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Técnicas Construtivas com Terra

ADOBE:

Blocos de terra produzidos a mão através do preenchimento de fôrmas, usualmente de madeira, que podem
apresentar diversos tamanhos e formas. Podem ser empregados em alvenarias estruturais, de fechamento e
cúpulas.

O Adobe é uma técnica que se estendeu pelos climas secos, áridos, subtropicais e temperados do planeta.

Existem relatos de construções utilizando essa técnica a mais de 7.000 anos.

Modo de fazer:

1) Preparar a cama com a massa que deverá repousar de 2 a 4 dias;

A  composição  do  solo  ideal  para  fazer  adobes  é  de  20%  Areia,  70%  Argila,  10%  esterco  fresco  e  o
equivalente a 10% de serragem e de 2 a 3 xícaras de baba de cactos por carrinho de mão.

2) Ao final do período de cura, misturar a massa com os pés, adicionando a quantidade de água necessária,
até alcançar o ponto ótimo.

3) Após molhar e “untar” as fôrmas com areia, preenchê­las com massa, retirar os excessos e desmoldar;

4) Após a desmoldagem, os blocos devem ser secos preferencialmente à sombra. Virar os adobes alguns dias
após o seu preparo para continuar a secagem do outro lado. Ao completar duas semanas, pode­se empilhá­
los, porém deixando espaços entre cada tijolo para que o processo de secagem continue. Com três semanas
pode­se  concluir  o  processo  de  secagem  deixando­os  secar  ao  sol  por  mais  uma  semana.  Este  tempo  de
secagem varia muito de acordo com a época do ano e o clima local.
5)  Os  adobes  devem  ser  assentados  com  a  mesma  massa  utilizada  para  fabricá­los,  podendo  assentar  no
máximo 1 m de altura por dia.

PAU­À­PIQUE ou TAIPA DE MÃO:

Técnica que aplica a terra como elemento de preenchimento de estruturas em trama de madeira ou outros
materiais vegetais.

Podem ser empregados como paredes externas ou internas, sem admitir função estrutural.

Muito  tradicional  no  Brasil,  a  taipa  de  mão  pode  ser  encontrada  também  por  toda  a  América  Latina,  na
África e nos países centrais e ao norte da Europa. Existem vestígios que comprovam sua aplicação antes da
taipa de pilão e do adobe.

Modo de fazer:

1) Preparar a cama com a massa;

Composição  do  solo  para  a  massa  de  taipa  de  mão:  Predominantemente  arenosa  (por  volta  de  60%),  com
argila entre 10 e 15% do volume total.

O traço da massa é: para cada parte de terra, ¼ desta parte de esterco;

2) Ao final do período de cura, adicionar um volume de fibra vegetal equivalente ao volume de terra (1:1),
acrescentar a quantidade de água necessária e misturar a massa com os pés até alcançar o ponto ótimo.

3) Aplicar a massa em uma trama de vãos entre 10 e 15 cm. O preenchimento deve atingir 2 cm de espessura
além da trama.

4) Proteger a parede da incidência direta do sol para que a secagem seja lenta, pois minimiza a retração e o
aparecimento de fissuras.
 

TERRA MODELADA / TERRA EMPILHADA (Cob):

Consiste  em  modelar  a  terra  diretamente  em  estado  plástico  ou  empilhar  bolas  de  terra,  que  são  depois
regularizadas para atingir a forma desejada. Podem ser empregadas em paredes estruturais, de fechamento e
cúpulas.

Esta  técnica  é  considerada  como  a  mais  primitiva,  pois  não  requer  nenhuma  ferramenta.  Inicialmente
utilizadas na África e na Ásia, foi posteriormente incorporada na Inglaterra (Cob) e na França (Bauge), nos
séculos XV a XIX.

Modo de fazer:

1) Preparar a cama com a massa;

Composição do solo para a massa: Predominantemente arenosa (por volta de 60%), com argila entre 10 e
15% do volume total.

O traço da massa é: para cada parte de terra, ¼ desta parte de esterco;

2) Adicionar um volume de fibra vegetal equivalente ao volume de terra (1:1), acrescentar a quantidade de
água necessária e misturar a massa com os pés até alcançar o ponto ótimo.

