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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 22ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


FORTALEZA-CE

PROCESSO Nº 0081437-77.2007.8.06.0001
PROMOVENTE: Lindalva Rodrigues Sales
PROMOVIDO: Banco Abn Amro Real S.a.

Lindalva Rodrigues Sales, já devidamente qualificada nos autos,


por seu advogado ao final assinado, vem respeitosamente perante V. Exa.
interpor RECURSO DE APELAÇÃO contra a decisão proferida por esse MM.
Juízo, o que faz com fulcro no art. 1009 e segs. do CPC, conforme razões
anexas, requerendo-se o recebimento e, após intimada a parte recorrida para
oferecer sua resposta no prazo legal, que sejam os autos encaminhados à
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará para devida apreciação e
julgamento.

Primordialmente, requer que todas as intimações e publicações


sejam feitas também em nome de ANDRÉ COSTA TANAKA, advogado inscrito
na OAB/CE sob o nº 20.63, com endereço na Rua Fiscal Vieira, 3310, apt. 302,
Bairro Joaquim Távora, Fortaleza/CE, conforme substabelecimento à fl. 251
dos autos, sob pena de nulidade (art. 272, §2°, NCPC).

DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

Considerando a publicação da sentença ocorrida no dia


23/11/2017, o prazo de 15 dias para apresentar o recurso, as Portarias
Conjuntas n. 1.863/2017 3 2.074/2017 que resultaram na suspensão dos
prazos processuais do dia 11/12/2017, tem-se que o prazo inicia em
24/11/2017 e termina em 15/12/2017.
Isto posto, ante o acima narrado, inequívoca é a tempestividade
do presente Recurso de Apelação.

DA JUSTIÇA GRATUITA

A autora esclarece, sob as penas da lei, no momento, ser pessoa


pobre na acepção jurídica do termo, não estando em condições de demandar
ou ser demandada, sem sacrifício do seu próprio sustento e o de seus
familiares, motivo pelo qual, renova pedido para que - a bem da Justiça -
permaneça o benefício da GRATUIDADE DE JUSTIÇA, consoante o disposto
no art. 5º, incisos XXXIV e LXXIV, da CRFB/88, e, das Leis 1.060/50 e
7.115/83.

Requer-se, dessa forma, o recebimento do vertente recurso e


apelação em seus normais efeitos por estarem reunidos os pertinentes
requisitos de admissibilidade, e após a intimação da parte adversa para
oferecimento de suas contrarrazões, sejam os autos remetidos ao Tribunal de
Justiça para conhecimento e julgamento.

Nestes termos, Pede e espera deferimento.

Fortaleza-CE, 14 de dezembro de 2017.

ANDRE TANAKA
OAB/CE 20.663
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ

RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

PROCESSO Nº 0081437-77.2007.8.06.0001
PROMOVENTE: Lindalva Rodrigues Sales
PROMOVIDO: Banco Abn Amro Real S.a.

Colenda Câmara Cível,


Ínclitos Julgadores,
Eminente Relator (a),

A sentença recorrida, que julgou improcedente a Ação de


indenização por danos morais e materiais, merece reforma pelos motivos a
seguir aduzidos.

Para uma melhor compreensão da demanda, passa-se a analisar


os requisitos que integram o juízo de admissibilidade do presente recurso, bem
como, a síntese fática, demonstrando a necessidade de revisão da decisão.

DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Visando a comprovar a admissibilidade do presente recurso, é


válido evocar os seus requisitos. São eles: os requisitos intrínsecos (cabimento,
legitimação e interesse) e os requisitos extrínsecos (tempestividade, preparo, e
regularidade formal).

O recurso de Apelação é o recurso cabível em caso de


necessidade de reforma da sentença, à luz do art. 1.009, CPC. Sendo certo
que houve sentença proferida nos presentes autos, conforme fls. 369/372, em
cumprimento ao requisito do cabimento, resta admissível o recurso de
Apelação.

Ademais, a Recorrente detém legitimidade recursal, eis que a


sentença, permissa vênia, feriu seus interesses (art. 1.009, CPC). Por fim,
perfazendo as exigências intrínsecas, há interesse direto por parte da
Recorrente na reforma da decisão, uma vez que se espera que, com o
julgamento do recurso, haja situação menos gravosa.

