Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Engenharia Mecânica
Júri
Presidente: Prof. Viriato Sérgio de Almeida Semião
Orientador: Prof. António Luís Nobre Moreira
Vogal: Prof. Carlos Augusto Santos Silva
Novembro 2016
i
Agradecimentos
Quero agradecer em primeiro lugar ao Professor António Moreira, por me ter dado a oportunidade de
poder realizar este estágio que permite encerrar mais uma etapa da minha vida, e iniciar outra.
Agradeço também à InChemica e a todos os que lá contribuíram para que o meu trabalho se pudesse
realizar, em especial à Engª Adélia Pimentel, que esteve sempre disposta a ajudar, e ao João Gomes, por me ter
delegado um espaço no seu gabinete e por todos os conselhos e ajuda. Um obrigado também à equipa da
auditoria energética por me ter dado todo o suporte tecnológico necessário.
Agradeço à Galp, por ter criado esta iniciativa e por me ter possibilitado fazer este excelente estágio.
E por último, mas os últimos são sempre os primeiros, um grande obrigado à minha tia Joana
Alvarenga, que me aturou durante estes 5 anos e me acolheu como uma segunda mãe, aos meus pais, a toda a
minha família e aos meus amigos, em especial o Tomás Seixas e a Ana Cláudia Teixeira, que sem eles também
não estaria aqui.
ii
Resumo
Esta dissertação é o culminar do trabalho realizado durante seis meses nas instalações da InChemica –
Indústria Química de especialidades, Soc. Unip., Lda., entre Março e Setembro de 2015, ao abrigo do projecto
Galp 202020 estabelecido entre a Galp Energia e o Instituto Superior Técnico.
O consumo intensivo de energia provoca escassez de recursos naturais e o uso excessivo de energia
está associado a emissões de gases com efeito de estufa, que podem conduzir a alterações climáticas. Uma
organização que promova a redução dos consumos energéticos não só tem a sua imagem salvaguardada junto
das autoridades ambientais, que cada vez mais forçam as empresas a cumprir metas de reduções de consumo
energético, como vêem as suas faturas energéticas diminuir, algo que contribui bastante para a
competitividade no mercado.
No caso do presente estágio, o objetivo global foi aplicar a ISO 50001 na InChemica de forma a auxiliar
o processo de melhoria contínua do desempenho energético. O objetivo da ISO 50001 é permitir que as
organizações estabeleçam os sistemas e processos necessários para melhorar continuamente o desempenho
energético.
Fez-se uma avaliação energética de forma a determinar usos significativos de energia e oportunidades
de melhoria do desempenho energético, tendo-se proposto 9 medidas com um potencial de impacto na
redução do consumo de energia primária de 20%, tanto na área da eletricidade como no gás natural. No
seguimento da avaliação energética estabeleceram-se consumos energéticos de referência e indicadores de
desempenho energético, para medir e monitorizar o desempenho energético da organização no futuro.
iii
Abstract
This dissertation is the culmination of a six month work in InChemica - Chemical Industry of specialties,
single-member company, Ltd., between March and September 2015, under the project Galp 202020
established between Galp Energia and Instituto Superior Técnico.
Intensive energy consumption causes scarcity of natural resources and excessive use of energy is
associated with emissions of gases with greenhouse effect, which can lead to climate change. An organization
that promotes the reduction of energy consumption not only has its image safeguarded with the
environmental authorities, which increasingly force companies to meet energy consumption reduction targets,
but also they see their energy bills decrease, which contributes to high competitiveness in the market.
In the present stage, the overall objective was to apply the ISO 50001 in InChemica in order to assist
the process of continuous improvement of energy performance. The ISO 50001's goal is to enable organizations
to establish the systems and processes necessary to continually improve energy performance.
There was an energy assessment to determine significant uses of energy and opportunities for
improving energy performance, having proposed 9 measures with a potential impact on the reduction of
primary energy consumption by 20%, both in the area of electricity as in natural gas. Following the energy
assessment it was established a baseline energy consumption and energy performance indicators to measure
and monitor the energy performance of the organization in the future.
iv
Índice
Agradecimentos ............................................................................................................................................... ii
Abstract .......................................................................................................................................................... iv
Índice ............................................................................................................................................................... v
1 – Introdução .................................................................................................................................................. 1
3 – Avaliação energética................................................................................................................................. 10
4.2 – Cálculo de consumos específicos de energia em 2015, com base nos CEE de janeiro de 2016 ................ 40
v
5.1.4 - Nível 4 ................................................................................................................................................ 50
7 – Referências ............................................................................................................................................... 57
ANEXO A – Quadros parciais com contador de eletricidade e principais equipamentos (com relevância no
cálculo dos IDE) .............................................................................................................................................. 59
vi
Índice de tabelas
vii
Tabela 32 – Potencial económico no isolamento de flanges, válvulas e tubagens. .............................................. 33
Tabela 33 – Economia, investimento e payback globais na aplicação de isolamentos......................................... 33
Tabela 34 – Idem Tabela 33, com medida 9 implementada. ................................................................................ 34
Tabela 35 – Caudal e temperatura do ar de exaustão da linha 1. ........................................................................ 35
Tabela 36 - Caudal e temperatura do ar de exaustão da linha 2. ......................................................................... 35
Tabela 37 – Temperatura e caudal médio conjugado das duas linhas. ................................................................ 36
Tabela 38 – Economias, investimento e PRI associados à instalação de uma caldeira com recuperação de calor
dos gases de exaustão para produção de vapor a 7,5 bar. ........................................................................... 36
Tabela 39 – Indicadores para consumo energético de referência. ....................................................................... 38
Tabela 40 – Regimes de produção em janeiro de 2016 ........................................................................................ 39
Tabela 41 – Pesos dos sulfatados a 70%, para o regime 1. ................................................................................... 39
Tabela 42 – Produções 2015 (em toneladas de matéria ativa). ............................................................................ 40
Tabela 43 - Código para cada conjugação de processos de produção de sulfonados (os números de 0 a 4 são
semanas). ...................................................................................................................................................... 41
Tabela 44 – Indicadores de desempenho energético – Níveis 1 e 2. .................................................................... 44
Tabela 45 – Indicadores de desempenho energético – Níveis 3 e 4. .................................................................... 45
Tabela 46 – Consumo bomba 2 de água de refrigeração e QP 12 no dia 5 de Julho de 2016. ............................. 51
Tabela 47 – Principais equipamentos dos Quadros Parciais 12 e da linha SO3-2.................................................. 59
Tabela 48 – Principais equipamentos dos QP da linha SO3-1 e linha RF-1 ............................................................ 60
viii
Índice de figuras
Figura 1 - Modelo de gestão de energia para a ISO 50001 (adaptado de [5]). ....................................................... 3
Figura 2 – Produção de SO3 ..................................................................................................................................... 5
Figura 3 – Produção de ácidos sulfónicos (sulfonados) .......................................................................................... 5
Figura 4 – Produção de sulfatados a 35% e 70% ..................................................................................................... 6
Figura 5 – Produção de sulfatados a 27% ............................................................................................................... 6
Figura 6 – Central de arrefecimento de águas. ....................................................................................................... 7
Figura 7 – (a) - Gerador de vapor 2000 kg/h; (b) – Tanque de condensados.......................................................... 7
Figura 8 – Central de ar comprimido (compressores e secador). ........................................................................... 8
Figura 9 – ETAR. ...................................................................................................................................................... 8
Figura 10 – Planta das instalações da InChemica. ................................................................................................... 9
Figura 11 – Tarifário de energia elétrica da InChemica. ....................................................................................... 11
Figura 12 – (a) – Medição de energia elétrica; (b) – Medição de caudal de água de refrigeração ....................... 12
Figura 13 – Exemplo de medição de energia elétrica (diagrama de carga do ventilador de regeneração de sílica
da linha 2)...................................................................................................................................................... 14
Figura 14 - Níveis de Usos Significativos de Energia. ............................................................................................ 15
Figura 15 – Consumo de gás natural da instalação no período de 30/06/2016 a 21/08/2016 ............................ 24
Figura 16 – Luminária com tecnologia LED. .......................................................................................................... 26
Figura 17 – Motor de classe IE3. ........................................................................................................................... 28
Figura 18 – Tabela de caudais de fuga de ar comprimido [11]. ............................................................................ 30
Figura 19 – Exemplo de válvulas não isoladas. (a) – Fotografia; (b) - Termografia ............................................... 31
Figura 20 – Caudal e temperatura do ar de exaustão da linha 1. ......................................................................... 34
Figura 21 - Caudal e temperatura do ar de exaustão da linha 2. .......................................................................... 35
Figura 22 – Caldeira com recuperador de calor. ................................................................................................... 37
Figura 23 - Screenshot do livro de Excel utilizado para calcular os consumos específicos. .................................. 42
Figura 24 – Consumos energéticos de referência (2015). ..................................................................................... 43
Figura 25 – Screenshot da ferramenta de cálculo e registo dos indicadores de desempenho energético
(Outputs). ...................................................................................................................................................... 53
Figura 26 – Screenshot da ferramenta de cálculo e registo dos indicadores de desempenho energético (Inputs
nível 1). .......................................................................................................................................................... 54
ix
Lista de abreviaturas
AT – Alta Tensão
CE – Consumo Específico
MT – Média Tensão
N-1 – Neutralização 1
N-2 – Neutralização 2
NP – Norma Portuguesa
PDCA – Plan-Do-Check-Act
QP –Quadro Parcial
x
SGCIE – Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia
xi
1 – Introdução
Vive-se atualmente uma época em que a energia se tornou um vetor essencial para o
desenvolvimento das nações, constituindo o motor que alimenta o seu progresso. A contrapartida do uso
intensivo de energia de origem em combustíveis fósseis revela-se na emissão intensiva de gases com efeito de
estufa, que podem conduzir a alterações climáticas [1]. Deste modo, um aumento da eficiência no uso e
conversão de energia, bem como um aumento no share de produção de energia elétrica de origem renovável,
entre outras medidas, permitem reduzir essas emissões.
