Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GOIÂNIA
2012
MÁRCIO PEREIRA FREITAS
GOIÂNIA
2012
DEDICATÓRIA
A Deus
A Deus, pela nossa vida, por sua graça sobre nós e por mais esta conquista.
Aos nossos familiares que sempre estiveram presentes em cada passo dessa jornada,
ofertando-nos força, amor e carinho e pela constante lição de vida e pelo exemplo de
perseverança.
comercial.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise comparativa entre dois
sistemas de aquecimento, um a vapor e outro elétrico, indicando qual sistema é mais viável
economicamente. O vapor é amplamente utilizado no meio industrial, em alguns casos como
meio de transmissão de movimento e em sua grande maioria, no aquecimento de processos.
Existem outros meios de aquecimento utilizados nas indústrias, entre eles os sistemas
elétricos. Identificar qual sistema apresenta a melhor relação custo/beneficio é de extrema
importância para a obtenção de bons resultados. O custo inicial, da instalação de sistemas a
vapor, é uma das grandes dificuldades que diversas indústrias enfrentam ao implantar este
tipo de sistema de aquecimento. Desenvolveu-se uma pesquisa tendo como principal base os
autores Nogueira (2005), Sonntag; Borgnakke; Wylen (2003) e Spirax (1990). Esta pesquisa
forneceu parâmetros para o desenvolvimento de cálculos que concederam resultados,
possibilitando a análise entre os sistemas. Os resultados apresentados justificam a substituição
de sistemas de aquecimentos elétricos para sistemas a vapor, pois neste caso, o custo
apresentado pelo sistema de aquecimento a resistência elétrica é 209,57% maior que o custo
apresentado pelo sistema a vapor.
ABSTRACT
The present paper has an objective to show a comparative analysis between two
systems of heating, the one with steam and the other with electricity, pointing out witch
system is more economically viable. Steam has been largely used in industrial circles, in some
cases as a means of motion transmission, and in its large majority, in some heating processes.
There are other means of heating used in industries, among them the electrical systems. To
identify which system presents the best relation cost/benefit is extremely important to obtain
good results. The initial cost of the steam system installation is one of the major difficulties
that several industries face when implanting this king of heating system. A research was
developed especially based on the authors Nogueira (2005), Sonntag; Borgnakke; Wylen
(2003) and Spirax (1990). This research has provided the parameters for the development of
the calculation that granted results making possible the analysis among other systems. The
presented results justify the substitution of electrical heating systems to steam systems, in this
case, the cost that was presented by electrical resistance heating system is 209,57 % higher
than the cost that was presented by the steam system.
Figura 2.2 – Processo de geração de vapor em uma caldeira (NOGUEIRA, 2005) ................ 11
Figura 2.5 – Tacho com Camisa de Vapor (GAVA, DA SILVA, FRIAS, 2008) .................... 18
Figura 2.8 – Esquema básico de uma caldeira Aquatubular (BEGA, 1989) ............................ 22
Figura 3.6 – (a) Manômetro montante (b) Manômetro jusante a válvula redutora de pressão 32
- Densidade
v – Volume específico
– ݕPeso específico
݀ - Densidade relativa
ܳሶ - Vazão mássica
ܳሶ ݒ- Vazão volumétrica
V – Volume
P – Pressão
Q – Quantidade de calor
cal – Caloria
ܳܿ - Transferência de calor por condução
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise comparativa entre dois
sistemas de aquecimento, um utiliza vapor e o outro resistências elétricas para transmissão de
energia térmica. Estes dois sistemas são utilizados em uma indústria farmacêutica, aqui
chamada de Indústria Alfa, e apresentam a mesma finalidade, o aquecimento de água. Que por
sua vez é utilizada em um sistema de refrigeração do ar, este que é insuflado nos ambientes de
produção e de estocagem de produtos. A comparação baseia-se na analise de viabilidade
econômica e eficiência em relação ao tempo de gasto para dar inicio ao processo de
aquecimento do ar. Apontando as vantagens da utilização do vapor, para o aquecimento de
água, em relação ao sistema de resistências elétricas (PERA, 1966).
