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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA 1ª VARA DO


TRABALHO DA JURISDIÇÃO DE MARINGÁ/PR

Autos nº 0000031-13.2021.5.09.0020

MATUZALEM COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA, já


devidamente qualificado nos autos em epígrafe da AÇÃO
TRABALHISTA que lhe move FELIZ IDADE JÚNIOR, também já
qualificado, por intermédio de um de seus procuradores judiciais, que
esta subscreve, com o habitual respeito, vem a presença de Vossa
Excelencia, com fundamento no art. 895, I, da CLT, INTERPOR:

RECURSO ORDINÁRIO

Em face da r. Sentença de fls. 353-366, cujas razões


recursais seguem anexas e, após cumpridas as formalidades de praxe,
devem ser remetidas ao C. TRT da 9ª

Em anexo, seguem também os comprovantes


depagamento das custas processuais e do depósito recursal.

Espera deferimento.
Maringá-PR, 28 de setembro de 2021

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OAB/PR xxx
AO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO
DA 9ª REGIÃO

COLENDA TURMA

ORIGEM: Autos nº 0000031-13.2021.5.09.0020

1ª VARA DO TRABALHO DA JURISDIÇÃO DE MARINGÁ/PR

RECORRENTE: MATUZALEM COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA

RECORRIDO: FELIZ IDADE JÚNIOR

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

EGRÉGIO TRIBUNAL:

COLENDA CÂMARA

I. CABIMENTO
A r. sentença proferida na Vara do Trabalho da jurisdição de
Maringá/PR, trata-se de uma decisão definitiva, desta forma, para reexama
deve ser interposto Recurso Ordinário, no prazo para interposição do recurso
ordinário é de 8 (oito) dias úteis, conforme art. 895, I, da CLT.
E, quanto a tempestividade do recurso, como supra citado a lei define 8
(oito dias) a contar da intimação da sentença, ocorre que a mesma foi realizada
em audiência, coincidindo a data de publicação e intimação, ambos portanto,
em 30/11/2021, sendo assim, verifica-se que a interposição do presente
recurso nesta data 06/12/2021, encontra-se no prazo, verificando-se a
tempestividade do mesmo.

Outrossim, quanto ao preparo recursal, junta-se em anexo o


comprovante do pagamento das custas recursais nos termos do artigo 899 da
CLT.
Diante disso, encontram-se preenchidos os requisitos de admissibilidade
do recurso, pleiteia o recorrente seja o presente RECURSO ORDINÁRIO,
RECEBIDO, CONHECIDO E PROVIDO, para o fim de REFORMAR r.
sentença, por ser de Justiça.

II. DOS MOTIVOS PARA A MODIFICAÇÃO DA R. SENTENÇA

1. DA NULIDADE DO CONTRATO DE ESTÁGIO/DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO:  

Conforme constou na r. Sentença, mais precisamente às fls. 120-121, o


eminente magistrado a quo entendeu por bem julgar procedente o pedido de nulidade do
contrato de estágio e, com isso, declarar o vínculo empregatício desde 01/04/2015, bem como
condenar o recorrente a proceder a reanotação daquela data na CTPS do autor, como sendo a
da admissão e, ainda, condenar este ao pagamento das parcelas trabalhistas devidas pelo
período tido sem registro. Eis os termos que fundamentaram a convicção do ilustre julgador de
Primeiro Grau:

(...)

Do conjunto probatório, firmo minha convicção de que, efetivamente,


no período em discussão se instalou verdadeiro vínculo empregatício.
Isso, porque, os requisitos da Lei n.º 11.788/2008, não foram
observados em sua integralidade.

Nos termos do art. 3.º, da Lei de Estágio, uma das principais


exigências, é que o horário do contrato de estágio seja compatível
com o horário acadêmico. No presente caso, restou comprovada a
respectiva incompatibilidade.

As provas documentais apontaram para isso, bastando considerar


que o autor foi reprovado por “falta” no período em questão,
conforme declaração da própria instituição de ensino superior, à fl.
70, dos autos.
É certo que o autor poderia ter tido as faltas por vários motivos,
todavia, não é o que exsurgiu da colheita de prova oral.