Com estas preocupações a Comissão Europeia criou legislação para permitir serem atingidas 3 metas
chave, no ano de 2020 [2]:
Reduzir em 20% as emissões de gases com efeito de estufa (em relação a valores de 1990).
Metas essas que são a inspiração do programa de cooperação Galp 20-20-20. O objetivo global deste programa
é inserir alunos de mestrado em engenharia em estágios em diferentes empresas, do sector industrial ou
serviços, de forma a desenvolver projetos de eficiência energética e sustentabilidade. A estreita ligação entre
os objetivos clima e energia expressa no pacote energia/clima de 2020 foi reafirmada e reforçada com os novos
objetivos clima e energia aprovados em 2014 pelos Chefes de Estado e de Governo da União Europeia para
2030, acrescentando às três metas (gases com efeito de estufa, fontes de energia renováveis e eficiência
energética) uma quarta meta relativa a interligações [3]. As três metas, atualizadas para 2030, são [4]:
Reduzir em 40% as emissões de gases com efeito de estufa (em relação a valores de 1990).
Estes objetivos e políticas energéticas foram usados como ponto de partida no Decreto-lei 68-A/2015, de 30 de
abril.
No caso do presente estágio, o objetivo foi aplicar a ISO 50001 de forma a auxiliar o processo de
melhoria contínua do desempenho energético numa fábrica de produtos químicos, a InChemica, na
Azambuja.
A ISO 50001:2011 é uma norma internacional que especifica requisitos para sistemas de gestão de
energia (SGE), sobre os quais uma organização pode desenvolver e implementar uma política energética e
estabelecer objetivos, metas e planos de ação que tenham em conta as exigências legais e informações
1
relacionadas com o uso significativo de energia. Um SGE permite a uma organização alcançar os seus
compromissos políticos e legais, tomar as medidas necessárias para melhorar o seu desempenho energético e
demonstrar a conformidade do sistema com os requisitos desta Norma [5]. A diferença de um SGE reside na
disciplina que a norma obriga no cumprimento dos objetivos. Além disso, faz com que se conheça os consumos
de energia com mais pormenor, fazendo-se o seguimento de indicadores que são sobretudo consumos
específicos e eficiências de processos e equipamentos. Esse conhecimento acaba por permitir ao gestor de
energia ter um maior controlo sobre o que se passa na organização, e deste modo consegue-se uma melhor
eficiência no processo de melhorar o desempenho energético. Por fim, mas não menos importante, uma
empresa certificada com a ISO 50001 transmite uma melhor imagem ao exterior. No caso da InChemica, uma
empresa que produz para venda a outras indústrias, não é tanto a imagem que tem junto dos clientes, mas a
imagem que transmite para as entidades ambientais.
Aplica-se a todas as variáveis que afetem o desempenho energético e que podem ser monitorizadas e
influenciadas pela organização. Esta Norma não prescreve critérios específicos de desempenho no que diz
respeito à energia, de forma a poder ser implementada por qualquer organização [5].
2
Figura 1 - Modelo de gestão de energia para a ISO 50001 (adaptado de [5]).
3
2 – Caracterização da empresa
Alquilbenzeno linear;
Álcool natural;
Enxofre, normalmente recebido no estado líquido, embora a empresa tenha sempre uma reserva de
enxofre sólido, para ser utilizado na falta de enxofre líquido.
A primeira fase do processo de fabrico consiste na produção de trióxido de enxofre (SO3), utilizado
posteriormente na produção dos diferentes produtos. Existem duas linhas de produção de SO 3. O enxofre
líquido (armazenado a 150ºC num tanque aquecido com vapor) é enviado para um tanque de nível constante
que alimenta os fornos de combustão de enxofre de duas linhas semelhantes. O comburente é o oxigénio
presente no ar atmosférico, que é previamente arrefecido e desumidificado, alimentado através de
compressores (o arrefecimento é feito por água glicolada arrefecida por um chiller e a desumidificação é feita
com depósitos de sílica gel). Dessa combustão resulta o dióxido de enxofre, que passa por uma torre de catálise
da qual resulta o trióxido de enxofre. Ao longo deste processo o gás vai sendo arrefecido ao passar por
permutadores de calor, onde cede calor a ar atmosférico fornecido por meio de ventiladores.
Para a produção de ácidos sulfónicos, podem ser utilizados reatores/sulfonadores em cascata (SC-1 e
SC-2) ou reatores de filme (RF-1 e RF-2), em que o objetivo é fazer reagir o SO3 com alquilbenzeno linear. Para
concluir a reação, o produto passa por maturadores e estabilizadores e é armazenado em tanques de produto
final. A produção de sulfatados a 70% e a 35% é feita utilizando reatores de filme onde é provocada a reação
entre o SO3 e o álcool natural ou álcoois lineares, respetivamente, dando origem, após neutralização, aos
sulfatos do agente neutralizante. Os sulfatados a 70% são produzidos sempre pelo RF-1, e os sulfatados a 35%
são sempre produzidos pelo RF-2. Normalmente, a linha 1 produz SO3 para o RF-2 ou para os SC-1, enquanto a
linha 2 produz SO3 para o RF-1. Os SC-2 são raramente utilizados. Os sulfatados a 27% são produzidos num
misturador (Blending) através da diluição com água descalcificada de sulfatados a 70%.
4
Os equipamentos consumidores de energia diretamente ligados ao processo produtivo são sobretudo
compressores, ventiladores, bombas e agitadores, acionados por motores elétricos.
Para a compreensão do processo produtivo e como pano de fundo nos cálculos dos consumos
específicos de energia, usou-se o método dos diagramas de blocos. No capítulo seguinte apresentam-se
diagramas de blocos simplificados que sumarizam o processo produtivo.
Enxofre
SO2 Arrefecimento
Torre de catálise
SO3 Arrefecimento
Filtro de SO3
SO3
SO3
Maturadores
Ácido sulfónico
5
SO3
Tanques de mistura
Sulfatados a 35%
Desaerificador
Sulfatados a 70%
Figura 4 – Produção de sulfatados a 35% e 70%
Sulfatados a 70%
Tanque de mistura/Blending
Água descalcificada
Sulfatados a 27%
Figura 5 – Produção de sulfatados a 27%
Central de arrefecimento de águas (Figura 6) – É a secção auxiliar mais importante no que toca ao
consumo energético, tem como principais equipamentos três bombas de circulação de água (duas
trabalham alternadamente) e duas torres de arrefecimento. A água é usada na refrigeração em
diferentes etapas do processo.
6
Figura 6 – Central de arrefecimento de águas.
Central geradora de vapor (Figura 7) – Possui duas caldeiras de produção de vapor com capacidades
de 2000 e 640 kg de vapor/hora, sendo que a última só trabalha em caso de avaria da primeira, e um
tanque de condensados. O combustível usado é o gás natural, e é aqui que é consumido praticamente
todo o gás fornecido pela rede, sendo que o restante é usado em pequenos esquentadores e caldeiras
domésticas. O vapor é usado principalmente para manter o enxofre no estado líquido, mas também
em outros aquecimentos em menor escala.
(a) (b)
Figura 7 – (a) - Gerador de vapor 2000 kg/h; (b) – Tanque de condensados
7
Figura 8 – Central de ar comprimido (compressores e secador).
Estação de tratamento de efluentes líquidos (ETAR) (Figura 9): Nesta área tratam-se os efluentes
líquidos poluentes provenientes da fábrica, de forma a poderem ser descarregados para o esgoto com
os parâmetros requeridos legalmente.