O vapor de água é usado como meio de transporte e utilização de energia desde os
primórdios do desenvolvimento industrial. As primeiras aplicações práticas ou de caráter
industrial de vapor surgiram por volta do século 17. A princípio, utilizava-se vapor no preparo
de alimentos. Hoje, o vapor tornou-se uma ferramenta flexível e versátil para a indústria
quando se necessita de aquecimento (BAZZO, 1995).
O vapor é obtido através de geradores mais conhecidos como caldeiras, os estudos
sobre produção de vapor tiveram inicio com o cientista inglês Thomas Savery no ano de
1698, posteriormente este equipamento foi melhorado por outros cientistas,
Newcomen em 1711, James Watt em 1769 (BIZZO, 2003).
Segundo Spirax (1990), o vapor é gerado à partir da água, fluído relativamente barato
e acessível em grande parte do planeta. Sua temperatura pode ser ajustada com precisão,
controlando sua pressão através de válvulas. É facilmente transportado através de tubulações,
podendo percorrer grandes distâncias entre os pontos de geração e utilização.
Ainda de acordo com Spirax (1990), em relação a outros fluidos térmicos o vapor
apresenta a grande vantagem de transportar grandes quantidades de energia com pouca massa
e, ao retornar ao estado líquido, cede essa energia ao meio que se deseja aquecer.
A gama de utilização do vapor, no meio industrial, é bastante ampla sendo utilizado
principalmente nos processos de fabricação e de beneficiamento, em grande parte das
indústrias como por exemplo, indústria de bebidas, indústria de papel e celulose, curtumes,
indústrias de laticínios, frigoríficos, indústria de doces em geral, indústria de vulcanização e
recauchutagem, indústrias químicas, indústria têxtil, indústria de petróleo e seus derivados,
indústria metalúrgica (BAZZO, 1995).
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Peso específico () – Relação entre o peso e o volume de uma substância. Pode ser
dado pelo produto da densidade e pela aceleração da gravidade (g) (NOGUEIRA, 2005).
= = p . g [(kg/m³) . (m/s²)] = [kg/s² . m³] Eq. 3
Densidade relativa (d) – Pode ser expressa como sendo a relação entre a massa
específica ou o peso específico de uma substância e a massa específica ou peso específico de
uma substância de referência em condições padrão, respectivamente (NOGUEIRA, 2005).
Psubst Psubst kg Eq. 4
d= =
P água 1000 m
Vazão mássica ( ) – Relaciona a quantidade de massa que passa por um determinado
volume de controle em um intervalo de tempo, e obedece a seguinte Equação (NOGUEIRA,
2005).
m kg
=
Eq. 5
t h
Vazão volumétrica ( ) – Relaciona o volume de uma substância que passa por um
determinado volume de controle em um intervalo de tempo, como demonstra a Equação 6.
(NOGUEIRA, 2005).
Q = v
"#. A Eq. 6
2.1.1 Temperatura
A noção de temperatura é primitiva e nasce das sensações, de quente e frio,
apresentadas pelos corpos em diferentes estados térmicos. Normalmente, se através do contato
16
com nossa pele dois corpos apresentam a mesma sensação térmica, dizemos que suas
temperaturas são iguais ou que eles estão em equilíbrio. No entanto, afirmar que a
temperatura de dois corpos é igual ou diferente baseando-se apenas em nossas sensações é
muito subjetivo. Para contornar esse fato, a temperatura de um corpo é determinada em
função de algumas propriedades físicas que se alteram com as mudanças de temperatura. Por
exemplo, alguns metais variam sua condutividade elétrica com variação da temperatura. A
temperatura de uma substância está intimamente ligada ao estado de vibração de suas
moléculas. Estado chamado de agitação térmica e que tem uma relação diretamente
proporcional com a temperatura do corpo (NOGUEIRA, 2005).
