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25/05/2016 Pelbart: tudo o que muda com os secundaristas¹

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Pelbart: tudo o que muda com os secundaristas¹
Peter Pál Pelbart

Em carta aberta aos que ocupam escolas, filósofo celebra: contra o teatro esgotado da velha política,
vocês reacendem a potência do desejo, da ruptura e do dissenso

Por Peter Pál Pelbart

Eu quero saudar os secundaristas aqui presentes, professores, funcionários, pais de alunos, amigos e
simpatizantes desse movimento glorioso. Agradeço a oportunidade de falar numa escola em que estudei
por sete anos, numa época em que o ensino público gozava ainda de grande prestígio e credibilidade,
estabelecimento esse que recentemente foi palco de um dos mais pioneiros e combativos momentos na
eclosão do movimento.

A ocupação de mais de duzentas escolas no final do ano passado pelos secundaristas de São Paulo, em
protesto contra um plano de reorganização da rede pública estadual pelo governo Alckmin, passará para
a história como um dos gestos coletivos mais ousados na história recente do Brasil. Eu diria, sem
titubear, que esse movimento destampou a imaginação política em nosso País. A coragem e a
inteligência com que essa luta foi conduzida, a maneira democrática e autogestiva com que sustentou­
se, as formas de mobilização e comunicação que aqui se inventaram, o modo em que soube suscitar
diálogo e conexão com as diversas forças da sociedade civil, a maneira autonôma que demonstrou ao
longo de todo o trajeto, merecem nossa mais viva admiração e aplauso. Entretanto, mais do que isso,
constituíram para todos nós uma verdadeira aula de ética e de política. Se nossos políticos aprendessem
um por cento do que aqui se ensinou, nosso País seria outro.

Como se dizia na época, enquanto as crianças se comportavam como verdadeiros políticos, os políticos
conduziam­se como crianças. Há muito que meditar a respeito dessa inversão, e estamos longe de ter
extraído dela as lições e consequencias que se impõem. Uma coisa é elogiar a maturidade, a
responsabilidade, a organização interna, toda a prudência que não deu margem à vilania da mídia, que
apenas buscava os sinais de baderna, orgia, drogas, para criminalizar o movimento. Embora essa
cautela tenha sido eficaz, a meu ver não foi o mais importante. Vocês introduziram em paralelo ao teatro
esgotado e degradado da representação institucional uma nova coreografia política, carreando uma
atmosfera de grande frescor, um afeto coletivo inusitado, uma dinâmica de proliferação e contágio, uma
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maneira inédita de manifestar a potência multitudinária que prolongou o que de melhor houve em 2013,
sem se deixarem capturar pelo que de pior ocorreu ali.

Independente do desfecho concreto do movimento, foi um momento em que a imaginação política se
destravou. A imaginação política não é uma esfera sonhadora e desconectada da realidade, ao
contrário, é precisamente a capacidade de se conectar com as forças reais que estão presentes numa
situação dada, as forças do entorno, mas também as forças vossas. As ocupações desencadearam um
processo imprevisível cujo caráter ao mesmo tempo disruptivo e instituinte deixou a todos estupefatos.
Não cabe a mim fazer a análise do que ocorreu, e sim aos que protagonizaram o movimento e o
expandiram, no corpo­a­corpo, no dia­a­dia, no embate físico, no antagonismo ético, na inteligência
coletiva.

Mas posso dizer, desde fora, que vocês operaram um corte na continuidade do tempo político. Isto
significa que a percepção social e a sensibilidade coletiva na cidade de São Paulo sofreu uma inflexão. É
toda a dificuldade de uma ruptura: ela não pode ser lida apenas com as categorias disponíveis antes
dela, categorias essas que a ruptura justamente está em vias de colocar em xeque. A melhor maneira de
matar um “acontecimento” dessa ordem é reinseri­lo no encadeamento causal, reduzindo­o aos fatores
diversos que o explicariam e o esgotam, ao invés de desdobrar aquilo que eles trazem embutido, ainda
que de modo balbuciante ou embrionário, de novo, de inaugural, de fundante.