Figura 9 – ETAR.
A página seguinte mostra uma planta de toda a instalação da InChemica. As caixas coloridas
representam a localização geográfica dos equipamentos agregados a um certo quadro com contador de
eletricidade. No capítulo 3.2 – , apresenta-se a lista de contadores elétricos e a que cor corresponde cada um.
Ainda nesta figura, temos: 1 – Central de águas de refrigeração; 2 – Linha de enxofre; 3 – Central geradora de
vapor.
8
Figura 10 – Planta das instalações da InChemica.
9
3 – Avaliação energética
A ISO 50001 prevê que a organização desenvolva, mantenha e registe uma avaliação energética. A
metodologia e critérios utilizados para desenvolver a avaliação energética devem ser documentados [5].
A InChemica é uma organização consumidora intensiva de energia (CIE), por ter consumos anuais
superiores a 500 tep, e por isso aplica-se à empresa o SGCIE – Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de
Energia, regulamentado pelo Decreto-Lei nº 71/2008 de 15 de abril. O SGCIE prevê que as empresas CIE
realizem, periodicamente, auditorias energéticas que promovam o aumento da eficiência energética e que
elaborem e executem Planos de Racionalização dos Consumos de Energia (PREn), estabelecendo acordos de
racionalização desses consumos com a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) [6]. A InChemica, estando
no segundo PREn, tem já umas instalações com um nível razoável de eficiência energética.
Energia elétrica, fornecida em média tensão (30 kV), transformada para baixa tensão (400V);
Gás natural, fornecido à pressão de 800 mbar (relativos);
Gasóleo.
Quantidade (Energia
Fonte de eléctrica em kWh, gás Quant. energia Quant. Energia
Emissões (ton CO2) Custo (€)
energia e gasóleo em primária (tep) final (GJ)
toneladas)
Energia
3 523 021,00 757,45 12 682,88 1 655,82 372 223,15
Eléctrica
Gás natural 220,08 237,03 9 925,73 636,24 119 423,60
Gasóleo 1,29 1,32 55,19 4,08 1 281,26
TOTAL - 995,80 22 663,79 2 296,14 492 928,01
O gás natural é usado praticamente por completo para alimentar o gerador de vapor de 2000 kg/h. A
restante energia, na forma de eletricidade, é usada nas tecnologias de processo e nos sistemas auxiliares,
através sobretudo de bombas, compressores, ventiladores e agitadores, todos acionados por motores
elétricos. O consumo de gasóleo é bastante inferior às outras formas de energia, e é usado no pré-
10
aquecimento e num empilhador. O tarifário de energia elétrica é o “Ciclo semanal opcional para os
consumidores em MAT, AT e MT em Portugal Continental” (Figura 11) [7].
11
(a) (b)
Figura 12 – (a) – Medição de energia elétrica; (b) – Medição de caudal de água de refrigeração
A InChemica possui diversos contadores, alguns dos quais de contagem de energia elétrica, em que se
pode aceder às suas contagens numa plataforma online. Contudo, da lista de contadores de eletricidade
(Tabela 2), com a exceção dos compressores, todos os contadores englobam diversos equipamentos, que nem
sempre estão afetos ao mesmo tipo de produto. É então relevante medir a contribuição de cada equipamento
no contador a que está associado. Não sendo viável medi-los todos, fez-se uma análise prévia para determinar
quais seriam mais significativos em termos de consumo energético.
Os consumos de energia elétrica evidenciados na Tabela 2 são obtidos através de contadores elétricos.
Por essa razão, o consumo total de energia elétrica difere ligeiramente do consumo total evidenciado na Tabela
1, que foi obtido pelas faturas de eletricidade.
12
Tabela 2 – Lista de contadores de energia elétrica e consumo em 2015 (cores associadas à Figura 10 – Planta das
instalações da InChemica.).
Para determinar os equipamentos a medir, fez-se uma lista extensiva de vários equipamentos da
fábrica, de consumo (à partida) significativo. Dessa lista estima-se o consumo de eletricidade em 2015, através
da potência nominal e do número de horas de funcionamento aproximado, e ajusta-se em função do consumo
do quadro ao qual o equipamento está associado. Nos casos em que existe a informação sobre o consumo
energético, a determinação desse consumo é imediata. De seguida atribuem-se pontuações baseadas nesse
consumo e no potencial de melhoria de cada equipamento (Pc e Ppm), que vão de 0 a 1. Se a soma dessas
pontuações der igual ou superior a 1,5, considera-se “uso significativo de energia”, não em termos de entrar no
SGE, mas para analisar com mais detalhe estes equipamentos.
13
Tabela 3 – Seleção de equipamentos a medir (excerto – retirado do livro de Excel).
Uso
Consumo de Potencial
tempo de Pc Ppm Ptotal significativo de
Potência energia elétrica de melhoria
Equipamentos funcionamento energia?
(kW)
(h)
GJ %
Compressor de ar de
75 1 638,6 14,21% 1 Baixo 0 1 Não
processo SO3-2 nº1
Compressor de ar de
75 1 178,3 10,22% 1 Baixo 0 1 Não
processo SO3 - 1
Compressor de ar de
55 784,9 6,80% 1 Baixo 0 1 Não
processo SO3 - 2 nº2
Bomba 1 água de
37 4250 566,1 4,91% 1 Médio 0,5 1,5 Sim
refrigeração
Bomba 2 água de
37 4250 566,1 4,91% 1 Médio 0,5 1,5 Sim
refrigeração
14
12
Potência média tomada [kW]
10
0
1:23
3:23
5:23
7:23
9:23
1:23
3:23
5:23
7:23
9:23
1:23
3:23
5:23
7:23
9:23
11:23
13:23
15:23
17:23
19:23
21:23
23:23
11:23
13:23
15:23
17:23
19:23
21:23
23:23
11:23
13:23
15:23
17:23
19:23
21:23
23:23
Tempo [hh:mm]
Figura 13 – Exemplo de medição de energia elétrica (diagrama de carga do ventilador de regeneração de sílica da linha
2).
14
3.3 – Usos significativos de energia (USE)
A NP ISO 50001 refere [5]:
A identificação dos USE deve ser feita de acordo com critérios bem definidos. No âmbito do SGE da InChemica,
consideram-se quatro níveis de Usos Significativos de Energia, apresentados na Figura 14.
Nível 4 •Equipamentos
Em cada nível, listam-se os usos de energia, e pontuam-se de acordo com o consumo energético e com o
potencial de melhoria, numa nota de 0 a 5, segundo critérios bem definidos. Áreas, sistemas, processos e
equipamentos que tenham uma média superior a 3 pontos, consideram-se USE, e por isso são integrados no
SGE (Tabela 4). Isto significa que terá de ser feito um acompanhamento sistemático do desempenho energético
desses usos de energia, através dos Indicadores de Desempenho Energético (IDE), que serão vistos mais à
frente. Os consumos energéticos listados são em relação ao ano de 2015.
15
Tabela 4 – Acções a ter consoante o grau de significância.
Mostra-se em seguida os quadros com os critérios de significância para cada nível. Optou-se por
manter a formatação utilizada no programa Excel usado para fazer esta análise.
As percentagens, para todos os níveis, são definidas de modo a escolher, no arranque do SGE, sistemas e
equipamentos para todos os graus de significância. Nas revisões futuras das listagens dos níveis, contudo, essas
percentagens permanecem iguais.
16
Havendo um potencial de redução de energia primária de 11,7% para o gás natural e de 8,4% para a
energia elétrica, calculados no capítulo 3.4 - Oportunidades de melhoria do desempenho energético, tem-se,
para o nível 1:
Os critérios para o nível 2 são expostos em seguida, na Tabela 8 e Tabela 9. A redução de consumo
energético é calculada com base no vetor energético base, ou seja, para um sistema elétrico averigua-se a
redução de consumo relativamente ao consumo global de energia elétrica, e para um sistema térmico
averigua-se a redução de consumo relativamente ao consumo global de gás natural.
Consumo de energia
CRITÉRIO ENERGÉTICO
final superior a
5 MUITO ELEVADO 10,00%
4 ELEVADO 5,00%
3 MÉDIO 1,50%
2 BAIXO 0,50%
1 MUITO BAIXO 0,00%
Redução de
CRITÉRIO POTENCIAL MELHORIA consumo de
energia superior a
5 MUITO ELEVADO 4,00%
4 ELEVADO 3,00%
3 MÉDIO 2,00%
2 BAIXO 1,00%
1 MUITO BAIXO 0,00%
17
Na tabela seguinte encontra-se a listagem para o nível 2. Os potenciais de melhoria estão de acordo
com as oportunidades de melhoria calculadas no capítulo 3.4. Para os sistemas em que não se determinou
nenhuma oportunidade de melhoria não se pontua segundo este critério.