2.1.3 Pressão
A pressão num ponto de um fluido em repouso é igual em todas as direções e pode ser
definida como a componente normal da força por unidade de área, podendo ser expressa da
seguinte forma (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003):
P = , [Pa] = [N/m²] Eq. 9
2.1.4 Calor
O calor é a energia que flui entre um sistema e a sua vizinhança devido a uma
diferença de temperatura entre eles (RENICK; HALLIDAY; KRANE, 2003).
O calor é transferido do sistema com temperatura superior ao sistema que apresenta
temperatura inferior e a transferência de calor ocorre unicamente devido a diferença entre as
temperaturas dos dois sistemas. No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de calor é o
Joule (J) (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Outra unidade muito usada é a caloria (cal), definida como a quantidade de calor
necessária para elevar de 1°C a temperatura de 1g de água no estado líquido, sob pressão de
1atm (NOGUEIRA, 2005).
Quando um corpo ganha ou perde calor, em geral muda o estado de agitação térmica
de suas moléculas, consequentemente, a temperatura do mesmo varia. A quantidade de calor
recebida ou cedida, por um corpo quando sofre variação de temperatura, durante a troca de
calor recebe o nome de calor sensível a qual depende da massa, da variação de temperatura e
da natureza do material que constitui o corpo (NOGUEIRA, 2005).
Q = m. c. ∆T 0J2 Eq. 10
Calor específico é a capacidade que uma substância possui para absorver ou transferir
calor e se define como a quantidade de energia, necessária para aumentar a temperatura de 1
kg dessa substância em 1 grau. O calor específico da água é de 4,186 kJ/kg.K ou 1 kcal/kg°C
(SPIRAX, 1990).
A quantidade de energia que é transferida na forma de calor para uma substância, a
uma pressão constante, conduz à mudança de fase, e é chamada de calor latente. É igual à
variação de entalpia de uma substância entre as condições saturadas das duas fases. O calor de
vaporização é aquele necessário para vaporizar completamente uma unidade de massa de um
líquido saturado, esse calor é igual a hlg = hg - hl . O calor latente da água pode ser visto na
tabela de vapor saturado, que se encontra no ANEXO A (SCOTT; POTTER, 2007).
3 89
= constante 78:; Eq. 11
2.1.7 Entalpia
Na análise térmica de alguns processos específicos, frequentemente encontra-se certas
combinações de propriedades termodinâmicas. Uma dessas combinações ocorre quando
temos um processo a pressão constante, resultando sempre uma combinação (U + P.V) onde
U é energia interna e P.V é o produto entre pressão e volume. Assim considerou-se
21
conveniente definir uma nova propriedade termodinâmica chamada Entalpia representada pela
letra H, determinada matematicamente pela relação (PORDEUS, 2005):
H = U + P. V Eq. 16
W m S = W m T Eq. 18
S T
A Equação 2.18 é útil, por exemplo, para estimar a vazão de vapor em uma caldeira,
baseando-se na medição da vazão de água de alimentação, sempre quando não houver
variação em seu nível (NOGUEIRA, 2005).
• Primeira Lei da Termodinâmica ou Princípio da Conservação de Energia
A primeira lei da termodinâmica, ou princípio da conservação da energia, estabelece
que a energia não pode ser criada nem destruída, mas simplesmente transformada de uma
forma em outra.
A primeira lei é usualmente aplicada de duas formas: em sistemas fechados sem
escoamento e em sistemas abertos com escoamento em regime permanente. A água contida
em uma caldeira durante o processo de aquecimento é exemplo do primeiro caso, enquanto
uma caldeira em regime normal de funcionamento é um exemplo da segunda situação, quando
não existem variações de propriedades com o tempo (NOGUEIRA, 2005).
Para um volume de controle em regime permanente, as condições da massa em seu
interior não variam com o tempo. A vazão em massa e a taxa de transferência de energia na
23
forma de calor e de trabalho, potência, também são constantes com o tempo. Como não há
acumulação de massa dentro do volume de controle, o princípio da conservação de energia
pode ser representado pela Equação 19, que é a equação geral da primeira lei da
termodinâmica para regime permanente (NOGUEIRA, 2005).