Ao mesmo modo, em cumprimento aos quesitos extrínsecos,


enfatiza-se a tempestividade do recurso, considerando a publicação da
sentença ocorrida no dia 23/11/2017, o prazo de 15 dias para apresentar o
recurso, as Portarias Conjuntas n. 1.863/2017 3 2.074/2017 que resultaram na
suspensão dos prazos processuais do dia 11/12/2017, tem-se que o prazo
inicia em 24/11/2017 e termina em 15/12/2017.

Além disso, renova-se no Recurso o pedido de gratuidade de


Justiça, concedida pelo juízo a quo, sendo, portanto, nítida a admissibilidade do
presente recurso.

DA SÍNTESE FÁTICA

Trata-se de Ação de indenização por danos morais e materiais


ajuizada pela ora recorrente contra o Banco ABN Amro S/A, em decorrência de
indevida busca e apreensão de veículo financiado pela recorrida.

É certo que o que veio a ocasionar a ilicitude e a lesão material e


moral da recorrente foi o fato de haver decisão judicial a respeito do bem
financiado, qual seja, um veículo Fiat Uno Eletronic, anos 1995, placa HUW-
4351.

Conforme demonstrado às fls. 40/43 , o referido veículo já houvera


sido objeto de decisão judicial em Ação Declaratória de Nulidade Cláusulas
Contratuais c/c Consignação em Pagamento, ajuizada pela ora recorrente na
14ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza, sob o número 2006.0002.2892-3/0.
Na referida ação 2006.0002.2892-3/0, conforme demonstrado às
fls. 40/43 destes autos, foi concedida a antecipação dos efeitos da tutela,
determinando-se: a) a permanência do bem em questão na posse da
Requerente; b) a proibição do nome desta ser negativado, em qualquer órgão
de proteção ao crédito; c) o depósito em juízo das parcelas vincendas pelo
valor que a requerente entendesse devido.

Não obstante a decisão do Juízo da 14ª Vara Cível da Comarca de


Fortaleza, o banco ora recorrido ajuizou indevidamente Ação de Busca e
Apreensão, que resultou na apreensão do veículo em posse da recorrente.

O Banco recorrido agiu em desrespeito à decisão judicial para


obter fins antijurídicos e se esquivar do cumprimento da medida judicial
emanada da 14ª Vara Cível da Comarca de Fortaleza.

Em sua contestação, o Banco Recorrido alegou exercício regular


de direito, em face de suposta inadimplência por parte da recorrente.

Ocorre que, no momento em que foi ajuizada a Ação de Busca e


Apreensão pelo Banco recorrido, havia em favor da recorrente uma decisão
judicial que lhe garantia a posse do veículo e proibia o recorrido de praticar
qualquer ato lesivo ao direito de posse do automóvel da recorrente.

Embora a busca e apreensão em si do veículo estivesse de fato


albergada por decisão liminar do Juízo da 17ª Vara Cível de Fortaleza, nos
autos 2007.0011.1252-8, é certo que aquele juízo foi claramente induzido ao
erro, o que constitui claramente um ilícito passível de indenização.

Ademais, as alegações relativas ao nome de solteira e casada da


recorrente não merecem prosperar, haja vista que seu cpf se manteve
inalterado, sendo o mesmo no contrato celebrado entre as partes, o mesmo
informado nos autos do 3 processos que tramitam em torno deste litígio e
também o mesmo que a parte recorrida negativou, conforme fl. 17.

Em que pesem as negligencias e abusos cometidos pela recorrida,


bem como a farta documentação e testemunhos que corroboraram as
alegações iniciais, o Juízo a quo julgou a demanda improcedente, entendendo
não ser cabível neste caso as indenizações por danos morais e materiais,
conforme abaixo:

“A Autora não comprovou a existência de inscrição de seu


nome nos órgãos de negativação, juntou apenas notificações
extrajudiciais, no entanto, estas não têm o condão de provar
qualquer inscrição.

(...)

