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DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
BERNARD APPY - Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
OBSERVAÇÕES
Houve exibição de imagem.
Há orador não identificado.
Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL
Nome: Comissão de Finanças e Tributação
Número: 2260/07 Data: 11/12/2007
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varejista. Portanto, ele teria uma incidência total de 27,5%, correspondente a uma
alíquota sobre o preço final de 18,3%.
O problema dos tributos cumulativos é que o valor da incidência total deles
depende da estrutura da cadeia produtiva. Quanto mais etapas houver na cadeia
produtiva e quanto mais concentrado for o valor adicionado no início da cadeia,
maior é a incidência dos tributos cumulativos.
Se nós pensarmos nesse mesmo produto, vendido por esse mesmo preço
para o consumidor final, mas se incluirmos um atacadista no meio do processo
produtivo, a incidência desse tributo já mudará. Ele chegará ao consumidor final com
o mesmo preço. Aquela incidência, de 18%, já passa para 26%, apenas pela
inclusão de uma fase a mais no processo produtivo.
Quais são os problemas para a economia? São duas ordens de problemas:
isso me impede de saber qual foi a incidência, de fato, de um tributo cumulativo ao
longo da cadeia produtiva, porque ela depende da sua estrutura; e isso me impede,
por exemplo, de desonerar as exportações e os bens de capital. Tributos
cumulativos incidem ao longo da cadeia, e eu não consigo desonerar as exportações
e os bens de capital.
Gera impacto também negativo sobre a estrutura produtiva e a eficiência
econômica. A esse ponto eu vou voltar a seguir.
O ponto importante que temos de considerar é que não se sabe qual é o
montante de tributos cumulativos. Como ele depende da estrutura da cadeia
produtiva, não se sabe qual é o montante do imposto que está incidindo sobre o bem
final, que foi pago ao longo da cadeia, e isso impede a desoneração efetiva desse
imposto seja nos investimentos, seja nas exportações.
No Brasil, há a CIDE federal e o ISS municipal cumulativos. Temos um
segundo conjunto de tributos indiretos sobre bens e serviços, que chamamos não
cumulativos, o IPI e o ICMS municipal, sendo que para o ICMS há 27 legislações.
Nesse caso, o que é um tributo não cumulativo? É aquele que, em cada etapa do
processo produtivo, o imposto é pago apenas sobre o valor adicionado naquele
processo produtivo.
Dei o exemplo de tributo não cumulativo — alíquota de 18%, muito comum no
ICMS —, em que se tem a mesma produção: um produtor de insumos que produz
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por 25, um produtor que vende por 100, e a revenda — aqui não importa se é
atacadista ou varejista — que vende por 150. Esse imposto funciona no regime não
cumulativo, o regime de débito e crédito. Ou seja, um produtor de insumo — para
simplificar, estou supondo que ele não tenha outros insumos comprados — vende o
produto por 25. Calculando-se 18% de 25, ele tem um débito de 4,5. Desses 4,5
menos zero, ele tem de pagar 4,5 de imposto. A empresa, a indústria produz e
vende por 100. Ela tem um crédito que é igual ao débito dos insumos e um débito
que é 18% do preço que ela vende, 100. Portanto, a indústria paga 13,5 de imposto,
que é a diferença entre 18 e 4,5. Finalmente, vende-se para a revenda, que vende
por 150 e, portanto, tem um débito de 27, 18% de 150, e um crédito de 18. E ela
recolhe 9 ao Fisco.
Qual é a característica do imposto não cumulativo? É que o imposto pago em
todas as etapas do processo produtivo é exatamente igual à incidência do imposto
na etapa final da produção. E qual é a vantagem desse imposto não cumulativo? O
montante do imposto pago independe da estrutura produtiva, independe de quantas
etapas se tem no processo produtivo, de onde está concentrado o valor adicionado,
e o montante pago do imposto ao longo do processo produtivo é o mesmo,
independentemente do processo produtivo. Segundo, a incidência final na operação
final do imposto é exatamente igual ao montante do imposto recolhido em todas as
etapas do processo produtivo. Isso tem uma vantagem: na hora em que se desonera
do imposto a operação final, desonera-se o imposto pago em todas as etapas do
processo produtivo. Portanto, ao desonerar a etapa final, seja uma exportação final,
seja, por exemplo, a venda de um bem de capital, de um investimento, consegue-se
de fato desonerar aquele produto de todo o imposto pago ao longo do processo
produtivo.
Finalmente, tenho o sistema que é hoje o sistema do PIS e da COFINS, um
sistema misto, em que se tem uma parte não cumulativa e uma parte cumulativa.
Era para ser um sistema mais simples, mas a legislação que acabou sendo feita
ficou bastante complexa. E aqui depende do porte da empresa. Por exemplo, o lucro
presumido está no sistema cumulativo, e o lucro real está no não cumulativo.
Depende de setores: alguns setores estão no cumulativo, e alguns, no não
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cumulativo, e isso acaba gerando aquilo que chamamos de tributo Frankenstein, que
é uma mistura dos 2.
Portanto, no Brasil, temos 3 regimes tributários diferentes, 6 tributos distintos
sobre bens e serviços, enquanto a maioria dos países opera normalmente com um
único tributo sobre bens e serviços e uma única forma de apropriação desse tributo.
Com um grande problema.
É um sistema complexo pelo número de tributos e pela legislação, que é
complexa. No caso do ICMS, há 27 legislações estaduais distintas, e isso é bastante
complicado para as empresas que vendem nesses locais. Atualmente, até mesmo o
ISS está ficando complicado. Alguns municípios, por exemplo, quando um prestador
de serviço de uma cidade vai prestar serviço em outra, estão exigindo que o
prestador de serviço, mesmo que more em outra cidade, inscreva-se no cadastro
municipal, mesmo no caso do ISS. Portanto, temos um sistema que acaba exigindo
das empresas grande esforço em termos de horas utilizadas para apuração e
processamento dos tributos.
Esse é um problema, mas não é o principal problema da estrutura dos tributos
indiretos brasileiros. Os principais problemas são aqueles que vêm a seguir. O
primeiro é o da cumulatividade. Como eu disse, tributos cumulativos não me
permitem desonerar nem os investimentos, nem as exportações e prejudicam a
competitividade. Segundo, tributos cumulativos acabam levando a uma estrutura
produtiva ineficiente. O que é uma estrutura produtiva ineficiente? Vamos dar uma
olhada.
Esse é o mesmo processo produtivo, em que se tem uma empresa
verticalizada, a qual faz todo o processo produtivo dentro da empresa. E tem-se uma
empresa em que uma parte do processo produtivo é feito por uma empresa
terceirizada. Há uma empresa produtora, e há 2 etapas do processo produtivo — o
processo A e o processo B. Num dos casos, o processo A e o processo B são feitos
dentro da mesma empresa; no outro, o processo A é feito na empresa, e o processo
B é feito numa empresa terceirizada.
Vejo que a empresa A faz o processo A com custo de 100, e o processo B
com o custo de 105 — custo total de 205. A empresa B, a segunda empresa, faz o
processo A pelo mesmo preço e terceiriza o processo B. A empresa terceirizada é
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mais eficiente do que a empresa A e faz por custo menor, mas há um imposto
cumulativo de 10%. Embora na segunda empresa o custo total de produção seja
menor do que na primeira empresa, porque a estrutura é mais produtiva, porque a
empresa terceirizada é mais produtiva, o custo final com imposto é maior. Portanto,
a existência de tributos cumulativos acaba levando as empresas a se verticalizar
artificialmente.
