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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS

CAMPUS GOIÂNIA – COORDENAÇÃO DA ÁREA DA INDÚSTRIA


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO ELETROMECÂNICA
INDUSTRIAL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

MÁRCIO PEREIRA FREITAS


VINÍCIUS CÂNDIDO MIRANDA

AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE VAPOR PARA TROCA TÉRMICA


EM UMA PLANTA INDUSTRIAL

GOIÂNIA
2012
MÁRCIO PEREIRA FREITAS

VINICIUS CÂNDIDO MIRANDA

AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE VAPOR PARA TROCA TÉRMICA


EM UMA PLANTA INDUSTRIAL

Trabalho apresentado ao programa de


Graduação do Instituto Federal de Goiás – IFG
– Coordenação da Área da Indústria – Curso
Superior de Tecnologia em Manutenção
Eletromecânica Industrial, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Tecnólogo em Eletromecânica Industrial.

Orientador: Prof. MSc. Ronay de Andrade


Pereira

GOIÂNIA
2012
DEDICATÓRIA

A Deus

Aos nossos Pais e família, pelo amor e carinho

Aos amigos, pela ajuda e companheirismo

A todos que acreditaram em nós


AGRADECIMENTOS

A Deus, pela nossa vida, por sua graça sobre nós e por mais esta conquista.

Aos nossos familiares que sempre estiveram presentes em cada passo dessa jornada,

ofertando-nos força, amor e carinho e pela constante lição de vida e pelo exemplo de

perseverança.

Ao Instituto Federal de Goiás pela oportunidade de realizar este curso.

Ao orientador Prof. MSc. Ronay de Andrade Pereira pela paciência e dedicação na a

realização deste trabalho.

A Indústria que concedeu a oportunidade da visita para a realização deste trabalho.

A Empresa Megateck Soluções Industriais, pela atenção em disponibilizar uma proposta

comercial.

Aos amigos do Curso Superior de Tecnologia em Manutenção Eletromecânica Industrial que

durante toda nossa convivência demonstraram-se fieis companheiros.

A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho.


FREITAS, Marcio Pereira; MIRANDA, Vinicius Cândido. Avaliação da Utilização de
Vapor para Troca Térmica em uma Planta Industrial. 2012. 56 f. Trabalho de Conclusão
de Curso, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás – IFG.
Goiânia.

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise comparativa entre dois
sistemas de aquecimento, um a vapor e outro elétrico, indicando qual sistema é mais viável
economicamente. O vapor é amplamente utilizado no meio industrial, em alguns casos como
meio de transmissão de movimento e em sua grande maioria, no aquecimento de processos.
Existem outros meios de aquecimento utilizados nas indústrias, entre eles os sistemas
elétricos. Identificar qual sistema apresenta a melhor relação custo/beneficio é de extrema
importância para a obtenção de bons resultados. O custo inicial, da instalação de sistemas a
vapor, é uma das grandes dificuldades que diversas indústrias enfrentam ao implantar este
tipo de sistema de aquecimento. Desenvolveu-se uma pesquisa tendo como principal base os
autores Nogueira (2005), Sonntag; Borgnakke; Wylen (2003) e Spirax (1990). Esta pesquisa
forneceu parâmetros para o desenvolvimento de cálculos que concederam resultados,
possibilitando a análise entre os sistemas. Os resultados apresentados justificam a substituição
de sistemas de aquecimentos elétricos para sistemas a vapor, pois neste caso, o custo
apresentado pelo sistema de aquecimento a resistência elétrica é 209,57% maior que o custo
apresentado pelo sistema a vapor.

Palavras chave: Vapor, Energia Térmica, Custo


FREITAS, Marcio Pereira; MIRANDA, Vinicius Cândido. Evaluation of the Use Steam for
Heat Exchange in an Industrial Plant. 2012. 56 f. End of Course Work, Federal Institute for
Education, Science and Technology of the State of Goias - IFG. Goiânia.

ABSTRACT

The present paper has an objective to show a comparative analysis between two
systems of heating, the one with steam and the other with electricity, pointing out witch
system is more economically viable. Steam has been largely used in industrial circles, in some
cases as a means of motion transmission, and in its large majority, in some heating processes.
There are other means of heating used in industries, among them the electrical systems. To
identify which system presents the best relation cost/benefit is extremely important to obtain
good results. The initial cost of the steam system installation is one of the major difficulties
that several industries face when implanting this king of heating system. A research was
developed especially based on the authors Nogueira (2005), Sonntag; Borgnakke; Wylen
(2003) and Spirax (1990). This research has provided the parameters for the development of
the calculation that granted results making possible the analysis among other systems. The
presented results justify the substitution of electrical heating systems to steam systems, in this
case, the cost that was presented by electrical resistance heating system is 209,57 % higher
than the cost that was presented by the steam system.

Keywords: Steam, Thermal Energy, Cost


LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Representação das escalas (NOGUEIRA, 2005) ................................................... 5

Figura 2.2 – Processo de geração de vapor em uma caldeira (NOGUEIRA, 2005) ................ 11

Figura 2.3 – Diagrama P - v (Adaptada de FISP, 2011)........................................................... 14

Figura 2.4 – Serpentina Submersa (SPIRAX, 1976) ................................................................ 18

Figura 2.5 – Tacho com Camisa de Vapor (GAVA, DA SILVA, FRIAS, 2008) .................... 18

Figura 2.6 – Trocador de calor a placas (CENTENARO, 2009).............................................. 19

Figura 2.7 – Caldeira Flamotubular em corte (MARTINELLI, 2001)..................................... 20

Figura 2.8 – Esquema básico de uma caldeira Aquatubular (BEGA, 1989) ............................ 22

Figura 3.1 – Tanque de aquecimento de água por resistência .................................................. 27

Figura 3.2 – (a) Termoresistência (b) Controlador Lógico ...................................................... 28

Figura 3.3 – Termoresistência de 58kW ................................................................................... 28

Figura 3.4 – Sistema compacto de aquecimento a vapor ......................................................... 29

Figura 3.5 – Caldeira Flamotubular, modelo Four 41 da fabricante Steammaster................... 31

Figura 3.6 – (a) Manômetro montante (b) Manômetro jusante a válvula redutora de pressão 32

Figura 4.1 – Comparativo mensal entre os dois sistemas ......................................................... 42

Figura 4.2 – Diagrama de fluxo de caixa.................................................................................. 43

Figura 4.3 – Controlador lógico, saída do trocador de calor .................................................... 44


LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

‫ ݌‬- Densidade
v – Volume específico
‫ – ݕ‬Peso específico
݀ - Densidade relativa
ܳሶ - Vazão mássica
ܳሶ ‫ ݒ‬- Vazão volumétrica
V – Volume
P – Pressão
Q – Quantidade de calor
cal – Caloria
ܳܿ - Transferência de calor por condução

ܳܿ‫ ݒ‬- Transferência de calor por convecção

ܳ‫ ݎ‬- Transferência de calor por radiação


U – Energia Interna
H - Entalpia
‫ – ݔ‬Título do vapor
cal – Caloria
CGPM – Conferencia Geral de Pesos e Medidas
PCI – Poder Calorífico Inferior
PCs – Poder Calorífico Superior
SI – Sistema Internacional de Unidades
Ʃ – Somatório
Temp. – Temperatura
Percent. - Percentual
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Quadro de Poder Calorífico Inferior (NOGUEIRA, 2005) ................................... 35

Quadro 2 – Quadro de fator de correção do rendimento da caldeira (SPIRAX, 1990) ............ 36

Quadro 3 – Vapor saturado (Adaptada de SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003) ..... 50


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 15

2.1 PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS BÁSICOS ............................................................. 15

2.1.1 Temperatura ..................................................................................................................... 15

2.1.2 Escalas de Temperatura ................................................................................................... 16

2.1.3 Pressão ............................................................................................................................. 17

2.1.4 Calor ................................................................................................................................ 17

2.1.5 Modos de Transferência de Calor.................................................................................... 18

2.1.6 Energia Interna ................................................................................................................ 20

2.1.7 Entalpia ............................................................................................................................ 20

2.2 CONCEITOS TERMODINÂMICOS ............................................................................ 21

2.2.1 Processos e Ciclos Termodinâmicos ............................................................................... 21

2.3 PRINCÍPIOS TERMODINÂMICOS ............................................................................. 21

2.4 VAPOR .............................................................................................................................. 24

2.4.1 Utilização do Vapor Saturado ......................................................................................... 26

2.4.2 Utilização do Calor Latente ............................................................................................. 28

2.5 CONSUMO DE VAPOR NA INDÚSTRIA .................................................................. 28

2.5.1 Equipamentos para Aquecimento de Forma Indireta ...................................................... 29

2.6 GERADORES DE VAPOR ............................................................................................. 31

2.7 TIPOS DE CALDEIRA ................................................................................................... 32

2.8 TIPO DE COMBUSÍVEL E SEU PODER CALORÍFICO ......................................... 35

2.9 CUSTO DO VAPOR ........................................................................................................ 36


3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 38
3.1 Os Sistemas de Aquecimento de Água .............................................................................. 38
3.2 Sistema de Aquecimento por Resistência Elétrica ............................................................ 38
3.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO A VAPOR ............................................................... 41
3.3.1 Geração do Vapor ........................................................................................................... 42
3.3.2 Utilização do Vapor ........................................................................................................ 43
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 45
4.1 Dados do Sistema de Aquecimento com Resistência Elétrica .......................................... 45
4.1.1 Energia necessária para o Aquecimento Inicial da Água do Tanque ............................. 45
4.1.2 Cálculo da Temperatura da Água no Tanque Durante a Recirculação............................ 46
4.1.3 Custo e Consumo de Energia das Resistências Elétricas ................................................ 47
4.2 Dados do Sistema de Aquecimento a Vapor ...................................................................... 48
4.2.1 Cálculo da Quantidade de Massa de Vapor Utilizada na Primeira Hora ........................ 49
4.2.2 Cálculo da Massa de Vapor Utilizada Durante a Recirculação da Água ....................... 50
4.2.3 Cálculo do Custo da Tonelada de Vapor ........................................................................ 51
4.2.4 Cálculo do Custo do Vapor Utilizado para o Aquecimento da Água ............................. 52
4.3 Comparações de Viabilidade Econômica entre os Dois Sistemas ..................................... 53
4.4 Comparações de Eficiência em Relação ao Tempo de Aquecimento ................................ 55
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 57
5.1 Considerações ..................................................................................................................... 57
5.2 Propostas de Trabalhos Futuros .......................................................................................... 57
6 REFERÊNCIAS...................................................................................................................59
ANEXO A – TABELA DE ÁGUA SATURADA ................................................................ 61
ANEXO B – PROPOSTA COMERCIAL – SISTEMA DE AQUECIMENTO A VAPOR
.................................................................................................................................................. 65
13