CONSUMO DE ENERGIA
CRITÉRIOS DE SIGNIFICÂNCIA
Nível 2 - CONVERSÕES E SISTEMAS ELÉCTRICA
AUXILIARES
CONSUMO DE POTENCIAL DE
(GJ) (%) MÉDIA
ENERGIA MELHORIA
Central de Águas 2.385,73 16,91% 5 1 3
Compressores de frio 994,40 7,05% 4 4
ETAR 442,69 3,14% 3 3
Ar comprimido 307,33 2,18% 3 3 3
Posto de Enchimento de Camiões 53,58 0,38% 1 1
CONSUMO DE GÁS
CRITÉRIOS DE SIGNIFICÂNCIA
NATURAL
CONSUMO DE POTENCIAL DE
(GJ) (%) MÉDIA
ENERGIA MELHORIA
Geradores de Vapor 9.866,17 69,93% 5 5 5
Outros 59,55 0,42% 1 1
TOTAL 9.925,73 70,35%
TOTAL GLOBAL 14.109 100%
Consumo de
CRITÉRIO ENERGÉTICO energia final
superior a
5 MUITO ELEVADO 20,00%
4 ELEVADO 12,00%
3 MÉDIO 8,00%
2 BAIXO 4,00%
1 MUITO BAIXO 0,00%
18
Tabela 12 - Critérios de potencial de melhoria para o nível 3.
Redução de
CRITÉRIO POTENCIAL MELHORIA consumo de
energia superior a
5 MUITO ELEVADO 1,00%
4 ELEVADO 0,80%
3 MÉDIO 0,40%
2 BAIXO 0,20%
1 MUITO BAIXO 0,00%
CONSUMO DE ENERGIA
CRITÉRIOS DE SIGNIFICÂNCIA
ELÉCTRICA
Nível 3 - LINHAS E PROCESSOS
CONSUMO DE POTENCIAL DE
(GJ) (%) MÉDIA
ENERGIA MELHORIA
Compressores de ar de processo 3.601,81 48,30% 5 5 5
Linha SO3-2 1.647,86 22,10% 5 5
Linha Ballestra (RF-1) 1.290,42 17,30% 4 1 3
Linha SO3-1 917,00 12,30% 4 1 3
TOTAL 7.457,09 100,00%
19
Tabela 16 - Graus de significância para o nível 4 (excerto).
CONSUMO DE ENERGIA
CRITÉRIOS DE SIGNIFICÂNCIA
ELÉCTRICA
Nível 4 - EQUIPAMENTOS
CONSUMO DE POTENCIAL DE
(GJ) (%) MÉDIA
ENERGIA MELHORIA
Compressor de ar de processo SO3-
1.638,63 7,23% 5 1 3
2 nº1
Compressor de ar de processo SO3
1.178,29 5,20% 5 5 5
-1
Chiller 994,40 4,39% 4 4
Compressor de ar de processo SO3
784,89 3,46% 4 1 3
- 2 nº2
Bomba 1 água de refrigeração 593,17 2,62% 3 2 3
Bomba 2 água de refrigeração 588,49 2,60% 3 2 3
Ventilador arrefecimento linha 2 459,33 2,03% 3 3
Bomba refrigeração RF-1 378,75 1,67% 2 2
Torre 2 279,99 1,24% 2 2
Torre 1 248,78 1,10% 2 2
Bomba de recirculação N1 236,62 1,04% 2 2
Bomba 3 água de refrigeração 229,19 1,01% 2 2 2
20
Tabela 17 – Propostas de medidas de melhoria do desempenho energético.
Economia anual
Investimento P.R.I.
Sector Medida Energia Gás Energia
Emissões (€) (anos)
elétrica natural primária (€)
(tCO2)
(kWh) (kWh) (tep)
Compressores
1 - Desativação do compressor
de ar de 274.969 - 59,1 129,2 23.821,38 0,00 0,0
da linha 1 de SO3
processo
2 - Corte de alimentação de
vapor ao tanque (sem medida - 467.019 40,1 107,8 20.157,05 0,00 0,0
Tanque de
9)
fusão de
2 - Corte de alimentação de
enxofre
vapor ao tanque (com medida - 342.629 29,5 79,1 14.788,23 0,00 0,0
9)
3 - Instalação de luminárias
Iluminação 10.366 - 2,2 4,9 860,65 3.306,70 3,8
com lâmpadas LED no exterior
Força motriz 4 - Instalação de motores IE3 19.085 - 4,1 9,0 1.653,40 15.997,13 9,7
5 - Substituição do compressor
38.889 - 8,4 18,3 3.369,04 8.602,15 2,6
GA10 por um com VEV
6 - Reparação de fugas da rede
62.273 - 13,4 29,3 5.394,92 0,00 0,0
Ar de distribuição (sem medida 5)
comprimido 6 - Reparação de fugas da rede
33.906 - 7,3 15,9 2.937,34 0,00 0,0
de distribuição (com medida 5)
7 - Substituição do secador de
10.400 - 2,2 4,9 900,98 7.526,88 8,4
ar
8 - Isolamento de válvulas e
- 33.428 2,9 7,7 1.442,81 2.743,46 1,9
Linhas de tubagens (sem medida 9)
vapor e água
quente 8 - Isolamento de válvulas e
- 21.467 1,8 5,0 926,55 2.743,46 3,0
tubagens (com medida 9)
9 - Recuperação térmica das
linhas 1 e 2 - instalação de
Central de
caldeira de produção de vapor - 950.038 81,7 219,2 41.004,69 250.000,00 6,1
vapor
a 7,5 bar com queimador
auxiliar
Na Tabela 18 mostra-se a redução de consumo de energia primária em percentagem, para cada medida e no
total.
21
Tabela 18 – Propostas de melhoria do desempenho energético – redução de energia primária.
Economia anual
Compressores de
1 Desativação do compressor da linha 1 de SO3 59,1 5,9%
ar de processo
As medidas 3 a 9 foram as apresentadas pela equipa da auditoria energética [8], tendo sido confirmados os
cálculos na maior extensão possível.
22
3.4.1 - Cálculos
A melhoria nos compressores de ar de processo consiste em usar apenas 2 compressores, sendo que a
melhor eficiência obtém-se com os dois compressores da linha 2. Para estimar a poupança anual compara-se a
eficiência da central de ar de processo num período com dois compressores em funcionamento com um
período em que os três compressores se encontravam em funcionamento. Calculou-se a eficiência no período
de 1 a 16 de junho de 2016, onde o compressor da linha 1 encontrava-se avariado, e comparou-se com a
eficiência no período de 12 a 24 de junho de 2015, onde se encontravam os 3 compressores em
funcionamento. Assegurou-se que as condições meteorológicas e os regimes de produção eram semelhantes.
[ ] (1)
Onde Cc1, Cc2, Cc3 são os consumos de energia elétrica de cada compressor.
Consumo específico
Configuração Consumo (kWh) Ar produzido (t)
(kWh/t)
2 compressores 28.377 1.982 14,32
3 compressores 41.637 1.638 25,43
Redução 44%
( ) (2)
( )
23
Não se considerou a redução nos meses de junho a setembro por haver dificuldade em manter a qualidade dos
produtos nesse período, devido às altas temperaturas nessa época do ano.. A tabela seguinte apresenta os
resultados finais. Usou-se um custo médio de energia elétrica de 0,0866 €/kWh (média ponderada dos custos
de cada tarifário. A ponderação de cada tarifa é a percentagem temporal anual – ver Figura 11).
Neste caso, estudou-se o potencial de redução no consumo de gás natural ao cortar a alimentação de
vapor ao tanque de fusão de enxofre, tanque este que funciona apenas como backup do tanque de enxofre
líquido. Realizou-se um ensaio entre as 14:00 do dia 27 de julho e as 14:00 do dia 1 de agosto de 2016, onde se
fecharam as válvulas de vapor do tanque de fusão. Observou-se uma redução significativa no consumo global
de gás natural (Figura 15). A redução no consumo de gás, no período do ensaio (assinalado a azul), face ao
restante período indicado no gráfico, foi de cerca de 19%.
800,00
700,00
600,00
500,00
Consumo gás
400,00
natural (Nm3)
300,00
200,00
100,00
0,00
13-08-2016
19-08-2016
30-06-2016
02-07-2016
04-07-2016
06-07-2016
08-07-2016
10-07-2016
12-07-2016
14-07-2016
16-07-2016
18-07-2016
20-07-2016
22-07-2016
24-07-2016
26-07-2016
28-07-2016
30-07-2016
01-08-2016
03-08-2016
05-08-2016
07-08-2016
09-08-2016
11-08-2016
15-08-2016
17-08-2016
21-08-2016
24
Idealmente, o abastecimento de enxofre líquido ocorre de acordo com as necessidades e durante o
ano inteiro não será necessário abrir as válvulas de vapor, pelo que esta redução se aplica ao ano todo, excepto
na paragem anual. Contudo, é difícil nunca haver falhas no abastecimento, e portanto estimaram-se as
necessidades de utilização do tanque de fusão, através da informação dos abastecimentos de enxofre em 2015,
concluindo-se que só seria necessário usar o tanque de fusão uma vez, pelo que se pode considerar
desprezável o consumo associado.
