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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 16ª VARA DE

FAMÍLIA DA COMARCA DE FORTALEZA/CE

CONTESTAÇÃO

Processo nº:

XXXXX, brasileira, solteira, empresária, RG nº XXXX, CPF nº XXXX, endereço


XXXX, representada por seu advogado, vem mui respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO à Ação Judicial nº XXXX
movida por XXXX, nos termos seguintes:
DA VERDADE DOS FATOS

Conforme mencionado na Petição Inicial, as partes se conheceram em meados


do ano de 2001 e conviverem em união estável até agosto de 2016, de não
havendo qualquer controversa quanto a este fato.

Em relação às falsas alegações de adultério imputadas pelo autor a sua ex-


companheira, embora não gere qualquer reflexo para os objetivos que se
busca nesta demanda, faz-se necessário esclarecer, para fins de preservação
da honra da companheira, que não passam de ilações maldosas e doentias do
autor.

Embora seja afirmado na petição inicial que “restou claramente confirmado que
a aludida companheira passou (8) oito anos seguidos traindo o autor com o pai
de sua filha caçula”, em nenhum momento foi juntado, indicado ou sequer
mencionado os indícios e as provas que levaram a esta “tão clara
confirmação”.

Ademais, é natural e plausível que a companheira tenha uma relação


harmônica, pacífica e regular com o pai de sua filha, de modo que esta
civilidade não pode ser confundida ou transmutada em adultério, como
pretende o autor.

Não se sabe ainda de onde o autor concluiu a precisão do período de 8 anos


do suposto adultério.

Em relação ao estabelecimento comercial de propriedade do casal, cumpre


esclarecer que as alegações do autor vão de encontro aos documentos
juntados e às alegações do próprio autor feitas nos autos do processo XXXX,
que tramita em apenso por conexão.

Conforme contrato social juntado aos autos, a companheira era proprietária da


referida empresa desde dezembro de 2001 (fls. 16/19), vindo a ser detentora
de 99% (fl. 25/26) da Farmácia ao lado de sua própria genitora, que detinha o
1% restante, sendo certo que o autor somente veio a integrar a sociedade em
julho de 2014, conforme fls. 25/28.
Ademais, nos autos do processo apenso, às fls. 104/105, o autor contradiz o
que afirma neste processo, quando alega, às fl. 2 destes autos que ora se
contesta, que a administração da empresa incialmente era conjunta e depois
passou a ser exclusivamente sua:

É de se imaginar que a Autora trabalhasse em alguma


atividade. Não, na pequena Farmácia do Requerido ela jamais
prestou qualquer serviço, seja de atendimento ou seja de
balcão; notadamente porque nunca se interessou em aprender
sobre os serviços internos.

Diante de um quadro real como este descrito acima, não há


como considerar que a Autora tenha de fato, ajudado a
constituir o que ela designou de considerável patrimônio
comum, pois falta verdade nas suas expressões.

Não resta dúvida que a Autora que veio para conviver com o
Requerido nas circunstâncias de penúria como se encontra
narrado acima, não tendo herdado nenhum bem e nem tendo
ganho num desses jogos de finais de semana, sem jamais ter
trabalhado na Farmácia ou noutro lugar, como pode provar ser
sócia do comércio de remédios em epígrafe, inclusive,
dispondo de cota igual a 20%(vinte por cento) do negócio?

Diante das contradições apontadas, vê-se claramente que o autor distorce a


verdade dos fatos de acordo com sua conveniência.

A análise dos documentos, das circunstâncias e das afirmações do autor são


suficientes para demonstrar que a companheira era proprietária quase
exclusiva e administradora da empresa, detinha 99% de seu capital social,
sendo que o 1% restante pertencia a sua própria genitora, e que ao longo dos
anos, mais precisamente de 2014 em diante, foi sendo lenta e sorrateiramente
excluída da propriedade e principalmente da administração de sua empresa, de
sorte que, já perto do abandono do lar pelo autor, a companheira não tinha
qualquer conhecimento da gestão e das finanças da farmácia, uma vez que
tudo era controlado exclusivamente pelo autor.
É de se concluir que a companheira confiou totalmente no autor para
administrar seu patrimônio, incluindo-o na sociedade e posteriormente
transferindo a administração exclusivamente para ele.

Em sentido inverso, o autor, já tendo em mente a separação futura, de forma


sagaz, ao longo dos dois anos que antecederam o dissolução da união, foi
premeditando suas ações e conseguiu convencer sua companheira a lhe
transferir a maior parte do capital social da empresa e, muito pior, a lhe
entregar a administração exclusiva da farmácia.