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise comparativa entre dois
sistemas de aquecimento, um utiliza vapor e o outro resistências elétricas para transmissão de
energia térmica. Estes dois sistemas são utilizados em uma indústria farmacêutica, aqui
chamada de Indústria Alfa, e apresentam a mesma finalidade, o aquecimento de água. Que por
sua vez é utilizada em um sistema de refrigeração do ar, este que é insuflado nos ambientes de
produção e de estocagem de produtos. A comparação baseia-se na analise de viabilidade
econômica e eficiência em relação ao tempo de gasto para dar inicio ao processo de
aquecimento do ar. Apontando as vantagens da utilização do vapor, para o aquecimento de
água, em relação ao sistema de resistências elétricas (PERA, 1966).
O vapor de água é usado como meio de transporte e utilização de energia desde os
primórdios do desenvolvimento industrial. As primeiras aplicações práticas ou de caráter
industrial de vapor surgiram por volta do século 17. A princípio, utilizava-se vapor no preparo
de alimentos. Hoje, o vapor tornou-se uma ferramenta flexível e versátil para a indústria
quando se necessita de aquecimento (BAZZO, 1995).
O vapor é obtido através de geradores mais conhecidos como caldeiras, os estudos
sobre produção de vapor tiveram inicio com o cientista inglês Thomas Savery no ano de
1698, posteriormente este equipamento foi melhorado por outros cientistas,
Newcomen em 1711, James Watt em 1769 (BIZZO, 2003).
Segundo Spirax (1990), o vapor é gerado à partir da água, fluído relativamente barato
e acessível em grande parte do planeta. Sua temperatura pode ser ajustada com precisão,
controlando sua pressão através de válvulas. É facilmente transportado através de tubulações,
podendo percorrer grandes distâncias entre os pontos de geração e utilização.
Ainda de acordo com Spirax (1990), em relação a outros fluidos térmicos o vapor
apresenta a grande vantagem de transportar grandes quantidades de energia com pouca massa
e, ao retornar ao estado líquido, cede essa energia ao meio que se deseja aquecer.
A gama de utilização do vapor, no meio industrial, é bastante ampla sendo utilizado
principalmente nos processos de fabricação e de beneficiamento, em grande parte das
indústrias como por exemplo, indústria de bebidas, indústria de papel e celulose, curtumes,
indústrias de laticínios, frigoríficos, indústria de doces em geral, indústria de vulcanização e
recauchutagem, indústrias químicas, indústria têxtil, indústria de petróleo e seus derivados,
indústria metalúrgica (BAZZO, 1995).
14

O trabalho é apresentado da seguinte maneira: O Capítulo 2 exibe uma revisão


bibliográfica, em que são abordadas informações teóricas necessárias ao bom entendimento
deste. No Capítulo 3 são descritos os sistemas de aquecimentos a vapor e a resistência
elétrica, bem como os dados de processo referente aos mesmos. O Capítulo 4 traz a
apresentação e a discussão dos resultados obtidos e, nos Capítulos 5 e 6, são apresentadas as
conclusões e as propostas para os trabalhos futuros, respectivamente. As referências
bibliográficas, utilizadas na pesquisa e na elaboração do texto, são apresentadas no final do
trabalho e as informações complementares estão denotadas nos anexos.
15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Princípios e Fundamentos Básicos

As propriedades físicas; densidade, volume específico, peso específico e densidade


relativa, são conceitos úteis para relacionar volumes e massas de substâncias, especialmente
água, vapor e gases (NOGUEIRA, 2005).
Densidade () – é a massa por unidade de volume (SCOTT; POTTER, 2007).

= [kg/m³] Eq. 1


Volume específico () – Volume específico de uma substancia é definido por um


volume ocupado pela unidade de massa. Pode ser dado pelo inverso da massa específica
(SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
 
 =  =  [m³/kg] Eq. 2

Peso específico () – Relação entre o peso e o volume de uma substância. Pode ser
dado pelo produto da densidade e pela aceleração da gravidade (g) (NOGUEIRA, 2005).

= = p . g [(kg/m³) . (m/s²)] = [kg/s² . m³] Eq. 3


Densidade relativa (d) – Pode ser expressa como sendo a relação entre a massa
específica ou o peso específico de uma substância e a massa específica ou peso específico de
uma substância de referência em condições padrão, respectivamente (NOGUEIRA, 2005).
Psubst Psubst kg Eq. 4
d= =  
P água 1000 m
Vazão mássica ( ) – Relaciona a quantidade de massa que passa por um determinado
volume de controle em um intervalo de tempo, e obedece a seguinte Equação (NOGUEIRA,
2005).

m kg
 =
Eq. 5
 
t h
Vazão volumétrica ( ) – Relaciona o volume de uma substância que passa por um
determinado volume de controle em um intervalo de tempo, como demonstra a Equação 6.
(NOGUEIRA, 2005).

Q = v
"#. A Eq. 6

2.1.1 Temperatura
A noção de temperatura é primitiva e nasce das sensações, de quente e frio,
apresentadas pelos corpos em diferentes estados térmicos. Normalmente, se através do contato
16

com nossa pele dois corpos apresentam a mesma sensação térmica, dizemos que suas
temperaturas são iguais ou que eles estão em equilíbrio. No entanto, afirmar que a
temperatura de dois corpos é igual ou diferente baseando-se apenas em nossas sensações é
muito subjetivo. Para contornar esse fato, a temperatura de um corpo é determinada em
função de algumas propriedades físicas que se alteram com as mudanças de temperatura. Por
exemplo, alguns metais variam sua condutividade elétrica com variação da temperatura. A
temperatura de uma substância está intimamente ligada ao estado de vibração de suas
moléculas. Estado chamado de agitação térmica e que tem uma relação diretamente
proporcional com a temperatura do corpo (NOGUEIRA, 2005).

2.1.2 Escalas de Temperatura


A escala utilizada para medir temperatura no Sistema Internacional de Unidades (SI) é
a Celsius, cujo símbolo é °C. Anteriormente foi chamada de escala centígrado, mas agora
apresenta esta denominação em honra ao astrônomo sueco Anders Celsius (1701 – 1744) que
a idealizou. Até 1945 esta escala era baseada em dois pontos fixos, facilmente reprodutíveis o
ponto de fusão do gelo e o de vaporização da água. A temperatura de fusão do gelo é definida
como a temperatura de uma mistura de gelo e água, que está em equilíbrio com ar saturado á
pressão de 1,0atm. A temperatura de vaporização da água é a temperatura em que água e o
vapor se encontram em equilíbrio a pressão de 1,0atm. Esses dois pontos, na escala Celsius,
recebem os valores 0 e 100°C (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
A escala absoluta relacionada à escala Celsius é chamada de escala Kelvin, em honra a
William Thompsom, também conhecido como Lord Kelvin (1824 – 1907). Ela é indicada pela
letra K, sem o símbolo de grau. A relação entre essas escalas é:
K= °C + 273,15 Eq. 7
Em 1967, a CGPM, Conferencia Geral de Pesos e Medidas, definiu o Kelvin como
sendo 1/273,16 da temperatura no ponto triplo da água e a escala Celsius passou a ser definida
por essa equação (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Existe também outra escala a Fahrenheit, usada nos países de língua inglesa
(NOGUEIRA, 2005). A Equação 8 e a Figura 1 mostram a relação existente entre essas
escalas.
% ' ( )* ( )
= = [ °C ; K ; °F ] Eq. 8
& & +
17

Figura 1 – Representação das escalas


Fonte: Nogueira (2005).

2.1.3 Pressão
A pressão num ponto de um fluido em repouso é igual em todas as direções e pode ser
definida como a componente normal da força por unidade de área, podendo ser expressa da
seguinte forma (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003):

P = , [Pa] = [N/m²] Eq. 9

Microscopicamente, a pressão exercida por um fluido sobre uma superfície em


contato com ele é causada pela colisão de suas moléculas com a superfície. Um fluido sob
pressão exerce uma força para fora sobre qualquer superfície em contato com ele (RENICK;
HALLIDAY; KRANE, 2003).
Na maior parte das relações termodinâmicas deve-se usar a pressão absoluta como
fator de cálculo. A pressão manométrica, obtida na medição com manômetros, é a diferença
da pressão absoluta em relação à pressão atmosférica local. Uma pressão manométrica
negativa é chamada de vácuo, e medidores de pressões negativas são chamados de
manômetros de vácuo. O termo, manométrica, é geralmente usado na definição do valor da
pressão manométrica, por exemplo, Pman = 200kPa ou pressão manométrica de 200kPa. Se o
termo, manométrica, não estiver presente, a pressão será considerada absoluta. A pressão
atmosférica é uma pressão absoluta e seu valor é de 101,3kPa, ao nível do mar. Lembrando
que a pressão atmosférica é diretamente proporcional a altura geográfica (SCOTT; POTTER,
2007).
18

2.1.4 Calor
O calor é a energia que flui entre um sistema e a sua vizinhança devido a uma
diferença de temperatura entre eles (RENICK; HALLIDAY; KRANE, 2003).
O calor é transferido do sistema com temperatura superior ao sistema que apresenta
temperatura inferior e a transferência de calor ocorre unicamente devido a diferença entre as
temperaturas dos dois sistemas. No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de calor é o
Joule (J) (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Outra unidade muito usada é a caloria (cal), definida como a quantidade de calor
necessária para elevar de 1°C a temperatura de 1g de água no estado líquido, sob pressão de
1atm (NOGUEIRA, 2005).
Quando um corpo ganha ou perde calor, em geral muda o estado de agitação térmica
de suas moléculas, consequentemente, a temperatura do mesmo varia. A quantidade de calor
recebida ou cedida, por um corpo quando sofre variação de temperatura, durante a troca de
calor recebe o nome de calor sensível a qual depende da massa, da variação de temperatura e
da natureza do material que constitui o corpo (NOGUEIRA, 2005).
Q = m. c. ∆T 0J2 Eq. 10
Calor específico é a capacidade que uma substância possui para absorver ou transferir
calor e se define como a quantidade de energia, necessária para aumentar a temperatura de 1
kg dessa substância em 1 grau. O calor específico da água é de 4,186 kJ/kg.K ou 1 kcal/kg°C
(SPIRAX, 1990).
A quantidade de energia que é transferida na forma de calor para uma substância, a
uma pressão constante, conduz à mudança de fase, e é chamada de calor latente. É igual à
variação de entalpia de uma substância entre as condições saturadas das duas fases. O calor de
vaporização é aquele necessário para vaporizar completamente uma unidade de massa de um
líquido saturado, esse calor é igual a hlg = hg - hl . O calor latente da água pode ser visto na
tabela de vapor saturado, que se encontra no ANEXO A (SCOTT; POTTER, 2007).
3 89

= constante 78:; Eq. 11

2.1.5 Modos de Transferência de Calor


Segundo Sonntag; Borgnakke; Wylen (2003), a transferência de calor é o transporte de
energia que ocorre quando quantidades de matéria, que apresentam temperaturas diferentes,
são colocadas em contato térmico. A transferência de calor pode ser divida em três grupos:
19

Condução: é a energia transferida as moléculas vizinhas através de interações,


colisões, ou por meio de intercâmbio de moléculas. Deste modo, é possível que as moléculas
mais energéticas, temperatura mais alta, transfiram energia para as moléculas menos
energéticas, temperatura mais baixa. A taxa de transferência de calor por condução é a função
da diferença de temperatura e também da habilidade que a substância tem de realizar a
transferência de energia. Isto é expresso pela lei de Fourier da condução:
@A
< = −>∇ Eq. 12
@B