2.4 VAPOR
Uma substância pura pode existir em mais de uma fase, porém cada uma delas deve ter
a mesma composição química. A água é uma substância pura e pode ser encontrada em três
fases diferentes: sólida, líquida e gasosa (SCOTT; POTTER, 2007).
Cedendo calor para a água, faremos com que sua temperatura atinja um determinado
valor até o seu ponto de ebulição, a partir daí qualquer adição de calor fará com que parte
desta água ferva, se transformando em vapor. Podemos considerar de forma sistemática que
vapor nada mais é que a união do elemento químico água com o elemento físico energia ou
calor (SPIRAX, 1990).
O vapor pode ser considerado um elemento transportador de calor, que consiste em
uma porção de água que devido à elevação de sua temperatura mudou de estado, adquirindo
pressões superiores à atmosférica, que favorecem sua movimentação no percurso através de
tubulações e equipamentos, movimentando-se por sua própria pressão (TORREIRA, 2002).
A temperatura na qual ocorre a vaporização a uma dada pressão é chamada de
temperatura de saturação, assim a pressão de saturação da água a 99,6°C é 1,02kgf/cm² a
(100kPa). Para uma substância pura há uma relação definida entre a pressão de saturação e a
temperatura de saturação (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Outra característica do vapor é a variação do volume específico em relação à pressão.
Se 1kg de água se converter em vapor, o resultado é exatamente 1kg de vapor. Porém, o
volume ocupado pelo vapor será muito maior que o ocupado pela mesma quantidade de água.
Ao contrário do que ocorre com a água, o volume ocupado por uma determinada quantidade
de vapor depende diretamente de sua pressão. Quanto maior a pressão do vapor, menor será o
volume ocupado por esta massa (SPIRAX, 1990).
25
Conforme Scott; Potter (2007), o título do vapor pode ser definido pela razão da massa
de vapor saturado pela massa total. De acordo com o diagrama P – v (Figura 3) temos que:
= h + X ou mv = mh vh + mX vX Eq. 22
Usando a definição de título pode-se escrever a Equação 23:
= h + x0X − h 2 Eq. 23
26
Figura 3 – Diagrama P – v
Fonte: Adaptada de FISP (2011).
• Vapor Superaquecido:
O vapor superaquecido é criado pelo aquecimento adicional do vapor saturado,
produzindo vapor com uma temperatura maior do que o vapor saturado à mesma temperatura.
Este tipo de vapor é usado principalmente em aplicações de propulsão, acionamento, e é
raramente usado em aplicações de aquecimento (PERA, 1990).
• Seguro e de baixo-custo;
De acordo com Spirax (1990), em se tratando de processos de fabricação e
beneficiamento é possível citar várias aplicações para uso do vapor saturado:
• Indústria de bebidas: nas lavadoras de garrafas, tanques de xarope, pasteurizadores.
• Indústrias madeireiras: no cozimento de toras, secagem de tábuas ou lâminas em
estufas, em prensas para compensados.
• Indústria de papel e celulose: no cozimento de madeira nos digestores, na secagem
com cilindros rotativos, na secagem de cola, na fabricação de papelão corrugado.
• Curtumes: no aquecimento de tanques de água, secagem de couros, estufas, prensas,
prensa a vácuo.
• Indústrias de laticínios: na pasteurização, na esterilização de recipientes, na fabricação
de creme de leite, no aquecimento de tanques de água, na produção de queijos,
iogurtes e requeijões.
• Frigoríficos: nas estufas para cozimento, nos digestores, nas prensas para extração de
óleo.
• Indústria de doces em geral: no aquecimento do tanque de glicose, no cozimento de
massa em panelas sob pressão, em mesas para o preparo de massa, em estufas.
• Indústria de vulcanização e recauchutagem: na vulcanização, nas prensas.
• Indústrias químicas: nas autoclaves, nos tanques de armazenamento, nos reatores, nos
trocadores de calor.
