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Faculdade Pio Décimo

Disciplina: Legislação e Organização da Educação Básica

Professor: João Bosco Argolo Delfino

A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA

1.REFLEXÃO SOBRE OS CONCEITOS BÁSICO

1.1.O DIREITO: SEU CONCEITO E SUA METODOLOGIA

a) O conceito de Direito:
O conceito moderno de Direito não se atém apenas ao sentido objetivo do Direito Positivo, que o enfoca
como o conjunto de normas estabelecidas pelo poder político, com base em fatos e valores, para regular
determinadas matérias e relações. O Direito é também a ciência que estuda, "estabelece e sistematiza as
normas necessárias para assegurar o equilíbrio das funções do organismo social, a cujos membros são
coercitivamente (limitativamente) impostas pelo poder público". Pode ainda o Direito ser entendido como
prerrogativa individual (de cada pessoa) ou social (de todos os membros da sociedade)
O direito, em uma sociedade democrática, é a base da ordem social. Daí o conceito popular de direito
como “lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social graças ao
estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros.

b) O Direito como padrão objetivo do justo:

No sábio ensinamento do jurista brasileiro Dalmo de Abreu DALLARl"o Direito é o padrão objetivo do
justo, eis a primeira ideia fundamental. Todos os indivíduos, em qualquer meio social, possuem um senso
de justiça e proferem julgamentos, de aprovação ou reprovação, perante cada fato da vida social. Dessa
forma, através da expressão livre e espontânea dos membros de um grupo social, vão-se revelando os
procedimentos que a generalidade considera justos. Esses procedimentos, convertidos em normas
jurídicas fundamentais, constituem um padrão objetivo de justiça. Assim, pois, o Direito autêntico não é
mera expressão da preferência de alguns grupos, mas é o reflexo do sentimento generalizado de Justiça.
Em consequência, perante qualquer situação de conflito não se pode nem se deve procurar um critério
individual e subjetivo do justo, porque já existe um padrão objetivo, representado pelo Direito. O Direito,
padrão objetivo do justo, é muito mais do que uma simples forma. Esta é outra ideia fundamental,
estreitamente ligada à que foi enunciada anteriormente. Expressando juízo de valor, resultante do
sentimento generalizado de justiça, mesmo quando aparentemente só cuidem de formalidades - porque
essas formalidades são o caminho para objetivos maiores - as regras jurídicas sempre têm conteúdo, que,
com maior ou menor aproximação, se vincula aos valores fundamentais da convivência humana. Por tal
motivo, não basta que as regras, na sua elaboração ou na sua aplicação, atendam às exigências lógicas
ou filosóficas, se estiverem desligadas da realidade. Além disso, para que o Direito não seja um enunciado
meramente formal, é preciso que tenha eficácia".
c) Objetivos do Direito:

O Direito, objetivando sempre a aplicação da justiça e a garantia das liberdades fundamentais do homem
para que este possa conviver em harmonia com os outros homens, é a base sobre a qual as modernas
sociedades devem se organizar e se desenvolver, pois, como constatou o ex-Presidente da Suprema Corte
Norte-Americana, Earl WARREN, "a história tem demonstrado que onde a lei prevalece, a liberdade
individual do homem tem sido forte e grande o pregresso. Onde a lei é fraca ou inexistente, o caos e o
medo imperam e o progresso humano é destruído ou retardado"

O Direito deve existir, portanto, em função da sociedade, isto é, em defesa da harmonia social para
possibilitar o desenvolvimento individual e coletivo. Não pode, pois, o Direito ser desligado da realidade,
como uma ficção científica e meramente literária - pois ele não tem, por si só, existência - mas também
não pode se resumir em uma simples cópia da realidade social. A sua causa material são as relações
sociais, o que torna a sociedade tanto área de interesse e de atuação do Direito, quanto sua fonte
criadora, o que destaca o papel de legislar como sendo um serviço da maior importância.

d) Importância das constituições, dos códigos e das leis:

Escrevendo sobre o Direito e a sociedade brasileira, Pinto FERREIRA ressalta que "o culto à legalidade e o
respeito à Constituição, cada dia que se passa, serão elementos decisivos da vida pública nacional, de uma
nação que progride e se desenvolve, que perde os seus complexos coloniais, que desconjunta a sua velha
armadura de preconceitos e de privilégios, na desenvoltura de uma autêntica aliança do progresso social
com a liberdade”.

Daí a importância das constituições, dos códigos e das leis que constituem o Direito Positivo, pois eles
tanto fixam as linhas gerais da organização social e da convivência humana,quanto fornecem os subsídios
essenciais para a solução dos conflitos jurídicos que possam ocorrer na vida das organizações e dos
indivíduos.

e) Tridimensionalidade do Direito

Direito, neste contexto amplo, envolve três fatores fundamentais, que se constituem no núcleo de seu
conceito e que interagem de forma indissociável e sistêmica, formando o que Miguel REALE denominou
de tridimensionalidade do Direito:

1) os fatos , que são as relações sociais responsáveis pela dinâmica dahistória (da história de qualquer
indivíduo, de grupos, de nações ou da própria humanidade);

2) as normas de conduta humana impostas pelo Estado, ou seja, a legislação, cujo cumprimento pode ser
exigido por ele coercitivamente; e

3) os valores humanos, especialmente a justiça, que deve estar no embasamento da lei e que justifica a
sua aplicação.
f) Principal fonte do direito no Brasil:

Este é um conceito que se aplica perfeitamente à República Federativa do Brasil, que é um país de Direito
positivo e escrito, no qual a lei é a principal fonte do Direito.

1.2. Afinal, o que é Direito Educacional?


Inicialmente, apresentaremos algumas definições do que seja direito educacional.
Para Edivaldo Machado Boaventura (2004, p. 14) "Direito Educacional se compõe de normas, princípios e
doutrinas que disciplinam a proteção da relação entre alunos, professores, escolas e poderes públicos,
numa situação formal de aprendizagem".

Renato Alberto Teodoro Di Dio, (1982, apud BOAVENTURA, 2004, p. 14) vê Direito Educacional como
sendo "um conjunto de normas, princípios, leis e regulamentos que versam sobre as relações de aluno,
professores, administradores, especialistas e técnicos, enquanto envolvidos, mediata ou imediatamente,
no processo ensino aprendizagem".

Para Álvaro de Melo Filho, (1982, apud BOAVENTURA, 2004, p. 18) "Direito Educacional pode ser
entendido como um conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados que objetivam
disciplinar o comportamento humano relacionado à educação". Na concepção de José Augusto Peres
(1987, apud BOAVENTURA, 2004, 2004, p. 19)

É um ramo especial do Direito; compreende um já alentado conjunto de normas de diferente hierarquia;


diz respeito bem aproximadamente ao Estado, ao educando e aos demais fatos a eles relacionados; rege
as atividades no campo do ensino e/ou aprendizagem de particulares e no poder público, de pessoas
físicas e jurídicas, de entidades públicas e privadas.