Especificamente, em relação ao fatos admitidos, como


incontroversos, realmente houve a apreensão do veículo, mas
que o carro foi devolvido a autora, porém a Demandada
argumenta que agiu de forma legítima, pois autorizada por
liminar judicial.

(...)

Neste contexto, se entende ainda que o Banco agiu no


exercício regular do direito, visto que sua cliente estava
inadimplente com as obrigações contratuais e até àquele
momento a instituição financeira não havia recebido nenhum
dinheiro acerca da ação Declaratória de Nulidade de Cláusulas
Contratuais c/c Consignação em Pagamento e Manutenção de
Posse do Veículo que tramitava na 14ª Vara Cível da comarca
de Fortaleza.

(...)

Além disso, a parte ré ingressou com a ação de Busca e


Apreensão contra o nome da Promovida, utilizando o nome
"solteira" da promovente porque o contrato foi celebrado desse
modo, com o nome de Lindalva Rodrigues da Silva.

(...)

Quanto ao dano material alegado, a parte autora não junta


qualquer recibo que comprove que houveram gastos com táxis
ou outro meio de transporte.

(...)
A apreensão foi verídica, consoante documentos, e expressou
um fato comprovado neste processo: que a demandada agiu
no exercício de seu direito.

(...)

Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido


constante de indenização por dano moral e material, por
entender que são incabíveis para o caso.

Inobstante o notório saber jurídico do Douto Magistrado a quo, a


aludida decisão está em descompasso com a legislação vigente e,
principalmente, com as provas constantes dos autos, contrariando, ainda, a
jurisprudência vigorante.

Necessário, portanto, haver reforma da decisão recorrida.

DAS RAZOES RECURSAIS

Incialmente, importante destacar que a relação travada entre os


litigantes se trata de evidente relação de consumo, merecendo ser dirimida à
luz da legislação consumerista, que tem como um de seus institutos a inversão
do ônus probatório.

DA EXISTÊNCIA NOS AUTOS DO COMPROVANTE DE NEGATIVAÇÃO

Embora o D. Juízo a quo afirma que a “Autora não comprovou a


existência de inscrição de seu nome nos órgãos de negativação”, há de se
esclarecer que o referido comprovante consta nos autos às fls. 17 e 209 dos
autos virtuais.

Em existindo prova nos autos da referida negativação, resta


comprovado que a recorrida tinha pleno conhecimento da numeração do CPF
da recorrente, e que se tratava exatamente da mesma pessoa que assinara o
contrato de financiamento do veículo objeto das ações em trâmite no Poder
Judiciário, bem como a mesma pessoa que ingressara com Ação Declaratória
de Nulidade de Cláusulas Contratuais c/c Consignação em Pagamento,
processo nº 2006.0002.2892-3/0, com trâmite na 14ª Vara Cível de Fortaleza.

Ao ajuizar a Ação de Busca e Apreensão nº 2007.0011.1252-8,


distribuído à 17ª Vara Cível de Fortaleza, a recorrida informou o CPF da parte
demandada, o qual era exatamente o mesmo da autora do processo em trâmite
na 14ª Vara Cível, a qual detinha em seu favor decisão liminar determinando:
a) a permanência do bem em questão na posse da Requerente; b) a proibição
do nome desta ser negativado, em qualquer órgão de proteção ao crédito; c) o
depósito em juízo das parcelas vincendas pelo valor que a requerente
entendesse devido.

O que enseja a indenização em danos morais, no presente caso, é


a ilicitude da conduta da recorrida ao ajuizar ação de busca e apreensão
manifestamente incabível, utilizando-se de artimanha consistente na confusão
entre nome de solteira e nome de casada da recorrida, ludibriando dessa
forma, o sistema de distribuição dos processos e induzindo o juízo da 17ª Vara
Cível ao erro quando da concessão de liminar de busca e apreensão em
conflito com a decisão anterior do juízo da 14ª Vara Cível.

Embora a busca e apreensão em si estivesse de fato embasada


em decisão judicial, é certo que a referida decisão foi decorrente de erro
induzido pela recorrente, o que claramente macula todo o procedimento
posterior, sendo, portanto, passível de indenização.