Apresenta-se em baixo uma tabela resumo com os resultados principais. A cada grandeza corresponde
uma letra minúscula,
Tabela 21 – Resultados intermédios e poupança energética e económica associada à medida de corte de vapor ao tanque
de fusão.
b - Consumo c/
a - Média anual (sem c - Consumo nos d - Total anual
fábrica em e - Total
contar com paragem) dias de paragem (após medida) 3
3 funcionamento 3 3 2015 (Nm )
(Nm ) 3 (Nm ) (Nm )
(Nm )
650 184.546 3.878 188.424 232.782
3
f - Poupança (Nm ) g - Poupança (kWh) h - Poupança (€) Investimento (€)
As equações seguintes mostram como foram calculados os diferentes valores. As variáveis correspondem cada
uma a uma grandeza evidenciada na Tabela 21:
( ) ( ) (3)
(4)
(5)
(6)
(7)
13 (Eq. 3) é o número de dias da paragem anual em 2015. O preço do gás natural (eq. 7) é a média do ano de
2015 (custo total/consumo total).
O investimento pode ser diferente de zero de forma a automatizar o fecho e abertura das válvulas de
acordo com as necessidades.
25
Para calcular a economia com a implementação da medida 9, de substituição da atual caldeira por
uma com recuperação de calor, utiliza-se o consumo anual de gás natural calculado para essa medida, e aplica-
se a redução de 19%. A Tabela 22 apresenta os resultados.
Consumo gás
Consumo gás anual Economia
s/tanque de fusão Economia (€)
(MWh) (MWh)
(MWh)
Apenas se considerou trocar a iluminação no exterior por já haver iluminação eficiente equipada com
balastros eletrónicos, decorrente do anterior PREn. A potência dos projectores exteriores é de 450 W, que se
substituem por lâmpadas LED de 166 W, de rendimento luminoso elevado (100 lm/W). Considerou-se 10 horas
de funcionamento por dia, das 20h às 6h, 365 dias por ano.
Consumo
Consumo
anual Economia
Nº de Nº de anual Economia Investimento P.R.I.
Local após anual
luminárias lâmpadas atual anual (€) (€) (anos)
medida (kWh)
(kWh)
(kWh)
Edifício
3 3 4.928 1.818 3.110 258 992,01 3,8
administrativo
Compressores
de ar de 1 1 1.643 606 1.037 86 330,67 3,8
processo
26
4 – Instalação de motores IE3
Apresentam-se nas tabelas seguintes os cálculos desta medida. O consumo do motor IE3 é calculado
da seguinte forma:
(8)
Potência
Velocidade cos Eficiência Eficiência
Identificação do motor Marca nominal
(rpm) ϕ atual IE3
(kW)
Bomba homogeneização
7.212,3 7,87 56.760 53.600 3.161 273,84
N-1
TOTAL - - 551.821 532.736 19.085 1653,399
27
As potências médias apresentadas foram obtidas por medições de energia elétrica realizadas na auditoria
energética, excepto para o 1º Sulfonador.
A partir do volume anual de ar comprimido produzido, é possível calcular o consumo anual do novo
compressor, pela informação do seu consumo específico. A metodologia para calcular a produção anual de ar
comprimido é descrita no capítulo 5.1.2 - Nível 2, no primeiro indicador de desempenho energético aí
3
apresentado. A produção em 2015 foi de 469500 m . A Tabela 27 mostra os principais resultados.
28
Tabela 27 – Economia, investimento e PRI na substituição do compressor GA10 por um com VEV.
Para o cálculo desta medida de melhoria analisou-se um relatório de pesquisa e eliminação de fugas
de ar comprimido feito por uma empresa externa [9], onde se identificaram 18 fugas, tendo-se reparado 3
delas de imediato. Essa pesquisa foi feita recorrendo a um instrumento de medição de ultra-sons, que é um
método pouco rigoroso [10], e chegava à conclusão que se poupava uma quantidade de energia superior ao
consumo real, numa base anual. Sendo assim, estimou-se cada fuga como tendo uma abertura de 1 mm e
pressão de 4 bar (pressão de fornecimento – 7 bar). A tabela seguinte mostra a quantidade de ar perdido e o
respetivo volume a ter de ser produzido pelo compressor, a 7,5 bar, para colmatar as fugas.
Para calcular o caudal de fugas usou-se a tabela representada em baixo na Figura 18.
29
Figura 18 – Tabela de caudais de fuga de ar comprimido [11].
De seguida calcula-se o potencial de redução de energia elétrica e o respetivo custo, para duas
situações distintas: com o compressor GA10 ou com esse compressor substituído por um novo com VEV (ver
medida 5). O investimento e o PRI são nulos.
Tabela 29 – Economia na eliminação das fugas de ar comprimido na situação atual e após substituição do compressor
GA10 (ver medida 5).
Consumo
Economia
associado/Potencial
(€)
de economia (kWh)
Esta medida passa pela substituição do secador de ar comprimido para um mais eficiente. A Tabela 30
mostra o potencial económico.
Potência Consumo
Horas de
média de energético Economia Economia Investimento P.R.I.
funcionamento
funcionamento anual (kWh) (€) (€) (anos)
anual
(kW) (kWh)
Secador atual 8.760 1,70 14.857
10.400 900,98 7.526,88 8,4
Secador novo 8.760 0,51 4.457
30
8 – Isolamento de válvulas, tubagens e flanges
Temperatura
Quantidade/ Temperatura Horas de
Temperatura sup.
Local Tipo Diâmetro comprimento ambiente Funcionamento
medida (ºC) envolvente
(m) (ºC) anual
(ºC)
(a) (b)
Figura 19 – Exemplo de válvulas não isoladas. (a) – Fotografia; (b) - Termografia
31
As perdas de calor numa tubagem cilíndrica são dadas por:
̅ ( ) ( ) (9)
onde:
Estando todos os casos de potencial melhoria no interior da nave fabril, o regime de convecção é o de
convecção livre. Assim, pode-se usar a seguinte expressão para calcular o coeficiente de convecção [12]:
̅ ̅̅̅̅ (10)
̅̅̅̅ { } (11)
[ ( ) ]
( ) (12)
onde:
As 3 últimas grandezas, o número de Prandtl, Pr, e a condutividade, k, são obtidos através da tabela A.4 em
[12], em que a temperatura usada para determinar as grandezas é a média entre Ts e T∞. Usou-se uma
emissividade de 0,6 para as válvulas (ferro fundido), e de 0,83 para as flanges e tubagens (aço inoxidável
oxidado) [13,14]. Calculadas as perdas de calor por unidade de comprimento, pela equação 9, multiplica-se
pelo comprimento de tubagem não isolada. No caso das válvulas, estas perdem calor de modo equivalente a
32
um metro de tubagem do mesmo diâmetro, enquanto as flanges perdem o equivalente a meio metro de
tubagem do mesmo diâmetro [15]. Multiplicando as perdas de calor pelas horas anuais, e dividindo por um
fator de 0,8, para contabilizar a eficiência da caldeira e do transporte de vapor, obtém-se as perdas anuais em
kWh de gás natural.
Para as perdas de calor com isolamento, utilizam-se os valores calculados pelos auditores.
A Tabela 32 apresenta as perdas de calor, bem como o potencial económico. O preço do gás natural é
a média do ano de 2015 (custo total/consumo total). Na Tabela 33 é apresentado também o investimento e o
PRI.
Perdas Economia
Perdas
após (kWh de Economia Investimento P.R.I.
atuais
medida gás (€/ano) (€) (anos)
(kWh/ano)
(kWh/ano) natural)
Isolamentos 38.357 4.929 33.428 1.442,81 2.743,46 1,90
33
Para calcular a economia com a implementação da medida 9, de substituição da atual caldeira por
uma com recuperação de calor, aplica-se a redução de 36% no consumo de gás natural calculada na medida 9,
à economia de energia calculada na aplicação dos isolamentos. A Tabela 34 apresenta os resultados.