A taxa de transferência de calor por condução é proporcional à condutibilidade


térmica, k, a área total, ∇, e o gradiente de temperatura. O sinal negativo indica que o sentido
da transferência de calor é a região que apresenta temperatura mais alta para a que apresenta
temperatura mais baixa (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Convecção: a convecção se constitui em movimentos de massas fluidas, trocando de
posição, ou seja, o calor é transportado de um lugar para o outro através do movimento de
quantidades de matéria. Neste caso, as moléculas não estão tão juntas como nos sólidos, o que
dificulta a condução. Desta forma, pode-se afirmar que a convecção somente ocorre nos
fluidos, ou seja, líquidos e gases, não podendo ocorrer nos sólidos (MRN, 2008).
Normalmente, o coeficiente de transferência de calor por convecção é correlacionado pela lei
do resfriamento de Newton:
<C = h. ∇. ∆T Eq. 13
As propriedades de transferência estão agrupadas no coeficiente de transferência de
calor por convecção, h. Este coeficiente é função das propriedades físicas do fluido, do
escoamento e da geometria. Deste modo, para que seja possível avaliar o coeficiente de
transferência de calor por convecção numa dada situação, é necessário analisar
detalhadamente o escoamento do fluido e o processo global de transferência de calor da
situação que está sendo analisada (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Radiação: fisicamente é a taxa de energia transferida por fótons. Portanto, a radiação
pode ser transmitida através de uma substância transparente como o ar, e difere de outras
formas de transmissão de calor por poder ser transmitida no vácuo perfeito (SCOTT;
POTTER, 2007).
Normalmente, a taxa de emissão superficial de energia é escrita como uma fração,
emissividade, da taxa de emissão de um corpo negro perfeito, ou seja:
D = E. F. ∇. GHI Eq. 14
20

Onde Ts é a temperatura da superfície e F é constante de Stefan – Bolztmann. As


superfícies não metálicas apresentam emissividades na faixa próximas de 0,92 e as superfícies
metálicas não polidas apresentam emissividades na faixa delimitada por 0,6 e 0,9. A radiação
térmica não é monocromática e substâncias diferentes emitem e absorvem radiação de modos
diferentes. (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).

2.1.6 Energia Interna


De acordo com Ieno; Negro (2004), admitindo-se que o sistema receba calor externo,
as energias, cinética e potencial de posição, permanecem inalteradas. Este fato indica que
outra forma de energia relacionada com a troca de calor, deve ser alterada dentro do sistema.
Essa forma de energia denomina-se energia interna, estando a sua variação relacionada com
as alterações que ocorrem na temperatura interna do sistema. A energia interna tem valor
absoluto e depende de um estado, no qual se convenciona que seu valor é nulo. A energia
interna é representada por:
U = m. u Eq. 15
Onde u é energia interna específica, medida em kcal/kg ou em kJ/kg, e U é energia
interna total de um sistema de massa m. Na determinação dos valores da energia interna, cada
substância tem um estado de referência, no qual o seu valor, adotado por convenção, é nulo.
Para a água, adotou-se o estado líquido a 0°C, sob pressão de 1atm. A partir desse valor,
quando a água recebe calor, a sua energia interna aumenta e, quando perde calor, a sua
energia interna diminui. A partir desse estado pode-se estabelecer uma escala de energia
interna considerando que a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma
massa unitária de água é iguala a variação da energia interna dessa água. Essa igualdade é
garantida pelo princípio da conservação da energia, pois a quantidade de energia que entra no
sistema, representada pelo calor, deve ser igual, a variação de energia que ocorre dentro dele.
Como o calor não provoca o aumento da energia cinética nem da energia potencial da
água, conclui-se que é convertido totalmente em um aumento de energia interna, sendo esta
relacionada com o aumento da temperatura.

2.1.7 Entalpia
Na análise térmica de alguns processos específicos, frequentemente encontra-se certas
combinações de propriedades termodinâmicas. Uma dessas combinações ocorre quando
temos um processo a pressão constante, resultando sempre uma combinação (U + P.V) onde
U é energia interna e P.V é o produto entre pressão e volume. Assim considerou-se
21

conveniente definir uma nova propriedade termodinâmica chamada Entalpia representada pela
letra H, determinada matematicamente pela relação (PORDEUS, 2005):
H = U + P. V Eq. 16

2.2 CONCEITOS TERMODINÂMICOS

Conceitos termodinâmicos são as leis físicas que governam as transformações


energéticas nas caldeiras e nos sistemas de utilização de vapor (NOGUEIRA, 2005).
Um sistema termodinâmico consiste em uma quantidade de matéria ou região para a
qual nossa atenção está voltada, definido em função do que se pretende analisar. Tudo que se
situa fora do sistema termodinâmico é chamado meio ou vizinhança. O sistema
termodinâmico é demarcado por uma fronteira ou superfície de controle, que pode ser móvel
ou fixa, bem como real ou imaginária (NOGUEIRA, 2005). Os sistemas termodinâmicos
podem ser:
• Sistema fechado – é constituído por uma fronteira real que não permite passagem de
massa, podendo haver transferência de calor. (IENO; NEGRO, 2004).
• Volume de controle – é definido pela análise envolvendo um fluxo de massa.
(SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
A água de uma caldeira fechada, em aquecimento, sem entrada de água nem de vapor
é um sistema termodinâmico fechado, pois não há fluxo de massa nas fronteiras do sistema,
embora haja fluxo de calor para a água, Já uma fornalha de caldeira ou uma válvula aberta em
que circula vapor corresponde a volumes de controle, porque existe massa, ar, combustível,
produtos de combustão e/ou vapor, circulando nas fronteiras do sistema ou sua superfície de
controle. (NOGUEIRA, 2005).

2.2.1 Processos e Ciclos Termodinâmicos


Quando o valor de pelos menos uma propriedade de um sistema se altera, dizemos que
ocorreu uma mudança de estado. O caminho definido pela sucessão de estados através dos
quais o sistema percorre é chamado de processo. Alguns processos apresentam denominação
própria pelo fato de que uma propriedade se mantém constante. Um processo isotérmico é um
processo a temperatura constante, um processo isobárico ocorre a pressão constante, um
isocórico a volume constante, um isoentálpico a entalpia constante, e por ultimo é definido
como processo adiabático aquele onde não ocorre a transferência de calor (SCHURAUS,
2007).
22

2.3 PRINCÍPIOS TERMODINÂMICOS


Para a compreensão do que ocorre em uma caldeira ou sistema térmico a vapor é
necessário atentar para as leis físicas básicas que envolvem os princípios de conservação de
massa e energia.
• Princípio da Conservação de Massa
O princípio de conservação de massa para um volume de controle assegura que a
diferença entre as massas que entram e saem deste volume devem corresponder exatamente a
variação de massa no interior do volume de controle. A expressão abaixo indica que a
variação de massa dentro do volume de controle durante o intervalo de tempo ∆N é igual a
quantidade de massa que entra menos a quantidade de massa que sai do volume de controle.
∆OP
= ∑S m S − ∑T m T Eq. 17
∆Q

Na expressão, U V e U H , correspondem as vazões mássicas na entrada e saída,


respectivamente, e ∆mvc correspondem a variação da quantidade de massa no volume de
controle (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Para volumes de controle em regime permanente, isto é, quando existe escoamento,
mas sem qualquer variação no tempo, não ocorrem variações de massa no interior do volume
de controle. Por tanto, vale a Equação 18. Nestas condições, a soma da massa que entra é
igual a soma da massa que sai (NOGUEIRA, 2005).

W m S = W m T Eq. 18
S T

A Equação 2.18 é útil, por exemplo, para estimar a vazão de vapor em uma caldeira,
baseando-se na medição da vazão de água de alimentação, sempre quando não houver
variação em seu nível (NOGUEIRA, 2005).
• Primeira Lei da Termodinâmica ou Princípio da Conservação de Energia
A primeira lei da termodinâmica, ou princípio da conservação da energia, estabelece
que a energia não pode ser criada nem destruída, mas simplesmente transformada de uma
forma em outra.
A primeira lei é usualmente aplicada de duas formas: em sistemas fechados sem
escoamento e em sistemas abertos com escoamento em regime permanente. A água contida
em uma caldeira durante o processo de aquecimento é exemplo do primeiro caso, enquanto
uma caldeira em regime normal de funcionamento é um exemplo da segunda situação, quando
não existem variações de propriedades com o tempo (NOGUEIRA, 2005).
Para um volume de controle em regime permanente, as condições da massa em seu
interior não variam com o tempo. A vazão em massa e a taxa de transferência de energia na
23

forma de calor e de trabalho, potência, também são constantes com o tempo. Como não há
acumulação de massa dentro do volume de controle, o princípio da conservação de energia
pode ser representado pela Equação 19, que é a equação geral da primeira lei da
termodinâmica para regime permanente (NOGUEIRA, 2005).

QXY + ∑S m S . 7hS + Z + g. ZS ; = WXY + ∑T m T . 7hT + ^ + g. ZT ;


X [ X [
Eq. 19
) )

taxa de energia de entrada = taxa de energia de saída


Em que:
C< e _C< – Taxa de calor e trabalho através do volume de controle (kW).
U V e U H – Vazão em massa de entrada e saída do Volume de Controle, respectivamente,
(kg/s).
ℎ – Entalpia específica, (kJ/kg).
 – velocidade do fluxo, (m/s).
a – Aceleração da gravidade local = 9,8 m/s²
b – Altura a partir de um ponto de referencia (m)
Para aplicações que envolvem apenas uma entrada e uma saída em regime permanente
do volume de controle, o balanço de energia se reduz a equação a seguir (IENO; NEGRO,
2004).
v) − v))
QXY − WXY + m c0h − h) 2 + + g. 0Z − Z 2e = 0 Eq. 20
2
De acordo com a Equação 20, pode-se analisar o processo de geração de vapor em
uma caldeira funcionando normalmente, após a fase de aquecimento, como esquematizado na
figura 2.

Figura 2: Processo de geração de vapor em uma caldeira


Fonte: Nogueira (2005).
24

Para uma caldeira, pode-se considerar desprezível a diferença de energia cinética e


potencial. Também, não há geração nem consumo de trabalho. Assim a Equação 20 torna-se:
QXY = m. [0h − h) 2] Eq. 21
Ou seja, o calor fornecido corresponde ao ganho de entalpia da água. Da mesma
forma, em um trocador de calor aquecido por vapor o calor cedido por quilograma de vapor é
igual à variação de entalpia do vapor entre a entrada e a saída, já que não existe trabalho
envolvido e os efeitos de energia cinética e potencial podem ser desprezados. A Equação 21 é
de grande interesse na determinação da eficiência de caldeira (NOGUEIRA, 2005).