DA CONFUSÃO ENTRE NOMES DE SOLTEIRA E CASADA DA


RECORRENTE

Conforme fartamente demonstrado, a empresa Recorrida se


utilizou de artimanhas decorrentes da confusão entre nomes de solteira e
casada da recorrente para burlar o sistema de distribuição de processos e
induzir o juízo da 17ª Vara Cível a erro.

Em havendo clara conexão entre a Ação Declaratória de Nulidade


de Cláusulas Contratuais c/c Consignação em Pagamento (2006.0002.2892-
3/0) e a Ação de Busca e Apreensão (2007.0011.1252-8), deveriam ter sido
processadas em apenso, no mesmo juízo.

Mesmo tendo conhecimento, pela numeração do CPF, que se


tratava da mesma pessoa, a recorrida ajuizou ação de busca e apreensão
fazendo pedido que ia de encontro às decisões da 14ª vara Cível nos autos
2006.0002.2892-3/0.

É certo que, caso a recorrida tivesse informado que se tratava das


mesmas partes e do mesmo objeto da ação em trâmite na 14ª vara Cível, a
Ação de busca e apreensão teria sido distribuído por dependência àquela Vara,
e não à 17ª Vara Cível, como ocorreu.

Ademais, o próprio juízo da 17ª Vara Cível, se tivesse


conhecimento da decisão liminar da 14ª vara Cível sobre o mesmo objeto,
jamais teria dado uma decisão conflitante.

Resta claro, portanto, que a recorrida se utilizou de torpeza burlar o


sistema e induzir o poder Judiciário ao erro, no intuito de alcançar fins ilícitos,
sendo cabível, portando, a indenização pelos prejuízos que tal atitude causou a
recorrente.

DA INEXISTÊNCIA DE INADIMPLENCIA CONTRATUAL ENSEJADORA DA


BUSCA E APREENSÃO – DEPÓSITOS JUDICIAIS QUE CARACTERIZAM O
PAGAMENTO E EVITAM A MORA – NÃO INGERÊNCIA DA RECORRENTE
NA MOVIMENTAÇÃO DOS VALORES DEPOSITADOS JUDICIALMENTE

A parte recorrida alega ainda que agiu no exercício regular do


direito, visto que a recorrente estava inadimplente com as obrigações
contratuais e até àquele momento a instituição financeira não havia recebido
nenhum dinheiro decorrente dos depósitos judiciais decorrentes da Ação
Declaratória de Nulidade de Cláusulas Contratuais c/c Consignação em
Pagamento (2006.0002.2892-3/0), que tramitava na 14ª Vara Cível da comarca
de Fortaleza.
Tal alegação não deve prosperar, haja vista que a recorrente tinha
decisão liminar favorável nos autos da ação 2006.0002.2892-3/0, em trâmite na
14ª Vara Cível, que lhe determinou fazer o pagamento das prestações
vincendas do financiamento mediante depósito judicial.

Nesse contexto, pode-se dizer que a recorrente é quem agia no


exercício regular de direito.

Ademais, o não repasse dos valores depositados judicialmente


para a recorrida não tem o condão de constituir em mora, haja vista que os
pagamentos de fato foram feitos nos exatos termos da decisão judicial da 14ª
Vara Cível.

Aliás, o dos efeitos do depósito judicial quando feito em


consignação em pagamento é justamente evitar a mora, a inadimplência.

Por fim, a recorrente não tem qualquer ingerência sobre os valores


depositados judicialmente, de modo que não pode ser responsabilizada pelo
não repasse dos valores à recorrida, como pretende a própria recorrida e o
Juízo a quo.

Dessa forma, temos que a recorrida agiu de forma ilícita ao pleitear


a busca e apreensão do veículo da recorrente, o que lhe causou danos
materiais e transtornos de natureza moral, os quais devem ser indenizados.

DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS – EXISTÊNCIA NOS AUTOS DE


PROVAS DA OCORRÊNCIA

Neste quesito, afirma o Juízo a quo que “quanto ao dano material


alegado, a parte autora não junta qualquer recibo que comprove que houveram
gastos com táxis ou outro meio de transporte”.