Hoje, no Brasil, esse é um problema menor do que foi no passado. Era um
problema mais sério na época do PIS e da COFINS, quando era totalmente
cumulativo. Uma boa parte desse problema já foi resolvido, e hoje esse problema é
especialmente importante no caso do ISS. Eu diria que, no processo produtivo, um
pouco na CIDE-Combustíveis — ali é difícil ter estímulo à terceirização ou não —, no
caso do ISS esse tipo de ineficiência no processo produtivo hoje é um problema,
principalmente no âmbito do ISS. É um problema que pode tornar-se crescente,
porque o setor de serviços é importante para a competitividade da economia
brasileira. Por exemplo, o serviço de informação tem de se tornar cada vez mais
importante para a competitividade das economias. Na nossa estrutura produtiva,
hoje estamos desestimulando a terceirização desses serviços por razões tributárias,
na forma como está hoje o sistema tributário brasileiro.
Portanto, a cumulatividade traz problemas tanto de ineficiência na estrutura
produtiva quanto de competitividade — cumulatividade aqui pode decorrer tanto de
tributos cumulativos, tributos como ISS, CIDE-Combustíveis, que incidem sobre o
faturamento e não geram crédito para a etapa seguinte —, e ela pode resultar
também na economia brasileira, por falhas nos tributos não cumulativos. Hoje temos
os casos do ICMS e do PIS e da COFINS, mesmo não cumulativos. Temos uma
série de produtos que entram, são adquiridos pelas empresas e não geram crédito
para elas de ICMS ou de PIS/COFINS. Por exemplo, a eletricidade que uma
empresa consome na fábrica gera crédito de ICMS e PIS/COFINS, e a eletricidade
que a empresa consome no escritório não gera crédito de PIS/COFINS, porque não
é incorporada diretamente no processo produtivo, porém é um custo para a empresa
exatamente como a eletricidade que é utilizada na fábrica.
Hoje, no modelo tributário brasileiro, existe uma série de insumos que se
usam, normalmente se denominam de bens de uso e consumo, que são adquiridos
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pela empresas e não geram créditos seja de ICMS, seja de PIS/COFINS e acabam
abrigando um elemento de cumulatividade que não é irrelevante, mas sim relevante.
O montante é relevante no processo produtivo brasileiro. Esse não afeta tanto a
estrutura produtiva, porque dificilmente se vai terceirizar, internalizar essa produção,
mas certamente essa incidência cumulativa que existe afeta a competitividade e
prejudica a desoneração dos investimentos no País.
A grande maioria dos países têm sistemas em que a concessão de crédito
sobre bens adquiridos pelas empresas é generalizada ou pelo menos muito mais
ampla do que é no caso brasileiro.
Esse é um primeiro problema, a cumulatividade, que onera investimento,
onera exportação e leva a uma estrutura produtiva ineficiente. Segundo, temos
problemas no processo de desoneração dos investimentos.
Que problemas temos? Sobre um deles já falei: temos incidências
cumulativas que oneram os investimentos no País. Existe um segundo problema:
hoje, mesmo no caso dos tributos não cumulativos, como PIS/COFINS e ICMS, a
apropriação de créditos de bens e capitais adquiridos pelas empresas não é
imediata. Ou seja, uma empresa compra uma máquina, tem ICMS e PIS/COFINS
pagos sobre aquela máquina, mas só recupera esse tributo em um período ao longo
do tempo. No caso do PIS e da COFINS em 24 meses, ou seja, pega-se o valor do
PIS e da COFINS pago sobre a máquina, divide-se por 24, e um vinte e quatro avos
por mês vai sendo apropriado como crédito, portanto, reduzindo o imposto a pagar.
No caso do ICMS, isso se faz em 48 meses, sendo que, no caso do ICMS, ainda
temos abrangência limitada da apropriação do que pode ser, do que dá direito de
apropriação de crédito.
Por exemplo, no caso do PIS e da COFINS, além de máquinas e
equipamentos, as edificações, atualmente, a partir deste ano, estão gerando crédito.
No caso do ICMS, as edificações não geram créditos para as empresas.
Vamos tratar não só da cumulatividade, mas desse prazo. Esse prazo do PIS
e da COFINS e do ICMS para apropriação de crédito tem um custo para as
empresas, o qual depende da situação financeira da empresa. Se a empresa for
capitalizada, tiver dinheiro sobrando, dinheiro aplicado no mercado financeiro, o
custo de oportunidade é o que ela deixa de receber de juros daquele dinheiro que
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Como funciona a guerra fiscal então? Vamos tentar olhar um pouco o modelo.
Vamos supor que, no Estado A, temos o produtor de insumos e a indústria. É o
mesmo modelo que já falei, uma venda que gera um débito de 12 na operação
interestadual. Se não há guerra fiscal, existem um crédito de 12 no Estado de
destino, um débito de 27, e pagam-se, ao longo da cadeia produtiva, os 27 de ICMS
no Estado de destino.
Como funciona a guerra fiscal? A guerra fiscal normalmente funciona através
da concessão de um crédito presumido no Estado que está praticando a guerra
fiscal. Portanto, o produtor que tem um débito de 12 e um crédito de 4,5 recebe do
Estado — esse modelo é muito comum — um crédito de 7,5. Portanto, 12, menos
4,5, menos 7,5, ele não paga imposto nenhum. Mas ele gera um crédito de 12 para
o Estado de destino da mercadoria. Ele vende a mercadoria, mas na nota fiscal sai
como ele tivesse pago 12, o que não pagou, porque na verdade ele recebeu um
crédito presumido de 7,5. Em alguns casos chega a 12 esse crédito presumido.
Inclusive permite-se à empresa que recebe o crédito transferir para outras empresas
esse benefício. Pode chegar a 12. Mas esse modelo que estou desenhando é muito
comum. É um modelo em que se zera o imposto devido através do crédito
presumido para a empresa que está fazendo.
Efetivamente, o que ocorre nesse caso é que, embora o débito para o
consumidor final apareça como sendo de 27, o imposto pago ao longo de toda a
cadeia produtiva foi só de 19,5. Então, é óbvio, a empresa que recebeu o benefício
da guerra fiscal tem um ganho da ordem de 7,5 no preço do produto na empresa
industrial, o que claramente muda a capacidade dela na competição com os
concorrentes. Isso é o que se faz na guerra fiscal.
A guerra fiscal tem sentido como política de desenvolvimento regional? Para o
Estado que está fazendo a guerra fiscal muitas vezes tem. Muitas vezes, o Estado
diz que faz a guerra fiscal porque, se não fizer, não conseguirá atrair a empresa para
lá. Mas a guerra fiscal tem conseqüências. Primeiro porque, muitas vezes, o
incentivo é feito para determinar a alocação de empresas entre Estados com o
mesmo grau de desenvolvimento. Por exemplo, é muito comum no Nordeste
empresas que têm custo de transporte muito alto e que se instalariam na região de
qualquer forma. Um exemplo que costumo dar é o de engarrafadora de refrigerante.
