governo de Benjamin Constant, foi aprovado o decreto n°408, em
mudava o nome do instituto para Instituto Nacional dos Cegos. (MAZZOTTA, 2005). Posteriormente “a
escola denominou-se Instituto Benjamin Constant (IBC)”. (PACHECO & COSTAS, 2005)
O Instituto de Cegos Padre Chico foi fundada em 27 de maio de 1928, na cidade de São Paulo, é
uma escola residencial que atende crianças deficientes visuais em idade escolar. (MAZZOTTA, 2005)

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Considerações Finais
A pesquisa realizada para reconstruir o processo histórico da Educação Especial no Brasil,
direcionada aos deficientes auditivos e deficientes visuais, possibilitou observar a importância que este
processo teve para a construção de novos ideais.
As instituições surgidas no Brasil mostram que não é de hoje a preocupação que se tem a respeito da
inclusão da pessoa deficiente ao meio social. Algumas instituições são de séculos como o Instituto Nacional
de Educação de Surdos – INES, Instituto Benjamin Constant – IBC. Com a criação dessas instituições,
alguns professores passaram a motivar a criação de oficinas profissionalizantes, com o intuito de capacitar a
pessoa deficiente, para direcioná-la a inclusão social.
Como algumas atividades, feitas por pessoa deficiente, estava sendo realizada perfeitamente, então
se criou uma idéia dita “utópica” de que seria possível inserir as crianças deficientes em escolas regulares.
Na realidade, esta idéia não é utópica, é dever da sociedade, da comunidade escolar e dos poderes públicos
garantirem oportunidades iguais a todos.
Este processo tem se mostrado bastante dificultoso, como a maioria dos processos de cunho sócio-
educacional o são. No entanto, devemos refletir na melhoria social que ele pode trazer, propiciando
benefícios não só para as pessoas deficientes, mas para aqueles que direta ou indiretamente vivem os
inúmeros reflexos de conscientização produzidos por eles.

Referencial Teórico
BUENO, Geraldo Silveira. Educação Brasileira: integração/segregação do aluno diferente. São Paulo:
EDUC, 1993.
CASTRO, A. R.; CARVALHO, I. S. Comunicação por língua brasileira de sinais. Cidade desconhecida,
Editora Senac, 2005.
GERIR, Salvador. Educação Inclusiva. v. 10, n. 36, p. 18-61, mar./abr. 2004
MATOS, Simone Rocha. Educação, Cidadania e Exclusão à luz da Educação Especial - Retrato da
Teoria e da Vivência. RBC_RevDez2003_Artigo_2.rtf.
SÁ, Elizabeth Dias. Necessidades educacionais especiais na Escola Plural. Anais do 2º Encontro sobre
Inclusão – Qualidade de Ensino Para Todos. Promovido pelo grupo 25 – SP. Set / 99.
SILVA, Luciene Maria da. A Diferença / Deficiência no Contexto da Educação Especial. Revista da
FAEEBA, Salvador, nº 13, p. 175-183, jan./junho, 2000.

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