2.4 VAPOR
Uma substância pura pode existir em mais de uma fase, porém cada uma delas deve ter
a mesma composição química. A água é uma substância pura e pode ser encontrada em três
fases diferentes: sólida, líquida e gasosa (SCOTT; POTTER, 2007).
Cedendo calor para a água, faremos com que sua temperatura atinja um determinado
valor até o seu ponto de ebulição, a partir daí qualquer adição de calor fará com que parte
desta água ferva, se transformando em vapor. Podemos considerar de forma sistemática que
vapor nada mais é que a união do elemento químico água com o elemento físico energia ou
calor (SPIRAX, 1990).
O vapor pode ser considerado um elemento transportador de calor, que consiste em
uma porção de água que devido à elevação de sua temperatura mudou de estado, adquirindo
pressões superiores à atmosférica, que favorecem sua movimentação no percurso através de
tubulações e equipamentos, movimentando-se por sua própria pressão (TORREIRA, 2002).
A temperatura na qual ocorre a vaporização a uma dada pressão é chamada de
temperatura de saturação, assim a pressão de saturação da água a 99,6°C é 1,02kgf/cm² a
(100kPa). Para uma substância pura há uma relação definida entre a pressão de saturação e a
temperatura de saturação (SONNTAG; BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
Outra característica do vapor é a variação do volume específico em relação à pressão.
Se 1kg de água se converter em vapor, o resultado é exatamente 1kg de vapor. Porém, o
volume ocupado pelo vapor será muito maior que o ocupado pela mesma quantidade de água.
Ao contrário do que ocorre com a água, o volume ocupado por uma determinada quantidade
de vapor depende diretamente de sua pressão. Quanto maior a pressão do vapor, menor será o
volume ocupado por esta massa (SPIRAX, 1990).
25

Através dos geradores de vapor é possível se obter vapor saturado e vapor


superaquecido, porém para processos de troca térmica o mais utilizado é o vapor saturado.
• Vapor saturado:
Atingida a temperatura de saturação, a água passa a se transformar em vapor,
mantendo sua temperatura constante. Quanto maior a quantidade de calor latente absorvida
pela mistura, maior será a quantidade de vapor e, consequentemente, menor será a quantidade
de água. Durante essa fase, a mistura é chamada de vapor saturado úmido, pois, junto com o
vapor, ainda existe uma parcela de água presente. No instante em que houver absorção de
todo o calor latente, toda a água presente estará transformada em vapor, isto é, o vapor estará
totalmente isento da presença de água. Neste estágio, o vapor é chamado de vapor saturado
seco. Na prática, o vapor utilizado nas indústrias arrasta consigo gotículas de água, não
podendo ser classificado de vapor saturado seco. Porém, o desejável é que o vapor utilizado
em processos de aquecimento seja o mais seco possível, isto é, com maior parcela possível de
calor latente (SPIRAX, 1990).
A tabela de vapor saturado, que se encontra no ANEXO A deste trabalho, serve para
relacionar todas as suas propriedades e é resultado de ensaios efetuados com o vapor.
O vapor saturado pode ser considerado como uma mistura de líquido e vapor seco. É
denominado título ou qualidade de um vapor úmido o peso de vapor seco contido em um
quilograma de vapor saturado úmido. Simboliza-se geralmente com a letra X (TORREIRA,
2002).

Conforme Scott; Potter (2007), o título do vapor pode ser definido pela razão da massa
de vapor saturado pela massa total. De acordo com o diagrama P – v (Figura 3) temos que:
 = h + X ou mv = mh vh + mX vX Eq. 22
Usando a definição de título pode-se escrever a Equação 23:
 = h + x0X − h 2 Eq. 23
26

Figura 3 – Diagrama P – v
Fonte: Adaptada de FISP (2011).

• Vapor Superaquecido:
O vapor superaquecido é criado pelo aquecimento adicional do vapor saturado,
produzindo vapor com uma temperatura maior do que o vapor saturado à mesma temperatura.
Este tipo de vapor é usado principalmente em aplicações de propulsão, acionamento, e é
raramente usado em aplicações de aquecimento (PERA, 1990).

2.4.1 Utilização do Vapor Saturado


Algumas propriedades tornam o vapor saturado uma ótima fonte de calor sendo
utilizado de 100°C (373,15K) a 200°C (473,15K). Conforme Torreira (1995), pode se apontar
algumas vantagens na utilização de vapor como fluido térmico.
• O aquecimento rápido e uniforme é possível através do calor latente;
• Transporta muita energia com pouca massa;
• Melhora a qualidade dos produtos e a produtividade;
• Pode-se estabelecer, precisamente, a pressão e a temperatura;
• É possível controlar a pressão ao invés de controlar a temperatura;
• Alto coeficiente de transferência térmica;
• A pequena área necessária para a transferência térmica, permitindo uma redução dos
gastos iniciais com equipamentos;
• Origina-se da água;
27

• Seguro e de baixo-custo;
De acordo com Spirax (1990), em se tratando de processos de fabricação e
beneficiamento é possível citar várias aplicações para uso do vapor saturado:
• Indústria de bebidas: nas lavadoras de garrafas, tanques de xarope, pasteurizadores.
• Indústrias madeireiras: no cozimento de toras, secagem de tábuas ou lâminas em
estufas, em prensas para compensados.
• Indústria de papel e celulose: no cozimento de madeira nos digestores, na secagem
com cilindros rotativos, na secagem de cola, na fabricação de papelão corrugado.
• Curtumes: no aquecimento de tanques de água, secagem de couros, estufas, prensas,
prensa a vácuo.
• Indústrias de laticínios: na pasteurização, na esterilização de recipientes, na fabricação
de creme de leite, no aquecimento de tanques de água, na produção de queijos,
iogurtes e requeijões.
• Frigoríficos: nas estufas para cozimento, nos digestores, nas prensas para extração de
óleo.
• Indústria de doces em geral: no aquecimento do tanque de glicose, no cozimento de
massa em panelas sob pressão, em mesas para o preparo de massa, em estufas.
• Indústria de vulcanização e recauchutagem: na vulcanização, nas prensas.
• Indústrias químicas: nas autoclaves, nos tanques de armazenamento, nos reatores, nos
trocadores de calor.
• Indústria têxtil: utiliza vapor no aquecimento de grandes quantidades de água para
alvejar e tingir tecidos, bem como para realizar a secagem em estufas.
• Indústria de petróleo e seus derivados: nos refervedores, nos trocadores de calor, nas
torres de fracionamento e destilação, nos fornos, nos vasos de pressão.
• Indústria metalúrgica: nos banhos químicos, na secagem e pintura.
• Hospitais, Hotéis e similares: utilizam o vapor em suas lavanderias e cozinhas e no
aquecimento de ambientes.
O vapor fornece aquecimento estável e uniforme, pois quando a pressão do vapor for
conhecida, então a temperatura do vapor poderá ser determinada (MORAN; SHAPIRO,
2002).
A pressão muda instantaneamente dentro das tubulações e equipamentos, quando o
vapor saturado é condensado, isto ocorre na temperatura de saturação, e a água saturada,
conhecida como condensado, formada, tem a mesma temperatura do vapor saturado. Isto
significa que se a pressão na superfície de transferência térmica, a jaqueta ou interior espiral
28

dos equipamentos, for mantida constante, poderá ocorrer aquecimento contínuo com a mesma
temperatura em todas as partes da superfície de transferência térmica (MORAN; SHAPIRO,
2002).
O vapor fornece aquecimento rápido devido a transferência térmica provocada pelo
processo de condensação. O calor latente contido no vapor é liberado no instante que o vapor
se condensa. A quantidade de calor latente liberada é de duas a cinco vezes maior que a
quantidade de calor sensível na água quente, água saturada, após a condensação. Este calor
latente é liberado instantaneamente e transferido, através de um trocador de calor, para o
produto sendo aquecido (BAZZO, 1995).

2.4.2 Utilização do Calor Latente


Pode-se verificar junto à tabela de vapor saturado, apresentada no ANEXO A, que a
quantidade de calor latente diminui com o aumento da pressão. Isto significa que quanto
maior for a pressão de vapor menor será a quantidade de calor latente por quilo de vapor.
Assim mais quilos de vapor serão necessários para fornecer uma dada quantidade de calor
latente. Esta característica justifica a redução da pressão de vapor utilizado nos equipamentos
responsáveis pela troca térmica (SPIRAX, 1990).
Do ponto de vista de economia de vapor quanto mais baixa for a pressão, menor será o
consumo de vapor para uma dada quantidade de calor. No entanto, também é verdade que
quanto mais baixa for a pressão do vapor tanto mais baixa será sua temperatura e em
consequência menor será a taxa de transferência de calor por unidade de área. Esta dificuldade
pode ser vencida pelo aumento da superfície de troca ou superfície de aquecimento (SPIRAX,
1990).

2.5 CONSUMO DE VAPOR NA INDÚSTRIA


É de suma importância conhecer os consumos de vapor de uma instalação, pois isso
permite calcular diâmetros de tubulações e dimensionar componentes tais como válvulas de
controle, purgadores e equipamentos auxiliares. (SPIRAX, 1976).
De acordo com Spirax (1976), em todos os sistemas de vapor deve-se considerar o
consumo que existe nas próprias linhas de distribuição. Pois durante o período de
aquecimento das linhas haverá altas taxas de condensação, ou seja, condições de pico. Uma
vez aquecida a tubulação, a taxa de condensação nas linhas diminui, pois há somente a
radiação de calor da tubulação para o ambiente. A taxa de condensação pode ser expressa pela
Equação 24:
29

[M. 0T − t2. cp. 60] Eq. 24


Q=
Cl . m
Onde:
Q = taxa de condensação (kg/h)
T = temperatura de vapor (K)
Cl = calor latente do vapor (kJ/kg)
M = peso total da tubulação, incluindo os flanges (kg)
t = temperatura ambiente (K)
m = tempo requerido para o aquecimento (minutos)
cp = calor específico do aço (kJ/kg.K)

Para os equipamentos utilizados em aquecimento de forma indireta, como trocadores


de calor, serpentinas, radiadores, entre outros, a taxa média com que o vapor se condensa
pode ser calculada obedecendo a Equação 25:
M. cp. ∆t Eq. 25
Q=
Cl. h
Onde:
Q = taxa de condensação (kg/h)
M = massa do fluido aquecido (kg)
cp = calor específico do fluido aquecido (kJ/kg.K)
∆t = aumento de temperatura 0Gn − Go 2 (K)
Cl = calor latente do vapor (kJ/kg)
h = tempo de aquecimento em horas

2.5.1 Equipamentos para Aquecimento de Forma Indireta


Podem-se destacar alguns equipamentos utilizados no aquecimento de fluidos, ou
cozimento de produtos, entre tantos outros processos industriais. Segue abaixo detalhes de
alguns destes equipamentos.
• Serpentinas Submersas
Serpentinas de vapor submersas são frequentemente utilizadas para aquecerem
líquidos em tanques ou outros recipientes. O vapor passa pelo bocal de entrada da serpentina
em alta velocidade e é relativamente livre de água.
Em serpentinas longas, a queda de pressão começa a ser significante, alcançando a
temperatura média G) , da serpentina correspondente à pressão de digamos, 75% da pressão de
30

entrada, a qual deverá ser considerada. Para serpentinas muito longas com diâmetros
comparativamente pequenos de tubulação, a pressão média pode ser tão baixa quanto 40% da
pressão de entrada (SPIRAX, 1976).

Figura 4 – Serpentina Submersa


Fonte: Spirax (1976).

• Tachos abertos
São evaporadores consistidos em tachos abertos (Figura 2.5) que recebem calor
através de camisas de vapor. Tais evaporadores podem operar à pressão atmosférica. São
simples, de baixo custo inicial, porém não são econômicos por causa da grande perda de
calor. São utilizados na fabricação de doces em massa e produtos similares (GAVA; DA
SILVA; FRIAS, 2008).

Figura 5 – Tacho com Camisa de Vapor

Fonte: Gava, Da Silva, Frias (2008).