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Quero ser bem claro aqui: pode parecer contraditório o que estou dizendo,
mas o fato é que o investimento no País seria bem maior do que é hoje, se não
houvesse a guerra fiscal. Seja para quem recebe, seja para quem não recebe
benefício, ela gera uma situação de insegurança que acaba desestimulando o
investimento ou levando as empresas a investir com margem de lucro mais elevada
do que investiriam, se não houvesse guerra fiscal. Quem acaba pagando o preço é o
consumidor, é a competitividade da economia brasileira.
Então, a guerra fiscal desestimula os investimentos. Temos, em seu bojo, o
favorecimento de importações. Quando se importa uma mercadoria, 100% do ICMS
correspondente ficam no Estado de destino. Quando se compra aquela mesma
mercadoria de um outro Estado, parte do imposto fica no Estado em que ela é
produzida e outra parte no Estado que compra a mercadoria. Então, obviamente, no
bojo da guerra fiscal, os Estados acabam concedendo incentivos para os
importados. Ou seja, nós temos hoje um sistema tributário que estimula a
importação em detrimento da produção nacional.
Eu não falo muito sobre isso porque é um problema difuso: ninguém sabe
exatamente quem está perdendo; alguns setores até sabem. Mas o fato é que a
indústria brasileira perde muito, em função desses incentivos concedidos às
importações.
Nós temos um problema de prejuízo em eficiência econômica. Vou dar um
exemplo. Alguns Estados dão incentivos para a entrada de uma mercadoria pelo seu
porto. Esses incentivos podem chegar a 9% do preço da mercadoria. Isso significa
que um custo de transporte menor do que 9% já justifica trazer a mercadoria pelo
porto de um Estado que concede incentivos, em vez do porto mais próximo do
mercado de destino daquela mercadoria. Isso, do ponto de vista da eficiência
econômica, é um desastre. Nós temos caminhões circulando desnecessariamente
pelas estradas do Brasil; nós temos um custo incorporado às mercadorias, que não
teríamos se não fosse a guerra fiscal feita hoje.
Então, a guerra fiscal tem várias conseqüências: ela desestimula o
investimento; leva ao favorecimento das importações; e acaba prejudicando uma
estrutura produtiva mais eficiente que levaria ao crescimento mais forte da economia
brasileira como um todo. É um problema bastante sério, sem dúvida o principal da
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estrutura tributária brasileira, no que diz respeito aos tributos indiretos nos dias de
hoje. Creio que o Deputado Virgílio Guimarães concorda comigo.
Finalmente, temos um problema de prejuízo das exportações, já bastante
conhecido. Quando uma empresa exportadora localizada no Estado A compra
insumos do Estado B, paga ICMS sobre esses insumos; e a empresa exportadora é
imune. O Estado A teria de ressarcir os créditos correspondentes a esses insumos a
essa empresa exportadora. Ocorre que os Estados resistem a pagar à empresa o
crédito de um tributo cobrado em outro Estado. Isso acaba levando a um processo
de acúmulos de créditos pelos exportadores — no final de 2006, os créditos
acumulados pelas empresas exportadoras ultrapassavam o valor de 15 bilhões de
reais. Nós estamos, de fato, tributando as exportações brasileiras. A forma de
devolver os créditos varia de Estado para Estado, mas o fato é que em boa parte
deles as empresas demoram muito para receber.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARD APPY - O ritmo de crescimento varia: em 2005, algo em
torno de 2 bilhões e 2,5 bilhões; em 2006, foi um pouco menor; em 2007 ainda não
fechamos. O custo líquido, ao longo do ano, deve estar em torno de 2 bilhões para
as empresas. Nós estamos realmente prejudicando as exportações.
Há também problemas de acúmulo de créditos de impostos federais, mas são
menos sérios do que no caso do ICMS. No caso do imposto federal, é uma questão
de tempo: há burocracia durante todo o processo de reconhecimento do crédito, mas
ele é pago. No caso do ICMS...
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARD APPY - Varia de ano a ano. O estoque total está em 15
bilhões. Quer dizer, o que se acumulou ao longo do tempo chegava, ao final do ano
passado, a 15 bilhões de reais.
Esta é a principal reclamação dos empresários exportadores. Pessoalmente,
acho que as outras situações são até mais sérias, mas esta tem sido a principal
reclamação do empresário do setor exportador e certamente tem impactos sobre o
investimento.
Hoje, as empresas que estão investindo no Brasil já incluem no custo do
investimento a não-recuperação do crédito de ICMS. É um problema sério. É um
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custo que já está entrando na contabilidade da empresa quando ela ainda está
decidindo o investimento, seja ela nacional, seja ela multinacional.
Há pouco tempo, estive com um representante de uma boa empresa nacional
essencialmente exportadora que investe muito em desenvolvimento tecnológico. E
ele disse que não conseguia recuperar crédito de ICMS em seu Estado e que estava
levando a fábrica para a China. É o que está acontecendo: os investimentos no País
estão sendo prejudicados.
Eu gastei bastante tempo no diagnóstico, mas eu acho importante
entendermos os problemas — ainda que para alguns Deputados, como é o caso do
Deputado Virgílio Guimarães, seja redundante —, especialmente para os que não
são especialistas na área. É importante entender do que estamos tratando para
saber qual é o motivo da reforma tributária. O motivo da reforma tributária é a
correção, ao máximo, dessas distorções e, ao corrigi-las, criar condições para a
economia brasileira crescer mais aceleradamente.
Então, qual é a proposta da reforma tributária? O que estamos pensando em
fazer para corrigir essas distorções?
O primeiro ponto da reforma tributária é uma grande simplificação da estrutura
de tributos federais por meio da unificação de tributos com incidências semelhantes.
Nós estamos propondo a unificação da COFINS, do PIS e da CIDE-Combustíveis
num novo tributo: o IVA Federal, nome fantasia para Imposto sobre Operações com
Bens e Prestação de Serviços. O modelo é até mais próximo do ICMS do que do
PIS e da CONFINS.
Estamos propondo a fusão do Imposto de Renda Pessoa Jurídica com a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido num único tributo. Na prática, nós
estamos propondo a extinção da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que
seria absorvida pelo aumento da alíquota do Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
Aqui, o objetivo fundamental é o de simplificar para as empresas, por meio da
transformação de 5 tributos em 2.
No processo de discussão da reforma tributária, considerou-se a possibilidade
de incluir também o IPI no IVA Federal, mas a decisão do Governo Federal foi a de
manter o IPI fora do IVA Federal. Por alguns motivos. O primeiro: o IPI é usado
como imposto seletivo. Por exemplo: cigarros e bebidas são tributados com
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alíquotas muito altas para desestimular o consumo, e essa tributação é feita por
meio do IPI. Então, se quiséssemos incluir essa parte de imposto seletivo no IVA
Federal, faríamos um imposto mais complexo. A idéia é a de fazer o IVA Federal da
forma mais simples possível — provavelmente, 1 alíquota não será suficiente, mas
com 2 ou 3 conseguiremos resolver o problema.
O segundo motivo: o IPI é utilizado para a política industrial. É utilizado, por
exemplo, para a Lei de Informática, que determina que empresas que investirem em
desenvolvimento tecnológico terão redução de 80% de IPI. Se extinguíssemos o IPI,
teríamos de incorporar esses dispositivos ao IVA Federal, tornando esse imposto
cuja idéia é a de que seja o mais simples possível num imposto mais complexo.
O IPI é importante também nos incentivos à Zona Franca de Manaus. Se o
extinguíssemos e o incorporássemos ao IVA Federal, teríamos de abrir uma enorme
discussão sobre como calibrar os incentivos à Zona Franca de Manaus.