3)  Aplicar  a  massa  em  bolas  ou  diretamente  sobre  a  base  impermeável  até  alcançar  a  altura  ou  forma
desejada, com a possibilidade de regularizar a superfície ao final. A massa deve ser empilhada no máximo
80 cm por dia.

4) Proteger a parede da incidência direta do sol para que a secagem seja lenta, pois minimiza a retração e o
aparecimento de fissuras.

TAIPA DE PILÃO:

Esta técnica consiste em prensar ou comprimir camadas de terra quase seca dentro de formas, geralmente
feitas  com  madeiras  (a  forma  deve  ser  reforçada).  Pode  ser  empregada  em  paredes  estruturais  e  de
fechamento.

Encontrado  em  todos  os  continentes,  seu  registro  mais  antigo  pode  ser  encontrado  na  Assíria,  datada  de
5000 anos a.C.. A obra mais significativa com o uso desta técnica é a Muralha da China, construída no ano
220 a.C..

Modo de fazer:

1) Montar os taipais (fôrmas) cuidando para que os mesmos estejam bem fixos e estáveis.

2) Preparar a massa com terra peneirada podendo a mesma ser estabilizada com cimento ou cal.

O solo ideal para esta técnica é com 35% de areia e o restante de argila.

Umedecer ligeiramente a massa até que se atinja um mínimo de coesão entre as partículas da

terra.

3) Colocar a massa dentro dos taipais, em camadas de 10 a 15cm no máximo, de cada vez.

Apiloar até que a massa não se deforme mais com os golpes.

Serão atingidas fiadas de 50 a 80 cm, dependendo do tamanho da fôrma.

4) Ao final de cada fiada, desmontar a fôrma com cuidado para não danificar a parede.

Remontar os taipais logo acima para dar seqüência à construção.

*O volume da terra reduz em 40% na compressão.

TAIPA ENSACADA ou Super Adobe:

Nesta  técnica  as  paredes  são  erguidas  com  sacos  preenchidos  com  subsolo  local.  O  saco  é  um  tubo  de
polipropileno com aproximadamente 50 cm de largura, que é adquirido em bobinas por metro ou quilo. Pode
ser empregada na construção de muros de contenção, paredes estruturais ou de fechamento e cúpulas.

A taipa ensacada ganhou popularidade quando, na década de oitenta, rendeu a Nader Khalili (1936 – 2008)
o prêmio em um concurso oferecido pela NASA, que consistia em desenvolver uma técnica de construção
que fosse viável para a construção de uma base na lua.

Modo de fazer:

1) A taipa ensacada não exige mistura específica de areia/argila sendo adaptável até mesmo a

regiões com solo extremamente arenoso. Portanto a massa pode ser proveniente de qualquer solo, bastando
umedecê­la ligeiramente até que se atinja um mínimo de coesão entre as partículas da terra.

Porém o ideal é utilizar um solo com 20 a 30% de areia.

Dependendo da função desejada deve­se adicionar cimento à massa na proporção de 1:10.

2) Cortar um pedaço do saco de polipropileno no comprimento desejado e preenchê­lo com terra.

Assim vão sendo formadas as “fiadas” que devem ser apiloadas e cobertas por outra fiada, sucessivamente,
até a parede ser completamente erguida.

3) Deve­se aplicar arame farpado a cada 3 fiadas para conter um possível deslocamento.

PNEU

Nesta  técnica  utilizam­se  pneus  como  se  fossem  grandes  tijolos.  Cada  pneu  é  preenchido  com  solo,
preferencialmente com terra argilosa levemente umedecida, e vai sendo socado com marretas de borracha ou
socador.  À  medida  que  a  parede  vai  subindo,  devemos  ir  costurando  como  se  faz  com  os  tijolos
convencionais.
Coloca­se arame farpado entre algumas fiadas de pneus, com a função de fazer um melhor travamento.

Também pode ser utilizado apenas na fundação, com excelentes resultados e baixo custo.

Michael Reynolds, arquiteto americano, foi um dos pioneiros a utilizar os pneus como material construtivo.

A espessura que fica a parede de pneu oferece grande conforto térmico e acústico para a habitação, além de
dar um fim excelente para um resíduo abundante da sociedade moderna.

