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"A LINGUAGEM

NÃO PERTENCE" Defesa de Tese

Os fantasmas da
Lui s Fel i pe Si l vei ra de Abreu
propriedade e da

Comunicação em escrituras
Ori entação: Prof. Dr. Al exandre Rocha da

contemporâneas Si l va (i n memori am)


Ori entação: Profa. Dra. Mari a Hel ena Weber
(Copistas de Borges, Escrita Não
Coori entação: Prof. Dr. Leonardo Gandol fi
Criativa e poesia brasileira)
EVIDÊNCIA

A "morte" autoral
Normalização e reificação da disseminação
textual no contemporâneo, com eclosão de
movimentos literários de cópia e
deslocamento de discursos
EVIDÊNCIA

Na candente manhã de fevereiro em que Beatriz Viterbo morreu, depois de uma imperiosa agonia que

não cedeu um só instante nem ao sentimentalismo nem ao medo, observei que os painéis de ferro da

praça Constitución tinham renovado não sei que anúncio de cigarros.

-- Jorge Luis Borges, 'O Aleph'

Na candente e úmida manhã de fevereiro em que Beatriz Viterbo finalmente morreu, depois de uma

imperiosa e extensa agonia que não cedeu um só instante nem ao sentimentalismo nem ao medo nem

tampouco ao abandono e à indiferença, observei que os horríveis painéis de ferro e plástico da praça

Constitución, próximos à entrada do metrô, tinham renovado não sei que anúncio de cigarros claros

mentolados; ou sim, sei ou soube quais, mas lembro de ter-me esforçado em ignorar a sonoridade

irritante da marca.

-- Pablo Katchadjian, 'El Aleph Engordado'


EVIDÊNCIA

– 1 800 LAW CASH relembra que esse conteúdo protegido por copyright é trazido a você pela autoridade

dos New York Yankees e não pode ser reproduzida ou retransmitida de nenhum modo. Os relatos e

descrições da partida não podem ser difundidos sem o aceite expresso, por escrito, dos New York

Yankees. Tem um processo judicial? Precisa de dinheiro? 800 LAW CASH consegue seu dinheiro já. Não

espere seu caso ser julgado. Você ou seu advogado deve ligar para 800 LAW CASH hoje.

-- Kenneth Goldmsith, 'Sports'


EVIDÊNCIA Parecemos estar testemunhando uma
reviravolta poética do modelo de resistência
da década de 1980 para o diálogo – um diálogo
com textos anteriores ou outras mídias, com a
técnica do "escrever-através" ou écfrases que
“Só me interessa o que não é meu. Lei do
permitam ao poeta participar de um discurso
homem. Lei do antropófago” maior e mais público. A inventio está cedendo
espaço para a apropriação
Oswald de Andrade
Marjorie Perloff

“A escritura é esse neutro, esse


"Um escritor não-criativo – aquele que
composto, esse oblíquo pelo qual foge o
descobre inesperadas riquezas linguísticas,
nosso sujeito, o branco-e-preto em que
narrativas e emocionais ao reenquadrar,
vem se perder toda identidade, a
suavemente, as referências de palavras que
começar pela do corpo que escreve” ele próprio não escreveu "

Roland Barthes Kenneth Goldsmith


EVIDÊNCIA

"Uma história singular exacerbou em mim esta lei

universal: uma linguagem não é algo que pertence. Não de


forma natural e em sua essência.
Daí os fantasmas da propriedade, apropriação e

imposição colonialista"

-- Jacques Derrida, 'Aprender a Viver, Enfim'


PROBLEMA DE PESQUISA &

OBJETIVO

De que formas as escritas de


Descrever os paradoxos da cadeia de

apropriação comunicam as
apropriações suscitada pelo não-

dinâmicas de propriedade da
pertencimento da linguagem, bem

linguagem, entre um não-


como as assombrações específicas

pertencimento e os fantasmas da
que ela produz em escritas

posse? contemporâneas.
Problema de Pesquisa Objetivo
PROBLEMA DE PESQUISA &

OBJETIVO

De que formas as escritas de


Descrever os paradoxos da cadeia de

apropriação comunicam as
apropriações suscitada pelo não-

dinâmicas de propriedade da
pertencimento da linguagem, bem

linguagem, entre um não-


como as assombrações específicas

pertencimento e os fantasmas da
que ela produz em escritas

posse? contemporâneas.
Problema de Pesquisa Objetivo

descrever a desconstrução do gesto apropriacionista


SUMÁRIO
Uma história singular exacerbou em mim esta lei universal...
Cáp. 2 Ecos de Eco: rastros de despossessão na escritura derridiana

uma linguagem não é algo que pertence...


Cáp. 3 Oes e assombrações autorais

Não de forma natural e em sua essência...


Cáp. 4 Do : da invenção ao inventário

Daí os fantasmas da propriedade, apropriação e imposição colonialista...


Cáp. 6 Os copistas de Borges
Cáp. 7 Os corpos da escritura
Cáp. 8 A posse contra a (im)propriedade
SUMÁRIO
Uma história singular exacerbou em mim esta lei universal...
Cáp. 2 Ecos de Eco: rastros de despossessão na escritura derridiana

uma linguagem não é algo que pertence...