• Indústria têxtil: utiliza vapor no aquecimento de grandes quantidades de água para
alvejar e tingir tecidos, bem como para realizar a secagem em estufas.
• Indústria de petróleo e seus derivados: nos refervedores, nos trocadores de calor, nas
torres de fracionamento e destilação, nos fornos, nos vasos de pressão.
• Indústria metalúrgica: nos banhos químicos, na secagem e pintura.
• Hospitais, Hotéis e similares: utilizam o vapor em suas lavanderias e cozinhas e no
aquecimento de ambientes.
O vapor fornece aquecimento estável e uniforme, pois quando a pressão do vapor for
conhecida, então a temperatura do vapor poderá ser determinada (MORAN; SHAPIRO,
2002).
A pressão muda instantaneamente dentro das tubulações e equipamentos, quando o
vapor saturado é condensado, isto ocorre na temperatura de saturação, e a água saturada,
conhecida como condensado, formada, tem a mesma temperatura do vapor saturado. Isto
significa que se a pressão na superfície de transferência térmica, a jaqueta ou interior espiral
28
dos equipamentos, for mantida constante, poderá ocorrer aquecimento contínuo com a mesma
temperatura em todas as partes da superfície de transferência térmica (MORAN; SHAPIRO,
2002).
O vapor fornece aquecimento rápido devido a transferência térmica provocada pelo
processo de condensação. O calor latente contido no vapor é liberado no instante que o vapor
se condensa. A quantidade de calor latente liberada é de duas a cinco vezes maior que a
quantidade de calor sensível na água quente, água saturada, após a condensação. Este calor
latente é liberado instantaneamente e transferido, através de um trocador de calor, para o
produto sendo aquecido (BAZZO, 1995).
entrada, a qual deverá ser considerada. Para serpentinas muito longas com diâmetros
comparativamente pequenos de tubulação, a pressão média pode ser tão baixa quanto 40% da
pressão de entrada (SPIRAX, 1976).
• Tachos abertos
São evaporadores consistidos em tachos abertos (Figura 2.5) que recebem calor
através de camisas de vapor. Tais evaporadores podem operar à pressão atmosférica. São
simples, de baixo custo inicial, porém não são econômicos por causa da grande perda de
calor. São utilizados na fabricação de doces em massa e produtos similares (GAVA; DA
SILVA; FRIAS, 2008).
não for grande. Uma resposta a esse problema é o trocador de calor composto de uma série de
chapas paralelas, separadas, formando passagens estreitas de fluido. Cada placa é separada da
seguinte por juntas, onde o fluido quente passa em paralelo entre as placas alternadas e o
líquido a ser aquecido passa em paralelo entre as placas quentes. A Figura 6 caracteriza a
montagem de um trocador de calor a placas (SPIRAX, 1990).
sólido, líquido ou gasoso, ou por conversão de energia elétrica e até a fissão nuclear, que é o
caso de usinas termonucleares.
As caldeiras elétricas são equipamentos de concepção bastante simples, sendo
compostos basicamente por um vaso de pressão onde a água é aquecida por eletrodos ou
resistências. São fáceis de usar e de automatizar (PERA, 1996).
• Vantagens:
- Construção fácil, com relativamente poucos custos;
- São bastante robustas;
- Não exigem tratamento de água muito cuidadoso;
- Exigem pouca alvenaria;
- Utilizam qualquer tipo de combustível, líquido, gasoso ou sólido;
• Desvantagens:
- Pressão limitada em torno de 25,5kgf/cm² g (2,6MPa), devido à espessura da chapa
dos corpos cilíndricos crescerem com o diâmetro;
- Partida lenta, em função de se aquecer todo o volume de água;
- Baixa capacidade e baixa taxa de produção de vapor por unidade de área de troca de
calor;
- Circulação de água deficiente;
- Dificuldades para instalação de superaquecedores, economizadores e preaquecedores
de ar;
As maiores caldeiras flamotubulares construídas atingem valores de pressão da ordem
de 25,5kgf/cm² (2,6MPa). Como a espessura, com que deve ser construído o casco, aumenta
proporcionalmente com a pressão e o diâmetro, observa-se que, ultrapassando determinados
limites, seria necessário construir caldeiras com chapa de espessura tal que tornaria sua
execução não somente difícil como de custo excessivamente elevado e de peso exagerado.