A testemunha do autor, à fl. 89, foi esclarecedora quando declarou


que (...) 6- era comum trabalhar até às 19h, em razão do movimento
de clientes; 7- as portas da loja fechavam às 18h, no entanto, como
tinham muitos sacoleiros, a gente tinha de atender até que o último
fosse embora; 8- esse horário não era anotado nos cartões-ponto; 9-
nesse setor trabalhavam 3 empregados, um era o autor; 10- os
horários dos ônibus eram de 45 minutos; 11- tinha um horário às
18h50 e depois só às 19h35; (...)

Por outro lado, a testemunha patronal, à fl. 90, pouco contribuiu para
a defesa do réu, porquanto, em várias partes do depoimento,
declarou que não tinha conhecimento. É o caso, por exemplo, das
seguintes respostas: (...) 3- não sabe dizer se o autor ficava na
empresa esperando o horário do ônibus; 4- não tem conhecimento se
o autor estudava na UEM; 5- do local da empresa até à UEM, no
horário de pico, após às 18h, de carro, leva uns 40 minutos, isso,
porque a empresa fica perto do aeroporto e o trânsito nesse horário é
muito pesado; 6- não sabe o tempo de trajeto por ônibus, porque
nunca utilizou tal transporte; (...).

Devidamente sopesadas as provas e, convicto do desrespeito


patronal ao disposto no art. 3.º, da Lei 11.788/2008, considero que o
contrato de estágio foi desvirtuado e, considerando a presença de
todos os requisitos do art. 3.º, da CLT, tenho que no período em
questão vigeu relação empregatícia.

Acontece Excelências, que a r. decisão não foi a mais acertada,


considerando os elementos de prova contidos no presente feito, de sorte, que deve ser
modificada, inclusive para contemplar a Justiça. 

Nesse sentido, não se mostra razoável e muito menos adequada a


desconsideração, por exemplo, da prova oral produzida pelo recorrente em que os principais
pontos de esclarecimentos foram simplesmente descartados pelo Julgador a quo. 

Conforme consta do depoimento da testemunha do recorrente,


precisamente, à fl. 91, restou devidamente esclarecido que o recorrido, quando era estagiário,
sempre saiu às 18h, nunca tendo realizado horas extras. Além disso, pegava carona com a sua
namorada que possuía uma motocicleta. Assim, esclareceu:

 (...) 8- no período em que o autor era estagiário, a sua jornada


encerrava às 18h, não fazendo qualquer hora extras; 9- a namorada
do autor tinha uma motocicleta e praticamente todos os dias dava
carona para ele ao final do expediente; 10- o autor, geralmente saía
alguns minutos após às 18h e sua namorada passava na empresa por
volta das 18h15; 11- quando tinha muitos clientes e os empregados
tinham de fazer horas extras, incluído o autor, a namorada deste
ficava esperando por ele até a saída, o que se dava às 18h45 ou
18h50; (...)

Vejam Excelências que restou devidamente esclarecido que no


período em que o recorrido era estagiário, nunca realizou horas extras e ainda contou a carona
fornecida por sua namorada. E, considerando o que também esclareceu à fl. 90, de que o
trajeto da empresa até a UEM, mesmo nos horários de pico não durava mais do que 40
minutos, tem-se que o recorrido chegava a tempo em suas aulas. Eis o que relatou em
audiência:

(...) 5- do local da empresa até à UEM, no horário de pico, após às


18h, de carro, leva uns 40 minutos, isso, porque a empresa fica perto
do aeroporto e o trânsito nesse horário é muito pesado; (...)

No pertinente ao depoimento da testemunha do recorrido, que


recebeu do Juízo a quo total crédito, deve ser considerado de modo parcial, na exata
compreensão de que não ficou indene de dúvidas a ocorrência de horas extras no período de
estágio. Na realidade, quando retratou o labor extraordinário do recorrido, o fez em relação ao
período posterior, tanto que em seu depoimento, à fl. 89, afirmou que foi admitido na
empresa, ora recorrente, somente em DEZ/2015, período esse em que já não mais vigia o
contrato de estágio. Eis os termos de seu depoimento:

(...) 1- trabalho na empresa desde 02/12/2015, no setor de


atendimento aos clientes e vendas; 2- trabalhou com o autor,
todavia, o autor era do setor de suporte administrativo, que cuidava
da confecção das notas fiscais e procedimentos de desembaraços de
mercadorias; (...)