Pelbart: “Em meio a reivindicações muito concretas, muitos outros desejos se deixam expressar na dinâmica do
próprio movimento. Reivindicações podem ser satisfeitas, mas o desejo obedece a outra lógica” – ele tende à
expansão, ele se espraia, contagia, prolifera, se multiplica e se reinventa”

Aos olhos de nossos gestores políticos, a resistência dos secudaristas não passava de uma reação
passageira, de um estorvo a ser rapidamente removido, uma insanidade juvenil. Mas de repente,
inverteu­se a equação – insanidade era o que apareceu aos olhos de todos, da prepotência surda do
secretário de Educação à barbárie fascista da polícia militar, protegida pelo Secretário de Segurança, e
que se abateu sobre o corpo das crianças e jovens de maneira intolerável, fora ou dentro das escolas.
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Eu queria insistir nesse aspecto tão importante, a meu ver – um acontecimento como o do ano passado,
com seu cortejo de arbítrio, violência, abuso, mas também de mobilização, iniciativa, afirmação,
representou um corte abrupto na percepção social sobre o ensino, a escola, a polícia, o Estado, o poder,
o desejo. Essa ruptura, essa reviravolta e o seu efeito significam o seguinte: o que até então era a
trivialidade cotidiana, de repente torna­se intolerável. Por exemplo, se até então parecia natural que
quem decidia sobre os equipamentos escolares eram os gestores, nos seus gabinetes, subitamente isso
aparece como uma aberração intolerável. Com isso, todo um conjunto de coisas torna­se intolerável. A
mercantilização da educação, as relações de poder vigentes dentro da escola, a disciplina panóptica, os
modos desgastados de ensino, aprendizado, avaliação, até mesmo o objetivo da escola… Ao mesmo
tempo, em contrapartida, o que até ontem parecia inimaginável (os alunos poderem ocupar e gerir os
espaços que lhes são destinados, não apenas para reivindicar seus direitos, aprofundá­los, ampliá­los,
mas também para experimentar a força de um movimento coletivo, autogestivo, suas possibilidades
inúmeras e inusitadas) torna­se não só possível, mas desejável.

De pronto, já não se tolera o que antes se tolerava, e passa­se a desejar o que antes era impensável.
Isso significa que a fronteira entre o intolerável e o desejável se desloca – e sem que se entenda como
nem por quê, de pronto parece que tudo mudou: ninguém aceita mais o que antes parecia inevitável (a
escola disciplinadora, a hierarquia arbitrária, a degradação das condições de ensino), e todos exigem o
que antes parecia inimaginável (a inversão das prioridades entre o público e o privado, a primazia da voz
dos estudantes, a possibilidade de imaginar uma outra escola, um outro ensino, uma outra juventude,
inclusive uma outra sociedade!).

Um acontecimento no sentido forte da palavra, como o que foi produzido no bojo desse movimento,
divide o tempo em antes e depois. Não dá mais para voltar atrás – algo de irreversível se deslocou no
corpo, no afeto, na imaginação, na compreensão dos estudantes, mas também dos seus pais, dos
professores, das suas famílias, na comunidade, na cidade. E o que aconteceu torna­se uma espécie de
farol, de incandescência, de marca indelével, de referência incontornável – já não é possível fingir que
nada aconteceu, que se pode passar por cima disso, que se pode voltar para a mesma subserviência ou
apatia ou passividade de antes. É que foi muito forte o que se viveu, foi muito intenso, foi muito vital, foi
mais do que uma experiência, foi uma experimentação coletiva, micropolítica e macropolítica, que abriu
um campo de possíveis, e por conseguinte pode ser retomada a qualquer momento, e pode ser
prolongada, ampliada, transposta, tal como de fato vai contagiando outros Estados do Brasil, de forma
variada.

Godard dizia que as crianças são prisioneiros políticos. Nada mais verdadeiro. Não digo apenas na mão
das famílias, das escolas, dos psicólogos, dos psiquiatras, dos pedagogos, da mídia, do mercado, dos
jogos eletrônicos destinados a eles etc… É justo nos momentos em que a prisão revela sua
arbitrariedade, e sua legitimidade é posta em causa, é justamente aí que aparece sua força e fragilidade,
seu peso e sua vulnerabilidade, e fica evidente que grande parte de sua eficácia repousa sobre o medo
e a intimidação. O mesmo se pode dizer dos secundaristas: no momento em que percebem que estão à
mercê das instâncias várias do Estado incumbidas de decidir do seu destino com uma simples canetada,
é justo quando percebem o quanto esse poder desmesurado pretende decidir sobre sua vida a mais
cotidiana, é então que tudo se revira, pois é quando deixam de estar à mercê porque sentem o
intolerável da situação, e não podem fazer diferente senão ir para o enfrentamento, para a resistência
ativa e passiva, para as ruas, furando com grande ousadia o bloqueio midiático, o bloqueio militar, o
bloqueio jurídico, o bloqueio do medo ou da intimidação.