Atendidos os seus desejos, o autor ficou livre e desimpedido para cometer toda
sorte de manipulação das finanças da empresa, de modo que a companheira,
no momento da dissolução da união, desconhecia os valores e a localização
dos rendimentos da farmácia.

Por este motivo, nos autos do processo em apenso, a companheira requereu a


intimação das instituições bancárias para apresentarem o histórico das contas
bancárias vinculadas ao autor, à companheira e à empresa, a fim de se fazer o
levantamento dos reais valores eventualmente existentes à época da
dissolução da união estável.

DOS BENS A PARTILHAR

Em relação aos bens a serem partilhados, o autor convenientemente não


relaciona nenhum dos bens que ficaram em sua posse, principalmente os
valores decorrentes dos lucros da Farmácia e os bens móveis que a integram.

Ao passo que enumera detalhadamente cada um dos bens móveis que


supostamente teria deixado no lar ao abandoná-lo, por outro lado o autor
convenientemente se esquece de relacionar os bens móveis que compõem a
farmácia.

Ademais, o autor superestima desarrazoadamente os valores dos bens móveis


que supostamente teriam ficado em posse de sua companheira.
Por fim, o autor “esquece” ainda de relacionar seu veículo automotor, adquirido
na constância da União Estável com os lucros obtidos na empresa da qual a
companheira é também proprietária.

Prossegue o autor a indicar isoladamente supostos gastos efetuados


exclusivamente pela companheira por meio de uma conta bancária da
empresa, em que supostamente somente a companheira tinha acesso, mesmo
que a administração da empresa titular da suposta conta bancária fosse
exercida exclusivamente pelo autor.

De pronto, vê-se que não há qualquer verossimilhança nas referidas alegações


do autor.

Ademais, todos os gastos efetuados pelo casal na constância da união estável


presume-se que foram feitos em benefício do próprio casal, de modo que não
convém relacionar cada um dos gastos feitos ao longo dos 15 anos da união
estável para verificar quem foi o responsável e qual dos companheiros se
beneficiou de referido gasto.

Interessa ao deslinde da demanda, eventuais saques e movimentações


financeiras atípicas que tenham sido realizados nos momentos finais da união
e estável e após a sua dissolução.

É certo que a companheira foi surpreendida com o abandono do lar pelo autor,
ao passo que este, de forma premeditada, já vinha calculando suas ações
visando a futura separação.

Por fim, em relação à pretensão do autor para que este juízo determine a
exclusão da companheira da sociedade da empresa supramencionada, há d se
esclarecer que tal pedido, além de não ter qualquer base fática e jurídica, foge
totalmente à matéria do direito de família, não devendo ser processada nesta
via, mas sim em ação e juízo próprios do direito comercial.
DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requerer-se o reconhecimento da união estável bem


como sua dissolução, o indeferimento dos demais pedidos autorais, reiterando-
se ainda os pedidos feitos nos autos do processo 0127569-46.2017.8.06.0001,
em apenso, bem como o aproveitamento dos documentos juntados àqueles
autos, para que seja deferida:

A FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS em favor da companheira, em


valor sugerido de 5 (cinco) salários mínimos, nos termos do art. 4º da Lei
5.478/68;

A INTIMAÇÃO do ilustre representante do Ministério Público, nos termos do


art. 176 e seguintes do CPC;

A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS para:

 RECEITA FEDERAL DO BRASIL para requerer as Declarações de


Imposto de Renda do autor dos 3 últimos anos;

 BANCO CENTRAL DO BRASIL para requerer informações acerca do


domicílio bancário do requerido, saldo bancário e aplicações financeiras de sua
titularidade, e especificamente para o Banco Itaú, para que seja apresentada a
movimentação financeira dos meses que antecederam a dissolução da união
estável até o presente momento das contas bancarias do referido banco
conforme relação abaixo:

XXX

 DETRAN/CE – DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO para


requerer informações sobre a existência de veículos em nome do requerido;

A NOMEAÇÃO de Perito Avaliador para que proceda a avaliação judicial do


imóvel objeto da partilha;

Ao final seja julgada improcedente a presente demanda e JULGADA


TOTALMENTE PROCEDENTE a ação XXXX, e declarada, reconhecida e
dissolvida por sentença a UNIÃO ESTÁVEL entre os conviventes,
determinando-se a partilha de bens conforme apurado no decorrer do processo
e confirmando-se os alimentos em favor da companheira;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,


especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, e através
depoimentos das partes e perícias.

Nestes Termos, Pede deferimento,

ADVOGADO

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