Pelas definições transcritas verifica-se que expressões como relações entre alunos/professores,
administradores, especialistas e técnicos, escolas, poderes públicos, aliadas a situações envolvendo a
caracterização formal de aprendizagem, comportamento humano relacionado com a educação, dão
origem a situações jus-pedagógicas que constituem o objeto de estudo do Direito Educacional.
As definições congregam elementos que somados ao cotidiano escolar resultam nas relações
jurídico/pedagógicas, numa dimensão ampla, abrangendo inclusive institutos como: a matrícula escolar, o
contrato de prestação de serviços, o regimento interno escolar, o PDI - Programa de Desenvolvimento
Institucional, lembrando que, tanto no sistema de ensino público, como no privado as normas maiores
emanam do Estado que a tudo orienta, fiscaliza e controla.
Fizemos as observações no parágrafo acima para enfatizar a interação do Direito Educacional com outras
áreas do Direito de forma que pelo menos, cinco elementos devem ser considerados no relacionamento
jurídico: alunos, professores, escolas, famílias e poderes públicos. Nessa compreensão, torna-se inevitável
o encontro do Direito Educacional com outras áreas do direito, como por exemplo: Direito Constitucional;
Direito Administrativo; Direito do trabalho; Direito Civil; Direito do Consumidor.

a) Embasamento Histórico do Direito Educacional


A educação formal no Brasil começou em 1549, com a chegada dos padres da Companhia de Jesus. Esses
padres, no litoral brasileiro, criaram dezessete colégios, seminários e internatos... (SILVA, 2005, p. 20) e
com eles surgem os direitos e obrigações que são, na essência, fontes naturais do direito. (BOAVENTURA,
2004, p. 9)
Os jesuítas representaram a única ação educadora do País até o ano de 1759, muito convindo a Portugal,
vez que o ensino por eles ministrado dava grande ênfase ao respeito à autoridade, o que assegurava, sem
dúvida, melhor submissão da colônia.
Posteriormente, os jesuítas fundaram suas escolas, mantendo o ensino humanista, ficando, portanto, a
cargo da igreja a educação dos cidadãos, mas ainda não de forma popular.
Essa situação alterou-se sobremaneira com a expulsão dos jesuítas, tendo a educação, ainda que restrita
a determinada classe, sofrido um golpe mortal, que perdurou de 1759 a 1808, quando chegou ao Brasil a
família real. (LIMA, 2003, p. 54-55)
Mas foi somente em 1822, com a proclamação da independência e a fundação do Império, é que
começou a falar em educação popular, chegando - se até a uma lei do mesmo ano, que estabeleceu a
criação de escolas primárias em todas as cidades, vilas e povoados, e escolas secundárias nas cidades e
vilas mais populosas. Eram os reflexos da Revolução Francesa que chegavam ao País. (LIMA, 2003, p. 55)
O pilar básico do Direito Educacional brasileiro foi, portanto, a Carta Constitucional de 1824, pois
estabeleceu os primeiros direitos e deveres em relação à educação... (BOAVENTURA, 2004, p. 10)
outorgada por D. Pedro I, o seu artigo 179, § 32 determinava que "a instrução primária é gratuita a todos
os cidadãos" (SILVA, 2005, p. 42)
No século XVIII deu-se início a crise do Antigo Regime, com o declínio de Portugal e o surgimento da
Inglaterra como potência mundial, numa tentativa de modernizar o estado, por meio do Alvará de 28 de
junho de 1759, (PEIXOTO, 2004, p. 32 e 33) D. José I, implanta uma reforma geral da sociedade
portuguesa, com mudanças na área educacional que atingiram diretamente a colônia, os padres jesuítas
são expulsos do reino e tem todos os seus bens confiscados e destruídos... (SILVA, 2005, p. 28) o Marquês
de Pombal só inicia a reconstrução do ensino uma década mais tarde provocando um período de
retrocesso para a educação e a cultura brasileira. (ARANHA, 1996, p.134)
b) Embasamento Jurídico do Direito Educacional
Depois de proclamada a Independência do Brasil, foi ressaltado por D. Pedro I a necessidade de uma
legislação específica sobre a instrução, e tendo em vista a criação de inúmeros projetos que tinham como
foco principal a "Educação Popular", D. Pedro outorgou (no campo propriamente do Direito) a 25 de
março de 1824 (PEIXOTO, 2004, p. 36) a 1ª Carta Magna Brasileira - a Constituição de 1824 - a qual
normatiza a educação determinando que a instrução primária seja gratuita e que a ela teriam acesso
todos os cidadãos. (art. 179, alínea 32) (BOAVENTURA, 2004, p. 10)
Até o período de 1889, não havia uma educação nacional organizada, qual quer pessoa poderia ensinar,
mas a validade do ensino seria em qualquer região nos limites nacionais, seria examinada por bancas
nomeadas pelo Governo Central. (PEIXOTO, 2004, p. 35) Ao mesmo tempo em que a Constituição falava
sobre "ensino primário", criou-se uma lei a qual nos fez livres das antigas leis e alvarás de Portugal,
(PEIXOTO, 2004, p. 34) a 1ª Lei nacional sobre a instrução pública (Lei de 15 de outubro de 1827) - que foi
a única lei sobre o ensino primário até 1846 - esta por sua vez, propunha a criação de escolas de primeiras
letras nas cidades, vilas e povoados mais populosos do Império. (ARANHA, 1996, p.152)
Mais tarde, em 12 de outubro, o Ato Adicional de 1834, uma emenda a Constituição de 1824, levou à...
(SILVA, 2005, p. 44) descentralização da educação e o fracionamento do ensino; a escola elementar e a
secundária ficariam sobre a responsabilidade das províncias e o ensino superior permanecia sobre a
jurisdição da Coroa. (PEIXOTO, 2004, p. 34)
Pode-se ressaltar que na Europa pela forte influência do ideário da Revolução Francesa o ensino passa a
ser cada vez mais laico e oficial (como responsabilidade do Estado), porém no Brasil, permanece e se
acentua o caráter privado e confessional (ligado às Ordens Religiosas) (PEIXOTO, 2004, p. 35)
Os Positivistas atuaram de forma marcante no ideário das escolas estatais, sobre tudo na luta a favor de
uma escola pública e laica. (ARANHA, 1996, p.140)
Com o advento da proclamação da república veio a Constituição de 1891, (BOAVENTURA, 2004, p. 11)
que bastante omissa em relação à questão educacional, previu em dois de seus artigos que:
- Art. 72, § 6º Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos.
- Art. 35 Incumbe, outrossim, ao Congresso, mas não privativamente: (...)
3) criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados;
4) promover a instrução secundária no Distrito Federal. (FÁVERO, 2001, p. 114)
Cria-se no dia 11 de abril de 1931 o CNE - Conselho Nacional de Educação, pelo Decreto 19.850, órgão
consultivo máximo destinado a assessorar o Ministro na administração e direção da educação nacional.
(ROMANELLI, 2001, p. 141)
A Constituição de 1934, além de ser uma das mais avançadas de sua época consta em si um capítulo
inteiro dedicado à educação, foi bastante influenciado pelo movimento da "Escola Nova".
Em 1937 Getúlio Vargas implantou o "Estado Novo" uma ditadura proto-facista, um golpe nos interesses
latifundiários que vai até 1945 quando caiu a ditadura Vargas... (ROMANELLI, 2001, p. 50 e 51) logo após
fechou o Congresso Nacional, extinguiu-se os partidos políticos, restringiu a autonomia do poder
judiciário, no tocante à educação, o novo texto foi um retrocesso. (PEIXOTO, 2004, p. 41)
Ocorreu em 1942 a Reforma CAPANEMA, obra de Gustavo Capanema, Ministro da Educação do Estado
Novo, a qual ressaltava uma série de decretos, denominando-se deste modo, Lei Orgânica do Ensino
Secundário. Os principais decretos são:
- Decreto-lei 4.073, de 30 de janeiro de 1942 - Lei Orgânica do Ensino Industrial.
- Decreto 4.048, de 22 de janeiro - cria o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI.
- Decreto-lei 4.119, de 21 de fevereiro - regulou aspectos do ensino industrial "de emergência".
- Decreto-lei 4.130, de 26 de fevereiro - ensino militar.
- Decreto-lei 4.244, de 9 de abril - revisão estrutural do sistema de ensino, especialmente o ensino
secundário.
- Decreto-lei 4.119, de 21 de fevereiro - regulou aspectos do ensino industrial "de emergência".
- Decreto-lei 4.130, de 26 de fevereiro - ensino militar.
- Decreto-lei 4.244, de 9 de abril - revisão estrutural do sistema de ensino, especialmente o ensino
secundário. (PEIXOTO, 2004, p. 36)
A Constituição de 1946, muito parecida em sua essência, com a de 1934, é muito mais enxuta na
áreaeducacional.
Estabelecia que à União cabia legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional (art. 5.º, item XV,
letra "d"). E foi com este espírito que ela propôs ainda os requisitos mínimos para que essas diretrizes e
bases fossem estipuladas, consagrando o Capítulo II do Título VI à educação e à cultura. Um cuidado
presente nessa Constituição é a previsão dos recursos mínimos destinados à educação, a fim de que o
direito instituído fosse realmente assegurado.
A Constituição de 1946 é, pois, um documento de inspiração ideológica liberal democrática. (ROMANELLI,
2001, p. 141)
A obrigatoriedade do ensino primário, que constava nos textos de 1934 e 1937, ficou expressa no inciso I
do art. 168 da constituição de 1946.
A gratuidade do ensino primário, que constava do texto constitucional do Império, foi omitida na
Constituição Republicana de 1891, inserida na de 1934 e mantida na de 1937, foi confirmada pelos
constituintes de 1946 no inciso II do art. 168 que acrescentava que o ensino oficial ulterior ao primário
também seria gratuito "para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos". (PEIXOTO, 2004, p. 36)