• Trocadores de calor a placas


O alto preço das superfícies de troca de calor é um dos principais fatores no custo dos
equipamentos de aquecimento e adquire maior importância quando a diferença de temperatura
31

não for grande. Uma resposta a esse problema é o trocador de calor composto de uma série de
chapas paralelas, separadas, formando passagens estreitas de fluido. Cada placa é separada da
seguinte por juntas, onde o fluido quente passa em paralelo entre as placas alternadas e o
líquido a ser aquecido passa em paralelo entre as placas quentes. A Figura 6 caracteriza a
montagem de um trocador de calor a placas (SPIRAX, 1990).

Figura 6 – Trocador de calor a placas


Fonte: Centenaro (2009).

Para melhorar a transferência de calor, as placas são prensadas de modo a formar


ondulações que causem turbulência no fluido. Entre as vantagens desse tipo de trocador de
calor inclui-se a facilidade de acesso para limpeza, possibilidade de acrescentar mais
superfícies de aquecimento se as condições de processo se alterar e a facilidade de troca das
placas que apresentem problemas (CENTENARO, 2009).

2.6 GERADORES DE VAPOR


O equipamento destinado a gerar vapor através de uma troca térmica entre o
combustível e a água é denominado de Caldeira ou Gerador de vapor. Este equipamento é
construído com chapas e tubos cuja finalidade é fazer com que a água se aqueça e passe do
estado líquido para o gasoso, aproveitando o calor liberado pelo combustível que faz com as
partes metálicas da mesma se aqueçam e transfiram calor para a água produzindo vapor
(TORREIRA, 1995).
As caldeiras são empregadas na produção de vapor d’água ou aquecimento de fluidos
térmicos. A energia para a vaporização pode ser obtida através da queima de um combustível
32

sólido, líquido ou gasoso, ou por conversão de energia elétrica e até a fissão nuclear, que é o
caso de usinas termonucleares.
As caldeiras elétricas são equipamentos de concepção bastante simples, sendo
compostos basicamente por um vaso de pressão onde a água é aquecida por eletrodos ou
resistências. São fáceis de usar e de automatizar (PERA, 1996).

2.7 TIPOS DE CALDEIRA


• Caldeira Flamotubular
Trata-se de geradores de vapor em que os gases quentes estão por dentro dos tubos e a
água por fora, essas caldeiras se destinam a pressões na faixa de 0 a 25,5kgf/cm² g (0 a
2,6MPa), trabalhando a maioria até 10,2kgf/cm² (1,1MPa), muito empregadas em laticínios,
curtumes, frigoríficos, fábricas de bebidas em geral.
Dependendo da forma de construção, esta caldeira pode ter um, dois ou três passes dos
gases nos tubos. Os gases quentes passam por dentro dos tubos, ao redor dos quais está a água
a ser aquecida e evaporada. Os tubos são montados à maneira dos feixes de permutadores de
calor, com um ou mais passos dos gases quentes através do mesmo. As caldeiras
flamotubulares são empregadas apenas para pequenas capacidades e quando se quer apenas
vapor saturado de baixa pressão (PERA, 1990). Na Figura 2.7 pode-se ver, em corte, uma
caldeira deste tipo.

Figura 7: Caldeira Flamotubular em corte


Fonte: Martinelli (2001).
De acordo com Bizzo (2003), pode-se destacar algumas vantagens e desvantagens
apresentadas por este tipo de caldeira:
33

• Vantagens:
- Construção fácil, com relativamente poucos custos;
- São bastante robustas;
- Não exigem tratamento de água muito cuidadoso;
- Exigem pouca alvenaria;
- Utilizam qualquer tipo de combustível, líquido, gasoso ou sólido;
• Desvantagens:
- Pressão limitada em torno de 25,5kgf/cm² g (2,6MPa), devido à espessura da chapa
dos corpos cilíndricos crescerem com o diâmetro;
- Partida lenta, em função de se aquecer todo o volume de água;
- Baixa capacidade e baixa taxa de produção de vapor por unidade de área de troca de
calor;
- Circulação de água deficiente;
- Dificuldades para instalação de superaquecedores, economizadores e preaquecedores
de ar;
As maiores caldeiras flamotubulares construídas atingem valores de pressão da ordem
de 25,5kgf/cm² (2,6MPa). Como a espessura, com que deve ser construído o casco, aumenta
proporcionalmente com a pressão e o diâmetro, observa-se que, ultrapassando determinados
limites, seria necessário construir caldeiras com chapa de espessura tal que tornaria sua
execução não somente difícil como de custo excessivamente elevado e de peso exagerado.
Pelas razões expostas, entre outras, a pressão acima pode ser considerada como limite
máximo para este tipo de gerador (NOGUEIRA, 2005).
• Caldeiras Aquatubulares
Neste tipo de caldeira, a água passa por dentro dos tubos e os gases quentes da
combustão passam por fora, ou seja, o lado da água fica por dentro e o lado do fogo fica por
fora dos tubos. Estes tubos são normalmente conectados entre dois ou mais tubões cilíndricos.
O tubão superior, também chamado de tubão de vapor, tem seu nível de água
controlado em cerca de 50% e os inferiores trabalham totalmente cheios de água. Todo o
conjunto, lado do fogo mais lado da água, é isolado por uma parede de refratários, câmara de
combustão, de forma a evitar perdas de calor para o ambiente (BEGA, 1989). A Figura 2.8
representa um desenho esquemático de uma caldeira Aquatubular.
34

Figura 8 – Esquema básico de uma caldeira Aquatubular


Fonte: Bega (1989).

As caldeiras Aquatubulares visam o mesmo objetivo de uma caldeira qualquer, isto é,


custo reduzido, ser acessível, tubos com formas simples, boas circulação, coeficiente de
transmissão de calor elevado e alta capacidade de produção de vapor.
Pode-se dizer que este tipo atinge todos ou quase todos dos objetivos pretendidos
como, por exemplo, a sua limpeza é facilmente realizada, pois as incrustações são retiradas
sem dificuldade utilizando um dispositivo limpa-tubo movido com água ou ar
(MARTINELLI, 2001).
Segundo Moran; Shapiro (2002), pode-se apresentar algumas vantagens e
desvantagens das caldeiras Aquatubulares.
• Vantagens:
- Maior taxa de produção de vapor por unidade de área de troca de calor;
- Possibilidade de utilização de temperaturas superiores a 450°C e pressões acima de
60atm;
- Partida rápida em razão do volume reduzido de água nos tubos;
- A limpeza dos tubos é mais simples que na Flamotubular e pode ser feita
automaticamente;
- A vida útil destas caldeiras pode chegar a 30 anos;
• Desvantagens:
- Uma caldeira Aquatubular pode custar até 50% mais que uma caldeira Flamotubular
de capacidade equivalente;
35

- Construção mais complexa;


- Exigem tratamento de água muito cuidadoso;
Caldeiras Aquatubulares usando somente coletores e tubos de pequeno diâmetro são
construídas com placas de menor espessura. Portanto, são mais aptas para vaporizar sob maior
pressão, pelo motivo que, para um maior valor deste parâmetro, ao diminuir o diâmetro do
recipiente, a espessura do metal capaz de suportá-la diminui proporcionalmente
(NOGUEIRA, 2005).
Pode-se afirmar de forma bem resumida que as caldeiras Aquatubulares são
empregadas quase exclusivamente quando interessa obter elevadas pressões grandes
capacidades e altos rendimentos (MARTINELLI, 2001).

2.8 TIPO DE COMBUSTÍVEL E SEU PODER CALORÍFICO


Durante a queima dos combustíveis é fornecida energia térmica que pode ser avaliada
por seu poder calorífico, em geral, apresentada para sólidos e líquidos por unidade de massa e
para gases por unidade de volume, referidas neste caso a pressão atmosférica e a temperatura
de 0°C (NOGUEIRA, 2005).
São definidos dois tipos de poder calorífico: o Poder Calorífico Superior (PCs),
quando a água está na forma líquida, estado típico nas condições de ensaio de combustíveis,
pouco aplicado em situações práticas, e Poder Calorífico Inferior (PCI), quando a água
apresenta-se como vapor, situação que efetivamente ocorre nos produtos de combustão nas
chaminés (NOGUEIRA, 2005).
Naturalmente, dependendo do teor de hidrogênio do combustível, o Poder Calorífico
Superior é cerca de 10% maior que o Poder Calorífico Inferior (NOGUEIRA, 2005). O
Quadro 1 apresenta os valores para o poder calorífico de alguns combustíveis em sua
condição típica de utilização em caldeiras. É um parâmetro de suma importância para
determinar a eficiência na geração de vapor.
Quadro 1: Quadro de Poder Calorífico Inferior

Combustível Poder Calorífico Inferior Densidade


Óleo combustível BPF 40.151,4 kJ/kg 1.000 kg/m³
Gás natural (típico) 36.843,8 kJ/m³ -
GLP 46.054,8 kJ/kg -
Lenha 12.979,1 kJ/kg 400 kg/m³
Bagaço de cana 8.917,88 kJ/kg -
Carvão vegetal 27.046,7 kJ/kg 260 kg/m³
Carvão mineral 11.932,4 kJ/kg -
Fonte: Nogueira (2005).
36

Pelo fato de faltarem normas nacionais, a definição de eficiência em equipamentos


térmicos é baseada nas normas DIN ou ASME, as quais usam parâmetros diferentes. Um
mesmo equipamento poderia alcançar eficiência de 93% pelo sistema DIN contra 84% no
ASME. Atualmente a eficiência térmica ou rendimento total que pode ser obtido na caldeira
do tipo Aquatubular supera o correspondente à caldeira do tipo Flamotubular. Na primeira
tem-se obtido eficiência, segundo a norma ASME, de 80% a 85%, na última é impossível
superar valores de 75% a 78% nas melhores condições de limpeza (PERA, 1990).

Quadro 2: Quadro de fator de correção do rendimento da caldeira

EFICIÊNCIA FATOR
85% 1,18
80% 1,25
75% 1,33
70% 1,43
65% 1,54
60% 1,67
Fonte: Spirax (1990).

2.9 CUSTO DO VAPOR


De forma sintética, sem determinar as perdas individuais que cada caldeira apresenta,
considerando diretamente os fatores de correção para cada valor de eficiência, pode-se
calcular o custo do vapor de acordo com o combustível utilizado (SPIRAX, 1984).
pq ( pr ástu
Custo Tonelada Vapor = · 1000. yz{N| y|U} . ~N|€ ‚ƒ„. y…„‚†€ Eq. 26
vpw

Onde:
• Ct – calor total do vapor na pressão de trabalho da caldeira (kJ/kg).
• Cs água – calor sensível da água de alimentação (kJ/kg).
• PCI – Poder Calorífico Inferior (kJ/kg), Quadro 1;
• Custo Combustível – variável (R$).
• Fator Rendimento Caldeira – tabelado. Quadro 2;
Exemplo para uma caldeira com as seguintes características:
• Pressão Trabalho Caldeira – 8,16 kgf/cm² g (900kPa)
• Eficiência da Caldeira – 85%
• Temperatura Água Alimentação – 80°C (353,15K)
• Custo Óleo BPF (Baixo Ponto de Fluidez) – R$ 1,08/kg
37

• PCI Óleo – 40.151,4kJ/kg


Š‹
).*‡+,(I,‰‰0 2
· 1000. R$1,08 . 1.18
ŠŒ
Custo Tonelada Vapor = Š‹
I.&,I 0 2
ŠŒ

Custo Tonelada Vapor = R$ 77,26


38

3 ESTUDO DE CASO

Neste capítulo são descritos dois sistemas distintos, mas com o mesmo objetivo, o
aquecimento de água. Estes sistemas são analisados através de comparações, destacando suas
eficiências e suas viabilidades econômicas referentes à aplicação a qual são destinados em
uma determinada área industrial.

