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A literatura e a

comunicação:
relações de vida
Seminário de Literatura e Comunicação 2019/1
O que é literatura?

O que é comunicação?
O que é literatura?
construção da linguagem | produção com fins poéticos/estéticos
validação crítica e social de certas produções | conjunto de escritos
construção ficcional | relações intertextuais

O que é comunicação?
produção de mensagens | troca dialógica de informações
atuação profissional|processos midiáticos/tecnológicos
O que é literatura?

produção pela construção de textos

O que é comunicação?

produção pela construção de mensagens


O que é literatura?

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O que é literatura?

produção pela construção de textos

O que é comunicação?

produção pela construção de mensagens


O que é literatura?

paradigma do

O que é comunicação?

paradigma do
tensões contemporâneas entre
o ficcional e o real:

disputa de narrativas | ética do testemunho |


questões de memória

fake news

pós-verdade
“Escrever a história e escrever histórias
pertencem a um mesmo regime de verdade”
Jacques Rancière, A partilha do sensível
“O que está envolvido em tratar
as coisas como literatura
na nossa cultura?”
Jonathan Culler, Introdução à Teoria Litéraria
Jonathan Culler, Introdução à teoria literária

“A literatura é o ruído da cultura assim como sua informação.


É uma força entrópica assim como um capital cultural. É uma
escrita que exige uma leitura e envolve os leitores nos
problemas de sentido” (p. 47)
Jonathan Culler, Introdução à teoria literária

literatura como

De que modos os critérios “clássicos” de


leitura (e produção) do literário ajudam a
compreender problemáticas socio-culturais?
Juan José Saer, O conceito de ficção

“A recusa escrupulosa de qualquer


elemento fictício um critério de
verdade” (p.1)
Juan José Saer, O conceito de ficção

“O paradoxo próprio da ficção reside no fato de que, se


recorre ao falso, o faz para aumentar sua credibilidade”
(p. 2)

“Por isso, não podemos ignorar que nas grandes ficções


de nosso tempo, e talvez de todos os tempos, está
presente esse entrecruzamento crítico entre verdade e
falsidade, essa tensão íntima e decisiva [...] O fim da
ficção não é estender-se nesse conflito e sim fazer dele
sua matéria, modelando-a “a sua maneira” (p. 4)
Juan José Saer, O conceito de ficção

dissolução da dicotomia ficção =/= verdade

na operação do texto, a ficção se vale da


verdade – e a verdade só tem valor se souber
se colocar enquanto ficção
Juan José Saer, O conceito de ficção

“Por causa deste aspecto principalíssimo do relato


fictício, e por causa também de suas intenções, de
sua resolução prática, da posição singular de seu
autor e
as t , podemos definir
de um modo global a ficção como uma
” (p. 4)
Juan José Saer, O conceito de ficção

indecidibilidade entre fato e ficção

a literatura fatos
“Macondo era então uma aldeia de vinte casas de
barro e taquara, construídas à margem de um rio de
águas diáfanas que se precipitavam por um leito de
pedras polidas, brancas e enormes como ovos
pré-históricos. O mundo era tão recente que
e para

Gabriel García Márquez, Cem anos de solidão


Gilles Deleuze, A literatura e a vida

“Escrever certamente impor uma forma (de


expressao) a uma matéria vivida” (p. 11)

“ , sempre inacabado, sempre


em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria
vivível ou vivida. É um processo, ou seja, uma
passagem de Vida que atravessa o vivível e o vivido” (p.
11)
Gilles Deleuze, A literatura e a vida

“Escrever certamente impor uma forma (de


expressao) a uma matéria vivida” (p. 11)

“ , sempre inacabado, sempre


em via de fazer-se, e que extravasa qualquer matéria
vivível ou vivida. É um processo, ou seja, uma
passagem de Vida que atravessa o vivível e o vivido” (p.
11)
Gilles Deleuze, A literatura e a vida

“O que a literatura produz na Iíngua já aparece


melhor: como diz Proust,
,
que não é uma outra língua, nem um dialeto
regional redescoberto, mas
, uma minoração dessa língua maior, um
delÍrio que a arrasta, uma linha de feitiçaria que
foge ao sistema dominante” (p. 15)
Mas as pessoas que contavam não eram apenas
testemunhas, menos que tudo testemunhas:
. É impossível chegar muito perto da realidade,
cara a cara. Entre a realidade e nós existem os nossos
sentimentos. Entendo que estou lidando com versões,
cada um tem a sua, e delas, do volume e do cruzamento
delas, nasce a imagem do tempo e das pessoas que vivem
nele.

Svetlana Aleksiévitch, A guerra não tem rosto de mulher


problema da linguagem como produção de
realidade:

relativismo linguístico

Hipótese Saphir-Worfh
A chegada (2016)
Manoel de Barros,
desobjeto

“O menino que era esquerdo viu no meio


do quintal um pente. O pente estava próximo de não ser
mais um pente. Estaria mais perto de ser uma folha
dentada. [...] O menino que era esquerdo e tinha cacoete
pra poeta, justamente ele enxergara o pente naquele
estado terminal. E o menino deu pra imaginar que o
pente, naquele estado, já estaria incorporado à natureza
como um rio, um osso, um lagarto. Eu acho que as
árvores colaboravam na solidão daquele pente”
Manoel de Barros,
o menino que carregava água na
peneira

“Tenho um livro sobre águas e meninos.


Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira


era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos [...]”
Manoel de Barros,
o menino que carregava água na
peneira

“Com o tempo descobriu que escrever seria


o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu


que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.


Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens [...]”
Manoel de Barros,
o menino que carregava água na
peneira

“A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os


vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos”

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