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DATA – 04/05/2017
Ementa
CONTEXTUALIZAÇÃO
Na aula de hoje, antes de adentrar nos Direitos Fundamentais, iremos concluir alguns tópicos
sobre os princípios fundamentais na Constituição de 1988.
CONTINUAÇÃO
CONSTITUIÇÃO DE 1988
TÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
O princípio federativo foi construído junto com o princípio republicano, com a Constituição
de 1891. Nesse momento o modelo imperial estava sendo desconstruído Estado
unitário, monárquico, parlamentarista. Assim, foi construído o contrário:
- Unitário Federal
- Monárquico Republicano
- Parlamentarista Presidencialista
O federalismo nasceu nos Estados Unidos. Com a independência das 13 colônias surgiram
13 Estados independentes (elementos de Estado: povo, território e soberania). Só que
esses Estados perceberam que eles venceram a guerra contra a Inglaterra porque lutaram
juntos. Então, os colonos decidiram se unir em Confederação.
Característica da Confederação: todos os Estados mantêm seus Estados
constitutivos.
Problema do Estado Confederado: qualquer um dos Estados caso não aceite a
posição da Confederação pode pedir para sair. Isso fragilizava muito as decisões da
Confederação.
Diante disso, imaginou-se a possibilidade de reunir esses 13 Estados em um
grande e único Estado. Para isso, cada Estado deveria abrir mão de um elemento
constitutivo: soberania. A União, ente que passaria a ter soberania, só poderia fazer aquilo
que fosse atribuído a ela de maneira taxativa pelos Estados. Então, os Estados trocaram a
soberania por grande autonomia.
O documento que une os Estados e traz esse rol de atribuições da União chama-se
Constituição. Base do federalismo: rol exaustivo de atribuições da União e todo o resto
cabendo aos Estados, bem como a impossibilidade de secessão.
Características do federalismo:
- Descentralização política;
O critério adotado para separar as competências entre os entes foi a ponderação entre os
interesses e o ente administrativo. Princípio da Primazia de Interesses:
Ex.: lei federal obriga a fazer determinada coisa; lei municipal obriga a não fazer
determinada coisa. Qual lei cumprir? Primeiramente tem que indagar qual o assunto que a
lei discute, para verificar a quem compete tratar desse assunto. Se houver conflito
federativo é porque algum ente federativo invadiu a competência do outro. Tais conflitos
são meramente aparentes, porque na verdade o que ocorre é invasão de competência.
- Repartição de Receitas: por meio de capacidade tributária, em que cada um dos entes
possui competência para estabelecer impostos.
Aristóteles foi quem melhor falou sobre isonomia até hoje. Segundo Aristóteles, tratar com
a mesma medida todas as pessoas é tratá-las de forma desigual, porque as pessoas não
tem a mesma medida. Aristóteles usa a balança como ideia de isonomia. Isonomia é o
Estado com seu poder de império colocar peso no lado mais leve da balança para levar o
equilíbrio para a situação. Assim, isonomia significa tratamento na medida da
desigualdade.
O que faz com que a limitação seja adequada à diferenciação é a adoção do princípio da
razoabilidade. Nesse sentido, é razoável fixar altura mínima para policiais que fazem
policiamento ostensivo; mas não é razoável fixar altura mínima para policiais civis, que
fazem trabalho mais investigativo.
Sistema de cotas: perspectiva da isonomia material. A cota garante acesso àquele que não
teria acesso. O Estado tem que identificar as exclusões (fator discriminador) e criar cotas
para equilibrar/igualar/garantir o acesso.
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
O Direito não consagrou direitos aos animais, mas a tortura de animais é proibida. O Direito tenta
minimizar os impactos sobre os animais, não os titularizando de direitos, nem proibindo a sua
morte, mas minimizando o sofrimento.
Tutela ao Direito à Vida: não é apenas a vida biológica, mas a vida ligada à ideia de
dignidade da pessoa humana.
Dentro dessa perspectiva não se admite no Brasil nenhum tipo de pena de morte, só os
casos ressalvados no caso de guerra.
A discussão que se tem hoje é a ortotanásia, que é admitida pelo Conselho de Medicina e
praticada. A ortotanásia é decidir não estender a vida com medicamentos e tratamentos. A
pessoa só recebe o tratamento para evitar a dor e não para prolongar a vida.
Liberdades:
Art. 5º. [...] X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação;
Ex.: caso da Malu Mader que recusou 10 milhões para posar nua para uma revista
especializada, por razões imateriais. Pouco tempo depois ela fez um filme com uma
cena de nudez. Um jornal do Rio congelou a imagem em vários ângulos e postou
no jornal de 0,50, que teve uma tiragem recorde. Ela ajuizou uma ação postulando
danos materiais, danos morais e direito de imagem. Ela ganhou todos os pedidos.
Ex.: caso do Senador que foi fotografado com sua secretária saindo do Motel. Isso
virou notícia e ele ajuizou uma ação para impedir a vinculação da foto à sua
imagem. Ele ganhou a ação. O fundamento foi o seguinte: ele estava num lugar
público, mas a divulgação dessa informação dizia respeito a sua vida privada, não
possuindo nenhuma relevância sua divulgação pública para a sociedade. Se ele
fosse uma celebridade, a princípio não haveria problema na divulgação, por isso
essa decisão é interessante.
Art. 5º. [...] III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
Foi com base nessa regra que foi criada a Súmula Vinculante que limita o uso de
algemas no Brasil. A utilização da algema deve ser na perspectiva de resguardar a
segurança do preso e de quem o está prendendo. Não pode haver exploração
midiática do uso da algema.
Não precisa ser a algema em si, a questão é da imobilização. Por exemplo, pode
utilizar lacres de plástico.
o Liberdade Religiosa (inciso VI): ver art. 19, inciso I, que determina que o Brasil é
um Estado laico/não confessional/leigo.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
público;
Contradição do Brasil: na nota de real está escrito “Deus seja louvado”; no STF tem
um crucifixo, que representa parte da religião cristã. Foi proposta ADPF para retirar
o crucifixo. O Supremo falou que não, justificando que o crucifixo não era um
símbolo religioso, mas um ornamento. A religião é um tabu social no Brasil, as
pessoas tem medo do diabo (risos). Existem feriados católicos no calendário oficial.
Art. 210, §1º: é possível ensino religioso em escola pública no Brasil? Sim, é de
matrícula facultativa. Qual o conteúdo ministrado nessa aula? Na prática quem dá a
aula religiosa é padre e pastor, isso viola o Estado laico.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira
a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos,
nacionais e regionais.
§ 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários
normais das escolas públicas de ensino fundamental.
É possível sim manter o Estado laico das questões religiosas, mas no Brasil isso
não acontece na realidade, a religião é uma questão cultural.
PRÓXIMA AULA