1. O Golpe Militar e a Educação


Com a institucionalização, o Golpe de 64 provoca grandes modificações na realidade social e econômica
do país, porém, já na área educacional não são muitas as mudanças, mas, com relação à iniciativa privada,
acrescenta-se que ela merecerá "o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos, inclusive bolsas de
estudo" (art. 168, §2º). Com relação à gratuidade, o § 3º do art. 168 determina:
II - o ensino dos sete aos quatorze anos é obrigatório para todos e gratuito nos estabelecimentos
primários oficiais;
III - o ensino oficial ulterior ao primário será igualmente gratuito para quantos, demonstrando efetivo
aproveitamento, aprovarem faltas ou insuficiência de recursos. Sempre que possível, o poder público
substituirá o regime de gratuidade pelo de concessão de bolsas de estudo, exigindo o posterior reembolso
no caso de ensino de grau superior. (PEIXOTO, 2004, p. 44)
2. A Autonomia do Direito Educacional
O grande número de normas somado à prioridade da educação como agente de desenvolvimento de
qualquer nação, criou o Direito Educacional como direito autônomo, visto não comportar-se mais como
um dos segmentos do direito Administrativo.
Poucos, entretanto, são os especialistas nessa nova face do direito, existindo um número reduzido de
trabalhos específicos.
Um marco pioneiro do novo ramo foi quando por organização do Centro de Estudos em Administração
Universitária da Universidade de Campinas (DEMARCHI, 2002, p. 1) realizou-se o 1° seminário de Direito
Educacional, levado a efeito em outubro de 1977, os resultados apontaram a necessidade de serem
sensibilizados os poderes públicos para a sistematização da legislação do ensino, constituindo um marco
significativo da evolução do pensamento educacional brasileiro, porque, pretendendo iniciar a
sistematização técnico-significativa do Direito Educacional, (Di Dio 1982, p. 15 apud DEMARCHI, 2002, p.
1) dentre outros itens de relevância.
Nos dias atuais nota-se uma grande lacuna na organização do sistema legal da educação, ainda mais
como subsídios para a legislação ordinária.
Os questionamentos que vem existindo envolvendo todos os segmentos da comunidade educacional têm
servido de volumosos pronunciamentos, quer do Judiciário, fazendo com que se evidencie no cenário
legal, o Direito Educacional.
3. O Direito Educacional Brasileiro
As origens do direito educacional montam em nosso país, à criação do 1º colégio em Salvador, em 1549
pelos padres jesuítas. Na realidade, com o início da primeira escola no Brasil? surgem os direitos e as
obrigações. (BOAVENTURA, 2004, p. 9)
A seguir surgiram em 1554 - o Colégio de São Paulo (povoado de Piratini); 1568 - Colégio no Rio de
Janeiro; 1576 - Colégio de Olinda; 1716 - Colégio de Alcântara; 1717 - Colégio da Colônia de Sacramento;
1723 - Colégio de Paranaguá; 1750 - Colégio de Santa Catarina.
No Período Colonial as normas emanavam de Portugal e seguiam as linhas do Real Colégio das Artes de
Coimbra.
Sendo que nos três primeiros séculos educação no Brasil teve o caráter exclusivamente privado e
entregue aos religiosos.
No século XIX, tendo como marco o ano de 1808, com a vinda da família real portuguesa para o Brasil,
verifica-se o ingresso do Poder Público no sistema de ensino com a criação dos cursos de direito em São
Paulo e Olinda, de medicina em Salvador e Rio de Janeiro e a Academia Real Militar também no Rio de
Janeiro.