Ora, Excelências, não restam dúvidas que a efetivação do recorrido


em horas extras, somente se deu em período posterior ao término do contrato de estágio,
donde a única testemunha da parte recorrida somente teve contato com este após a sua
admissão ocorrida em DEZ/2015, quando não mais vigia o contrato de estágio e sim, o
contrato de emprego. No entanto, a partir da efetiva admissão do autor em SET/2015, inexiste
controvérsia acerca do labor daquele em horas extras.

Ao arremate, os documentos fornecidos pela instituição de ensino,


foram no tempo certo devidamente impugnados, pois a declaração de que o recorrido
reprovou por falta, em hipótese alguma pode induzir que isso se deu por culpa do recorrente,
quiçá, no presente caso em que restou totalmente comprovada a inexistência de labor
extraordinário naquele período em que vigia o contrato de estágio.

A prova foi totalmente favorável ao recorrente, de maneira, que a r.


sentença, no particular, está a merecer reformas.

O contrato de estágio, em toda a sua duração, observou na íntegra


todos os requisitos exigidos pela Lei n.º 11.788/2008, notadamente em seu art. 3.º. Frisa-se
ainda que o requisito da compatibilidade de horários, igualmente, restou cabalmente
comprovada.
Nessa esteira, se o recorrente agiu nos estritos limites da lei, não há
em que se falar em desvirtuamento do contrato de estágio e, por conseguinte, em sua
nulidade, dando lugar à declaração de vínculo de emprego, com as consequências disso
decorrentes, nos termos postulados pelo recorrido e chancelados pelo ilustre magistrado a
quo. No presente caso, não se atrai a aplicação do art. 3.º, da CLT, exatamente porque o art.
3.º, da Lei do Estágio AFASTA qualquer possibilidade de reconhecimento de vínculo
empregatício, considerando o respeito aos requisitos previstos na referida lei.

Aliás, esse C. Tribunal já enfrentou inúmeras vezes situações


idênticas, sendo que a Jurisprudência vai no sentido de consagrar o império do contrato de
estágio regido pela Lei 11.788/2008, como bem representa a ementa a seguir:

TRT-PR-21-11-2017 TERMO DE COMPROMISSO DE ESTÁGIO.


CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS FORMAIS. NÃO COMPROVAÇÃO DA
AUSÊNCIA DOS REQUISITOS MATERIAIS. VÍNCULO DE EMPREGO
NÃO RECONHECIDO. VALIDADE DO CONTRATO DE ESTÁGIO - O
contrato de estágio é uma das figuras jurídicas que mais se aproxima do
contrato de emprego, uma vez que nele também há subordinação,
habitualidade e onerosidade (caracterizada pelo pagamento da bolsa, que
embora facultativa, geralmente é concedida). Assim, a presença destes
elementos, por si só, não revela a existência do vínculo de emprego.
Comprovado o atendimento dos requisitos formais do estágio pela
apresentação do Termo de Compromisso de Estágio, cumpria à autora
demonstrar a ausência dos requisitos materiais, conforme alegado na inicial.
Incumbia-lhe, assim, comprovar que executou atividades estranhas ao
contrato de estágio, distintas daquelas capazes de proporcionar experiência
prática de formação profissional, ou em carga horária incompatível com o
estágio. No entanto, não se desincumbiu de seu ônus. Vínculo de emprego,
e demais pedidos dele decorrentes, afastados.

Feito isso, o recorrente pugna a este C. Tribunal, para que se digne


em MODIFICAR a r. sentença e, com isso, AFASTAR a DECLARAÇÃO de nulidade do contrato de
estágio que vigeu até 31/08/2015 e, por consequência, AFASTAR também a DECLARAÇÃO do
vínculo empregatício desde 01/04/2015 e, de resto a CONDENAÇÃO do recorrente na
obrigação de fazer consistente na reanotação da CTPS do recorrido, a fim de constar o referido
dia como sendo o da admissão, além da CONDENAÇÃO ao pagamento de 13.º salário, férias +
1/3 e FGTS devidos pelo período sem registro, no montante de R$-3.830,56. Assim, os pedidos
de letras A, B, C e D, do rol inicial, devem ser indeferidos. Pede provimento.