Ocorre que, conforme depoimentos das testemunhas às fls.


244/245 dos autos virtuais, a recorrente utilizava o veículo apreendido para
exercer sua profissão e em proveito de sua família, bem como foi comprovado,
por meio dos mesmos testemunhos, que a recorrente, ao ficar sem seu veículo,
passou por grandes dificuldades e teve de utilizar transporte coletivo e de
terceiros para se locomover e exercer sua profissão.

É certo que o depoimento testemunhal é prova aceita no nosso


ordenamento jurídico, devendo ser levado em consideração para fins de
julgamento.

Desta forma, em restando caracterizados os danos morais e


materiais pelos testemunhos colhidos em audiência, conforme fls. 244/245,
requer-se a reforma da sentença para condenar a recorrida a pagar
indenização pelos danos morais e materiais suportados pela recorrente.

DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA RECORRIDA

Considerando as características das partes, onde um lado é


composto por uma instituição financeira de grande porte, e o outro por pessoa
física claramente hipossuficiente em comparação com demandada, temos que
a relação jurídica estabelecida entre as partes deve ser albergada pelos
princípios que regem o código de defesa do consumidor.

Desnecessária, portanto, a comprovação de culpa da empresa


demanda, por incidente a responsabilidade objetiva, em virtude do disposto no
art. 14 do Código de Defesa do Consumidor. Demonstrado o nexo causal entre
o dano suportado, oriundo do extravio no interior da loja do aparelho celular e a
ocorrência dos danos afirmados, inequívoco o dever de indenizar pela parte
demandada.

Por fim, cumpre destacar que o arbitramento do valor da


compensação pecuniária pelos danos morais suportados pela parte recorrente
deve ter como parâmetros a repercussão do dano e a capacidade econômica
do ofensor.
INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

O Código de Defesa do Consumidor, representando uma


atualização do direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças
existentes entre pólos processuais onde se tem num ponto, o consumidor,
como figura vulnerável e noutro, o fornecedor, como detentor dos meios de
prova que são muitas vezes buscados pelo primeiro, e às quais este não
possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a inversão do ônus da
prova justamente em face da hipossuficiência de uma das partes.

Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade


entre as partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas
atinentes na Lei 8.078/90.

Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação


jurídica havida entre fornecedor (artigo 3º da LF 8.078-90), tendo por objeto
produto ou serviço, sendo que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova
quando:

“O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do


consumidor, sempre que foi hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-
se de aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor,
como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo
(CDC 4º,I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja alcançada
a igualdade real entre os participes da relação de consumo. O inciso
comentado amolda-se perfeitamente ao princípio constitucional da isonomia, na
medida em que trata desigualmente os desiguais, desigualdade essa
reconhecida pela própria Lei.” (Código de Processo Civil Comentado, Nelson
Nery Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed.1999, pág. 1805, nota 13).

No presente caso, resta claro que a empresa demanda dispõe de


todos os recursos para provar o ocorrido.

Diante exposto, com fundamentos acima pautados, requer a


recorrente a inversão do ônus da prova, recaindo sobre à empresa
demandada o ônus pela comprovação da não existência de danos morais
e materiais, bem como a inadimplência contratual alegada, considerando
os depósitos judiciais efetuados nos autos da Ação Declaratória de
Nulidade de Cláusulas Contratuais c/c Consignação em Pagamento
(2006.0002.2892-3/0), com tramitação na 14ª vara Cível da Comarca de
Fortaleza.

DA CONCLUSÃO E DOS PEDIDOS

Diante dos fatos e fundamentos de Direito ora apresentados, a


parte recorrente requer a esta Colenda Câmara Julgadora que se digne em
acolher o presente recurso, processando-o segundo as normas da Lei e, em
consideração às razões apresentadas, dar-lhe total provimento, no sentido de
reformar a sentença, para então condenar a recorrida a indenização pelos
danos morais e materiais causados à recorrente.

Nestes termos, pede-se deferimento.

Fortaleza, 14 de dezembro de 2017.

ANDRE TANAKA
OAB/CE 20.663

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