O IPI tem uma função: serve para tornar o IVA Federal mais simples. O IVA
Federal vai ser claramente muito mais simples. O IPI serve como imposto seletivo
para tributar, com alíquotas elevadas, produtos cujo consumo se quer desestimular.
E serve como imposto para fins de política industrial. E não é preciso “recalibrar”
todos esses benefícios; basta mantê-los como estão hoje, o que facilita a discussão
sobre a criação do IVA Federal.
Esses foram os motivos pelos quais se optou por manter o IPI, mas com
incidência muito localizada.
Este é outro ponto importante: a utilização de tributos partilhados e tributos
não partilhados. O Imposto de Renda é partilhado; a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido é vinculada à Seguridade Social; a COFINS e o PIS são vinculados à
Seguridade Social, sendo este último também vinculado ao FAT e ao seguro-
desemprego; a CIDE-Combustíveis é vinculada a finalidades de infra-estrutura de
transporte, entre outras. Ao unificar todos esses tributos num único imposto, com o
fim de simplificar a vida do contribuinte, fazem-se necessários ajustes no sistema de
transferências e partilhas. Esses ajustes estão sendo propostos dentro da reforma
tributária, mas é extremamente importante ressaltar que eles são totalmente neutros
do ponto de vista da apropriação por cada uma das finalidades dos tributos que
existem hoje. Ou seja, esses ajustes estão sendo feitos de forma a que aquele
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montante que hoje vai para a Seguridade Social em função da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido, da COFINS, seja de uma base mais ampla, de modo que vá
exatamente o mesmo montante para a Seguridade Social; de modo que o montante
que vai para o FAT e o seguro-desemprego seja exatamente o mesmo, numa base
mais ampla.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARD APPY - Isso. Provavelmente, tudo vai ser não cumulativo.
Agora, a grande diferença é que nós vamos poder trabalhar. Aquilo que está hoje no
cumulativo provavelmente ficará no não-cumulativo com uma alíquota menor. Como
eu disse, no mínimo 2 alíquotas vai ter o IVA Federal.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARD APPY - O IVA Federal será totalmente não cumulativo.
Por exemplo: há alguns setores — e não entrarei em detalhes porque a
imprensa adora citá-los — que estão no cumulativo hoje. Por quê? Porque houve
uma decisão política, e deixaram no cumulativo porque o custo tributário seria menor
do que com o não cumulativo. No momento em que for agregado ao IVA Federal,
provavelmente esse setor ficará com alíquota mais baixa. Então, eu vou manter
basicamente a carga tributária que tem hoje, mas estará num modelo não
cumulativo, inclusive gerando crédito, algo extremamente importante para o modelo.
Então, terei um sistema neutro, do ponto de vista de que todas as compras vão
gerar créditos; e todos estarão num modelo não cumulativo. Serão corrigidas
distorções existentes hoje.
Nós temos problemas alocativos hoje em função da composição PIS/COFINS.
Por exemplo: uma empresa de varejo de lucro real que opera com a margem de
20% do preço do produto. Ela paga 9,25% de 20%; paga 1,9%. Uma empresa de
lucro presumido vai pagar 3,65% na mesma venda. Essas são distorções alocativas
importantes contra uma empresa de lucro presumido. No novo modelo, todos
estarão no modelo não cumulativo, bem mais simples. E o ajuste que hoje foi feito,
entre ficar na cumulatividade e na não cumulatividade, será feito pela alíquota. Com
poucas alíquotas. Na nossa avaliação, vai ser possível encaixar tudo com poucas
diferenças de cargas tributárias setoriais.
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exportador por imposto pago em outro Estado. E nós estamos prevendo a garantia
de que haverá o ressarcimento para os exportadores.
Nós estamos propondo que, 2 anos após a aprovação da reforma, comece
um processo de transição — que vai demorar alguns anos — durante o qual haverá
a redução progressiva da alíquota do ICMS da forma como é hoje, com as 27
legislações estaduais, progressivo, até chegar, depois de alguns anos, à alíquota
zero, na tributação na origem. Portanto, nós estamos sinalizando de forma clara —
e, para isso, basta a aprovação da reforma tributária — que vai acabar a guerra
fiscal. Não depende de regulamentação, de acordo com a proposta de reforma
tributária. Aprovado a proposta de emenda constitucional, automaticamente estará
garantida a transição para o destino, num período razoável.
Não estou citando detalhes, porque na verdade a decisão do Governo foi a de
só enviar o projeto de reforma tributária para o Congresso após a aprovação da
CPMF. Mas a base do modelo é essa. O impacto é essencialmente este: aprovada a
reforma, está garantido o fim da guerra fiscal. Estamos dando um período de
transição. Acho que isso é importante. É impossível, politicamente, “matar” a guerra
fiscal do dia para a noite. A guerra fiscal ainda surtirá efeitos, mas serão reduzidos
progressivamente com a redução da alíquota na origem. E, no final do processo,
terão acabado.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARDO APPY - Nós estamos propondo a migração total da
origem para o destino. Essa é a nossa proposta. Eu sei que existem demandas;
alguns Estados gostariam que parasse em 4%. Nós fizemos um levantamento no
CONFAZ; apareceu de tudo: de zero a 7%. Estou sendo bem honesto.
Na nossa avaliação, se queremos de fato acabar com a guerra fiscal no País,
a transição para o destino puro é importante.
Nós estamos propondo — e não vou entrar em detalhes dado o adiantado da
hora — um modelo segundo o qual, embora a apropriação seja no Estado destino, o
imposto deve ser exigido no Estado de origem, para evitar sonegação. Quando se
faz operação com alíquota zero, abre-se espaço muito grande para a sonegação.
Então, para evitar isso, nós estamos propondo o modelo que chamamos de Câmara
de Compensação entre os Estados. Não vou entrar em detalhes, repito. Foi muito
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discutido tecnicamente. Não era o modelo inicial, mas tem muita sustentação
técnica. Desde que esteja operando a nota fiscal eletrônica, ele se sustenta.
Finalmente, nós estamos propondo, no final do processo de transição, a
unificação do ICMS; uma única legislação para o ICMS dos 27 Estados; uma lei
complementar regulamentando o ICMS; um único regulamento, que seria editado
pelo CONFAZ; alíquotas uniformes nacionalmente. As alíquotas seriam propostas
pelo CONFAZ e aprovadas ou rejeitadas pelo Senado Federal. E, para um número
limitado de bens e serviços, os Estados poderão fixar alíquotas diferenciadas.
Isto é importante: um grau de flexibilidade para os Estados, até porque nós
temos o compromisso de não aumentar a carga tributária no período de transição da
reforma tributária. E é impossível fechar a equação de ajuste com alíquotas
uniformes para todos os Estados.
Um exemplo: o óleo diesel tem alíquota que vai de 12% a 25% hoje no Brasil.
Seria impossível fixar uma alíquota única e esperar que todos os Estados
mantivessem a mesma arrecadação. Então, alguns produtos poderão ter alíquotas
diferenciadas, por Estado, de acordo com parâmetros definidos em lei
complementar. Isso é extremamente importante para oferecer algum grau de
flexibilidade e de autonomia federativa aos Estados e para fazer a transição sem
aumento de carga tributária.