Talvez possamos dizer todos o mesmo, hoje, nesse momento gravíssimo que atravessamos de
ascenção de um fascismo pavoroso, talvez sejamos todos prisioneiros políticos em meio a um estado de
exceção onde o maior conluio entre canalhas de toda espécie esteja virando a mesa da democracia dita
representativa. Mais do que nunca, a lição que vocês deixaram é de importância capital. Pois é preciso ir
muito além das categorias ainda manipuláveis pelo discurso político, ou mesmo mensuráveis pelos

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planejadores e economistas, e redesenhar o campo das possibilidades de vida. Ousemos a pergunta: e
se essa operação de destampe da imaginação política se estendesse à sociedade como um todo? Se
por vezes temos a impressão que todos almejam o mesmo, dinheiro, conforto, segurança, ascenção
social, prestígio, prazer, felicidade, há momentos em que fica claro que esta é uma miragem enganosa,
disseminada pela cultura midiática e publicitária, por um suposto consenso capitalista que camufla
formas de vida em luta, não apenas classes em luta, com todas as segmentações e heranças malditas,
escravistas, racistas, elitistas, etc., mas também conflitos entre modos de existência que colidem, formas
de vida distintas em embate flagrante, anseios plurais.

É fácil constatar que modelos de vida majoritários, por exemplo a da classe média tomada como padrão,
propagada como um imperativo político, econômico e cultural, de consumo desenfreado, e que se impôs
ao planeta inteiro – dizima cotidianamente modos de vida “menores”, minoritários, não apenas mais
frágeis, precários, vulneráveis, mas também mais hesitantes, dissidentes, ora tradicionais como o dos
quilombolas ou indígenas ora, ao contrário, ainda nascentes, tateantes, ou mesmo experimentais, como
os que vocês ensaiaram.

Não é fácil recusar a predominância de um certo modo de vida genérico, bem como o modo de
valorização que está na sua base – por exemplo, essa teologia da prosperidade, que não é
exclusividade das igrejas pentecostais, e que vai se infiltrando por toda parte. Como escovar essa
hegemonia a contrapelo, revelando as múltiplas formas que resistem, se reinventam ou mesmo se vão
forjando à revelia e à contracorrente da hegemonia de um sistema de mercado, modulado por
mecanismos de controle e monitoramento eficazes e sutilmente ou nada sutilmente despóticos?

Isso se agrava muito no contexto atual, frente a esse golpe parlamentar­financeiro­midiático­jurídico­
policial­religioso, onde vem à tona todo nosso arcaismo escravista aliado à mais perigosa manipulação
da fé, que vai de par com interesses econômicos precisos e uma máscara de legalismo e modernidade
autoglorificada.. Sim, vivemos num momento especialmente cruel, em que o caráter mais flexível,
anônimo, ondulante de alguns mecanismos de poder econômico e político não consegue esconder a
brutalidade mais retrógrada da qual ele depende, e com a qual ele se conjuga violentamente, imputando
a violência, como sempre, aos que contestam essa aliança espúria, criminalizando os que a recusam
com veemência.

Então, toda a questão é como alargar o campo da política, ou pensar a dimensão política das formas de
vida, e da sensibilidade que lhes corresponde, ou para formulá­lo de maneira ainda mais precisa: como
pensar a própria política à luz dessa questão das formas de vida que lhe antecede? Talvez Foucault
continue tendo razão: hoje em dia, ao lado das lutas tradicionais contra a dominação (de um povo sobre
outro, por exemplo) e contra a exploração (de uma classe sobre outra, por exemplo), é a luta contra as
formas de assujeitamento, isto é, de submissão da subjetividade, que prevalecem. Pois nosso tempo
inventou modalidades de servidão inauditas. E o que os secundaristas nos ensinaram é que também as
formas de resistência se reinventam. A horizontalidade e a ausência de centro ou comando nas
ocupações e nas manifestações dramatizaram uma outra geografia da conflitualidade. É difícil nomear
uma tal mudança, e sobretudo transformá­la em pauta concreta. Como traduzir em propostas as novas
maneiras de exercer a potência, de fazer valer o desejo, de expressar a libido coletiva, de driblar as
hierarquias, de fazer circular o discurso sem ficar à mercê da lógica da representação, de redesenhar a
escola, de fazer ruptura, dissenso?

Em todo caso, tudo indica que a ocupação das escolas não visava e não visa exclusivamente a elevação
do nível de ensino, o respeito aos espaços de aprendizado, às modalidades de consulta e decisão, para
não dizer gestão, sem falar das coisas mais elementares como a garanta da merenda, mas de algum
modo, nessa experimentação vieram à tona muitas outras coisas. Se os protestos tangenciaram uma
recusa da representação (ninguém nos representa, ninguém pode falar em nosso nome, nem sequer
alguém de nós que pretendesse ser nosso representante), talvez também expressaram certa distância

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em relação às formas de vida que se tem imposto brutalmente nas últimas décadas, no nosso contexto
bem como no planeta como um todo, e que atravessam a escola, fatalmente: produtivismo desenfreado
aliado a uma precarização generalizada, mobilização da existência em vista de finalidades cujo sentido
escapa a todos, capitalização de todas as esferas da existência — em suma, um niilismo biopolítico que
não pode ter como revide senão justamente a vida multitudinária posta em cena, nas escola, nas ruas,
nas praças, na Assembléia Legislativa, na autarquia estadual que administra as Escolas Técnicas de São
Paulo, etc.