Economia
Economia Investimento
(kWh de gás P.R.I. (anos)
(€/ano) (€)
natural)
Isolamento (com medida
21.467 926,55 2.743,46 2,96
9)
9 - Recuperação térmica das linhas 1 e 2 de SO3 - instalação de caldeira de produção de vapor a 7,5 bar com
queimador auxiliar
Esta medida consiste em aproveitar o calor existente no ar de exaustão da fábrica para produzir vapor,
substituindo uma das caldeiras atuais por uma caldeira de recuperação, com um queimador auxiliar. O ar de
exaustão tem origem nos ventiladores de arrefecimento das linhas de SO3, que fornecem ar atmosférico a
permutadores de calor para arrefecer os gases do processo (SO2 e SO3). Os caudais e temperaturas obtidos do
ar de exaustão das duas linhas são apresentados nas tabelas e figuras seguintes.
34
Tabela 35 – Caudal e temperatura do ar de exaustão da linha 1.
Parâmetros Medidos
Min. Méd. Máx
Temperatura [ºC] 150,6 152,6 154,9
3
Caudal [m /h] 3.412 3.706 3.952
Parâmetros Medidos
Min. Méd. Máx
Temperatura [ºC] 86,1 132,9 153,6
3
Caudal [m /h] 5.557 5.723 5.943
No caso da linha 2 verificam-se oscilações periódicas na temperatura. Isto deve-se ao facto de haver
um recuperador de calor para aquecer água para os tanques de armazenamento, e os pontos onde a
temperatura desce rapidamente ocorrem quando a válvula do ar de exaustão ao recuperador abre (e quando a
temperatura sobe, essa válvula fechou).
Com os dados obtidos, calcula-se uma temperatura média das duas linhas, através de uma média
ponderada pelos caudais, e um caudal médio (Tabela 37).
35
Tabela 37 – Temperatura e caudal médio conjugado das duas linhas.
Temperatura
140,6
(ºC)
3
Caudal (m /h) 9.428,80
Não se sabendo em detalhe o funcionamento da nova caldeira, estimou-se mesmo assim a energia
térmica recuperável, através da seguinte equação:
̇ ( ) (13)
onde é a massa volúmica do ar, dada por
(14)
em que
A energia térmica necessária obtém-se do consumo anual de gás natural, em que se multiplica por 0,9 para
contabilizar a eficiência da caldeira. A essa energia térmica subtrai-se a obtida pela eq. 13 e divide-se por 0,9,
para calcular a energia (MWh de gás natural) necessária com a caldeira de recuperação de calor instalada. A
Tabela 38 apresenta os resultados relevantes e mostra o potencial económico e energético desta medida. O
preço do gás natural é a média do ano de 2015 (custo total/consumo total).
Tabela 38 – Economias, investimento e PRI associados à instalação de uma caldeira com recuperação de calor dos gases
de exaustão para produção de vapor a 7,5 bar.
Estes resultados são um pouco mais conservadores dos que os calculados pela equipa da auditoria energética,
em que chegavam a um PRI de 5,1 anos.
36
Figura 22 – Caldeira com recuperador de calor.
37
4 – Consumo energético de referência
Segundo a ISO 50001, a organização deve estabelecer um Consumo Energético de Referência (CER)
[5]:
Um período adequado é normalmente um ano civil, e o caso da InChemica não é excepção, que trabalha em
contínuo durante todo o ano, parando a produção no final do ano para manutenções. O CER deve ser um
conjunto de indicadores de consumo específico de energia, ou seja, energia por quantidade produzida, para
poder ser comparável. A unidade funcional utilizada para a quantidade produzida é tonelada de matéria ativa
(tMA). Havendo quatro tipos de produto diferentes, existem cinco indicadores de consumo energético para
referência, introduzidos na Tabela 39.
De seguida mostra-se de forma sucinta como são calculados os consumos energéticos de referência.
No caso da InChemica, este cálculo é relativamente complexo, olhando para os consumos específicos
por produto, por haver várias possibilidades de combinações produtivas. Por exemplo, o RF-1 pode produzir
sulfonados ou sulfatados a 70%, e portanto não se sabe de imediato que quantidade de energia foi consumida
para produzir o produto A e para o produto B. Os regimes de produção mudam semanalmente sobretudo por
questões de gestão de stocks. No caso do CEE global, contudo, o cálculo é simples, já que se tem apenas de
dividir o consumo total de energia pela produção total.
38
Para calcular os consumos específicos de energia por produto parte-se de consumos específicos
calculados de forma detalhada (dia a dia) no mês de janeiro de 2016, e extrapola-se para o mês que se quer
calcular. Desta forma é possível calcular consumos específicos de forma expedita, embora os resultados
possam não ser os mais precisos.
Regime 1 2ª linha de SO3 com RF-1 (sulfatados a 70%), 1ª linha de SO3 com RF-2 (sulfonados)
2ª linha de SO3 com RF-1 (sulfatados a 70%), 1ª linha de SO3 com RF-2 em
Regime 2
simultâneo com os SC-1 (sulfonados)
2ª linha de SO3 com RF-1 (sulfatados a 70%), 1ª linha de SO3 com os SC-1
Regime 3
(sulfonados)
2ª linha de SO3 com RF-1 (sulfatados a 70%), 1ª linha de SO3 com RF-2 (sulfatados a
Regime 4
35%) em simultâneo com os SC-1 (sulfonados)
2. Para cada regime de produção, calcular, para cada contador (eletricidade e gás geral), qual a
percentagem do consumo (peso) de cada produto;
Compressores de ar de
0,61
processo ∑
Chiller 0,61
Central de
arrefecimento de 0,65
(1)
águas
(2)
Gás ( ) 0,70
(1) – 0,95: fracção das águas de refrigeração neste quadro.
(2) – 0,009: fracção de gás para o Blending.
39
3. Alguns contadores estão associados a sistemas que não são influenciados pelos regimes de produção.
A esses contadores, vai-se buscar o consumo mensal e divide-se pelos produtos (alocações mensais),
de acordo sobretudo pela quantidade produzida mensal de cada produto;
4. Aplicar, em cada dia, os pesos calculados no ponto 2, sendo que os pesos a utilizar dependem do
regime de produção nesse dia (alocações diárias);
5. Para cada tipo de produto, somar as alocações diárias e alocações mensais, e dividir pela quantidade
produzida (tMA).
4.2 – Cálculo de consumos específicos de energia em 2015, com base nos CEE de
janeiro de 2016
A informação necessária para o cálculo dos consumos específicos de energia por produto são: as
produções - para cada mês - em tMA (Tabela 42), a energia total consumida (em tep ou GJ) e a conjugação de
processos na produção de sulfonados, que é codificada com um número de 1 a 15, de acordo com a Tabela 43.
40
Tabela 43 - Código para cada conjugação de processos de produção de sulfonados (os números de 0 a 4 são semanas).
Processos 1 2 3 4 5 6 7 8
RF-2 4 3 2 1 0 0 0 1
SC-1 0 1 2 3 4 0 1 0
RF-2+SC-1 0 0 0 0 0 4 3 3
Variação 33,2% 22,1% 11,1% 0% -11,1% 63% 45% 52%
Processos 9 10 11 12 13 14 15
RF-2/Mazzoni 0 2 1 0 3 1 2
Cascata 2 0 1 3 0 2 1
RF-2+SC1 2 2 2 1 1 1 1
Variação 28% 45% 34% 11% 39% 17% 28%
A última linha apresenta as variações no consumo específico em relação ao período padrão (janeiro 2016 –
conjugação nº4 – uma semana RF-2, três semanas SC-1). Considera-se apenas as mudanças de regime da linha
1, já que apenas pontualmente se altera o regime da linha 2. Não se consideram os regimes em que se produz
sulfatados a 35%, que é produzido também pontualmente.
Para ilustrar e ajudar a explicar o método de cálculo, apresenta-se abaixo um screenshot do livro de
Excel usado para calcular os consumos específicos (Figura 23).
41
Figura 23 - Screenshot do livro de Excel utilizado para calcular os consumos específicos.
À quantidade de produção de cada produto, multiplica-se pelos consumos específicos calculados para
janeiro de 2016, obtendo-se os consumos de energia expectáveis para os níveis de produção que se verificaram
(1). O total é comparado com o total real (2), calculando-se a variação em percentagem (3).
(15)
Para cada um dos outros produtos, retira-se à variação global (3) um terço do acréscimo feito para os
sulfonados, para que a média das variações de cada produto dê igual à variação global (5). Por fim, calcula-se o
consumo específico para cada produto, dividindo a energia consumida para cada produto pela produção (6).
Para os consumos de energia primária, o método é o mesmo.
Em baixo (Figura 24) mostram-se os consumos energéticos de referência, referentes ao ano de 2015,
da InChemica. Note-se que o consumo específico global é muito próximo dos consumos específicos de
42
sulfonados e de sulfatados a 70%, por estes dois produtos representarem 96% da produção total (ver Tabela
42).