Cáp. 3 Os problemas e os conceitos da apropriação: mortes e assombrações autorais

Não de forma natural e em sua essência...


Cáp. 4 Do que falamos quando falamos em propriedade: da invenção ao inventário

Daí os fantasmas da propriedade, apropriação e imposição colonialista...


Cáp. 6 Os copistas de Borges
Cáp. 7 Os corpos da escritura
Cáp. 8 A posse contra a (im)propriedade
I Espectros SUMÁRIO
1 Introdução: que histórias contam os fantasmas?
2 Ecos de Eco: rastros de despossessão na escritura derridiana
3 Os problemas e os conceitos da apropriação: mortes e assombrações autorais
4 Do que falamos quando falamos em propriedade: da invenção ao inventário

II Fantasmas

5 Entreato metodológico: modos de ler as apropriações assombradas


6 Os copistas de Borges: a performatividade da propriedade em Pablo Katchadjian e Agustín Fernández

Mallo
7 Os corpos da escritura: as propriedades da assinatura e as contra-assinaturas de propriedade na

Escrita Não Criativa


8 A posse contra a (im)propriedade: apropriação e arquivamento da linguagem comum na poesia

brasileira contemporânea
Considerações finais: quem assombra quem? Visões das propriedades da linguagem e da Comunicação
ESPECTROS

A promessa de
despossessão
A apropriação extensiva caracteriza os
esforços copistas contemporâneos;
Como se chegou a ela? Como ela produz
novos sentidos para noção de apropriação?
A qual espírito se presta?
ESPECTROS
Espectros de Derrida

Histórias da Lei
Enunciação da "história singular" do problema
da posse da linguagem no pensamento de
Jacques Derrida, com foco na articulação
conceitual entre as noções de escritura,
iterabilidade e ex-apropriação.
ESPECTROS
Espectros da apropriação

Escrituras falsas e
assombradas
Recuperação das articulações teóricas e
poéticas da apropriação, desde meados do
século XX até o contemporâneo;
articulação da noção de escritura falsa de
propriedade dá a ver a latência da posse,
retornada frente ao apropriacionismo
ESPECTROS
Espectros da propriedade

Da invenção ao inventário
Reconstrução da noção de propriedade dos bens

simbólicos, em chave de desconstrução histórica;


conclusão de que toda apropriação é um

inventário de posses pregressas, que têm de ser

seladas mediante o ato específico da cópia


FANTASMAS

Copistas de Borges
(Katchadjian, Fernández Mallo)

Escrita Não Criativa


(Goldsmith)

Poesia Brasileira Contemporânea


(Alvim, Pucheu, Stigger, Azevedo)
FANTASMAS

Ato de performance Fantasma de Borges


Copistas de Borges Função de atribuição

Ato de assinatura Fantasma de Goldsmith


Escrita Não Criativa
Função de consignação

Poesia Brasileira Ato de arquivamento Fantasma da linguagem


Contemporânea Função de comunicação
FANTASMAS

Ato de performance Fantasma de Borges


Copistas de Borges Função de atribuição

Ato de assinatura Fantasma de Goldsmith


Escrita Não Criativa
Função de consignação

Poesia Brasileira Ato de arquivamento Fantasma da linguagem


Contemporânea Função de comunicação
FANTASMAS

"Pela primeira vez na vida, gostei de ter sido lesado. Vi minhas frases entrarem em choque, se

descaracterizarem, ganharem grandeza, uma vez que passaram a fazer parte de uma orquestra de

ruídos e sonoplastias inesperadas, saírem para a praça eletrônica da vida contemporânea, serem fluxo

possível, contrafluxo, multidão"

Alberto Pucheu, A crítica dos arranjos como arranjo da crítica

"A primeira providência foi passar para o computador todas aquelas frases que lembrava de memória.

“As vacas só existem para me alimentar”, falou uma vez um amigo num almoço de domingo. “Fome é

meu estado natural”, respondeu uma amiga quando perguntada se não era muito cedo para irmos

jantar [...] O curioso é que as pessoas que pronunciaram essas frases não se lembravam de tê-las dito,

enquanto eu nunca as esqueci"

Veronica Stigger, Arqueologia do tempo presente


CONSIDERAÇÕES

"Uma história singular exacerbou em mim esta lei

universal: uma linguagem não é algo que pertence. Não de


forma natural e em sua essência.
Daí os fantasmas da propriedade, apropriação e

imposição colonialista"

-- Jacques Derrida, 'Aprender a Viver, Enfim'


CONSIDERAÇÕES

O não-pertencimento da linguagem é o início de uma cadeia

de assombrações que implica em entender a apropriação

como, em simultâneo, desapropriação e reapropriação; e é

no polo de retomada que a linguagem se liberta da posse

uma vez mais, ao desconstruir a invenção da autoria nas suas

comunicações fantasmáticas

Hipótese para o campo


Obrigado.

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