Em meio a reivindicações muito concretas, pontuais, precisas, muitos outros desejos se deixam
expressar na dinâmica do próprio movimento. Reivindicações podem ser satisfeitas, mas o desejo
obedece a outra lógica – ele tende à expansão, ele se espraia, contagia, prolifera, se multiplica e se
reinventa à medida em que se conecta com outros. Falamos de um desejo coletivo, onde se tem imenso
prazer em ocupar coletivamente um espaço antes policiado, em ir à rua juntos, em sentir a pulsação
multitudinária, em cruzar a diversidade de vozes e corpos, sexos e tipos, e apreeender um “comum” que
tem a ver com as redes, com as redes sociais, com a conexão produtiva entre os circuitos vários, com a
inteligência coletiva, com uma sensorialidade ampliada, com a certeza de que a escola deveria ser o
coração de uma sociedade, e não seu apêndice agonizante, assim como em 2013 alguns sustentaram
que o transporte em São Paulo deveria ser um bem comum, assim como na Turquia os jovens
consideraram que o verde da praça Taksim em Istambul era comum, assim como o deveria ser a água,
a terra, a internet, as informações, os códigos, os saberes, a cidade, de modo que toda espécie de
privatização e enclosure na sua versão atual constitui um atentado às condições da produção
contemporânea, que requer cada vez mais o livre compartilhamento do comum. Tornar cada vez mais
comum o que é comum – outrora alguns chamaram isso de comunismo. Um comunismo do desejo. A
expressão soa hoje como um atentado ao pudor. Mas é a expropriação do comum pelos mecanismos de
poder que ataca e depaupera capilarmente aquilo que é a fonte e a matéria mesma do contemporâneo –
a vida (em) comum, a inteligência comum.

Talvez uma outra subjetividade política e coletiva estivesse se experimentando, nesse movimento e em
outros, como o do Parque Augusta e muitos outros, para o qual carecemos de categorias e parâmetros.
Mais insurreta, mais anônima, mais múltipla, de movimento mais do que de partido, de fluxo mais do que
de disciplina, de impulso mais do que de finalidades, com um poder de convocação incomum, mas
também com uma capacidade de organização horizontal, sem que isso garanta nada.

É difícil medir tais movimentos sem usar a régua da contabilidade de mercearia ou do jogo de futebol.
“Quanto lucramos”, “no que deu”, “quais forças favoreceu”, “no final quem venceu”? perguntarão. Não se
trata de menosprezar a avaliação das forças em jogo, sobretudo num País como o nosso, em que uma
vasta aliança conservadora distribui as cartas e leva o jogo há séculos, independente dos regimes que
se sucedem ou do que dizem as urnas. Ou seja, não se trata de confiar no deus­dará, mas ao contrário,
aguçar a capacidade de discriminar as linhas de força do presente, fortalecer aquelas direções que
garantam a preservação dessa abertura, e distinguir no meio da correnteza o que é redemoinho e o que
é pororoca, quais direções são constituintes, quais apenas repisam o instituído, quais comportam riscos
de retrocesso.

Nisso tudo, não se deve subestimar a inteligência cartográfica e a potência psicopolítica dos
secundaristas. Eu diria, para retomar uma fórmula conhecida, que uma das definições de ética é a de
estar à altura do que nos acontece. Creio que o movimento dos secundaristas esteve plenamente à
altura do que lhes aconteceu, do acontecimento que lhes foi dado experimentar, inventando dispositivos
concretos que permitiram sustentá­lo, intensificá­lo e expandir­se. Só posso desejar que essa conversa
seja parte dessa movência, mesmo nas condições muito adversas do presente, que não tendem a
arrefecer.

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25/05/2016 Pelbart: tudo o que muda com os secundaristas¹

1. Esse texto foi lido no Colégio Fernão Dias Paes, em 28 de abril de 2016, durante debate público em
torno do tema da Ética, com a participação de Marilena Chauí, alunos, pais, professores e funcionários
da escola, por iniciativa de Dalva Garcia, professora da escola e da PUC­SP. Na madrugada seguinte,
alunos da escola resolveram retomar a ocupação em solidariedade à ocupação do Centro Paula Souza. 

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