BLOCO DE TERRA COMPRIMIDA (BTC)

Componente  de  alvenaria  fabricado  com  terra  adensada  em  molde  por  compactação  ou  prensagem.  Os
BTC’s podem ser usados em qualquer tipo de construção substituindo os blocos cerâmicos convencionais,
seja em alvenaria simples de vedação ou alvenaria estrutural.

Trata­se  de  uma  técnica  relativamente  contemporânea  desenvolvida,  sobretudo  na  Bélgica,  França  e
Alemanha.  A  primeira  prensa  de  tijolos,  a  CINVA­RAM,  foi  desenvolvida  na  Colômbia  em  meados  dos
anos 1950.

No Brasil, a partir da década de 1970 começou a ser estudado.

Modo de fazer:

1)  Destorroar  e  peneirar  o  solo  seco  (deve  passar  por  uma  malha  da  ordem  de  5  mm  ou  destorroador
mecânico);

Adiciona­se ao solo preparado, cimento na proporção previamente estabelecida (1:10 ou 1:12).

2)  Misturar  os  materiais  secos  até  obter  uma  coloração  uniforme  e  adicionar  água  aos  poucos  até  que  se
atinja a umidade adequada para sua prensagem.
3) Coloca­se a mistura no equipamento e procede­se à prensagem e à extração do BTC,

acomodando­o em uma superfície plana e lisa, em área protegida do sol do vento e da chuva.

4) Após 6 horas de moldados e durante os 7 primeiros dias, os BTC’s devem ser umedecidos

periodicamente, podendo ser acomodados em pilhas de até 1,5 m de altura, cobertos com lona plástica para
manter a umidade.

5) O processo construtivo é semelhante ao da alvenaria convencional.

Importante:

Nunca se esqueça que a terra não resiste à água por muito tempo, por isso:

­ Fazer fundação alta, de pelo menos 40 cm de altura, aplicando material impermeabilizante para proteger da
água que respinga e para bloquear a umidade por capilaridade (aquela que sobe do solo).

­ Prever beirais grandes, de no mínimo 80 cm, para proteger as paredes das chuvas, afastar a água que
escorre do telhado e distanciar a água que respinga quando cai do telhado no chão.

Manutenção: É importante, de tempos em tempos, “barrear” a casa/edificação novamente, para evitar o
surgimento de fissuras e buracos que podem servir de casa para insetos indesejados.

A frequência vai depender da técnica, da qualidade da execução do muro/parede e das intempéries locais
(muito vento, muita chuva de vento).

No caso da pintura, assim como em construções convencionais, de tempos em tempos ela terá de ser refeita.
Porém a frequência, em relação a uma parede comum, é um pouco maior. O mesmo vale a para a
reaplicação de impermeabilizantes naturais, como a baba de cactus palma, por exemplo.

Você vai saber reconhecer quando sua parede estiver precisando de cuidados

Dica de mistura do barro

A ajuda de uma lona resistente de aproximadamente 4x4m facilita em muito o preparo da massa de barro.

Com  a  lona  conseguimos  “jogar”  a  massa  para  um  lado  e  depois  o  outro,  sucessivamente,  de  modo  a  se
obter  uma  boa  mistura  dos  elementos  com  maior  agilidade,  e  ainda  dispensa  o  uso  de  ferramentas  como
enxada e pá, visto que estaremos de “pés descalços”, evitando assim possíveis acidentes.

Passo a passo:

­Primeiro mistura­se a terra com a areia, depois vai lentamente adicionando a água com o sumo de cactos.

­Desmanchar bem os torrões de terra com os pés.

­Depois que a mistura da terra + areia + água já apresenta uma textura de “massa de pão”, ir adicionando a
palha.

­A palha deverá ser bem espalhada de modo a não deixar feixes paralelos.

­Joga­se a palha e vai pisando para incorporar na massa. Vira­se a massa (com a ajuda da lona) e adiciona do
outro lado. Nesta virada da massa a parte que estava em cima vai para baixo e vice­versa.

A massa pronta tem que ter uma textura semelhante a massa de pão.

Cuidar para não adicionar muita água.

Fonte: http://espaconaturalmente.blogspot.com.br/
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