Obviamente, nesse processo de migração da origem para o destino, há o
risco de alguns Estados sofrerem perdas. No projeto, vamos propor um mecanismo
de compensação de perdas, seja com a transição da origem para o destino, seja
com a unificação do ICMS. Apenas durante a transição. Obviamente, depois haverá
um mecanismo de compensação de perdas, previsto na proposta de reforma
tributária.
O terceiro item da reforma é o da desoneração tributária. A reforma tributária
propõe a desoneração completa dos investimentos, naquele prazo de apropriação
de 24 meses, 48 meses. A proposta é de que o IVA Federal seja imediato. Entrando
em vigor — a idéia é a de que isso ocorra 2 anos após a aprovação da reforma —,
haverá a desoneração completa dos investimentos; e o ICMS ao longo do período
de transição.
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importante. Não é algo pequeno. Nós estamos fazendo a conta agora. Recusei-me
porque não é uma conta fácil de fazer; há áreas de subjetividade. Mas nós estamos
fazendo a conta. Trata-se de um impacto importante sobre o potencial de
crescimento da economia brasileira.
Do ponto de vista federativo, ela é neutra ou positiva. Nós estamos
trabalhando com modelo em que nenhum Estado ou Município será prejudicado, e
vários ganharão.
Do ponto de vista fiscal, o nosso compromisso é o de torná-la neutra, ou seja,
que não haja aumento algum de carga tributária durante a transição.
A reforma tributária — este é um ponto importante — é modelada. Traz dentro
dela desonerações relevantes. O modelo dela é feito para que o seu custo seja
integralmente pago pelos sonegadores. Ela tem um impacto muito forte sobre a
sonegação. Seja a reforma tributária, seja o processo de nota fiscal eletrônica que
está sendo implantado hoje têm um impacto muito forte sobre a sonegação.
Quem vai pagar a conta, então, da reforma tributária? Eu diria que são os
sonegadores. Quem vai se beneficiar? Aquele que paga impostos hoje e o
crescimento da economia brasileira.
Quero apenas ressaltar mais um ponto importante. Nós temos hoje uma
oportunidade melhor do que a que tivemos no passado para avançar no que diz
respeito à discussão da reforma tributária.
Como disse no início, esse processo é o resultado de uma grande
acumulação de dados provenientes de discussões que têm sido feitas, muitas no
Congresso Nacional, em relação a esse tema. Hoje nós temos algumas condições
que nos ajudam a ter mais confiança na aprovação da reforma tributária. Que
condições? Uma delas é o crescimento econômico. Uma reforma tributária só tem
chance de ser aprovada em períodos de crescimento. Aprovar reforma tributária em
períodos de crise fiscal e de crise de crescimento é muito difícil porque ninguém está
disposto a perder 1 centavo nem a cobrir nenhum custo para viabilizar a reforma
tributária.
E o Governo Federal está disposto, sim, a assumir uma desoneração
tributária e o custo, por exemplo, da política de desenvolvimento regional e da
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tema e tentar dar um passo adiante? É uma questão complexa porque envolve 27
legislações e uma infinidade de regulamentações, de cada um dos 27 Estados, que,
no conjunto, perfazem uma parafernália legal de difícil equacionamento.
Quando o Governo volta a propor mudança, de um lado, na tributação federal
e, de outro, no ICMS — e acho que em bom momento retirou a parte do ISS, que já
estava causando uma grande confusão com os Prefeitos —, está tornando o debate
e a confusão mais complexos.
Com a minha experiência, a minha impressão é a de que — e há outros
Deputados aqui com grande experiência nesse tema, inclusive o Deputado Virgílio
Guimarães, Relator da última tentativa, na Legislatura passada, que vivenciou isso
Estado por Estado —, se formos optar por algo muito genérico, que ataque várias
pontas e que traga o problema aqui para o Congresso Nacional, vamos acabar não
avançando, se é que o Governo realmente quer avançar nisso — e acredito na
palavra do Secretário, cuja seriedade conheço —, pelo conjunto da complexidade. O
ideal é que esse assunto viesse equacionado do CONFAZ, da discussão entre os
Estados. Na medida em que os Estados não se acertam no nível técnico e que a
matéria vem para o Congresso Nacional, a tendência não é a de simplificar, mas de
complicar, ou seja, é a situação ficar mais difícil. Falo com base na minha
experiência aqui.
Eu vejo assim: o nosso sistema tributário está cheio de problemas; talvez
fosse mais fácil analisar o que pode ser resolvido no nível infraconstitucional e
algumas coisas básicas no nível constitucional, para evitar, mais uma vez, que
fiquemos frustrados — e me refiro à sociedade brasileira — em relação ao que pode
sair dessa nova tentativa, adiada em grande medida pelo Governo por causa da
CPMF, um tributo muito claro, sobre o qual há grande embate no Senado Federal.
Trata-se de “sim” ou “não”; é algo muito claro. Imagine V.Sa. algo que pode mexer
nos ganhos de cada Estado, nos incentivos já dados, etc.
Essas eram as ponderações que eu queria fazer. Nós temos de aguardar o
resultado da votação da proposta de prorrogação da CPMF, seja ele qual for, para
saber se o Governo realmente vai manter a decisão de mandar o projeto para cá e,
aí sim, apresentar o detalhamento técnico, com os modelos que permitiram chegar à
proposta.
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tributária que esta Casa não conseguiu aprovar. Do que realmente estamos falando,
com relação a esses fundos, que irá promover o desenvolvimento regional do País?
Na verdade, isso inicia a guerra fiscal e depois destrói, porque passa a ser
amplificada.
Parabenizo o senhor pela apresentação, muito objetiva e bem-feita,
principalmente sob o ponto de vista da guerra fiscal. É exatamente isso o que temos
sentido em todos os setores e em todos os Estados onde ela tem sido iniciada,
sendo que o final é sempre aquele que o senhor apresentou com muita clareza. A
guerra é generalizada e, portanto, não induz a mais nada, a não ser à destruição da
capacidade de arrecadação do Governo.
O senhor expôs muito bem o exemplo do porto. Então, gostaria de saber
como será o tratamento adotado nessa fase de transição.
Temos um problema enorme. O senhor disse que, com a aprovação dos
Estados, que automaticamente a guerra fiscal se encerrará, já que novos projetos
não poderão ser apresentados, pois para isso teria que haver determinada condição.
Há um custo muito grande por parte dos Estados que hoje estão se defendendo da
guerra fiscal e que não entraram totalmente em todos os setores. Na verdade, tais
Estados não reconhecem alguns benefícios dados de forma exagerada. Com esse
corte — tais questões estão na Justiça —, esses Estados ficarão com todo esse
ônus na reforma tributária? Uma vez reconhecido, tudo o que estava sendo feito
passa a ser validado? Qual o impacto nos últimos anos? O não-reconhecimento dos
impactos pode inviabilizar a aprovação.
Também gostaria de entender o que garante que a guerra fiscal será
imediatamente encerrada após a aprovação, sem que seja preciso fazer alguma
alteração.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Virgílio Guimarães) - Com o retorno, o
Deputado Colbert Martins está reinscrito. Estamos, portanto, com 7 inscritos. Eu
havia pensado em fazer um bloco corrido. Vamos fazer um período para respostas
ao final do próximo inscrito ou manteremos a idéia anterior?
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
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que o Governo Federal aumentou ao longo dos últimos 10 ou 12 anos e que não são
partilhadas, agora estão na base de partilha.