4. Estágio Atual do Direito Educacional no Brasil


O Direito Educacional é o resultado natural, em primeiro lugar, da evolução da educação na época
contemporânea e, em segundo lugar, do desenvolvimento das ciências jurídicas, pois como diz Paulo
NADER (apud PEIXOTO, 2004, p. 30) "A árvore jurídica, a cada dia que passa, torna-se mais densa, com o
surgimento de novos ramos que, em permanente adequação às transformações sociais especializam - se
em sub-ramos". Assim, o Direito ao mesmo tempo em que exige uma disciplina ampla que permita um
enfoque sistêmico de sua totalidade como a Introdução à ciência do Direito, comporta um grande
número de disciplinas voltadas, cada uma delas, para cada um dos ramos que a compõem.
5. Considerações Finais
Assim do ponto de vista do Direito positivo, não como negar a existência do Direito Educacional
Brasileiro, pois exige todo um ordenamento normativo coativo específico da área educacional, do qual a
Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional é uma espécie de Código, secundado por leis conexas e
normas complementares, todas lastreadas em uma seção especial da Constituição Federal, na qual se
encontram os seus princípios básicos.
O Direito Educacional Brasileiro está, pois, ordenado em um conjunto de normas legais escritas que
regulam as formas de instituição, organização, manutenção e desenvolvimento do ensino, bem como as
condutas humanas diretamente relacionadas com os processos educativos tanto no seio das famílias,
quanto nas organizações governamentais e nas instituições mantidas pela livre iniciativa. (PEIXOTO, 2004,
p. 31)
c) Diferençaentre Legislação do Ensino e Direito Educacional

No primeiro sentido, temos uma pletora (abundância que produz efeito nocivo) de normas que vão
desde leis federais, estaduais e municipais até pareceres do Conselho Nacional de Educação, decretos do
Poder Executivo, portarias ministeriais, estatutos e regimentos das escolas, que constituem a conhecida e
tradicional disciplina Legislação do Ensino, a qual é parte integrante, mas restrita, do Direito Educacional,
pois não inclui nem a unidade doutrinária, nem a sistematização de princípios, nem tampouco a
metodologia que estrutura um corpo jurídico pleno.

Não há, portanto, como confundir Legislação do Ensino com Direito Educacional: enquanto aquela se
limita ao estudo do conjunto de normas sobre educação, este tem um campo muito mais abrangente e
"pode ser entendido como um conjunto de técnicas, regras e instrumentosjurídicos sistematizados que
objetivam disciplinar o comportamento humano relacionado à educação”, como conceituou Álvaro MELO
FILHO.
d) O Direito Educacional é disciplina das Ciências Jurídicas ou das Ciências da Educação.

O artigo trata do lugar do Direito Educacional no âmbito das Ciências Antropológicas.

Por Vicente Martins

É objetivo deste artigo é contribuir para a sistematização das fontes legais que influem e/ou determinam
o direito educacional, no Brasil, no século XX.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, é vista aqui como um ordenamento jurídico de
grande impacto nas instituições de ensino e que, por isso mesmo, suas informações devem ser levadas a
educadores e juristas que se preocupam com as questões da educação escolar.

A investigação do Direito da Educação e de seu objeto, a legislação educacional, exige de educadores e


juristas a compreensão da teoria educacional e da doutrina jurídica, especialmente o direito
constitucional positivo.

Nosso artigo procura fazer a interface entre o direito e a educação posto que, a partir do novo
ordenamento jurídico do país, instaurado em 1988, a educação ascendeu à categoria de direito público
subjetivo.

O que é Legislação Educacional? Legislação da educação é a mesma coisa de legislação de ensino? A


legislação educacional é disciplina da Pedagogia ou do Direito? Qual o lugar da Legislação Educacional no
âmbito das Ciências jurídicas? Estas são questões que exigem mais do que respostas pontuais e prontas,
mas um exercício de desvelamento conceptual de legislação e educação.

As palavras legislação e educação nos fazem remontar à Roma Clássica, especialmente ao Direito
Romano. Derivada do latim legislatio, a palavra legislação quer dizer, literalmente, ato de legislar, isto é, o
direito de fazer, preceituar ou decretar leis. A legislação é, pois, o ato de estabelecer leis através do poder
legislativo.

Também derivada do latim, a palavra educação vem de educare, e com esta raiz, quer dizer, ato de
amamentar. Também há que diga que educação teria origem também na raiz latina educere, que pode
ser traduzida como ato de conduzir, de levar adiante o educando. Atualmente, as tendências pedagógicas
acolhem esta segunda etimologia.

Assim, quando digo legislação da educação, posso estar me referindo à instrução ou aos processos de
formação que se dão não apenas nos estabelecimentos de ensino como também em outras ambiências
culturais como a família, a igreja, o sindicato, entre outros.

A atual compreensão de legislação da educação, no âmbito da LDB, considerada como a lei magna da
educação, é a de educação escolar mas não restrita à concepção de instrução, voltada somente à
transmissão de conhecimento nos estabelecimentos de ensino.

Na LDB, a educação é concebida como processo de formação abrangente, inclusive o de formação de


cidadania e o trabalho como princípio educativo, portanto, não restrita às instituições de ensino.
Aqui, reside a possibilidade de se contemplar a legislação educacional como a legislação que recolhe
todas os atos e fatos jurídicos que tratam da educação como direito social do cidadão e direito público
subjetivo dos educandos do ensino fundamental.

Já nas suas raízes conceituais, etimológicas e históricas as palavras legislação e educação não tinham
sentido unívoco, isto é, já traziam na sua formação histórica o caráter da polissemia.

Na Roma, legislação tanto podia significar o conjunto de leis específicas de uma matéria ou negócio como
a lei no seu sentido mais abrangente. Hoje, a situação não mudou muito: quando nos referimos à
legislação tanto no sentido estreito como no sentido largo, por extensão.

Assim, a expressão legislação educacional me revela um conjunto de normas legais sobre a matéria
educacional. Se falo legislação educacional brasileira, refiro-me às leis que de modo geral formam o
ordenamento cultural do país.

Com a palavra educação, teremos situação semelhante. Ora a palavra educação refere-se aos processos
de formação escolar, dentro e fora dos estabelecimentos de ensino, ora tem conceito restrito à educação
escolar que se dá unicamente nos estabelecimentos de ensino. Daí, falar-se, em outros tempos, em
legislação de ensino e em legislação da educação.