120,00
100,00
80,00
CEE (global)
kgep/tMA
0,00
O CEE de sulfatados a 27% apenas envolve a energia consumida na diluição (Blending), ou seja, toda a
energia usada para produzir os sulfatados a 70% que são posteriormente utilizados para produzir sulfatados a
27% é refletida no CEE de sulfatados a 70%. Isto explica a razão porque o CEE (sulfat. a 27%) é inferior ao dos
sulfatados a 70%. O CEE (sulfat. a 35%) é bastante superior, mas esse indicador é majorado por se produzir
sempre poucas quantidades de cada vez, que faz com que o consumo energético no pré-aquecimento e na
lavagem pós-produção seja significativo.
43
5 – Indicadores de desempenho energético (IDE)
Estes Indicadores são muito importantes para a organização fazer o seguimento do desempenho energético de
sectores, processos e equipamentos importantes da instalação. É uma forma de identificar anomalias no
desempenho energético, ou de verificar que uma medida implementada teve o impacto que se esperava.
Os IDE da InChemica são organizados em 4 níveis, da mesma forma que os usos significativos de
energia (ver capítulo 3.3 – Usos significativos de energia (USE)). São calculados mensalmente, excepto a
Intensidade Energética, que é calculado anualmente. De seguida apresenta-se a lista dos IDE.
Nível 1 Nível 2
Indicador Unidades Indicador Unidades
Consumo Específico compressores 3
Intensidade Energética kgep/€ kWh/m
de ar comprimido
Consumo Específico gerador de 3
Consumo Específico de Energia (Global) kWh/tMA Nm /tÁgua
vapor 2000 kg/h
kWh/kg ar
Consumo Específico de Energia (Global) kgep/tMA Consumo Específico chiller
processo
Consumo Específico de Energia 3
kgep/tMA Consumo Específico ETAR kWh/m efl
(Sulfonados)
Consumo Específico de Energia Consumo Específico compressores
kgep/tMA kWh/tMA
(Sulfatados a 70%) de ar comprimido
Consumo Específico de Energia Consumo Específico gerador de
kgep/tMA
(Sulfatados a 35%) vapor 2000 kg/h tVapor/tMA
44
Tabela 45 – Indicadores de desempenho energético – Níveis 3 e 4.
Nível 3 Nível 4
5.1.1 - Nível 1
Intensidade Energética
A intensidade energética define-se como o quociente entre o consumo energético total e o valor
acrescentado bruto (kgep/VAB (€)) da actividade empresarial ligada à instalação consumidora intensiva de
energia (neste caso, o consumo global).
45
Consumo específico de energia por produto
Intensidade Carbónica
O consumo específico de energia elétrica define-se como o rácio entre o consumo total de energia
elétrica e a quantidade de produção total (kWh/tMA).
O consumo específico de gás natural define-se como o rácio entre o consumo total de gás natural e a
quantidade de produção total (kWh/tMA).
O custo específico de energia elétrica define-se como o rácio entre o custo total de energia elétrica e a
quantidade de produção total (€/tMA).
Semelhante ao indicador anterior, é o quociente entre os custos do gás natural e a produção (€/tMA).
5.1.2 - Nível 2
Consumo específico da central de ar comprimido (por ar produzido)
46
Por fim, obtém-se a produção total de ar de cada compressor multiplicando o número de horas em carga pelos
caudais nominais de cada compressor.
Este indicador é o quociente do volume de gás natural consumido pela quantidade de água de
3
alimentação à caldeira (Nm /tágua). O volume de gás é obtido multiplicando o consumo total de gás da fábrica
pela fracção de consumo da caldeira. Essa fracção é obtida comparando o contador mecânico existente no
PRM (Posto de Regulação e Medição) com o contador do gerador de vapor 2000 kg/h, e também se recomenda
3
que se atualize anualmente. Usa-se o valor da densidade da água a 95ºC de 961,75 kg/m para a água de
alimentação.
Neste caso o rendimento do chiller calcula-se dividindo o consumo de energia elétrica do mesmo pela
produção de ar (kWh/tar de processo). A produção de ar é estimada através do número de horas dos diferentes
regimes de produção, a que correspondem caudais médios de ar de processo.
O rendimento da ETAR define-se como o rácio entre a energia elétrica consumida na ETAR e o volume
3
de efluente tratado (kWh/m efluente).
3
É o consumo de gás natural a dividir pela produção total de matéria ativa (Nm /tMA).
É o consumo de energia elétrica do chiller a dividir pela produção total de matéria ativa (kWh/tMA).
5.1.3 - Nível 3
Consumo específico da central de produção de ar de processo
47
Consumo específico da linha SO3-1 + RF-2 a produzir sulfonados
O quadro elétrico (QP) da linha SO3-1 engloba principalmente os ventiladores de regeneração da sílica
e de arrefecimento de SO3 dessa mesma linha, os SC-1 e os maturadores e estabilizador da 1ª cascata (ver
Anexo A). Quando se está a produzir sulfonados exclusivamente com o RF-2, o consumo do QP da linha SO3-1
está virtualmente todo associado a essa produção. Os equipamentos ligados diretamente ao RF-2 (bombas de
matéria prima, bomba de refrigeração do reator e bomba de transfega de produto final) estão ligados ao
quadro da linha SO3-2, pelo que se estima o consumo desses equipamentos para se inserir neste indicador.
Sintetizando numa equação:
( )
[ ( (16)
) ]
em que o caudal médio de sulfonados no RF-2 obtém-se multiplicando o caudal total (cerca de 525 kg/h) pela
percentagem de matéria ativa, que no caso dos sulfonados ronda os 96%.
Este indicador é calculado de maneira análoga ao anterior, excepto que agora as horas de
funcionamento e potências médias são para o RF-2 a produzir sulfatados a 35%. A equação 17 demonstra como
é feito o cálculo.
( )
[ ( (17)
) ]
Para calcular o consumo específico da linha SO3-1 com os sulfonadores em cascata-1, usa-se o
consumo do QP da linha SO3-1 e retira-se os consumos calculados nos indicadores anteriores (apenas os que se
referem ao QP SO3-1). A produção de sulfonados pelos SC-1 é obtida partindo da produção mensal e
subtraindo o calculado para o RF-2 (em cima) e para o RF-1 (em baixo). A equação que sumariza os cálculos é a
seguinte:
48
(
) ( (18)
)
( )
( ) (19)
em que o caudal médio de sulfonados no RF-1 obtém-se multiplicando o caudal total (cerca de 1300 kg/h) pela
percentagem de matéria ativa, que no caso dos sulfonados ronda os 96%. o “Consumo RF2” representa o
consumo energético dos equipamentos associados ao RF-2, tanto a sulfonar como a sulfatar, que entram nos
indicadores ligados à linha 1 de produção de SO3.
Este indicador é calculado de maneira análoga ao anterior, sendo que a produção de sulfatados a 70%
é obtida de forma direta (tMA).
( )
( ) (20)
Para calcular este consumo específico, recorre-se ao QP do RF-1, que alimenta principalmente as
bombas de matéria prima e de arrefecimento do reator, as bombas de transfega de produto intermédio,
bombas de arrefecimento, homogeneização e recirculação da Neutralização-1 e bombas de recirculação e
agitadores dos tanques de mistura de sulfatados a 70% (MX-1 e MX-2) (ver Anexo A). O consumo energético
deste quadro a produzir sulfonados é calculado por estimativa, através da seguinte equação:
49
( )
( ) (21)
( )
( ) (22)
O consumo específico da linha de enxofre obtém-se dividindo o vapor consumido na linha de enxofre
pela produção de SO3 (tVapor/tSO3). Existem dois caudalímetros de vapor, ligados à plataforma online, que
fornecem a quantidade, em massa, de vapor usada no aquecimento de enxofre, quer no tanque de
armazenamento, no tanque de fusão, no tanque de bombagem ou no tanque de nível constante. A produção
de SO3 obtém-se de forma semelhante à produção de ar de processo: para cada regime de produção, existe um
caudal mássico médio de SO3. Multiplica-se então para cada regime de produção o número de horas nesse
regime com o caudal associado a esse regime, e somam-se as quantidades produzidas em cada regime.
Para calcular este indicador calcula-se o quociente entre a massa de vapor consumido pelo
permutador e o volume de água consumido aquecido por esse vapor, que é a soma dos consumos
3
contabilizados pelos contadores do Blending e do posto de enchimento de tambores (PET) (t vapor/m ). O vapor é
medido através de um caudalímetro, também ligado à plataforma online.
5.1.4 - Nível 4
Consumo específico dos compressores de ar de processo
(23)
50
Com o caudal médio em cada dia estima-se a produção de ar mensal. Comparando as produções dos três
compressores, para cada um obtém-se uma percentagem do total. A essas percentagens multiplica-se a
produção real estimada pelos regimes de funcionamento.
