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Voto nº 28.104
Registro: 2018.0000836771
ACÓRDÃO
Voto nº 28.104
Apelação nº 1014257-58.2017.8.26.0053
Recorrente: Jose Mario Silva Julião
Recorrido: Estado de São Paulo
Comarca: 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo
Juiz: Dr. Adriano Marcos Laroca
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
6ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO
Apelação Nº 1014257-58.2017.8.26.0053
Voto nº 28.104
201, §9º, da CF/88, e que não se pode admitir a diferenciação entre a
aposentadoria a pedido ou “ex officio”. Afirma que cumpriu ainda em
atividade os requisitos necessários para a promoção a Cabo PM, nos termos
da Lei Complementar nº 892/2001, e que deveria ter sido aposentado como
3º Sargento PM. Subsidiariamente, requer a promoção à graduação de
Cabo PM, em razão da reforma “ex officio”, com base no art. 11 da Lei
Estadual nº 4.794/1985 (fls. 88/99).
O recurso foi respondido (fls. 103/109).
É o relatório.
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Apelação Nº 1014257-58.2017.8.26.0053
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financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei” (art. 201, §9º).
Do mesmo modo, aliás, prevê a Constituição Paulista,
em seu art. 132.
Diante disso, respeitado o posicionamento em sentido
contrário, como a própria norma constitucional prevê o direito ao cômputo
do tempo prestado na iniciativa privada, indistintamente, as disposições
infraconstitucionais e anteriores à própria Constituição Federal, como é o
caso da LC 269/81 e do Decreto-lei 260/70, não podem ser interpretadas de
modo a restringem aquele direito, ou seja, conferir o cômputo apenas aos
policiais militares que requereram voluntariamente sua aposentadoria, sob
pena de ofender o princípio da isonomia.
É como tem julgado esta Col. Câmara: “Descabida,
por outro lado, a alegação aventada de que o impetrante não faz jus ao
reconhecimento do tempo de contribuição lavorado na iniciativa privada
por ter sido reformado compulsoriamente, em razão de sua idade. A
distinção invocada pela apelante, além de desprovida de lógica
hermenêutica, ainda fere o princípio da isonomia (...)” (Ap. nº
0032788-88.2012.8.26.0053; Rel. Des. REINALDO MILUZZI, j.
16/09/2013).
Por outro lado, o autor também tem direito à promoção
à graduação imediatamente superior, no momento de sua inativação, nos
termos da Lei Estadual nº 4.794/1985.
É certo que o i. magistrado a quo apurou que o autor
ainda pleiteava a promoção enquanto estava na ativa, nos termos da Lei
Complementar nº 892/2001, de modo que sua inativação compulsória, por
ter atingido a idade limite, o impediu de concluir o procedimento de análise
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dos requisitos legais para a obtenção do benefício.
Como foi decidido: “No caso, o autor ingressou na
relação de acesso, o que em tese conferia a possibilidade de promoção em
21/04/2014, no entanto, foi reformado ex officio em 20/04/2014, deixando
de satisfazer ao requisito previsto no inciso V, do artigo 2º, da LC nº.
892/2001. Em uma primeira análise, a situação parece injusta, entretanto,
como bem destacado no ofício da Polícia Militar, a promoção não é um
prêmio para o serviço prestado. Consiste, na verdade, na elevação da
graduação dos membros que satisfaçam as condições necessárias ao
desempenho das funções exigidas no novo cargo, que jamais foi exercido.
Como o autor já estava inativo quando da publicação da promoção, não
há respaldo legal para o acolhimento do pedido. Além disso, a promoção
depende do preenchimento de outros requisitos previstos na lei
complementar, cuja análise não incumbe ao Poder Judiciário” (fl. 83).
Assim, não há como se acolher o pedido formulado
pelo autor para que ele seja considerado promovido ainda em atividade à
graduação de Cabo PM, de modo a possibilitar mais uma promoção no
momento da inativação, a 3º Sargento PM, pela reforma “ex officio”.
Mas, não se pode perder de vista que o autor requer na
inicial, de forma subsidiária, apenas a promoção conferida em razão da
aposentadoria compulsória, com base na Lei Estadual nº 4.794/1985, que
assim dispõe: “Os Cabos PM e Soldados PM que forem atingidos pelas
idades-limites de permanência no serviço ativo da Corporação, previstos
nos incisos I e II do artigo 30 do Decreto-lei nº 260 de 29 de maio de
1970, e que não forem beneficiados pelos incisos II e III do artigo 1º,
combinado com os incisos II e III do artigo 7º, todos desta lei, serão
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apostilados 'ex officio' na graduação imediatamente superior, quando da
passagem para a inatividade” (art. 11).
A propósito, não se ignora que a referida norma, ao
tratar de promoção a pedido no art. 1º, restringe sua aplicação às praças do
serviço ativo da Polícia Militar que integravam os quadros em 09/04/1970.
Todavia, respeitado entendimento em sentido
contrário, a hipótese dos autos é diversa, uma vez que trata de promoção
em decorrência de reforma compulsória, e não há qualquer restrição
temporal nesse ponto.
Conforme já dito, o autor aposentou-se na função de
Soldado PM por ter atingido a idade limite e, pelos documentos acostados
à contestação, é possível verificar que ele não foi beneficiado pela
promoção à graduação imediatamente superior de Cabo PM, no momento
de sua inativação compulsória, nos termos da norma supramencionada (fls.
56/62 e 64/68). Aliás, cumpre registrar que o Estado nem mesmo impugna
este pedido subsidiário.
Assim, é forçoso reconhecer que o autor tem direito à
promoção prevista na Lei Estadual nº 4.794/1985.
EMENTAS
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proporção 27/30 avos - Pretensão ao cômputo do tempo de
contribuição na iniciativa privada Possibilidade Artigo
201, §9º, da CF - Direito à integralidade dos proventos (arts.
29, II, “f”, 30, II, 31, II, do DL 260/1970) - Direito à promoção
à patente imediatamente superior (art. 11 da LE 4.794/1985) -
Sentença de procedência - Recurso não provido.
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Voto nº 28.104
dou parcial provimento ao recurso de apelação.