1.3. LEI

a) Conceito abrangente, objetivo geral e característica principal

Na vida social, o conceito de lei identifica-se com a definição do "dever ser", isto é, indica os caminhos
que a conduta humana pode percorrer, bem como os comportamentos proibidos. O objetivo da lei é,
portanto, impor um dever ou garantir um direito, o que faz da imperatividade sua principal característica.

b) Lei físico-natural, lei jurídica e norma moral

A lei físico-natural simplesmente constata uma certa ordem natural e explica as relações constantes
entre os fenômenos com base na causalidade. A lei (norma jurídica), como a norma moral, de forma
diferente, tem em sua essência o propósito de provocar determinados comportamentos a partir de uma
base ética, na qual se baseia para defini-lo como lícito ou ilícito e para impor sanções e coações. Difere
também da simples norma moral principalmente pelo seu caráter imperativo e autorizante.

c) O conceito jurídico de lei

Para os efeitos deste trabalho, lei é um tipo de norma jurídica que foi elaborada de acordo com
determinadas técnicas legislativas, as quais exigem profundidade, exatidão e clareza nas disposições
sobre a matéria, e que, além de redigida e aprovada no mérito e quanto à juridicidade e
constitucionalidade pelo Poder Legislativo, foi sancionada pelo Chefe do Poder Executivo (ou promulgada
pelo próprio Legislativo) e publicada, ou seja, o conjunto de preceitos coercitivos (ou apenas um)
coordenados e articulados de forma a exprimir a vontade imperativa e geral de uma coletividade
personalizada no Estado, pois emana do poder público competente e a ela são obrigados a se submeter
todos e quaisquer membros da sociedade.
d) Objetivos jurídicos de uma lei

O objetivo de uma lei é, pois, definir, com clareza e concisão (brevidade; precisão; síntese), e impor, de
forma obrigatória, regras necessárias ao convívio harmônico das pessoas e organizações de uma
sociedade, regulando, assim, os direitos e deveres dos homens, bem como a existência e integridade do
Estado e a estabilidade de suas instituições, para que haja paz e tranquilidade na vida social, que envolve
o relacionamento das pessoas entre si, com o meio onde vivem e com o Estado.

e) Constitucionalidade ou ineficácia

Nenhuma lei, sob pena de ser declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e perder sua
eficácia, pode extrapolar o conteúdo de nossa Lei Maior, a Constituição, nem para ampliar os direitos ali
constantes, nem para restringi-los.

f) Bases das leis e de suas mudanças

Normalmente, as leis advêm das normas de conduta humana que são decorrentes da moral social, dos
bons costumes e do bom senso, mas são também decorrentes de princípios gerais, muitos dos quais já
vêm expressos na Constituição. Destarte, pressupõe-se que, quando há mudanças na sociedade (tanto na
infraestrutura quanto na superestrutura, principalmente nesta), ou quando a Constituição é alterada,
surge a necessidade de se mudar também as leis.

g) Diferença entre lei e constituição

Enquanto uma Constituição, pelo seu compromisso com a durabilidade e a universalidade, tem caráter
generalista e trata de princípios, não exaurindo, portanto, nenhuma das matérias sobre as quais dispõe,
uma lei, principalmente uma lei ordinária ( que não exige quórum qualificado para sua aprovação), tem
compromisso com a aplicabilidade e com a adequabilidade à realidade, devendo, pois, ser mais flexível e
dinâmica para se ajustar, constantemente, as necessidades históricas em evolução, bem como as
circunstancias tanto de tempo como de espaço.

1.4. EDUCAÇAO

a) Distinção entre Educação e Pedagogia

Para se conceituar Educação, é importante, logo de início, diferenciá-la da Pedagogia, a qual é a teoria da
Educação, ou seja, a reflexão científica que sobre ela é feita. A Educação é a manifestação cultural que, de
maneira sistemática e intencional, forma e desenvolve o ser humano.

b) Educação é mais do que aquisição e transmissão de conhecimentos; é processo de humanização e


capacitação para a vida.

A Educação constitui-se, portanto, no processo pelo qual o ser humano, por um lado, adquire
conhecimentos e desenvolve sua capacidade intelectual, sua sensibilidade afetiva e suas habilidades
psicomotoras. Por outro lado, é também o processo pelo qual ele transmite tudo isso para outra pessoa.
A Educação engloba, pois, de forma indissociável, tanto os processos de aprendizagem quanto os de
ensino, e envolve, normalmente, dois interlocutores, o educando e o educador, ou o educando e algum
meio educativo.
Dessa forma, a Educação se confunde com o próprio processo de humanização, pois é a capacitação do
indivíduo tanto para viver civilizadamente e produtivamente, quanto para formar seu próprio código de
comportamento e para agir coerentemente com seus princípios e valores, com abertura para revisá-los e
modificar seu comportamento quando mudanças se fizerem necessárias.

c) A educação, com seus aspectos sociais e individuais, é ponte que leva de um comportamento a outro

Ao educar-se, o indivíduo passa por mudanças comportamentais que o levam da ignorância para o
conhecimento; da impotência para a potencialidade; da deficiência, inclusive física e mental, para a
reabilitação; da incapacidade para a ação eficiente e a habilitação profissional; da incompetência para a
eficácia; da inconsciência para a consciência de si mesmo e de seu papel na sociedade; da amoralidade e
imoralidade para a ética e a moral.

Assim, a Educação tem o seu lado individual, que envolve a formação e o desenvolvimento da
personalidade de cada indivíduo, bem como o lado social, pois toda educação escolar, analisada como
processo sociocultural, normalmente, está ligada a um projeto nacional. Daí podermos falar também em
educação nacional, a qual tem tanto o seu lado universal e individual, quanto o regional e, no caso do
Brasil, também o estadual e o municipal.

1.5. Conheça o material legislativo produzido no Brasil

A Constituição da República Federativa do Brasil é a Lei Fundamental do nosso país e foi elaborada com
base na soberania popular.

Seus preceitos visam projetar o Brasil como Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias.

Todas as Leis, Códigos, Medidas Provisórias ou Decretos devem refletir o que está estabelecido no
documento promulgado em 1988.

No Portal da Legislação, o cidadão tem acesso a todo o material legislativo produzido na história do Brasil:
a Constituição, as Leis Federais, Decretos, Estatutos, dentre outros.