NA SEQUÊNCIA DEVE VIR OS DEMAIS ITENS QUE COMPÔEM AS INSURGÊNCIAS DO RECURSO


ORDINÁRIO SE VALENDO DA REGRA DA REDE, COMO EXPOSTO ACIMA (ITEM DA NULIDADE DO
CONTRARO DE ESTÁGIO/VINCULO EMPREGATÍCIO).

2. MULTA PELO ATRASO NO PAGAMENTO DAS VERBAS


RESCISÓRIAS:
No item 3. Da r . sentença o juiz a quo mais precisamente às fls. 122-123, o eminente
magistrado a quo entendeu por bem julgar procedente e condenar o réu ao pagamento da
multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias, no valor de R$-2.500,00.
Abaixo transcrevemos os termos que fundamentaram a convicção do ilustre julgador de
Primeiro Grau:

(...)

Isso ficou devidamente esclarecido diante da prova oral produzida, notadamente, da


confissão do próprio preposto patronal que, à fl. 88, assim reconheceu: (...) 5) era quem
deveria efetuar o pagamento das verbas rescisórias, porém, ocorreu um acidente do
trabalho no horário designado e tive de atender a essa ocorrência; 6) não consegui de
avisar ao autor a tempo; (...)

No entanto, Excelências, a r. decisão não foi a mais acertada, considerando os


elementos de prova contidos no presente feito, de sorte, que deve ser modificada,
inclusive para contemplar a Justiça.

Nesse sentido, não se mostra razoável e muito menos adequada a interpretação dada
pelo magistrado a quo, da prova oral produzida pelo recorrente em que os principais
pontos de esclarecimentos foram simplesmente descartados pelo Julgador a quo.

Conforme consta do depoimento da testemunha recorrida, ocorreu um fato


superveniente a vontade do mesmo, portanto, por um acidente de trabalho, o mesmo não
estava no momento disponível em proceder o pagamento das verbas trabalhistas.
Portanto, o advento de força maior, exime de culpa o inadimplemento, conforme art.
501, CLT “rt. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à
vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu, direta ou
indiretamente.”

Portanto, Excelência, n

APÓS, SEGUE-SE A CONCLUSÃO:

III – DA CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, pleiteia o recorrente seja o presente RECURSO ORDINÁRIO,


RECEBIDO, CONHECIDO E PROVIDO, para o fim de que este C. Tribunal digne-se em
MODIFICAR (OU REFORMAR, tanto faz) a r. sentença, nas partes assinaladas, por ser de Justiça.

APONTAR ITENS QUE SERAO OBJETOS DAS RAZÕES RECURSAIS:

APLICAÇÃO DA REDE DO JUIZ ;


2

1. MULTA PELO ATRASO NO PAGAMENTO DAS VERBAS


RESCISÓRIAS:

Tenho que, de fato, o réu descumpriu o prazo prescrito no art.

477, §6º, da CLT, o que, por conseguinte atrai a aplicação da

penalidade prevista no §8º, do mesmo artigo consolidado. Sendo

assim, CONDENO o réu ao pagamento da multa pelo atraso no

pagamento das verbas rescisórias, no valor de R$-2.500,00.

Defiro, portanto, o pedido de letra E, do rol inicial.

5) JUSTIÇA GRATUIRA – AUTOR PEDIU E PERDEU, REU


PROVOU

6) HONORARIOS SUCUMBECIAS

Assim, CONDENO o réu ao pagamento de 15% de honorários de

sucumbência nos pedidos em que foi sucumbente e, o autor ao

pagamento da mesma verba honorária, que fixo em R$-1.000,00

em razão do seu labor e complexidade da demanda, cujo valor

deve ser atualizado.


1 resumo do fato + fundamento e da conclusão

2 fundamentação = alegar toda matéria de defesa = fato + fj + provas + impugnação


especificada

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