Pelas razões expostas, entre outras, a pressão acima pode ser considerada como limite
máximo para este tipo de gerador (NOGUEIRA, 2005).
• Caldeiras Aquatubulares
Neste tipo de caldeira, a água passa por dentro dos tubos e os gases quentes da
combustão passam por fora, ou seja, o lado da água fica por dentro e o lado do fogo fica por
fora dos tubos. Estes tubos são normalmente conectados entre dois ou mais tubões cilíndricos.
O tubão superior, também chamado de tubão de vapor, tem seu nível de água
controlado em cerca de 50% e os inferiores trabalham totalmente cheios de água. Todo o
conjunto, lado do fogo mais lado da água, é isolado por uma parede de refratários, câmara de
combustão, de forma a evitar perdas de calor para o ambiente (BEGA, 1989). A Figura 2.8
representa um desenho esquemático de uma caldeira Aquatubular.
34
EFICIÊNCIA FATOR
85% 1,18
80% 1,25
75% 1,33
70% 1,43
65% 1,54
60% 1,67
Fonte: Spirax (1990).
Onde:
• Ct – calor total do vapor na pressão de trabalho da caldeira (kJ/kg).
• Cs água – calor sensível da água de alimentação (kJ/kg).
• PCI – Poder Calorífico Inferior (kJ/kg), Quadro 1;
• Custo Combustível – variável (R$).
• Fator Rendimento Caldeira – tabelado. Quadro 2;
Exemplo para uma caldeira com as seguintes características:
• Pressão Trabalho Caldeira – 8,16 kgf/cm² g (900kPa)
• Eficiência da Caldeira – 85%
• Temperatura Água Alimentação – 80°C (353,15K)
• Custo Óleo BPF (Baixo Ponto de Fluidez) – R$ 1,08/kg
37
3 ESTUDO DE CASO
Neste capítulo são descritos dois sistemas distintos, mas com o mesmo objetivo, o
aquecimento de água. Estes sistemas são analisados através de comparações, destacando suas
eficiências e suas viabilidades econômicas referentes à aplicação a qual são destinados em
uma determinada área industrial.
(a) (b)
Figura 10 – Foto (a) Termoresistência, Foto (b) Controlador Lógico
Fonte: Autoria Própria (2012).
Dados de processo:
• Para a partida do processo, a água é aquecida de uma temperatura inicial (ܶ ሻ de 25°C
(298,15K) para uma temperatura final (ܶ ሻ de 57°C (330,15K) no decorrer da
recirculação, após ceder calor no circuito de reaquecimento do ar, ela retorna ao
tanque com uma temperatura ሺܶ ሻ de 51°C (324,15K).
• As resistências elétricas utilizadas no processo são de 58kW. Conforme mostrado na
Figura 11.
• Para o deslocamento da água por todo circuito é utilizado uma bomba centrífuga que
apresenta uma vazão máxima de 20m³/h e uma vazão mínima de 11,9m³/h, acionada
por um motor elétrico de 7,5cv.
• A vazão de água que recircula pelo sistema é de 12m³/h.
• O valor do Kw.h é de R$ 0,40
Dados de processo:
• O sistema de vapor é utilizado para aquecer a água de uma temperatura inicial ሺܶ ሻ de
25°C (298,15K) para uma temperatura final ሺܶ ሻ de 55°C (328,15K).
• Após o inicio do processo a água recircula por um circuito fechado, indo até o
equipamento responsável pelo reaquecimento do ar, onde cede calor, retornando ao
trocador de calor a uma temperatura ሺܶ ሻ de 49°C (322,15K).