PORTAL DA LEGISLAÇÃO - http://www4.planalto.gov.br/legislacao

a) Leis Ordinárias

São as leis típicas, ou as mais comuns, aprovadas pela maioria dos parlamentares da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal presentes durante a votação.

b) Leis Complementares

Diferem das Leis Ordinárias por exigirem o voto da maioria dos parlamentares que compõe a Câmara dos
Deputados e o Senado Federal para serem aprovadas. Devem ser adotadas para regulamentar assuntos
específicos, quando expressamente determinado na Constituição da República.
Importante: Só é preciso elaborar uma Lei Complementar quando a Constituição prevê que esse tipo de
lei é necessária para regulamentar uma certa matéria.

c) Códigos

Reúnem, em uma única Lei, normas de um mesmo ramo do direito.

Ex.:

Código Civil Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002

Código de Processo Civil Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973

Código Penal Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940

Código de Processo Penal Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941

Consolidação das Leis do Trabalho Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943

Código Tributário Nacional Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966

Código de Defesa do Consumidor Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990

Código de Trânsito Brasileiro Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997

Código Eleitoral Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965

Código Florestal Lei nº 12.651, de 25.maio de 2012

Código de Águas Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934

Código de Minas Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967

Código Penal Militar Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969

Código de Processo Penal Militar Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969

Código Brasileiro de Aeronáutica Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986

Código Brasileiro de Telecomunicações Lei nº 4.117, de 27 de agosto de 1962

Código Comercial Lei nº 556, de 25 de junho de 1850

d) Estatutos

Reúnem, em uma única Lei, normas de um mesmo ramo do direito.


Ex.:

Estatuto da Advocacia e da Ordem dos


Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994
Advogados do Brasil (OAB)

Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990

Estatuto da Cidade Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001

Estatuto de Defesa do Torcedor Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003

Estatuto do Desarmamento Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003

Estatuto do Estrangeiro Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980

Estatuto do Idoso Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003

Estatuto da Igualdade Racial Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010

Estatuto do Índio Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 1973

Estatuto da Juventude Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013

Estatuto dos Militares Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980

Estatuto dos Museus Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009

Estatuto Nacional da Microempresa e da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro


Empresa de Pequeno Porte de 2006

Estatuto dos Refugiados Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997

Estatuto da Terra Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964

e) Medidas Provisórias

Editadas pelo Presidente da República em casos de relevância e urgência, têm força de lei e vigência
imediata. Perdem a eficácia se não convertidas em lei pelo Congresso Nacional em até sessenta dias,
prorrogáveis por igual período.

f) Decretos

Editados pelo Presidente da República, regulamentam as leis e dispõem sobre a organização da


administração pública.
g) Decretos não numerados

Editados pelo Presidente da República, possuem objeto concreto, específico e sem caráter normativo. Os
temas mais comuns são a abertura de créditos, a declaração de utilidade pública para fins de
desapropriação, a concessão de serviços públicos e a criação de grupos de trabalho.

h) Decretos-Leis

Têm força de lei e foram expedidos por Presidentes da República em dois períodos: de 1937 a 1946 e de
1965 a 1989. Nossa atual Constituição não prevê essa possibilidade. Alguns Decretos-Leis ainda
permanecem em vigor.

i) Leis Delegadas

Editadas pelo Presidente da República, nos limites da autorização conferida pelo Congresso Nacional por
Resolução.

Ex. :

Nº da Lei Ementa

13, de 27.8.92 Institui Gratificações de Atividade para os servidores civis do Poder


Publicada no DOU de 28.8.92 Executivo, revê vantagens e dá outras providências.

12, de 7.8.92 Dispõe sobre a instituição de Gratificação de Atividade Militar para os


Publicada no DOU de 10.8.92 servidores militares federais das Forças Armadas.

11, de 11.10.62 Cria a Superintendência de Política Agrária (SUPRA) e dá outras


Publicada no DOU de 12.10.62 providências.

10, de 11.10.62 Cria a Superintendência do Desenvolvimento da Pesca e dá outras


Publicada no DOU de 12.10.62 providências.

9, de 11.10.62
Reorganiza o Ministério da Agricultura e dá outras providências.
Publicada no DOU de 12.10.62

8, de 11.10.62 Cria o Fundo Federal Agropecuário (FFAP), no Ministério da


Publicada no DOU de 12.10.62 Agricultura e dá outras providências.
j) Mensagens de veto total

São atos pelos quais o Presidente da República informa ao Congresso Nacional os motivos que o levaram
a vetar determinado projeto de lei. O veto acontece quando o projeto é considerado inconstitucional ou
contrário ao interesse público.

k) PEC - Propostas de Emenda à Constituição

l) PL - Projetos de Lei

m) Atos Institucionais

Normas elaboradas no período de 1964 a 1969, durante o regime militar. Foram editadas pelos
Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo Presidente da República, com
o respaldo do Conselho de Segurança Nacional. Esses atos não estão mais em vigor.

1.6. O QUE SÃO POLITICAS PÚBLICAS?

Conjunto de disposições, medidas, e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e


regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas de interesse público.
Em outras palavras, podemos conceituar também como todas as ações de governo, divididas em
atividades diretas de produção de serviços pelo próprio Estado e em atividades de regulação de outros
agentes.

1.7. LEI DE DIRETRIZES E BASES D A EDUCAÇÂO NACIONAL: O significado de diretrizes e bases.

Diretriz, como substantivo, é a linha que mostra o caminho, define objetivos e tendências e significa
direção, orientação. Como adjetivo, é a qualidade do que dirige, que orienta, ou seja, conjunto de
instruções, indicações e regras gerais que conduzem as ações em uma determinada área.

Bases são os alicerces que servem de apoio a uma estrutura ou de sustentáculo a uma construção.

As bases indicam a disposição das partes e mantêm a coesão de toda a estruturação.

Praticamente, segundo ensina LOURENÇO FILHO, "diretrizes e bases significam linhas de organização e
administração de um empreendimento, conjunto de providências que lhe dêem coesão, segundo rumos
gerais que a todo o sistema imprimam unidade funcional”.

Destarte, em um sistema educacional, enquanto as diretrizes dão as finalidades (as "normas gerais
bastantes para garantir uma certa planificação", como diz Miguel REALE), as bases definem
ofuncionamento e a instrumentação (as "condições mínimas de eficiência do ensino", segundo
PauloBARBOSA).

Para Temístocles Cavalcanti, "no plano geral, as diretrizes devem compreender especialmente o aspecto
político e pedagógico do problema: definir as suas linhas gerais, mas de forma que neles se encontrem os
meios necessários à sua integral aplicação, para que não seja essa aplicação iludida pelos interesses e
caprichos das organizações estaduais”.
Dom LOURENÇO de Almeida Prado, extraordinário educador, considerava que: "sendo de diretrizes, a lei
deve orientar e abrir perspectivas, como que escorvando a imaginação criadora dos educadores; sendo de
bases, deve oferecer um apoio firme e tranquilo sobre o qual se possa assentar o edifício espiritual de
cada escola. Deve ser aberta, mas não deve ser perturbadora, menos ainda geradora de confusão e
tumulto”.