3.1 OS SISTEMAS DE AQUECIMENTO DE ÁGUA


Os sistemas, alvos de estudados deste trabalho, estão situados nas instalações de uma
Indústria Farmacêutica, cujo nome não será citado a pedido da mesma, a fim de preservar
segredos de produção, sendo então tratada com o nome fictício de Indústria Alfa.
Foi concedida, por parte da empresa em questão, a oportunidade de visita as suas
instalações industriais, visando coletar dados referentes a dois sistemas de aquecimento de
água. Um deles utiliza resistência elétrica como meio de transmissão de calor, e outro que
utiliza vapor para transmitir energia térmica.

3.1.2 Necessidade de Aquecimento de Água


Para entender melhor os sistemas de aquecimento em estudo, é necessário apresentar o
motivo de suas aplicações.
Os processos de produção e estocagem de produtos farmacêuticos requerem um
controle severo da umidade e da temperatura do ar no ambiente em que se localizam, e tal
controle é obtido através de um sistema de refrigeração que utiliza um resfriamento com
desumidificação, fazendo com que o ar atinja uma temperatura muito baixa, com isso, antes
de ser insuflado no ambiente, o ar é reaquecido utilizando a água quente como fluido de
transferência térmica.

3.2 SISTEMA DE AQUECIMENTO POR RESISTÊNCIA ELÉTRICA


Este sistema é composto da seguinte forma:
A figura abaixo apresenta um tanque com as dimensões de 2,3m de diâmetro e 5m de
altura que é utilizado como reservatório de água quente que alimenta o processo de
reaquecimento do ar que é insuflado no prédio onde é feita a estocagem de antibióticos. Para a
partida do processo de aquecimento do ar, a água é inicialmente aquecida através de duas
resistências elétricas instaladas na parte inferior do tanque. Após atingir a temperatura
39

requerida a água é bombeada, percorrendo um circuito fechado ocorrendo então uma


recirculação.

Figura 9 – Fotografia do tanque de aquecimento de água por resistência


Fonte: Autoria Própria (2012).
A malha do controle da temperatura é composta por uma termoresistência que envia
um sinal elétrico para um controlador lógico.
40

(a) (b)
Figura 10 – Foto (a) Termoresistência, Foto (b) Controlador Lógico
Fonte: Autoria Própria (2012).
Dados de processo:
• Para a partida do processo, a água é aquecida de uma temperatura inicial (ܶ௜ ሻ de 25°C
(298,15K) para uma temperatura final (ܶ௙ ሻ de 57°C (330,15K) no decorrer da
recirculação, após ceder calor no circuito de reaquecimento do ar, ela retorna ao
tanque com uma temperatura ሺܶ௥ ሻ de 51°C (324,15K).
• As resistências elétricas utilizadas no processo são de 58kW. Conforme mostrado na
Figura 11.

Figura 11 – Resistência Elétrica de 58kW


Fonte: Autoria Própria (2012).
41

• Para o deslocamento da água por todo circuito é utilizado uma bomba centrífuga que
apresenta uma vazão máxima de 20m³/h e uma vazão mínima de 11,9m³/h, acionada
por um motor elétrico de 7,5cv.
• A vazão de água que recircula pelo sistema é de 12m³/h.
• O valor do Kw.h é de R$ 0,40

3.3 SISTEMA DE AQUECIMENTO A VAPOR


A água aquecida por este sistema tem a mesma finalidade da água que é aquecida pelo
sistema com resistência elétrica, ela também é utilizada para o reaquecimento do ar que é
insuflado no ambiente, porém em setores industriais distintos, sendo este um setor de
produção.
Este sistema (Figura 12) consiste em um conjunto de equipamentos utilizado para
conduzir a energia térmica, contida no vapor, para a água a ser aquecida. Este aquecimento é
feito de forma indireta, ou seja, o vapor não entra em contato direto com a água. É utilizado
como meio de transferência, um trocador de calor a placas.

Figura 12 – Foto do sistema compacto de aquecimento a vapor


Fonte: Autoria Própria (2012).
42

Os números destacados na Figura 12 fazem referência aos equipamentos que


constituem o sistema de aquecimento e suas respectivas ações.
1 – Válvula redutora de pressão: utilizada para reduzir a pressão do vapor de linha
para a pressão utilizada no trocador de calor.
2 – Válvula de esfera: utilizada para bloqueio, montante e jusante da válvula redutora
de pressão.
3 – Manômetro: utilizado para verificar a pressão, montante e jusante da válvula
redutora de pressão.
4 – Válvula de segurança: utilizada como um dispositivo de segurança que derruba de
forma abrupta a pressão de vapor da linha, caso a válvula redutora de pressão falhe aberta.
5 – Válvula de controle de temperatura: utilizada no controle de injeção de vapor
dentro do trocador de calor.
6 – Trocador de calor a placas: utilizado como meio de transferência da energia
térmica do vapor para a água.
7 – Conjunto de drenagem: utilizado para drenar o condensado (vapor após ceder todo
calor latente retornando ao estado líquido).

Dados de processo:
• O sistema de vapor é utilizado para aquecer a água de uma temperatura inicial ሺܶ௜ ሻ de
25°C (298,15K) para uma temperatura final ሺܶ௙ ሻ de 55°C (328,15K).
• Após o inicio do processo a água recircula por um circuito fechado, indo até o
equipamento responsável pelo reaquecimento do ar, onde cede calor, retornando ao
trocador de calor a uma temperatura ሺܶ௥ ሻ de 49°C (322,15K).
• Para o deslocamento da água por todo circuito é utilizado uma bomba centrífuga que
apresenta uma vazão máxima de 20m³/h, acionada por um motor elétrico de 10cv.
• A vazão de água que percorre todo o sistema passando pelo trocador de calor é de
12m³/h.

3.3.1 Geração do Vapor


O gerador de vapor utilizado na Indústria Alfa é do tipo Flamotubular (Figura 13), e
possui as seguintes características:
• Pressão Máxima de Trabalho Admissível – 12kgf/cm² (2,17MPa);
• Temperatura de Vapor – 187°C (460,15K);
43

• Produção de Vapor – 4.000kg/h;


• Combustível – Óleo BPF (Baixo Ponto de Fluidez);
• Valor do Combustível – 1,47 R$/kg
• Eficiência - 75%
• Temperatura da água de alimentação da Caldeira – 80°C (353,15K)

Figura 13 – Foto de uma Caldeira Flamotubular, modelo Four 41 da fabricante Steammaster


Fonte: Autoria Própria (2012).

3.3.2 Utilização do Vapor


O vapor é gerado e distribuído a uma pressão de 8kgf/cm² (884,5kPa). O sistema de
aquecimento mostrado na Figura 12 funciona da seguinte forma:
• O vapor chega a válvula redutora de pressão a 8kgf/cm² (884,5kPa) sendo reduzida
para 1,4kgf/cm² (237,3kPa), conforme mostrado nos manômetros da Figura 14.
44

(a) (b)
Figura 14 – Foto (a) Manômetro montante, Foto (b) Manômetro jusante a válvula
redutora de pressão
Fonte: Autoria Própria (2012).

• Após a redução de pressão o vapor chega até a válvula de controle de temperatura, que
é atuada por um posicionador eletropneumático, que por sua vez recebe um sinal
elétrico de 4 a 20mA de um controlador lógico, ligado a uma termoresistencia (PT
100) que faz a leitura da temperatura da água que sai do trocador de calor. Esta válvula
é responsável por modular a quantidade de vapor que entra no trocador de calor, de
acordo com a variação da temperatura da água.
• Dentro do trocador o vapor cede o seu calor latente para água, transferindo a energia
necessária para que ela atinja a temperatura requerida.
• Após ceder tal energia o vapor se condensa e é drenado para a linha de retorno de
condensado.
45

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nas características de cada sistema de aquecimento, descritos no Capítulo 3,


serão apresentados os cálculos para a comparação da eficiência em relação ao tempo de
aquecimento e da viabilidade econômica entre ambos. Os custos, apresentados, não levam em
consideração os gastos com a instalação dos sistemas.
Para o desenvolvimento dos cálculos utilizou-se os dados apresentados no Capítulo 3,
alguns desses dados foram fornecidos pelos técnicos dos laboratórios da Indústria “Alfa”, pois
algumas áreas eram de acesso restrito dos funcionários.

4.1 DADOS DO SISTEMA DE AQUECIMENTO COM RESISTÊNCIA ELÉTRICA


Dados coletados:
• Medidas do tanque (comprimento e altura);
• Potência das resistências elétricas;
• Temperatura de saída da água do tanque;
Dados informados:
• Volume ocupado do tanque;
• Vazão de água que recircula pelo sistema;
• Temperatura de retorno da água para o tanque;
• Valor do kW.h;

4.1.1 Energia necessária para o Aquecimento Inicial da Água do Tanque


Cálculo do volume do tanque:
• Diâmetro do tanque - 2,3m (d).
• Altura do tanque – 5,0m (h).
Considerou-se o tanque como um cilindro e partiu-se da fórmula do volume, tem-se
que:
V = A . h Eq. 27
Onde:
π . d Eq. 28
A =
4
Substituiu-se na Equação 28 o valor do diâmetro do tanque:
46

π . (2,3m)
A =
4
A = 4,15m²
Substituiu-se na Equação 27 o valor da área da base e da altura do tanque, tem-se o seu
volume:
V = 4,15 m² . 5,0m
V = 20,8m³
Cálculo da energia necessária para aquecer a água do tanque de uma temperatura
inicial até a temperatura requerida.
• Volume de água do tanque = 80% do volume total do tanque = 16,64m³.
Considerou-se a densidade da água sendo 1kg/l e 1m³ = 1.000l, então: 16,64m³ de
água são iguais a 16.640kg de água.
• Temperatura inicial: 25°C (298,15K)
• Temperatura final (requerida): 57°C (330,15K)
• Calor específico da água: 4,186 kJ/kg.K
• Massa de água: 16.640kg
Utilizando-se a Equação 10, apresentada no Capítulo 2, tem-se que:
kJ Eq. 29
Q = 16.640(kg). 4,186   . (330,15 − 298,15)K
kg. K
Q = 2.228.961,28Kj

4.1.2 – Cálculo da Temperatura da Água no Tanque Durante a Recirculação


Utilizando-se a Equação 10, apresentada no Capítulo 2, tem-se a energia térmica
contida no tanque no instante que antecede o inicio da recirculação da água.
kJ
Q = 16.640(kg). 4,186 # $ . (330,15)K
Eq. 30
kg. K
Q = 22.996.611.46kJ
Ainda de acordo com a Equação 2.10, tem-se a energia térmica que fica retida no
tanque durante o processo, em função do volume de água que não faz parte da recirculação.
kJ
Q = 4.640(kg). 4,186 # $ . (330,15)K
Eq. 31
kg. K
Q = 6.412.516,66kJ
Novamente obedecendo a Equação 2.10, tem-se a energia térmica que retorna ao
tanque, em função do volume de água que recircula e da temperatura de retorno desta água.
47

kJ
Q = 12.000(kg). 4,186 # $ . (322,15)K
Eq. 32
kg. K
Q = 16.182.238,8kJ
Para efetuar-se o cálculo da temperatura da água no tanque durante todo o período de
recirculação, considerou-se que a energia térmica total é igual a soma da energia térmica que
fica retida no tanque com a energia que retorna, tem-se que:
%&'&() = %*+&,-( + %*+&'*/( Eq. 33
ou seja
m. c. ∆T&'&() = m. c. ∆T*+&,-( + m. c. ∆T*+&'*/(