O rendimento das bombas de água de refrigeração define-se como o quociente entre o consumo
elétrico de cada bomba e a massa de produto total (tonelada “tal e qual” – efetivamente a massa total). As
unidades são kWh/t. Não havendo contadores de energia elétrica dedicados a estas bombas, é necessário
estimar os consumos com base no contador da central de arrefecimento de águas (QP 12). Durante a avaliação
energética fizeram-se medições de consumo elétrico às 2 bombas que fornecem água para a fábrica. Durante
este período mudou-se a bomba (funcionam alternadamente), contudo a medição da bomba 1 não foi
representativa, porque nesse momento só uma linha de SO 3 estava em funcionamento, algo que é atípico. Por
esse motivo, o peso determinado da bomba 2 no QP é usado tambem para calcular o indicador relacionado
com a bomba 1.
Bomba 2 942
Desta medição prevê-se que as bombas representem 47,3% da energia consumida pelo QP 12. Como as duas
bombas funcionam alternadamente, o consumo de cada uma representa aproximadamente metade dessa
percentagem. Usa-se essa fracção fixa para todos os meses.
⁄ (24)
( )
Em relação à massa de produto total não se entra com os sulfatados a 27%, porque o processo de diluição não
usa água de refrigeração.
51
Criou-se um livro em Excel para calcular e guardar os registos de todos os IDE descritos acima, de
forma prática e organizada. Esse livro contém folhas para introduzir os inputs, para cada nível, e uma folha
onde mostra todos os outputs – os valores numéricos dos indicadores de desempenho energético (Figura 25 e
Figura 26).
52
Figura 25 – Screenshot da ferramenta de cálculo e registo dos indicadores de desempenho energético (Outputs).
53
Figura 26 – Screenshot da ferramenta de cálculo e registo dos indicadores de desempenho energético (Inputs nível 1).
54
6 – Conclusões e trabalho futuro
O estágio efetuado tinha como principal objetivo a implementação da norma ISO 50001 na InChemica,
na Azambuja. Sendo este processo algo demorado, acabou-se por focar na parte do planeamento energético,
que também é a fase mais relevante para um aluno de Engenharia Mecânica.
As principais dificuldades neste estágio estiveram relacionadas sobretudo com o facto de a empresa
produzir diferentes produtos, e em alguns casos com os mesmos equipamentos. Isto cria uma grande
combinatória de diferentes regimes de produção que podem estar em operação, a um dado momento. Para se
conseguir atingir os objetivos, houve uma grande quantidade de informação que se teve de recolher
manualmente, como as características técnicas dos equipamentos e os regimes de produção de ano e meio de
operação (através de relatórios de turno). Conseguir organizar e agregar toda a informação foi uma tarefa
árdua mas conseguida.
Apesar das dificuldades, pode-se afirmar que os objetivos foram conseguidos. Criaram-se critérios
para determinar usos significativos de energia. Calcularam-se oportunidades de melhoria do desempenho
energético, e mesmo com o tempo escasso conseguiu-se abordar metodologias de cálculo para ajustar as
medidas de melhoria propostas pela equipa da avaliação energética. O conjunto das medidas poderá permitir
uma significativa redução de 20% de energia primária face ao ano de 2015 e uma poupança monetária de mais
de 90.000€ por ano. Com estas medidas evita-se a emissão de mais de 490 toneladas de CO2 equivalente, que é
uma das principais metas da ISO 50001, por ajudar a reduzir o efeito de estufa.
Determinou-se também o consumo energético de referência para cada tipo de produto, e para o
conjunto global (ano de referência – 2015). Os consumos energéticos de referência são muito importantes para
poder comprovar o impacto das medidas eventualmente tomadas, e para controlar o desempenho energético
da organização.
Em termos de trabalho futuro, para terminar o planeamento energético deve-se priorizar as medidas
de desempenho energético e criar objetivos, metas e planos de acção, por forma a estimar os consumos
futuros de energia. Devem ser feitas acções de sensibilização e formação para divulgar a importância do
desempenho energético a todos os trabalhadores da InChemica. Deve ser também ponderado o
aprovisionamento de novos contadores de energia elétrica, principalmente para as bombas 1 e 2 de água de
55
refrigeração, para poder calcular os respetivos IDE de forma mais rigorosa e prática. O contador de eletricidade
do Posto de Enchimento de Camiões também pode ser mudado para outro quadro, já que se verifica que esta
área consome muito pouca energia. O aprovisionamento de caudalímetros para monitorizar os caudais de ar
de processo de cada compressor, e para monitorizar os caudais de água de refrigeração, também contribuiriam
para calcular com mais rigor os IDE de nível 4.
A empresa planeia ser certificada com a ISO 50001 em 2017, e certamente será.
56
7 – Referências
[3] – Decreto-Lei n.º 68-A/2015 de 30 de abril. Diário da República, 1.ª série, N.º 84. Ministério do Ambiente,
Ordenamento do Território e Energia. Lisboa.
[6] – Cravo, D., Rebelo, B., Pereira, R., Figueira, U. (2011). Relatório Auditoria Energética – InChemica – Ind.
Química de especialidades, Soc. Unip., Lda.;
[7] – ERSE. Ciclo semanal opcional para os consumidores em MAT, AT e MT em Portugal Continental,
http://www.erse.pt/pt/electricidade/tarifaseprecos/periodoshorarios/Paginas/CiclopcionalosconsumidoresMA
TATMT.aspx, acedido a 1 de Outubro;
[8] – Oliveira, A., Gaspar, C. (2016). Medidas de Eficiência Energética e Validação de Pressupostos
(apresentação);
[9] – Cardoso, F. (2016). Pesquisa e Eliminação de Fugas de Ar Comprimido – InChemica – Ind. Química de
especialidades, Soc. Unip., Lda.;
[10] – Wolstencroft, H. R. (2008). Ultrasonic Air Leak Detection: An Investigation to Improve Accuracy of Leak
Rate Estimation. Dissertação para obtenção de grau de mestre em Engenharia, Universidade de Waikato;
[11] – Norgren. Energy Saving - The Norgren guide to saving energy in compressed air systems,
http://cdn.norgren.com/pdf/ENERGY.pdf, acedido a 1 de Outubro;
[12] – Incropera, F. P., DeWitt, D. P., Bergman, T. L., Lavine, A. S. (2007). Fundamentals of Heat and Mass
th
Transfer. 6 ed, John Wiley. University of Michigan;
57
[14] – MIKRON. Table of Emissivity of Various Tables, http://www-
eng.lbl.gov/~dw/projects/DW4229_LHC_detector_analysis/calculations/emissivity2.pdf, acedido a 1 de
Outubro;
[15] – Magueijo, V., Fernanda, M. C., Matos, H. A., Nunes, C. P. (2010). Medidas de Eficiência Energética
Aplicáveis à Indústria Portuguesa: Um Enquadramento Tecnológico Sucinto. 1ª ed., ADENE. Algés;
[16] – The Engineering Toolbox. Density, specific heat, thermal conductivity, expansion coefficient, kinematic
viscosity and Prandtl's number - for air temperatures ranging from -150 ºC to 400 ºC,
http://www.engineeringtoolbox.com/air-properties-d_156.html, acedido a 1 de Outubro.
58
ANEXO A – Quadros parciais com contador de eletricidade e principais
equipamentos (com relevância no cálculo dos IDE)
Potência Potência
Equipamento Equipamento
nominal (kW) nominal (kW)
Bomba 2 água de refrigeração 37 Ventilador regeneração 18,5
Bomba 3 água de refrigeração 37 Ventilador arrefecimento 18,5
Bomba 1 água de refrigeração 11 Maturador grande SC-2 11
Torre 1 11 Maturador pequeno SC-2 5,5
Torre 2 9 Estabilizador SC-2 3
Bomba hidropressora 1 água dura 4 Bombas doseadoras SC-2 1,11
Bomba hidropressora 2 água dura 4 Bomba de transfega RF-2 0,56
Bomba furo 2 4 Bomba de refrigeração RF-2 3
Bomba ácido sulfónico tanque 701 18,5 Bomba bateria de arrefecimento 3
Bomba furo 1 2,2 Bomba do primário do chiller 4,6
Bomba torre lavagem de gases 2 3
Ventilador electrofiltro 2 3
Reactor N-2 7,5
Bomba mono de recirculação N-2 7,5
Bomba de refrigeração N-2 2,2
Grupo bomba matéria prima RF-2 +
bomba soda cáustica para torre de 2,2
lavagem de gases 2
Grupo bombas doseadoras N-2 1,11
Bomba doseadora de enxofre 0,75
59
Tabela 48 – Principais equipamentos dos QP da linha SO3-1 e linha RF-1
60