1.8. LEGISLAÇÃO CONEXA, NORMAS COMPLEMENTARES E JURISPRUDÊNCIA

a) Legislação Conexa
A Constituição Federal, ao definir a competência da União para legislar sobre diretrizes e bases da
educação nacional, não exigiu que essa determinação fosse cumprida por meio de uma única lei, o que
facilitou a ação dos legisladores, os quais, além da LDB, aprovaram, antes dessa data, várias outras leis
que, direta ou indiretamente, traçavam normas para a área educacional.

Por legislação conexa entendemos o conjunto de leis que, apesar de regularem aspectos da educação,
não estão incluídas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, pois tratam de determinadas
particularidades que os legisladores brasileiros não incluíram na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.

No final deste livro, na parte de anexos, podem ser encontradas as principais leis e medidas provisórias
que abordam matérias diretamente relacionadas com a educação nacional e que podem ser identificadas
como legislação conexa.

b) Normas complementares

No plano federal, as normas complementares incluem decretos, regulamentos, resoluções, pareceres,


portarias, instruções e planos anuais e plurianuais, assim como quaisquer outros atos administrativos da
área educacional baixados pelo Senhor Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Educação e
do Desporto, ou ainda pelo Conselho Nacional de Educação.

Exemplos de legislação conexa e de normas complementares

Como exemplos de legislação conexa, podemos citar a Lei da "eleição de reitores e diretores de escolas
de ensino superior"; a das "anuidades escolares e da inadimplência" (medida provisória ainda não
convertida em lei até a presente data); a de "criação do conselho nacional de educação"; a de " avaliação
dos cursos de ensino superior" e a de "instituição do programa de crédito educativo".

Exemplos de legislação conexa e de normas complementares

Entre as normas complementares, estão o "Regimento do Conselho Nacional de Educação", as portarias


ministeriais que regulamentam a autorização e o reconhecimento de novos cursos e os decretos que
nomeiam os membros das Câmaras do Conselho Nacional de Educação, etc.

Em relação à educação, as principais fontes de normas complementares são os conselhos de educação, o


federal (denominado Conselho Nacional de Educação, quando o nome mais adequado à terminologia
jurídica seria Conselho Federal de Educação), os estaduais e o do Distrito Federal. Os conselhos
municipais de educação poderão também editar normas complementares válidas para os seus
respectivos municípios.
c) Jurisprudência: conceito e exemplo

Sobre a atual LDB, não temos ainda nenhuma jurisprudência firmada, mas é importante conceituarmos
jurisprudência, pois ela irá surgindo com a resolução dos problemas que exigirem decisões judiciais no
futuro. Como cabe aos tribunais decidirem sobre recursos interpostos pelas partes envolvidas em
questões judiciais, a doutrina por eles adotada em suas decisões, arrestos ou acórdãos, acaba
transformando-se em complemento da lei que auxilia sua interpretação e sua correta aplicação.

A jurisprudência é, pois, uma autêntica fonte de direito formada pelo conjunto de decisões que reiteram
o entendimento sobre determinada matéria. Havendo jurisprudência de mais de uma instância, prevalece
a de maior instância, especialmente a decorrente de decisões do Superior Tribunal de Justiça (última
instancia em relação ao mérito) e do Supremo Tribunal Federal (última instancia sobre os aspectos
constitucionais).

Tem a jurisprudência a importante função de dirimir a diversidade de entendimentos que possa haver em
relação à aplicação da lei. Assim como existe a jurisprudência federal, há também a dos estados,
resultante das sentenças dos juízes do Poder Judiciário estadual e das decisões de seus respectivos
Tribunais de Justiça.

1.9. Noções de Técnica Legislativa

Preliminarmente – A redação de uma norma deve ser curta e grossa: direta, objetiva, clara, precisa,
concisa e sem enfeites.

Pouca gente conhece a técnica legislativa. Normalmente, seus conhecedores trabalham ou já trabalharam
em redação de documentos em parlamentos ou em assessoria própria do Poder Executivo.

Constantemente, estamos envolvidos em lidar com normas legais ou redigi-las. Por extensão, norma legal
é todo instrumento que determina, disciplina ou regulamenta alguma coisa: lei, projeto de lei, decreto,
portaria, resolução, instrução, regimento, estatuto, contrato, emendas a projetos e outros.

A norma legal tem peculiaridades para apresentação e redação. Seu conjunto exige a técnica legislativa.

É bom que algumas regras sejam do conhecimento de todos.

1ª) A norma tem um título e uma data (Lei nº ......, de ....../....../…; contrato de .............).

2ª) A seguir, vem a ementa, escrita à direita do papel, sem ocupar todo seu espaço lateral. Resume sobre
o que versa e a que se destina a norma (Cria escola superior na cidade de ........; estabelece as condições
de compra e venda de imóvel).

3ª) As determinações da norma são distribuídas em dispositivos: artigos, parágrafos, incisos e alíneas
(letras); quando grande, os artigos se agrupam em capítulos; os capítulos, em seções, em livros. Cada um
deles deve ter, abreviadamente, um título e um número (Seção I – da Representação; Capítulo II –
Representantes Legais).

4ª) Sempre iniciar com letra maiúscula o título de repartições e dispositivos (Livro, Seção, Capítulo, Artigo,
Parágrafo).
5ª) A palavra artigo, seguida de número, deve ser ordinal até o 9º; depois, o cardinal (Art. 1º; Art. 10).

6ª) A numeração, em artigo e parágrafo, segue o ordinal até o 9º; depois, o cardinal (Art. 1º, § 10; Art. 11;
§ 2º).

7ª) Os incisos são numerados com algarismos romanos (inciso I, III e XII). Também os livros, seções e
capítulos.

8ª) As alíneas (letras) são escritas com minúsculas (a, b, c, d).

9ª) Após o número de cada dispositivo (artigo, parágrafo, alíneas), se usa travessão.

10ª) O nome da norma (lei, decreto, portaria) quando se tratar de uma determinada, tem inicial
maiúscula (Lei nº 9.394; Decreto nº 5000; Portaria nº 20).

11ª) O artigo se divide em parágrafos; os parágrafos, em incisos; os incisos, em alíneas. Não havendo
parágrafos, o artigo pode subdividir-se em incisos.

12ª) Quando se tratar de parágrafo único, deve ser escrito com inicial maiúscula (P) e a palavra único com
minúscula, tudo por extenso; quando houver mais de um, usa-se o símbolo §.