Substituiu-se na Equação 33 os valores de massa, calor específico e temperatura, tem-


se o valor da temperatura da água no tanque durante todo o processo de recirculação:
kJ
16.640(kg). 4,186   . (3* )K
kg. K
kJ
= 44.640(kg). 4,186   . (330,15)K5
kg. K
kJ
+ 412.000(kg). 4,186   . (322,15)K5
kg. K
Isolou-se 3* na Equação 33 e determinou-se a temperatura da água no tanque durante
todo o processo de recirculação.
?@ ?@
678.98:(;<).8,=>9 6 C.(DD:,=E)FGH 7= .:::(;<).8,=>9 6 C.(D ,=E)FGC

?A.B ?A.B
3* = ?@
=9.98:(;<).8,=>9 6 C
?A.B

3* = 324,38K

Utilizou-se a Equação 10, apresentada no Capítulo 2, ao verificar-se que para manter a


temperatura da água na temperatura requerida pelo processo, as resistências elétricas
disponibilizam sua potência em tempo integral.
Calculou-se a energia necessária para elevar a água de 324,38K para 330,15K.
kJ Eq. 34
Q = 16.640(kg). 4,186   . (330,15 − 324,15)K
kg. K
Q = 417.930,24kJ

Uma vez que a energia fornecida pelas resistências é de 58kW.h, totalizando


417.600kJ.

4.1.3 Custo e Consumo de Energia das Resistências Elétricas


48

Admitindo-se que o processo de refrigeração que utiliza água quente é contínuo,


sofrendo apenas algumas intervenções programadas ou em caso de eventuais falhas dos
equipamentos, para manutenção, considerou-se um regime de trabalho de vinte e quatro horas
por dia e trinta dias por mês.
Conforme mencionado no Capítulo 3 no Tópico 3.2, utilizou-se para o kW.h o valor
de R$ 0,40. Conforme a Equação 35 verificou-se que duas resistências de 58kW cada,
apresenta o seguinte custo mensal:
CustoOPQ = 116kW. h . (R$ 0,40). (24UVW ). (30XY ) Eq. 35
COPQ = R$ 33.408,00
O resultado da Equação 36 apresenta o consumo mensal da utilização das resistências
elétricas, que é de:
ConsumoOPQ = 116kW. h . (24UVW ). (30XY ) Eq. 36
ConsumoOPQ = 83.520kW. h
Várias concessionárias de energia elétrica afirmam que, operar uma indústria com a
menor demanda possível, sem prejudicar a produção, representa um dos objetivos da
utilização racional de energia elétrica. Por outro lado, uma indústria faturada por tarifa horo-
sazonal tem que operar de tal forma que a demanda solicitada se situe dentro de uma estreita
faixa, para que a demanda contratada seja bem aproveitada, bem como não ultrapasse a
tolerância prevista em contrato. Para atender a essas duas condições, a demanda de potência
deve ser supervisionada e controlada.
Portanto as indústrias devem obedecer a metas de consumo elétrico, estipuladas pelas
concessionárias, as quais denotam um limite para tal, limite que depende do nível de tensão de
fornecimento, sendo que o descumprimento dessas metas acarreta em multas.

4.2 DADOS DO SISTEMA DE AQUECIMENTO A VAPOR


Dados coletados:
• Pressão de vapor montante e jusante da válvula redutora de pressão;
• Temperatura da água na saída do trocador de calor;
Dados informados:
• Temperatura da água que retorna para ao trocador de calor durante a recirculação;
• Vazão de água que recircula pelo sistema;
• Custo do quilograma de óleo BPF (combustível para a caldeira);
49

4.2.1 Cálculo da Quantidade de Massa de Vapor Utilizada na Primeira Hora


Utilizou-se a Equação 25, apresentada no Capítulo 2, para determinar a taxa de
condensação ou, consumo de vapor, do sistema apresentado na Figura 5, Capítulo 3, durante a
primeira hora após a partida do processo.
M. cp. ∆t
Q=
Eq. 25
Cl. h
Onde:
Q = taxa de condensação (kg/h)
M = massa do fluido aquecido (kg)
cp = calor específico do fluido aquecido (kJ/kg.K)
∆t = aumento de temperatura (3^ − 3, ) (K)
Cl = calor latente do vapor (kJ/kg)
h = tempo de aquecimento em horas
Conforme os dados de processo informados no capítulo 3, tem-se que:
M = 12.000kg
cp = 4,186kJ/kg.K
∆t = 30K
Cl = calor latente do vapor a pressão de 1,4kgf/cm² (237,3kPa),
h = 1hora
Utilizou-se o Quadro 3 de vapor saturado para se verificar o calor latente do vapor a
pressão de 1,4kgf/cm² g (237,3kPa). Como no quadro não se encontra o calor latente a esta
pressão exata, então se calculou este valor através de uma interpolação entre os valores de
calor latente a pressões de 225kPa e 250kPa. Uma vez que o quadro de vapor saturado
apresenta valores de pressões absolutas.
• 225kPa = 2.191,3kJ/kg
• 237,3kPa = x
• 250kPa = 2.181,5kJ/kg
(225 − 237,3)kPa (225 − 250)kPa Eq. 37
=
kJ kJ
(2.191,3 − x) (2.191,3 − 2.181,5)
kg kg
kJ
x = 2.186,5
kg
Calculou-se então o consumo de massa de vapor :
50

kJ
4(12.000kg ). 4,186   . (30K)5 Eq. 38
kg. K
Q=
kJ
2.186,5   . 1hora
kg
kg
Q = 689,21  
h

Quadro 3 – Vapor saturado

Fonte: Adaptada de Sonntag; Borgnakke; Wylen (2003)

Pressão Temp. Calor Latente ℎ)d


(kPa) (°C) (kJ/kg)
175 116,06 2.213,6
200 120,23 2.202,0
225 124,00 2.191,3
250 127,43 2.181,5
275 130,60 2.172,4
300 133,55 2.163,9
850 172,96 2.771,6
900 175,38 2.773,9

4.2.2 Cálculo da Massa de Vapor Utilizada Durante a Recirculação da Água


Utilizou-se a Equação 25, apresentada no Capítulo 2, para determinar a taxa de
condensação ou, consumo de vapor por hora, do sistema apresentado na Figura 13, durante a
recirculação da água.
M. cp. ∆t
Q=
Eq. 25
Cl. h
Conforme os dados de processo informados no Capítulo 3, tem-se que:
M = 12.000kg
cp = 4,186kJ/kg.K
∆t = 8K
Cl = 2.186,5kJ/kg.K
h = 1hora
Tem-se que:
51

kJ
4(12.000kg ). 4,186   . (8K)5 Eq. 39
kg. K
Q=
kJ
2.186,5   . 1hora
kg
kg
Q = 183,8  
h

4.2.3 Cálculo do Custo da Tonelada de Vapor


Para calcular-se o custo da tonelada de vapor utilizou-se a Equação 26, apresentada no
Capítulo 2.
e g eh á<j
Custo Ton. Vapor = kelf · 1000 . Custo Comb . Fator Rend Caldeira Eq. 26
mnopqhfístu

Onde:
• Ct – calor total do vapor na pressão de trabalho da caldeira (kJ/kg).
• Cs água – calor sensível da água de alimentação (kJ/kg).
• PCI – Poder Calorífico Inferior do Combustível (kJ/kg), Quadro 1;
• Custo Combustível - (R$/kg).
• Fator de Rendimento da Caldeira – Quadro 2;
Utilizou-se o Quadro 3 para se verificar o calor total do vapor a pressão de 8kgf/cm² g
(884,5kPa).. Como no quadro não se encontra o calor total a esta pressão exata, então se
calculou este valor através de uma interpolação entre os valores de calor total a pressões de
850kPa e 900kPa.
• 850kPa = 2.771,6kJ/kg
• 884,5kPa = x
• 900kPa = 2.773,9kJ/kg
(850 − 884,5)kPa (850 − 900)kPa Eq. 40
=
kJ kJ
(2.771,6 − x) (2.771,6 − 2.773,9)
kg kg
kJ
x = 2.773,2
kg
Conforme os dados informados nos capítulos 2, 3 e Equação 40 tem-se que:
• Ct – 2.773,2kJ/kg
• Cs água – 334,88kJ/kg
• PCI combustível - 40.151,4kJ/kg
• Custo Combustível – 1,47 R$/kg
• Fator Rendimento Caldeira – 1,33
52

Calculou-se então o custo do vapor por tonelada.


( .{{D. g DD8,>>);|/;<
Custo Ton. Vapor = · 1000 . R$ 1,47 . 1,33 Eq. 41
8:.=E=,8;|/;<
~$
Custo Ton. Vapor 118,73 6TonC
Com o valor da tonelada de vapor obtêm-se o valor do quilograma de vapor:
R$ ==>,{D Eq. 42
Custo kg Vapor =
=.:::
~$
Custo kg Vapor = 0,12 6;<C

A Equação 42 caracterizou o custo da produção de um quilograma de vapor pela


caldeira Flamotubular, modelo Four 41, apresentada no Capitulo 3. O sistema de alimentação
de água dessa caldeira utiliza o retorno do condensado formado por toda a linha de vapor.
Na maioria das instalações indústrias, quando o vapor cede calor ao processo, somente
o calor latente é usado antes que o vapor se condense. Assim, o condensado que é eliminado
dos equipamentos e tubulações geralmente contem ainda uma grande quantidade de calor que
foi acrescida a água pela queima de combustível na caldeira. Devido isso o condensado se
torna a principal fonte de alimentação de água da caldeira, pois ela terá sua temperatura
elevada pela recuperação de calor do condensado. Porque, quanto mais próximo a temperatura
da agua de alimentação chegar da temperatura de saturação menor será o trabalho a ser
executado pela caldeira, consequentemente menor o consumo de combustível.