• Para o deslocamento da água por todo circuito é utilizado uma bomba centrífuga que
apresenta uma vazão máxima de 20m³/h, acionada por um motor elétrico de 10cv.
• A vazão de água que percorre todo o sistema passando pelo trocador de calor é de
12m³/h.
(a) (b)
Figura 14 – Foto (a) Manômetro montante, Foto (b) Manômetro jusante a válvula
redutora de pressão
Fonte: Autoria Própria (2012).
• Após a redução de pressão o vapor chega até a válvula de controle de temperatura, que
é atuada por um posicionador eletropneumático, que por sua vez recebe um sinal
elétrico de 4 a 20mA de um controlador lógico, ligado a uma termoresistencia (PT
100) que faz a leitura da temperatura da água que sai do trocador de calor. Esta válvula
é responsável por modular a quantidade de vapor que entra no trocador de calor, de
acordo com a variação da temperatura da água.
• Dentro do trocador o vapor cede o seu calor latente para água, transferindo a energia
necessária para que ela atinja a temperatura requerida.
• Após ceder tal energia o vapor se condensa e é drenado para a linha de retorno de
condensado.
45
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
π . (2,3m)
A =
4
A = 4,15m²
Substituiu-se na Equação 27 o valor da área da base e da altura do tanque, tem-se o seu
volume:
V = 4,15 m² . 5,0m
V = 20,8m³
Cálculo da energia necessária para aquecer a água do tanque de uma temperatura
inicial até a temperatura requerida.
• Volume de água do tanque = 80% do volume total do tanque = 16,64m³.
Considerou-se a densidade da água sendo 1kg/l e 1m³ = 1.000l, então: 16,64m³ de
água são iguais a 16.640kg de água.
• Temperatura inicial: 25°C (298,15K)
• Temperatura final (requerida): 57°C (330,15K)
• Calor específico da água: 4,186 kJ/kg.K
• Massa de água: 16.640kg
Utilizando-se a Equação 10, apresentada no Capítulo 2, tem-se que:
kJ Eq. 29
Q = 16.640(kg). 4,186 . (330,15 − 298,15)K
kg. K
Q = 2.228.961,28Kj
kJ
Q = 12.000(kg). 4,186 # $ . (322,15)K
Eq. 32
kg. K
Q = 16.182.238,8kJ
Para efetuar-se o cálculo da temperatura da água no tanque durante todo o período de
recirculação, considerou-se que a energia térmica total é igual a soma da energia térmica que
fica retida no tanque com a energia que retorna, tem-se que:
%&'&() = %*+&,-( + %*+&'*/( Eq. 33
ou seja
m. c. ∆T&'&() = m. c. ∆T*+&,-( + m. c. ∆T*+&'*/(
3* = 324,38K
kJ
4(12.000kg ). 4,186 . (30K)5 Eq. 38
kg. K
Q=
kJ
2.186,5 . 1hora
kg
kg
Q = 689,21
h
kJ
4(12.000kg ). 4,186 . (8K)5 Eq. 39
kg. K
Q=
kJ
2.186,5 . 1hora
kg
kg
Q = 183,8
h
Onde:
• Ct – calor total do vapor na pressão de trabalho da caldeira (kJ/kg).
• Cs água – calor sensível da água de alimentação (kJ/kg).
• PCI – Poder Calorífico Inferior do Combustível (kJ/kg), Quadro 1;
• Custo Combustível - (R$/kg).
• Fator de Rendimento da Caldeira – Quadro 2;
Utilizou-se o Quadro 3 para se verificar o calor total do vapor a pressão de 8kgf/cm² g
(884,5kPa).. Como no quadro não se encontra o calor total a esta pressão exata, então se
calculou este valor através de uma interpolação entre os valores de calor total a pressões de
850kPa e 900kPa.