13ª) O correto é cada dispositivo conter um só período, terminando por ponto final. Quando houver
necessidade de dizer mais, melhor é subdividi-lo.

14ª) O dispositivo deve ser curto, contendo somente as palavras estritamente necessárias.

15ª) Dois pontos só podem ser usados quando houver citações ou enumerações. Nesses casos, as
citações ou enumerações são iniciadas com letra maiúscula e, no final de cada uma, usa-se ponto e
vírgula.

16ª) Cada artigo cuida de um assunto.

17ª) O artigo pode estar sozinho ou conter parágrafos e incisos. A parte principal do artigo é o caput (ou
cabeça) e comanda, rege e subordina seus parágrafos e incisos, que não podem contrariar o comando ou
dispor coisa diferente dele.

Em contrato e acordo, se usa cláusulas, em vez de artigo.

18ª) O parágrafo excepciona, especifica ou completa o caput.

19ª) Os incisos e alíneas são desdobramento do dispositivo que os comanda, enumerando situações, fatos
ou aspectos, podendo também ser esclarecedores.

20ª) Primeiro, revoga-se o contrário (elimina-se o artigo) e depois se estabelece a vigência da norma.
(Revogam-se as disposições em contrário; entra em vigor na data …).

21ª) Nas normas que não são lei, podem ser colocadas antes as “considerada”, ou seja, as razões pelas
quais se impõe uma norma.
22ª) A norma pode adotar tempo presente do verbo, o modo imperativo ou o infinitivo impessoal.

23ª) Após dois pontos, as citações e enumerações (incisos e alíneas) começam com letra minúscula, após
cada uma, excetuando-se a última que termina com ponto, se usa ponto e vírgula.

24ª) Nas referências a outros dispositivos, inciso e parágrafo primeiro se escrevem por extenso; art. E
par. (§), seguidos do número, são abreviados.

25ª) Emenda (e não ementa) é a proposta no Legislativo para modificar um projeto de lei. Ela pode ser:

Supressiva – suprime parte;

Substitutiva – substitui parte;

Aditiva – acrescenta parte.

Contém: o nome emenda e sua natureza; o número e data do projeto de lei; o que se pretende e, se for o
caso, como deve ficar redigido; a data e a assinatura.

Finalmente, vem a justificação (em alguns parlamentos, chamado justificativa) em que se explicam as
razões e os objetivos da emenda.

Nota: mando significa ordem (mandado de segurança, o juiz expediu mandado de prisão); mandado
significa procuração, delegação, autorização, sendo também usada a palavra para designar o tempo de
exercício de uma procuração (mandato para representar, mandato com duração de quatro anos).

Como aparecem muito em normas, é bom lembrar que em vez de significar no lugar de; ao invés de
significa o contrário; em caso de dúvida, usar em vez de.

EVITAR em dispositivos normativos partir palavras em sílabas.

JUIZ não pede e não dá parecer: manda, dá ordem; promotor pede, acusa, recorre ou dá parecer;
advogado pede, defende, acusa, contesta, recorre e, fora de juízo, dá parecer.

Exemplos: ver Constituição Federal ou um código.

1.10. Critérios básicos para a interpretação de uma lei

Na interpretação de uma lei é importante levar-se em consideração alguns critérios básicos como, por
exemplo, os seguintes:

a) ninguém pode se escusar do cumprimento da lei alegando desconhecê-la;

b) a eficácia da lei tem início com a sua publicação;

c) pelo princípio da irretroatividade, a lei não pode produzir efeito sobre uma situação jurídica constituída
antes de sua vigência, admitindo-se exceções em casos nos quais não se configure prejuízo a direitos
adquiridos, a atos jurídicos perfeitos e a coisas julgadas;
d) o princípio da ultratividade é também muito importante. Por ele, uma lei revogada pode continuar
produzindo seus efeitos para resguardar direitos adquiridos sob sua vigência;

e) a revogação de uma lei a torna insubsistente, isto é, sem efeito. O ato de revogar uma lei decorre de
uma nova lei de igual categoria ou superior. A revogação pode ser expressa, quando consta no texto da
nova lei que ela revoga a anterior, ou tácita, quando revoga os dispositivos da anterior com os quais
conflitar, através de um artigo de caráter genérico que diga: "revogam-se as disposições em contrario

f) uma lei só pode ser baixada pelo poder competente, tornando-se, portanto, destituída de valor a
norma que é baixada por um poder incompetente. Um Estado ou Município, por exemplo, pode legislar
para seu respectivo sistema educacional, mas não pode traçar diretrizes e bases da educação nacional
que, pela Constituição, é competência da União;

g) se duas leis são conflitantes, prevalece a de categoria hierárquica superior, no que diz respeito à parte
dela que é conflitante, o que não prejudica o disposto no restante;

h) se consta da lei que algum dispositivo seu (ou ela no seu todo) depende de regulamento específico por
outra lei ou norma a ser baixada pelo Poder Executivo, aquele dispositivo ou ela toda não é autoaplicável;

i) a determinação contida no texto da lei não pode ser restringida ou ampliada por nenhuma norma
inferior ou ato interpretativo. Desta forma, mesmo sendo um órgão normativo, o Conselho Nacional da
Educação não pode restringir ou ampliar os textos legais, e muito menos contrariá-los. Além disso, as
interpretações e regulamentações tanto do CNE quanto as portarias do Senhor Ministro da Educação e do
Desporto não podem se sobrepor as interpretações do Poder Judiciário. O mesmo se aplica ao texto
constitucional. Se uma lei, por exemplo, determinar que a gestão democrática é obrigatória para as
escolas particulares, poderá ela ser considerada como inconstitucional, pois o que consta como princípio
maior é a "gestão democrática do ensino público, na forma da lei", por mais desejável e salutar que seja a
forma democrática de tomada de decisões;

j) o que não é proibido por lei, em princípio, é permitido;

l) na interpretação e na aplicação da lei, é de fundamental importância que se procure respeitar o seu


verdadeiro sentido, ou seja, deve prevalecer o espirito da lei, que representa a correta vontade expressa
pelo povo através d e seus legisladores. Daí a importância dos comentários apresentados neste livro, pois,
neles, procuramos ser o mais fiel possível ao espirito que norteou a elaboração da lei. Compete ao Poder
Judiciário decidir, soberanamente, sobre a interpretação e a aplicação de qualquer lei. Se o entendimento
pelo Judiciário de um texto legal for diferente da interpretação ou regulamentação feita por qualquer
órgão administrativo, prevalecerá sempre a decisão judiciária, à qual devem recorrer todos aqueles que
se sentirem ameaçados ou desrespeitados em seus direitos.

Obrigado!

João Bosco Argolo Delfino

E-mail: joao.bosco.argolo@gmail.com

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