O que ficou fora da base de partilha? Apenas a contribuição sobre a folha
que, por ser vinculada à Previdência, não faz sentido partilhar. Além disso, há alguns
tributos pouco relevantes do ponto de vista de arrecadação, mas que são de
natureza regulatória, como o Imposto de Importação, o Imposto de Exportação e o
IOF. Esses, aliás, não é bom partilhar, porque o Governo tem de ter liberdade para
aumentar e baixar suas alíquotas para fins de política econômica. Ademais, eles são
pouco relevantes do ponto de vista de arrecadação. O grosso da arrecadação estará
na base de partilha.
O Deputado Kaefer disse que a proposta não é uma reforma, trata-se apenas
de uma adequação tributária.
Deputado, essa é uma mudança relevante no modelo tributário brasileiro. Se
ela é ou não uma reforma, não sei. A proposta foi feita para eliminar problemas
extremamente sérios que dificultam o crescimento econômico.
As pessoas questionam o tamanho da carga tributária, mas um desenho
institucional inadequado muitas vezes tem impactos piores sobre o crescimento
econômico do que o próprio montante da carga tributária.
Mesmo a carga tributária depende muito do tipo de tributo. Por exemplo, um
tributo neutro sobre consumo num país em que não há informalidade não tem
impacto negativo sobre o crescimento.
Então, a mudança que propomos corrige 90% dos problemas institucionais
existentes hoje no sistema de tributos indiretos, cumulatividade, insegurança
jurídica, oneração de investimentos, oneração de exportações. Posso assegurar que
isso tem um impacto muito positivo sobre o crescimento econômico. O resultado da
reforma é que o País vai crescer mais. O potencial de desenvolvimento do País
cresce de forma clara com a reforma tributária.
Quanto ao que o senhor apresentou como ingrediente da reforma tributária, a
redução da carga tributária, volto a dizer — há um componente ali dentro — que o
setor formal da economia brasileira vai pagar menos imposto com a reforma
tributária. Segundo, simplificação do sistema tributário. Há proposta de simplificação.
Estamos unificando vários impostos federais, 5 em 2.
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guerra fiscal em cima de uma alíquota de 4% não é muito relevante. É uma questão
que cabe ser discutida pelo Congresso Nacional. Mas eu diria que, se quisermos
acabar efetivamente com a guerra fiscal, o destino puro é a solução.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARD APPY - O motivo é a guerra fiscal. É o fato de se ter um
tributo neutro sobre o consumo, desenho adequado de um imposto sobre o valor
adicionado.
Há, sim — talvez o senhor tenha perdido essa parte da apresentação —,
mecanismos de compensação dos Estados no projeto que está sendo apresentado
na transição. Isso está previsto no projeto. O número de alíquotas não está na
emenda constitucional. Estamos querendo fazer uma emenda constitucional mais
limpa possível. Alíquota é objeto de legislação infraconstitucional. A idéia é que
sejam poucas alíquotas, tanto para o IVA federal quanto para o novo ICMS.
No caso do ICMS, como disse, vai haver alguns produtos definidos em lei
complementar. Estamos deixando em aberto — não definimos se vão ser 5, 4 ou 3
— porque aqui é melhor ter bom senso do que rigidez na Constituição. Vai haver
alguma liberdade na lei complementar. Isso será muito importante do ponto de vista
de autonomia federativa dos Estados e em função da necessidade de, na transição,
manter-se a carga tributária. Com uma alíquota uniforme para todos os Estados é
impossível manter a carga tributária. Calibra-se pelo que tem menos e para os
demais a carga tributária acaba subindo. Então, não funcionaria. Se nessa transição,
com esse grau de liberdade, houver alguma perda, a União pode entrar
compensando.
O Fundo de Desenvolvimento Regional — FDR está, sim, na reforma
tributária. Há uma criação, uma ampliação de recursos relevante para o FDR. Isso
ajuda a fechar a equação política, sem dúvida alguma. Certamente isso está no
aprimoramento da política de desenvolvimento regional.
Esses são os pontos mais importantes.
Aproveito para mencionar alguns pontos que considero também importantes.
Um deles é a transparência. O modelo que está sendo proposto tem uma vantagem.
Com o IVA federal e o ICMS, como está sendo proposto, vai ficar muito mais
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transparente para as pessoas quanto elas estão pagando de imposto sobre os bens
consumidos. Isso é muito positivo.
A carga tributária indireta no Brasil é alta? Sim, mas isso vai ajudar as
pessoas a decidirem e discutirem se o financiamento da atividade pública justifica
uma alíquota dessas ou não. Certamente, ganharemos em transparência.
Esqueci de mencionar questão importante do ponto de vista federativo.
Por decorrência de demanda das entidades municipalistas, inserimos no
projeto de reforma tributária a proposta de desconstitucionalização do critério de
partilha do ICMS. Hoje, 25% do ICMS vai para os municípios. E desses 25%, três
quartas partes são repartidas proporcionalmente em cada município. Isso acaba
gerando situações de grande desequilíbrio entre os municípios. Em alguns casos,
municípios com grandes indústrias acabam recebendo parcela desproporcional às
suas necessidades, ao seu número populacional.
Enfim, houve a demanda das 3 entidades municipalistas para que esse
critério fosse revisto. Em vez de inserir na Constituição o novo critério, apresentamos
emendas no sentido de que isso seja definido em lei complementar. Esse é um
avanço a mais, do ponto de vista das relações federativas, que atende à demanda
municipal na reforma tributária.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARDO APPY - Sim, pode-se mudar para consumo. Esse ponto
da discussão está em aberto com os municípios.
Bom, agora talvez o Sr. André Luiz possa falar um pouco mais, pois terei de
me ausentar por alguns instantes.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Virgílio Guimarães) - Com a palavra o Sr.
André Luiz Barreto de Paiva Filho.
O SR. ANDRÉ LUIZ BARRETO DE PAIVA FILHO - Em complemento ao que
foi dito pelo Secretário Bernardo Appy, vale a pena registrar que, na evolução
recente, especialmente quanto à questão da partilha federativa com Estados e
Municípios, houve avanços, pelo menos no último período, como por exemplo a
partilha da CIDE/Combustíveis, na aprovação pelo Congresso de uma das etapas da
reforma tributária anterior, além do recente aumento de percentual do Fundo de
Participação dos Municípios. Também pode-se pôr em relevo o aumento do Imposto
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de Renda, que hoje faz parte das bases de partilhas federativas e que acabou
possibilitando, na verdade, aumentar, ao longo desse último período, a participação
dos municípios no bolo das receitas tributárias do País.
Gostaria de reforçar um ponto da questão do destino puro levantada pelo
Deputado Julio Semeghini. S.Exa. questionou quais seriam as vantagens. Ao que foi
mencionado pelo Secretário acrescento que o destino puro, no caso das
exportações, por exemplo, permite a adoção de mecanismos tradicionalmente
utilizados nos IVAs. Por exemplo, usamos hoje no PIS/COFINS algumas
suspensões, quando vão para exportadores. No caso do ICMS — esses
mecanismos foram denominados de drawback verde-amarelo —, hoje não é
possível justamente porque uma parcela da arrecadação da produção pertence ao
Estado. Quando há o destino puro, isso desaparece.