4.2.4 Cálculo do Custo do Vapor Utilizado para o Aquecimento da Água


Admitindo-se que o processo de refrigeração que utiliza água quente é contínuo,
sofrendo apenas algumas intervenções programadas ou em caso de eventuais falhas dos
equipamentos, para manutenção, considerou-se um regime de trabalho de vinte e quatro horas
por dia e trinta dias por mês.
Utilizou-se os resultados descritos nos tópicos 4.2.1, 4.2.2 e 4.2.3, para verificar-se o
custo do vapor utilizado para o aquecimento da água.
;<
• Para a primeira hora de aquecimento tem-se um consumo de 689,21 6 U C, obtendo-se o
seguinte custo:
kg R$
€‚ƒ „…†ƒ‡=ª ‰'*( = 689,21   . 0,12  
Eq. 43
h kg
R$
€‚ƒ „…†ƒ‡=ª ‰'*( = 82,00  
h
53

;<
• Para todo o período de recirculação da água, tem–se se um consumo de 183,8 6 U C,
obtendo-se o seguinte custo por hora:
kg R$
€‚ƒ „…†ƒ‡ ‰'*( = 183,8   . 0,12  
Eq. 44
h kg
R$
€‚ƒ „…†ƒ‡ ‰'*( = 22,05  
h
• Considerando-se que para a partida do processo, no primeiro dia, deve-se considerar o
custo da primeira hora mais o custo de vinte e três horas. Tem-se que:
kg R$
 „…†ƒ‡ =°-,( = 4183,8   . 0,12   . (23ℎ )5
Eq. 45
h kg
kg R$
+ 4689,21   . 0,12  5
h kg
 „…†ƒ‡ =°-,( = R$ 589,99
• Para um custo mensal tem-se que:
€‚ƒ „…†ƒ‡ ‹+/Œ() Eq. 46
kg R$
= 4183,8   . 0,12   . (24ℎƒ‡… ) . (29Ž… )5 + R$ 589,99
h kg
€‚ƒ „…†ƒ‡ ‹+/Œ() = R$ 15.940,97

4.3 COMPARAÇÕES DE VIABILIDADE ECONÔMICA ENTRE OS DOIS SISTEMAS


Conforme decorrido nos Tópicos 4.1.4 e 4.2.4, é possível verificar a diferença entre o
custo mensal apresentado pelos dois sistemas, possibilitando apontar o que se torna mais
viável economicamente.
Para o sistema de aquecimento com resistências elétricas, tem-se um custo mensal de
$ 33.408,00, acarretando um montante anual de R$ 400.896,00.
Enquanto que o sistema de aquecimento a vapor apresenta um custo mensal de
R$ 15.940,97, acarretando um montante anual de R$ 191.291,64.
A Figura 15 caracteriza esta diferença de custos. A Equação 47 estabelece a relação
percentual entre os dois custos.
(R$ 400.896,00) Eq. 47
Percent. = . 100
(R$ 191.291,64)
Percent. = 209,57%
54

R$40.000,00

R$35.000,00

R$30.000,00

R$25.000,00

R$20.000,00

R$15.000,00

R$10.000,00

R$5.000,00

R$0,00
Sistema a Vapor Sistema Elétrico

Figura 15 – Comparativo mensal entre os dois sistemas


Fonte: Autoria Própria (2012).

Verifica-se, com isso, que o custo apresentado pelo sistema de aquecimento a


resistência elétrica é 209,57% maior que o custo apresentado pelo sistema a vapor.
Devido o sistema de aquecimento a vapor apresentar um custo inicial elevado, em
alguns casos isso é o fator que mais contribui para que ele não seja implantado.
Para assegurar que o sistema de aquecimento a vapor se mostra economicamente mais
viável que o sistema a resistência elétrica, apresenta-se um Payback (tempo em que o projeto
de investimento supera os custos iniciais) referente a este sistema. Encontra-se no ANEXO B,
um orçamento referente a um sistema de aquecimento a vapor idêntico ao que foi descrito no
capítulo 3. O Payback pode ser calculado de forma simples, pela razão entre investimentos e
receitas.
Conforme a diferença de custo mensal entre os dois sistemas, tem-se que o sistema de
aquecimento a vapor apresenta a seguinte receita mensal em relação ao sistema de
aquecimento a resistência elétrica.
‘’‘Ž‚… “‘”…• Œ,Œ&.d(–'* = (R$ 33.408,00) − (R$ 15.940,97) Eq. 48
‘’‘Ž‚… “‘”…• Œ,Œ&.d(–'* = $ 17.467,03
Utilizou-se o valor do orçamento que se encontra no ANEXO B, para o cálculo do
Payback. Admitindo-se um valor de investimento inicial para a instalação do sistema a vapor
de R$ 52.345,00. Tem-se o seguinte diagrama de fluxo de caixa:
55

R$ 17.467,03

R$ 52.345,00

Figura 16 – Diagrama de fluxo de caixa


Fonte: Autoria Própria (2012).

Calculou-se o Payback através da razão entre o investimento inicial e a receita mensal:


Eq. 49
(R$ 52.345,00)
—…˜™…’š =
$
17.467,03  
“ê

—…˜™…’š ≅ 3“‘‘
Verificou-se que o tempo de retorno do investimento inicial é aproximadamente de 3
meses.

4.4 COMPARAÇÕES DE EFICIÊNCIA EM RELAÇÃO AO TEMPO DE AQUECIMENTO


Para a comparação da eficiência, em função do tempo, calculou-se o tempo necessário
para o aquecimento inicial da água do tanque. Os dados para esta análise foram informados no
Capítulo 3 e a partir dos resultados das equações citadas:
;|
• Potência das resistências: 58kW = 201.600 6 U C

De acordo com a Equação 4.3 a energia necessária para o aquecimento da água é de:
• Q = 2.228.961,28kJ
;| ;|
• Potência fornecida pelas resistências: 201.6000 6 U C . 2 = 403.200 6 U C

Dividiu-se a energia necessária para o aquecimento da água pela potência fornecida


pelas resistências, tem-se:
2.228.961,28kJ Eq. 50
3(ž+Ÿ,‹+/&' 
kJ
417.600 6 C
h
3(ž+Ÿ,‹+/&'  5,34h
56

Portanto a Equação 4.24 denota o tempo que as resistências elétricas levam para
aquecer os 16,64m³ de água até a temperatura requerida, que é de 57°C (330,15K), este tempo
é de 5,34 horas, viabilizando a partida do processo de reaquecimento do ar somente após este
período.
Enquanto o sistema de aquecimento a vapor proporciona uma partida imediata do
processo, uma vez que o volume de água que recircula pelo circuito passa pelo trocador de
calor, recebendo quase todo o calor latente do vapor, saindo na temperatura requerida.
Conforme caracteriza a Figura 17, que apresenta o controlador lógico indicando a
temperatura da água na saída do trocador de calor.

Figura 17 – Foto do controlador lógico, saída do trocador de calor


Fonte: Autoria Própria (2012).
57

5 CONCLUSÃO

5.1 Considerações
A realização deste trabalho se deu por meio de um estudo de caso, sendo este a
utilização do vapor para a troca térmica em processos industriais. Os resultados obtidos
permitem concluir que:

• O tempo gasto pelo sistema de resistência elétrica para aquecer a agua é de 5,34 horas,
enquanto o sistema a vapor apresenta um aquecimento imediato;

• O custo, apresentado pelo sistema de aquecimento a resistência elétrica, é 209,57%


maior que o custo apresentado pelo sistema a vapor;

• Com a economia de energia elétrica, propiciada pela utilização do sistema a vapor,


reduz-se a probabilidade da aquisição de multas, oriundas do não cumprimento das
metas de redução de consumo;

• Neste caso, utilizando o vapor para o aquecimento tem-se uma economia mensal de
R$ 17.467,03;

• Neste estudo o tempo de retorno do investimento inicial do sistema de aquecimento a


vapor é de três meses, se mostrando bastante atrativo.

5.2 Propostas para trabalhos futuros

A realização deste trabalho levantou dúvidas que justificam investigações posteriores,


tais como:

• Levantar o custo de toda a instalação de um sistema de vapor, destinado ao


aquecimento, desde a geração até a distribuição;

• Apresentar uma análise comparativa do custo do vapor gerado conforme o


combustível utilizado, indicando a melhor opção;
58

• Desenvolver um estudo apresentando o dimensionamento de uma linha de distribuição


de vapor destinada ao aquecimento de um processo industrial;

• Apresentar uma comparação entre o sistema de aquecimento a vapor e outro a gás


GLP.
59

7 REFERÊNCIAS

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Catariana. 216p. Florianópolis – Santa Catarina, 1995.

BEGA, Egídio Alberto. Caldeiras: Instrumentação e Controle. 2ª Ed. Editora Técnica


LTDA. Rio de Janeiro 1989.

BIZZO, Waldir A. Geração, Distribuição e Utilização de Vapor. Faculdade de Engenharia


Mecânica. Apostila Primeiro Semestre. Universidade de Campinas, 2003.

CENTENARO, Felipe. Trocadores de Calor. Assistência Técnica. Spirax Sarco Brasil, 2009

NOGUEIRA, Luiz Augusto Horta. Eficiência Energética no Uso de Vapor.


Eletrobrás/Procel e o consórcio Eficiência/Fupai. Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI –
Rio de Janeiro. 196p, 2005.

FACULDADES INTEGRADAS DE SÃO PAULO. Fenômenos de Transporte. Segunda


Semana da Tecnologia da FISP. Disponível em:
www.engonline.fisp.br/2ano/fenomenos_transporte/FISP_Cap_5.pdf Acesso em novembro de
2011.

GAVA, Altanir Jaime; DA SILVA, Carlos Alberto Bento; FRIAS, Jenifer Ribeiro Gava.
Tecnologia de Alimentos: Princípios e Aplicações. Editora Nobel. 512p, 2008.

IENO, Gilberto; NEGRO, Luiz. Termodinâmica. Pearson Education do Brasil. 227p. São
Paulo, 2004.

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do Sul. Campos Panambi, 2001.

MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios de Termodinâmica para engenharia. 4ª Ed.


Rio de Janeiro. Editora LTC, 680p, 2002.
60

COMPANHIA DE MINERAÇÃO RIO DO NORTE S.A., 2008. Termodinâmica Básica.


TM103/MI 208. Projeto Multifunção. Pará, 2008

PERA. Hildo. Geração de vapor. Editora Fama, São Paulo, 1990.

PERA, Hildo. Geradores de vapor de água. Editora EPUSP, 1966.

PORDEUS, Roberto Vieira. Termodinâmica – Propriedades Independentes de uma


Substância Pura. Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Departamento de Ciências
Ambientais, 2005.

RESNICK. Robert; HALLIDAY. David; KRANE. Kenneth S. Física 2. 5ª Ed., 2003.

SCHURHAUS, Patrick. Termodinâmica. Centro Universitário de União da Vitória, 2007.

SCOTT. Elaine P.; POTTER. Merle C. Ciências Térmicas: termodinâmica, mecânica dos
fluidos e transmissão de calor. Thomson Learning. São Paulo, 2007.

SONNTAG. Richard E.; BORGNAKKE. Claus.; WYLEN. Gordon J. Van. Fundamentos da


Termodinâmica. 6ª Ed. Tradução por ZERBINI. Euryale de Jesus. Editora Edgard Blucher
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SPIRAX SARCO INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Apostila Mundo do Vapor. 1976.

SPIRAX SARCO INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Apostila Mundo do Vapor. 1990.

SPIRAX SARCO INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. O Uso do Vapor para Geração de


Energia e Aquecimento. Ministério de Minas e Energia Conselho Nacional de Petróleo.
1984.

TORREIRA. Raul P. Fluidos Térmicos. Editora Hemus, 2002.

TORREIRA, Raul P. Geradores de vapor. Companhia Melhoramento. São Paulo, 1995.


61
61

ANEXOS

ANEXO A – Tabela de Água Saturada

Tabela 01 – Tabela de Vapor Saturado em Função da Temperatura (SONNTAG;


BORGNAKKE; WYLEN, 2003).
62

Tabela 01 – Tabela de Vapor Saturado em Função da Pressão (SONNTAG; BORGNAKKE;


WYLEN, 2003).
63

Continuação
64

Continuação
65

ANEXO B – Proposta Comercial – Sistema de Aquecimento a Vapor


66

Continuação
67

Continuação

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