• 850kPa = 2.771,6kJ/kg
• 884,5kPa = x
• 900kPa = 2.773,9kJ/kg
(850 − 884,5)kPa (850 − 900)kPa Eq. 40
=
kJ kJ
(2.771,6 − x) (2.771,6 − 2.773,9)
kg kg
kJ
x = 2.773,2
kg
Conforme os dados informados nos capítulos 2, 3 e Equação 40 tem-se que:
• Ct – 2.773,2kJ/kg
• Cs água – 334,88kJ/kg
• PCI combustível - 40.151,4kJ/kg
• Custo Combustível – 1,47 R$/kg
• Fator Rendimento Caldeira – 1,33
52
;<
• Para todo o período de recirculação da água, tem–se se um consumo de 183,8 6 U C,
obtendo-se o seguinte custo por hora:
kg R$
'*( = 183,8 . 0,12
Eq. 44
h kg
R$
'*( = 22,05
h
• Considerando-se que para a partida do processo, no primeiro dia, deve-se considerar o
custo da primeira hora mais o custo de vinte e três horas. Tem-se que:
kg R$
=°-,( = 4183,8 . 0,12 . (23ℎ )5
Eq. 45
h kg
kg R$
+ 4689,21 . 0,12 5
h kg
=°-,( = R$ 589,99
• Para um custo mensal tem-se que:
+/() Eq. 46
kg R$
= 4183,8 . 0,12 . (24ℎ
) . (29
)5 + R$ 589,99
h kg
+/() = R$ 15.940,97
R$40.000,00
R$35.000,00
R$30.000,00
R$25.000,00
R$20.000,00
R$15.000,00
R$10.000,00
R$5.000,00
R$0,00
Sistema a Vapor Sistema Elétrico
R$ 17.467,03
R$ 52.345,00
≅ 3
Verificou-se que o tempo de retorno do investimento inicial é aproximadamente de 3
meses.
De acordo com a Equação 4.3 a energia necessária para o aquecimento da água é de:
• Q = 2.228.961,28kJ
;| ;|
• Potência fornecida pelas resistências: 201.6000 6 U C . 2 = 403.200 6 U C
Portanto a Equação 4.24 denota o tempo que as resistências elétricas levam para
aquecer os 16,64m³ de água até a temperatura requerida, que é de 57°C (330,15K), este tempo
é de 5,34 horas, viabilizando a partida do processo de reaquecimento do ar somente após este
período.
Enquanto o sistema de aquecimento a vapor proporciona uma partida imediata do
processo, uma vez que o volume de água que recircula pelo circuito passa pelo trocador de
calor, recebendo quase todo o calor latente do vapor, saindo na temperatura requerida.
Conforme caracteriza a Figura 17, que apresenta o controlador lógico indicando a
temperatura da água na saída do trocador de calor.
5 CONCLUSÃO
5.1 Considerações
A realização deste trabalho se deu por meio de um estudo de caso, sendo este a
utilização do vapor para a troca térmica em processos industriais. Os resultados obtidos
permitem concluir que:
• O tempo gasto pelo sistema de resistência elétrica para aquecer a agua é de 5,34 horas,
enquanto o sistema a vapor apresenta um aquecimento imediato;
• Neste caso, utilizando o vapor para o aquecimento tem-se uma economia mensal de
R$ 17.467,03;
7 REFERÊNCIAS
CENTENARO, Felipe. Trocadores de Calor. Assistência Técnica. Spirax Sarco Brasil, 2009
GAVA, Altanir Jaime; DA SILVA, Carlos Alberto Bento; FRIAS, Jenifer Ribeiro Gava.
Tecnologia de Alimentos: Princípios e Aplicações. Editora Nobel. 512p, 2008.
IENO, Gilberto; NEGRO, Luiz. Termodinâmica. Pearson Education do Brasil. 227p. São
Paulo, 2004.
MARTINELLI, Luiz Carlos Jr. Geradores de Vapor. Universidade Estadual do Rio Grande
do Sul. Campos Panambi, 2001.
SCOTT. Elaine P.; POTTER. Merle C. Ciências Térmicas: termodinâmica, mecânica dos
fluidos e transmissão de calor. Thomson Learning. São Paulo, 2007.
ANEXOS
Continuação
64
Continuação
65
Continuação
67
Continuação