É possível aplicar em toda a estrutura do tributo elementos aplicados no IVA
pelo mundo. A tributação na origem implica distorções disso. Sem falar na questão
conceitual de fundo. Quando mantemos uma parte da tributação na origem, estamos
determinando que o contribuinte de fato, que é o consumidor final nos tributos de
destino, pague imposto para um Estado que não lhe presta serviços. Na prática,
esse é o resultado da tributação na origem. O consumidor de fato é quem arca com
o ônus do tributo. Quando há tributação na origem, Estados consumidores pagam
mais tributos para Estados produtores. Esse é o resultado final da equação da
tributação na origem, o que conceitualmente, a meu ver, é algo distorcido do ponto
de vista inclusive das relações federativas.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Virgílio Guimarães) - Obrigado, Sr. André
Luiz.
Passo a Presidência dos trabalhos ao Presidente da Subcomissão de
Reforma Tributária, Deputado Alfredo Kaefer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Alfredo Kaefer) - Seguindo a ordem de
inscrições, passo a palavra ao Sr. Deputado Pedro Eugênio.
O SR. DEPUTADO PEDRO EUGÊNIO - Sr. Presidente, Deputado Alfredo
Kaefer, quero levantar aqui algumas questões, entre elas a do período de transição
e a dos mecanismos de compensação. Gostaria de ouvir um pouco mais a respeito
de como esses mecanismos estão sendo estudados. Trata-se, por exemplo, de um
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sistema através do qual, neste fundo que receberá o conjunto do IVA e que será
redistribuído pelo critério do destino, uma parte será reservada para compensações
ao longo de um certo período, de forma que os Estados se sintam seguros de que,
durante um período relativamente longo (o Secretário falou de 5 a 10 anos) as
perdas fossem sendo compensadas e a margem de possibilidade de perdas fosse
aumentando, mas dentro de uma curva suportável. É esta a concepção?
Segundo, a respeito de política de desenvolvimento regional, há a colocação
geral de que se terá um fundo nacional de desenvolvimento regional que substituirá
os fundos hoje existentes e que terá como desafio responder à questão das
desigualdades regionais no País. Isso lembra talvez os fundos de convergências da
União Européia, que, no entanto, não são apenas fundos para crédito e
infra-estrutura, pois fazem parte também de um arcabouço legal que dá vantagens
fiscais, incidem sobre taxas de juros e, portanto, geram a necessidade de
equalizações etc. Pergunto se a idéia do fundo abrange também essa idéia mais
geral.
Sabemos que há benefícios fiscais para regiões menos desenvolvidas, com
data marcada para serem concluídos, se não me engano, até 2013. Gostaria de
saber se estão pensando em adotar algum mecanismo para que as desigualdades
flutuem.
No relatório do Deputado Zezéu Ribeiro, se não me engano, dentro do projeto
de lei da recriação da SUDENE havia um substitutivo que prevê um mecanismo
desse tipo, pelo qual haveria alíquotas ou taxas menores de impostos em função da
flutuação de Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Não estou bem lembrado
de como isso estava posto no relatório do Deputado Zezéu Ribeiro. Pergunto, então,
se esse tipo de concepção está presente na questão da operacionalização desse
fundo nacional.
Por outro lado, quero colocar uma preocupação. Ao transitar dentro das
regiões menos desenvolvidas do País como um todo, entendo que há um grande
avanço positivo de concepção de desenvolvimento regional. Sabemos que há
regiões no Nordeste muito mais carentes do que as áreas consideradas menos
desenvolvidas no País. O mapa que foi elaborado no Ministério da Integração
Nacional, na Secretaria Nacional de Desenvolvimento Regional, aponta claramente
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dos fiscos estaduais. Agora estamos querendo armar todo mundo! Estou torcendo
para que simplifiquemos isso rapidamente e evitemos mais problemas. Como
derrubamos recentemente a matéria, para poder cobrar impostos nos Estados, todo
mundo agora está se armando. E nem adianta mais o velho revólver; estão
discutindo o uso de pistolas, armas modernas, e assim por diante. Estou então
torcendo para que aprovemos a reforma o mais rapidamente possível.
Acabamos de aprovar um projeto do ex-Deputado Julio Redecker, que
concede incentivos para exportações. Se não agirmos rapidamente, a quantidade de
matérias que criam isenções... Essas estão tramitando rapidamente. Se não
tivermos condição... Vou concluir, concordando com V.Sa., Dr. Appy, que o
momento agora é muito mais apropriado.
Em 2003, participei com o Deputado Virgílio Guimarães, quando as
dificuldades eram muito maiores do que as de hoje. As composições dos Executivos
estaduais estão muito mais favoráveis. Nessa transição, temos de discutir o mínimo
de perdas sobre Estados e municípios — porque todo mundo vai ter de perder se
finalmente entendermos que o contribuinte é quem tem de ganhar nesse jogo. E,
para o contribuinte ganhar, o Governo Federal tem de perder, os Estados têm de
perder, os municípios têm de perder. Portanto, temos de estabelecer essa transição
da melhor forma possível.
Estou contente, satisfeito. Gostei de sua apresentação. O Sr. Secretário
coloca no colo do Congresso Nacional a decisão, que temos de tomar da melhor
forma possível.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Alfredo Kaefer) - Com a palavra o Deputado
Carlito Merss.
O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS - Baixou o socialismo utópico no
Deputado Colbert Martins! Isso é bom! (Risos.)
O SR. DEPUTADO COLBERT MARTINS - Esses alemães! Dois alemães
aqui, ao mesmo tempo! (Risos.)
O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS - Sr. Presidente, gostaria de fazer
apenas um comentário. Praticamente, todas as questões que eu levantaria, como
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Espero que ainda neste ano tenhamos esse texto, que nesta semana se
resolva, claro, a questão pendente no Senado. Porque qualquer discussão que
viermos a fazer tem a ver com uma receita estiada em 40 bilhões de reais. Seria
ignorância nossa não admitir isso.
Na verdade, sinto-me contemplado com algumas questões já levantadas aqui.
Ouvirei, assim, o Secretário Bernardo Appy.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Alfredo Kaefer) - O Secretário responderá
agora ao bloco de indagações.
Ressalvo que o Deputado Virgílio Guimarães pediu para ser inscrito. Se der
tempo, ao final concederemos a palavra a S.Exa.
O SR. BERNARDO APPY - Se não der tempo de ouvirmos o Deputado
Virgílio Guimarães, assim como a qualquer outro Deputado, informo que estamos
sempre abertos para receber V.Exas. no Ministério para discutir conosco, conhecer
detalhes. Com o Deputado Virgílio já conversamos muito sobre o assunto.
Começo com as questões expostas pelo Deputado Pedro Eugênio.
V.Exa. pergunta se a concepção é reservar parte do IVA para compensação
na transição.
Há um modelo, Deputado, e gostaria de dizer isso claramente. Estamos
evitando, em função da discussão da CPMF, porque o que levou a adiar o envio da
reforma tributária foi não entrar nos detalhes. Embora no agregado o apoio seja
enorme, no detalhe sempre haverá uma posição ou outra divergente.
O SR. DEPUTADO PEDRO EUGÊNIO - Dr. Appy, desculpe-me, mas o
demônio mora nos detalhes. Então vamos evitá-lo.
O SR. BERNARDO APPY - O demônio mora nos detalhes — é verdade. Mas
temos um modelo bem desenhado para compensação das perdas entre os Estados.
Isso deve dar alguma tranqüilidade.
(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)
O SR. BERNARDO APPY - Pessoalmente, gostaria de estar hoje abrindo
todo o texto, entrando na discussão dos detalhes. E farei isso tão logo a reforma
seja enviada. Se for convidado, terei o maior prazer em vir aqui discutir detalhes.
Hoje, porém, estou discutindo a concepção geral, mas posso adiantar que há um
modelo bem estruturado de compensação de perdas.
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Número: 2260/07 Data: 11/12/2007
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E, quando se resolveu derivar para algo além do ICMS, já partimos para uma
coisa mais cautelosa para resolver a questão da compensação das exportações.
Com base inclusive no avanço da informatização dos Fiscos, caminhou-se num
sentido um pouquinho diferente. Caminhamos para criar o que chamamos de
sistema de integração tributária, para compensar todos os créditos de todos os
tributos indiretos em uma conta única, em um guia único, para que, para o
contribuinte, fosse como se fosse um IVA único, e os técnicos do Governo, os
senhores e o pessoal da Fazenda caminharam, a partir da mesma premissa, para
uma proposta um pouco distinta, que em alguns aspectos é melhor, sobretudo no
que se refere ao tributo federal. Há algumas dúvidas aí, por exemplo, quanto a se é
o mesmo fato gerador; eu tenho dúvidas, mas essa é uma questão que também não
é tão grave.
Enfim, acho que estamos em um momento muito propício para fazer
avançarem os procedimentos. Acho inclusive que em algum momento a Casa, a
Câmara vai participar de uma maneira um pouco mais... Eu inclusive estava
querendo andar depressa porque queria ficar livre da PEC nº 31/07, porque eu
queria votá-la na Comissão para que a outra não fosse apensada a ela, mas
passam-nos um pouco a impressão de que o Governo não quer; pelo menos é o que
alguns partidos dizem: “Não, nós não temos essa convicção” — porque se
fizéssemos um fatiamento, fizéssemos o esquartejamento dela, a remanescente
ganha número novo, Presidente novo, Relator novo. No passado repetiam-se os
mesmos, mas regimentalmente nada demanda que seja assim.
Eu sou tecnicamente o autor — na prática, não sou; eu coordenei um grupo, é
um trabalho coletivo —, mas isso me incomoda um pouco. Eu não tenho nenhuma
pretensão de ser autor. Eu quero ser pró-ativo no novo momento, mas, pelo jeito, eu
vou ter aqui a eternidade da condição de autor, porque protocolei a PEC nº 31/07,
que encabeço. Mas isso também para mim é um motivo de satisfação, sem dúvida
nenhuma. E quero cumprimentar a todos, especialmente Alfredo, por saber da sua
liderança.
Queria que os senhores também tivessem a oportunidade de conhecer o
Deputado Alfredo Kaefer, que é uma excelente aquisição que tivemos aqui nessa
área. Ele é um empresário, um Parlamentar eleito com a preocupação tributária,
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moderno, que reflete, que discute, que sabe ouvir e que muito vai ajudar. E esse
contato com esses 2 técnicos, esses 2 representantes do Governo, Deputado
Alfredo, Bernardo Appy e André Paiva, sem dúvida nenhuma, é uma inter-relação
muito importante, e o País vai dever muito a esses 2. Já está devendo, mas vai
dever mais ainda, porque se a reforma tributária anda, seja por iniciativa, seja por
acompanhamento, seja por supervisão desses 2, com certeza nada melhor, porque
sem dúvida nenhuma são pessoas que têm conhecimento e sobretudo espírito
público capaz de conduzir adequadamente um processo de reforma tributária por
parte do Governo — porque, por parte do Legislativo, que o conduzamos nós.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Alfredo Kaefer) - Obrigado, Deputado
Virgílio. Para reflexão, como nossa intervenção final, para mentalizarmos alguns
números: em 1996 nós tínhamos uma arrecadação de 25,19% sobre o PIB, e
naquela época a participação dos tributos federais era de 16,69%; em 2006 nós
temos 35% sobre o PIB, e temos uma participação de 24% de impostos federais.
Um outro número, que é muito importante: nós tivemos de 1988 a 2007
normas sobre tributação editadas (entre 1988 e 2007, repito) como leis ordinárias,
948; como medidas provisórias originárias, 173; como medidas provisórias
reeditadas, 973; 1.510 decretos presidenciais; 23.203 normas complementares —
um total de 26.854 normas sobre tributação editadas nestes menos de 10 anos. Isso
dá uma média de 3,87 por dia, para nossa reflexão.
Quero, então, passar a palavra ao Secretário Bernardo Appy e a André Luiz
Barreto, para suas considerações finais.
O SR. BERNARDO APPY - Bem, quero agradecer o convite da Comissão e
reforçar as palavras do Presidente Virgílio Guimarães, porque de fato há muito mais
convergências do que divergências entre nosso projeto de reforma tributária e o
projeto de que o Deputado Virgílio diz não ser autor — eu acredito que seja —, mas
consolidador. Inclusive uma boa parte do nosso projeto pegamos do trabalho que foi
feito pelo Deputado Virgílio diretamente. E tenho certeza absoluta de que ele será
pró-ativo na discussão da reforma tributária, e isso vai ser muito positivo para a
discussão da reforma tributária durante a tramitação no Congresso Nacional.
Quero dizer que o projeto de reforma tributária não é um projeto do Governo,
não é um projeto do Congresso, não é um projeto nem do Deputado Virgílio; é um
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projeto do País. Está certo, Deputado? E é por isso que temos de trabalhar
conjuntamente aqui. Eu, pessoalmente, acho que é extremamente importante.
Desse ponto de vista, são talvez as mudanças mais importantes que estão sendo
discutidas ao longo dos últimos anos, do ponto de vista do impacto sobre o potencial
de crescimento do País. Portanto, acredito que, por essa razão, mereça uma
atenção e uma dedicação grande de todos os agentes envolvidos, seja Executivo,
seja Legislativo, ao longo do processo.
E volto a dizer aquilo que já disse a palavra final sobre a emenda
constitucional é a do Legislativo, certamente. E tenho certeza de que o trabalho que
vai ser feito será muito positivo. Só não o fizemos antes, só não avançamos antes,
Deputado, porque a opção que nós fizemos foi a de, depois de todo esse trabalho,
abrir um espaço de discussão este ano com Estados, Municípios e sociedade, para
tentar fazer um projeto que agregue o máximo, do ponto de vista das sugestões e do
aporte que pode ser feito pelos Estados e Municípios e pela sociedade civil.
Mas tenho certeza de que vamos continuar a ter uma relação muito produtiva,
e eu estou sempre aberto para os convites do Congresso Nacional nesse sentido.
Muito obrigado pelo convite.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Alfredo Kaefer) - Parabenizo o Deputado
Madeira pela iniciativa, como autor do requerimento de realização deste debate.
Agradecemos a presença ao Sr. Secretário Bernardo Appy, ao Sr. André Luiz
Barreto de Paiva Filho e aos Parlamentares presentes.
Nada mais havendo a tratar, declaramos encerrada a presente reunião, antes,
porém, convocando os senhores Parlamentares para a reunião mensal com o
Secretário do Tesouro Nacional, Sr. Arno Augustin e técnicos, às 9h, na sala da
Comissão. E às 10h, em plenário, haverá reunião ordinária deliberativa, sob a
coordenação do nosso Presidente da Comissão de Finanças e Tributação.
Está encerrada a presente reunião.
Muito obrigado.
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